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O Agir Invisível de Deus - Livros evangélicos

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eprodução proibidaAos amigosArie & Louise Ros,San<strong>de</strong>rson & Mirtes Diotalevi eRobert & Maria Thereza Ferterpelo apoio e amparo durante o conflito interior que meintroduziu na compreensão <strong>de</strong>stas verda<strong>de</strong>s.3


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comÍNDICEPrefácio................................................................................05Introdução.............................................................................0601 – O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>...............................................1002 – Satanás a Serviço <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>.........................................2603 – Mais que Vencedores...................................................5404 – O Canto do Galo ..........................................................8205 – Nas Asas da Águia.....................................................10306 – Os Aguilhões <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>...............................................12307 – Os Abalos <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>...................................................14008 – Planos <strong>de</strong> Bem e Não <strong>de</strong> Mal...................................1524


eprodução proibidaPrefácioPREFÁCIOPor mais atentos que estejamos ao agir <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, Ele,em sua soberania ilimitada sempre nos surpreen<strong>de</strong>rá emcoisas que ainda não percebemos. O agir invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>só será frutífero em nossas vidas à medida que apren<strong>de</strong>mosa <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r do Espírito Santo.A Palavra <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> diz que Jesus é o agir encarnado<strong>de</strong> <strong>Deus</strong> na Terra, e é um mistério a ser revelado, queprimeiro precisamos conhecer (Cl.2:2), <strong>de</strong>pois falar(Cl.4:3) e por fim manifestar: o mistério que esteve oculto<strong>de</strong>s<strong>de</strong> todos os séculos e em todas as gerações e que,agora, foi manifesto aos seus santos (Cl.1:26). Em CristoJesus po<strong>de</strong>mos fazer parte do agir invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> emanifestá-lo na Terra.Para mim, o pastor Luciano é um homem <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>em busca <strong>de</strong> <strong>de</strong>svendar os segredos <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>. Fui muitoabençoado com a leitura <strong>de</strong>ste livro e recomendo a todossua leitura que redundará em edificação espiritual.Pr.Francisco Eduardo GonçalvesCuritiba, 01 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 19995


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comINTRODUÇÃOTenho aprendido bastante nos últimos anos acercada estranha maneira <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> agir e sinto-me <strong>de</strong>safiado acompartilhar isto com tantos quantos eu pu<strong>de</strong>r fazê-lo.Alguns <strong>de</strong>baterão o que digo simplesmente porquesão intransigentes; outros porque ainda não conheceram ador <strong>de</strong> circunstâncias aparentemente sem explicação e comcara <strong>de</strong> “abandono <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>”; mas sei que muitos leitoresreceberão estas verda<strong>de</strong>s como um bálsamo divino. E oropara que sejam um instrumento <strong>de</strong> restauração e edificaçãoem sua vida, pois quero que as vítimas da injustiça <strong>de</strong> algunscristãos (que criam explicações simplistas e falam daquiloque não enten<strong>de</strong>m e não viveram), possam ter alento.O que compartilho neste livro não é,necessariamente, a resposta para cada circunstânciaadversa; há momentos em que algo ruim ocorre comoconsequência <strong>de</strong> nossos próprios erros. Mas, a perspectivado agir invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, além <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r ser a respostapara muitas <strong>de</strong>stas circunstâncias, é também uma tentativa<strong>de</strong> mostrar que nosso atual universo <strong>de</strong> raciocínios eexplicações dos fatos da vida cristã está longe <strong>de</strong> sercompleto; é limitado, pobre, cego, e <strong>de</strong>ve nos lembrar <strong>de</strong>6


eprodução proibidaIntroduçãoque carecemos buscar em <strong>Deus</strong> mais revelação <strong>de</strong> sua Palavra.Vivemos dias em que a fé evangélica tem crescido ese espalhado gran<strong>de</strong>mente. Graças a <strong>Deus</strong> por isto! Mastemos que reconhecer que este crescimento numérico temse dado numa velocida<strong>de</strong> e intensida<strong>de</strong> muito maior doque a capacida<strong>de</strong> da Igreja <strong>de</strong> fazer crescer em maturida<strong>de</strong>.O próprio crescimento gera inúmeros problemas. Um<strong>de</strong>les é que muitas igrejas, na busca <strong>de</strong> abrir tantas novasfrentes <strong>de</strong> trabalho para acolher os novos convertidos, temformado uma nova geração <strong>de</strong> ministros às pressas. Nãocom um embasamento forte na Palavra, mas com oestritamente necessário para aten<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>manda. E isto temtrazido ao arraial do povo <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> um evangelho diluído,simplista. Há uma diferença entre o evangelho simples,que toca o homem diretamente nas suas necessida<strong>de</strong>s eque dispensa qualquer intelectualismo, <strong>de</strong> um evangelhosimplista que tenta dar respostas diferentes da Bíblia, eque ao tentar simplificar as questões esquece-se que estálidando com gente que pensa, que tem sentimentos. Eassim estamos edificando uma geração confusa,machucada, cheia <strong>de</strong> dúvidas e até <strong>de</strong>scrente - embora parase fugir do inferno as pessoas aprendam a conviver e atémesmo conformar-se com todas estas coisas.Algo precisa sacudir-nos <strong>de</strong> nossa prepotência <strong>de</strong>acharmos que po<strong>de</strong>mos enten<strong>de</strong>r <strong>Deus</strong> e sua forma <strong>de</strong> agir editar sempre e até antecipadamente como serão as coisas. Sealgo acontece com alguém, sabemos porquê aconteceu; se<strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> acontecer sabemos exatamente porquê nãoaconteceu; temos respostas para tudo!Eu não posso negar que o reino espiritual é regidopor princípios, e que sempre tais princípios serão7


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comimutáveis; mas há uma gran<strong>de</strong> diferença entre vê-losfuncionando e discerni-los! Por exemplo, se alguém pecacontra <strong>Deus</strong>, vai colher as conseqüências, que variam emfunção do comportamento da pessoa, se ela se arrepen<strong>de</strong>ou não. Davi pecou adulterando e matando um amigo, foiperdoado por <strong>Deus</strong> (o que remove a mancha da culpa) mascolheu as conseqüências que lhe foram anunciadas peloprofeta Natã. Em uma outra situação (na carta à igreja emTiatira) vemos Jesus repreen<strong>de</strong>ndo o pecado <strong>de</strong> uma mulherchamada Jezabel, e dizendo que no caso <strong>de</strong>la não searrepen<strong>de</strong>r, seria julgada e prostrada <strong>de</strong> cama, num leito<strong>de</strong> enfermida<strong>de</strong>.O pecado sempre tem conseqüências. Se mearrependo sou perdoado mas, ainda assim, colho asconseqüências. No caso <strong>de</strong> não me arrepen<strong>de</strong>r sereijulgado. São situações diferentes, mas sempre haveráconseqüência. Pelo pecado <strong>de</strong> alguém po<strong>de</strong>mos saber quehaverá conseqüências e até prevenir a pessoa disto, mas oque não posso aceitar é a análise inversa. Pelascircunstâncias que alguém está vivendo, tentar dizer se elaestá ou não em pecado. É um campo on<strong>de</strong> não po<strong>de</strong>mosentrar, além <strong>de</strong> que não cabe a nós julgar!A Igreja do Senhor tem falhado muito nesta matérianestes dias... São respostas simplistas para tudo. Se alguémnão recebeu a resposta à sua oração, é falta <strong>de</strong> fé. Se algonegativo aconteceu foi o diabo e é porque houve brechaespiritual. Se as coisas não estão bem é porque a pessoaestá em pecado. E assim por diante. Muitas vezes o queestá acontecendo po<strong>de</strong> ser uma <strong>de</strong>stas coisas, mas não querdizer que seja sempre só isto!Não po<strong>de</strong>mos nos consi<strong>de</strong>rar doutores em psicologia8


eprodução proibidaIntroduçãodivina. Alguns são assim, parece que conseguem atémesmo se antecipar ao que <strong>Deus</strong> vai fazer. Neste caso Elefará assim, no outro fará assado... mas os caminhos <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>são mais altos que os nossos e seus pensamentos também!Paulo <strong>de</strong>clarou aos coríntios: “Se alguém julga saberalguma cousa, com efeito não apren<strong>de</strong>u ainda comoconvém saber” (I Co.8:2). Ninguém po<strong>de</strong> agir como um“sabe-tudo” em relação às coisas <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, principalmenteem relação ao seu agir personalizado na vida <strong>de</strong> seus filhos.Voltemos a confiar na soberania <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> e a aceitarque nem sempre teremos as respostas, mas semprepo<strong>de</strong>remos caminhar na certeza <strong>de</strong> que Ele tem o melhorpara nós, quer o entendamos, quer não.9


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.com1O AGIR INVISÍVEL DE DEUSNossa reflexão bíblica começa com um texto escritopelo homem que foi consi<strong>de</strong>rado o mais sábio em todahistória da humanida<strong>de</strong>: Salomão. Não penso sercoincidência que <strong>Deus</strong> o tenha escolhido para escreveracerca disto; na verda<strong>de</strong> não acredito em coincidência; a<strong>de</strong>finição <strong>de</strong>la que aprendi com outros irmãos em Cristoé que coincidência é a obra divina on<strong>de</strong> <strong>Deus</strong> nãoreclama a autoria. O fato é que o rei Salomão era a pessoamais indicada para nos dar a pista <strong>de</strong> que o agir <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>nem sempre é visto e compreendido pelo homem, nãoimportando quão sábio ele seja. Observe:“Assim como tu não sabes qual o caminho dovento, nem como se formam os ossos no ventre da mulhergrávida, assim também não sabes as obras <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>,que faz todas as coisas.”Eclesiastes 11:5Três coisas são mencionadas como algo que “nãosabemos”: o caminho do vento, a formação dos ossos <strong>de</strong>uma criança ainda no ventre materno, e o agir <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>.10


eprodução proibidaO <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>Na verda<strong>de</strong>, com a expressão “não sabes”,enten<strong>de</strong>mos que o escritor falava <strong>de</strong> coisas que “nãovemos”. Po<strong>de</strong>mos saber o caminho do vento através dobalançar das folhas <strong>de</strong> uma árvore, pelas evidências <strong>de</strong> queele sopra, mas nunca por ser visível aos nossos olhos. Ocaminho do vento em si é algo oculto à nossa visão, ocorrefora do alcance da vista dos olhos.Semelhantemente, a formação óssea <strong>de</strong> um bebêocorre fora da vista dos nossos olhos; não po<strong>de</strong>mos vercomo ela se dá. Creio que a expressão “não sabes” que orei sábio usou estava apontando para “o que não vemos”,senão nem contemporânea seria esta afirmação, pois hojea ciência tem trazido uma perfeita explicação da formaçãoóssea do feto; po<strong>de</strong>mos “saber”, mas continuamosimpedidos <strong>de</strong> ver. Lembro-me que durante a gravi<strong>de</strong>z <strong>de</strong>nossos dois filhos minha esposa e eu fizemos algumasecografias e pu<strong>de</strong>mos ver a formação física do Israel e daLissa mesmo antes <strong>de</strong>les nascerem. Contudo, mesmo comtodos estes recursos da ciência mo<strong>de</strong>rna, a formação ósseado feto – e não falo da certeza que isto ocorre e nem <strong>de</strong>como ocorre, mas sim do processo – encontra-se fora davista <strong>de</strong> nossos olhos. É algo semelhante ao caminho dovento. Sabemos que ocorre e até temos evidências disto,mas é oculto aos nossos olhos; o que nos leva a <strong>de</strong>fini-locomo invisível.Com o agir <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> não é diferente. O texto bíblicodiz que <strong>Deus</strong> age em todas as coisas. Depois o versículonos <strong>de</strong>ixa claro que as duas menções anteriores <strong>de</strong> coisasocultas aos nossos olhos, eram apenas um paralelo queilustra o agir divino. <strong>Deus</strong> age sempre e em todas as coisas,porém, nem sempre este agir será visível aos nossos olhos,11


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.compois o que o caracteriza é esta sua <strong>de</strong>finição bíblica <strong>de</strong> queé invisível.Em nossos dias tenho visto o prejuízo da falta <strong>de</strong>conhecimento <strong>de</strong>ste princípio e também da falta <strong>de</strong> temor<strong>de</strong> <strong>Deus</strong>. Como pastor ouço pessoas dizendo coisasabsurdas com: “Ah, eu já coloquei <strong>Deus</strong> na pare<strong>de</strong>; se emtanto tempo Ele não me aten<strong>de</strong>r, eu...”. Dá vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> dizerpara alguns: - “Você o quê? Que ameaça é esta? Se Ele nãofizer o que você quer, você faz o quê? Dá as costas para oSenhor e vai para o inferno? Quais são suas opções?”É incrível a falta <strong>de</strong> respeito com a qual muitos sedirigem a <strong>Deus</strong>. Os papéis andam trocados. Pelocomportamento <strong>de</strong>stas pessoas parece até que <strong>Deus</strong> já nãoé mais Senhor, mas simplesmente um secretário. Está errado;quem está na condição <strong>de</strong> servo somos nós e não Ele!Há o ensino bíblico da fé, e eu creio nele, pois afinal<strong>de</strong> contas o que é bíblico é o conselho <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> e pontofinal. Creio no que Jesus ensinou sobre falar à montanha;creio em dar or<strong>de</strong>ns aos problemas e obstáculos para quese movam <strong>de</strong> nossas vidas e sejam lançados no mar.Contudo, é um absurdo confundir as coisas e achar quepo<strong>de</strong>mos dar or<strong>de</strong>ns para <strong>Deus</strong>! Ninguém dá or<strong>de</strong>ns a <strong>Deus</strong>.Diante <strong>de</strong>le todos <strong>de</strong>vem se calar. Ele é soberano. Ele ésanto. Ele é <strong>Deus</strong>. Ele é todo suficiente. Faz o que quer,como quer, quando quer. A Igreja precisa reapren<strong>de</strong>r isto!Sei que há promessas e princípios bíblicos que jásão uma revelação da vonta<strong>de</strong> divina, e que em situaçõeson<strong>de</strong> eles po<strong>de</strong>m ser indiscutivelmente aplicados, nãoprecisamos orar para <strong>de</strong>scobrir qual é a vonta<strong>de</strong> do Senhore o quê Ele quer fazer. Mas mesmo quando já sabemos oquê Ele quer fazer, nem sempre po<strong>de</strong>remos enten<strong>de</strong>r como12


eprodução proibidaO <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>Ele vai fazer o que quer, ou mesmo quando isto se dará.A forma <strong>de</strong> agir <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> nunca foi e nunca seráprevisível. O homem não po<strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r o agir <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>com sua mente e raciocínio, pois a operação <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> estámuito acima do nosso entendimento.Quando Salomão mencionou o agir invisível <strong>de</strong><strong>Deus</strong>, não disse que o Senhor <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> agir nascircunstâncias on<strong>de</strong> pareça ausente, mas sim que nós nãopo<strong>de</strong>mos ver sua operação. Não se trata <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong>agir, mas sim <strong>de</strong> fazê-lo <strong>de</strong> tal forma que nós não o vemosem ação.Em lugar algum da Bíblia nos é apresentada uma açãodivina padronizada. Não vemos o Senhor lidando com aspessoas por atacado, seu agir em nossas vidas é pessoal.Cada pessoa e cada situação é tratada por <strong>Deus</strong> com carinhoe criativida<strong>de</strong>. Há um agir personalizado e isto é inegável.Mesmo nas guerras e batalhas (acontecimentos muitocomuns e repetidos nas páginas do Velho Testamento), nuncavemos duas intervenções divinas que sejam iguais. Para cadasituação houve uma intervenção diferente, embora osresultados finais fossem similares. O que concluímos é quemesmo quando a vonta<strong>de</strong> expressa <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> era livrar seupovo das mãos do inimigo, a forma como Ele faria erasempre um mistério. Ou seja, mesmo quando sabemos oquê Ele quer fazer, não po<strong>de</strong>mos saber como irá fazê-lo.O que necessitamos então, é parar <strong>de</strong> achar que <strong>Deus</strong>nos <strong>de</strong>va satisfação do seu agir. Ele age sempre e em todasas coisas (circunstâncias). A parte que nos cabe é crer eesperar sua manifestação, e não exigir que o Senhor mostrequal a forma <strong>de</strong> operar que foi adotada. Há muita gentecobrando <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> uma explicação para o que eles não13


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comenten<strong>de</strong>m. Só que o Pai nunca prometeu que dariaexplicação <strong>de</strong> como Ele estaria operando. As únicas coisasdas quais Ele falou foi que podíamos ter como certo é queEle agiria, e enquanto Ele trabalhasse <strong>de</strong> forma invisívelaos nossos olhos, que nós crêssemos.Um exercício contínuo <strong>de</strong> féAliás, quero chamar sua atenção para a importânciado fator confiança. <strong>Deus</strong> espera que nosso coração repouseNele em todo o tempo e circunstância, e aceitar um agirinvisível aos nossos olhos é um belo treinamento para anossa fé! Talvez esta seja uma das razões porque o Senhortenha escolhido agir assim: exercitar continuamente nossafé. E a <strong>de</strong>finição bíblica <strong>de</strong> fé é esta:“Ora, a fé é a certeza <strong>de</strong> coisas que se esperam, aconvicção <strong>de</strong> fatos que se não vêem.”Hebreus 11:1Crer no agir <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> é ter a convicção <strong>de</strong> algo quenão se vê. Nosso irmão Paulo disse aos coríntios que“andamos por fé e não por vista” (II Co.5:7). A lição queo Senhor Jesus <strong>de</strong>u a Tomé após sua ressurreição é mais umatestado disto. A fé nunca se baseia no que vê, mas na certeza<strong>de</strong> que o que <strong>Deus</strong> prometeu é um fato e terá seucumprimento. Ora, estas coisas se apren<strong>de</strong>m logo no inícioda caminhada cristã e não são difíceis <strong>de</strong> aceitar; tampoucogeram discussões entre o povo <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, pois sãoindiscutíveis. Mas na hora em que alguém está em aperto enão consegue ver <strong>Deus</strong> agindo (pois Seu agir é oculto aos14


eprodução proibidaO <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>nossos olhos), esta pessoa se esquece rapidamente disto!Ninguém tem o direito <strong>de</strong> exigir do Senhor satisfaçãosobre sua maneira <strong>de</strong> agir. Primeiro, porque Ele é Senhor enão está em posição <strong>de</strong> ser questionado. Segundo, porqueEle nunca prometeu que alguém veria sua forma <strong>de</strong> agir;pelo contrário, ensina-nos em sua Palavra que seu agir éinvisível aos nossos olhos e que nossa caminhada <strong>de</strong>ve serpor fé e não por vista. Ou seja, não <strong>de</strong>vemos esperar ver,mas somente crer na fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> Daquele que prometeu agirem todas as coisas. Concluindo, Ele não tem nenhumcompromisso <strong>de</strong> ter que explicar como está agindo, emboranós tenhamos a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> permanecer em fémesmo sem que haja evidência visível da operação <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>.Des<strong>de</strong> o início do relacionamento <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> com oshomens, vemos esta dificulda<strong>de</strong> humana <strong>de</strong> crer no invisívele a insistência divina <strong>de</strong> que <strong>de</strong>ve ser assim. Quando <strong>Deus</strong>se manifestou <strong>de</strong> uma forma tão intensa a todo povo <strong>de</strong> Israelque saíra do Egito, absteve-se <strong>de</strong> aparecer em alguma formapara que não tentassem imitá-la <strong>de</strong>pois na forma <strong>de</strong> ídolo:“Então, o Senhor vos falou do meio do fogo; a vozdas palavras ouvistes; porém, além da voz, não vistesaparência nenhuma.Guardai, pois, cuidadosamente, a vossa alma, poisaparência nenhuma vistes no dia em que o Senhor, vosso<strong>Deus</strong>, vos falou em Horebe, no meio do fogo; para quenão vos corrompais e vos façais alguma imagem esculpidana forma <strong>de</strong> ídolo, semelhança <strong>de</strong> homem ou <strong>de</strong> mulher,semelhança <strong>de</strong> algum animal que há na terra, semelhança<strong>de</strong> algum volátil que voa pelos céus, semelhança <strong>de</strong> algumanimal que rasteja sobre a terra, semelhança <strong>de</strong> algum15


