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iipági<strong>na</strong> reserva<strong>da</strong> para colocar a ficha catalográfica


pági<strong>na</strong> reserva<strong>da</strong> para colocar a capa de aprovação <strong>da</strong> tese (CPG)iii


vDedico a meus pais, Neusa e Nathércio, que s<strong>em</strong>preapóiam e incentivam-me a seguir <strong>em</strong> frente.


vii“ O maior gênio científico, no momento <strong>em</strong> que se tor<strong>na</strong> acadêmico,um sábio oficial, reconhecido, decai inevitavelmente e adormece.Perde sua espontanei<strong>da</strong>de, sua ousadia revolucionária, e a energiaincômo<strong>da</strong> e selvag<strong>em</strong> que caracteriza a <strong>na</strong>tureza dos maiores gênios,s<strong>em</strong>pre chama<strong>da</strong> a destruir os mundos envelhecidos e a lançar osfun<strong>da</strong>mentos dos novos mundos. Ganha s<strong>em</strong> dúvi<strong>da</strong> <strong>em</strong> polidez, <strong>em</strong>sabedoria utilitária e prática, o que perde <strong>em</strong> força de pensamento.Numa palavra, ele se corrompe.” (Mikhail Bakunin)Não tenho <strong>na</strong><strong>da</strong> a perder, porque não tenho <strong>na</strong><strong>da</strong>. Porém, não possodizer o mesmo de alguns colegas.Formas brilhantes de expressar a complexi<strong>da</strong>de desse momento:“Um passo a frente e não se está no mesmo lugar.”“Devagar se vai longe - rápido também, só que mais depressa.”“Eu quase <strong>na</strong><strong>da</strong> sei, mas desconfio de alguma coisa.”


viii


AgradecimentosA um monte de gente:À Dra. Aline Ramos, por me guiar nesse mar de espectroscopias, já que s<strong>em</strong> isso euteria ficado <strong>na</strong> praia. Merci beaucoup mesmo. O sucesso desse trabalho se deve <strong>em</strong> maiorparte a imensa experiência dela.Ao Dr. Laurent Ranno e seu grupo, por fabricar os filmes usados, e discussões. AoProf. Jose Mustre de Leon pela imensurável aju<strong>da</strong> com as simulações ab initio. Ao Dr.Maurizio Sacchi pela grande experiência e aju<strong>da</strong> com as medi<strong>da</strong>s de absorção <strong>em</strong> baixaenergia. Ao Dr. Eduardo Gra<strong>na</strong>do pela aju<strong>da</strong> <strong>na</strong>s medi<strong>da</strong>s de espectroscopia Raman,apesar de não termos <strong>da</strong>do continui<strong>da</strong>de. Ao Dr. Harry Westfahl Jr. por disponibilizarseu “hiper-”computador para os cálculos. Dr. Hélio Tolentino pelas valorosas discussões eopiniões. E também ao Prof. Rubens Brito pela co-orientação, que s<strong>em</strong>pre esteve dispostoa aju<strong>da</strong>r.É claro que não posso esquecer de ca<strong>da</strong> pessoa que faz parte do grupo ERX, que formamuma excelente familia, <strong>da</strong> qual me sinto muito privilegiado de também fazer parte. Alémé claro <strong>da</strong> familia maior forma<strong>da</strong> por to<strong>da</strong>s as pessoas do LNLS.Aos vários colegas <strong>na</strong> <strong>Unicamp</strong>, que tor<strong>na</strong>ram esse período muito agradável. Às 16pessoas que dividiram, não simultaneamente, o mesmo teto comigo com uma convivências<strong>em</strong>pre muito legal, apesar do excesso de churrascos.À minha familia e amigos lá de Campi<strong>na</strong> Grande, dos quais sinto muita falta.À CAPES pelo auxílio fi<strong>na</strong>nceiro.ix


xAgradecimentos


ResumoDentre os materiais exibindo o efeito de Magnetoresistência Colossal, filmes finos de manganitasdopa<strong>da</strong>s t<strong>em</strong> recebido atenção especial devido a suas potenciais aplicações paradispositivos magneto-eletrônicos de nova geração. Nesses sist<strong>em</strong>as, a tensão biaxial exter<strong>na</strong>pode ser usa<strong>da</strong> para sintonizar as proprie<strong>da</strong>des magnéticas e de transporte se forpossível determi<strong>na</strong>r a exata relação entre esses efeitos. Neste escopo, é importante identificara explicita conecção entre tensão induzi<strong>da</strong> pelo substrato e a estrutura local <strong>em</strong> tornodos átomos de manganês, especialmente distâncias Mn − O e o ângulo Mn − O − Mn.Nesta <strong>dissertação</strong>, relatamos um estudo de Espectroscopia de Absorção de Raios-X defilmes finos <strong>da</strong> manganita La 0.7 Sr 0.3 MnO 3 epitaxialmente crescidos por deposição por laserpulsado <strong>em</strong> substratos induzindo expansão (SrT iO 3 ) e compressão (LaAlO 3 ) no plano dosfilmes. Dados <strong>da</strong>s bor<strong>da</strong>s K e L 2,3 do Mn foram coletados <strong>na</strong>s linhas D04B-XAS e D08A-SGM do Laboratório Nacio<strong>na</strong>l de Luz Síncrotron, respectivamente.Contribuições de ligações no plano dos filmes e perpendicular ao plano dos filmes foramobti<strong>da</strong>s utilizando uma abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong> para o dicroísmo linear <strong>na</strong>tural presente <strong>em</strong> medi<strong>da</strong>sde absorção de materiais estruturalmente anisotrópicos.Cálculos ab initio usando o formalismo de espalhamento múltiplo total foram utilizadosno auxilio <strong>da</strong> compreensão dos efeitos encontrados.Espectros XANES forneceram fortes evidências de distorção tetrago<strong>na</strong>l do octahedroMnO 6 <strong>em</strong> direções opostas para os filmes compressivos e expansivos. Estas observaçõesforam confirma<strong>da</strong>s usando simulações ab initio e mostraramos que o melhor modelo estruturalpara explicar os <strong>da</strong>dos experimentais é considerar um octahedro MnO 6 com distorçãono mínimo tetrago<strong>na</strong>l, e s<strong>em</strong> nenhuma modificação do ângulo Mn − O − Mn. Evidênciasde distorção ortorrômbica também foram observados <strong>na</strong> região de XANES.Dados de EXAFS coletados no plano dos filmes indicaram uma distorção ortorrômbicado octahedro e também confirmou a mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> distância média Mn − O. Também porEXAFS foi possível concluir que nenhuma modificação do ângulo Mn−O−Mn é induzi<strong>da</strong>pela tensão forneci<strong>da</strong> pelo substrato.xi


xiiResumoA distorção local do octahedro explicaram a diminuição <strong>da</strong> t<strong>em</strong>peratura de transição(T C ) por efeitos de tensão.Foram observados efeitos de modificação <strong>da</strong> ban<strong>da</strong> 3d de condução do material, induzidospor tensão e por exposição a raios-x intensos, porém uma correlação entre estes efeitose a distorção <strong>da</strong> estrutura do filme ain<strong>da</strong> não está muito clara.


AbstractAmong the materials exhibiting the Colossal Magnetoresistance effect, mixed manganitethin films have received special attention due to their potential applications for new generationmagneto-eletronic devices. In these syst<strong>em</strong>s, the exter<strong>na</strong>l biaxial strain could beused to tune the magnetism and transport properties if it were possible to settle the exactrelationship between both effects. In this scope, it is important to address the explicitconnection between the cell induced strains and the local structure around the manganeseatoms, specially the Mn − O distances and the Mn − O − Mn angle.In this dissertation, we report on a X-ray Absorption Spectroscopy study ofLa 0.7 Sr 0.3 MnO 3 thin films epitaxially grown by pulsed laser deposition on tensile (SrT iO 3 )and compressive (LaAlO 3 ) substrates. Mn K and L 2,3 edges <strong>da</strong>ta were collected at theD04B-XAS and D08A-SGM beamlines of the Brazilian Synchrotron Light Source, respectively.In plane and out of plane bond contributions were obtained by a <strong>na</strong>tural linear dichroismapproach for the absorption measur<strong>em</strong>entes of structural anisotropic materials.Ab initio calculations using the Full Multiple Scattering approach was used to understandthe found experimental effects.XANES spectra give evidence of tetrago<strong>na</strong>l distortion within the MnO 6 octahedra,with opposite directions for tensile and compressive films. This was confirmed by ab initiosimulations and we show that the best structural model to explain experimental <strong>da</strong>ta isthat of distorted MnO 6 average octahedra and without any change in the Mn − O − M<strong>na</strong>ngle. Some evidence of orthorhombic distortion also was observed in the XANES region.EXAFS <strong>da</strong>ta collected in plane for tensile substrate, indicate a orthorhombic distortionof octahedron and also confirm the change in the Mn − O average bond distance. Also byEXAFS was possible conclude that no change of Mn − O − Mn angle is induced by thestrain.The distortion of octahedra explains the decrease of Curie t<strong>em</strong>perature (T C ) with thestrain effects.xiii


xivAbstract3d conduction band changes, induced by the strain and by intense x-ray exposition,were observed. A correlation model between these effects and the structural distortion offilms is not clear yet.


SumárioAgradecimentosixResumoxiAbstractxiiiSumárioxvLista de FigurasxviiLista de Tabelasxix1 Introdução 1I Metodologia 52 Espectroscopia de Absorção de Raios-X 92.1 Dicroísmo linear <strong>na</strong>tural para a absorção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102.2 A região de EXAFS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142.3 A região de XANES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192.4 Cálculos ab initio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 213 Experimental 253.1 Linha D04B-XAS: Espectroscopia de Absorção de Raios-X . . . . . . . . . 273.2 Linha D08A-SGM: Espectroscopia de Ultravioleta de Vácuo e Raios-X Moles 28xv


xviSumárioII Resultados e discussão 334 Medi<strong>da</strong>s de absorção <strong>em</strong> alta energia (bor<strong>da</strong> K do Mn) 374.1 Região de EXAFS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 374.2 Região de XANES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 395 Medi<strong>da</strong>s de absorção <strong>em</strong> baixa energia (bor<strong>da</strong>s L 2,3 do Mn) 495.1 Dependência angular e efeitos de saturação . . . . . . . . . . . . . . . . . . 495.2 Efeitos induzidos por irradiação de raios-x . . . . . . . . . . . . . . . . . . 525.3 Modificações eletrônicas e estruturais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 536 Conclusões 59A Condições e parâmetros <strong>da</strong>s simulações ab initio 61A.1 Convergência do cálculo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62A.2 Comparação de intensi<strong>da</strong>de e posição <strong>em</strong> energia . . . . . . . . . . . . . . . 63A.3 Nossa abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong> para as bor<strong>da</strong>s K e L 2,3 do Mn . . . . . . . . . . . . . . 63B Comentários de publicações 69C “Local anisotropy in strained manganite thin films” 71Referências Bibliográficas 79Índice R<strong>em</strong>issivo 87


Lista de Figuras1.1 Ilustração <strong>da</strong> estrutura perovskita <strong>da</strong> manganita La 0.7 Sr 0.3 MnO 3 . . . . . . 21.2 Ilustração do mineral manganita. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32.1 Visão esqu<strong>em</strong>ática do efeito fotoelétrico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102.2 Bor<strong>da</strong> de absorção, região de XANES e oscilações de EXAFS . . . . . . . . 112.3 Definições de eixos, orientação e polarização usa<strong>da</strong>s. . . . . . . . . . . . . . 132.4 Ilustração do efeito de retroespalhamento do fotoelétron. . . . . . . . . . . 152.5 Ilustração do processo de análise de <strong>da</strong>dos de EXAFS. . . . . . . . . . . . 182.6 Comparação entre os regimes de EXAFS e XANES. . . . . . . . . . . . . . 202.7 Ilustração <strong>da</strong> aproximação com geometria muffin-tin para os potenciais atômicos.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 223.1 Visão panorâmica <strong>da</strong> linha XAS no LNLS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 273.2 Processos de produção de elétrons Auger e fótons de fluorescência. . . . . . 283.3 Esqu<strong>em</strong>a de detecção de fluorescência <strong>na</strong> linha XAS. . . . . . . . . . . . . 293.4 Linhas de fluorescência para uma amostra sobre um substrato LAO. . . . . 303.5 Linha SGM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 313.6 Espectro de absorção <strong>em</strong> to<strong>da</strong> a faixa de energia utiliza<strong>da</strong> <strong>na</strong> linha SGM. . 323.7 Espectros Raman para os filmes crescidos sobre o substrato LAO. . . . . . 364.1 Transforma<strong>da</strong> de Fourier do si<strong>na</strong>l de EXAFS para o filme sobre substratoSTO. Ajuste <strong>da</strong> primeira esfera. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 384.2 Comparação entre oscilações de EXAFS para filmes sobre os substratosLAO, MgO, STO, e o material bulk. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 404.3 Variação <strong>da</strong> densi<strong>da</strong>de de estados desocupados relacio<strong>na</strong><strong>da</strong> a mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong>estrutura local . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 414.4 Espectros XANES para filmes sobre os substratos LAO e STO. . . . . . . . 42xvii


xviiiLista de Figuras4.5 Dependência linear entre δR e δE para os <strong>da</strong>dos experimentais de XANES,<strong>em</strong> acordo com uma primeira aproximação para a regra de Natoli. . . . . . 444.6 Resultados de simulações <strong>na</strong> bor<strong>da</strong> K do Mn. . . . . . . . . . . . . . . . . 464.7 Comparação entre filmes tensio<strong>na</strong>do e relaxado. Modificação <strong>da</strong> incli<strong>na</strong>ção<strong>da</strong> bor<strong>da</strong>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 475.1 Espectros para as bor<strong>da</strong>s L 2,3 do Mn, <strong>em</strong> função do ângulo de incidência. . 505.2 Definições de proprie<strong>da</strong>des envolvi<strong>da</strong>s <strong>em</strong> detecção total de elétrons. . . . . 505.3 Dependência angular para a bor<strong>da</strong> de absorção L 3 do Mn. . . . . . . . . . 515.4 Efeito induzido pela irradiação por raios-x <strong>na</strong> amostra. . . . . . . . . . . . 525.5 Comparação entre espectros <strong>na</strong>s bor<strong>da</strong>s L 2,3 do Mn para filmes sobre diversossubstratos, e o material bulk. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 545.6 Comparação entre simulações <strong>na</strong>s bor<strong>da</strong>s L 2,3 do Mn para diversas composições.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57A.1 Verificação do número de átomos dentro do cluster do FMS necessário paraconvergência do resultado fi<strong>na</strong>l. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64C.1 XANES measur<strong>em</strong>ents for compressive and tensile films, in and out of thefilm plane. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74C.2 XANES ab initio calculations for compressive and tensile films distortedstrucutres, in and out of the film plane. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75C.3 XANES measur<strong>em</strong>ents for compressive and relaxed films: decrease in theedge slope . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76


Lista de Tabelas3.1 Informações estruturais sobre os substratos utilizados, e o material bulk. . . 263.2 Informações, de difração de raios-x, sobre os filmes utilizados. . . . . . . . 264.1 Resultados obtidos por EXAFS, para os filmes relaxado e sob expansão noplano. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 384.2 Resultados obtidos usando a regra de Natoli. . . . . . . . . . . . . . . . . . 43A.1 Comentários de alguns comandos do FEFF8.2. . . . . . . . . . . . . . . . . 62C.1 Films strain components . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73xix


xxLista de Tabelas


Introdução 1Este trabalho de mestrado integrou a realização de diversas ativi<strong>da</strong>des relacio<strong>na</strong><strong>da</strong>s a pesquisacientífica, tais como o estudo de proprie<strong>da</strong>des físicas de materiais, aprimoramentode técnicas experimentais e teóricas, além, é claro, <strong>da</strong> determi<strong>na</strong>ção <strong>da</strong> estrutura localdo material estu<strong>da</strong>do, correlacio<strong>na</strong><strong>da</strong> com os efeitos induzidos pela fabricação <strong>da</strong>s amostras.Neste contexto, pude obter um grande ganho de experiência <strong>em</strong> vários assuntosrelacio<strong>na</strong>dos a física.Na <strong>na</strong>tureza, um grande número de minerais encontrados apresentam uma estruturaperovskita 1 , a qual possui uma razão metal-para-oxigênio de aproxima<strong>da</strong>mente 2-para-3.A estrutura perovskita do material estu<strong>da</strong>do por nós é apresenta<strong>da</strong> <strong>na</strong> figura 1.1. Um dessesminerais, conhecido como manganita, ilustrado <strong>na</strong> figura 1.2, t<strong>em</strong> despertado grandeatenção <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de científica atualmente, desde a descoberta do efeito de magnetoresistênciacolossal[1] (CMR: do inglês Colossal Magneto Resistance) <strong>em</strong> manganitasdopa<strong>da</strong>s com terras raras e cátions divalentes (RE 1−x A x MnO 3 , RE = terra rara, e A éum metal alcalino). No momento <strong>em</strong> que escrevo esse texto, a última edição <strong>da</strong> revistaNature traz um artigo[2] propondo que a delica<strong>da</strong> <strong>na</strong>tureza <strong>da</strong> micro-estrutura magnéticano estado de fase-mista dessas manganitas dopa<strong>da</strong>s é responsável pelo efeito CMR. De umponto de vista fun<strong>da</strong>mental, essas manganitas apresentam uma varie<strong>da</strong>de de fenômenosinteressantes devido a existência de várias interações magnéticas opostas altamente correlacio<strong>na</strong><strong>da</strong>scom a estrutura cristali<strong>na</strong> e a dopag<strong>em</strong>, tais como transição metal-isolante,orde<strong>na</strong>mento de carga, orde<strong>na</strong>mento de orbitais, segregação de fase, dentre outros. Uminteressante texto que apresenta uma visão geral sobre esses promissores efeitos observadosnestes tipo de manganitas, pode ser encontrado <strong>na</strong> referência [3].Filmes finos de alta quali<strong>da</strong>de de manganitas pod<strong>em</strong> ser crescidos usando técnicas dedeposição similares as desenvolvi<strong>da</strong>s para supercondutores de alta t<strong>em</strong>peratura crítica,1 O nome perovskita origi<strong>na</strong>-se do mineralogista russo Count Lev Aleksevich von Perovski.1


2 1. IntroduçãoFigura 1.1: Ilustração <strong>da</strong> estrutura perovskita <strong>da</strong> manganita La 0.7 Sr 0.3 MnO 3 .


