MELISSA RODRIGUES DE ALMEIDA A RELAÇÃO ENTRE A ...

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108realidade. (LÖWY, 1987, p. 199-200).O conhecimento da realidade se coloca, portanto, como necessidadeobjetiva para a ação revolucionária e para o desenvolvimento da consciência declasse para si.No entanto, o processo da consciência não é linear ou regular, e pode emqualquer dos momentos de seu movimento avançar ou retroceder a outras formasde consciência. Um importante motivo para que isso ocorra é o fato de que, até omomento, em nenhuma das oportunidades históricas produzidas pelodesenvolvimento do capital e construídas pelo proletariado para a superação dasociedade de classes foi possível sustentar uma sociedade sem classes. Foge aosobjetivos de nossa pesquisa avaliar as determinações e causas para que issoocorresse, mas o fato é que o modo de produção capitalista é ainda hegemônicomundialmente e não foi superado.O movimento da consciência não leva, portanto, automaticamente àtransformação das relações sociais, pois isso depende de uma série de fatores,inclusive os relativos à estabilidade ou instabilidade do capital e da burguesia e dacapacidade de organização e ação do proletariado. Para que haja umatransformação social é necessário que da conjugação das condições objetivas esubjetivas surja a atividade autônoma do proletariado que culmine na eliminação dapropriedade privada dos meios de produção e das relações de assalariamento. Éabsolutamente necessário, portanto, que haja uma relação intrínseca entre teoria eprática revolucionária.Se no decorrer da história, a classe trabalhadora constitui-se como classepara si e produziu uma teoria revolucionária, o indivíduo pode desenvolver tambémuma consciência de classe para si, tanto na inserção no movimento da própriaclasse como classe autoconsciente, em momentos revolucionários, por exemplo,quanto pela apropriação das experiências, polêmicas e conhecimentos condensadosna teoria revolucionária. Isso torna possível que o indivíduo desenvolva umaconsciência de classe para si em um momento em que a classe esteja estagnada. Ésobre isso que trataremos no item a seguir.

1093.8 DA CONSCIÊNCIA PARA SI E SUAS CONTRADIÇÕES NO INDIVÍDUOCambia lo superficialCambia también lo profundoCambia el modo de pensarCambia todo en este mundoCambia el clima con los añosCambia el pastor su rebañoY así como todo cambiaQue yo cambie no es extrañoJulio Numhauser (Todo cambia)No tópico acima, vimos como a classe chega à consciência para si. Mas nãopodemos esquecer que a classe não deixa de ser uma categoria que existeconcretamente através dos indivíduos que fazem parte dela. Embora a consciênciade classe não seja a média nem a soma da consciência dos indivíduos, devemosconsiderar que a diferença qualitativa produzida na ação coletiva da classe queproduz uma nova consciência ocorre sempre a depender do engajamento deindivíduos concretos nessa ação.Acontece de alguns indivíduos chegarem à consciência revolucionáriaenquanto a classe está em um momento de amoldamento à ordem. O ser da classeproduz a possibilidade da consciência de classe revolucionária, mas se não hámovimento da classe, essa consciência não transforma a realidade. O processo daconsciência de classe é produzido a partir de uma necessária inserção em projetoscoletivos da classe (reivindicatórios ou revolucionários), mas que se dánecessariamente pelo indivíduo concreto. Ou seja, a transformação da sociedadenão se produz pela ação e consciência de um indivíduo, pois só se realiza comoconsciência capaz de transformar a sociedade, na ação com a classe. Por outrolado, se realiza necessariamente no indivíduo. O indivíduo sozinho não transforma asociedade e se chega à consciência revolucionária sem a classe, muitas vezes é‘pressionado’, por meio da ideologia e das práticas sociais necessárias à reproduçãode sua vida, a retroceder às outras formas de consciência. (IASI, 2007a).Vemos aqui, possíveis contribuições de Vigotski, no que se refere àformação da consciência pelas mediações da atividade humana, quando o autorafirma que se chega ao ‘para si’ quando se é capaz de ter autodomínio sobre aconduta, quando se é capaz de inserir intencionalmente signos para mediar sua

108realidade. (LÖWY, 1987, p. 199-200).O conhecimento da realidade se coloca, portanto, como necessidadeobjetiva para a ação revolucionária e para o desenvolvimento da consciência declasse para si.No entanto, o processo da consciência não é linear ou regular, e pode emqualquer dos momentos de seu movimento avançar ou retroceder a outras formasde consciência. Um importante motivo para que isso ocorra é o fato de que, até omomento, em nenhuma das oportunidades históricas produzidas pelodesenvolvimento do capital e construídas pelo proletariado para a superação dasociedade de classes foi possível sustentar uma sociedade sem classes. Foge aosobjetivos de nossa pesquisa avaliar as determinações e causas para que issoocorresse, mas o fato é que o modo de produção capitalista é ainda hegemônicomundialmente e não foi superado.O movimento da consciência não leva, portanto, automaticamente àtransformação das relações sociais, pois isso depende de uma série de fatores,inclusive os relativos à estabilidade ou instabilidade do capital e da burguesia e dacapacidade de organização e ação do proletariado. Para que haja umatransformação social é necessário que da conjugação das condições objetivas esubjetivas surja a atividade autônoma do proletariado que culmine na eliminação dapropriedade privada dos meios de produção e das relações de assalariamento. Éabsolutamente necessário, portanto, que haja uma relação intrínseca entre teoria eprática revolucionária.Se no decorrer da história, a classe trabalhadora constitui-se como classepara si e produziu uma teoria revolucionária, o indivíduo pode desenvolver tambémuma consciência de classe para si, tanto na inserção no movimento da própriaclasse como classe autoconsciente, em momentos revolucionários, por exemplo,quanto pela apropriação das experiências, polêmicas e conhecimentos condensadosna teoria revolucionária. Isso torna possível que o indivíduo desenvolva umaconsciência de classe para si em um momento em que a classe esteja estagnada. Ésobre isso que trataremos no item a seguir.

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