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.compeixe que há nas águas <strong>de</strong>baixo da terra.”Deuteronômio 4:12, 15-18O que este episódio retrata é a dificulda<strong>de</strong> que todoser humano tem <strong>de</strong> confiar naquilo que não vê. O Senhorescolheu esta dimensão <strong>de</strong> relacionamento baseada na fé econfiança. E cada vez que Ele age sem que nossos olhosvejam ou nossa mente compreenda, está proporcionandonosum exercício <strong>de</strong> fé. Na verda<strong>de</strong>, como Ele age sempreassim, proporciona-nos um exercício contínuo <strong>de</strong> fé!O homem tem dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> aceitar isto; vive tentandocriar atalhos e se dá mal, pois quando entra num caminhoque <strong>Deus</strong> não abriu, acaba indo cada vez para mais longed’Ele. A idolatria em todo o mundo é prova disto; cada povoe cultura, em todos os períodos da história tem conhecido afabricação <strong>de</strong> ídolos. É um meio <strong>de</strong> tornar a fé visível epalpável; acham mais fácil crer no que se vê (ainda que sejaum pedaço <strong>de</strong> pau ou <strong>de</strong> gesso) do que naquilo que éinvisível. Mas <strong>Deus</strong> tem se revelado assim e quem querrelacionar-se com Ele tem que se submeter a isto. E cadavez que nós, cristãos, murmuramos por não termosevidências aos nossos olhos para o agir <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, estamosincorrendo no mesmo erro dos idólatras! Parece maisameno, mas a premissa é a mesma e se não cuidarmos,entristeceremos ao Senhor e nos afastaremos <strong>de</strong>le.O não saber como <strong>Deus</strong> agirá não é, em momentoalgum, uma incerteza quanto ao fato <strong>de</strong> se Ele vai agir ounão; é somente a expectativa <strong>de</strong> como Ele nos surpreen<strong>de</strong>rácom os caminhos que escolheu ao intervir em cada novacircunstância <strong>de</strong> nossa vida.Devemos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r inteiramente do Senhor e16


eprodução proibidaO <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>apren<strong>de</strong>r a exercitar continuamente nossa fé. Nos dias doministério terreno <strong>de</strong> Jesus houve pessoas a quem Elecriticou por sua pequena fé e houve algumas a quem Eleelogiou por sua gran<strong>de</strong> fé. Mas houve uma pessoa, da qualCristo disse não ter achado fé semelhante a <strong>de</strong>le em todoIsrael. Era um centurião romano. Em Mateus 8:5-13po<strong>de</strong>mos ler sobre o pedido <strong>de</strong>le para que Jesus curasse umcriado seu, e no momento em que Cristo se dispõe a ir a suacasa, este homem reconhece que isto nem era preciso e dizque se Jesus dissesse apenas uma palavra seria suficientepara que o milagre acontecesse, pois quando alguém estáinvestido <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> suas or<strong>de</strong>ns tem que ser obe<strong>de</strong>cidas.Este centurião não quis nenhuma evidência visível; sua féestava apoiada na Palavra <strong>de</strong> Cristo e isto bastava. Jesusdisse que este foi o mais alto nível <strong>de</strong> fé que Ele encontrou.É neste nível que <strong>de</strong>vemos nos sentir <strong>de</strong>safiados a nos moverquanto às coisas do Senhor!Não <strong>de</strong>vemos e não po<strong>de</strong>mos agir tentando nos apoiarnaquilo que é visível, mas crer e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r inteiramente doque <strong>Deus</strong> tem dito em sua Palavra. E, à medida em queproce<strong>de</strong>mos assim, exercitamos nossa fé. De fato, confiarem <strong>Deus</strong> sem <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> um testemunho visível é umexercício <strong>de</strong> fé. E repito: como <strong>Deus</strong> age sempre assim,então, o que teremos será um exercício contínuo <strong>de</strong> fé!Pensamentos mais altosNossos olhos não alcançam a esfera da operação <strong>de</strong><strong>Deus</strong> porque ela está num plano superior. Uma outra razãobíblica - além do exercício da fé - que encontramos para ofato <strong>de</strong> o Senhor agir num plano invisível aos nossos olhos,17


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comé que seus pensamentos são mais elevados que os nossos. Amente <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> é infinitamente maior que a nossa e suasabedoria é tão gigantesca que não há como dimensioná-la.Esperar que Ele aja <strong>de</strong> forma que nós entendamos é limitare rebaixar grotescamente seu agir. A maneira <strong>de</strong> nossoSenhor agir transcen<strong>de</strong> o limite humano <strong>de</strong> compreensão.Quando as Escrituras falam dos caminhos <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> maisaltos que os nossos, relaciona este fato com o <strong>de</strong> seuspensamentos também serem mais altos que os nossos:“Porque os meus pensamentos não são os vossospensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos,diz o Senhor, porque, assim como os céus são mais altosdo que a terra, assim são os meus caminhos mais altosdo que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, maisaltos do que os vossos pensamentos.”Isaías 55:8,9Po<strong>de</strong>mos afirmar com toda certeza que o fato <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>agir por caminhos mais altos - e isto <strong>de</strong>riva-se do fato <strong>de</strong>que seus pensamentos também são mais altos - <strong>de</strong>ve-se àsua infinita capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gerenciar todas as coisas. Quandopensamos na resposta para o nosso problema nossa mentelimitada e egoísta só pensa no problema; mas quando <strong>Deus</strong>pensa na resposta para o nosso problema, vai além, muitoalém...Ele consegue propor respostas que não se limitem sóao momento e conseqüência, mas que toquem a causa doproblema e tenham também o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> continuar agindoem nós quando o que consi<strong>de</strong>rávamos problema já não estivermais presente. Também po<strong>de</strong>mos sugerir que além <strong>de</strong> nos18


eprodução proibidaO <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>tocar isoladamente, Ele ainda po<strong>de</strong> estar propondosoluções que não envolvam somente a nós, mas tambémoutras pessoas. <strong>Deus</strong> po<strong>de</strong> ainda estar tocando não sóuma área problemática, mas toda uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> outrosproblemas interligados ao que nos incomodava mais. Outocar valores e escolhas erradas que permitiram a entradae instalação do tal problema. E mais, muito mais!Nossa mente po<strong>de</strong> fazer uma gran<strong>de</strong> e abrangentelista, mas não interessa o quão longe nossa perspicácia eraciocínio possam nos levar, jamais chegaremos pertoda forma <strong>de</strong> pensar <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> que é muito mais elevada.A sabedoria <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> nos é apresentada na Bíbliacomo tendo muitas formas. Em Efésios ela é <strong>de</strong>nominadacomo multiforme sabedoria. Isto fala <strong>de</strong> uma sabedoriaque não é limitada, mas que se abre num leque infinito<strong>de</strong> dimensões da operação divina. Esta ilimitadasabedoria pluraliza a resposta <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> para cada problemaou obstáculo que o ser humano enfrenta em vez <strong>de</strong> tocar<strong>de</strong> forma direta numa única questão, <strong>Deus</strong> tem o po<strong>de</strong>r<strong>de</strong> trazer várias intervenções nas situações em que jamaisenxergaríamos a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>las.Consi<strong>de</strong>re também que o Senhor conhece o futuro,coisa que homem algum e nem mesmo o diabo temcapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer; portanto a ação <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> não estávoltada somente ao já e ao agora, mas ela se esten<strong>de</strong> parao futuro e sempre priorizará o nosso melhor sob umavisão global, mais abrangente do que jamais nossa mentepo<strong>de</strong>rá alcançar. A atuação <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> é integrada e sinérgica.Para o ser humano, o <strong>de</strong>svendar <strong>de</strong> mistérios pareceser algo <strong>de</strong> suma importância. <strong>Deus</strong>, por outro lado, parecefazer questão <strong>de</strong> ocultar algumas coisas, especialmente19


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comaquilo que diz respeito à sua ação em nossas vidas. Salomãofoi um homem sábio e inquiridor, mas enxergou em <strong>Deus</strong>esta característica e a mencionou não apenas no livro <strong>de</strong>Eclesiastes, mas também no <strong>de</strong> Provérbios:“A glória <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> é encobrir as coisas, mas a glóriados reis é esquadrinhá-las.”Provérbios 25:2Esquadrinhar não é coisa somente dos reis, mas <strong>de</strong>todo ser humano; só que no caso dos reis da antigüida<strong>de</strong>,quanto mais conhecedores dos mistérios eles eram, maisrespeito ganhavam do povo. Mas esquadrinhar é algo queestá ligado ao homem <strong>de</strong> forma geral; todos queremosenten<strong>de</strong>r bem e saber explicar as coisas, e diante disto, estaforma <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> operar parece ser inaceitável à nossa própriacarne. Gera lutas, mas precisamos apren<strong>de</strong>r a superá-las e<strong>de</strong>scansar em fé no Senhor.Parece que quanto mais tentamos enten<strong>de</strong>r o agir <strong>de</strong><strong>Deus</strong>, menos conseguimos enxergá-lo. Temos umacontecimento bíblico que exemplifica isto. É o episódioda aparição <strong>de</strong> Jesus aos dois discípulos no caminho <strong>de</strong>Emaús.Este texto mostra que temos a tendência <strong>de</strong> traçarnossos próprios planos para o agir <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>. É como se,inconscientemente, estivéssemos dizendo a <strong>Deus</strong> como Ele<strong>de</strong>veria agir. Nos fixamos tanto em esperar que Ele aja <strong>de</strong><strong>de</strong>terminada maneira que, ao agir diferente do queesperávamos, não o conseguimos ver. Precisamos apren<strong>de</strong>ra esperar pelo agir <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> sem nos pren<strong>de</strong>rmos ao modocomo Ele agirá.20


eprodução proibidaO <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>Esperávamos que fosseEste episódio se <strong>de</strong>u após a morte e ressurreição <strong>de</strong>Jesus, quando dois discípulos caminhavam tristes paraEmaús, não sabendo que Cristo havia ressuscitado, e opróprio Jesus aparece a eles, mas não pu<strong>de</strong>ram reconhecêlo,pois seus olhos estavam fechados:“Naquele mesmo dia, dois <strong>de</strong>les estavam <strong>de</strong> caminhopara uma al<strong>de</strong>ia chamada Emaús, distante <strong>de</strong> Jerusalémsessenta estádios. E iam conversando a respeito <strong>de</strong> todasas coisas sucedidas.Aconteceu que, enquanto conversavam e discutiam,o próprio Jesus se aproximou e ia com eles.Os seus olhos, porém, estavam como que impedidos<strong>de</strong> o reconhecer.”Lucas 24:13-16Repare que o texto diz que os olhos <strong>de</strong>les estavamimpedidos <strong>de</strong> reconhecê-lo. Não sei se você já parou parapensar porque estavam impedidos, mas eu já. Durante muitotempo eu achei que Jesus não quis que eles o reconhecessem,ou que Ele talvez estivesse diferente <strong>de</strong>pois da ressurreição,mas o fato é que não ocorreu nem uma coisa e nem outra.Diferente Jesus não estava, pois quando aparece aorestante dos discípulos Ele mostra até mesmo as cicatrizesda ferida que lhe fizeram ao lado como também as dos cravosnas mãos e nos pés; o corpo ressuscitado era o mesmo emsua aparência.A continuação do texto nos mostra porque eles nãopodiam ver que era Jesus:21


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.com“Então, lhes perguntou Jesus: Que é isso que vospreocupa e <strong>de</strong> que i<strong>de</strong>s tratando à medida que caminhais?E eles pararam entristecidos.Um, porém, chamado Cleopas, respon<strong>de</strong>u, dizendo:És o único, porventura, que, tendo estado em Jerusalém,ignoras as ocorrências <strong>de</strong>stes últimos dias?Ele lhes perguntou: Quais? E explicaram: O queaconteceu a Jesus, o Nazareno, que era varão profeta,po<strong>de</strong>roso em obras e palavras, diante <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> e <strong>de</strong> todoo povo, e como os principais sacerdotes e as nossasautorida<strong>de</strong>s o entregaram para ser con<strong>de</strong>nado à morte eo crucificaram.Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia <strong>de</strong>redimir a Israel; mas, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> tudo isto, é já este oterceiro dia <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que tais coisas suce<strong>de</strong>ram.”Lucas 24:17-21Os dois discípulos estavam tristes e abatidos e Cristose faz <strong>de</strong> alheio e lhes pergunta porque estavam com osemblante daquele jeito; na resposta que dão, percebemosque eles tinham uma expectativa com relação a Jesus e quea crucificação tinha arrebentado com ela! Os ju<strong>de</strong>us em geralesperavam um Messias que se manifestaria como umgeneral <strong>de</strong> guerra e que os livraria do domínio dos romanospara estabelecer seu próprio reino. É por isso que Tiago eJoão pediram, numa certa ocasião, que quando Cristo seassentasse no trono <strong>de</strong> sua glória, que eles pu<strong>de</strong>ssemassentar-se um à direita e outro à esquerda d’Ele; imaginavamum reino físico e, ao lado do rei, queriam ser ministros dafazenda e do planejamento!Cleopas e seu companheiro <strong>de</strong>monstram claramente22


eprodução proibidaO <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>sua frustração ao concluírem com estas palavras:“esperávamos que fosse ele quem havia <strong>de</strong> redimir aIsrael; mas, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> tudo isto, é já este o terceiro dia<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que tais coisas suce<strong>de</strong>ram”.O que eles estavam dizendo?Que achavam que através <strong>de</strong>le viria a re<strong>de</strong>nção (física)<strong>de</strong> Israel, mas já fazia três dias que ele havia sido morto; ouseja, esperavam que fosse ele, mas não foi... Era mais oumenos isto que eles davam a enten<strong>de</strong>r.A expressão “esperávamos que fosse” é a chave aqui.Eles tinham uma expectativa <strong>de</strong> como <strong>Deus</strong> iria agir, mas<strong>Deus</strong> agiu diferente do que eles esperavam. Enquantoesperavam um reino físico só para Israel, Jesus estavacuidando da re<strong>de</strong>nção dos pecados <strong>de</strong> toda a humanida<strong>de</strong> eestabelecendo o aspecto espiritual do reino. Em seu retornoa esta terra Ele virá estabelecer o aspecto físico do reino,mas a primeira vinda não envolvia este aspecto. Só que osdiscípulos estavam tão fixados nesta idéia que nãoconseguiam ver <strong>Deus</strong> agindo <strong>de</strong> outra forma! Achavam quea morte <strong>de</strong> Jesus na cruz tinha sido uma <strong>de</strong>rrota e nãoconseguiam imaginar <strong>Deus</strong> no controle <strong>de</strong>la; e porque sóesperavam o agir <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> <strong>de</strong> uma única maneira, não podiamver o que <strong>Deus</strong> estava fazendo <strong>de</strong> modo diferente do quehaviam pensado.Assim também é conosco. Fantasiamos tanto o agir<strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, criamos as hipóteses <strong>de</strong> como faríamos se nósfôssemos <strong>Deus</strong>; fazemos nossos planos, fixamo-nos emnossas idéias, e quando o Senhor acaba agindo <strong>de</strong> mododiferente não conseguimos vê-lo em ação!Quero <strong>de</strong>safiá-lo a parar <strong>de</strong> tentar ensinar <strong>Deus</strong> comofazer as coisas quando você ora por algo. E mesmo quando23