3Figura 1.2: Ilustração do mineral manganita.e isto t<strong>em</strong> aberto um vasto leque de possibili<strong>da</strong>des para a arquitetura de dispositivosmagnéticos[4]. Como sensores magnéticos de baixo custo precisam operar <strong>em</strong> t<strong>em</strong>peraturaspróximas <strong>da</strong> t<strong>em</strong>peratura ambiente, um interesse especial é <strong>da</strong>do a manganitas que exib<strong>em</strong>a transição ferromagnética próximo de 300K, e este é o caso <strong>da</strong> manganita La 0.7 Sr 0.3 MnO 3(LSMO, T c = 380K), a qual corresponde a composição estu<strong>da</strong><strong>da</strong> no nosso trabalho.A síntese de filmes finos <strong>em</strong> substratos com parâmetros de rede próximos dos parâmetrosde rede do filme, provoca distorções <strong>na</strong> estrutura 2 de forma a acomo<strong>da</strong>r esta. Éobservado que estas modificações estruturais apresentam grande relações a modificações<strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>des <strong>da</strong> manganita.É b<strong>em</strong> conheci<strong>da</strong> que a versatili<strong>da</strong>de dessas proprie<strong>da</strong>des<strong>na</strong> manganita pura (bulk) é correlacio<strong>na</strong><strong>da</strong> a variações <strong>da</strong> estrutura local dos íons Mn, taiscomo variações <strong>da</strong> distorção Jahn-Teller 3 local no octahedro Mn 3+ O 6 e variações no ânguloMn − O − Mn[6]. Porém, nesta composição, uma distorção Jahn-Teller do octahedroMnO 6 não é espontâneamente mensurável[7]. Em especial, foi observado, pelo grupo quevez nossas amostras, que filmes finos desta manganita apresentaram uma diminuição de T c2 Se o filme é acomo<strong>da</strong>do no substrato por uma compressão pla<strong>na</strong>r <strong>da</strong> estrutura, então haverá umacorrelativa expansão perpendicular ao plano do filme. A relação entre os parâmetros de rede <strong>da</strong> manganitae do substrato define como ocorrerá a acomo<strong>da</strong>ção, se por compressão ou expansão do plano do filme.3 Teor<strong>em</strong>a Jahn-Teller[5]: “for a non-linear molecule in an electronically degenerate state, distortionmust occur to lower the symmetry, r<strong>em</strong>ove the degeneracy, and lower the energy”


4 1. Introduçãoque aparenta estar relacio<strong>na</strong><strong>da</strong> com efeitos de tensão induzidos pelo substrato utilizado[8].Atualmente não há consenso <strong>em</strong> como esses efeitos de tensão estão relacio<strong>na</strong>dos com a organizaçãoatômica local ao redor dos átomos de Mn, o que é de fun<strong>da</strong>mental importânciapara entender a magnetoresistência nessas perovskitas[9].Este é um dos focos deste trabalho, ou seja, obter informações <strong>da</strong> estrutura local dosfilmes finos e tentar determi<strong>na</strong>r a dependência dessas modificações <strong>da</strong> estrutura com osefeitos de tensão induzidos pelo substrato. Para isto, o uso de uma técnica que possibilitaobter informações <strong>em</strong> uma ord<strong>em</strong> local se fez necessário, e assim a Espectroscopia deAbsorção de Raios-X se mostrou a ideal opção para este estudo. Informações seletivas sobreplanos <strong>da</strong> estrutura puderam ser obti<strong>da</strong>s através <strong>da</strong> utilização de uma dependência angular,também chama<strong>da</strong> de dicroísmo linear, para absorção de raios-x, a qual foi impl<strong>em</strong>enta<strong>da</strong> nonosso laboratório. Para análise dos <strong>da</strong>dos experimentais obtidos, também foi introduzidono nosso laboratório o uso de cálculos ab initio, também durante este período.Este trabalho foi desenvolvido no Laboratório Nacio<strong>na</strong>l de Luz Síncrotron (LNLS), soba orientação <strong>da</strong> Dra. Aline Yvette Ramos, onde fiz parte do grupo de Espectroscopiade Absorção de Raios-X (ERX). Como instalações experimentais, foram utiliza<strong>da</strong>s duaslinhas de absorção do LNLS, a de absorção de raios-x duros (XAS) e a de ultravioleta eraios-x moles (SGM). A seguir, apresento breves comentários sobre a estrutura escolhi<strong>da</strong>para esta <strong>dissertação</strong>:Capítulo 1 - Introdução: Este capítulo, que contém uma introdução geral sobreesse trabalho de pesquisa.Capítulos 2 e 3 - Metodologia: Contém uma descrição teórica dos métodos deanálise utilizados e desenvolvidos para possibilitar a realização desse estudo estrutural;além <strong>da</strong> descrição dos aparatos e métodos experimentais utilizados.Capítulos 4 e 5 - Resultados e discussão: Relacio<strong>na</strong> todos os resultados obtidos,e provê uma discussão e correlação entre eles, de forma a obter as conclusões sobre omaterial estu<strong>da</strong>do.Capítulo 6 - Conclusões: Relacio<strong>na</strong> os principais resultados obtidos, e métodosimpl<strong>em</strong>entados.Apêndice B - Comentários de publicações: São apresenta<strong>da</strong>s de forma comenta<strong>da</strong>as publicações origi<strong>na</strong><strong>da</strong>s deste trabalho.


Parte IMetodologia5


7Como foi mencio<strong>na</strong>do no capítulo 1, um dos principais anseios deste trabalho foi odesenvolvimento de metodologias que auxili<strong>em</strong> a tarefa árdua de a<strong>na</strong>lisar <strong>da</strong>dos obtidoscom a técnica de espectroscopia de absorção de raios-x. Neste contexto, e com o objetivode estu<strong>da</strong>r filmes finos que possuíam uma orientação b<strong>em</strong> defini<strong>da</strong>, foi realizado um significativoavanço no uso <strong>da</strong> contribuição angular para a absorção, a qual possibilita obterseletivi<strong>da</strong>de entre informações conti<strong>da</strong>s <strong>em</strong> diferentes planos de uma estrutura orienta<strong>da</strong>.O uso de cálculos ab initio como uma ferramenta <strong>na</strong> compreensão <strong>da</strong>s estruturas atômicae eletrônica também foi ampliado e impl<strong>em</strong>entado no nosso laboratório.Neste parte, ir<strong>em</strong>os apresentar as metodologias utiliza<strong>da</strong>s no nosso estudo <strong>da</strong> estruturalocal, incluindo a técnica de espectroscopia de absorção de raios-x abor<strong>da</strong>ndo a contribuiçãoangular para a absorção. Além de mostrar como foram realizados os cálculos abinitio e qual o formalismo utilizado. Por fim apresentar<strong>em</strong>os to<strong>da</strong> a metodologia experimentalque possibilitou a obtenção inovadora de algumas informações sobre os materiaisestu<strong>da</strong>dos.


2Espectroscopia de Absorçãode Raios-XO estudo <strong>da</strong> absorção como uma ferramenta para o entendimento <strong>da</strong> <strong>na</strong>tureza atômica éutilizado desde que Josef Fraunhofer mapeou detalhes de linhas de absorção no espectrosolar <strong>em</strong> 1817. Porém, a história <strong>da</strong> compreensão dos efeitos provocados pela luz <strong>da</strong>tade quatro séculos antes de Cristo, quando Aristóteles reconheceu que a luz é necessáriapara a existência de cor. Com a evolução do conhecimento científico nesta área, foramdesenvolvi<strong>da</strong>s diversas técnicas de “Espectroscopia de Absorção” 1 , a qual t<strong>em</strong> o objetivogeral de determi<strong>na</strong>r a identi<strong>da</strong>de, quanti<strong>da</strong>de, estrutura e ambiente dos átomos, moléculas,e íons através <strong>da</strong> análise <strong>da</strong> radiação absorvi<strong>da</strong> ou <strong>em</strong>iti<strong>da</strong> por estes. Com a descobertados raios-X por Wilhelm Röntgen <strong>em</strong> 1895, diversas aplicações <strong>em</strong> várias áreas do conhecimentoforam estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s e foi <strong>em</strong> 1913 que Maurice de Broglie observou pela primeiravez uma “bor<strong>da</strong> de absorção de raios-x”, a qual aparece quando o fóton de Raios-X possuienergia suficiente para arrancar um elétron de níveis profundos atômicos, obedecendo aoefeito fotoelétrico[10] que foi explicado por Albert Einstein <strong>em</strong> 1905. A partir desde momentodeu-se início ao uso e desenvolvimento <strong>da</strong> “Espectroscopia de Absorção de Raios-X”(XAS: do inglês X-ray Absorption Spectroscopy). Um excelente e completo trabalho históricosobre a espectroscopia de absorção de raios-x pode ser encontrado <strong>na</strong> referência [11],enquanto que uma breve e agradável “<strong>na</strong>rrativa” está <strong>na</strong> referência [12]. T<strong>em</strong>os o objetivode apresentar nesta seção, diversas abor<strong>da</strong>gens possíveis ao estudo <strong>da</strong> absorção de raios-xpela matéria condensa<strong>da</strong>, que foram utiliza<strong>da</strong>s neste trabalho.O processo de absorção é gover<strong>na</strong>do pela regra de ouro de Fermi[13, 14] (equação 2.1), aqual define que o coeficiente de absorção (µ) de um material é proporcio<strong>na</strong>l à probabili<strong>da</strong>dede transição (w) de um estado inicial (i) para um estado fi<strong>na</strong>l (f) quando considerado umHamiltoniano de interação (H I ) entre a radiação e a matéria. O coeficiente de absorção1 Dentre as diversas técnicas de espectroscopia, pod<strong>em</strong>os citar: a óptica, a de raios-x, a nuclear magnética,a de massa, a Raman, dentre outras.9


10 2. Espectroscopia de Absorção de Raios-XFigura 2.1: Visão esqu<strong>em</strong>ática do efeito fotoelétrico.é também proporcio<strong>na</strong>l a densi<strong>da</strong>de de estados desocupados (ρ) numa energia fi<strong>na</strong>l (E f )<strong>da</strong><strong>da</strong> pela diferença entre a energia do fóton incidente e a energia de ligação do elétron.Devido ao termo dipolar (e quadrupolar) de H I , a absorção depende <strong>da</strong> polarização <strong>da</strong>radiação incidente, possibilitando obter informações seletivas sobre diferentes orientações<strong>da</strong> estrutura atômica estu<strong>da</strong><strong>da</strong>. Uma abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong> usando a dependência <strong>da</strong> absorção coma polarização <strong>da</strong> radiação é desenvolvi<strong>da</strong> a seguir (<strong>na</strong> seção 2.1). Em segui<strong>da</strong> passar<strong>em</strong>os adescrever como é possível fazer análises <strong>da</strong> região próxima a bor<strong>da</strong> de absorção (XANES: doinglês X-ray Absorption Near Edge Structure) e <strong>da</strong>s oscilações observa<strong>da</strong>s após a bor<strong>da</strong> deabsorção (EXAFS: do inglês Extended X-ray Absorption Fine Structure) quando tratamos<strong>da</strong> interação entre a luz e a matéria condensa<strong>da</strong> (veja a figura 2.2).µ(E) ∝ |〈f |H I | i〉| 2 δ(E f − E i − ω)ρ(E f ) (2.1)2.1 Dicroísmo linear <strong>na</strong>tural para a absorçãoSe consideramos o campo eletromagnético interagente como uma on<strong>da</strong> pla<strong>na</strong>, e tambémconsiderando que a amplitude <strong>da</strong> radiação não mu<strong>da</strong> muito com uma variação espacial,o que é razoável para uma fonte de raios-x, é possível mostrar que o Hamiltoniano deinteração entre a radiação e a matéria, desprezando a contribuição de dipolo magnético,pode ser escrito como[13, 15, 14]:H I = q Amc ⃗ · ⃗p (2.2)onde A ⃗ é o potencial vetor do campo elétrico <strong>da</strong> radiação, que pode ser escrito como e i⃗ k·⃗rˆɛ,e ⃗p é o momento linear do foto-elétron <strong>em</strong>itido. Porém, <strong>em</strong> uma aproximação de primeiraord<strong>em</strong> para A, ⃗ t<strong>em</strong>os:


2.1. Dicroísmo linear <strong>na</strong>tural para a absorção 11Figura 2.2: Uma bor<strong>da</strong> de absorção de raios-x aparece quando há energia suficiente paraprovocar o efeito fotoelétrico de um elétron de nível profundo; A região de XANESé a região próxima a bor<strong>da</strong> de absorção. As oscilações após a bor<strong>da</strong> de absorção sãodenomi<strong>na</strong><strong>da</strong>s “oscilações de EXAFS”.H I =q mc[1 + i ⃗ k · ⃗r − (⃗ k · ⃗r) 22+ . . .]ˆɛ · ⃗p ≈ q mc (1 + i⃗ k · ⃗r)ˆɛ · ⃗p (2.3)onde ⃗p = m i [⃗r, H 0] = m i [⃗r, ⃗p2 /2m], e assim, a equação 2.1 toma a forma[13]:{〈µ(E) ∝ |〈f |ˆɛ · ⃗r| i〉| 2 ∣+ (1/4) ∣ f ∣ˆɛ · ⃗r ⃗ ∣∣2k · ⃗r ∣ i〉∣ } δ(E f − E i − ω)ρ(E f ) (2.4)No escopo do nosso trabalho, a contribuição de momentos de quadrupolo tor<strong>na</strong>-seinsignificante já que este termo representa ape<strong>na</strong>s uma mínima porcentag<strong>em</strong> <strong>da</strong> absorção,crescendo com Z 2 [13]. Considerando então ape<strong>na</strong>s o termo de momento de dipolo, t<strong>em</strong>os:µ(E) ∝ |〈f |ˆɛ · ⃗r| i〉| 2 δ(E f − E i − ω)ρ(E f ) (2.5)A equação 2.5 acima é denomi<strong>na</strong><strong>da</strong> como a regra de ouro de Fermi <strong>na</strong> aproximaçãodipolar, já que foram desprezados os termos de quadrupolo elétrico <strong>em</strong> nossas considerações.


12 2. Espectroscopia de Absorção de Raios-XRigorosamente, <strong>em</strong> termos <strong>da</strong> seção de choque de absorção, a regra de ouro de Fermi<strong>na</strong> aproximação dipolar pode ser escrita[13] como:σ(ω) = 4π 2 αħω ∑ if|〈f |ˆɛ · ⃗r| i〉| 2 δ(E f − E i − ω)ρ(E f ) (2.6)onde α ≡ e 2 /(ħc) é a constante de estrutura fi<strong>na</strong>.Se consideramos que o resultado <strong>da</strong> interação <strong>da</strong> radiação incidente com a matériapode ser vista como uma parte que representa o átomo absorvedor isolado (|f 0 〉), e outraparte que representa o efeito <strong>da</strong> interação dos foto-elétrons com átomos vizinhos (|∆f〉),pod<strong>em</strong>os “expandir” o estado fi<strong>na</strong>l 〈f| como:|f〉 = |f 0 〉 + |∆f〉 (2.7)E assim o termo |〈f |H I | i〉| 2 <strong>da</strong> equação 2.1 pode ser expandido como:|〈f |H I | i〉| 2 = |〈f 0 |H I | i〉| 2 [1 + 〈∆f |H I | i〉 〈i |H I| f 0 〉 ⋆|〈f 0 |H I | i〉| 2 + C.C. ](2.8)onde C.C. representa conjugado complexo. Assim, t<strong>em</strong>os:µ(E) = µ 0 (E)[1 + χ(E)] (2.9)onde µ 0 (E) = |〈f 0 |H I | i〉| 2 representa exclusivamente absorção de raios-x pelo átomo,enquanto que χ(E) ∝ 〈∆f |H I | i〉 representa as oscilações de EXAFS produzi<strong>da</strong>s pelainteração do fotoelétron com a matéria condensa<strong>da</strong>. Assim, a aproximação dipolar para aregra de ouro de Fermi (equação 2.5) também pode ser reescrita de forma análoga para asoscilações de EXAFS:χ(E) ∝ |〈∆f |ˆɛ · ⃗r| i〉| 2 δ(E f − E i − ω)ρ(E f ) (2.10)É óbvio perceber que nesta contribuição para a absorção (equações 2.5 e 2.10), apolarização <strong>da</strong> radiação incidente (ˆɛ) e a orientação <strong>da</strong> estrutura atômica 2 estu<strong>da</strong><strong>da</strong> serelacio<strong>na</strong>m de forma a definir quais contribuições de ligações atômicas estarão presentes nocoeficiente de absorção e oscilações de EXAFS obtidos. Neste contexto, também dev<strong>em</strong>osmencio<strong>na</strong>r que a dependência angular <strong>da</strong> absorção é mais marcante <strong>em</strong> bor<strong>da</strong>s K[13].É b<strong>em</strong> estabeleci<strong>da</strong> a teoria[16] que considera ape<strong>na</strong>s termos de espalhamento simples2 O vetor ⃗r define qual a direção que o foto-elétron <strong>em</strong>itido percorre entre o átomo absorvedor e o átomoespalhador, então, se é estu<strong>da</strong>do um material que possui orientação atômica b<strong>em</strong> defini<strong>da</strong>, esta direção ⃗rse tor<strong>na</strong> b<strong>em</strong> defini<strong>da</strong>.


2.1. Dicroísmo linear <strong>na</strong>tural para a absorção 13Figura 2.3: O vetor ˆɛ define a direção do campo elétrico <strong>da</strong> radiação incidente, e o planoab definido <strong>na</strong> figura 1.1 corresponde ao plano dos filmes. O ângulo θ é definido como oângulo entre a direção de propagação <strong>da</strong> radiação e o plano ab, e α = 90 − θ é o ânguloentre ˆɛ e o plano ab. Onde a, b e c são os vetores <strong>da</strong> célula unitária <strong>da</strong> estrutura, definidospela figura 1.1.para uma excitação do nível 1s (equivalente a bor<strong>da</strong> K). A contribuição de ca<strong>da</strong> átomovizinho para as oscilações é pesado por um fator de cos 2 α onde α é o ângulo entre ˆɛ e ⃗r(figura 2.3). De forma resumi<strong>da</strong>, t<strong>em</strong>os a relação:χ(E) ∝ |ˆɛ · ⃗r| 2 (2.11)Ir<strong>em</strong>os considerar dois sist<strong>em</strong>as, um totalmente policristalino e outro que possua orientaçãono eixo c sendo policristalino no plano ab, de acordo como é disposto <strong>na</strong> figura2.3. Usando a equação 2.11, é possível mostrar[14] que as contribuições de ligações dentrodo plano (ab) e no eixo perpendicular ao plano (c) para o si<strong>na</strong>l obtido no sist<strong>em</strong>a parcialmenteorientado se relacio<strong>na</strong>m com o si<strong>na</strong>l obtido para o sist<strong>em</strong>a totalmente policristalinoobedecendo as seguintes relações:χ c = 3χ iso cos 2 θ (2.12)χ ab = 3 2 χ iso sin 2 θ (2.13)onde χ c , χ ab e χ iso representam o si<strong>na</strong>l <strong>da</strong>s oscilações de EXAFS correspondentes as contribuiçõesde ligações no eixo c, no plano ab e para o sist<strong>em</strong>a totalmente policristalino(isotrópico) respectivamente, e θ é definido pela figura 2.3.Quando consideramos espalhamento múltiplo para a região próxima à bor<strong>da</strong> de absorção,a contribuição para µ(E) não é tão trivialmente obti<strong>da</strong>, porém também é b<strong>em</strong>estabelecido[13] que a dependência angular <strong>da</strong> absorção, para efeitos de dicroísmo, no casoconsiderado por nós (figura 2.3), é <strong>da</strong><strong>da</strong> pela relação:


14 2. Espectroscopia de Absorção de Raios-Xσ(α) = σ ⊥ sin 2 α + σ ‖ cos 2 α (2.14)onde σ(α) é a seção de choque de absorção obti<strong>da</strong> <strong>em</strong> uma determi<strong>na</strong><strong>da</strong> orientação entrea estrutura e a polarização <strong>da</strong> radiação incidente, σ ‖ e σ ⊥ correspondente a contribuiçõesde ligações paralelas e perpendiculares ao plano ab respectivamente.A partir deste ponto, pod<strong>em</strong>os obter informações seletivas entre as contribuições noplano e perpendicular ao plano de uma amostra que seja parcialmente orienta<strong>da</strong>, tantopara as oscilações de EXAFS considerando ape<strong>na</strong>s espalhamento simples <strong>em</strong> uma bor<strong>da</strong> K(equações 2.12 e 2.13), quanto para a absorção incluindo espalhamento múltiplo (equação2.14). Esta dependência angular para a absorção é de grande importância para o estudode sist<strong>em</strong>as orientados, como o nosso trabalho. A seguir passamos a apresentar a metodologiausa<strong>da</strong> para obter informações <strong>da</strong>s regiões de XANES e EXAFS, considerando umaabor<strong>da</strong>g<strong>em</strong> geral, enquanto que para a obtenção dos nossos resultados utilizamos a uniãoentre a base <strong>da</strong> dependência angular <strong>da</strong> absorção de raios-x, e a teoria convencio<strong>na</strong>l deXAFS 3 .2.2 A região de EXAFSConhecido o processo de absorção de raios-x pela matéria, também é fácil compreender aorig<strong>em</strong> <strong>da</strong>s oscilações de EXAFS, as quais serão o foco principal desta seção. Para umarevisão sobre o assunto, dev<strong>em</strong>os indicar as referências [17, 18, 19, 20].De uma forma pictórica, <strong>na</strong> matéria condensa<strong>da</strong> existe uma probabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> função deon<strong>da</strong> (representando um fotoelétron <strong>em</strong>itido pelo átomo absorvedor) ser retroespalha<strong>da</strong>por um átomo vizinho e, ao voltar para a orig<strong>em</strong>, sofrer interferência com si própria.Neste processo, a absorção é modula<strong>da</strong> por essa interferência provocando o surgimento deoscilações após a bor<strong>da</strong> de absorção (figura 2.2). Uma visão esqu<strong>em</strong>ática é apresenta<strong>da</strong> <strong>na</strong>figura 2.4.Desta forma, este processo de interferência, e por conseguinte o si<strong>na</strong>l de EXAFS, estáintrinsicamente ligado a distância, quanti<strong>da</strong>de e desord<strong>em</strong> dos átomos vizinhos <strong>em</strong> relaçãoao absorvedor. Nesse momento, se faz necessário entender como estas informações sereflet<strong>em</strong> <strong>na</strong>s oscilações, o que nos leva a mostrar uma derivação heurística do modelo deEXAFS[17] amplamente utilizado nos dias atuais. Em segui<strong>da</strong> será apresentado o métodoconvencio<strong>na</strong>l de tratamento e análise de <strong>da</strong>dos de EXAFS.3 Quando mencio<strong>na</strong>mos XAFS (do inglês X-ray Absorption Fine Structure), estamos nos referindo aoconjunto EXAFS + XANES.


