13.07.2015 Views

agenda e discurso sobre o índio na mídia em Pernambuco

agenda e discurso sobre o índio na mídia em Pernambuco

agenda e discurso sobre o índio na mídia em Pernambuco

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃOSUJEITOS SEM VOZ:AGENDA E DISCURSO SOBRE O ÍNDIO NA MÍDIA EM PERNAMBUCOrealizar seus ritos religiosos e suas práticas de cura com ervasmedici<strong>na</strong>is. Os religiosos doutri<strong>na</strong>vam as crianças indíge<strong>na</strong>s contra osensi<strong>na</strong>mentos de seus pais, diziam que os pajés mentiam e que só oDeus cristão era verdadeiro, atribuindo o conceito de pecado à nudez eà poligamia. Partindo da caracterização que fizeram dos indíge<strong>na</strong>s, osprimeiros missionários atuaram visando conduzi-los ao cristianismo.Esta “condução” não se deu de forma pacífica e uma convergência<strong>na</strong>tural entre o <strong>discurso</strong> missionário e o <strong>discurso</strong> colonizador fez comque o branco domi<strong>na</strong>dor e o religioso somass<strong>em</strong> suas ações no sentidode “domar” o indíge<strong>na</strong>: de um lado, o controle de suas crenças e a lutapor sua substituição pelo cristianismo; de outro, a subjugaçãoeconômica e cultural. Os religiosos católicos, <strong>na</strong> catequização, tinhamtambém a missão de pacificá-los, o que auxiliava o colonizador. Dia<strong>na</strong>Luz Pessoa de Barros (2000) considera que os missionários foram “osprincipais agentes da aculturação do <strong>índio</strong> e de sua assimilação àcultura européia” (BARROS, 2000: 149). Partilhando a mesmaformação ideológica do colonizador, o <strong>discurso</strong> religioso assujeita o<strong>índio</strong>, <strong>na</strong> tentativa de convertê-lo. Segundo Bosi (1992), “quando selê<strong>em</strong> as palavras de Marx <strong>sobre</strong> o papel da religião <strong>na</strong>s sociedadesoprimidas, capta-se melhor o movimento de certos grupos sociais paraa expressão imaginária dos seus desejos: ‘alma de um mundo s<strong>em</strong>alma, espírito das situações s<strong>em</strong> espírito’” (BOSI, 1992: 30).O domínio da Igreja Católica <strong>sobre</strong> o território era desejado pelo reiportuguês, que apoiou os jesuítas <strong>na</strong> missão de catequização.Destruindo crenças e costumes – sua língua, sua religião e seu modode viver – não restaria força para lutar contra a domi<strong>na</strong>çãoportuguesa. A desunião entre os indíge<strong>na</strong>s, decorrente dos conflitosculturais, favorecia ainda mais a domi<strong>na</strong>ção. Com a cultura indíge<strong>na</strong>suplantada pelo cristianismo, os religiosos assumiram a luta contra aescravização dos <strong>índio</strong>s e pelo direito à terra – nos dias atuais,especialmente a ala progressista da Igreja Católica. Se, antes, adomi<strong>na</strong>ção se dava pela subjugação religiosa, hoje o Conselho114

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!