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comvocê não o faz verbalmente, acaba fazendo com ospensamentos. E por se fixar tanto na espera <strong>de</strong> uma únicaforma <strong>de</strong> atuação divina, seus olhos não reconhecem quando<strong>Deus</strong> está operando na sua vida.Muitas vezes não po<strong>de</strong>mos ver o agir <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> porquerealmente <strong>Deus</strong> o ocultou, mas há momentos em que nósnos excluímos da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ver por ficarmos presosao que esperávamos d’Ele. Foi só <strong>de</strong>pois que Jesus lhesexplicou biblicamente o que <strong>de</strong>via acontecer com o Cristo,e <strong>de</strong>monstrou pela sua conhecida forma <strong>de</strong> partir o pão queera Ele falando com eles, que os olhos <strong>de</strong>les se abriram!Pois agora já não mais esperavam o general <strong>de</strong> guerra, maso Cristo crucificado e ressurreto; e quando começaram aesperar que <strong>Deus</strong> agisse exatamente como estava agindo, jánão havia mais o que os impedisse <strong>de</strong> ver.Eu senti o mesmo que estes dois discípulos sentiram.Nunca esperei que <strong>Deus</strong> pu<strong>de</strong>sse agir em circunstânciasaparentemente negativas; portanto, nos momentos em queEle estava agindo em minha vida <strong>de</strong> forma diferente da qualeu esperava, não podia ver que era Ele. Uma espécie <strong>de</strong>cegueira espiritual estava sobre os meus olhos e não permitiaque eu reconhecesse <strong>Deus</strong> comigo. Eram os conceitoserrados e fantasiosos que eu mesmo criara <strong>de</strong> como <strong>de</strong>veriaser a ação <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> naquele momento. Mas assim que oSenhor começou a me fazer enten<strong>de</strong>r a Palavra, e que haviamaneiras diferentes d’Ele agir, meus olhos se abriram e pu<strong>de</strong>reconhecê-lo comigo nas horas em que não parecia que Eleestivesse. E foi exatamente assim que se <strong>de</strong>u com osdiscípulos:“E aconteceu que, quando estavam à mesa,24


eprodução proibidaO <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>tomando ele o pão, abençoou-o e, tendo-o partido, lhes<strong>de</strong>u; então, se lhes abriram os olhos, e o reconheceram;mas ele <strong>de</strong>sapareceu da presença <strong>de</strong>les.Lucas 24:30,31Em nossa ânsia <strong>de</strong> querer compreen<strong>de</strong>r tudo <strong>de</strong> formaracional, esta forma <strong>de</strong> agir <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> não parece ser algoassim tão bom. Contudo, à medida em que trazemos maisluz da Palavra sobre esta forma divina <strong>de</strong> trabalho,percebemos quão linda e inspiradora ela é!O que inicialmente quero estabelecer, não explicar,é que isto é um princípio. O agir <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> é invisível, e estáfora do alcance da nossa vista. E isto se <strong>de</strong>ve a várias razões.Mencionamos a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um andar pela fé. Falamossobre os pensamentos <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> serem mais altos e quenão po<strong>de</strong>mos compreen<strong>de</strong>r sua multiforme sabedoria e apluralida<strong>de</strong> das respostas que Ele traz numa únicacircunstância. E falamos, também, que muitas vezes somostão limitados pela nossa maneira <strong>de</strong> pensar, em como <strong>Deus</strong><strong>de</strong>veria agir, que quando Ele trabalha <strong>de</strong> modo diferentenão conseguimos vê-lo. Mas em tudo isto o que mais quero<strong>de</strong>stacar é a enorme e indizível diferença que há entre anossa forma <strong>de</strong> pensar e a <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> em sua multiforme einfinita sabedoria.Só que esta vantagem divina <strong>de</strong> pensamentos maisaltos não é só sobre o homem mas, também, sobre Satanáse seus <strong>de</strong>mônios...25


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.com2SATANÁS A SERVIÇO DE DEUSChovia na maior parte do percurso enquantoseguíamos pela Br-116 rumo a Curitiba. Embora o apelidoda estrada fosse “Rodovia da Morte”, ela não nosamedrontava, talvez porque já havíamos feito várias vezeso trajeto <strong>de</strong> São Paulo até a capital paranaense e vice-versa;e também pelo fato <strong>de</strong> confiarmos na proteção <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>.A viagem seguia tranqüila e sem excessos e, como <strong>de</strong>costume, gastávamos a maior parte do tempo em oração.Foi assim até a divisa <strong>de</strong> Estados e outros quatro quilômetrose meio <strong>de</strong>pois. Então, aconteceu o que marcaria para sempreminha vida, não pelas implicações naturais do ocorrido, maspelo que <strong>Deus</strong> viria a me mostrar e ensinar, bem como pelanova direção que tomaria a minha vida.Estávamos em dois no carro, Harold McLaryea e eu.A equipe ministerial contava com mais um integrante nasviagens, o Robert Ros, que tinha viajado antes <strong>de</strong> nós. Nósestávamos mudando a base <strong>de</strong> nosso ministério <strong>de</strong>Campinas para Curitiba e nesta viagem carregávamos tudoo que coubera no carro, uma Parati. O banco traseiro estava<strong>de</strong>itado e o carro estava cheio até o teto, além <strong>de</strong> malas26


eprodução proibidaSatanás a Serviço <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>sob nossas pernas que repousavam no chão do automóvel.A soberania divina fez com que a falta <strong>de</strong> espaço poupasseo Robert do aci<strong>de</strong>nte e o levou tranqüilo à capitalparanaense num ônibus da Viação Cometa.Foi no dia 23 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1993, uma segunda feira.Não tenho muitos <strong>de</strong>talhes em minha memória, que apagouquase completamente o ocorrido e que teima empermanecer “esquecida”. Mas somei os relatos das pessoasque se envolveram e consegui informações suficientes paraenten<strong>de</strong>r o que aconteceu.Os pneus já estavam bem gastos e o carro não tinhaseguro. Disto, o único culpado era eu mesmo, emboradurante vários meses quisesse transferir a responsabilida<strong>de</strong>para <strong>Deus</strong>. Quase cinco quilômetros <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> termosentrado no Paraná, ultrapassei um caminhão, e isto fez comque eu elevasse a velocida<strong>de</strong> do carro a um pouco mais doque a que vínhamos mantendo, cerca <strong>de</strong> cem quilômetrospor hora. O caminhão não queria per<strong>de</strong>r seu embalo e euforcei um pouco a ultrapassagem, o que me fez terminá-laquando havíamos entrado numa ponte e voltar para minhapista um pouco antes <strong>de</strong> um outro caminhão que vinha nosentido contrário cruzar conosco.Foi o tempo <strong>de</strong> voltar e andar uns duzentos metrosapenas, então uma aqüaplanagem aconteceu. Chovera todaa tar<strong>de</strong>, e nesta hora, umas cinco e meia da tar<strong>de</strong>, caía umagaroa fina, mas a pista ainda tinha muita água. Não sei otamanho da poça d’água, só me lembro do carro ter perdidoa direção e saído da pista para a esquerda. Não colidimoscom ninguém, a coisa ocorreu só conosco, e nos levoudireto para um enorme barranco com <strong>de</strong>graus com maisou menos uns quarenta a cinqüenta metros <strong>de</strong> <strong>de</strong>snível.27


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comAinda me lembro da hora em que o carro saiu da pistae o Harold clamou pelo nome <strong>de</strong> Jesus. De repente o carrovoou barranco abaixo e <strong>de</strong>pois do primeiro impacto <strong>de</strong>useum verda<strong>de</strong>iro tobogã, que se responsabilizou por fazercom que tudo o que estava no carro fosse jogado fora,exceto o motorista e o passageiro, presos ao cinto <strong>de</strong>segurança.Fomos parar a uns setenta metros da rodovia. Bativárias vezes a cabeça, o que me fez per<strong>de</strong>r a consciência.O caminhoneiro que eu havia ultrapassado assistiu a cenae parou para prestar socorro; Harold e ele me levarambarranco acima e logo um carro parou, levando-nos até oposto da polícia rodoviária mais próximo; e eles, por suavez nos levaram até o hospital em Campina Gran<strong>de</strong> do Sul,próximo a Curitiba.Tive traumatismo craniano, levei uns trinta pontosno rosto e na cabeça, e <strong>de</strong>vido à uma fratura mais séria namão esquerda, precisei fazer uma cirurgia e colocar doispinos <strong>de</strong> platina. Por causa da intensida<strong>de</strong> das pancadas nacabeça precisei passar dois dias em observação na U.T.I.Já o Harold saiu ileso e sem nenhum arranhão.Já no hospital <strong>de</strong>scobri que havia perdido tudo. Ocarro <strong>de</strong>ra perda total. Nossas malas foram roubadas.Quanto ao resto da mudança, o que não se estragou na quedae no barro, também foi roubado.Mas a dor não era tanto a da perda, mas a <strong>de</strong> umsentimento estranho que começou a brotar em minha alma.Era um misto <strong>de</strong> abandono com rejeição; algo contra oqual eu lutava, mas que aos poucos parecia me engolir.Por que <strong>Deus</strong> havia permitido aquilo?E as orações que lhe havíamos feito?28


eprodução proibidaSatanás a Serviço <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>E suas promessas <strong>de</strong> proteção e cuidado?Entrei em crise. Os irmãos me visitavam e tentavamme animar mostrando que o Senhor guardara nossas vidas.Afinal eu lhes havia contado que o médico me mostrou oresultado da tomografia que acusava dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong>distinguir massa branca e cinzenta e lesões nas partes molesdo cérebro; isto em si não era assim tão complicado, masindicava a intensida<strong>de</strong> do trauma; só que o médico haviame dito que consi<strong>de</strong>rando que este trauma aconteceu nafonte, a parte mais sensível da cabeça, eu po<strong>de</strong>ria atémesmo ter morrido. Havia ainda a questão do meu olho;minha pálpebra esquerda foi restaurada no centro cirúrgicopois havia se rasgado até um pouco mais da meta<strong>de</strong>, e osmédicos ali disseram que meu globo ocular (econseqüentemente minha visão) foi poupado <strong>de</strong> formamilagrosa.Vendo-me abatido, os irmãos em Cristo tentavam memostrar o lado da intervenção <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>. Só que algo <strong>de</strong>ntro<strong>de</strong> mim doía muito; eu não ousava dizer, mas pensavacomigo mesmo que, intervenção milagrosa porintervenção milagrosa, não teria sido mais fácil o Senhorcolocar meu carro <strong>de</strong> volta na pista na hora em que<strong>de</strong>sgovernamos?Por que Ele havia nos <strong>de</strong>ixado cair barranco abaixopara então resolver proteger?On<strong>de</strong> Ele estava à hora em que precisei <strong>de</strong>le?Se eu <strong>de</strong>ra minha vida ao ministério e à obra doSenhor, cuidando das coisas d’Ele, por que Ele não cuidara<strong>de</strong> mim e das minhas coisas?Pensava como um insensato e sabia disto. Não tinhacoragem <strong>de</strong> dizer aquelas coisas, mas não conseguia parar29


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.com<strong>de</strong> pensar. E uma dor profunda me atravessava o peito,querendo me convencer <strong>de</strong> que <strong>Deus</strong> havia me abandonadona hora em que eu mais precisei <strong>de</strong>le. Para minha razãonão havia a menor sombra <strong>de</strong> dúvida <strong>de</strong> que o Senhor éjusto e fiel, mesmo quando as circunstâncias insistem emfazer parecer que não; mas eu não conseguia convencerminhas emoções. Meus sentimentos diziam outra coisa euma verda<strong>de</strong>ira batalha interior começou, vindo a durarmuitos meses. Em alguns momentos eu achava que eramuito drama interior para um rapaz <strong>de</strong> vinte anos e que eupodia estar aumentando as coisas, mas não havia meios <strong>de</strong>me convencer e aplacar o sentimento.Eu pregava <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os <strong>de</strong>zoito anos e já fazia dois anosque viajávamos por várias cida<strong>de</strong>s e estados, levando omover do Espírito a muitas igrejas. Tive o privilégio <strong>de</strong>ver muitos milagres e intervenções po<strong>de</strong>rosas <strong>de</strong> cura; osobrenatural era freqüente nas reuniões; e ainda havia aênfase <strong>de</strong> uma vida vitoriosa que sempre dávamos, e naverda<strong>de</strong>, era isto o que mais me incomodava, pois eu mesentia como que se tivesse sido golpeado pelo inimigo.Aquele aci<strong>de</strong>nte não tinha nada a ver com a vida vitoriosaque eu acreditava. E ele <strong>de</strong>rrubou os castelos espirituaisque eu havia construído com um pouco <strong>de</strong> fantasia.Na época, tínhamos uma agenda <strong>de</strong> viagens bem cheiapara o ano todo e foi necessário dar uma parada, pelo menospara a minha recuperação. E <strong>de</strong> repente os planos mudaram.Na verda<strong>de</strong> não apenas mudaram, mas acabaram-se <strong>de</strong> vez!E comecei a <strong>de</strong>ixar as coisas rolarem e pedir que <strong>Deus</strong>estivesse no controle...Foi neste período que acabei indo para Guarapuava,no Paraná. Estivemos várias vezes na cida<strong>de</strong>, pregando30


eprodução proibidaSatanás a Serviço <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>numa igreja <strong>de</strong>nominacional que foi fortemente impactadapelo mover do Espírito. Depois, o pastor teve problemaspara permanecer na <strong>de</strong>nominação e começou um novotrabalho, mas não ficou muito tempo. Uns quatro mesesapós ter iniciado o trabalho, acabou indo para outra cida<strong>de</strong>.Como o único contato que aquele grupo <strong>de</strong> irmãos tinhacomo nova igreja era conosco e com os pastores daComunida<strong>de</strong> Cristã <strong>de</strong> Curitiba (on<strong>de</strong> congregávamos),pediram-nos ajuda.Comecei a esten<strong>de</strong>r auxílio ao trabalho, embora coma intenção <strong>de</strong> não ficar em <strong>de</strong>finitivo, pois não meconsi<strong>de</strong>rava pastor, somente um ministério itinerante <strong>de</strong>apoio. Mas <strong>Deus</strong> falou ao meu coração e ao do grupo, e<strong>de</strong>cidi investir pelo menos um tempo no trabalho local.Inicialmente pedi reforço ao Luís Gomes, amigo ecompanheiro <strong>de</strong> muitas viagens, que na época não compunhanossa equipe, mas <strong>de</strong>sempenhava seu próprio ministério.Alguns meses <strong>de</strong>pois, Harold e Dorilene McLaryea, aindarecém-casados, se uniam conosco na missão <strong>de</strong> pastorear aComunida<strong>de</strong> Cristã <strong>de</strong> Guarapuava, hoje chamadaComunida<strong>de</strong> Vida. Que viravolta! Eu sempre havia <strong>de</strong>claradoa muitos irmãos e amigos que a última coisa que eu querianeste mundo era ser um pastor. E <strong>de</strong> repente ali estava eu!Não sei o que pensei ao certo, mas sei que não tinha planos<strong>de</strong> ficar muito tempo. Mas tenho aprendido que “O coraçãodo homem po<strong>de</strong> fazer planos, mas a resposta certa doslábios vem do Senhor.” (Pv.16:1).Passei muitas crises interiores com o aci<strong>de</strong>nte, mascansei <strong>de</strong> brigar com <strong>Deus</strong> e não ter resposta e acabei<strong>de</strong>sistindo <strong>de</strong> insistir e engolindo minhas interrogaçõesaté quando agüentasse. Um ano e três meses <strong>de</strong>pois do31


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comaci<strong>de</strong>nte, e com quase um ano em Guarapuava, fomosor<strong>de</strong>nados e reconhecidos como presbitério local; nossospastores vieram <strong>de</strong> Curitiba e proce<strong>de</strong>ram como <strong>de</strong>costume, pedindo-nos que nos preparássemos para umaministração profética que ocorreria junto com aor<strong>de</strong>nação. Nesta época eu já <strong>de</strong>sconfiava que <strong>Deus</strong> tinhaaproveitado tudo aquilo para nos levar a Guarapuava, mastinha minhas dúvidas e o medo <strong>de</strong> estar sendo acomodado<strong>de</strong>mais ao transferir toda a responsabilida<strong>de</strong> da mudançaao controle divino.Foi então que aconteceu algo marcante para mim.Através dos pastores, <strong>Deus</strong> falou ao meu coração sobrecomo ele havia quebrado algumas pontes para tratar comigoe me guiar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> seu plano; que Ele havia me tiradodaquele ministério itinerante para me fazer crescer e quea seu tempo eu seria liberado para um ministério queabençoaria toda a nação. O Senhor usou Miguel Piper,Thomas Wilkins, e Francisco Gonçalves, cada umacrescentando algo; mas não foi só o encorajamento trazidopelas palavras, houve um sentimento novo, uma testificaçãoespiritual <strong>de</strong> que era aquilo mesmo. Um novo vigor entrouem mim! Louvado seja <strong>Deus</strong> por aquele dia tão especial,mas os <strong>de</strong>talhes do que eu precisava ouvir vieram quaseum mês <strong>de</strong>pois, quando o pastor Francisco Gonçalvesvoltou para nos visitar e ministrar. Numa conversa<strong>de</strong>scontraída em casa falávamos sobre nossas experiênciascom anjos, eu, Luís, e ele. E acabei lhe perguntando qualfora a experiência mais recente que o Senhor lhe tinhadado. Para minha surpresa, ele respon<strong>de</strong>u que havia sidona nossa or<strong>de</strong>nação, e que a palavra profética que ele haviaproferido, era, na verda<strong>de</strong>, uma visão que <strong>Deus</strong> lhe <strong>de</strong>ra e32


eprodução proibidaSatanás a Serviço <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>que ele havia conversado com um anjo acerca do meuministério, e apenas transmitiu o que ouviu na conversa!Fiquei espantado e comecei a inquisição para arrancar cada<strong>de</strong>talhe do que fora aquela experiência.Não quero parecer sensacionalista ao contar aexperiência em seus <strong>de</strong>talhes. Justamente pela suahumilda<strong>de</strong>, o pastor Francisco nem havia me dito o queacontecera, só <strong>de</strong>ra a mensagem <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> sem alar<strong>de</strong>s. Masnaquela época eu jamais teria aceitado esta mensagem seela não tivesse vindo <strong>de</strong>sta forma.O que o anjo revelouEnquanto o pastor Francisco orava por mim, <strong>Deus</strong>lhe abriu os olhos espirituais e ele viu um anjo em pé aomeu lado. O mensageiro celestial se apresentou <strong>de</strong> maneiraformal dizendo:- “Fui enviado da parte do <strong>Deus</strong> Altíssimo para tefazer saber algumas coisas acerca <strong>de</strong>stes ministérios (areferência plural envolvia nós três). Você tem umapreocupação muito gran<strong>de</strong> por eles, mas <strong>Deus</strong> te fazsaber que eles estão nas mãos do Senhor, e que estãono lugar certo, na hora certa, fazendo a coisa certa.”Após esta referência ao nosso ministério plural, apalavra passou a ser especificamente sobre a minha vida.O anjo prosseguiu:- “Quanto a este, é um guerreiro divertido; elenão pergunta se é o tempo <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> ou não paraatravessar a ponte...”E então a mensagem continuou, não apenas naspalavras que ele usava, mas em visões que ilustravam o33


