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agenda e discurso sobre o índio na mídia em Pernambuco

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃOSUJEITOS SEM VOZ:AGENDA E DISCURSO SOBRE O ÍNDIO NA MÍDIA EM PERNAMBUCOComo brasileiros, s<strong>em</strong> saber precisar que parte de nós é índia, negra ebranca, somos o “outro” do europeu, mas um “outro” que é apagadoatravés do <strong>discurso</strong> do colonizador, <strong>na</strong> medida que o europeu é ocentro, o início absoluto da construção de nossa história. Cresc<strong>em</strong>ossob a égide de dois <strong>discurso</strong>s: o da colonização – que justifica achegada dos portugueses, a extração de bens <strong>na</strong>turais, o extermínio ea domi<strong>na</strong>ção dos <strong>índio</strong>s – e o <strong>discurso</strong> religioso – um <strong>discurso</strong> deconversão, que segundo Orlandi “ence<strong>na</strong> um diálogo”, mas <strong>na</strong> verdadeimpõe sublimi<strong>na</strong>rmente ao indíge<strong>na</strong> uma fala que não é sua, mas queo branco quer que ele reproduza, ajudando, assim, que o <strong>índio</strong>reconheça a superioridade do branco. Um ex<strong>em</strong>plo marcante dessaidentidade fugidia é do <strong>índio</strong> Marcos Tere<strong>na</strong>, uma das lideranças daUnião das Nações Indíge<strong>na</strong>s, que escondeu “sua condição indíge<strong>na</strong> soba identidade de japonês durante 14 anos” (PENNA, 1992: 78).O ex<strong>em</strong>plo de Marcos Tere<strong>na</strong> enfatiza como a manipulação do processode formulação de identidades se vale de características visíveis paraqualificar os indivíduos segundo a classificação domi<strong>na</strong>nte. SegundoMaura Pen<strong>na</strong> (1992), o reconhecimento de um grupo passa por estaclassificação domi<strong>na</strong>nte, oficial, e tudo que isso pode significar numdado momento histórico. Ou seja, uma identidade é definida a partirde sua diferenciação <strong>em</strong> relação a uma identidade domi<strong>na</strong>nte. Pen<strong>na</strong>destaca um estudo de Maria Rosário de Carvalho (1984) <strong>sobre</strong> gruposindíge<strong>na</strong>s do Nordeste, que já perderam o isolamento, e que tiveramsua identidade étnica instituída e recuperada por uma autoridade, apartir de ações como a delimitação de suas terras. Ela reproduz oseguinte depoimento: “Eu é que não sabia que era <strong>índio</strong> (...) Essalíngua de <strong>índio</strong> foi de poucos t<strong>em</strong>po. Era caboclo, não tinha certacompreensão, n<strong>em</strong> explicação de <strong>na</strong>da” (PENNA, 1992: 68).Segundo Rodrigo de Azeredo Grünewald (1999), <strong>na</strong> verdade, exist<strong>em</strong><strong>índio</strong>s que têm como língua o português, vest<strong>em</strong>-se de modo igual àspopulações regio<strong>na</strong>is do seu entorno e cujos costumes se aproximamaos dos regio<strong>na</strong>is, fenômeno decorrente da etnogênese, processo106

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