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agenda e discurso sobre o índio na mídia em Pernambuco

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃOSUJEITOS SEM VOZ:AGENDA E DISCURSO SOBRE O ÍNDIO NA MÍDIA EM PERNAMBUCOjor<strong>na</strong>lística – assim como a outros segmentos sociais excluídos – aposição passiva no <strong>discurso</strong> midiático, reproduzindo, assim, a retóricado oprimido. Já o <strong>discurso</strong> de autoridade, ao ser relatado <strong>na</strong> <strong>mídia</strong>, éintroduzido por outro grupo de verbos:• Advertir, desig<strong>na</strong>r, autorizar, garantir, esclarecer, solicitar,enfatizar, declarar, alertar, desig<strong>na</strong>r.Estes verbos confer<strong>em</strong> ao <strong>discurso</strong> de autoridade força argumentativae reforçam sua posição oficial, representando a retórica da opressão. O<strong>discurso</strong> de poder é citado de modo diverso do <strong>discurso</strong> indíge<strong>na</strong>,fortalecido não só pelos verbos introdutores de opinião como tambémpelas nomi<strong>na</strong>lizações e ironias presentes ape<strong>na</strong>s quando qu<strong>em</strong> fala sãoas fontes oficiais ou para-oficiais, que assum<strong>em</strong> claramente a condiçãode fonte ativa do <strong>discurso</strong> jor<strong>na</strong>lístico.No <strong>agenda</strong>mento da <strong>mídia</strong>, porém, assuntos excluídos pod<strong>em</strong> entrar<strong>na</strong> pauta <strong>em</strong> momentos <strong>em</strong> que a supressão da voz de uma fonte “diz”alguma coisa, mesmo que a intenção seja exatamente o contrário: é a“significação do silêncio”, como define Eni Orlandi (2002b). Daíconstatarmos que o <strong>discurso</strong> indíge<strong>na</strong> consegue, raras vezes,constituir-se <strong>em</strong> <strong>discurso</strong> polêmico, ou mesmo obter junto aossegmentos que falam por ele uma atitude polêmica diante do <strong>discurso</strong>domi<strong>na</strong>nte. Nestes momentos, o sujeito assume um papel ativo e,aproveitando-se dos lapsos discursivos, <strong>em</strong> lugares de escape,consegue se infiltrar no <strong>discurso</strong> jor<strong>na</strong>lístico e apresentar, de modosutil, o seu próprio <strong>discurso</strong> ou a parte do <strong>discurso</strong> que quer assumircomo seu. O suficiente para dizer que os grupos que são a forçamaterial e intelectual de uma sociedade não estão sós, <strong>em</strong>bora possamregular e distribuir as idéias domi<strong>na</strong>ntes.A imprensa é um dos grandes impulsio<strong>na</strong>dores do conhecimento, masa compreensão t<strong>em</strong>atizada do cotidiano promovido pela <strong>mídia</strong> tambémé atravessada pela força do <strong>discurso</strong> domi<strong>na</strong>nte: a seleção do que é do186

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