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comque ele estava falando. No momento em que o anjo afirmavaque eu não perguntava o tempo <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> para atravessaruma ponte, Francisco via a cena: eu estava diante <strong>de</strong> umaponte e afirmava:- “Ponte foi feita para passar”, quase como quedizendo: “Se ela está aí eu não preciso esperar nenhumahora específica, é só seguir em frente”.E era isto que o pastor me via fazer na visão; passeicorrendo uma, duas, três, várias pontes! E ele simplesmentesabia, mesmo sem lhe ser dito, que as pontes significavamo acesso <strong>de</strong> um nível ministerial a outro; <strong>Deus</strong> comunicavalheisto ao espírito à medida em que a revelação vinha. Eupassava as pontes bem <strong>de</strong>pressa, e uma atrás da outra! Atéque o mesmo anjo foi e quebrou algumas pontes diante <strong>de</strong>mim para que eu não as atravessasse; foram mostradas trêspontes específicas que ele <strong>de</strong>struiu para que eu não passasse.E então veio a explicação pela boca do mensageiro celestial:- “Ele estava avançando para níveis ministeriaissem que estivesse pronto, tratado, para isto. Por isto foinecessário quebrar algumas pontes, mas ele é rebel<strong>de</strong> enão aceita o tratamento <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>. Quanto àquele aci<strong>de</strong>ntedo ano passado, diga-lhe que Satanás tentou tirar-lhe avida, mas diga por que <strong>Deus</strong> o permitiu, embora sem<strong>de</strong>ixar que sua vida fosse tocada. Seu ministério estavacrescendo muito rápido sem que ele fosse trabalhado noíntimo, e neste ritmo ele iria sucumbir <strong>de</strong>baixo do pesodo próprio ministério; era uma questão <strong>de</strong> tempo. Porisso <strong>Deus</strong> o parou; mas também para trazê-lo a estacida<strong>de</strong> e tratar com ele; e quando ele estiver pronto, oSenhor irá liberá-lo para abençoar esta nação e lhe daráum ministério <strong>de</strong> proporções ainda maiores.”34


eprodução proibidaSatanás a Serviço <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>O impacto <strong>de</strong>sta mensagem foi e ainda é muito forteem minha vida. E até hoje quando conto esta experiênciame emociono e ao mesmo tempo me envergonho. Euquestionei a justiça e fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> muitas vezes porEle ter permitido que aquele aci<strong>de</strong>nte ocorresse. Eu nãofalava isto, mas repetidas vezes eu pensei. E enquanto eu ojulgava assim no meu coração, Ele estava cuidando <strong>de</strong> mim!O Senhor estava me protegendo <strong>de</strong> algo pior, não meabandonando naquela hora. Ele nunca nos abandona. Eleprometeu estar conosco todos os dias, até a consumaçãodos séculos. Jamais haverá um único dia sequer em nossasvidas no qual o Senhor não esteja ao nosso lado! Nossoproblema é tentar compreen<strong>de</strong>r o agir <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> em vez <strong>de</strong>confiar que Ele está no controle - mesmo que <strong>de</strong> modoestranho aos nossos olhos e maneira <strong>de</strong> pensar.Meu coração se quebrou quando entendi o que haviaacontecido. Pedi perdão ao Senhor por não confiar n’Ele<strong>de</strong> todo coração e ter interiormente duvidado e murmuradocontra Ele. Sei que <strong>Deus</strong> me perdoou, mas até hoje tenhovergonha do papelão que fiz. Como fui tolo, insensato! Emuitos cristãos têm feito isto; ficam criticando <strong>Deus</strong>enquanto Ele os <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>, protege e provê o seu melhorpara eles. Somos os únicos injustos (e ingratos!) nestahistória, e não <strong>Deus</strong>. Mas sei que o Espírito Santo vai lherevelar muitas coisas sobre sua vida pessoal à medida emque você prossegue na leitura <strong>de</strong>ste livro. Aconselho-o anão oferecer resistência, mas quebrantar-se diante <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>e permitir que Ele o sare. Eu estava muito ferido emachucado por <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>vido às mentiras que o Diabo haviaassoprado em minha mente, mas a compreensão do que<strong>Deus</strong> esteve fazendo fora da vista dos meus olhos sarou-35


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comme por completo e revelou-me uma nova dimensão doamor e do cuidado d’Ele por mim. Muitas outras verda<strong>de</strong>sbíblicas começariam a ser <strong>de</strong>svendadas diante dos meusolhos a partir daquela revelação.Até então, se eu ouvisse alguém ensinar o que hojeestou ensinando, eu discordaria e possivelmente atéentraria em choque. A influência que recebi do “ensino dafé”, me fez criar uma fantasia <strong>de</strong> que o crente <strong>de</strong>veria serintocável. Recebi uma gran<strong>de</strong> influência dos ensinos <strong>de</strong>Kenneth Hagin, Dave Roberson, e outros ensinadores dafé. E louvo a <strong>Deus</strong> por suas vidas e ministérios, pois elestêm sido instrumentos <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> para resgatar a vida vitoriosaque há em Jesus e vivem o que pregam. Mas o Senhorcomeçou a me mostrar que eu havia criado umamentalida<strong>de</strong> errada a partir <strong>de</strong> princípios corretos. Defato <strong>Deus</strong> prometeu vitória sobre o inimigo, mas isto nãoqueria dizer que eu nunca sofreria um aci<strong>de</strong>nte como oque sofri, pois foi uma vitória sobre Satanás! Como disseo anjo, se isto não tivesse acontecido e conseqüentementeme brecado, eu po<strong>de</strong>ria até ter perdido o ministério; e istosim, seria uma <strong>de</strong>rrota. Mas o aci<strong>de</strong>nte não foi <strong>de</strong>rrota, foivitória e a forma como <strong>Deus</strong> não apenas me livrou <strong>de</strong> umritmo perigoso, como também redirecionou o meuministério e começou a tratar com o meu caráter e alma<strong>de</strong> forma mais profunda.O <strong>de</strong>talhe que eu não via nestes homens <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> éque o que eles pregavam era um alvo <strong>de</strong> vida cristã, nãoalgo que ocorreria <strong>de</strong> forma imediata ou instantânea comninguém, pois nem em suas vidas foi assim. Hoje, tendopassado a fase do tratamento <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, eles estão numaoutra dimensão, e creio que <strong>Deus</strong> realmente quer que36


eprodução proibidaSatanás a Serviço <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>avancemos para uma dimensão mais profunda <strong>de</strong> vidacristã, se movendo mais intensamente no sobrenatural eem gran<strong>de</strong>s conquistas. Mas ninguém se iluda, pois istonão acontecerá sem o tratamento <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> em nossa alma!O Diabo não enten<strong>de</strong> o agir <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>Agora quero chamar sua atenção para um outro fato:não somos os únicos a não compreen<strong>de</strong>r a forma divina <strong>de</strong>operar; o Diabo também não enten<strong>de</strong> o agir <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>!Algo que o anjo <strong>de</strong>ixou bem claro no diálogo com opastor Francisco, foi que Satanás tentou me <strong>de</strong>struirnaquele aci<strong>de</strong>nte, mas que <strong>Deus</strong>, em sua soberania, <strong>de</strong>ixouo Diabo trabalhar só até certo ponto, e guardou-me a vida.Não tenho a menor sombra <strong>de</strong> dúvida <strong>de</strong> que o planomaligno era parar um ministério que estava incomodandoo reino das trevas. A razão da investida do adversário eraesta: parar <strong>de</strong>finitivamente o meu ministério. Mas o Diabonão conhece o futuro! Quando um espírito maligno fazprevisões que se cumprem, ele estava trabalhando complanos já conhecidos. A razão porque não conseguemacertar sempre é porque o futuro só é conhecido por <strong>Deus</strong>.Se Satanás conhecesse o futuro, não precisava ter tentadome parar com aquele aci<strong>de</strong>nte, era só <strong>de</strong>ixar tudo comoestava, e com o tempo a própria pressão <strong>de</strong> um ministérioque cresceria <strong>de</strong>masiadamente rápido me liquidaria!O Diabo não conhece o futuro e também não enten<strong>de</strong>o agir <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, e o que ele me proporcionou através daquelainvestida em 1993 redundou numa gran<strong>de</strong> benção! Este éo assunto <strong>de</strong> nosso capítulo. Porque o Diabo também nãoenten<strong>de</strong> o agir <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, ele muitas vezes acaba trabalhando37


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.compara <strong>Deus</strong>! No meu caso ele trabalhou para <strong>Deus</strong>, e o quequero mostrar são vários textos e exemplos bíblicos quemostram que isto é um fato.Satanás tem uma forma <strong>de</strong> pensar semelhante à nossa.Logicamente na condição <strong>de</strong> anjo - caído - ele é maisinteligente e astuto e tem uma mente superior, mas a forma<strong>de</strong> pensar é parecida. A comparação é mais ou menos comose fossem dois computadores, um bem mais potente queo outro, mas ambos com o mesmo programa; embora umseja mais veloz que o outro, e com maior capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>armazenar informações, o funcionamento é o mesmo poistrata-se do mesmo programa. Jesus mencionou isto:“E Pedro, chamando-o à parte, começou areprová-lo, dizendo: Tem compaixão <strong>de</strong> ti, Senhor; isso<strong>de</strong> modo algum te acontecerá.Mas Jesus, voltando-se, disse a Pedro: Arreda,Satanás! Tu és para mim pedra <strong>de</strong> tropeço, porque nãocogitas das coisas <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, e sim das dos homens.”Mateus 16:22,23O Senhor falou a Pedro e aos discípulos que eranecessário que ele sofresse em Jerusalém, fosse morto eao terceiro dia ressuscitasse. E Pedro tenta persuadir Jesusa pensar <strong>de</strong> forma diferente, o que era totalmente contrárioao plano <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>. Não sei se Jesus se sentiu tentado a terdó <strong>de</strong> si mesmo, mas o fato é que ele reconhece que naquelahora Pedro estava sendo influenciado em sua forma <strong>de</strong>pensar por outra pessoa, e repreen<strong>de</strong> a Satanás. Mas é afrase utilizada por Jesus que nos chama a atenção: “nãocogitas das coisas <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, mas dos homens”. Cogitar é38


eprodução proibidaSatanás a Serviço <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>pensar. O que o Mestre disse é que a forma <strong>de</strong> pensar <strong>de</strong>Satanás não se assemelha à <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, mas à dos homens.Isto nos leva a concluir que não interessa o quão astuto oadversário seja, ele também não po<strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r a forma <strong>de</strong><strong>Deus</strong> agir! Os pensamentos <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> são mais altos, muitomais altos que os do Diabo. Para o nosso inimigo, o agir<strong>de</strong> <strong>Deus</strong> também é invisível e incompreensível.E a revelação que o Senhor começou a me trazer <strong>de</strong>sua Palavra, após aquela visão do Francisco, foi a <strong>de</strong> queEle age <strong>de</strong>sta forma imprevisível e invisível parapropositadamente confundir Satanás e seu exército e,ainda, tirar proveito fazendo com que trabalhem para Ele.Foi isto que <strong>Deus</strong> fez naquele meu aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> carro; usouuma investida maligna para me guardar <strong>de</strong> uma queda, levarme<strong>de</strong> volta à direção ministerial que Ele tinha, e aindanão só tratar comigo como também me ensinar claramenteestas verda<strong>de</strong>s. <strong>Deus</strong> é soberano. Ele não <strong>de</strong>ixou o Diabotocar naquele carro à toa; na verda<strong>de</strong> o Senhor pôs umaarmadilha diante <strong>de</strong> Satanás.Ouvi, há uns anos atrás, a irmã Valnice Milhomensministrando, e ela usou na ocasião um trocadilho que nuncaesqueci; ela falou sobre <strong>Deus</strong> colocar “sataneiras” diante<strong>de</strong> Satanás. Então explicou: Quando você quer pegar ratos,põe uma ratoeira como armadilha. E como <strong>Deus</strong> não pegaratos, não usa ratoeira; para pegar Satanás Ele sempre usaas “sataneiras”.As sataneiras <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>Não estou baseando a ação <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> na experiênciaque eu tive, mas nos muitos exemplos bíblicos que39


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comencontramos. Ao narrar a minha experiência, o faço comoum ponto <strong>de</strong> partida que geraram estas <strong>de</strong>scobertas emudaram minha forma <strong>de</strong> pensar. Examinaremos algumaspassagens bíblicas que mostram <strong>Deus</strong> agindo <strong>de</strong> forma queo Diabo não enten<strong>de</strong>u; e a primeira <strong>de</strong>las já nos revela que<strong>Deus</strong> usou tal ocorrido para mandar um recado ao reinodas trevas: sua multiforme sabedoria não po<strong>de</strong> sercompreendida.“A mim, o menor <strong>de</strong> todos os santos, me foi dadaesta graça <strong>de</strong> pregar aos gentios o evangelho dasinsondáveis riquezas <strong>de</strong> Cristo e manifestar qual seja adispensação do mistério, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os séculos, oculto em<strong>Deus</strong>, que criou todas as coisas, para que, pela igreja, amultiforme sabedoria <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> se torne conhecida, agora,dos principados e potesta<strong>de</strong>s nos lugares celestiais,segundo o eterno propósito que estabeleceu em CristoJesus, nosso Senhor”Efésios 3:8-11O texto fala sobre um mistério, um segredo, que<strong>de</strong>s<strong>de</strong> os séculos estava oculto, escondido em <strong>Deus</strong>. Ocontexto (os dois capítulos anteriores e o começo <strong>de</strong>ste)nos revela que tal segredo era a inclusão dos gentios (ouseja, a Igreja) no plano <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> para estabelecer seu reinona Terra. Embora o que se esperava lendo o VelhoTestamento era que Israel cumpriria o plano divino, <strong>Deus</strong>tinha um segredo prometido nas entrelinhas das profeciasacerca <strong>de</strong> Israel, e que apontava para a Igreja gentílica; istosó veio a ser revelado nos dias do Novo Testamento(Mt.21:33-46 e Ef.3:2-5).40


eprodução proibidaSatanás a Serviço <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>A revelação do mistério foi a manifestação da Igreja,e através <strong>de</strong>la o apóstolo Paulo disse que <strong>Deus</strong> tornou suamultiforme sabedoria conhecida dos principados epotesta<strong>de</strong>s nas regiões celestiais. Não que estes principadosnão conhecessem antes a sabedoria <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>; o livro <strong>de</strong> Tiagodiz que os <strong>de</strong>mônios crêem em <strong>Deus</strong> e estremecem; elesconhecem o po<strong>de</strong>r e a gran<strong>de</strong>za <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>. Só que quando aIgreja surgiu, isso foi algo totalmente inesperado no reinodas trevas; foi uma verda<strong>de</strong>ira “sataneira”.O Diabo não esperava por esta! Havia uma expectativatremenda nos dias <strong>de</strong> Jesus pela vinda do Messias, queestabeleceria o reino <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, conforme fora ditoclaramente pelo profeta Daniel. Os profetas apontavam avinda <strong>de</strong> um rei e seu reino, e era isto que os ju<strong>de</strong>usesperavam; e foi contra isto que Satanás se armou. Paraque um reino se estabeleça, é preciso pelo menos duascoisas básicas:1) O povo do reino - os súditos;2) O Rei do reino.Se tirarmos qualquer um <strong>de</strong>stes elementos, nãohaverá um reino. E os registros bíblicos nos revelam queSatanás fez <strong>de</strong>stes elementos o seu alvo para tentar impedira manifestação do reino.Alistei o povo antes do rei não por or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>importância, mas <strong>de</strong> chegada. Pelo menos aparentemente,já se sabia quem era o povo bem antes <strong>de</strong> se saber quemera o rei. Digo aparentemente, pois embora <strong>Deus</strong> tenhafeito promessas à <strong>de</strong>scendência <strong>de</strong> Abraão, o que noslevaria a interpretar como sendo o Israel natural, arevelação que o Novo Testamento trouxe é que os filhos<strong>de</strong> Abraão não são necessariamente os da carne, mas os da41


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comfé (Rm.2:28,29; Gl.4:22-31). Mas isto não ficou claroantes da vinda <strong>de</strong> Jesus, portanto, era <strong>de</strong> se esperar que opovo do reino fosse o Israel natural, e o Diabo tentou<strong>de</strong>struí-lo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o princípio da aliança <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> comAbraão. O livro <strong>de</strong> Ester, por exemplo, é a narrativa <strong>de</strong>como o inimigo tentou exterminar esta nação e como <strong>Deus</strong>estava sempre presente, guardando-os. E nos anos queantece<strong>de</strong>ram a vinda <strong>de</strong> Cristo, o Diabo sufocou a naçãoisraelita <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong> quatro gran<strong>de</strong>s impérios: Babilônia,Medo-Pérsia, Grécia e, por fim, Roma; em todos eles eletentou <strong>de</strong>struir a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> da nação e, mesmo nãoconseguindo, roubou-lhe a in<strong>de</strong>pendência e a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong>se preparar para ser um gran<strong>de</strong> e forte reino. Mas nãoadiantou, pois enquanto Satanás lutava para amarrar Israelcomo nação, <strong>Deus</strong> levantou <strong>de</strong>baixo do nariz do Diabo aIgreja gentílica! Era algo impossível <strong>de</strong> se ver sem arevelação do Espírito; era um segredo <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, ou seja,era parte do agir invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>. Ninguém imaginavaque <strong>Deus</strong> estivesse preparando isto, nem mesmo o Diabo!Portanto, quando a Igreja foi levantada, por meio <strong>de</strong>la<strong>Deus</strong> estava mostrando sua multiforme sabedoria aosprincipados e potesta<strong>de</strong>s. Foi como um recado que dizia:“Não adianta, vocês nunca enten<strong>de</strong>rão e jamais vencerão;Eu sou maior!” O livro <strong>de</strong> Salmos diz que o Senhor se rirá<strong>de</strong> seus inimigos; creio que nesta hora <strong>Deus</strong> riu... Enquantoos <strong>de</strong>mônios observavam atônitos o mistério <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> ereviam seu trabalho inútil <strong>de</strong> tentar pren<strong>de</strong>r o povo do reino,creio que <strong>Deus</strong> riu. E a Igreja é um recado eterno <strong>de</strong>stasabedoria <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> e seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> armar sataneiras.Quando Satanás se tocou que o povo do reino nãoera necessariamente Israel, mas sim os que criam em Jesus42


eprodução proibidaSatanás a Serviço <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>e nasciam <strong>de</strong> novo (Jo.1:11,12), tentou então <strong>de</strong>struir aIgreja. Observe o que diz a Bíblia:“E Saulo consentia na sua morte. Naquele dia,levantou-se gran<strong>de</strong> perseguição contra a igreja emJerusalém; e todos, exceto os apóstolos, foram dispersospelas regiões da Judéia e Samaria.Saulo, porém, assolava a igreja, entrando pelascasas; e, arrastando homens e mulheres, encerrava-osno cárcere.”Atos 8:1,3Assim que veio a perseguição, a Igreja per<strong>de</strong>u seusossego e os crentes começaram a ser presos e atémartirizados. Então muita gente, <strong>de</strong>vido à intensida<strong>de</strong> daperseguição, começou a fugir para outras cida<strong>de</strong>s. E aIgreja que logo no início já tinha chegado à marca doscinco mil membros, dispersou-se, ficando apenas osapóstolos. Aparentemente Satanás conseguiu o que queriae oprimiu o povo do reino, mas ele não sabia que esta eramais uma sataneira!Veja o outro lado da história: Jesus capacitara seupovo com o po<strong>de</strong>r do Espírito com um único propósito:“Mas recebereis po<strong>de</strong>r, ao <strong>de</strong>scer sobre vós oEspírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto emJerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aosconfins da terra.”Atos 1:8Eles não <strong>de</strong>viam permanecer só em Jerusalém, mas43


