13.07.2015 Views

agenda e discurso sobre o índio na mídia em Pernambuco

agenda e discurso sobre o índio na mídia em Pernambuco

agenda e discurso sobre o índio na mídia em Pernambuco

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃOSUJEITOS SEM VOZ:AGENDA E DISCURSO SOBRE O ÍNDIO NA MÍDIA EM PERNAMBUCOdinâmico de reelaboração e organização da cultura, que permite a<strong>em</strong>ergência de novas identidades e a reinvenção de etnias járeconhecidas "<strong>em</strong> um contexto político de luta pela terra e direitossociais" (SILVA, 2000; 112). Para ser <strong>índio</strong>, muitas vezes, é precisouma legitimação oficial e a partir dela é que se recupera uma m<strong>em</strong>óriae se reconstrói a simbologia do grupo. Esta “legitimação” é feita porantropólogos da Fundação Nacio<strong>na</strong>l do Índio (Fu<strong>na</strong>i), que buscamcritérios técnicos para “reconhecimento” do indivíduo <strong>índio</strong>, deixandomuitas vezes à marg<strong>em</strong> o significado do sentir-se <strong>índio</strong>. Os própriosfuncionários da Fu<strong>na</strong>i reconhec<strong>em</strong> não acreditar <strong>na</strong> legitimidade daidentidade indíge<strong>na</strong> no Nordeste, pensamento compartilhado eutilizado como instrumento de manipulação dos latifundiários paradificultar a d<strong>em</strong>arcação das terras dos <strong>índio</strong>s (SOUZA, 1998).O processo de formação das comunidades indíge<strong>na</strong>s no Nordeste passapela definição do que alguns pesquisadores chamam de"r<strong>em</strong>anescentes de <strong>índio</strong>s", os caboclos, mestiços que reivindicaram acondição de <strong>índio</strong> e lutaram para garantir seu direito à terra. Para tal,chegaram a "atribuir a si próprios tradições, tais como o órgão tutorexigia para o reconhecimento de reservas indíge<strong>na</strong>s no Nordeste"(GRÜNEWALD, 1999; 138). Isso confirma o pensamento de Gramsci(1978) de que grupos minoritários tend<strong>em</strong> a tomar <strong>em</strong>prestado dogrupo domi<strong>na</strong>nte a sua concepção de mundo, <strong>na</strong> sua condição desubordi<strong>na</strong>do, para poder se enquadrar <strong>na</strong> perspectiva domi<strong>na</strong>nte. Essaidéia de “r<strong>em</strong>anescente”, porém, é até certo ponto pejorativa; passauma idéia de resto, sobejo, aquilo que restou. O processo de“<strong>em</strong>ergência” dos povos indíge<strong>na</strong>s, diferent<strong>em</strong>ente de uma perspectivafatalística do futuro dos <strong>índio</strong>s, procura chamar atenção para oprocesso constante de reelaboração cultural dinâmica, inerente aqualquer sociedade huma<strong>na</strong>. Não há r<strong>em</strong>anescentes, mas ressurgidos(ver it<strong>em</strong> 4.4).Para ter direito à terra, seu recurso básico de <strong>sobre</strong>vivência, muitos<strong>índio</strong>s tiveram que reinventar para si uma cultura: o Toré (festa107

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!