2.2. A região de EXAFS 15Figura 2.4: Representação esqu<strong>em</strong>ática do retroespalhamento do fotoelétron por átomosvizinhos, para um plano do octahedro MnO 6 .A derivação <strong>da</strong> equação que descreve o si<strong>na</strong>l de EXAFS pode ser feita <strong>em</strong> diferentesabor<strong>da</strong>gens. Nesta seção nos deter<strong>em</strong>os a uma <strong>da</strong>s mais simples[17], onde são consideradosape<strong>na</strong>s espalhamentos simples do fotoelétron, e o potencial atômico é tratado <strong>em</strong> simetriaesférica. Nesta seção será <strong>da</strong><strong>da</strong> ênfase aos fenômenos físicos envolvidos <strong>na</strong> orig<strong>em</strong> do si<strong>na</strong>lde EXAFS.Voltando a equação 2.9, identificamos que as oscilações (χ(E)) pod<strong>em</strong> ser extraí<strong>da</strong>sdo coeficiente de absorção total do sist<strong>em</strong>a (µ(E)).Assim, precisamos encontrar umaexpressão para a parte oscilatória χ(E). Ir<strong>em</strong>os considerar as oscilações como função donúmero de on<strong>da</strong> k, ou seja, χ(k).Esta transformação pode ser realiza<strong>da</strong> a partir <strong>da</strong> equação:k =√2mħ 2 (E − E 0) (2.15)onde E é a energia do fóton absorvido, E 0 é a energia potencial a ser venci<strong>da</strong> (i.e. a energia<strong>da</strong> bor<strong>da</strong> de absorção), e m é a massa do elétron.Primeiramente, considerando ape<strong>na</strong>s as funções de on<strong>da</strong> dos fotoelétrons que são <strong>em</strong>iti<strong>da</strong>spelo átomo absorvedor, e depois de retroespalha<strong>da</strong>s, voltam para este átomo, pod<strong>em</strong>ossupor que as oscilações de EXAFS correspond<strong>em</strong> a soma <strong>da</strong>s contribuições independentesdos átomos de um mesmo tipo situados a uma mesma distância do átomo absorvedordefinindo uma cama<strong>da</strong> i, ou seja:χ(k) = ∑ iχ i (k) (2.16)precisamos assim determi<strong>na</strong>r uma expressão correspondente a uma única contribuição de


16 2. Espectroscopia de Absorção de Raios-Xvizinhos (χ i (k)).A on<strong>da</strong> esférica <strong>em</strong>iti<strong>da</strong> é proporcio<strong>na</strong>l a eikr . A on<strong>da</strong> retroespalha<strong>da</strong> total é entãokrproporcio<strong>na</strong>l a amplitude <strong>da</strong> on<strong>da</strong> <strong>em</strong>iti<strong>da</strong> defini<strong>da</strong> acima, multiplica<strong>da</strong> pela amplitude <strong>da</strong>(on<strong>da</strong> esférica espalha<strong>da</strong>e ikr|r−r i|k|r−r i |)e multiplicando ain<strong>da</strong> por T i (k), que reflete a probabili<strong>da</strong>dedo fotoelétron ser retroespalhado, obtendo T i (k) eikr ikr ie ik|r−r i||r−r i |. Considerando a posição⃗r do átomo absorvedor como sendo a orig<strong>em</strong> do sist<strong>em</strong>a de coorde<strong>na</strong><strong>da</strong>s, ou seja, fazendo⃗r = 0, t<strong>em</strong>os:T i (k) eikr ie ik|r i|kr i |r i |= T i (k) e2ikr ikr 2 i(2.17)onde 2kr i é um fator de fase, correspondente ao t<strong>em</strong>po necessário para o fotoelétronviajar do átomo central ao espalhador e retor<strong>na</strong>r. Além disso, dev<strong>em</strong>os considerar queeste fator de fase também deve levar <strong>em</strong> conta que próximo ao átomo espalhador e aoátomo absorvedor a energia cinética do fotoelétron é maior (devido a interação com ospotenciais atômicos nessas regiões), provocando uma diminuição no t<strong>em</strong>po de transladodo fotoelétron, ou seja, dev<strong>em</strong>os reescrever 2.17 como T i (k) ei(2kr i −φ(k)). Considerando askri2oscilações de EXAFS proporcio<strong>na</strong>is a parte real desta on<strong>da</strong> retroespalha<strong>da</strong>, t<strong>em</strong>os:χ i (k) = F i (k) sin(2kr i + Φ(k))kr 2 i(2.18)onde definimos, para efeito de simplificação e compatibili<strong>da</strong>de, F i (k) ≡ KT i (k), Φ(k) =φ(k) + π e K como a constante de proporcio<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de entre as oscilações de EXAFS e2a parte real <strong>da</strong> on<strong>da</strong> retroespalha<strong>da</strong>. A função F i (k) também chama<strong>da</strong> como amplitudede retroespalhamento, é característica do átomo espalhador.dependência tanto com o átomo absorvedor como com o espalhador.Enquanto que Φ i (k) t<strong>em</strong>Além disso, dev<strong>em</strong>os considerar o efeito do t<strong>em</strong>po de vi<strong>da</strong> do fotoelétron, que descrevea probabili<strong>da</strong>de do fotoelétron <strong>em</strong>itido ser espalhado inelasticamente, levando a per<strong>da</strong>sextrínsecas. Pod<strong>em</strong>os definir essa probabili<strong>da</strong>de como 2r i /λ, onde λ é o livre caminhomédio dos fotoelétrons. Assim, estimamos as per<strong>da</strong>s devido ao t<strong>em</strong>po de vi<strong>da</strong> pelo fatore −2r i/λ , que incluído <strong>na</strong> equação 2.18 resulta <strong>em</strong>:χ i (k) = F i (k)e 2r i/λ sin(2kr i + Φ(k))kr 2 i(2.19)O desvio dos átomos de sua posição média devido a efeitos de desord<strong>em</strong> tanto térmicacomo estrutural também deve ser levado <strong>em</strong> conta. Se a desord<strong>em</strong> é peque<strong>na</strong> a distribuiçãode distâncias pode ser representa<strong>da</strong> por uma distribuição gaussia<strong>na</strong>: e −2k2 σ 2 i(onde o termoexponencial representa um fator do tipo Debye-Waller). Além disso a amplitude <strong>da</strong>s


2.2. A região de EXAFS 17oscilações vai ser proporcio<strong>na</strong>l ao número de átomos espalhadores ou número de vizinhosN i . Assim:χ i (k) = N i F i (k)e 2r i/λ e −2k2 σ 2 i sin(2kr i + Φ(k))kr 2 i(2.20)Para descrever o efeito de redução <strong>na</strong> amplitude <strong>da</strong>s oscilações, causado por per<strong>da</strong>sintrínsicas e regras de seleção para os estados inicial e fi<strong>na</strong>l, o qual é melhor abor<strong>da</strong>do<strong>na</strong>s referências [21, 22], é incluído um fator S 2 0 como contribuição para a equação acima.Assim, usando a equação 2.16, obt<strong>em</strong>os a denomi<strong>na</strong><strong>da</strong> Equação de EXAFS:χ(k) = ∑ iN i S 2 0F i (k)e 2r i/λ e −2k2 σ 2 i sin(2kr i + Φ(k))kr 2 i(2.21)Usando esta equação é possível modelar os <strong>da</strong>dos experimentais, e obter os parâmetrosestruturais (N i , r i e σ 2 i ) desejados.Uma abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong> bastante eficiente para o <strong>em</strong>prego <strong>da</strong> equação 2.21, é fazer uso de umain<strong>versão</strong> espacial, tal como foi desenvolvido <strong>na</strong> referência [23], para obter uma distribuiçãoradial <strong>em</strong> torno do átomo absorvedor. Isso é possível, pois a equação 2.21 pode ser reescritacomo:χ(k) = ∑ |A i (k)| sin (2kr i + Φ(k)) (2.22)ionde A i (k) ≡ N i S0F 2 i (k)e −2ri/λ e −2k2 σi 2 eiΦ(k) . É óbvio perceber que a equação 2.22 apresentakri2exatamente a forma de uma série de Fourier. Além disso, esta também pode ser reescrita<strong>na</strong> forma:χ(k) = Im( ∑iA i e 2ikr i)(2.23)que também é uma série de Fourier. Então, pode ser feito uma transforma<strong>da</strong> de Fourier(<strong>na</strong>s equações 2.22 e 2.23) defini<strong>da</strong> como:˜χ(r) = √ 1 ∫ ∞χ(k)e 2ikr dk (2.24)π−∞


18 2. Espectroscopia de Absorção de Raios-X(a) (b) (c)Figura 2.5: Resumo do processo de análise de <strong>da</strong>dos de EXAFS. (a) oscilações de EXAFSextraí<strong>da</strong>s de um espectro experimental de absorção (figura 2.2). (b) Transforma<strong>da</strong> deFourier <strong>da</strong>s oscilações presentes <strong>em</strong> (a). (c) oscilações de EXAFS correspondentes ape<strong>na</strong>sa primeira esfera de vizinhos, obti<strong>da</strong>s através de uma transforma<strong>da</strong> inversa de Fourier de(b).e a correspondente transforma<strong>da</strong> inversa:χ(k) = 1 √ π∫ ∞−∞˜χ(r)e −2ikr dr (2.25)Assim, o uso desta transformação tendo como base as oscilações de EXAFS <strong>na</strong>s formasapresenta<strong>da</strong>s <strong>na</strong>s equações 2.22 e 2.23 tor<strong>na</strong> possível obter uma distribuição radial <strong>da</strong>scontribuições atômicas (veja a figura 2.5), <strong>na</strong>s formas de módulo e parte imaginária <strong>da</strong>transforma<strong>da</strong> de Fourier, respectivamente. Nessas condições, deve-se notar que a contribuiçãode ca<strong>da</strong> esfera de vizinhos para o módulo <strong>da</strong> transforma<strong>da</strong> de Fourier (|˜χ i (r i )|) éuma função centra<strong>da</strong> <strong>em</strong> r i , com largura determi<strong>na</strong><strong>da</strong> por σ 2 i , e amplitude determi<strong>na</strong><strong>da</strong>por N i . Por outro lado, os zeros <strong>da</strong> parte imaginária (Im [˜χ i (r i )] = 0) defin<strong>em</strong> os máximose mínimos locais do módulo <strong>da</strong> transforma<strong>da</strong>, ou seja, contém informações determinísticassobre r i .Para obtenção dos parâmetros estruturais desejados, o roteiro mais utilizado é apresentadoa seguir:• É feita a extração <strong>da</strong>s oscilações de EXAFS <strong>da</strong> medi<strong>da</strong> de absorção (figura 2.2),obtendo <strong>da</strong>dos tais como os apresenta<strong>da</strong>s <strong>na</strong> figura 2.5(a).• o uso <strong>da</strong> técnica de transforma<strong>da</strong> de Fourier é uma ferramenta útil tanto para aobtenção de informações radiais do sist<strong>em</strong>a (2.5(b)), quanto para permitir selecio<strong>na</strong>ra contribuição de uma determi<strong>na</strong><strong>da</strong> esfera de vizinhos atômicos (2.5(c)).


2.3. A região de XANES 19• Também é necessário conhecer os fatores de fase (Φ) e amplitude (F i (k)) presentes<strong>na</strong> equação 2.21, os quais pod<strong>em</strong> ser obtidos a partir de <strong>da</strong>dos experimentais de ummaterial como referência ou estes fatores também pod<strong>em</strong> ser obtidos usando métodosab initio, tal como é apresentado <strong>na</strong> seção 2.4, levando <strong>em</strong> consideração informaçõesestruturais de prévio conhecimento sobre o sist<strong>em</strong>a estu<strong>da</strong>do.• Enfim, pod<strong>em</strong>os usar a equação 2.21 acima como a base para a realização de umajuste não-linear <strong>da</strong>s oscilações de EXAFS, possibilitando a obtenção dos parâmetrosestruturais r i , N i e σi 2 desejados. Esta descrição é d<strong>em</strong>asia<strong>da</strong>mente simplifica<strong>da</strong>, paraefeitos de apresentação 4 .2.3 A região de XANESA tarefa de apresentar uma metodologia para entender a região de XANES não é <strong>na</strong><strong>da</strong>fácil, considerando que não existe uma teoria capaz de prever todos os efeitos presentesnesta região do espectro de absorção. Para ca<strong>da</strong> situação é necessário usar (e algumasvezes criar) uma metodologia adequa<strong>da</strong> de análise, e assim, o estudo de XANES tor<strong>na</strong>-seextr<strong>em</strong>amente interessante.Apesar desta dificul<strong>da</strong>de, é possível usar as diversas formas de análise desenvolvi<strong>da</strong>sdurante os últimos anos, como base para esta tarefa. O mais completo trabalho de revisãosobre XANES, apesar de não ser recente, encontra-se <strong>na</strong> referência [24], onde as diversasinformações que pod<strong>em</strong> ser obti<strong>da</strong>s são apresenta<strong>da</strong>s. Nesta seção nos cont<strong>em</strong>os a apresentar,de forma resumi<strong>da</strong>, as principais formas de abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong> para análise <strong>da</strong> região deXANES.Da regra de ouro de Fermi (equação 2.5), identificamos que nesta região estão conti<strong>da</strong>sinformações relacio<strong>na</strong><strong>da</strong>s a seletivi<strong>da</strong>de do estado inicial (|i >), regras de seleção para atransição (|i >→ |f >), e efeitos de relaxação do estado fi<strong>na</strong>l (|f >). A posição e forma<strong>da</strong> bor<strong>da</strong> de absorção é sensível ao estado de valência, o tipo de ligante e a esfera decoorde<strong>na</strong>ção.Desde que a absorção depende <strong>da</strong> densi<strong>da</strong>de de estados desocupados (ρ(E f )) do sist<strong>em</strong>a,tal como foi exposto <strong>na</strong> equação 2.5, é possível abor<strong>da</strong>r a região de XANES olhando paracontribuições de orbitais moleculares e cálculos de estrutura de ban<strong>da</strong>s, como formas depropor explicações para efeitos observados nesta região do espectro.4 A obtenção de um ajuste de EXAFS pode se tor<strong>na</strong>r uma tarefa insólita dependendo <strong>da</strong> estrutura eproprie<strong>da</strong>des do material estu<strong>da</strong>do, e do tipo de informações deseja<strong>da</strong>s. Por ex<strong>em</strong>plo, o fato de havercorrelação entre os parâmetros a ser<strong>em</strong> ajustados, dependendo <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de dos <strong>da</strong>dos experimentais,pode impossibilitar a obtenção de resultados confiáveis a partir do ajuste não-linear usado.


20 2. Espectroscopia de Absorção de Raios-XFigura 2.6: Comparação entre os regimes de EXAFS e XANES <strong>em</strong> relação as funções deon<strong>da</strong> do estado fi<strong>na</strong>l para a excitação de níveis profundos de uma molécula diatômica <strong>em</strong>alta energia, representando a região de EXAFS, e <strong>em</strong> baixa energia representando a regiãode XANES. As curvas pontilha<strong>da</strong>s são as funções de on<strong>da</strong> do fotoelétron <strong>em</strong>itido. Figuraretira<strong>da</strong> <strong>da</strong> referência [24].


2.4. Cálculos ab initio 21A figura 2.6 mostra uma comparação entre algumas diferenças entre as regiões de XA-NES e EXAFS. Em particular, a contribuição de espalhamento múltiplo é mais importantepara a região de XANES, já que neste caso o fotoelétron possui menor energia cinética, oque proporcio<strong>na</strong> uma mais forte interação deste fotoelétron com os potenciais dos átomosvizinhos. Com esta forte dependência entre a região de XANES e espalhamento múltiplodo fotoelétron, é fácil perceber que informações precisas sobre a distribuição geométricados átomos (como ângulos entre ligações e posições atômicas relativas) pod<strong>em</strong> ser obti<strong>da</strong>satravés de uma <strong>completa</strong> análise de espalhamentos múltiplos. Este tipo de abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong>pode se tor<strong>na</strong>r bastante eficiente, e bastante complexo, e assim, será melhor discuti<strong>da</strong> <strong>na</strong>seção 2.4.Além de análises qualitativas, tais como as expostas acima, também é possível fazeruso de alguns métodos quantitativos <strong>da</strong> região de XANES, apesar destes ain<strong>da</strong> ser<strong>em</strong>raros. É possível, por ex<strong>em</strong>plo, usar a regra (E r − E b ) d 2 = constante [25], denomi<strong>na</strong><strong>da</strong>regra de Natoli, para obter informações de distância (d) de primeiros vizinhos <strong>em</strong> relaçãoa diferença <strong>em</strong> energia de um pico (E r ) de ressonância de espalhamento múltiplo e oprimeiro pico (E b ) de ressonância de espalhamento múltiplo, de sist<strong>em</strong>as tais como metaisde transição[26].Um método para análise, mesmo que qualitativa, que v<strong>em</strong> tendo grande atenção nosdias atuais pela comuni<strong>da</strong>de científica é o uso de cálculos ab initio (veja a seção 2.4)para simular espectros de XANES para uma determi<strong>na</strong><strong>da</strong> estrutura e compará-los comos espectros obtidos experimentalmente. Recent<strong>em</strong>ente, foi apresenta<strong>da</strong> uma forma defazer ajuste <strong>da</strong> região de XANES para determi<strong>na</strong>ção de estrutura local, denomi<strong>na</strong>do d<strong>em</strong>étodo MXAN[27], onde ca<strong>da</strong> iteração do ajuste consiste <strong>em</strong> um cálculo ab initio de umaestrutura que também é modifica<strong>da</strong> a ca<strong>da</strong> iteração de maneira a ajustar o resultado destecálculo aos <strong>da</strong>dos experimentais. Esta forma de ajuste não foi usa<strong>da</strong> no nosso trabalho,no entanto, ela se mostra bastante promissora.2.4 Cálculos ab initioCom o advento <strong>da</strong> mecânica quântica no início do século XX, métodos teóricos de análisede informações conti<strong>da</strong>s <strong>na</strong> escala atômica t<strong>em</strong> se tor<strong>na</strong>do ca<strong>da</strong> vez mais utilizados. Comoauxílio <strong>na</strong> compreensão de estruturas <strong>na</strong> região de XANES, simular espectros de absorçãoe estrutura eletrônica usando princípios básicos t<strong>em</strong> se mostrado bastante eficiente <strong>em</strong>diversos casos. Além disso, o uso de cálculos teóricos para obtenção de fatores de fase (Φ)e amplitude (F i (k)), essenciais à análise de EXAFS, tornou-se uma tarefa fun<strong>da</strong>mentalnos dias atuais.


22 2. Espectroscopia de Absorção de Raios-XFigura 2.7: Ilustração <strong>da</strong> aproximação com geometria muffin-tin para os potenciaisatômicos[22].Uma revisão sobre abor<strong>da</strong>gens teóricas <strong>em</strong> espectroscopia de absorção de raios-x podeser encontra<strong>da</strong> <strong>na</strong> referência [22]. Aqui nos cont<strong>em</strong>os a apresentar a abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong> 5 usa<strong>da</strong> pornós, que permitiu a obtenção de conclusões decisivas sobre efeitos observados <strong>em</strong> nossasmedi<strong>da</strong>s <strong>da</strong> região de XANES. Como ferramenta para a realização desta abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong>, foiutilizado o código FEFF8.2[28], o qual considera, de forma suficient<strong>em</strong>ente precisa, muitosdos efeitos possíveis <strong>na</strong> região de XANES.O objetivo deste método é obter simulações teóricas <strong>da</strong> absorção de radiação por sist<strong>em</strong>ascomplexos, a partir de informações prévias sobre a estrutura do sist<strong>em</strong>a.O primeiro passo, com este objetivo, é determi<strong>na</strong>r todos os potenciais atômicos envolvidosno processo de absorção (e interação com o fotoelétron). Porém, atualmente esta éuma tarefa impossível de ser realiza<strong>da</strong> de forma exata, assim, é feito o uso de aproximaçõesdo potencial atômico. Uma dessas aproximações é o uso de uma geometria muffin-tin, aqual consiste de um potencial espalhador esférico centrado <strong>em</strong> ca<strong>da</strong> átomo e com valorconstante <strong>na</strong> região intersticial, tal como exposto <strong>na</strong> figura 2.7. Como forma de melhoraresta aproximação, é possível considerar o termo, dependente <strong>da</strong> energia, do potencial decorrelação de troca para o Hamiltoniano do sist<strong>em</strong>a. Em nossa abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong> foi utilizadoo modelo de Hedin-Lundqvist para este potencial, porém, outros modelos (Dirac-Hara,Dirac-Fock, etc) também proporcio<strong>na</strong>m bons resultados <strong>em</strong> alguns casos. Também foiutilizado um método auto-consistente <strong>na</strong> diago<strong>na</strong>lização do Hamiltoniano, como será discutido<strong>em</strong> parágrafos seguintes.De posse dos potenciais envolvidos, é possível calcular fatores de fase e de seção dechoque para a interação do fotoelétron com esses. Estes são fatores importantes tambémpara a determi<strong>na</strong>ção de Φ e F i (k), essenciais a análise de EXAFS.Para a determi<strong>na</strong>ção dos auto estados do sist<strong>em</strong>a através <strong>da</strong> diago<strong>na</strong>lização do Ha-5 Esta abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong> é um dos pontos fortes dessa metodologia, <strong>em</strong> termos de Brasil.