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.coma responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serem testemunhas <strong>de</strong> Cristoenvolvia o começarem lá seu trabalho, mas <strong>de</strong>poisespalharem-se progressivamente pelas outras cida<strong>de</strong>s daJudéia, as <strong>de</strong> Samaria e então não parar mais! Só que opovo <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> se acomodou. O tempo passou e elesestavam lá em Jerusalém ainda. Não estavam obe<strong>de</strong>cendoa Cristo. Não haviam se tornado ainda uma Igrejamissionária. Algo precisava ser feito.E sabe quem ajudou?O Diabo. É, ele mesmo!Até Satanás enviar aquela perseguição, ninguém tinhasaído pregar nas circunvizinhanças. Mas quando o Diaboquis <strong>de</strong>struir a in<strong>de</strong>strutível Igreja <strong>de</strong> Jesus, caiu em maisuma sataneira, e ajudou a espalhar o evangelho:“Entrementes, os que foram dispersos iam por todaparte pregando a palavra.”Atos 8:1,3-4É irônico como <strong>Deus</strong> põe seu inimigo para trabalharpara Ele; chega a ser engraçado. Toda vez que Satanásinveste contra a Igreja, ou mesmo contra a sua vida, saiba<strong>de</strong> uma coisa meu irmão, enquanto ele ainda está indo,<strong>Deus</strong> já foi e voltou algumas eternas vezes! Vimos o comoo adversário tentou barrar o povo do reino e se <strong>de</strong>u mal.Agora permita-me mostrar-lhe suas tentativas contra o reido reino, e como elas novamente <strong>de</strong>monstraram que amultiforme sabedoria <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> continuava no controle. Porvárias vezes Satanás tentou parar Jesus. No começo foicom as tentações no <strong>de</strong>serto, mas logo que Jesus Cristo o<strong>de</strong>rrotou, os planos mudaram; assim que ele saiu do <strong>de</strong>serto44


eprodução proibidaSatanás a Serviço <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>e foi para Nazaré, sua cida<strong>de</strong>, o tiraram da sinagoga etentaram empurrar-lhe <strong>de</strong> um penhasco, mas não pu<strong>de</strong>rammatá-lo. Lucas diz que ele simplesmente saiu do meio<strong>de</strong>les. Depois vemos que as conspirações para a morte doMessias vão crescendo até que em Jerusalém Jesus étraído, preso e crucificado. E o Diabo está nestaconspiração; foi ele mesmo que pessoalmente entrou emJudas para consumar a traição:“Estava próxima a Festa dos Pães Asmos,chamada Páscoa. Preocupavam-se os principaissacerdotes e os escribas em como tirar a vida a Jesus;porque temiam o povo.Ora, Satanás entrou em Judas, chamadoIscariotes, que era um dos doze. Este foi enten<strong>de</strong>r-secom os principais sacerdotes e os capitães sobre comolhes entregaria a Jesus; então, eles se alegraram ecombinaram em lhe dar dinheiro.”Lucas 22:1-5Nosso Senhor mesmo <strong>de</strong>clarou no Getsêmani,quando foi preso: “esta é a vossa hora e o po<strong>de</strong>r dastrevas” (Lc.22:53). Não era apenas a hora humana,daqueles que tinham conspirado contra Jesus, mas era ahora do po<strong>de</strong>r das trevas porque Satanás estava lutando<strong>de</strong> todas as formas para empurrar Jesus à cruz. E“conseguiu”. Não porque fosse mais forte que <strong>Deus</strong>, masporque estava caindo em mais uma sataneira. Jesusacabou mesmo morrendo e houve trevas sobre a terra.Creio que naquela hora não se tratava apenas da naturezagemendo pela morte do seu Criador mas, que também,45


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comse tratava <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsas trevas <strong>de</strong> malignida<strong>de</strong> produzidas poruma reunião <strong>de</strong> todo o reino do mal. O Salmo 22, que émessiânico, alu<strong>de</strong> figuradamente à presença <strong>de</strong> <strong>de</strong>môniosem volta da cruz quando fala <strong>de</strong> vários animais como cãese touros, que no aspecto natural não estiveram lá.Só que três dias <strong>de</strong>pois Cristo <strong>de</strong>monstrou que sómorreu porque quis e, que, realmente, como ele mesmodissera, tinha o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> dar a sua vida e também <strong>de</strong>retomá-la. Ele ressuscitou vitorioso sobre todo o po<strong>de</strong>rdas trevas e <strong>de</strong>monstrou que não apenas sua ressurreição,mas a própria crucificação significava a <strong>de</strong>rrota do Diabo.Aquilo que foi uma tentativa maligna <strong>de</strong> <strong>de</strong>struir a vida<strong>de</strong> Jesus, tornou-se a <strong>de</strong>rrota do próprio Diabo.Veja dois textos que dão testemunho disto:“Tendo cancelado o escrito <strong>de</strong> dívida, que eracontra nós e que constava <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nanças, o qual nosera prejudicial, removeu-o inteiramente, encravandoona cruz; e, <strong>de</strong>spojando os principados e aspotesta<strong>de</strong>s, publicamente os expôs ao <strong>de</strong>sprezo,triunfando <strong>de</strong>les na cruz.”Colossenses 2:14,15“Visto, pois, que os filhos têm participação comum<strong>de</strong> carne e sangue, <strong>de</strong>stes também ele, igualmente,participou, para que, por sua morte, <strong>de</strong>struísse aqueleque tem o po<strong>de</strong>r da morte, a saber, o Diabo, e livrassetodos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos àescravidão por toda a vida.”Hebreus 2:14,1546


eprodução proibidaSatanás a Serviço <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>Aleluia! Um texto diz que na cruz Jesus <strong>de</strong>spojou osprincipados e potesta<strong>de</strong>s e triunfou <strong>de</strong>les; outro diz que eranecessário Jesus morrer para que pela morte Ele <strong>de</strong>struísseo que tinha o po<strong>de</strong>r da morte, o Diabo. A tentativa maligna<strong>de</strong> <strong>de</strong>struir Jesus virou contra o próprio Diabo e o <strong>de</strong>struiu!Nossa mente não po<strong>de</strong>ria imaginar jamais que <strong>Deus</strong>escolheria um caminho assim tão estranho para vencer oDiabo, dar-lhe um aparente gostinho <strong>de</strong> “vitória”, enquantousava isto para <strong>de</strong>struí-lo. Não po<strong>de</strong>mos enten<strong>de</strong>r o agir <strong>de</strong><strong>Deus</strong>. E o Senhor faz questão <strong>de</strong> que assim seja, pois nestasua maneira <strong>de</strong> agir não somente nós, os homens, ficamossem enten<strong>de</strong>r o que está acontecendo, mas o próprio Diabotambém fica; e na verda<strong>de</strong> esta é uma das razões <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>agir assim, para levar o próprio Diabo a trabalhar para Elemuitas vezes, como servo compulsório. Há vários textoscapazes <strong>de</strong> confundir a cabeça <strong>de</strong> qualquer um se não foremvistos por este prisma.Permissões divinas para ações satânicasEncontraremos algumas vezes nas Escrituras, textos quenos mostram permissões divinas para ações satânicas. Querochamar sua atenção para alguns <strong>de</strong>les; e começaremos comum dos mais conhecidos (porém mal entendidos) exemplos,o <strong>de</strong> Jó, que foi duramente atacado pelo Diabo. Só que o Diaboconseguiu permissão para furar o bloqueio da proteção divina;e quem a <strong>de</strong>u foi exatamente o Chefe da segurança!“Perguntou ainda o Senhor a Satanás:Observaste o meu servo Jó? Porque ninguém há naterra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente47


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.coma <strong>Deus</strong> e que se <strong>de</strong>svia do mal.Então, respon<strong>de</strong>u Satanás ao Senhor: Porventura,Jó <strong>de</strong>bal<strong>de</strong> teme a <strong>Deus</strong>?Acaso, não o cercaste com sebe, a ele, a sua casa e atudo quanto tem? A obra <strong>de</strong> suas mãos abençoaste, e osseus bens se multiplicaram na terra.Esten<strong>de</strong>, porém, a mão, e toca-lhe em tudo quantotem, e verás se não blasfema contra ti na tua face.Disse o Senhora Satanás: Eis que tudo quanto eletem está em teu po<strong>de</strong>r; somente contra ele não estendasa mão. E Satanás saiu da presença do Senhor.”Jó 1:8-12Durante muito tempo não aceitei o livro <strong>de</strong> Jó. Dizemque durante a Reforma Martinho Lutero quis tirar o livro <strong>de</strong>Tiago da Bíblia, pois sua maior revelação na Palavra haviasido a da justificação pela fé, e as afirmações <strong>de</strong> Tiago sobreas obras o incomodavam; não sei se isto realmente foi assim,mas eu já tive vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> que o livro <strong>de</strong> Jó não estivesse naBíblia! Como não po<strong>de</strong>ria tirá-lo, tentei arrumar explicaçõespara o porque isto teria acontecido.Então comecei a ensinar que Jó havia dado brecha aoDiabo; dizia que ele era medroso, que era por ter tanto medodos filhos pecarem, que ele fazia sacrifícios preventivos, eque foi a porta do medo que ele abriu que <strong>de</strong>ixou o adversárioentrar, pois ele mesmo admitiu: “Aquilo que temo mesobrevêm, e o que receio me acontece” (Jó 3:25). Mas Jódisse isto <strong>de</strong>pois das coisas estarem lhe acontecendo; equanto a dizer que era brecha espiritual, fica difícil ajustaristo ao testemunho que o Senhor dá acerca <strong>de</strong>le, dizendoser homem justo e irrepreensível; qualquer um que48


eprodução proibidaSatanás a Serviço <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>estivesse dando brecha e lugar ao Diabo <strong>de</strong>veria serconsi<strong>de</strong>rado repreensível, mas ele não foi, pois não eraeste o seu problema. Se Jó somente estivesse colhendo oque ele mesmo autorizou o Diabo a fazer, então Satanásnem teria que pedir permissão a <strong>Deus</strong>.Tudo isto é bobagem, são explicações simplistas paraque outras doutrinas que formamos fiquem <strong>de</strong> pé. O fato éque este é um exemplo <strong>de</strong> uma permissão divina para umaação satânica. Mas <strong>Deus</strong> não dá este espaço ao Diabo à toa;foi mais uma sataneira. E no fim Jó teve a restituição <strong>de</strong>tudo mas, o que é mais importante, ele termina dizendo:“Eu te conhecia só <strong>de</strong> ouvir, mas agora os meus olhos tevêem.” (Jó 42:5). No fim das contas, o Diabo acabouaproximando Jó ainda mais <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>. Isto faz parte do agirinvisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>. O Senhor está agindo mesmo nosmomentos e circunstâncias quando parece que nosabandonou. Ele está no controle.Observe um outro exemplo bíblico:“Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou paravos peneirar como trigo! Eu, porém, roguei por ti, paraque a tua fé não <strong>de</strong>sfaleça; tu, pois, quando teconverteres, fortalece os teus irmãos.”Lucas 22:31,32Confesso que isto me assusta. É um tipo <strong>de</strong> coisa queninguém gostaria <strong>de</strong> ouvir <strong>de</strong> Jesus. Ele se chega para Pedroe lhe diz: - “Olha, o Diabo pediu para apertar vocês e ver oque é que sobra”. Estou parafraseando o que foi dito, pois osignificado <strong>de</strong> peneirar é este; se o grão for graúdo fica napeneira, se não for, sai do outro lado. O que Simão Pedro49


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comprovavelmente esperava e, certamente, se fosse comigoou com você também seria o que nós esperaríamos, é queJesus dissesse não ao Diabo e o mandasse embora. Só quenão foi isto que aconteceu. Então Jesus comunica a Pedroque <strong>de</strong>ixou o Diabo ir com tudo para cima <strong>de</strong>les, mas avisa:- “Não é porque <strong>de</strong>ixei ele atacar que isto signifiqueabandono; já orei por você para que sua fé não <strong>de</strong>sfaleça;estou cobrindo você.” Mas a maneira como Cristo encerrao assunto nos mostra o que Ele esperava do final daquilotudo: - “Mas tu, quando te converteres, fortalece a teusirmãos”. Em outras palavras, Jesus estava dizendo queaquela prova tocaria o coração <strong>de</strong> Pedro <strong>de</strong> maneira tãoforte, que ele se converteria, mudaria radicalmente. E olucro não seria só <strong>de</strong>le, mas <strong>de</strong>veria ser repartido com osirmãos, os outros discípulos.Esta foi uma permissão divina para uma ação satânica.Só que não se tratava <strong>de</strong> um abandono, nem <strong>de</strong> juízo, nemtampouco <strong>de</strong> injustiça da parte <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>. Este ocorrido foiparte do agir invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> e, tenha certeza: foi maisuma sataneira, que fez com que o Diabo ajudasse a fé <strong>de</strong>Pedro a se fortalecer, em vez <strong>de</strong> <strong>de</strong>struí-la. Mais uma vezele trabalhou para <strong>Deus</strong>.Nas cartas <strong>de</strong> Jesus às igrejas da Ásia, encontramosoutro exemplo <strong>de</strong> uma permissão divina para um ataquesatânico:“Não temas as coisas que tens <strong>de</strong> sofrer. Eis que oDiabo está para lançar em prisão alguns <strong>de</strong>ntre vós,para ser<strong>de</strong>s postos à prova, e tereis tribulação <strong>de</strong> <strong>de</strong>zdias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.”Apocalipse 2:1050


eprodução proibidaSatanás a Serviço <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>Novamente vemos Jesus avisando, antecipadamente,que o Diabo vai fazer algo contrário. Porém, não o vemosfazendo nada para impedir o Diabo, nem tampoucomandando estes irmãos resistirem ou lutarem. Mas Jesusavisa antes <strong>de</strong> acontecer (como com Pedro) para quesaibamos que o controle está nas mãos d’Ele, e não nas doDiabo. O que Ele pe<strong>de</strong> é fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong>, que não <strong>de</strong>ixem ainvestida do inimigo mudar sua fé. E isto é vitória, mesmoque não pareça. Para mim é difícil imaginar porque <strong>Deus</strong><strong>de</strong>ixaria alguém ser preso, ainda mais em se tratando <strong>de</strong>que o Diabo é que o lançou na prisão. Mas sei <strong>de</strong> umacoisa, os caminhos e pensamentos <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> são mais altosque os nossos, e não há como entendê-lo em seu agir. Masuma coisa eu sei, se Ele <strong>de</strong>ixou o Diabo fazer algo, é maisuma sataneira; Satanás vai trabalhar para <strong>Deus</strong> <strong>de</strong> novo!Não estou dizendo que tudo o que o Diabo faz é prestação<strong>de</strong> serviços para <strong>Deus</strong>, mas que há circunstâncias on<strong>de</strong> oSenhor lhe põe armadilhas. O Diabo é como um cão preso;só vai até on<strong>de</strong> o tamanho da corrente permitir. Se o Senhorlhe solta um pouco mais a corrente e o <strong>de</strong>ixa ir um poucomais longe, não significa que ele está solto. <strong>Deus</strong> está nocontrole das nossas vidas e se por acaso o Diabo tiveralguma permissão <strong>de</strong> chegar perto, não se assuste; se vocêé um servo <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> e isto lhe ocorrer, saiba que o Senhoro botou para trabalhar.Um dos textos que mais nitidamente mostramSatanás sob o controle divino está no Apocalipse:“Então, vi <strong>de</strong>scer do céu um anjo; tinha na mão achave do abismo e uma gran<strong>de</strong> corrente. Ele segurou odragão, a antiga serpente, que é o Diabo, Satanás, e o51


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.compren<strong>de</strong>u por mil anos; lançou-o no abismo, fechou-o epôs selo sobre ele, para que não mais enganasse asnações até se completarem os mil anos. Depois disto, énecessário que ele seja solto pouco tempo.Quando, porém, se completarem os mil anos,Satanás será solto da sua prisão e sairá a seduzir asnações que há nos quatro cantos da terra, Gogue eMagogue, a fim <strong>de</strong> reuní-las para a peleja. O número<strong>de</strong>ssas é como a areia do mar. Marcharam, então, pelasuperfície da terra e sitiaram o acampamento dos santose a cida<strong>de</strong> querida; <strong>de</strong>sceu, porém, fogo do céu e osconsumiu.O Diabo, o sedutor <strong>de</strong>les, foi lançado para <strong>de</strong>ntrodo lago <strong>de</strong> fogo e enxofre, on<strong>de</strong> já se encontram não só abesta como também o falso profeta; e serão atormentados<strong>de</strong> dia e <strong>de</strong> noite, pelos séculos dos séculos.”Apocalipse 20:1-3,7-10Na hora certa <strong>de</strong> Satanás ser preso, não seránecessário mais do que um anjo. Somente um dará contado recado. Isto mostra que o Diabo não é tão gran<strong>de</strong> comoos crentes às vezes o estão pintando, pois nosso <strong>Deus</strong> é oTodo-Po<strong>de</strong>roso. Satanás tem po<strong>de</strong>r, mas não todo o po<strong>de</strong>r;isto somente nosso <strong>Deus</strong> tem. Na hora certa, <strong>de</strong>terminadapor <strong>Deus</strong>, o Diabo será preso e permanecerá preso pormil anos, mas <strong>de</strong>pois é necessário que seja solto por umpouco <strong>de</strong> tempo. Observe o termo “necessário”; o Diaboprecisa ser solto. Precisa por que? Porque vai realizar maisum último trabalho para <strong>Deus</strong>! É claro que ele nunca achaque está trabalhando para <strong>Deus</strong>, senão <strong>de</strong>ixaria <strong>de</strong> agir; masao fim <strong>de</strong> muitas empreitadas, não resta dúvida, ele acabou52


eprodução proibidaSatanás a Serviço <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>caindo em muitas sataneiras. Após mil anos <strong>de</strong> um reinado<strong>de</strong> paz e justiça, com a presença física <strong>de</strong> Jesus na terra,com tudo em plena harmonia, e ainda por cima sem Diabopara azucrinar a vida <strong>de</strong> ninguém, ainda assim haverá genteque se rebelará contra o Senhor; gente que por fora seren<strong>de</strong>u ao senhorio <strong>de</strong> Cristo, mas não por <strong>de</strong>ntro. E Satanásfará o trabalho da peneira, para ver quem é quem. Depoisele e os que se rebelaram serão julgados e lançados nolago <strong>de</strong> fogo.Até a sua última hora, Satanás estará sob o controledivino e prestando serviços. Sei que falo com certa ironia,mas quero tentar chocar aqueles que acham que o Diaboestá fora <strong>de</strong> controle. É certo que quando alguém dádireitos legais para que Satanás opere em sua vida, e eleentra <strong>de</strong>struindo tudo, <strong>Deus</strong> não se agrada disto; não foiEle quem mandou o Diabo fazer o serviço, mas nãopo<strong>de</strong>mos negar que ao criar os princípios espirituais, <strong>Deus</strong>criou também um risco <strong>de</strong> ter que ver o seu adversárioatacar alguém, e com direito para isto. Não quer dizer que<strong>Deus</strong> man<strong>de</strong> o Diabo fazer o serviço sujo! Não, mil vezesnão! Mas mesmo assim, <strong>Deus</strong> tem o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> levar aquelacircunstância negativa, que não era <strong>de</strong> seu agrado queacontecesse, para uma outra dimensão em que bênçãospo<strong>de</strong>rão redundar do ocorrido; e é importante lembrar que<strong>Deus</strong> é presciente, ou seja, sabe <strong>de</strong> tudo mesmo antes <strong>de</strong>acontecer. Ele sabe on<strong>de</strong> o Diabo vai atacar e quais danoscausará; sabe como reverter a situação e transformá-la emlucro mesmo antes que ocorra.<strong>Deus</strong> é <strong>Deus</strong>. Aleluia!53


