1043.7 DA CONSCIÊNCIA <strong>DE</strong> CLASSE PARA SIPrimeiro,o mar devolve o rio.Fecha o mar ao rioseus brancos lençóis.O mar se fechaa tudo que no riosão flores de terra,imagem de cão ou mendigo.Depois,o mar invade o rio.Quer o mardestruir o riosuas flores de terra inchada,tudo o que nessa terrapode crescer e explodir,como uma ilha,uma fruta.Mas antes de ir ao maro rio se detémem mangues de água parada.Junta-se o rioa outros riosnuma laguna, em pântanosonde, fria, a vida ferve.João Cabral de Melo Neto (O cão sem plumas)A consciência de classe em si se produz no movimento das relaçõescapitalistas articulada à ação da classe, quando os indivíduos vivenciam certascontradições não mais apenas em um âmbito subjetivo (característico daconsciência alienada), mas ainda de uma forma espontânea. O nível da consciênciade classe para si é o nível da ação autoconsciente, quando a classe trabalhadoradesenvolve uma ação consciente de seus objetivos e de seus motivos. Naconsciência em si está colocado um limite para o avanço e a conquista não só dasreivindicações, mas da emancipação humana, que é o da manutenção das relaçõessociais capitalistas. Ao se colocar como classe e simplesmente reivindicar, oproletariado nega o capitalismo, afirmando-o. Mas por sua posição peculiar dentrodas relações sociais, como já discorremos anteriormente, afirma-se não apenascomo um grupo com interesses particulares dentro da sociedade capitalista, mas ficadiante da tarefa histórica de superação dessa ordem. Iasi mostra esse movimento aoafirmar que:A verdadeira consciência de classe é fruto dessa dupla negação: num
105primeiro momento, o proletariado nega o capitalismo assumindo sua posiçãode classe, para depois negar-se a si próprio enquanto classe, assumindo aluta de toda a sociedade por sua emancipação contra o capital. (IASI, 2007a,p. 32)A consciência para si surge da emergência da classe como sujeito, é umsalto em direção à ação autoconsciente da classe. Caracteriza-se por ser umaconsciência em que o proletariado além de se perceber como classe na relação comoutra classe, coloca-se em movimento na busca da superação das relaçõescapitalistas e, mais do que isso, da abolição das classes. Essa forma de consciênciapode ser chamada também de consciência revolucionária, pois surge daconstatação de que a sociedade precisa ser transformada radicalmente para superaras condições de alienação e exploração. (IASI, 2006).Podemos dizer, então, que a consciência de classe para si diz respeito auma consciência da classe de sua posição nas relações sociais e de suapossibilidade de intervir sobre a sua dinâmica. É a classe trabalhadora comautoconsciência, entendendo, por exemplo, que é fonte de mais-valia e, por isso, ocentro da reprodução do capital e a partir dessa consciência saber que pode parar ocapital. Para que a classe tenha produzido essa percepção, foi necessário colocarsecomo classe para si na luta política contra o capital (vide item 3.3 deste capítulo)e a partir disso desenvolver uma teoria que levasse ao conhecimento do real paraalém de sua aparência.A consciência, de um modo geral, surge da relação sujeito-objeto e é,portanto, sempre produção de conhecimento. A consciência de classe para si éproduto da ação política da classe trabalhadora e se constitui como uma consciênciaque impulsiona a ação revolucionária. Tem sua origem na ação da classe e passa aorientar essa ação, modificando-a qualitativamente, pois à medida que se conhecemelhor a realidade, melhor se organiza a ação para intervir nessa realidade.Aqui, mostra-se com clareza o papel fundamental do conhecimento. Assimcomo é necessário conhecer as leis da natureza para submetê-la à vontadehumana, é necessário conhecer o movimento e as leis das relações sociais parasubmetê-los também à sua vontade. Ainda que os homens estejam tambémsubmetidos às leis da sociedade, tais leis estão em movimento, que não é prédeterminado,pelo contrário, pode mesmo ser determinado, a partir daspossibilidades materiais colocadas, pela ação autoconsciente humana. Nesse
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