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agenda e discurso sobre o índio na mídia em Pernambuco

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃOSUJEITOS SEM VOZ:AGENDA E DISCURSO SOBRE O ÍNDIO NA MÍDIA EM PERNAMBUCOEstes esclarecimentos são importantes porque, no fi<strong>na</strong>l do século XIX,alardeava-se que já não existiam <strong>índio</strong>s no Nordeste. Deixaram de serconsiderados <strong>índio</strong>s e passaram a ser classificados comor<strong>em</strong>anescentes ou descendentes de <strong>índio</strong>s, uma saída antropológica dopoder público para se abster da obrigação de d<strong>em</strong>arcar e respeitar asterras indíge<strong>na</strong>s. Entretanto, estes povos se reorganizaram eassumiram sua condição indíge<strong>na</strong>, passando a exigir a d<strong>em</strong>arcação doseu território. Para conseguir firmar sua identidade étnica, estes povosestão reconstruindo sua cultura e atualizando-as, como ocorre com ahistória de qualquer sociedade. Aqui <strong>em</strong> Per<strong>na</strong>mbuco, ressurg<strong>em</strong> osPipipã, no município de Ibimirim, após mais de um século dedecretação de sua extinção.Segundo o ISA (2001), o processo de retomada de identidadescoletivas não é exclusivo do Brasil, também <strong>na</strong> Bolívia e <strong>na</strong> Índia estáacontecendo. Embora a questão seja polêmica, um fato é interessante:se de um lado o extermínio levou à redução ou à extinção de povosindíge<strong>na</strong>s, por outro lado a resistência promoveu a formação de novosgrupos, situação <strong>na</strong>turalmente vinculada à questão fundiária do País.Ao longo do processo de domi<strong>na</strong>ção portuguesa até os dias atuais, 30povos foram considerados extintos <strong>em</strong> Per<strong>na</strong>mbuco (CIMI, 2001: 223).Entre os nove grupos indíge<strong>na</strong>s do Estado ainda existentes, ape<strong>na</strong>s um– os Fulni-ô – ainda cultiva sua língua <strong>na</strong>tiva, Ya:thê, como forma decomunicação. As outras oito comunidades – Atikum-Umã, Kambiwá,Kapi<strong>na</strong>wá, Pankararu, Tuxá, Truká, Xucuru e Pipipã – falam oportuguês. Esta característica dos Fulni-ô os ajuda a conservar d<strong>em</strong>odo mais eficaz sua identidade cultural, pois preservam, através dalíngua, um modo de ser. Segundo Rosely de Souza Lacerda (2000),mesmo não possuindo uma língua <strong>na</strong>tiva, os outros gruposdesenvolveram mecanismos de resistência para garantir a unidadecultural da comunidade. Se, por um lado, há <strong>índio</strong>s que valorizam suaspráticas e culturas, muitos quer<strong>em</strong> se moldar à identidade da culturadomi<strong>na</strong>nte, como forma de se sentir<strong>em</strong> “iguais aos outros”. A ilusão120

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