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.com3MAIS QUE VENCEDORES“Em todas estas coisas, porém, somos mais quevencedores, por meio daquele que nos amou.”Romanos 8:37O evangelho <strong>de</strong> Jesus é um evangelho vitorioso. ABíblia diz que <strong>Deus</strong> “sempre nos conduz em triunfo” (IICo.2:14); portanto po<strong>de</strong>mos dizer que o evangelho é triunfo- em termos finais. O apóstolo João <strong>de</strong>clarou que todo oque é nascido <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> vence o mundo; nascer <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> fazcom que participemos da natureza divina, e <strong>Deus</strong> é um<strong>Deus</strong> <strong>de</strong> vitória; temos, portanto, toda a capacitação paravencermos. Isto é muito claro nas Escrituras: fomoschamados para vencer! Mas o ensino concernente a istotem gerado muita polêmica no Corpo <strong>de</strong> Cristo nestes dias,não porque seja difícil compreen<strong>de</strong>r pela Palavra <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>que nossa caminhada é vitoriosa, mas porque nossoconceito <strong>de</strong> vida vitoriosa está muito distante daquilo quea Bíblia apresenta. Fantasiamos <strong>de</strong>mais, e achamos queseremos totalmente intocáveis, mas a Palavra <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> nãoensina isto. O que ela ensina e promete é vitória. Vitória54


eprodução proibidaMais Que Vencedoressempre e em todas as circunstâncias. Mas se há algo queprecisamos enten<strong>de</strong>r melhor, e é o quê é vitória, como equando ela se dá em nossa vida. Assim nos livramos dotriunfalismo aparatoso e exagerado.Vencer é prevalecer sobre o inimigo na batalha. Nãose trata <strong>de</strong> ser inatingível, mas <strong>de</strong> prevalecer sobre oinimigo. Muita gente tem pregado em nossos dias umevangelho que dá garantia sobre tudo; se você não quermais problemas venha a Jesus (e a igreja tal...) e tudo estarábem. Des<strong>de</strong> o começo <strong>de</strong> meu ministério, cri e pregueisinceramente este tipo <strong>de</strong> vitória; não nesta intensida<strong>de</strong> enem nestas palavras, mas muitas vezes dava a enten<strong>de</strong>rexatamente isto; dizia às pessoas que se elas realmentecressem nas promessas do Senhor, estariam levantando oescudo da fé e não seriam <strong>de</strong> forma alguma atingidas peloinimigo em tempo algum. Minha pregação não era frutosomente da influência <strong>de</strong> outros ministérios queproclamavam este tipo <strong>de</strong> vitória, mas principalmenteporque eu vivia isto. Tive experiências tremendas <strong>de</strong>livramentos <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>; numa <strong>de</strong>las, num assalto, on<strong>de</strong> oladrão colocou uma arma na minha cara, houve umainterferência angelical e a história terminou comigoevangelizando o assaltante que acabou não levando nadameu. Por causa do que eu mesmo experimentava, acabavadando muita ênfase nisto; mas o Senhor abriu meus olhose me mandou escrever este livro para abrir os olhos <strong>de</strong>seu povo. Não estou escrevendo contra quem tem pregado<strong>de</strong>sta forma; creio que a maioria dos pregadores que dãoesta ênfase é sincera e não têm encontrado no ensinoconvencional uma clareza bíblica que os leve a ver commais profundida<strong>de</strong> o assunto. Ainda assim, prefiro milhares55


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.com<strong>de</strong> vezes que alguém exagere na ênfase da nossa vitória,do que pregue um evangelho <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrota, conformista. Masprefiro muito mais que os crentes em geral compreendama vitória bíblica, do ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, a proclamaremuma vitória utópica.Toda vez que eu citava Romanos 8:37, falava <strong>de</strong>como somos mais que vencedores; mas para mim a idéia<strong>de</strong> mais que vencedor é que nós não apenas éramosvencedores, mas nos encontrávamos num patamar bemmais alto; ou seja, se ser vencedor já era bom, mais quevencedor era ainda melhor, mais intenso. Para mim, maisque vencedor significava vitória <strong>de</strong>mais. Porém, <strong>de</strong>poisque <strong>Deus</strong> começou a <strong>de</strong>svendar meus olhos paracompreen<strong>de</strong>r seu tratamento em minha vida, uma dasprimeiras coisas que Ele me falou foi sobre corrigir meuconceito <strong>de</strong>ste versículo.Um dia, o Espírito Santo falou comigo enquanto eulia esta passagem. Ele questionou-me o que queria dizer aexpressão “mais que vencedor”. Eu sabia muito bem porqueEle me perguntava; não porque precisasse saber o que eupensava, mas para me fazer meditar no assunto. Respondique achava se tratar <strong>de</strong> um nível mais elevado <strong>de</strong> vitória,daquele andar triunfalista que eu pregava. E imediatamenteo Senhor falou comigo que na vida espiritual não existedois patamares <strong>de</strong> vitória (o do vencedor e o do mais quevencedor); vencedor é o que há <strong>de</strong> mais elevado. Ou alguémvence ou é <strong>de</strong>rrotado, e só. Então o Espírito me disse quemais que vencedor significa que, além <strong>de</strong> vencermos abatalha, ao fim <strong>de</strong>la seremos alguma coisa a mais! Não sóterminaremos como vencedores, mas seremos algo mais.A partir <strong>de</strong>sta afirmação, o Espírito Santo conduziu-me56


eprodução proibidaMais Que Vencedorespor um passeio nas Escrituras, começando pelo seucontexto e se esten<strong>de</strong>ndo a muitos exemplos e <strong>de</strong>claraçõesbíblicas que comprovam isto. No fim <strong>de</strong> cada batalha nãoseremos apenas vencedores, mas também teremos sidotratados por <strong>Deus</strong> em nossa alma!O tratamento <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>Chamo <strong>de</strong> tratamento o amadurecimento que oSenhor produz em nossas vidas em meio às provas etribulações. Nosso caráter é aperfeiçoado, enriquecido emmeio à adversida<strong>de</strong>. Isto não significa que o crescimentovenha somente <strong>de</strong>sta forma. Há muitas formas <strong>de</strong> crescerespiritualmente: o envolvimento com a Palavra, que énosso alimento espiritual; o ensino e ministração dos maismaduros; nossa vida <strong>de</strong> oração pessoal e as respostas eexperiências que <strong>de</strong>la <strong>de</strong>correm. Há tanta coisa que po<strong>de</strong>ser mencionada! Mas quando falo <strong>de</strong> tratamento, refiromeà forma <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> tratar com as áreas difíceis <strong>de</strong> nossasvidas, especialmente aquelas em que não queremos nos<strong>de</strong>ixar ser trabalhados e mudados profundamente.O contexto da afirmação <strong>de</strong> que somos mais quevencedores nos mostra isto. O versículo começa dizendo:“mas em todas estas coisas”. A palavra “mas” revela quenão interessa o que foi mencionado antes a vitória nospertence e chegará a nós. E a frase “em todas estas coisas”mostra que não somente a vitória virá, mas em meio a quecondições ela virá. O que são todas estas coisas a que Paulose refere? O próprio texto bíblico respon<strong>de</strong>. É só examinálo<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> seu contexto:57


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.com“Quem nos separará do amor <strong>de</strong> Cristo? Serátribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ounu<strong>de</strong>z, ou perigo, ou espada?Como está escrito: Por amor <strong>de</strong> ti, somos entreguesà morte o dia todo, fomos consi<strong>de</strong>rados como ovelhaspara o matadouro.Em todas estas coisas, porém, somos mais quevencedores, por meio daquele que nos amou.”Romanos 8:35-37Veja exatamente o que o apóstolo Paulo haviamencionado:• tribulação,• angústia,• perseguição,• fome,• nu<strong>de</strong>z,• perigo,• espada.Aqui temos a resposta do que são “todas estascoisas”, e isto não se parece com um evangelho on<strong>de</strong> ocrente é intocável! Contudo não é tampouco a forma como<strong>de</strong>vemos viver, mas algo a que, ocasional etemporariamente, po<strong>de</strong>mos vir a estar sujeitos. Observeque não estou dizendo que temos que passar por estascoisas, mas sim que po<strong>de</strong>mos (po<strong>de</strong> ser que aconteça,po<strong>de</strong> ser que não); e, ainda assim, se vier a acontecer,será ocasional e temporário. O quadro <strong>de</strong> tribulaçãocertamente será mudado, pois nestas coisas somos maisque vencedores! <strong>Deus</strong> não nos chamou para viver nelas,58


eprodução proibidaMais Que Vencedoresmas também nunca disse que elas não tinham a menorpossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aparecer por perto e até mesmo ficaremum pouquinho.Portanto, ser mais que vencedor não é <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong>passar por estas coisas, mas sim vencer em meio à elas eapesar <strong>de</strong>las! A tribulação virá e po<strong>de</strong> durar um tempo, masao fim <strong>de</strong>la você será vencedor, pois está em Cristo. Masvocê não apenas vencerá como também chegará ao fim daluta e da adversida<strong>de</strong> mais maduro, mais forte, e teráexperimentado um tratamento todo especial <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> emseu caráter cristão. As tribulações vêm e vão e sepermanecermos firmes no Senhor, sempre as venceremos,mas quando elas se vão nos <strong>de</strong>ixam melhores que antes. Éo que diz a Bíblia:“Meus irmãos, ten<strong>de</strong> por motivo <strong>de</strong> toda alegria opassar<strong>de</strong>s por várias provações, sabendo que aprovação da vossa fé, uma vez confirmada, produzperseverança.Ora, a perseverança <strong>de</strong>ve ter ação completa, paraque sejais perfeitos e íntegros, em nada <strong>de</strong>ficientes”.Tiago 1:2-4Algumas <strong>de</strong>ficiências serão tratadas em nós pelopo<strong>de</strong>r das provas, que são permitidas pelo Senhor para quepossamos chegar a ser perfeitos e íntegros, completos.Não creio que o Senhor queira nos fazer sofrer, mas nossateimosia e rebeldia nos impe<strong>de</strong>m <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r. Penso quequanto mais maleável, tratável, for alguém e correspon<strong>de</strong>rcom rendição ao Senhor, menos tratamento terá. Mas nãocreio que haja alguém tão perfeito e puro, com tal domínio59


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.com<strong>de</strong> seu coração enganoso, que não passe por nenhumaespécie <strong>de</strong> tratamento. Até mesmo Jesus, sem nunca terpecado, passou por isto:“Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido,com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quemo podia livrar da morte e tendo sido ouvido por causada sua pieda<strong>de</strong>, embora sendo Filho, apren<strong>de</strong>u aobediência pelas coisas que sofreu e, tendo sidoaperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna paratodos os que lhe obe<strong>de</strong>cem”Hebreus 5:7-9Jesus apren<strong>de</strong>u - como homem - a obediência pelascoisas que sofreu. A Bíblia diz que Ele foi aperfeiçoado(este é o propósito das provas) em meio ao sofrimento. Ese até mesmo Ele passou por este processo, o que nosleva a pensar que estamos isentos e que tal não nossuce<strong>de</strong>rá?<strong>Deus</strong> tem uma in<strong>de</strong>scritível habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aproveitaras circunstâncias, mesmo as mais negativas, para usá-lasem nossas vidas. Isto não quer dizer que viveremos nelas.Temos uma promessa <strong>de</strong> vitória, elas chegarão ao fim enós teremos o livramento do Senhor, mas quando elastiverem ido <strong>de</strong>ixarão um tratamento divino em nosso caráter,que se <strong>de</strong>u durante a prova. No meu caso, por exemplo, noaci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> carro pelo qual passei, sofri perdas materiais.Tudo o que perdi me foi restituído <strong>de</strong> forma multiplicada<strong>de</strong>pois, mas até que isto acontecesse eu não conseguiaenten<strong>de</strong>r porque <strong>Deus</strong> havia <strong>de</strong>ixado Satanás roubar meusbens. O momento da restituição foi a vitória que eu esperava,60


eprodução proibidaMais Que Vencedoresmas quando ela veio, <strong>de</strong>scobri que eu não apenas haviavencido, mas me tornara mais que vencedor naquela situação,pois aprendi muito acerca <strong>de</strong> valores. Nossa mente está muitapresa a valores materiais somente; só pensamos emnúmeros, e com um cifrão na frente! Eu avaliava minhasperdas usando a calculadora; quanto eu havia perdido nocarro, em roupas, em livros, e coisas assim. Mas quando<strong>Deus</strong> começou a mostrar-me os lucros, vi que tais divi<strong>de</strong>ndosnão podiam ser somados numa calculadora! O fato <strong>de</strong> oSenhor ter me livrado <strong>de</strong> cair e comprometer minha vidaespiritual e ministerial e também <strong>de</strong> ter sido conduzido aolugar e obra que Ele tinha para minha vida não po<strong>de</strong>m sermedidos em números! Hoje eu pagaria muitas vezes mais oque aparentemente perdi naquele aci<strong>de</strong>nte para po<strong>de</strong>r ter ascoisas que com ele me sobrevieram. Para o nosso <strong>Deus</strong>não há nada que não possa redundar em benção na vidadaqueles que o amam e estão sob o seu propósito eterno:“Sabemos que todas as coisas cooperam para obem daqueles que amam a <strong>Deus</strong>, daqueles que sãochamados segundo o seu propósito.”Romanos 8:28Não há nada, absolutamente nada que nos suceda quefuja ao controle <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>. Ele conhece todas as coisasantecipadamente; conhece também o futuro e on<strong>de</strong> cadaexperiência do passado vai ser útil; sua Soberania éimpossível <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>scrita ou explicada. Há certastribulações que vão trabalhar em nossas vidas, forjandoum melhor caráter para <strong>Deus</strong>. Muitas pessoas só conhecemos verda<strong>de</strong>iros valores em meio às perdas materiais. Jófoi alguém que conhecia a benção da prosperida<strong>de</strong>, mas61


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comem meio às perdas, conheceu valores ainda mais profundosdo relacionamento com <strong>Deus</strong> do que aqueles que possuíaantes, a ponto <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r dizer: - “Antes eu te conhecia só<strong>de</strong> ouvir falar, mas agora meus olhos te vêem” (Jó 42:5).Em <strong>de</strong>terminadas ocasiões <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s teremosque apren<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> mesmo. Mas estamossendo tratados; estamos sendo levados para o matadouro,morrendo para nosso eu, triturando nossa carne. Josépassou por anos <strong>de</strong> provas terríveis; foi vendido comoescravo pelos seus irmãos, distanciou-se <strong>de</strong> sua família efoi sujeito a uma gran<strong>de</strong> vergonha e humilhação. Mas elenão se entregou. Lutou até se tornar o mais alto funcionáriona casa em que entrou como escravo. Quando parecia queas coisas estavam se acalmando foi preso injustamente pelasua lealda<strong>de</strong> ao seu senhor. Na prisão ele lutou contra ascircunstâncias e chegou a ser chefe dos presos em seustrabalhos. Somente <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> muitos anos veio a vitória.Ele foi exaltado a governador, e livrou seu povo <strong>de</strong> ser<strong>de</strong>struído pela fome. Mas não creio que tenha sido só istoe mais nada. Havia um novo homem <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> José,amadurecido pelas provas, digno <strong>de</strong> governar e quereconheceu tudo sob o controle <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> a ponto <strong>de</strong> dizeraos seus irmãos: “Vós, na verda<strong>de</strong>, intentastes o malcontra mim; porém <strong>Deus</strong> o tornou em bem, para fazer,como ve<strong>de</strong>s agora, que se conserve muita gente em vida”(Gn.50:20). Quem <strong>de</strong>ra cada um <strong>de</strong> nós pu<strong>de</strong>sse ver estasoberania <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> sobre as circunstâncias como José viu!Mas isto não acontece sem as provações; são nelas queapren<strong>de</strong>mos a ver <strong>Deus</strong> numa dimensão mais profunda.Infelizmente, em nossos dias o evangelho diluído quese prega está formando uma geração <strong>de</strong> medrosos e covar<strong>de</strong>s62


eprodução proibidaMais Que Vencedoresque correm diante das adversida<strong>de</strong>s; mas uma reviravoltaestá por acontecer! O Senhor levantará um exército cuja féestará firmada n’Ele e não nas circunstâncias, e o diabo nãopo<strong>de</strong>rá barrá-los com nada. Este dia se aproxima e este livroem suas mãos é uma convocação divina para que você sejunte a este exército. O Senhor quer uma geração <strong>de</strong> crentesvalorosos que realmente po<strong>de</strong>m tudo naquele que osfortalece.Po<strong>de</strong>ndo tudo naquele que nos fortaleceA gran<strong>de</strong> maioria dos cristãos <strong>de</strong> hoje não enten<strong>de</strong> aclássica afirmação <strong>de</strong> Paulo que tanto repetimos: “Tudoposso naquele que me fortalece” (Fl.4:13). Decoram oversículo, colocam-no em tantos lugares na forma <strong>de</strong>a<strong>de</strong>sivo: porta <strong>de</strong> casa, vidro do carro, capa <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>rno,etc; pintam-no nas camisetas, fazem tudo com ele, masnão o enten<strong>de</strong>m! Po<strong>de</strong>r tudo em <strong>Deus</strong> não reflete só a forçapara vencer, mas sim para suportar as circunstâncias atéque venha a vitória. Quando examinamos o seu contextovemos que é exatamente disto que Paulo falava:“Alegrei-me, sobremaneira, no Senhor porque,agora, uma vez mais, renovastes a meu favor o vossocuidado; o qual também já tínheis antes, mas vos faltavaoportunida<strong>de</strong>.Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendia viver contente em toda e qualquer situação.Tanto sei estar humilhado como também serhonrado; <strong>de</strong> tudo e em todas as circunstâncias, já tenhoexperiência, tanto <strong>de</strong> fartura como <strong>de</strong> fome; assim <strong>de</strong>63


