13.07.2015 Views

agenda e discurso sobre o índio na mídia em Pernambuco

agenda e discurso sobre o índio na mídia em Pernambuco

agenda e discurso sobre o índio na mídia em Pernambuco

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃOSUJEITOS SEM VOZ:AGENDA E DISCURSO SOBRE O ÍNDIO NA MÍDIA EM PERNAMBUCOque não é notícia passa por uma classificação que é influenciada pelosgrupos domi<strong>na</strong>ntes. O t<strong>em</strong>a <strong>índio</strong> entra no <strong>agenda</strong>-setting dos meiosde comunicação dentro de uma t<strong>em</strong>ática maior, a violência, que hojedomi<strong>na</strong> a imprensa. Estabelecendo a conexão entre <strong>índio</strong> e violência, aimprensa reproduz, <strong>em</strong> seu <strong>discurso</strong>, o senso comum reconhecidosocialmente <strong>sobre</strong> o indíge<strong>na</strong>. Como o t<strong>em</strong>a não é o <strong>índio</strong>, mas aviolência, o indíge<strong>na</strong> aparece como el<strong>em</strong>ento pitoresco da notícia. Aorecontextualizar o <strong>discurso</strong> indíge<strong>na</strong> dentro da cultura domi<strong>na</strong>nte, ojor<strong>na</strong>lista faz a fala do <strong>índio</strong> perder o sentido esperado, levando o leitora perceber uma representação social do <strong>índio</strong> próxima do perfil que seestabeleceu desde a chegada dos portugueses ao Brasil: aquele“outro” que forma o ser brasileiro, mas que rejeitamos como serinferior e de qu<strong>em</strong> não reconhec<strong>em</strong>os a identidade.A partir deste estudo, ficou claro que o <strong>índio</strong> só entrapredomi<strong>na</strong>nt<strong>em</strong>ente <strong>na</strong> pauta midiática <strong>em</strong> dois instantes: quando évítima ou autor de violência. Mesmo deixando de ser o “ator exótico”,definido por Maria Hele<strong>na</strong> Ortolan Matos (2001), e passando a ocuparum papel mais político, a posição social do indíge<strong>na</strong> <strong>na</strong> esfera pública éde submisso, subalterno, silenciado. Um líder indíge<strong>na</strong>, um cacique –mesmo ocupando uma função de poder dentro da estrutura de suacomunidade – t<strong>em</strong> papel periférico <strong>em</strong> suas relações com a sociedadebranca. Ele não é ouvido adequadamente e o jor<strong>na</strong>lista constrói seustextos a partir do <strong>discurso</strong> de fontes oficiais e para-oficiais.Questões como saúde, educação, ciência e cultura indíge<strong>na</strong>s entramesporadicamente <strong>na</strong> pauta midiática. Não há espaço para as diferençasculturais entre os vários grupos, as dificuldades de <strong>sobre</strong>vivênciaeconômica, as questões inter<strong>na</strong>s de cada comunidade, as relações como branco, os direitos e a ligação cultural à terra. Ou o <strong>índio</strong> ingressa <strong>na</strong>pauta jor<strong>na</strong>lística dentro do t<strong>em</strong>a violência ou fica no silêncio. Aimprensa está deixando de contar muitas histórias que permeiamnosso dia-a-dia e que envolv<strong>em</strong> estes segmentos sociais com menorautonomia. Segmentos como o indíge<strong>na</strong> – assim como o do187

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!