2.4. Cálculos ab initio 23miltoniano, é utilizado um formalismo, denomi<strong>na</strong>do formalismo de espalhamento múltiplototal (FMS: do inglês “Full Multiple Scattering”), que permite uma diago<strong>na</strong>lização exata,obtendo-se assim uma solução para a expansão infinita de espalhamento múltiplo, .Esta solução é obti<strong>da</strong> no código FEFF8.2[28] usando o método KKR (Korringa-Kohn-Rostoker). Porém, nestas condições obt<strong>em</strong>os um resultado que não inclui contribuiçõesdo caroço (“core-hole”), mas estas contribuições pod<strong>em</strong> ser obti<strong>da</strong>s usando a técnica desuper-célula[22]. Considerando este formalismo, obt<strong>em</strong>os então um resultado que incluito<strong>da</strong>s as contribuições de espalhamento múltiplo do fotoelétron, que são termos de extr<strong>em</strong>aimportância para a região de XANES, de acordo com o que foi apresentado <strong>na</strong> seção2.3.Contribuições de fatores de desord<strong>em</strong> pod<strong>em</strong> ser incluídos <strong>na</strong> simulação, de formaaproxima<strong>da</strong>, usando modelos fenomenológicos tais como o modelo de Debye e o modelode Einstein; além de funções de distribuição radial ou expansão por cumulantes. Paranossas análises não foi necessária considerar essas contribuições. Maiores detalhes pod<strong>em</strong>ser encontrados <strong>em</strong> [22].O passo a seguir é realizar a busca e enumeração de todos os caminhos possíveis parao fotoelétron, para que possa ser feito o cálculo de amplitude de espalhamento para ca<strong>da</strong>um destes.A inclusão de contribuições angulares para a absorção, nesta simulação teórica, é possívelse é defini<strong>da</strong> uma direção <strong>da</strong> polarização <strong>da</strong> radiação, <strong>em</strong> relação a orientação <strong>da</strong>estrutura, e todos os termos de espalhamento do fotoelétron são pesados usando as relaçõesapresenta<strong>da</strong>s <strong>na</strong> seção 2.1. Caso contrário é obti<strong>da</strong> uma simulação correspondente auma média isotrópica de to<strong>da</strong>s as direções. Em nossas análises abor<strong>da</strong>mos estas simulaçõesconsiderando estes efeitos dependentes <strong>da</strong> polarização, e também, a título de comparação,desconsiderando esses efeitos.Por fim, to<strong>da</strong>s essas informações são utiliza<strong>da</strong>s para a simulação <strong>da</strong> absorção <strong>em</strong> função<strong>da</strong> energia para a estrutura proposta. E assim, é possível usar este resultado paracomparação e análise de <strong>da</strong>dos experimentais de XANES e EXAFS.


24 2. Espectroscopia de Absorção de Raios-X


Experimental 3Este estudo foi realizado <strong>em</strong> filmes finos <strong>da</strong> manganita com composição La 0.7 Sr 0.3 MnO 3crescidos através de deposição por Laser pulsado (PLD: do inglês Pulsed Laser Deposition)[29]<strong>em</strong> substratos fornecendo tração e compressão no plano dos filmes, no LaboratórioLouis Néel <strong>em</strong> Grenoble (França). Informações estruturais sobre os substratos utilizadoscompara<strong>da</strong>s com o material bulk são apresenta<strong>da</strong>s <strong>na</strong> tabela 3.1. Descrições <strong>da</strong>s característicasobserva<strong>da</strong>s por difração de raios-x para esses filmes, <strong>em</strong> conjunto com a denomi<strong>na</strong>çãoutiliza<strong>da</strong>, estão <strong>na</strong> tabela 3.2.Para o substrato LAO, filmes de diferentes espessuras(25nm, 45nm, 150nm e 300nm) foram estu<strong>da</strong>dos, já que o efeito de tensão é dependente<strong>da</strong> espessura[8, 30].Para permitir a aquisição de <strong>da</strong>dos de absorção de raios-x <strong>em</strong> função <strong>da</strong> energia <strong>da</strong>radiação incidente, se faz necessário o uso de uma fonte policromática de raios-x, queé o caso <strong>da</strong> fonte de luz síncrotron instala<strong>da</strong> no Laboratório Nacio<strong>na</strong>l de Luz Síncrotron(LNLS)[31]. Em especial, para ser possível obter resultados <strong>em</strong> função do dicroísmo linear,tal como foi exposto <strong>na</strong> seção 2.1, é necessário que a radiação incidente possua polarizaçãolinear, ou seja, que o vetor campo elétrico possua orientação b<strong>em</strong> defini<strong>da</strong>, e esta é uma<strong>da</strong>s características <strong>da</strong> luz síncrotron, que apresenta polarização linear no plano <strong>da</strong> órbitado feixe.Foram utiliza<strong>da</strong>s duas linhas de luz do LNLS para o desenvolvimento deste trabalho.Para medi<strong>da</strong>s de absorção <strong>na</strong> região de raios-x duros (6600eV - 7300eV no nosso caso) foiusa<strong>da</strong> a linha D04B-XAS [32]. Para a região entre o ultra-violeta e raios-x moles (500eV- 1000eV no nosso caso) foi usa<strong>da</strong> a linha D08A-SGM [33]. A seguir apresentamos asmontagens e metodologias utiliza<strong>da</strong>s para a realização dos experimentos de espectroscopiade absorção.25


26 3. ExperimentalTabela 3.1: Informações estruturais sobre os substratos utilizados, e o material bulk. [29]CompostoLa 0.7 Sr 0.3 MnO 3EstruturacristalográficaPerovskita(pseudo-cúbica)Parâmetrode redeVariação entreparametros de rede( a filme−a substratoa filme)a p = 3.87Å 0.0%SrT iO 3 Perovskita (cúbica) a p = 3.905Å −0.9%MgO Cúbica (rocksalt) a c = 4.216Å −8.9%LaAlO 3 Rombohédrica a R = 3.79Å +2.0%Tabela 3.2: Informações de tensão previamente conheci<strong>da</strong>s, através de difração de raios-x,sobre os filmes utilizados. A espessura do filme é denomi<strong>na</strong><strong>da</strong> E filme . A espessura críticaa partir <strong>da</strong> qual são produzidos filmes parcialmente tensio<strong>na</strong>dos (parcialmente relaxados)é denomi<strong>na</strong><strong>da</strong> E c . As componentes de tensão ε xx e ε zz são defini<strong>da</strong>s como ɛ xx = ɛ yy =a filme −a LSMOa LSMOe ɛ zz = c filme−c LSMOc LSMO, onde a filme , c filme , a LSMO e c LSMO são os parâmetros derede pla<strong>na</strong>res e perpendiculares dos filmes e do material bulk respectivamente. [9, 8]Substrato E filme E c ɛ zz ɛ xx = ɛ yyEfeito noplanoSrT iO 3 (STO) 600ÅMgO 600ÅLaAlO 3 (LAO) 450Å∼ 100Å −0.8% 0.9% Expansão0Å 0% 0% nenhum∼ 40Å 2.3% −2.0% Compressão


3.1. Linha D04B-XAS: Espectroscopia de Absorção de Raios-X 27Figura 3.1: Visão panorâmica <strong>da</strong> linha XAS no Hall experimental do LNLS.3.1 Linha D04B-XAS: Espectroscopia de Absorçãode Raios-XNa linha de Espectroscopia de Absorção de Raios-x (XAS) do LNLS foram coletados os<strong>da</strong>dos de XANES e EXAFS <strong>na</strong> bor<strong>da</strong> K (6539eV) do Mn. Uma visão panorâmica <strong>da</strong> linhaXAS dentro do Hall experimental do LNLS, pode ser observa<strong>da</strong> <strong>na</strong> figura 3.1.Como método de detecção, foi utiliza<strong>da</strong> a detecção dos fótons de fluorescência produzidospelo material devido à absorção dos fótons de Raios-X (figura 3.2). Neste método, foiusado um sist<strong>em</strong>a de detecção que possibilita seleção <strong>em</strong> energia dos fótons de fluorescênciae é composto por 15 detectores independentes aumentando o ângulo sólido de coleta(figura 3.3). A contribuição para a absorção neste caso é obti<strong>da</strong> por µ ∝ I/I 0 , onde I é aquanti<strong>da</strong>de de fótons de fluorescência, e I 0 é a intensi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> radiação incidente.Neste esqu<strong>em</strong>a, a orientação entre o plano do filme e a direção <strong>da</strong> polarização <strong>da</strong>radiação incidente pode ser selecio<strong>na</strong><strong>da</strong> fazendo uso de um goniômetro motorizado comobase para a amostra; para obter as contribuições no plano e perpendicular ao plano dofilme, foram feitas medi<strong>da</strong>s com o ângulo entre a polarização e o filme <strong>em</strong> 10 o e 75 orespectivamente (figura 2.3).Para certificar que o si<strong>na</strong>l obtido corresponde ape<strong>na</strong>s a absorção do Mn (neste caso),ape<strong>na</strong>s os fótons que possu<strong>em</strong> energia <strong>na</strong> região correspondente a linha K α do Mn sãoselecio<strong>na</strong>dos usando uma janela <strong>em</strong> energia, defini<strong>da</strong> no detector. No entanto, a contribuiçãode linhas de fluorescência de La (figura 3.4) para o background <strong>da</strong> absorção não foisuficient<strong>em</strong>ente r<strong>em</strong>ovi<strong>da</strong> devido a proximi<strong>da</strong>de <strong>em</strong> energia dos fótons de fluorescência do


28 3. ExperimentalFigura 3.2: Processo de produção de fótons de fluorescência.La e do Mn. Assim, as medi<strong>da</strong>s dos filmes mais finos sobre substrato LAO(que são os quepossu<strong>em</strong> efeitos de tensão) ficaram comprometi<strong>da</strong>s ao ponto de não ser possível obter umsi<strong>na</strong>l com suficiente quali<strong>da</strong>de para análise dos <strong>da</strong>dos de EXAFS. Então ape<strong>na</strong>s os <strong>da</strong>dosde XANES foram considerados neste caso.Como forma de certificar a posição <strong>em</strong> energia dos espectros de absorção obtidos, queé dependente <strong>da</strong> calibração do monocromador, a posição <strong>da</strong> bor<strong>da</strong> de absorção de umafolha de Mn metálico foi exaustivamente monitora<strong>da</strong> usando medi<strong>da</strong>s de transmissão,através de câmaras de ionização posicio<strong>na</strong><strong>da</strong>s antes e após a folha. Este método possibilitoucertificar a posição <strong>em</strong> energia com precisão <strong>da</strong> ord<strong>em</strong> de 0.1eV, elimi<strong>na</strong>ndo efeitos dedescalibração do monocromador <strong>em</strong> função de peque<strong>na</strong>s variações de t<strong>em</strong>peratura. Paraisso, foram realiza<strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s dessa folha de Mn como referência entre ca<strong>da</strong> espectroexperimental obtido, possibilitando uma determi<strong>na</strong>ção precisa <strong>da</strong> posição <strong>em</strong> energia paraca<strong>da</strong> espectro experimental, permitindo esses ser<strong>em</strong> comparados com segurança. Umarranjo experimental[34] que possibilitasse a medi<strong>da</strong> simultânea <strong>da</strong> absorção <strong>da</strong> amostraestu<strong>da</strong><strong>da</strong> e <strong>da</strong> folha de Mn de referência (<strong>em</strong> medi<strong>da</strong>s usando detecção <strong>da</strong> fluorescênciaou detecção de elétrons) foi testado e se mostrou promissor.3.2 Linha D08A-SGM: Espectroscopia de Ultravioletade Vácuo e Raios-X MolesNa linha de Espectroscopia de Ultravioleta de Vácuo e Raios-X Moles (SGM: do inglêsSpherical Grating Monochromator) do LNLS foram coletados <strong>da</strong>dos de XANES para as


3.2. Linha D08A-SGM: Espectroscopia de Ultravioleta de Vácuo e Raios-X Moles 29(a)(b)Figura 3.3: Esqu<strong>em</strong>a de detecção de fluorescência <strong>na</strong> linha XAS. (a) Visão esqu<strong>em</strong>áticae (b) foto. (1) Câmara de ionização para medir a intensi<strong>da</strong>de do feixe incidente sobre aamostra; (2) suporte para colocar a amostra, com a possibili<strong>da</strong>de de fazer rotações numeixo vertical no plano <strong>da</strong> amostra; (3) sist<strong>em</strong>a de detecção de fluorescência composto por15 detectores dispostos <strong>na</strong> frente <strong>da</strong> amostra.


30 3. ExperimentalFigura 3.4: Linhas de fluorescência para uma amostra sobre um substrato LAO. A contribuiçãode linhas L do La do substrato LAO induz<strong>em</strong> um aumento no background <strong>da</strong>medi<strong>da</strong> de absorção, e uma correlativa per<strong>da</strong> <strong>na</strong> razão si<strong>na</strong>l sobre ruído.bor<strong>da</strong>s L 2 e L 3 do Mn. Uma visão geral <strong>da</strong> linha SGM pode ser observa<strong>da</strong> <strong>na</strong> figura 3.5.A absorção foi medi<strong>da</strong> através <strong>da</strong> detecção total dos elétrons de reposição do material(figura 3.2), onde a corrente de elétrons presentes <strong>na</strong> amostra foi medi<strong>da</strong> usando umeletrômetro digital programável de alta resolução (Keithley). A contribuição para a absorçãoneste caso também é obti<strong>da</strong> por µ ∝ I/I 0 , onde I é a corrente de elétrons, e I 0 éa intensi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> radiação incidente. Para impedir a ionização de gás por esses elétrons, epara evitar a absorção dos fótons de baixa energia pelo ar, todo o sist<strong>em</strong>a foi mantido <strong>em</strong>alto-vácuo (10 −8 Torr). Um espectro de absorção para o filme sobre substrato STO, <strong>em</strong>to<strong>da</strong> a faixa de energia utiliza<strong>da</strong> por nós, é exibido <strong>na</strong> figura 3.6. Para to<strong>da</strong>s as medi<strong>da</strong>sfoi utiliza<strong>da</strong> uma grade de difração esférica com 1492 sulcos/mm, que possibilita ótimascondições de fluxo de fótons e resolução <strong>na</strong> região <strong>da</strong>s bor<strong>da</strong>s L 2,3 do Mn (e também <strong>na</strong>sbor<strong>da</strong>s K do O e M 4,5 do La).Nessa estação experimental, a orientação entre o plano do filme e a direção <strong>da</strong> polarização<strong>da</strong> radiação incidente pode ser selecio<strong>na</strong><strong>da</strong> girando todo o braço que segura oporta-amostra dentro <strong>da</strong> câmara, através de um goniômetro manual <strong>em</strong> sua parte exterior.Para obter as contribuições no plano e perpendicular ao plano do filme, foram feitasmedi<strong>da</strong>s com o ângulo entre a polarização e o filme <strong>em</strong> 0 o e 80 o respectivamente (figura2.3), além de várias outras orientações intermediárias.Deixar<strong>em</strong>os para apresentar <strong>na</strong> parte II, de resultados, um efeito observado ao se usar


3.2. Linha D08A-SGM: Espectroscopia de Ultravioleta de Vácuo e Raios-X Moles 31(a)(b)Figura 3.5: (a) Visão esqu<strong>em</strong>ática <strong>da</strong> linha SGM; (b) Visão panorâmica <strong>da</strong> linha SGM noHall experimental do LNLS.


32 3. ExperimentalFigura 3.6: Espectro de absorção para o filme sobre substrato STO, com to<strong>da</strong> a faixa deenergia utiliza<strong>da</strong> <strong>na</strong> linha SGM.o feixe branco (que corresponde a to<strong>da</strong> a radiação síncrotron produzi<strong>da</strong> pela fonte, s<strong>em</strong>fazer seleção de energia) incidindo sobre a amostra para fazer o posicio<strong>na</strong>mento desta, etambém um efeito de saturação <strong>da</strong> absorção <strong>em</strong> função do ângulo de incidência.


Parte IIResultados e discussão33


35O uso de técnicas experimentais para a compreensão de fenômenos <strong>da</strong> <strong>na</strong>tureza tráss<strong>em</strong> dúvi<strong>da</strong> grandes avanços <strong>na</strong> ciência, tecnologia e quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> do ser humano.Porém, alguns poucos pesquisadores com a ambição de “fazer ciência” frau<strong>da</strong>m resultadosexperimentais[35], e se esquec<strong>em</strong> que a essência <strong>da</strong> ciência é conhecer os fenômenos <strong>da</strong> <strong>na</strong>tureza.Este é o preço que t<strong>em</strong>os de pagar pela liber<strong>da</strong>de científica[35], a qual proporcio<strong>na</strong>os melhores resultados. Nos resta o alivio de saber que a beleza <strong>da</strong> ciência é que ela se autocorrige, e uma fraude é descoberta cedo ou tarde. Nesta parte apresentamos os resultadosobtidos por nós, de forma cui<strong>da</strong>dosa e criteriosa, para os quais não escond<strong>em</strong>os nossaslimitações, e assim, conseguimos afirmar com convicção que o apresentado aqui reflete oque acontece <strong>na</strong> <strong>na</strong>tureza, apesar de que isso só é ver<strong>da</strong>deiro até o momento que alguémprove o contrário, já que não existe um modelo perfeito para explicar to<strong>da</strong> a complexi<strong>da</strong>dedesta.Para a obtenção destas informações <strong>da</strong> estrutura atômica local dos filmes finos d<strong>em</strong>anganitas estu<strong>da</strong>dos, foram utiliza<strong>da</strong>s técnicas de espectroscopia de absorção de raios-x,as quais são apresenta<strong>da</strong>s a seguir.Medi<strong>da</strong>s prelimi<strong>na</strong>res de espectroscopia Raman também foram realiza<strong>da</strong>s com est<strong>em</strong>esmo objetivo, no laboratório de Raman do Grupo de Proprie<strong>da</strong>des Ópticas e Magnéticasde Sólidos (DEQ-IFGW-UNICAMP). A intensão era tentar determi<strong>na</strong>r se distorções <strong>da</strong>estrutura <strong>da</strong> rede cristali<strong>na</strong> eram induzi<strong>da</strong>s pela tensão dos filmes, através <strong>da</strong> monitoraçãodo si<strong>na</strong>l de fônons <strong>da</strong> manganita.No entanto, não foi possível identificar o si<strong>na</strong>l correspondendo a fônons <strong>da</strong> manganitapara os filmes crescidos sobre os substratos MgO e STO, pois o si<strong>na</strong>l Raman obtido dosubstrato nesses casos[36] é bastante maior que o esperado para a manganita[37, 38].Por outro lado, para o caso dos filmes crescidos sobre o substrato LAO puderam seridentificados si<strong>na</strong>is de fônons <strong>da</strong> manganita, tal como é apresentado <strong>na</strong> figura 3.7.Acompanhando as modificações do si<strong>na</strong>l Raman do substrato determi<strong>na</strong>mos a orientação<strong>da</strong> estrutura do substrato <strong>em</strong> relação aos vértices do filme, através de uma análisecomparativa com os resultados obtidos por [39]. Desde que a manganita é aproxima<strong>da</strong>ment<strong>em</strong>onocristali<strong>na</strong> então a estrutura desta acompanha a orientação do substrato, e assim aorientação <strong>da</strong> estrutura <strong>da</strong> manganita <strong>em</strong> relação aos vértices dos filmes foi determi<strong>na</strong><strong>da</strong>.


36Figura 3.7: Espectros Raman para os filmes crescidos sobre o substrato LAO, variando apolarização <strong>da</strong> radiação LASER incidente.