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comabundância como <strong>de</strong> escassez; tudo posso naquele queme fortalece.Todavia, fizestes bem, associando-vos na minhatribulação.”Filipenses 4:13Tanto no versículo 10 como no 14, Paulo fala queestava em tribulação, ou seja, necessida<strong>de</strong>s materiais. Osirmãos interviriam com uma ajuda, uma oferta amorosapara seu sustento, e ele lhes diz que ela veio <strong>de</strong> encontro àsua necessida<strong>de</strong> do momento, ou como ele mesmo<strong>de</strong>nomina: pobreza. Mas o apóstolo não reclama daprivação, mas diz que apren<strong>de</strong>u a viver contente em toda equalquer situação.Observe isto: ele apren<strong>de</strong>u o contentamento, o quesignifica que no início <strong>de</strong> sua carreira cristã ele não opossuía. E on<strong>de</strong> foi que ele apren<strong>de</strong>u a exercer esta virtu<strong>de</strong>?Em meio a abundância ou à falta? É claro que na falta, poissão em circunstâncias como esta que <strong>Deus</strong> trata conosco.Quando chegou a provisão enviada pelos irmãosfilipenses, Paulo teve a vitória sobre a privação enecessida<strong>de</strong>, mas ele não apenas venceu, ele foi mais quevencedor! Ele venceu e apren<strong>de</strong>u o contentamento.Apren<strong>de</strong>u que sua alegria em <strong>Deus</strong> in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do queacontece do lado <strong>de</strong> fora e <strong>de</strong>ve estar presente em toda equalquer situação. Apren<strong>de</strong>u que não são as circunstânciasque <strong>de</strong>vem reger nossos sentimentos, mas sim a confiançano <strong>Deus</strong> da nossa vitória. Ele foi tratado pelo Senhor aponto <strong>de</strong> se <strong>de</strong>sapegar completamente das coisas materiaise viver contente pelo fato <strong>de</strong> que <strong>Deus</strong> é maior do quenossos problemas e intervém neles.64


eprodução proibidaMais Que VencedoresPaulo ainda diz que tinha experiência em tudo, tantona fartura e abundância como na falta e escassez, mas quenão interessava que tipo <strong>de</strong> situação ele passava, pois elepodia todas as coisas naquele que o fortalecia: <strong>Deus</strong>. Evemos claramente que po<strong>de</strong>r todas as coisas não é <strong>de</strong>ixar<strong>de</strong> passar por tribulações, nem tampouco vencê-las tãoimediatamente cheguem, mas suportá-las paciente econfiantemente sabendo que a vitória do Senhor é certa eque ela chegará a tempo.O Senhor está à procura <strong>de</strong> homens e mulheres quese <strong>de</strong>ixarão ser tão trabalhados por ele nessa questão eque virão a ser soldados <strong>de</strong> tamanho po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> guerra quedarão muita dor <strong>de</strong> cabeça ao diabo.Já é tempo <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixarmos <strong>de</strong> lado nosso egoísmocomo se o evangelho fosse apenas um meio pelo qualtemos nossos sonhos realizados; não servimos a <strong>Deus</strong> porcausa do que Ele faz, mas sim por causa do que Ele é! Nãoestou negando que <strong>Deus</strong> faz, pois realmente faz, e fazmuito pelos seus! O que estou afirmando é que o que Elenos faz não é mais importante do que o que Ele é.Quando Moisés queria um nome para anunciar a Israelquem era o <strong>Deus</strong> que se revelara a ele na sarça, <strong>Deus</strong>chamou-se a si mesmo <strong>de</strong> Eu Sou. Quando alguém chega aponto <strong>de</strong> servir ao Senhor baseado naquilo que Ele é,in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do que Ele faz, está num lugar on<strong>de</strong> odiabo não po<strong>de</strong>rá prendê-lo no seu ministério.O apóstolo Paulo estava dizendo que tendo a provisãomaterial em abundância ou não, ele vivia contente <strong>de</strong>qualquer forma, pois muito acima dos milagres <strong>de</strong> provisão- que sempre aconteciam em sua vida - ele apren<strong>de</strong>ra a serelacionar com <strong>Deus</strong> e se fortalecer nele.65


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comIsto é ser mais que vencedor. É, além <strong>de</strong> vencer acircunstância que se atravessa, ainda crescer com ela.Olhando para o altoFomos chamados para viver acima dascircunstâncias e ter os nossos olhos no Senhor. AsEscrituras Sagradas nos dizem que Satanás veio pararoubar, matar e <strong>de</strong>struir (Jo.10:10). Esta era uma dasmenções bíblicas que eu mais gostava <strong>de</strong> pregar, dandoênfase ao fato <strong>de</strong> que Cristo, por sua vez, veio para nosdar vida e vida com abundância. Eu sempre dizia que odiabo vive tentando roubar a saú<strong>de</strong>, o dinheiro e a família<strong>de</strong> cada vivente, pois ele não quer que ninguém seja felizsob as bênçãos <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>. Mas o fato é que o diabo nãoestá tão preocupado com estas coisas, elas não são seuverda<strong>de</strong>iro alvo. O que ele verda<strong>de</strong>iramente quer é roubarnossa fé e relacionamento com <strong>Deus</strong>. Este é seu fim,seu gran<strong>de</strong> objetivo; mas roubar a saú<strong>de</strong>, o dinheiro e afamília, são os meios que ele usa para tentar conseguirchegar on<strong>de</strong> realmente quer.Portanto, precisamos apren<strong>de</strong>r a viver olhando parao alto, com nossos olhos fixos no Senhor em todo tempo,in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente das circunstâncias à nossa volta. E oprocesso <strong>de</strong> ser mais que vencedor tem a ver com isto.No fim da prova <strong>Deus</strong> não somente nos dá a vitória, comotambém nos ensina a apegarmo-nos mais a Ele, vivendoacima das situações externas. A geração atual <strong>de</strong> crentesvive olhando somente para as coisas terrenas, não temseus olhos em <strong>Deus</strong>. Nossa pregação praticamente sóenfatiza o que é terreno, quase não leva as pessoas a66


eprodução proibidaMais Que Vencedoresolharem o celestial; mas segundo a exortação bíblica,<strong>de</strong>vemos levantar nossos olhos:“Portanto, se fostes ressuscitados juntamente comCristo, buscai as coisas lá do alto, on<strong>de</strong> Cristo vive,assentado à direita <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>.Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aquida terra; porque morrestes, e a vossa vida está ocultajuntamente com Cristo, em <strong>Deus</strong>”.Colossenses 3:1-3Note o mandamento da Palavra que vem como umimperativo: Buscai e pensai nas coisas do alto, não nasque são da terra. Em toda a Bíblia encontraremosadvertências quanto à termos nossos olhos no alto em vez<strong>de</strong> na terra.No tabernáculo <strong>de</strong> Moisés, que <strong>Deus</strong> o mandouconstruir segundo o exato mo<strong>de</strong>lo das visões que ele teveno monte, é impressionante a ênfase figurada que o Senhor<strong>de</strong>u <strong>de</strong>ste assunto. Quando mandou Moisés fazer as quatrocoberturas que se sobrepunham como teto da tenda darevelação, o Pai Celestial mandou que elas fossem todasbordadas, embelezadas; eram um verda<strong>de</strong>iro espetáculoartesanal que ninguém hoje po<strong>de</strong>ria reproduzir, pois a artenão era meramente humana, <strong>Deus</strong> havia enchido osartesãos com seu Espírito para que pu<strong>de</strong>ssem executar omo<strong>de</strong>lo divino or<strong>de</strong>nado. Portanto, quando alguém entravana tenda da revelação, se queria ver algo belo tinha queolhar para cima, para o alto. Mas se conservasse seus olhosno chão não veria beleza alguma, pois <strong>Deus</strong> nunca mandouque fizessem nenhum tipo <strong>de</strong> piso, aon<strong>de</strong> acampavam67


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comutilizavam-se da própria terra do local. Enquanto o tetoera in<strong>de</strong>scritivelmente belo, o chão era feio, <strong>de</strong> terra.Assim também é na vida cristã, a beleza do andar com<strong>Deus</strong> está quando apren<strong>de</strong>mos a olhar para o alto, para <strong>Deus</strong>mesmo e as coisas celestiais; não há beleza numa vida <strong>de</strong>preocupação somente com o terreno. Não há nadaespiritualmente belo num evangelho que só prega sobre odinheiro e os caprichos <strong>de</strong>ste mundo como se isso fosse aprosperida<strong>de</strong> bíblica! Não se engane, nossos olhos <strong>de</strong>vemse levantar bem acima do que é terreno, sejam os atrativos<strong>de</strong>ste mundo ou as circunstâncias negativas que noscercam; <strong>de</strong>vemos olhar para o alto em todo tempo.Crentes que só se preocupam com o dinheiro e seusnegócios, não servirão ao propósito divino da colheita <strong>de</strong>almas, pois para se ter a sensibilida<strong>de</strong> espiritual <strong>de</strong> ver anecessida<strong>de</strong> dos perdidos é preciso tirar os olhos das coisasterrenas e levantá-los para os céus. Jesus mesmo disse:“erguei os olhos e ve<strong>de</strong> os campos, pois já branquejampara a ceifa” (Jo.4:35).Por que o Mestre disse isto aos discípulos?Porque enquanto eles só haviam pensado em buscarcomida e saciar sua fome naquela al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> samaritanos,Jesus se preocupara em ganhar aquela mulher que estavajunto ao poço <strong>de</strong> Jacó, e ela por sua vez, trouxepraticamente toda a al<strong>de</strong>ia para ouvi-lo. Então ele lhes dizque se nossos olhos estiverem no chão, cuidando apenasdas coisas terrenas, não enxergaremos os campos brancospara a ceifa; ou seja, não teremos a sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ver anecessida<strong>de</strong> espiritual das pessoas. Temos que olhar parao alto se queremos ser úteis ao Senhor, pois aqueles quesó olham para o chão <strong>de</strong>sanimam-se nas horas difíceis e68


eprodução proibidaMais Que Vencedores<strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> servi-lo. Já quanto aos que têm seus olhos noSenhor, não há o que os faça parar.Pren<strong>de</strong>r nossos olhos no chão é o gran<strong>de</strong> planosatânico contra nossas vidas; ao atacar nossa saú<strong>de</strong>,família e bens, o que o maligno quer <strong>de</strong> fato é tirar nossosolhos do Senhor, fazendo com que fitemos somente ochão, o terreno. Embora, como diz meu pai, tirar os olhosda terra não significa tirar os pés do chão (a perda dopragmatismo e da disciplina). Há um texto bíblico querevela esta astúcia do inimigo em seus ataques. Observe:“E veio ali uma mulher possessa <strong>de</strong> um espírito<strong>de</strong> enfermida<strong>de</strong>, havia já <strong>de</strong>zoito anos; andava elaencurvada, sem <strong>de</strong> modo algum po<strong>de</strong>r endireitar-se.Vendo-a Jesus, chamou-a e disse-lhe: Mulher,estás livre da tua enfermida<strong>de</strong>; e, impondo-lhe as mãos,ela imediatamente se endireitou e dava glória a <strong>Deus</strong>”.Lucas 13:11-13Esta mulher andava encurvada por quase duasdécadas, e não havia meios <strong>de</strong> se endireitar pois suadoença era espiritual e não física. Tratava-se <strong>de</strong> umespírito maligno <strong>de</strong> enfermida<strong>de</strong>, um agente <strong>de</strong> Satanáspren<strong>de</strong>ndo seu corpo. Há uma figura aqui; esta mulhervivia olhando somente para o chão; sua costa encurvada aimpedia <strong>de</strong> andar olhando para cima. Po<strong>de</strong>mos ver emoperação na vida <strong>de</strong>sta mulher o verda<strong>de</strong>iro plano malignocontra cada cristão; Cristo disse que ela estava numaprisão <strong>de</strong> Satanás:“Por que motivo não se <strong>de</strong>via livrar <strong>de</strong>ste69


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comcativeiro, em dia <strong>de</strong> sábado, esta filha <strong>de</strong> Abraão, aquem Satanás trazia presa há <strong>de</strong>zoito anos?”Lucas 13:16Estar numa prisão <strong>de</strong> Satanás não quer dizer que opróprio príncipe das trevas a prendia pessoalmente, poisjá vimos que era um enviado <strong>de</strong>le, um espírito <strong>de</strong>enfermida<strong>de</strong>, quem realizava o trabalho. Mas Jesusmostrou que tal espírito maligno só estava cumprindoor<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> seu chefe, o que nos permite ver que o planoera <strong>de</strong> Satanás e a execução era do subalterno <strong>de</strong>le.Por que é importante notar isto?Para enten<strong>de</strong>rmos que o inimigo não nos ataca sópor atacar, ele tem planos e estratégias para tentar nos<strong>de</strong>rrubar e <strong>de</strong>vemos nos prevenir contra ele!Que tipo <strong>de</strong> prisão era esta que Jesus mencionou?Não era a doença e nem o espírito <strong>de</strong> enfermida<strong>de</strong>em si, mas a que ponto ele levava esta mulher. Ela nãopodia olhar para o alto! É isto que o diabo quer, quetiremos os nossos olhos <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>; esta era uma crente daépoca, pois foi chamada <strong>de</strong> “filha <strong>de</strong> Abraão”, referênciadada não só por ser naturalmente <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte dopatriarca, mas por esperar na promessa divina feita a ele.Também vemos que ela estava na sinagoga, o quepo<strong>de</strong>ríamos chamar <strong>de</strong> a igreja da época. Não se tratava<strong>de</strong> uma pecadora qualquer que nada queria saber acerca<strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, mas <strong>de</strong> alguém que o temia, cria n’Ele e queriaandar em sua presença.Semelhantemente, Satanás tenta nos pren<strong>de</strong>r comos olhos no chão, para que não olhemos para cima. E porque ele nos ataca <strong>de</strong>sta forma? Porque ele não po<strong>de</strong> nos70


eprodução proibidaMais Que Vencedoresarrancar das mãos <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, como Jesus mesmo falou:“As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu asconheço, e elas me seguem.Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, eninguém as arrebatará da minha mão.Aquilo que meu Pai me <strong>de</strong>u é maior do que tudo; eda mão do Pai ninguém po<strong>de</strong> arrebatar.Eu e o Pai somos um.”João 10:27-30O diabo jamais po<strong>de</strong>rá nos tirar das mãos <strong>de</strong> Jesus!Nunca! Temos um claro pronunciamento <strong>de</strong> Jesus Cristoneste sentido. Mas ele vai atacar com sutileza; ele quer nosindispor com o Senhor, fazendo com que nos voltemoscontra Ele, porque então nós mesmos <strong>de</strong>sceremos dosbraços do Senhor e estaremos expostos.No livro do Apocalipse, o Senhor faz menção dadoutrina <strong>de</strong> Balaão, que costumava ensinar Balaque a portropeços diante dos filhos <strong>de</strong> Israel para que pecassem(Ap.2:14). Lemos em Números que Balaque contratou Balaãopara amaldiçoar a Israel pois tinha medo <strong>de</strong> ser por ele<strong>de</strong>struído na batalha. <strong>Deus</strong> advertiu a Balaão que não fosseapós Balaque, mas ele amou o prêmio da injustiça e<strong>de</strong>sobe<strong>de</strong>ceu. Mas não conseguiu amaldiçoar ao povo doSenhor, pois em cada uma das quatro vezes em que tentoufazê-lo, <strong>Deus</strong> mudou suas palavras em bênçãos sobre osisraelitas. Vendo que nada podia contra o povo, Balaãoaconselhou Balaque, rei dos moabitas, a enviar as mulheresdo seu povo ao arraial dos israelitas para que se prostituíssemcom eles e então os levasse a adorar os <strong>de</strong>uses <strong>de</strong>las.71


