1023.6 DA CONSCIÊNCIA <strong>DE</strong> CLASSE EM SIEu pra mim é pouco. Algo se empenha em sair de mim como um louco.MaiakovskiO rio teme aquele marcomo um cachorroteme uma porta entretanto abertaJoão Cabral de Melo Neto (O cão sem plumas)Segundo Iasi (2006, p. 258-261; 2007a, p. 28-29), uma importante condiçãopara a passagem a uma nova forma de consciência de classe do proletariado é asuperação da vivência do conflito como algo individual através do grupo, por meio deum processo de identificação com o outro e que leva a superação da vivência doconflito de forma apenas subjetiva. A partir do momento em que a injustiça vividaindividualmente, por exemplo, é partilhada por um grupo, se produz, em maior oumenor grau, uma mudança qualitativa, já que a revolta individual funde-se e torna-serevolta coletiva, potencializando uma ação também coletiva. É quando eu passo aperceber a contradição existente em mim, presente no outro e a possibilidade dejuntos conquistarmos algo que nos falta.Apontaríamos ainda como outra condição importante o desenvolvimento deum sistema de conceitos, ainda que embrionariamente. Para que a percepção dacontradição seja possível, é necessário que a pessoa comece a desenvolver umsistema de conceitos, baseado na apropriação de conceitos científicos e naascendência dos conceitos espontâneos. Nesse movimento, essa pessoa passa ater condições de notar incoerências e contradições entre velhas idéias e novasidéias, que expressam as contradições da realidade em movimento. Aqui, aofalarmos de conceitos científicos, o fazemos no sentido sugerido por Vigotski,situados em um sistema geral com certa hierarquia e que produzem a consciênciareflexiva. 37Dadas essas duas condições, a ação como grupo organizado que busca a37 Os conceitos científicos podem ser entendidos como um tipo de conceito não-cotidiano ou nãoespontâneo,porém não os únicos. Podem haver os conceitos religiosos, por exemplo, que tambémexigem um sistema hierarquizada, graus de abstração etc. Não entraremos nesse momento nodebate da questão da ciência como ideologia, embora saiba-se que a ciência, bem como as demaisidéias produzidas na sociedade capitalista, possua uma perspectiva de classe. Como diz Löwy (1987,p. 195), “A realidade social, como toda realidade, é infinita. Toda ciência implica opção.”
103satisfação de uma necessidade ou desejo, produz um salto na consciência,chamada de consciência em si. Os indivíduos que entraram em fusão no grupo seengajam em um projeto coletivo, mas ainda tem em vista o atendimento de umanecessidade imediata. Colocam-se em movimento, mas seus esforços ainda voltamseà reivindicação de algo que atenda as suas necessidades. Mas reivindicar algo,mesmo que do capital e coletivamente, não é um processo que superanecessariamente o nível do em si, ou seja, o nível da ação espontânea. Essa formatraz ainda elementos da velha forma, como esperar de outro que satisfaça suasnecessidades pela reivindicação. Por isso, é chamada também de consciênciareivindicatória. É quando a classe sofre as conseqüências do modo de produçãoatravés de alguma situação vivida em sua realidade imediata, se engaja em umprocesso de organização, mas exige de outro suas reivindicações. Ou seja,constitui-se como classe na relação com outra classe, mas sem uma açãoautoconsciente não rompe com aquilo que lhe coloca na condição de explorada,buscando apenas melhorias na realidade imediata e não uma transformação dasrelações sociais que produzem a condição de exploração. Como exemplo, podemoscitar os mais variados movimentos reivindicatórios, desde os que lutam pelos direitosdas mulheres ou dos negros, até movimentos de trabalhadores que entram emconflito mais direto com o capital, como os de trabalhadores que realizam greves,lutam por maiores salários ou pela diminuição da jornada de trabalho. É bomesclarecer que nem todos esses movimentos estão necessariamente nessa formade consciência, pois essas várias particularidades podem fundir-se como classe,ascendendo a uma condição universal. (IASI, 2006).
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