4Medi<strong>da</strong>s de absorção <strong>em</strong> altaenergia (bor<strong>da</strong> K do Mn)Como primeira parte destes resultados, apresentamos o que foi obtido de <strong>da</strong>dos correspondentesa bor<strong>da</strong> K do Mn.4.1 Região de EXAFSEm relação ao estudo feito sob a região de EXAFS, utilizando a metodologia apresenta<strong>da</strong><strong>na</strong> seção 2.2, foi possível identificar alguns efeitos <strong>na</strong> estrutura dos filmes, induzidos pelatensão do substrato. Em uma primeira etapa, foram obtidos e a<strong>na</strong>lisados, de forma comparativa,os <strong>da</strong>dos para os filmes sob expansão no plano (STO) e relaxado (MgO), olhandoape<strong>na</strong>s para a componente no plano dos filmes.Na figura 4.1 mostramos a transforma<strong>da</strong> de Fourier do si<strong>na</strong>l de EXAFS (χ) correspondendoa medi<strong>da</strong>s para o filme sobre substrato STO, e também o resultado correspondentedo ajuste para a primeira esfera de vizinhos. Para a realização destes ajuste foram usa<strong>da</strong>sinformações de fase (Φ) e amplitude (F i (k)) obtidos de diversas formas: pela extração de<strong>da</strong>dos experimentais do material bulk, de <strong>da</strong>dos obtidos para o filme relaxado e tambématravés de simulações ab initio, obtendo s<strong>em</strong>pre resultados equivalentes. Nestas condições,a única forma para a qual foram obtidos ajustes confiáveis foi quando consideramos duasdistâncias para a ligação Mn − O no plano do filme sob tensão. Tais resultados para osfilmes tensio<strong>na</strong>do e relaxado são apresentados <strong>na</strong> tabela 4.1.É notado então que para o filme tensio<strong>na</strong>do, é necessário colocar duas contribuiçõesde distâncias Mn − O no plano, e a média destas distâncias (˜1.98Å) é aproxima<strong>da</strong>mente1% maior que a distância para o filme relaxado e o material bulk (˜1.95). Indicando assimque o efeito de tensão induzi<strong>da</strong> pelo substrato está provocando uma expansão e separaçãode distâncias no plano do filme.37


38 4. Medi<strong>da</strong>s de absorção <strong>em</strong> alta energia (bor<strong>da</strong> K do Mn)Figura 4.1: Transforma<strong>da</strong> de Fourier do si<strong>na</strong>l de EXAFS para o filme sobre substratoSTO. Ajuste <strong>da</strong> primeira esfera.Tabela 4.1: Resultados obtidos por EXAFS, para os filmes relaxado (MgO) e sob expansãono plano (STO). Considerando ape<strong>na</strong>s a contribuição no plano do filme.SubstratoNúmero deCoorde<strong>na</strong>çãoDistânciaMn − O (Å)DistânciaMn − Mn (Å)STO1.32.71.94 ± 0.012.05 ± 0.013.898 ± 0.003MgO 4 ∗ 1.948 ± 0.005 3.873 ± 0.003*Número de coorde<strong>na</strong>ção mantido <strong>em</strong> 4 para efeitos de normalização


4.2. Região de XANES 39Devido a simetria <strong>da</strong> distribuição atômica <strong>em</strong> torno de Mn, o pico <strong>da</strong> transforma<strong>da</strong>de Fourier correspondente principalmente a ligação Mn − Mn é mais nítido e b<strong>em</strong> separado<strong>da</strong>s outras contribuições (La, Sr) de espalhamento simples. Através de simulaçõesab initio com base <strong>na</strong> estrutura cristalográfica de (La, Sr)MnO 3 , nós verificamos que acontribuição de espalhamento múltiplo para este pico é baixa. Isto permite <strong>em</strong> primeiraaproximação descrever este pico como representando ape<strong>na</strong>s Mn vizinhos. O si<strong>na</strong>l destepico de Mn foi a<strong>na</strong>lisado por uma transforma<strong>da</strong> de Fourier inversa no faixa <strong>em</strong> R de2.95Å até 3.95Å e ajustado usando <strong>da</strong>dos de amplitude e fase obtidos <strong>da</strong> amostra bulk deLa 0.7 Sr 0.3 MnO 3 . A parte de baixo k (< 5Å−1 ) onde a contribuição de espalhamento múltiplopode ser relevante, foi descarta<strong>da</strong>. O acordo entre as curvas experimentais e ajusta<strong>da</strong>sé excelente possibilitando a determi<strong>na</strong>ção <strong>da</strong> distância Mn − Mn com pouco, incertezarelativa (0.003Å−1 ). Um aumento de 0.025Å <strong>na</strong> distância Mn − Mn foi encontra<strong>da</strong> nofilme tensio<strong>na</strong>do, tal como também pode ser observado <strong>na</strong> tabela 4.1.Nós dev<strong>em</strong>os notar que a observação de um maior comprimento <strong>da</strong> distância Mn − Oimplica <strong>em</strong> um crescimento <strong>na</strong> distância Mn − Mn quando o ângulo Mn − O − Mn émantido i<strong>na</strong>lterado. Como as amplitudes de ambos efeitos observados aqui são <strong>da</strong> mesmaord<strong>em</strong>, concluimos que o ângulo Mn − O − Mn permanece i<strong>na</strong>lterado.Dados de EXAFS para filmes fornecendo compressão no plano (LAO) não foram conclusivamentea<strong>na</strong>lisados devido a quali<strong>da</strong>de dos <strong>da</strong>dos, de acordo como explicado <strong>na</strong> seção3.1. Uma comparação entre a quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s oscilações de EXAFS para diversas condiçõesé exibi<strong>da</strong> <strong>na</strong> figura 4.2.4.2 Região de XANESA região de XANES é extr<strong>em</strong>amente sensível a efeitos induzidos pela esfera de coorde<strong>na</strong>ção<strong>em</strong> torno dos átomos de Mn. De forma sist<strong>em</strong>ática, foram feitas medi<strong>da</strong>s de XANESnos filmes LSMO correspondendo aos diferentes substratos (tabela 3.2) e <strong>em</strong> diversas orientações.Foram observados efeitos de deslocamento <strong>em</strong> energia e mu<strong>da</strong>nça de intensi<strong>da</strong>de<strong>da</strong> linha branca 1 para a bor<strong>da</strong> de absorção (figura 4.4).O efeito de deslocamento <strong>em</strong> energia pode ser entendido como um aumento/diminuição<strong>da</strong> interação eletrônica ao se diminuir/aumentar a distância interatômica entre Mn e seusprimeiros vizinhos (um fóton de raios-x precisa ter maior/menor energia para arrancar umfotoelétron do átomo absorvedor). Um deslocamento <strong>da</strong> bor<strong>da</strong> de absorção para mais altaenergia está correlacio<strong>na</strong>do com uma diminuição <strong>da</strong> distância Mn − O.1 Chamamos de linha branca como o primeiro pico de ressonância de espalhamento múltiplo para aregião de XANES, o qual é o maior indicador do aparecimento <strong>da</strong> bor<strong>da</strong> de absorção.


40 4. Medi<strong>da</strong>s de absorção <strong>em</strong> alta energia (bor<strong>da</strong> K do Mn)Figura 4.2: Comparação entre oscilações de EXAFS para filmes sobre os substratos LAO,MgO, STO, e o material bulk. Olhando ape<strong>na</strong>s para a contribuição no plano dos filmes.


4.2. Região de XANES 41Figura 4.3: Diferentes geometrias para o polihedro MnO 6 : (a) representa o octahedro;(b) representa planos no octahedro s<strong>em</strong> nenhuma deformação; (c) mostra uma distorçãotetrago<strong>na</strong>l do octahedro; (d) apresenta uma distorção ortorrômbica.A mu<strong>da</strong>nça observa<strong>da</strong> <strong>na</strong> intensi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> linha branca está relacio<strong>na</strong><strong>da</strong> com variações <strong>na</strong>densi<strong>da</strong>de de estados desocupados do sist<strong>em</strong>a, principalmente devido a variações no ânguloentre os átomos de oxigênio dos vértices do octahedro MnO 6 . Da figura 4.3, pod<strong>em</strong>osnotar que tanto uma distorção tetrago<strong>na</strong>l quanto uma ortorrômbica afetam os “planos”do octahedro de forma a aumentar ângulos ÔOO (̂123 <strong>na</strong> figura 4.3.(d) por ex<strong>em</strong>plo), eassim modificam a superposição dos orbitais eletrônicos, o que provoca uma modificação<strong>da</strong> densi<strong>da</strong>de de estados desocupados. Com essa variação, a intensi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> absorção mu<strong>da</strong>(de acordo com a equação 2.5), o que indica que com uma distorção do octahedro, há umavariação <strong>na</strong> intensi<strong>da</strong>de.Em medi<strong>da</strong>s de XANES para ca<strong>da</strong> filme/substrato, variando ape<strong>na</strong>s a orientação <strong>da</strong>amostra <strong>em</strong> relação a radiação incidente, e olhando para as contribuições do plano eperpendicular ao plano para as distâncias Mn − O, observamos, <strong>na</strong> figura 4.4.(a), quepara o substrato fornecendo uma expansão no plano do filme (STO), há um deslocamento<strong>em</strong> energia <strong>da</strong> ord<strong>em</strong> de −0.4eV <strong>da</strong> bor<strong>da</strong> de absorção, de acordo com o que foi apresentadoacima. Já para o substrato compressivo no plano (LAO), observamos um deslocamento<strong>da</strong> ord<strong>em</strong> de +0.9eV <strong>da</strong> bor<strong>da</strong> de absorção. Também pode ser observado o efeito d<strong>em</strong>odificação de intensi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> linha branca, no sentido e proporção de acordo para ca<strong>da</strong>caso.


42 4. Medi<strong>da</strong>s de absorção <strong>em</strong> alta energia (bor<strong>da</strong> K do Mn)(a)(b)Figura 4.4: Espectros XANES para filmes sobre os substratos LAO e STO. (a) comparaçãoentre as contribuições no plano e perpendicular ao plano. (b) comparação <strong>da</strong> contribuiçãono plano para os dois substratos.


4.2. Região de XANES 43Tabela 4.2: Resultados obtidos usando a regra de Natoli, que é apresenta<strong>da</strong> <strong>na</strong> seção 2.3,pági<strong>na</strong> 21, entre a comparação dos espectros XANES exibidos <strong>na</strong> figura 4.4. X ‖ e X ⊥ ,onde X = LAO; ST O, representam as distâncias no plano e perpendicular ao plano dofilme respectivamente.Razão entredistânciasEfeitoVariação( d 1−d 2d 2· 100%)LAO ‖ /LAO ⊥ Compressão no plano −2% ± 0.5%ST O ‖ /ST O ⊥ Expansão no plano +1% ± 0.5%Tais deslocamentos <strong>em</strong> energia e modificações de intensi<strong>da</strong>de estão <strong>em</strong> pleno acordocom a tensão induzi<strong>da</strong> <strong>em</strong> ca<strong>da</strong> caso, conforme a tabela 3.2, e indicam que essa tensãoinduzi<strong>da</strong> pelo substrato se acomo<strong>da</strong> <strong>na</strong> estrutura do filme através de uma modificação <strong>na</strong>distância Mn − O.Na figura 4.4.(b), é exibido o mesmo comportamento, quando olhamos ape<strong>na</strong>s a contribuiçãono plano, para os dois substratos (fornecendo compressão e expansão). Os mesmosefeitos de deslocamento e mu<strong>da</strong>nça de intensi<strong>da</strong>de observados, confirmam que a distânciaMn − O para o filme sobre STO é menor que a do filme sobre o substrato LAO no planodesses filmes.Nestas condições, ao menos um modelo de distorção tetrago<strong>na</strong>l pode ser proposto paraessa deformação no octahedro MnO 6 , onde consideramos uma determi<strong>na</strong><strong>da</strong> distância noplano do filme para a ligação Mn − O e uma outra distância menor (maior) <strong>na</strong> direçãoperpendicular ao plano para o caso do substrato STO (LAO). Além disso, a amplitude dodeslocamento <strong>em</strong> energia para o filme sobre LAO é <strong>em</strong> torno de duas vez maior que para ofilme sobre STO, e <strong>da</strong> mesma ord<strong>em</strong> <strong>da</strong> razão entre os fatores de tensão de longo alcancepara esses filmes (ɛ zz − ɛ xx , <strong>na</strong> tabela 3.2). Tal tensão nos parâmetros de rede são assimdiretamente relacio<strong>na</strong>dos com uma média de deformações octahédricas. Isso indica quea tensão deve ser <strong>completa</strong>mente acomo<strong>da</strong><strong>da</strong> por modificações <strong>na</strong> esfera de coorde<strong>na</strong>ção(Mn − O), s<strong>em</strong> nenhuma modificação no ângulo Mn − O − Mn.Usando a regra de Natoli (seção 2.3, pági<strong>na</strong> 21), obtiv<strong>em</strong>os uma razão entre as distânciasno plano e perpendicular ao plano dos filmes nos casos com compressão e expansão.Tais <strong>da</strong>dos são apresentados <strong>na</strong> tabela 4.2. Como a proporcio<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de entre desses valoresé <strong>da</strong> mesma do obtido por difração de raios-x (tabela 3.2), e a regra de Natoli correspondea contribuições de ape<strong>na</strong>s a primeira esfera de vizinhos, então isto confirma que a distorção<strong>da</strong> rede está acomo<strong>da</strong><strong>da</strong> por uma modificação ape<strong>na</strong>s <strong>na</strong> primeira esfera de vizinhos.


44 4. Medi<strong>da</strong>s de absorção <strong>em</strong> alta energia (bor<strong>da</strong> K do Mn)Figura 4.5: Dependência linear entre δR e δE para os <strong>da</strong>dos experimentais de XANES,<strong>em</strong> acordo com uma primeira aproximação para a regra de Natoli.Além disso, é possível mostrar que quando são considerados ape<strong>na</strong>s peque<strong>na</strong>s variações<strong>na</strong> distância (δR) e peque<strong>na</strong>s variações <strong>em</strong> energia (δE), <strong>em</strong> primeira aproximação aregra de Natoli indica que δE ∝ δR. Assim, utilizando os valores (δE e δR) obtidosexperimentalmente encontramos uma dependência aproxima<strong>da</strong>mente linear, como podeser observado <strong>na</strong> figura 4.5. Isto indica um acordo entre os <strong>da</strong>dos experimentais obtidos eesta primeira aproximação para a regra de Natoli, desde que a distorção <strong>da</strong> rede produzape<strong>na</strong>s uma modificação <strong>na</strong> distância de primeiros vizinhos.Utilizando esse modelo de deformação, com esses resultados qualitativos de XANES,e também usando as informações quantitativas obti<strong>da</strong>s por EXAFS (apresenta<strong>da</strong>s <strong>na</strong> tabela4.1) e através <strong>da</strong> regra de Natoli (apresenta<strong>da</strong>s <strong>na</strong> tabela 4.2), realizamos cálculosab initio, de acordo com a metodologia exposta <strong>na</strong> seção 2.4, para simular os efeitos ea veraci<strong>da</strong>de deste modelo de distorção. Os espectros de absorção produzidos por essassimulações teóricas foram todos normalizados pelo valor <strong>em</strong> 50eV após a bor<strong>da</strong> de absorção,permitindo assim eles ser<strong>em</strong> comparados <strong>em</strong> posição e intensi<strong>da</strong>de. Para obteruma dependência angular <strong>na</strong>s simulações, a direção <strong>da</strong> polarização <strong>da</strong> radiação incidentefoi defini<strong>da</strong> como um vetor que liga átomos de oxigênio consecutivos no plano do filme(<strong>na</strong> figura 4.3, 1 e 2, por ex<strong>em</strong>plo) para ver a contribuição de ligações no plano, e parao caso de contribuições perpendiculares ao plano do filme, foi usa<strong>da</strong> a direção que liga osoxigênios <strong>da</strong> ligação O − Mn − O no eixo perpendicular do octahedro (1 e 3 <strong>na</strong> figura 4.3).Um resumo dos resultados destes cálculos teóricos é exibido <strong>na</strong> figura 4.6, a qual evidencia


4.2. Região de XANES 45que as simulações para este modelo de distorção atende corretamente às tendências observa<strong>da</strong>sexperimentalmente (<strong>na</strong> figura 4.4). O fato de haver uma maior evidências dessesefeitos <strong>na</strong>s simulações ab initio ocorre por não estar incluido as contribuições de resoluçãoexperimental e fatores de desord<strong>em</strong> (estrutural e térmica).No sist<strong>em</strong>a LSMO, a contribuição por per<strong>da</strong> espontânea de energia para distorção Jahn-Teller do octahedro MnO 6 [40, 41] é muito peque<strong>na</strong> para ser associa<strong>da</strong> a uma mensuráveldistorção octahédrica. Por outro lado, a tensão do substrato induz uma maior e mensuráveldistorção anisotrópica estática do octahedro MnO 6 , com distinção entre os comprimentos<strong>da</strong>s distâncias Mn−O no plano e perpendicular ao plano. Essa distorção tetrago<strong>na</strong>l induzum aumento <strong>da</strong> separação dos níveis e g induzindo a localizar os transportadores de cargae explicar a diminuição <strong>da</strong> t<strong>em</strong>peratura <strong>da</strong> transição ferromagnética observa<strong>da</strong> nos filmesfinos com respeito a manganita pura[8].T<strong>em</strong>os de enfatizar que as modificações observa<strong>da</strong>s <strong>em</strong> XANES, com relação as variações<strong>da</strong> ressonância A (figura 4.3), pod<strong>em</strong> estar relacio<strong>na</strong>dos a distorção tetrago<strong>na</strong>lproposta acima, mas também pod<strong>em</strong> ocorrer devido a qualquer outra distorção afetandoos ângulos ÔOO, no caso de uma deformação conservando os ângulos O − Mn − O comofoi imagi<strong>na</strong>do.Em uma distorção ortorrômbica, <strong>na</strong> qual as distâncias Mn−O no plano e perpendicularao plano são diferentes, há duas distâncias Mn − O no plano do filme. Esta distorção nãoisotrópicano plano parece ser preferencial devido a <strong>na</strong>tureza dos íons Mn 3+ e Mn 4+ .Porém, infelizmente a mu<strong>da</strong>nça <strong>na</strong> densi<strong>da</strong>de de estados desocupados entre este tipo dedistorção e uma distorção tetrago<strong>na</strong>l é muito peque<strong>na</strong> (observando a figura 4.3 isso ficaclaro, pois ambas as distorções tetrago<strong>na</strong>l e ortorrômbica modificam de forma s<strong>em</strong>elhanteessa contribuição) e os cálculos ab initio resultam <strong>em</strong> quase os mesmos resultados tantopara distorção tetrago<strong>na</strong>l, quanto para distorção ortorrômbica.Nós também fiz<strong>em</strong>os rigorosas medi<strong>da</strong>s para o caso no plano do filme girando a amostraperpendicular ao eixo de propagação do feixe, e para ca<strong>da</strong> amostra individual todosos espectros são aproxima<strong>da</strong>mente idênticos, o que era esperado já que esses filmes sãopolicristalinos no plano[29]. Porém, observamos que a incli<strong>na</strong>ção <strong>da</strong> bor<strong>da</strong> de absorçãopara filmes tensio<strong>na</strong>dos e relaxados são significativamente diferentes, de acordo com a figura4.7 onde a bor<strong>da</strong> de absorção é mais incli<strong>na</strong><strong>da</strong> no caso dos filmes tensio<strong>na</strong>dos <strong>em</strong>comparação com o filme relaxado. Também é apresentado <strong>na</strong> figura 4.7 a comparaçãoentre as primeiras deriva<strong>da</strong>s desses espectros, onde é possível identificar dois picos, queindicam duas contribuições de distâncias 2 para bor<strong>da</strong> de absorção. Isto aponta para um2 Máximos locais <strong>na</strong> deriva<strong>da</strong> <strong>da</strong> absorção indicam quais seriam as posições do ponto de inflexão <strong>da</strong>bor<strong>da</strong> para ca<strong>da</strong> uma dessas contribuições de distâncias.


46 4. Medi<strong>da</strong>s de absorção <strong>em</strong> alta energia (bor<strong>da</strong> K do Mn)(a)(b)Figura 4.6: Simulações de XANES para as estruturas dos filmes sobre os substratos LAOe STO. (a) comparação entre as contribuições no plano e perpendicular ao plano. (b)comparação <strong>da</strong> contribuição no plano para os dois substratos.


4.2. Região de XANES 47Figura 4.7: Comparação entre filmes tensio<strong>na</strong>do (LAO) e relaxado (MgO). É observa<strong>da</strong>uma maior incli<strong>na</strong>ção <strong>da</strong> bor<strong>da</strong> de absorção, e a deriva<strong>da</strong> <strong>da</strong> absorção apresenta umaseparação <strong>em</strong> dois picos (o que é característico de duas contribuições para µ), no caso dofilme tensio<strong>na</strong>do. O espectro correspondendo ao filme sobre LAO foi deslocado para servisualizado <strong>na</strong> mesma posição <strong>em</strong> energia.aumento <strong>da</strong> desord<strong>em</strong> no comprimento <strong>da</strong> distância Mn − O, onde várias contribuiçõesde distâncias pode estar sendo leva<strong>da</strong>s <strong>em</strong> conta. Tendo <strong>em</strong> mente nossos resultados deEXAFS, este resultado reforça a hipótese de uma separação adicio<strong>na</strong>l no comprimento <strong>da</strong>ligação Mn − O no plano dos filmes tensio<strong>na</strong>dos <strong>em</strong> relação ao filme relaxado. E assim,um modelo de distorção ortorrômbica parece ser uma melhor opção para explicar todos osresultados experimentais, do que um modelo assumindo ape<strong>na</strong>s uma distorção tetrago<strong>na</strong>l 3 .3 Todos os resultados experimentais observados que são explicados por uma distorção tetrago<strong>na</strong>l tambémsão explicados por uma distorção ortorrômbica, porém, o recíproco não é ver<strong>da</strong>deiro.


48 4. Medi<strong>da</strong>s de absorção <strong>em</strong> alta energia (bor<strong>da</strong> K do Mn)


5Medi<strong>da</strong>s de absorção <strong>em</strong> baixaenergia (bor<strong>da</strong>s L 2,3 do Mn)Em continui<strong>da</strong>de a apresentação dos resultados, esta seção é dedica<strong>da</strong> ao que foi obtido <strong>na</strong>sbor<strong>da</strong>s L 2,3 do Mn, através de medi<strong>da</strong>s de absorção raios-x de baixa energia (˜640eV) <strong>na</strong>linha D08A-SGM do LNLS. Modificações <strong>na</strong> forma <strong>da</strong>s linhas L 2,3 estão relacio<strong>na</strong><strong>da</strong>s compossíveis modificações eletrônicas nos níveis 2p ou 3d do sist<strong>em</strong>a, onde os 3d representama ban<strong>da</strong> de condução do material. O objetivo dessas medi<strong>da</strong>s foi tentar identificar se háalguma modificação <strong>na</strong> estrutura eletrônica do material induzi<strong>da</strong> pela fabricação do filme,tensão induzi<strong>da</strong> pelo substrato, ou pela distorção <strong>da</strong> estrutura atômica apresenta<strong>da</strong> nocapítulo 4.Foram observados alguns efeitos nos espectros obtidos, além disso, alguns destes s<strong>em</strong>ostraram um <strong>completa</strong> surpresa para nós. A seguir apresentamos todos os resultadosobtidos <strong>na</strong>s bor<strong>da</strong>s L 2,3 do Mn até o presente momento.5.1 Dependência angular e efeitos de saturaçãoAo obter medi<strong>da</strong>s de absorção, como função do ângulo de incidência, para os filmes tensio<strong>na</strong>dos,foi observa<strong>da</strong> uma forte dependência <strong>da</strong> intensi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> absorção <strong>em</strong> função <strong>da</strong>orientação, tal como é apresentado <strong>na</strong> figura 5.1, desde que µ ∝ I I 0.No entanto, tal dependência deve estar relacio<strong>na</strong><strong>da</strong> a um efeito chamado “efeitos desaturação <strong>da</strong> absorção” dependente do ângulo de incidência dos raios-x[42, 43]. Usando afigura 5.2, é possível entender a orig<strong>em</strong> desses efeitos de saturação: a profundi<strong>da</strong>de de penetração(λ x cos θ) dos raios-x incidentes depende do ângulo de incidência (θ), enquanto quea profundi<strong>da</strong>de de escape (λ e ) dos elétrons não depende. Assim, ao fazer uma incidênciamais rasante, a profundi<strong>da</strong>de de penetração pode ficar <strong>da</strong> mesma ord<strong>em</strong> <strong>da</strong> profundi<strong>da</strong>dede escape dos elétrons, provocando assim um efeito de saturação <strong>da</strong> absorção.49


50 5. Medi<strong>da</strong>s de absorção <strong>em</strong> baixa energia (bor<strong>da</strong>s L 2,3 do Mn)Figura 5.1: Espectros para as bor<strong>da</strong>s L 2,3 do Mn para o filme sobre substrato LAO comespessura de 25nm, <strong>em</strong> função do ângulo de incidência.Figura 5.2: Ilustração qualitativa de proprie<strong>da</strong>des envolvi<strong>da</strong>s <strong>em</strong> uma medi<strong>da</strong> de absorçãousando detecção total de elétrons. Figura retira<strong>da</strong> <strong>da</strong> referência [42].


5.1. Dependência angular e efeitos de saturação 51Figura 5.3: Dependência angular para a bor<strong>da</strong> de absorção L 3 do Mn, usando uma normalização<strong>da</strong> intensi<strong>da</strong>de.Nessas condições a produção total de elétrons pela rede (Y e ), usando um fator decorreção para esses efeitos de saturação, é <strong>da</strong><strong>da</strong> pela relação [42]:(Y e = C11 + λ e /λ x cos θ)µ (5.1)onde λ e , λ x e θ, definidos pela figura 5.2, representam a profundi<strong>da</strong>de de escape dos elétrons,profundi<strong>da</strong>de de penetração dos raios-x numa incidência normal e ângulo entre adireção de propagação e a normal a superfície (equivalente a α <strong>na</strong> figura 2.3), respectivamente;C é uma constante que depende ape<strong>na</strong>s <strong>da</strong> energia e µ é o coeficiente de absorção.É possível realizar uma “extração” do si<strong>na</strong>l ver<strong>da</strong>deiro <strong>da</strong> absorção, elimi<strong>na</strong>ndo essesefeitos de saturação, através do tratamento usando um cálculo auto-consistente entre Y e ,µ e λ e usando a equação 5.1. Ain<strong>da</strong> não foi possível obter uma suficiente convergênciausando essa abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong>, pois não t<strong>em</strong>os precisão <strong>na</strong> determi<strong>na</strong>ção de valores iniciais paraλ e e λ x , t<strong>em</strong>os ape<strong>na</strong>s uma estimativa de 20Åe 200Å respectivamente.Assim, comouma boa aproximação para comparação de efeitos de modificações <strong>da</strong> forma <strong>da</strong> linhaL 3 , desconsiderando efeitos de intensi<strong>da</strong>de relativa, foi feita uma normalização pelo valormáximo <strong>da</strong> intensi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> bor<strong>da</strong> (<strong>em</strong> torno de 641eV). O resultado obtido com isso éexibido <strong>na</strong> figura 5.3, mostrando ape<strong>na</strong>s a região onde são espera<strong>da</strong>s modificações, já que<strong>em</strong> todo o resto os espectros são totalmente equivalentes.Como pode ser observado <strong>na</strong> figura 5.3, é difícil afirmar se há uma dependência angular


52 5. Medi<strong>da</strong>s de absorção <strong>em</strong> baixa energia (bor<strong>da</strong>s L 2,3 do Mn)Figura 5.4: Efeito induzido pela irradiação por raios-x <strong>na</strong> amostra.nestas condições, assim, uma interpretação razoável é que não foi possível identificar umadependência angular para a bor<strong>da</strong> de absorção nos filmes sob tensão.5.2 Efeitos induzidos por irradiação de raios-xAo se usar o feixe branco 1 para realizar o posicio<strong>na</strong>mento <strong>da</strong>s amostras <strong>na</strong> câmara devácuo <strong>da</strong> linha de luz, um efeito surpreendente foi observado: a forma dos espectros deabsorção mu<strong>da</strong> drasticamente, como é apresentado <strong>na</strong> figura 5.4. O mais intrigante éque essas modificações foram observa<strong>da</strong>s ape<strong>na</strong>s nos filmes finos, enquanto que para umaamostra do material bulk (usando uma pastilha feita a partir do pó do composto LSMO)nenhuma mínima modificação foi identifica<strong>da</strong>. Nestas condições, medi<strong>da</strong>s sist<strong>em</strong>áticasusando essa exposição a radiação síncrotron foram feitas no filme de 300nm de espessurasobre o substrato LAO. Após a irradiação, essa modificação permaneceu estável durantepelo menos uma s<strong>em</strong>a<strong>na</strong>.Esses resultados permaneceram por algum t<strong>em</strong>po adormecidos, já que não tínhamos<strong>completa</strong>mente compreendido-os de imediato. Foi então que encontramos publicações querelatavam efeitos similares[44, 45, 46, 47, 48], s<strong>em</strong>pre no estudo de manganitas. A primeiradestas[44], <strong>da</strong><strong>da</strong> a novi<strong>da</strong>de e importância <strong>na</strong> época (1997), resultou <strong>em</strong> um artigocom destaque <strong>na</strong> capa <strong>da</strong> revista Nature. Nesta publicação, é apresenta<strong>da</strong> uma transi-1 Denomi<strong>na</strong>mos feixe branco como to<strong>da</strong> a radiação síncrotron produzi<strong>da</strong> pela fonte, s<strong>em</strong> fazer nenhumaseleção <strong>em</strong> energia.


5.3. Modificações eletrônicas e estruturais 53ção isolante-metal (antiferromagnética-ferromagnética) no composto P r 0.7 Ca 0.3 MnO 3 induzi<strong>da</strong>pela exposição a raios-x, quando mantido a baixas t<strong>em</strong>peraturas. É <strong>da</strong>do comoperspectivas, aplicações <strong>em</strong> detecção de raios-x e litografia de raios-x.Uma transição de fase antiferromagnética-ferromagnética, também a baixas t<strong>em</strong>peraturas,foi observa<strong>da</strong>[45] ao se manter filmes finos de P r 0.6 La 0.1 Ca 0.3 MnO 3 <strong>em</strong> exposiçãoa radiação Laser por um longo período de t<strong>em</strong>po. Além disso, também perceberam que ouso de radiação linearmente polariza<strong>da</strong> acelerava bastante o processo de formação <strong>da</strong> faseferromagnética, o que os levou a propor que é possível que a luz linearmente polariza<strong>da</strong>induz uma transferência de carga direcio<strong>na</strong>l entre os íons Mn 3+ e Mn 4+ <strong>na</strong> rede, e istopode promover uma mais rápi<strong>da</strong> reconstrução de estruturas magnéticas e cristali<strong>na</strong>s[45].Foi observado[46] que a manganita La 0.875 Sr 0.125 MnO 3 apresenta uma transição estruturalinduzi<strong>da</strong> pela exposição a raios-x, onde é proposto que mu<strong>da</strong>nças estruturais induzi<strong>da</strong>spor exposição a fótons, <strong>em</strong> baixa t<strong>em</strong>peratura, é uma proprie<strong>da</strong>de comum a manganitascom orde<strong>na</strong>mento de carga[46]. Para esta mesma manganita (La 1−1/8 Sr 1/8 MnO 3 )foi relatado[47] um interessante efeito quando exposta a raios-x <strong>em</strong> baixa t<strong>em</strong>peratura: acondutivi<strong>da</strong>de era marca<strong>da</strong>mente aumenta<strong>da</strong> nesta exposição, porém, voltava ao normalapós a retira<strong>da</strong> <strong>da</strong> exposição. Em outro estudo[48], foi relata<strong>da</strong> a formação, induzi<strong>da</strong> porluz, de clusters ferromagnéticos <strong>em</strong> filmes finos de La 0.9 Ca 0.1 MnO 3 .Nestas condições, <strong>da</strong>do que a potência total irradia<strong>da</strong> nos dipolos do LNLS é de 11.4kW(numa corrente de 100mA), o efeito observado por nós pode estar relacio<strong>na</strong>do a umamodificação estrutural/eletrônica do filme de manganita mesmo a t<strong>em</strong>peratura ambiente.Desta forma, de acordo com as afirmações <strong>da</strong> literatura, a exposição dos filmes aofeixe branco de luz linearmente polariza<strong>da</strong> induz um aumento do caracter A ′ e assim,pode induzir um provável aumento <strong>da</strong> distorção tetrago<strong>na</strong>l do octahedro MnO 6 . Porémtambém é possível que esse efeito de irradiação esteja liga<strong>da</strong> a uma oxi<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> superficiedos filmes. O porquê desse efeito induzido por radiação não ser observado no materialBulk não é compreendido até o momento.5.3 Modificações eletrônicas e estruturaisNa figura 5.5 são apresentados os espectros de absorção obtidos para o material bulk efilmes sobre diversos substratos.Da literatura, diversos autores observaram e propuseram explicações para o aparecimentodos caracteres A ′ , A e B. Dentre eles, destacamos a referência [49], que usandocálculos teóricos de multipleto e um completo e rigoroso trabalho experimental, associouos caracteres A e B aos íons 3d 3 (Mn 4+ ) e 3d 4 (Mn 3+ ) respectivamente. Porém, esses cál-


54 5. Medi<strong>da</strong>s de absorção <strong>em</strong> baixa energia (bor<strong>da</strong>s L 2,3 do Mn)(a)(b)Figura 5.5: Comparação entre espectros <strong>na</strong>s bor<strong>da</strong>s L 2,3 do Mn para filmes sobre diversossubstratos, e o material bulk.


5.3. Modificações eletrônicas e estruturais 55culos não consideram a existência do ombro A ′ , que de acordo com a referência [50], este éorigi<strong>na</strong>do <strong>da</strong> hibridização entre Mn e os O 2− vizinhos. Além disso, é observado[50] que oombro A ′ é mais b<strong>em</strong> definido quando La é substituído por átomos pesados de terras-raras,indicando assim que A ′ é relacio<strong>na</strong>do com uma distorção tetrago<strong>na</strong>l do octahedro MnO 6 .Também concluiu[50] que uma possível distorção ortorrômbica <strong>da</strong> rede não modifica significativamenteas bor<strong>da</strong>s L 2,3 do Mn para manganitas com valência mista.Outros cálculos teóricos[51] também suger<strong>em</strong> que picos <strong>na</strong> bor<strong>da</strong> L 3 são principalmenteinfluenciados por distorção Jahn-Teller. Além disso, é b<strong>em</strong> conhecido que essa distorçãoestá relacio<strong>na</strong><strong>da</strong> com os íons Mn 3+ , tal como os identificados por [49] para o caracter B.Nossa expla<strong>na</strong>ção até aqui também está de acordo com resultados experimentais e teóricosobtidos por [52].Com base no que foi apresentado até aqui, os caracteres A e B <strong>da</strong> figura 5.5 correspond<strong>em</strong>aos íons Mn 4+ e Mn 3+ respectivamente. Porém, é sabido que ape<strong>na</strong>s o íon Mn 3+ écapaz de induzir uma distorção Jahn-Teller e como o caracter A (Mn 4+ ), <strong>na</strong> figura 5.5.(a),é nota<strong>da</strong>mente diferente entre o material bulk e os filmes, isso nos leva a afirmar que dealguma forma a simples fabricação dos filmes induz uma redução do caracter Mn 4+ <strong>da</strong>manganita, e assim, é possível que aumente a possibili<strong>da</strong>de de haver distorção Jahn-Teller<strong>da</strong> estrutura destes. Pod<strong>em</strong>os afirmar com convicção essa característica pois foram realiza<strong>da</strong>sas mesmas medi<strong>da</strong>s <strong>em</strong> vários dias consecutivos, usando um monocristal de LSMOe uma pastilha de LSMO como amostra representando o material bulk, e o resultado fois<strong>em</strong>pre o mesmo.Dado que o caracter A ′ (seja ele característico de uma hibridização entre Mn e O 2−ou do aparecimento de íons Mn 3+ ) é indicador de uma distorção tetrago<strong>na</strong>l do octahedroMnO 6 , se observamos a figura 5.5.(b), perceb<strong>em</strong>os que o caracter A ′ é crescente <strong>na</strong>seqüencia de filmes sobre os substratos MgO, LAO-45nm, STO e LAO-25nm, que tambémé a seqüência <strong>da</strong> menor para a maior tensão induzi<strong>da</strong>, assim, esse é mais um indicativo deque esse caracter representa uma distorção tetrago<strong>na</strong>l do octahedro MnO 6 e correlativamenteque a tensão induzi<strong>da</strong> pelo substrato provoca essa distorção, o que está <strong>em</strong> plenoacordo com nossos resultados de XANES apresentados <strong>na</strong> seção 4.2. Deve ser comentadoque para o caso do filme LAO-45nm a espessura crítica de tensão[8] (≈ 30nm neste caso)determi<strong>na</strong> que a superficie desse filme apresenta relaxação.Apesar do discutido acima, uma outra explicação para nossos resultados experimentaisé que: o pico B <strong>da</strong> figura 5.5 não existe e os picos A ′ e A estão relacio<strong>na</strong>dos com oscaracteres Mn 4+ e Mn 3+ respectivamente.Desta forma, não estaríamos <strong>em</strong> total acordo com alguns resultados <strong>da</strong> literatura [50,52]. Por outro lado, <strong>da</strong>do que não observamos o caracter A ′ (correspondente a hibridização


56 5. Medi<strong>da</strong>s de absorção <strong>em</strong> baixa energia (bor<strong>da</strong>s L 2,3 do Mn)ou distorção octahédrica) nos nossos cálculos ab initio (figura 5.6), e esse caracter tambémnão foi observado através de cálculos de multipleto [49], esta explicação que desconsideraa presença do pico B (<strong>na</strong> figura 5.5) aparenta ser mais plausível.Nestas condições, a mu<strong>da</strong>nça causa<strong>da</strong> pela fabricação do filme corresponderia a umadiminuição do caracter Mn 3+ , que é o efeito contrário ao esperado. As modificaçõescausa<strong>da</strong>s por tensão do substrato e pela evolução através de exposição a radiação estariamrelacio<strong>na</strong><strong>da</strong>s a um aumento do caracter Mn 4+ do sist<strong>em</strong>a.A escolha entre essas duas possibili<strong>da</strong>des (existência ou não do pico B) e uma corretaidentificação dos caracteres observados não é trivial, pois ambas as possibili<strong>da</strong>des sãoplausíveis.Usando o formalismo de espalhamento múltiplo total, apresentado <strong>na</strong> seção 2.4, obtiv<strong>em</strong>ossimulações dos espectros de absorção para as bor<strong>da</strong>s L 2,3 do Mn para as estruturascorrespondentes a manganita La 1−x Sr x MnO 3 com x = 0.0, 0.3 e 1.0, as quais são apresenta<strong>da</strong>s<strong>na</strong> figura 5.6. Os caracteres A e B são identificados como representantes dos íonsMn 4+ e Mn 3+ respectivamente, tal como foi proposto pela referência [49]. Até o momentonão encontramos indicativos (nesses cálculos teóricos) do ombro A ′ , assim como cálculosde multipleto[49] também não obtiveram. Uma justificativa para a não observação de A ′ éo fato de ain<strong>da</strong> não termos introduzido uma distorção <strong>na</strong> estrutura utiliza<strong>da</strong> para a simulação.Esta tarefa não é simples, desde que para esse tipo de simulação é necessário usarum cluster composto por 177 átomos (para efeitos de convergência), e o t<strong>em</strong>po de cálculo,usando um PC de 2GHz, para obter as 12 simulações <strong>na</strong> figura 5.6 é de aproxima<strong>da</strong>mente150 horas.Na figura 5.6 pode ser observado, e confirmado, que as contribuições predomi<strong>na</strong>ntespara os picos A e B estão <strong>na</strong>s simulações usando uma <strong>completa</strong> blin<strong>da</strong>g<strong>em</strong> do caroço(linhas pontilha<strong>da</strong>s) indicando assim que contribuições para esses picos v<strong>em</strong> <strong>da</strong> ban<strong>da</strong> decondução 3d do sist<strong>em</strong>a. O deslocamento <strong>em</strong> energia do máximo <strong>da</strong> bor<strong>da</strong> L 3 , observadoexperimentalmente [49], aparenta estar relacio<strong>na</strong>do ape<strong>na</strong>s com o estado inicial (2p 3/2 ) dosist<strong>em</strong>a, desde que este não é observado <strong>na</strong> contribuição exclusiva <strong>da</strong> ban<strong>da</strong> de condução.


5.3. Modificações eletrônicas e estruturais 57Figura 5.6: Comparação entre simulações de espectros de absorção <strong>na</strong>s bor<strong>da</strong>s L 2,3 doMn para diversas composições <strong>da</strong> manganita, usando uma estrutura tetrago<strong>na</strong>l (R¯3C) <strong>em</strong>todos os casos.


58 5. Medi<strong>da</strong>s de absorção <strong>em</strong> baixa energia (bor<strong>da</strong>s L 2,3 do Mn)


Conclusões 6Sobre este trabalho de mestrado pod<strong>em</strong>os dizer que o principal objetivo foi alcançado,desde que um satisfador grau de formação pessoal foi obtido. Para isso, diversas metodologiasforam estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s e melhor aplica<strong>da</strong>s; além de que um profundo conhecimento sobrea estrutura atômica e eletrônica de filmes tensio<strong>na</strong>dos de manganitas ter sido obti<strong>da</strong>.O uso <strong>da</strong> técnica de Espectroscopia de Absorção de Raios-X se mostrou bastante eficienteao estudo estrutural dos filmes finos <strong>em</strong> questão. Em particular, a criteriosa utilizaçãodo efeito de dicroísmo linear <strong>na</strong>tural para o estudo de materiais que possu<strong>em</strong> anisotropiaestrutural foi de grande importância para a obtenção dos resultados, e além disso, o graude conhecimento[53] obtido sobre esse método mostrou-se uma parte importante destetrabalho. Assim como a profun<strong>da</strong> utilização de cálculos ab initio <strong>na</strong> compreensão de efeitos<strong>na</strong> região de XANES também foi uma parte inovadora, <strong>em</strong> alguns aspectos, destetrabalho[54, 55].Foi determi<strong>na</strong>do que nenhuma modificação do ângulo Mn − O − Mn é induzi<strong>da</strong> pelatensão do substrato no filme[56]. E também que essa tensão é acomo<strong>da</strong><strong>da</strong> pela estruturado filme através de uma distorção tetrago<strong>na</strong>l do octahedro MnO 6 [54, 57]. Também foramencontrados vários artefatos que essa distorção é ain<strong>da</strong> mais <strong>completa</strong>, caracterizando umadistorção ortorrômbica do octahedro[54].A correlação entre essa distorção e os efeitos provocados por distorção Jahn-Teller <strong>em</strong>outros materiais s<strong>em</strong>elhantes levou a proposta[54] de uma explicação para diminuição deT C atribuí<strong>da</strong> a efeitos de tensão.59


60 6. ConclusõesForam observados efeitos de modificação <strong>da</strong> ban<strong>da</strong> 3d de condução do material, induzidospor tensão e por exposição a raios-x intensos, porém uma correlação entre estes efeitose a distorção <strong>da</strong> estrutura do filme ain<strong>da</strong> não está muito clara [55].Em conclusão, a parte mais importante deste trabalho foi o grau de conhecimentoobtido <strong>em</strong> diversos aspectos experimentais e teóricos no estudo de materiais, o que resultou<strong>na</strong> alcança<strong>da</strong> formação profissio<strong>na</strong>l.


Condições e parâmetros <strong>da</strong>ssimulações ab initioAComo um relato dos passos seguidos para a obtenção <strong>da</strong>s simulações ab initio (mostra<strong>da</strong>snos capítulos 4 e 5) apresentamos aqui algumas informações importantes neste contexto.O objetivo é que este apêndice possa ser usado como uma base inicial para a obtenção desimulações deste tipo para outros sist<strong>em</strong>as.Na seção 2.4 são apresentados conceitos teóricos gerais que possibilitam a obtençãodessas simulações de espectros de absorção. Dev<strong>em</strong>os l<strong>em</strong>brar que as vantagens principaisdesses cálculos (<strong>em</strong> comparação a versões anteriores do Feff) são:1. Uso do formalismo de espalhamento múltiplo total (FMS: do inglês Full MultipleScattering) para obter uma diago<strong>na</strong>lização exata do Hamiltoniano de interação, resultando<strong>em</strong> uma expansão infinita de espalhamentos múltiplos;2. Uso de um método auto-consistente (SCF: do inglês Self-Consistency Field) no cálculodos potenciais, resultando <strong>em</strong> uma precisa determi<strong>na</strong>ção destes e também donível de Fermi (E 0 );3. Possibili<strong>da</strong>de de obter densi<strong>da</strong>de de estados (LDOS: do inglês l-projected densityof states) dependente <strong>da</strong> energia para os orbitais s, p, d e f, através do uso doformalismo FMS e4. Inclusão mais precisa dos termos dependentes <strong>da</strong> polarização <strong>da</strong> radiação para aseção de choque de absorção.Na tabela A.1 são indicados alguns dos comandos do FEFF8.2, seguidos por as correspondentesdescrições resumi<strong>da</strong>s de ca<strong>da</strong> um deles.61


62 A. Condições e parâmetros <strong>da</strong>s simulações ab initioComandoNOHOLEEXCHANGETabela A.1: Comentários de alguns comandos do FEFF8.2.ComentáriosUsado para obter uma <strong>completa</strong> blin<strong>da</strong>g<strong>em</strong> dos estados ligadosdo átomo, obtendo a contribuição ape<strong>na</strong>s de níveis de valência.Usado para escolher o modelo para o potencial de correlação detroca a ser usado, o qual indica a forma como são incluídos ostermos dependentes <strong>da</strong> energia no cálculo.POLARIZATIONIONUsado para determi<strong>na</strong>r qual a orientação <strong>da</strong> polarização <strong>da</strong> radiação<strong>em</strong> relação a estrutura do cluster. É informado um vetorque dá a direção <strong>da</strong> polarização <strong>da</strong> radiação.Usado para incluir <strong>na</strong> simulação termos que depend<strong>em</strong> carga(Mn 3+ por ex<strong>em</strong>plo). Para sist<strong>em</strong>as com composições de carga(Mn 3+ /Mn 4+ por ex<strong>em</strong>plo) é necessário realizar uma simulaçãoisola<strong>da</strong> para ca<strong>da</strong> carga e fazer uma composição dos resultadosa posteriori.A.1 Convergência do cálculoUm ponto muito importante que deve ser observado é a convergência do cálculo. A convergênciatotal depende dos raios que limitam o tamanho dos clusters para o cálculoauto-consistente (SCF) e para a diago<strong>na</strong>lização usando o FMS. Assim, para obter umresultado fi<strong>na</strong>l confiável é necessário ter certeza que essas duas etapas converg<strong>em</strong>.Tipicamente, o uso de um cluster incluindo a segun<strong>da</strong> esfera de coorde<strong>na</strong>ção é suficientepara obter convergência do SCF (percebi<strong>da</strong> por um número de iterações menor que onúmero máximo permitido). Porém, isto deve ser s<strong>em</strong>pre conferido.Para sist<strong>em</strong>as que não é possível obter convergência desse cálculo (mesmo diminuindoo fator de convergência ca), uma solução parcial é utilizar esse cálculo com ape<strong>na</strong>s umaiteração. Assim, é obti<strong>da</strong> a determi<strong>na</strong>ção mais precisa do nível de Fermi, s<strong>em</strong> que adetermi<strong>na</strong>ção auto-consistente dos potenciais seja feita. Nesta solução parcial, a<strong>na</strong>lisesqualitativas dos resultados fi<strong>na</strong>is são váli<strong>da</strong>s.A convergência do resultado fi<strong>na</strong>l também depende <strong>da</strong> diago<strong>na</strong>lização usando FMS, quedepende do tamanho do cluster usado. Tipicamente, esta convergência é obti<strong>da</strong> com clusterentre 50 e 200 átomos. Para certificar esse resultado é possível realizar simulações paraclusters de vários tamanhos e observar a partir de quantos átomos o resultado permaneceestável. Esta verificação para nossas simulações (<strong>na</strong>s bor<strong>da</strong>s K e L 2,3 do Mn) é apresenta<strong>da</strong>


A.2. Comparação de intensi<strong>da</strong>de e posição <strong>em</strong> energia 63<strong>na</strong> figura A.1.Por padrão, o código FEFF8.2 usa um limite de 87 átomos para o tamanho de clustersindicado pelo raio do FMS. Para contor<strong>na</strong>r isso basta modificar a variável nclusx <strong>em</strong> todoo código do Feff para um valor maior. Porém, a quanti<strong>da</strong>de de m<strong>em</strong>ória computacio<strong>na</strong>lnecessária depende de nclusx 2 , assim, para um grande número de átomos é necessárioreduzir o momento angular máximo lx no código do Feff. Após isso, basta recompilar ocódigo.A.2 Comparação de intensi<strong>da</strong>de e posição <strong>em</strong> energiaPara permitir comparações entre os espectros obtidos, <strong>em</strong> termos de intensi<strong>da</strong>de, sãoutilizados os <strong>da</strong>dos absolutos para a seção de choque de absorção. Desde que o resultadogravado no arquivo de saí<strong>da</strong> “xmu.<strong>da</strong>t” representa a absorção normaliza<strong>da</strong> por um ponto(tipicamente 50eV após a bor<strong>da</strong> de absorção), para obtermos os valores absolutos bastamultiplicarmos o espectro normalizado pelo valor usado <strong>na</strong> normalização que também éindicado no arquivo “xmu.<strong>da</strong>t”. Isto é importante principalmente <strong>na</strong> comparação entrevárias bor<strong>da</strong>s de absorção, como as bor<strong>da</strong>s L 2,3 do Mn apresenta<strong>da</strong>s <strong>na</strong> figura A.1.(b).Apesar de ser obti<strong>da</strong> uma precisa determi<strong>na</strong>ção do nível de Fermi (usualmente definidocomo E 0 ), valores absolutos <strong>em</strong> energia <strong>da</strong>s simulações não são b<strong>em</strong> determi<strong>na</strong>dos. Assim,para comparar estas simulações teóricas com resultados experimentais é necessário fazerum deslocamento <strong>em</strong> energia <strong>na</strong>s simulações. Deve-se notar que isto é feito <strong>em</strong> termosabsolutos para to<strong>da</strong>s as simulações de uma mesma bor<strong>da</strong> de absorção sob as mesmascondições, já que as simulações de sist<strong>em</strong>as s<strong>em</strong>elhantes são perfeitamente comparáveisentre si. O mais importante desses resultados é o valor de E 0 , o qual é precisamentedetermi<strong>na</strong>do.A.3 Nossa abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong> para as bor<strong>da</strong>s K e L 2,3 do MnNeste ponto determi<strong>na</strong>mos as condições básicas que produz<strong>em</strong> resultados fi<strong>na</strong>is confiáveis.Os pontos importantes que difer<strong>em</strong> do padrão são mencio<strong>na</strong>dos a seguir.Para a bor<strong>da</strong> K do Mn:• A convergência é obti<strong>da</strong> com um número mínimo de átomos, onde é possível usarum cluster que todos os átomos de oxigênio estão <strong>na</strong> primeira esfera de vizinhos;• Nestas condições é possível obter um cluster com distorção no octahedro MnO 6modificando ape<strong>na</strong>s a primeira esfera de vizinhos. Isso é feito modificando as coor-


64 A. Condições e parâmetros <strong>da</strong>s simulações ab initio(a)(b)Figura A.1: Verificação do número de átomos dentro do cluster do FMS necessário paraconvergência do resultado fi<strong>na</strong>l. (a) <strong>na</strong> bor<strong>da</strong> K do Mn esta convergência é obti<strong>da</strong> comaproxima<strong>da</strong>mente 15 átomos. (b) para as bor<strong>da</strong>s L 2,3 do Mn esta convergência é obti<strong>da</strong>com aproxima<strong>da</strong>mente 150 átomos.


A.3. Nossa abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong> para as bor<strong>da</strong>s K e L 2,3 do Mn 65Arquivo A.1: Comandos de input para o Feff realizar a simulação <strong>da</strong> região de XANES<strong>da</strong> bor<strong>da</strong> K do Mn de uma estrutura correspondente ao sist<strong>em</strong>a LSMO bulk, usando oformalismo FMS.TITLE La0.7Sr0.3MnO3 BulkHOLE 1S02 0.0CONTROL 1 1 1 1 1 1PRINT 1 0 0 0 0 0AFOLPEXCHANGE 0SCF 4.3 0 30 0.05XANES 5.0FMS 5.5 0LDOS -20 20 0.2RPATH 0.1POTENTIALS0 25 Mn -1 -1 0.0011 57 La -1 -1 62 25 Mn -1 -1 63 8 O -1 -1 18* x y z ipot tag distance0.00000 0.00000 0.00000 0 Mn 0.00000 0-1.57951 0.23145 1.11688 3 O 1.94830 10.99020 1.25218 1.11688 3 O 1.94830 20.58932 -1.48362 1.11688 3 O 1.94830 3-0.58932 1.48362 -1.11688 3 O 1.94830 41.57951 -0.23145 -1.11688 3 O 1.94830 5-0.99020 -1.25218 -1.11688 3 O 1.94830 60.00000 0.00000 3.35065 1 La 3.35065 70.00000 0.00000 -3.35065 1 La 3.35065 83.15903 0.00000 1.11688 1 La 3.35066 9-1.57951 2.73580 1.11688 1 La 3.35066 10-1.57951 -2.73580 1.11688 1 La 3.35066 11-3.15903 0.00000 -1.11688 1 La 3.35066 121.57951 2.73580 -1.11688 1 La 3.35066 131.57951 -2.73580 -1.11688 1 La 3.35066 14-3.15903 0.00000 2.23377 2 Mn 3.86900 151.57951 2.73580 2.23377 2 Mn 3.86900 161.57951 -2.73580 2.23377 2 Mn 3.86900 173.15903 0.00000 -2.23377 2 Mn 3.86900 18-1.57951 2.73580 -2.23377 2 Mn 3.86900 19-1.57951 -2.73580 -2.23377 2 Mn 3.86900 200.00000 2.50435 3.35065 3 O 4.18314 212.16883 -1.25218 3.35065 3 O 4.18314 22-2.16883 -1.25218 3.35065 3 O 4.18314 232.16883 1.25218 -3.35065 3 O 4.18314 24-2.16883 1.25218 -3.35065 3 O 4.18314 250.00000 -2.50435 -3.35065 3 O 4.18314 260.58932 3.98798 1.11688 3 O 4.18314 27-3.74835 -1.48362 1.11688 3 O 4.18314 283.15903 -2.50435 1.11688 3 O 4.18314 293.74835 1.48362 -1.11688 3 O 4.18314 30-3.15903 2.50435 -1.11688 3 O 4.18314 31-0.58932 -3.98798 -1.11688 3 O 4.18314 32END


66 A. Condições e parâmetros <strong>da</strong>s simulações ab initioArquivo A.2: Resultado fi<strong>na</strong>l gravado no arquivo xmu.<strong>da</strong>t correspondendo aos parâmetrosiniciais indicados no arquivo de input A.1:. Dados intermediários foram ocultadospara limitar o tamanho <strong>da</strong> visualização.# La0.7Sr0.3MnO3 Bulk Feff 8.20# POT SCF 30 4.3000 0, core-hole, AFOLP (folp(0)= 1.150)# Abs Z=25 Rmt= 1.233 Rnm= 1.322 K shell# Pot 1 Z=57 Rmt= 1.764 Rnm= 1.829# Pot 2 Z=25 Rmt= 1.237 Rnm= 1.329# Pot 3 Z= 8 Rmt= 1.026 Rnm= 1.079# Gam_ch=1.193E+00 H-L exch# Mu=-8.792E+00 kf=2.120E+00 Vint=-1.965E+01 Rs_int= 1.711# FMS rfms= 5.5000# PATH Rmax= 0.100, Keep_limit= 0.00, Heap_limit 0.00 Pwcrit= 2.50%# S02=0.937 Global_sig2= 0.00000# Curved wave amplitude ratio filter 4.000%# file sig2 tot cw amp ratio deg nlegs reff inp sig2# 0/ 0 paths used# xsedge+ 50, used to normalize mu 3.4800E-04# -----------------------------------------------------------------------# omega e k mu mu0 chi @#6536.057 -16.260 -1.400 1.44258E-02 2.10199E-02 -6.59416E-036537.476 -14.841 -1.260 1.64864E-02 2.56294E-02 -9.14303E-036538.745 -13.572 -1.120 1.90012E-02 3.18894E-02 -1.28882E-026539.865 -12.452 -0.980 2.21867E-02 4.07156E-02 -1.85289E-026540.836 -11.481 -0.840 2.64511E-02 5.37470E-02 -2.72959E-026541.658 -10.659 -0.700 3.26050E-02 7.40732E-02 -4.14683E-026542.330 -9.987 -0.560 4.22619E-02 1.07599E-01 -6.53367E-026542.852 -9.465 -0.420 5.80601E-02 1.63722E-01 -1.05662E-016543.226 -9.091 -0.280 8.05690E-02 2.44026E-01 -1.63457E-016543.450 -8.867 -0.140 1.00803E-01 3.15632E-01 -2.14829E-016543.524 -8.792 0.000 1.08288E-01 3.41990E-01 -2.33703E-016543.823 -8.494 0.280 1.36867E-01 4.41800E-01 -3.04933E-016544.121 -8.196 0.396 1.56349E-01 5.14774E-01 -3.58424E-016544.419 -7.898 0.485 1.66210E-01 5.63790E-01 -3.97581E-016544.439 -7.878 0.490 1.66643E-01 5.66506E-01 -3.99864E-016544.719 -7.598 0.560 1.70431E-01 5.98850E-01 -4.28419E-016545.037 -7.280 0.630 1.71776E-01 6.27126E-01 -4.55350E-016545.391 -6.926 0.700 1.71029E-01 6.52532E-01 -4.81503E-016545.783 -6.534 0.770 1.68125E-01 6.76008E-01 -5.07882E-016546.213 -6.104 0.840 1.62897E-01 6.98205E-01 -5.35308E-016546.679 -5.637 0.910 1.56200E-01 7.19568E-01 -5.63368E-01....6615.288 62.971 4.340 9.93299E-01 9.91209E-01 2.09007E-036617.621 65.304 4.410 1.01639E+00 9.91582E-01 2.48112E-026619.992 67.675 4.480 1.04170E+00 9.92063E-01 4.96372E-026622.401 70.084 4.550 1.06856E+00 9.92624E-01 7.59385E-026624.846 72.529 4.620 1.09034E+00 9.93265E-01 9.70723E-026627.329 75.012 4.690 1.09995E+00 9.93958E-01 1.05992E-016629.849 77.533 4.760 1.09835E+00 9.94675E-01 1.03677E-016632.407 80.090 4.830 1.09360E+00 9.95415E-01 9.81821E-026635.002 82.685 4.900 1.09175E+00 9.96123E-01 9.56318E-026637.634 85.318 4.970 1.09115E+00 9.96768E-01 9.43807E-02


A.3. Nossa abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong> para as bor<strong>da</strong>s K e L 2,3 do Mn 67de<strong>na</strong><strong>da</strong>s dos átomos de oxigênio, de modo a deixar o sist<strong>em</strong>a menos centro-simétricode acordo com as informações obti<strong>da</strong>s por EXAFS e XANES;• A simulação de um sist<strong>em</strong>a com a exata composição La 0.7 Sr 0.3 MnO 3 pode ser feita(<strong>em</strong> uma aproximação muito boa) através de um cluster de LaMnO 3 com simetriaespacial de R¯3C (equivalente a do sist<strong>em</strong>a LSMO);• Uma simulação dependente <strong>da</strong> polarização é obti<strong>da</strong> usando um vetor de polarização<strong>na</strong> direção de um vetor que liga os oxigênios num plano do octahedro (equivalente afigura 4.3.(b)), calculado a partir <strong>da</strong>s coorde<strong>na</strong><strong>da</strong>s do arquivo de entra<strong>da</strong>.Um ex<strong>em</strong>plo de arquivo de entra<strong>da</strong> para uma simulação do material LSMO bulk <strong>na</strong> bor<strong>da</strong>K do Mn é apresentado no arquivo A.1:. O arquivo de saí<strong>da</strong> para esta simulação éapresentado no arquivo A.2:.Para as bor<strong>da</strong>s L 2,3 do Mn:• O comentário acima para a bor<strong>da</strong> K do Mn <strong>em</strong> relação a obter uma simulaçãodependente <strong>da</strong> polarização também é válido para as simulações nesta bor<strong>da</strong>, bastandomodificar o comando HOLE indicando que a simulação será feita <strong>na</strong> bor<strong>da</strong> L 2 ou L 3 .Mas há outros requisitos específicos dessas simulações que são mencio<strong>na</strong>dos abaixo;• Devido a maior correlação entre os estados eletrônicos neste caso, a convergênciatotal para obtenção dos auto-estados de energia através do FMS é obti<strong>da</strong> usandoclusters contendo cerca de 150 átomos. A convergência do cálculo auto-consistenteé obti<strong>da</strong> com pelo menos 32 átomos usando um menor valor do parâmetro ca. Destaforma, a inclusão de uma distorção do octahedro MnO 6 não é trivial;• É necessário usar a composição correta dos dopantes La e Sr para obter o perfilcorrespondente nessas bor<strong>da</strong>s de absorção, devido a forte dependência <strong>da</strong> composiçãocom a estrutura eletrônica tal como mencio<strong>na</strong>do no capítulo 5 e <strong>na</strong> referência [49].A obtenção de clusters com essas dopagens foi possível ao fazer uma substituição“aleatória”dos átomos de La por átomos de Sr de acordo com a composição deseja<strong>da</strong>;• O uso de um potencial do tipo Dirac-Fock para os estados ligados do átomo (corehole)e do tipo Hedin-Lundqvist (HL) para os estados de valência parece ser umamelhor opção para nossos sist<strong>em</strong>as. Mas usar o potencial HL também produz resultadosrazoavelmente satisfatórios. Isso é feito com os parâmetros 5 e 0 para comandoEXCHANGE respectivamente.


68 A. Condições e parâmetros <strong>da</strong>s simulações ab initioNestas condições, obt<strong>em</strong>os simulações que auxiliaram a análise e compreensão de nossosresultados experimentais de XANES de forma bastante eficiente. Para maiores detalhessobre essas condições e parâmetros usados recomen<strong>da</strong>mos a leitura do manual do Feff8.2disponível <strong>na</strong> internet (http://leo<strong>na</strong>rdo.phys.washington.edu/feff/), principalmente a seção4.3 deste.


Comentários de publicaçõesBNeste apêndice, apresentamos uma descrição comenta<strong>da</strong> <strong>da</strong>s publicações origi<strong>na</strong><strong>da</strong>s destetrabalho. São incluí<strong>da</strong>s as que foram publica<strong>da</strong>s, aceitas, submeti<strong>da</strong>s e que estão <strong>em</strong> fasede preparação.• [56]: “Strain Effects in La 0.7 Sr 0.3 MnO 3 Films by X-ray Absorption Spectroscopy”Proceedings <strong>da</strong>: 19th Inter<strong>na</strong>tio<strong>na</strong>l Conference on X-ray and Inner-Shell Processes, Rome-Italy, 24-28 June 2002, publicado no AIP Conference Proceedings vol 652. Onde a maioriados resultados de EXAFS obtidos até o momento foram apresentados. A principal conclusãodesse trabalho é que há indícios que o ângulo Mn − O − Mn permanece invariávelquando o filme é sujeito a efeitos de tensão.• [57]: “Local Effects in Strained Manganite Thin Films”Proceedings do: VI Latin American Workshop on Magnetism, Magnetic Materials andtheir applications, Chihuahua-Mexico-2003, aceito para publicação no Jour<strong>na</strong>l of Alloyand Compounds. Onde alguns dos possíveis caminhos e conclusões <strong>da</strong> região de XANES<strong>na</strong> bor<strong>da</strong> K do Mn são identificados, e também aponta para um melhor entendimentosobre o assunto. Também, é apresenta<strong>da</strong> uma possível perspectiva no estudo <strong>da</strong>s bor<strong>da</strong>sMn-L 2,3 , porém, depois descobrimos que o efeito que tínhamos observado era muito menordo que os apresentados no capítulo 5.• [54]: “Local anisotropy in strained manganite thin films”Artigo submetido ao periódico Applied Physics Letters, o qual é apresentado no apêndiceC. Nesta publicação, um modelo de acomo<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> distorção induzi<strong>da</strong> pelo substrato69


70 B. Comentários de publicaçõesatravés de uma anisotropia no octahedro MnO 6 é proposto através de análises <strong>da</strong> regiãode XANES através de cálculos ab initio usando o formalismo de espalhamento múltiplototal. Também é <strong>da</strong><strong>da</strong> uma explicação para o efeito de diminuição de T c como uma função<strong>da</strong> tensão[8], a qual não era compreendi<strong>da</strong> até então.• [58]: “Local structure in strained manganite thin films”Proceedings <strong>da</strong>: 12th Inter<strong>na</strong>tio<strong>na</strong>l Conference on X-ray Absorption Fine Structure, Malmö,Sweden, June 22-27 2003, submetido ao periódico Physica Scripta. Neste, são apresentadosalguns resultados de XANES, e também é mostrado como foi possível obter essasinformações utilizando a regra de Natoli.• [53]: “Linearly polarized light and x-ray absorption spectroscopy principlesapplied to anisotropic structure studies”Artigo <strong>em</strong> fase avança<strong>da</strong> de preparação para submissão ao periódico Brazilian Jour<strong>na</strong>l ofPhysics. Tal publicação apresenta a metodologia exposta no capítulo 2, com ênfase <strong>na</strong>aplicação do efeito de dicroísmo linear <strong>na</strong>tural para o estudo de sist<strong>em</strong>as estruturalmenteanisotrópicos.• [55]: “Electronic structure and x-ray-induced effects in strained manganitethin films”Artigo <strong>em</strong> fase de preparação para submissão, possivelmente para o Applied Physics Letters.Aqui são apresentados os resultados obtidos <strong>na</strong>s bor<strong>da</strong>s L 2,3 do Mn, apresentados nocapítulo 5, incluindo distorção tetrago<strong>na</strong>l do octahedro MnO 6 relacio<strong>na</strong><strong>da</strong> com a modificaçãode caracteres origi<strong>na</strong>dos pela hibridização entre Mn e O 2− , além do efeito observadode modificação estrutural induzi<strong>da</strong> pela exposição a raios-x. É apresentado então, ummodelo de correlação entre efeitos <strong>na</strong> ban<strong>da</strong> 3d de condução e distorção estrutural.• [59]: “X-ray absorption study of local lattice distortion in La 0.7 Sr 0.3 MnO 3strained thin films”Artigo <strong>em</strong> fase inicial de preparação para submissão ao periódico Physical Review B. Aquisão apresentados detalhes <strong>da</strong> obtenção dos resultados de EXAFS e XANES sobre os efeitosde distorção octahédrica induzidos por tensão do substrato.


“Local anisotropy in strainedmanganite thin films”CLocal anisotropy in strained manganite thin films 1N. M. Souza-Neto a,b , A. Y. Ramos a,c , H. C. N. Tolentino a ,E. Favre-Nicolin and L. Ranno <strong>da</strong> Laboratório Nacio<strong>na</strong>l de Luz Síncrotron - LNLS, P.O. Box 6192, 13084-971, Campi<strong>na</strong>s, São Paulo,Brazilb Instituto de Física “Gleb Wataghin”, IFGW - UNICAMP, Campi<strong>na</strong>s, São Paulo, Brazilc Laboratoire de Minéralogie-Cristallographie de Paris, LMCP -UMR 7590 -CNRS, Paris, Franced Laboratoire Louis Néel, UPR 5051 CNRS-UJF, Grenoble, FranceAbstractWe report on an angular resolved X-ray Absorption Spectroscopy study of the localatomic structure around the manganese ions in La 0.7 Sr 0.3 MnO 3 thin films epitaxiallygrown on tensile and compressive substrates. Ab initio calculations provide strong supportto the a<strong>na</strong>lysis of the experimental <strong>da</strong>ta and make possible the u<strong>na</strong>mbiguous derivationof a model of local distortion around the manganese atoms, without modification of thetilt angle Mn − O − Mn, among the octahedra. This distortion, tending to localize thecharge carriers, is the driving parameter in the modifications of the magnetic and transportproperties observed in thin films with respect to bulk syst<strong>em</strong>s.1Artigo submetido para publicação no periódico Applied Physics Letters. Ref. [54].71


72 C. “Local anisotropy in strained manganite thin films”The spectacular versatility of magnetic and transport properties observed in mixedmanganites, and the dependence of these properties on structural parameters have openup many expectations for the design of tu<strong>na</strong>ble magnetic devices [4, 3]. This versatilityturns also the manganite alloys very rich model syst<strong>em</strong> for fun<strong>da</strong>mental studies, likespin-transport in half metallic ferromagnets, i.e. ferromagnetic metals with 100% spinpolarisedconduction band. For bulk rare-earth manganese oxides, the local structuresuch as Mn − O − Mn angle and Mn − O bond length can be varied by changing the dopingconcentration or by applying hydrostatic pressure. In thin films, the substrate-inducedcrystallographic distortions are anisotropic, unlike the distortions obtained by hydrostaticpressure or cation substitution. Structural and magnetic studies of thin films on slightlymismatched substrates have shown the significant sensitivity of manganite properties tothe substrate induced strutural modifications, as the decrease of the Curie t<strong>em</strong>peraturewith the increase of the exter<strong>na</strong>l strains [60, 41, 61]. Due to the double exchange mechanism,which induces ferromagnetism and metallicity, the Mn − O distances (coordi<strong>na</strong>tionlength) and the Mn − O − Mn angle (octahedral tilt) are the relevant local scale parametersdetermining the magnetism and transport properties in manganites films. It is thenspecially important to explicit the connection between the crystallographic cell strainsand the modifications that they induced in these parameters [9, 3, 4]. Some experimentalstudies using X-ray Absorption spectroscopy have already been performed to address thelocal order in manganites films[62, 60]. However, at the present <strong>da</strong>y, no consensus has beenreached about the origin of the main effect - alteration of the coordi<strong>na</strong>tion length[60, 56]or of the octahedral tilt[62].In this letter, we report on an angle resolved X-ray Absorption Spectroscopy study,combining experimental measur<strong>em</strong>ents and ab-initio calculations, in La 0.7 Sr 0.3 MnO 3 thinfilms epitaxially grown on tensile and compressive substrates. The modifications in thenear edge spectra are correlated to modification in the average Mn − O bond distance anddistortion of the MnO 6 octahedra and we show that the strain-induced local modificationsaround the manganese atoms are fully accomo<strong>da</strong>ted in the coordi<strong>na</strong>tion shell, withoutchange in the tilt angle Mn − O − Mn, among the octahedra.LSMO manganites crystallize in a pseudocubic perovskite structure (a=3.87Å). Theyhave a fully spin-polarized conduction band and exhibit ferromagnetic transition aroundroom t<strong>em</strong>perature. The LSMO thin films have been epitaxially grown by pulsed laserdeposition under tensile (SrTiO 3 (STO) [001]) and compressive (LaAlO 3 (LAO) [001])substrates with cubic structures (a=3.905Å and a=3.793Å respectively). The small lattic<strong>em</strong>ismatch between LSMO, STO and LAO allows a pseudomorphic growth for film thicknessbelow 100nm and 50nm respectively[8]. MgO substrate (cubic, with a=4.21Å ) with large


73Table C.1: Films strain components ε xx and ε zz defined as ɛ xx = ɛ yy = a film−a refa refɛ zz = c film−c refc ref.[9, 8]andSubstratefilmthicknessɛ xx = ɛ yyɛ zzSrT iO 3(tensile)60nm 0.9% −0.8%MgO 60nm 0% 0%LaAlO 3(compressive)45nm −2.0% 2.3%lattice mismatch (9%) was used to obtain an unstrained, fully textured films. For similarthickness the strain factor (ɛ zz − ɛ xx , see table C.1) is about twice for the film grown onLAO than for the film grown on the STO substrate. Further description of the growthconditions and structural characterization by the X-ray diffraction can be found elsewhere,together with a characterization of their transport and magnetization properties[8].The X-ray absorption experiments at the Mn K-edge (6539eV) were performed at theD04B-XAS beamline of the Brazilian synchrotron light laboratory (Laboratório Nacio<strong>na</strong>lde Luz Síncrotron, LNLS) in Campi<strong>na</strong>s, Brazil[32]. The monochromator was a Si (111)channel-cut crystal, an ion chamber monitored the incident beam and the <strong>da</strong>ta were collectedin the fluorescence mode using a Ge 15-el<strong>em</strong>ents solid state detector. Selectiveinformation in the plane and out of the plane of the same film are obtained by settingthe angle between electric field vector of the incident photon beam and the film surfaceto values close to 0 and 90 degrees (10 and 75 degrees, respectively). XANES spectrawere collected in the range 6440 to 6700eV with energy steps of 0.3eV. The energy calibrationof the edge was carefully checked by monitoring the slow energy shift of a Mnmetal foil reference and the XANES were normalized at about 150eV above the edge. Theedge structure in all experimental spectra can be compared in position and intensity andenergy shifts as small as 0.1eV are certified.Figure C.1 shows the XANES spectra of the tensile (STO substrate) and compressive(LAO subtrate) strained films. The energy shift at the edge between the spectra collectedin the plane and out of the film plane can be associated to local changes on the averageMn − O bond distance. Taking the out-of-plane spectra as reference, the negative energy


74 C. “Local anisotropy in strained manganite thin films”Figure C.1: Near Edge X-ray Absorption Spectra at the Mn K edge for the tensile (SrTiO 3 )and compressive (LaAlO 3 ) LSMO film in plane (solid line) and out of plane (points line)measur<strong>em</strong>ents. The energy shifts are in opposite directions and scaled in amplitude by afactor 2. Inset compares the in plane measur<strong>em</strong>ents for both films.shift (-0.4eV) in the in-plane spectrum for LSMO/STO is correlated to a larger averageMn − O bond length compared to the average out-of-plane bond length. In the film undercompressive strain, the positive energy shift (+0.8eV) indicates a smaller in-plane averageMn−O bond length as compared to the out-of-plane one. Comparison between both filmsfor the in-plane situation reveals a shift of 1eV, attesting for an larger average Mn − Obond length for the film grown on the tensile substrate than for the film grown on thecompressive one.As expected, the shifts for the tensile and compressive films are in opposite directions.Moreover the amplitude of the shift for the LSMO/LAO film is about twice that for theLSMO/STO one, and of the same order as the ratio of the long range strain factor amongthese films (ɛ zz − ɛ xx , on table C.1). The strain on the cell parameters is then directlyrelated to average octahedral modifications. This indicates that the strain should be fullyaccommo<strong>da</strong>ted by changes in the coordi<strong>na</strong>tion shell (Mn − O), without any modificationof the Mn − O − Mn angle. This agrees with our previously reported EXAFS results [56]Slight modifications of the line shape and intensity are also observed in the XANESspectra. Such modifications have already been reported by some authors[60, 63], and havebeen associated to distortions of the local structure. We performed ab initio simulation toaddress more precisely the actual consequence of the distortion of the octahedron on theXANES spectra and specially to investigate how far local distortion may account for thedifference observed in the XANES spectraSelf-consistent calculations were performed in the full multiple scattering approach us-


75Figure C.2: XANES ab initio calculations of the LSMO structure in the compressive andtensile films, considering orthorhombic distortion of the MnO 6 octahedron. The main plotshows comparison between the in-plane and out-of-plane orientations for each film. Inset:in plane calculations for both films.ing the Feff82 code[28] that provides an accurate calculation of the Fermi energy. The realpart of potential is modeled by an exchange-correlation Hedin-Lundqvist potential. Allcalculated absorption spectra were normalized by the value at 50eV above the absorptionedge allowing the ab initio calculations to be compared in position and intensity. Simulationswere performed in a LSMO cluster considering isotropic MnO 6 and anisotropicoctahedral distortions. As expected for the isotropic case, the spectra do not show anymodification in position and shape of the edge main line among in-plane and out-of-planesituations. The calculations shown in figure C.2 were performed for clusters with tetrago<strong>na</strong>ldistortion using local order parameters scaling with the crystallographic cell parametersof the films. We should point out that the calculations do not take into account structuraldisorder or dispersion of the Mn − O length, so that in the calculated XANES spectra thedifference in amplitude are higher and the rising slope steeper than for the experimental<strong>da</strong>ta. With this restriction, the calculated structures reproduce well the main features ofthe experimental results. They account as well for the the energy shift, in amplitude anddirection, as for the relative reduction of the amplitude of the main feature close to theedge, among the two orientations for each film (figure C.1 and figure C.2). The differencesfor the in-plane case, among the two films are also nicely reproduced (figure C.1 and figureC.2, insets). Based on these calculations we can then certify a model of anisotropicdistortion of the MnO 6 octahedron that accounts for the experimental XANES spectra.In the LSMO syst<strong>em</strong>, the contribution of the spontaneous energy-lowering Jahn-Teller


76 C. “Local anisotropy in strained manganite thin films”Figure C.3: Comparison between the relaxed and compressive film in the plane of the film.The decrease in the edge slope for the compressive film indicates an increase of the averagedistortion of the octahedra.distortion of the Mn 3+ O 6 [41, 40] is too small to be associated to a measurable averageoctahedral distortion. On the other hand, the substrate strain induces a larger and measurablestatic anisotropic distortion of the MnO 6 octahedron, with splitting of the in-planeand out-of-plane Mn − O bond lengths. This distortion leads to an increase of the splittingof the e g levels tending to localize the charge carriers and explains the decrease ofthe t<strong>em</strong>perature of ferromagnetic transition observed in thin films with respect to bulksyst<strong>em</strong>s[8, 64].We must <strong>em</strong>phasize that the XANES modifications are due to changes on the localdensity of unoccupied states and are mainly correlated with modifications on the anglesbetween the oxygens of the coordi<strong>na</strong>tion shell, due to the splitting of the Mn − O bondlength. This splitting may results from diverse kind of distortions of the MnO 6 octahedron.In a tetrago<strong>na</strong>l local distortion of the MnO 6 octahedron, different Mn−O distancesare found in-plane and out-of-plane, but only one distance exists in the plane. In an orthorhombicdistortion, the in-plane and out-of-plane Mn − O distances are different, butwith also different Mn − O distances for bonds in the plane. This later non-isotropicdistortion in the plane may take place due to the <strong>na</strong>ture of the Mn 3+ and Mn 4+ ions.Unfortu<strong>na</strong>tely, the change in the density of unoccupied states between these two situationsis small and ab initio calculations yield almost the same results for tetrago<strong>na</strong>l andorthorhombic distortions.We performed careful measur<strong>em</strong>ents for the in-plane case by rotating the sample perpendicularto the beam propagation axis. For each individual sample all spectra wereidentical. We observed that the slope of absorption edge for strained and relaxed films


are significantly different (figure C.3). The absorption edge is broader in the case of theconstrained films as compared to the relaxed one. This feature points to an increase ofthe disorder in the Mn − O bond lengths in the plane. In view of our previous EXAFSresults[56], this corroborate the hypothesis of an additio<strong>na</strong>l splitting for in-plane Mn − Obond lengths of strained films with respect to the relaxed case. A model of orthorhombicdistortion should then better account for all experimental results than a model assumingonly tetrago<strong>na</strong>l distortion.In summary, we presented here a combi<strong>na</strong>tion of experimental measur<strong>em</strong>ents and abinitiocalculations of polarized X-ray absorption to investigate the local scale structural distortioninduced by substrate epitaxial strain around manganese atoms in La 0.7 Sr 0.3 MnO 3films. We show that biaxial strain is locally accommo<strong>da</strong>ted in the coordi<strong>na</strong>tion shell, bydistortion of the MnO 6 octahedron, without change in the tilt angle. This distortion leadsto an increase of the splitting of the e g levels accounting for the decrease of the Curiet<strong>em</strong>perature by increasing the exter<strong>na</strong>l biaxial strain. Our results are compatible withan additio<strong>na</strong>l distortion in the plane of strained films, leading to an orthorhombic localsymmetry.Acknowledg<strong>em</strong>ents: This work is partially supported by LNLS/ABTLuS/MCT andFAPESP (1999/12330-6). NMSN acknowledges the grant from Capes/<strong>Unicamp</strong>. AYRacknowledges the grant from CNPq.77


78 C. “Local anisotropy in strained manganite thin films”


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86 Referências Bibliográficas


Índice R<strong>em</strong>issivoátomo espalhador, 16ângulo, 13, 27ângulo Mn-O-Mn, 39ab initio, 7, 19, 21, 44abor<strong>da</strong>gens teóricas, 22absorção do átomo, 12Abstract, xiiiAgradecimentos, ixajuste de XANES, 21ajuste não-linear, 19amplitude de espalhamento, 23a<strong>na</strong>lisar <strong>da</strong>dos, 7banca exami<strong>na</strong>dora, ibor<strong>da</strong> K, 37bor<strong>da</strong>s L, 49bulk, 52cálculos teóricos, 21câmaras de ionização, 28calibração do monocromador, 28capa de aprovação, iiiCMR, 1co-orientador, icomandos do Feff, 61constante de estrutura fi<strong>na</strong>, 12contribuições angulares, 23Convergência, 6287core-hole, 23cumulantes, 23Dedicatória, vdensi<strong>da</strong>de de estados desocupados, 19dependência angular, 13descrição simplifica<strong>da</strong>, 19desord<strong>em</strong>, 23dicroísmo, 13Dicroísmo linear, 10dicroísmo linear, 4difração de raios-x, 26dispositivos magnéticos, 3distorção ortorrômbica, 45distorção tetrago<strong>na</strong>l, 43distribuição radial, 17efeito fotoelétrico, 9efeitos de saturação, 49Equação de EXAFS, 17esfera coorde<strong>na</strong>ção, 19esfera de coorde<strong>na</strong>ção, 39espalhamento múltiplo, 39espalhamento múltiplo total, 23espalhamento simples, 39Espectroscopia de Absorção, 9espectroscopia Raman, 35espessuras, 25


88 ÍNDICE REMISSIVOestrutura <strong>da</strong> <strong>dissertação</strong>, 4Estrutura eletrônica, 53EXAFS, 10, 12, 14, 37Experimental, 25fatores de fase, 22feixe branco, 52fenômenos <strong>da</strong> <strong>na</strong>tureza, 35ficha catalográfica, iiFilmes finos, 1fluorescência, 27FMS, 23fonons, 35frases, viigrade de difração esférica, 30Hall experimental, 27Hedin-Lundqvist, 22hibridização, 55Intensi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> simulação, 63interferência, 14Introdução, 1irradiação por raios-x, 52isotrópica, 23isotrópico, 13Jahn-Teller, 3, 45, 55janela <strong>em</strong> energia, 27KKR, 23LAO, 26Linha SGM, 28Linha XAS, 27LNLS, 25LSMO, 3luz síncrotron, 25método auto-consistente, 22magneto resistência colossal, 1manganita, 1Metodologia, 5metodologia, 70MgO, 26minerais, 1modelo de Debye, 23modelo de Einstein, 23muffin-tin, 22MXAN, 21nível de Fermi, 63objetivo, 4on<strong>da</strong> esférica, 16orientação, 12Orientadora, ioscilações de EXAFS, 11parâmetros, 61parâmetros estruturais, 17, 19perovskita, 1plano <strong>da</strong> órbita, 25PLD, 25polarização, 23polarização <strong>da</strong> radiação, 12polarização linear, 25policristalino, 13posição <strong>em</strong> energia <strong>da</strong> simulação, 63potenciais atômicos, 21, 22publicações, 69Pulsed Laser Deposition, 25recompilar o Feff, 63regra de Natoli, 21, 44regra de ouro de Fermi, 9, 11


ÍNDICE REMISSIVO 89regra de ouro de Fermi <strong>na</strong> aproximaçãodipolar, 11Resultados, 33Resultados de EXAFS, 38Resumo, xiretroespalhado, 16seção de choque de absorção, 14simulações ab initio, 61STO, 26substrato, 3supercondutores, 1técnica de super-célula, 23tarefa insólita, 19tensão, 26transforma<strong>da</strong> de Fourier, 39transforma<strong>da</strong> Fourier, 17transforma<strong>da</strong> inversa, 18XANES, 10, 19, 39XAS, 9

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