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comQual foi o pensamento <strong>de</strong> Balaão?Ele viu que não havia como tocar o povo, pois elesestavam <strong>de</strong>baixo da proteção divina e com <strong>Deus</strong> ninguémpo<strong>de</strong>; então a única saída seria colocar o povo contra <strong>Deus</strong>,visto que <strong>Deus</strong> não abandonaria o povo. E quando através dopecado da prostituição e também da idolatria o povo seafastou do Senhor, então ficou vulnerável, e a ira do Senhorse acen<strong>de</strong>u contra o povo. O que Balaão não podia fazercontra o povo, fez com que o próprio povo fizesse contra simesmo! É assim que o diabo age. Uma vez que ele não po<strong>de</strong>tirar-nos da mão do Senhor, nem fazer nada contra nossasvidas por permanecemos em Cristo, então tenta nos colocarcontra o Senhor, para que saiamos do colo d’Ele e fiquemosvulneráveis.Esta é a razão porque o maligno tanto tenta pren<strong>de</strong>rnossos olhos nas coisas materiais, para que quando conseguirtocar nelas isto venha a doer em nós a tal ponto <strong>de</strong> nosindispormos contra Cristo. Mas na vida daquele que ama oSenhor e tem os olhos n’Ele, o inimigo não consegue isto.Isso nos permite ver porque Satanás investe tantocontra o que possuímos, não porque seja isto o que elequeira, mas por ser o meio para que ele tente chegar on<strong>de</strong>realmente quer chegar: minar nossa fé e relacionamentocom o Senhor. Mas diante disto po<strong>de</strong>mos também enxergarporque <strong>Deus</strong> permite o inimigo investir contra estas áreas<strong>de</strong> nossas vidas; cada ataque maligno po<strong>de</strong> ser visto comoum tempo <strong>de</strong> treinamento e a<strong>de</strong>stramento para os soldadosdo exército divino. No paralelo natural, nunca vemos numquartel os soldados prepararem-se para a guerra passandoum ano inteiro <strong>de</strong>itados em re<strong>de</strong>s com sombra e água fresca.Não! Pois isto não prepara ninguém! Também o Senhor não72


eprodução proibidaMais Que Vencedorestreina seu exército no bem-bom da vida, mas em meio àsprovas e tribulações. E muitas vezes <strong>Deus</strong> permitirá o ataquedo maligno contra seus bens materiais para que ao fim vocênão apenas vença, mas seja mais que vencedor, seja alguémtratado pelo Senhor; pois enquanto Satanás nos tira algotentando fazer com que nosso coração egoísta se volte contra<strong>Deus</strong>, o Senhor por sua vez, permite que aquilo sejatemporariamente tirado até que nosso coração aprenda anão se apegar àquilo mais do que a <strong>Deus</strong>.Às vezes será do interesse não só do diabo, mastambém <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> que algo nos seja temporariamente tirado.Percebi isto em meu aci<strong>de</strong>nte; não era somente Satanás quequeria me tirar o carro e o ministério, mas naquele momentosingular da minha vida <strong>Deus</strong> também queria muito fazê-lo!Não só para me conduzir ao seu plano para a minha vida,mas para me fazer entrar no que aquele anjo celestial chamou<strong>de</strong> “o tratamento <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> comigo”.Mas o golpe do diabo doeu em mim porque minhascoisas valiam mais para mim do que eu imaginava; meusolhos estavam no chão e não no alto. Mas <strong>Deus</strong> me ensinou,e como Paulo posso dizer que aprendi. Quando um homemou uma mulher <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> colocam seus olhos no Senhor eassim permanecem, serão vitoriosos. Tenho aprendido queos ataques mais atrozes do inimigo, como aqueles em quepessoas chegaram a ponto <strong>de</strong> morrer por Cristo, não visavamtocar nas circunstâncias e nem mesmo na vida <strong>de</strong>staspessoas; o diabo não queria que morressem, mas que, pormedo da morte negassem Jesus. Cada vez que um mártir<strong>de</strong>rramou seu sangue pelo evangelho, Satanás não ganhou,só per<strong>de</strong>u. Pois o heroísmo dos mártires somente fortaleceuo evangelho, nunca o enfraqueceu. Nosso conceito <strong>de</strong> vitória73


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comainda é muito carnal, terreno; mas os mártires foram alémdisto e venceram ao diabo (Ap.12:11), pois sabiam manterseus olhos no Senhor. Veja um exemplo disto:“Mas Estevão, cheio do Espírito Santo, fitou osolhos no céu e viu a glória <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> e Jesus, que estava àsua direita, e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filhodo Homem, em pé à <strong>de</strong>stra <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>.Eles, porém, clamando em alta voz, taparam osouvidos e, unânimes, arremeteram contra ele.E, lançando-o fora da cida<strong>de</strong>, o apedrejaram. Astestemunhas <strong>de</strong>ixaram suas vestes aos pés <strong>de</strong> um jovemchamado Saulo.E apedrejavam Estevão, que invocava e dizia:Senhor Jesus, recebe o meu espírito!Então, ajoelhando-se, clamou em alta voz: Senhor,não lhes imputes este pecado! Com estas palavras,adormeceu.”Atos 7:55-60O relato bíblico diz que Estevão, cheio do Espírito,fitou os olhos no céu. Algo que o Espírito Santo vai operarem nós à medida que nos ren<strong>de</strong>mos a Ele, é tirar nossosolhos do chão para o céu; das coisas terrenas para ascelestiais. Estevão foi o primeiro mártir e nos <strong>de</strong>ixou ummo<strong>de</strong>lo perfeito <strong>de</strong> vitória sobre o inimigo: seus olhosestavam em <strong>Deus</strong>, não no que é terreno. E neste texto tenho<strong>de</strong>scoberto um princípio espiritual figurado muito forte:quando nossos olhos estão no Senhor, somos anestesiadospara os ataques malignos contra nossa vida!Estevão foi milagrosa e sobrenaturalmente74


eprodução proibidaMais Que Vencedoresanestesiado por <strong>Deus</strong> contra as pedradas que o mataram; otexto diz que enquanto o apedrejavam ele invocava ao Senhore orava, e mais: diz que ele se colocou <strong>de</strong> joelhos, e àsemelhança <strong>de</strong> Cristo na cruz, pediu que o pecado <strong>de</strong> seusassassinos fosse perdoado. Ninguém que está sendoapedrejado faz isto; nossa imediata reação é cobrir o rostoe se proteger como pu<strong>de</strong>r; mas os olhos <strong>de</strong> Estevão nãoestavam em si mesmo, estavam nos céus, e em razão distopo<strong>de</strong>mos dizer que ele foi fortalecido por <strong>Deus</strong>, ou atémesmo que foi “anestesiado”. Seria impossível emcondições normais ele se ajoelhar e ficar olhando para oalto sem se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r, mas algo aconteceu com ele.E quando colocamos os nossos olhos no Senhorin<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> que tipo <strong>de</strong> situação estamosenfrentando, algo também vai acontecer conosco; seremosconfortados e anestesiados pelo Senhor, e Satanás não serávitorioso. Pelo contrário, nós é que seremos mais quevencedores!No caso <strong>de</strong> Estevão, o que veio além da vitória nãofoi o tratamento, pois ele passou à glória celestial, mas além<strong>de</strong> vencedor ele recebeu um galardão mais glorioso. É istoque acontece com os mártires; Hebreus 11:35 diz que algunsnão aceitaram seu livramento porque visavam uma maiorrecompensa.Quando passamos pelas provas e tribulações, <strong>Deus</strong>não somente nos prepara a vitória que inevitavelmente virá,mas usa o tempo em que nela estamos para tratar com nossaalma. O Senhor lida com todo apego excessivo que temosnas coisas terrenas e nos ensina a ter os olhos n’Ele; isto éser mais que vencedor, é ser tratado por <strong>Deus</strong> e chegar aofim da adversida<strong>de</strong> melhor do que entramos.75


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comEsperando no SenhorSe a vitória só vem no fim da prova, o que aconteceaté lá?Po<strong>de</strong>mos dizer que o tratamento acontece <strong>de</strong>ntro daprova, no tempo em que a pessoa está esperando o livramento<strong>de</strong> <strong>Deus</strong>. O que faz alguém mais que vencedor não é umavitória imediata, no primeiro “round” da luta; é justamente aespera que produz em nós este tratamento.Vivemos na época dos instantâneos. Comida prontacongelada que em poucos minutos se prepara num fornomicroondas. Rápida locomoção e transporte, como o avião.Fac-símile, e outras coisas mais. Nossa geração não sabeser paciente. E por causa disto não sabemos esperar; vivemosansiosos, afobados e fazendo <strong>de</strong> tudo para ganhar tempo. Sóque quando as provas e tribulações chegam, achamos que asorações têm que ser todas instantaneamente respondidas eque tudo <strong>de</strong>ve se resolver com urgência; mas como na maioriadas vezes não acontece assim, acabamos nos <strong>de</strong>sesperando.Precisamos apren<strong>de</strong>r a esperar, pois a espera produzirápreciosos frutos em nós se o permitirmos.Entre toda promessa <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> e seu cumprimento háum intervalo. Este intervalo é um período <strong>de</strong> espera até quetudo se cumpra. O mesmo se dá na adversida<strong>de</strong>. Entre ocomeço <strong>de</strong>la e seu fim (com nossa vitória) há um intervalo,em que <strong>de</strong>vemos esperar.A espera vai produzir mais resultados <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> nósdo que aquilo que veremos fora <strong>de</strong> nós neste tempo. Muitagente acha que a espera é uma <strong>de</strong>sculpa dos que não crêemna intervenção imediata <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, mas na verda<strong>de</strong> ela é umamarca na vida daqueles que crêem! Fé e paciência caminham76


eprodução proibidaMais Que Vencedoresjuntas e não há meios <strong>de</strong> separá-las; vemos isto no ensinodo Novo Testamento:“Desejamos, porém, continue cada um <strong>de</strong> vósmostrando, até ao fim, a mesma diligência para a plenacerteza da esperança; para que não vos torneisindolentes, mas imitadores daqueles que, pela fé e pelalonganimida<strong>de</strong>, herdam as promessas”.Hebreus 6:11,12Falando <strong>de</strong> perseverança, e <strong>de</strong> não se <strong>de</strong>sesperançarem meio às lutas, o escritor <strong>de</strong>sta epístola fala sob a divinainspiração que é preciso que sejamos diligentes e imitemosaqueles que pela fé e paciência herdam as promessas. Ouseja, não se herdam as promessas divinas apenas por fé, maspela fé e paciência juntas! Isto não dá sustento à visão <strong>de</strong>uma fé automática, mas leva-nos a ver que a espera faz partedo processo <strong>de</strong> intervenção divina em nossas vidas. Abraãofoi chamado pai da fé e <strong>de</strong>ixou-nos um exemplo a serseguido; vemos isto na carta <strong>de</strong> Paulo aos romanos, nocapítulo quatro, quando após chamá-lo <strong>de</strong> pai da fé, o autordiz que <strong>de</strong>vemos seguir as pisadas da fé <strong>de</strong> Abraão; e emHebreus ele é novamente apresentado como exemplo: “Eassim, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> esperar com paciência, obteve Abraãoa promessa.” (Hb.6:15). Quando <strong>Deus</strong> fez a Abraão apromessa <strong>de</strong> dar-lhe um filho, ele tinha 75 anos (Gn.12:4),mas quando a promessa se cumpriu ele já estava com 99anos (GN.17:1), o que dá um período <strong>de</strong> espera <strong>de</strong> 24 anos!O rei Davi também esperou muitos anos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o diaem que Samuel o ungiu até aquele dia em que assentou-sesobre o trono <strong>de</strong> todo Israel.77


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comA espera não é sinal <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrota ou <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> fé, masparte da operação da própria fé. É o período quando <strong>Deus</strong>estará trabalhando mais <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> nós do que fora. A esperanos amadurece para que possamos receber o que o Senhortem para nós; não passar o período <strong>de</strong> espera significa nãoestar pronto para a herança. O filho pródigo que o diga! Nãoquis esperar a hora certa <strong>de</strong> receber a herança, e ao anteciparseao momento <strong>de</strong>vido, <strong>de</strong>monstrou não estar aindapreparado para o que tinha direito <strong>de</strong> receber. E justamentepor não estar preparado acabou per<strong>de</strong>ndo tudo: o dinheiro,o tempo fora <strong>de</strong> casa, sua moral e dignida<strong>de</strong>.Verda<strong>de</strong>iramente temos uma herança em <strong>Deus</strong>.Temos direito a tudo aquilo que o Pai Celestial nos temprometido. Mas não encontramos em lugar algum da Bíbliaqualquer alusão à posse instantânea <strong>de</strong>las. Quando esperamosem oração e fé algo da parte do Senhor, estamosamadurecendo para que possamos estar à altura daquilo queviermos a receber.Não aprecio muito as campanhas promovidas pormuitas igrejas que pregam a intervenção <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> ao fimdaquelas semanas; há momentos em que <strong>Deus</strong> tocará apessoa na primeira oração que receber, e se isto nãoacontecer então precisamos ensinar esta pessoa a esperarno Senhor até que receba o que necessita. Não interessa sevai <strong>de</strong>morar um mês ou cinco anos!Temos que ensinar o processo da espera eperseverança. Para a maioria <strong>de</strong>stas igrejas, o máximo quese espera são as semanas da campanha, <strong>de</strong>pois, se nadaaconteceu acaba ficando por isso mesmo... A gran<strong>de</strong>verda<strong>de</strong> é que tais campanhas exploram a credibilida<strong>de</strong> daspessoas e as amarram nas reuniões por mais tempo,78


eprodução proibidaMais Que Vencedoresforçando-as a permanecerem na igreja. Não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>ixar<strong>de</strong> <strong>de</strong>safiar as pessoas a crerem que o milagre e aintervenção do Senhor po<strong>de</strong> acontecer <strong>de</strong> imediato; contudonão po<strong>de</strong>mos dar nenhuma garantia <strong>de</strong> que sempre será assim.Haverá momentos <strong>de</strong> espera e neles <strong>Deus</strong> não agirá apenasnas circunstâncias externas, mas principalmente nos valoresinternos.Tenho aprendido muito com Moisés neste assunto.Ele viveu cento e vinte anos, que se divi<strong>de</strong>m em três períodos<strong>de</strong> quarenta anos.No primeiro período, o lí<strong>de</strong>r hebreu levou quarentaanos para achar que podia fazer a obra <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>; seu enganofoi apoiar-se em toda cultura, conhecimento, e educaçãoque recebera no palácio <strong>de</strong> Faraó. Ao fim <strong>de</strong>ste tempo tentoufazer a obra <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> em sua própria força e capacida<strong>de</strong> efracassou, o que o levou a fugir do Egito.No segundo período, passou no <strong>de</strong>serto maisquarenta anos, ao fim dos quais ele chegou à conclusão quenão podia fazer a obra do Senhor. Mesmo quando o Anjo doSenhor apareceu na sarça e o comissionou, ele ficou se<strong>de</strong>sculpando, alegando não ser a pessoa i<strong>de</strong>al para o papel;após este período ele <strong>de</strong>scobriu que não podia fazer nada<strong>de</strong> si mesmo.E só então que o Senhor o envia como libertador, eos últimos quarenta <strong>de</strong> anos <strong>de</strong> sua vida foi gasto noministério. Um ministério do porte do que recebeu Moisésnão se forma da noite para o dia e nem em alguns anos <strong>de</strong>seminário! É necessário tempo, muito tempo para que todaa capacitação interior ocorra; é preciso esperar, pois é naespera que <strong>Deus</strong> forja o caráter.Mas a espera, em algumas vezes, não envolve somente79


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.coma dimensão pessoal. No caso <strong>de</strong> Moisés, seus oitenta anos<strong>de</strong> preparação não eram apenas em função do tempo <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>na vida <strong>de</strong>le, mas também <strong>de</strong> outros fatores envolvidos namesma história. Havia o tempo <strong>de</strong> Israel como nação; oSenhor já falara antecipadamente a Abraão que sua<strong>de</strong>scendência seria escravizada: “Sabe, com certeza, que atua posterida<strong>de</strong> será peregrina em terra alheia, e seráreduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentosanos. Mas também eu julgarei a gente a que têm <strong>de</strong>sujeitar-se; e <strong>de</strong>pois sairão com gran<strong>de</strong>s riquezas”(Gn.15:13,14). Só que embora Israel tivesse seu tempo<strong>de</strong>ntro do plano <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, isto não dizia respeito a elesomente, mas para que <strong>Deus</strong> os pu<strong>de</strong>sse livrar do Egito elevá-los a possuir Canaã, havia uma outra questão ainda: otempo dos povos que habitavam em Canaã; o Senhor disse,na mesma ocasião, à Abraão: “Na quarta geração,tornarão para aqui; porque não se encheu ainda a medidada iniqüida<strong>de</strong> dos amorreus” (Gn.15:16). Para tirar a terrados cananeus e entregá-la ao povo <strong>de</strong> Israel, havia um tempoon<strong>de</strong> a longanimida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> estaria em operação, <strong>de</strong>poiseste tempo se esgotaria quando eles enchessem a medidada ira divina, o que resultaria em juízo. Ao dar a terra <strong>de</strong>Canaã aos hebreus, o Senhor não apenas cumpria seu planona vida <strong>de</strong> seu povo, como também julgava aqueles povosque rejeitaram a <strong>Deus</strong> em seus pecados. Estas coisasaconteciam simultaneamente e tinham seu tempo. Mesmoantes <strong>de</strong> tudo isto ocorrer, mais <strong>de</strong> seiscentos anos antes,<strong>Deus</strong> já havia dito que seria assim. Ou seja, esta espera eranecessária e não seria mudada. Foi o que o Senhor quis dizerao anunciá-la previamente. Dentro <strong>de</strong> todo este contexto éque entrava o ministério <strong>de</strong> Moisés e foi por isso que ele80


eprodução proibidaMais Que Vencedoresnão foi aceito antes, ainda não era a hora; mas quando otempo chegou, <strong>Deus</strong> o levantou.Precisamos apren<strong>de</strong>r a esperar no Senhor. Davi<strong>de</strong>clarou: “Esperei com paciência pelo Senhor, e ele seinclinou para mim e ouviu o meu clamor” (Sl.40:1 -Revisada). Para um número consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> pessoas entreo povo <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> hoje, esta não é uma mensagem tão agradável,mas é bíblica. E será também um remédio para muitos queestão em crise! Não pare <strong>de</strong> crer no que <strong>Deus</strong> po<strong>de</strong> e querfazer em sua vida. Se não acontecer imediatamente após asua oração, persevere em buscar ao Senhor e crer que Eleagirá. Espere n’Ele até receber e, quando tudo terminar, vocêverá que não somente terá vencido a tribulação como tambémterá se tornado mais que vencedor. Você terá sido tratado etrabalhado por <strong>Deus</strong> e, ao fim do período <strong>de</strong> espera,<strong>de</strong>scobrirá que enquanto aguardava no Senhor, Ele não apenasagiu nas circunstâncias, mas também o levou a alcançar maismaturida<strong>de</strong>.E aconteça o que acontecer, saiba que <strong>Deus</strong> ésoberano sobre todas as coisas a ponto <strong>de</strong> levá-lo a lucrarem qualquer situação e que, se você não tirar os olhos d’Ele,nada po<strong>de</strong>rá afastá-lo do amor e cuidado d’Ele. Nada!“Porque eu estou bem certo <strong>de</strong> que nem a morte,nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem ascoisas do presente, nem do porvir, nem os po<strong>de</strong>res, nem aaltura, nem a profundida<strong>de</strong>, nem qualquer outra criaturapo<strong>de</strong>rá separar-nos do amor <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, que está em CristoJesus, nosso Senhor”.Romanos 8:38,3981


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.com4O CANTO DO GALOO agir <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> é invisível aos nossos olhos. Estáalém da compreensão <strong>de</strong> nossa mente. A multiformesabedoria divina sempre trará surpresas, não somente a nóscomo também ao adversário <strong>de</strong> nossas almas.É lógico que <strong>de</strong>ntro daquilo que a Palavra <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>afirma claramente sobre <strong>Deus</strong> mesmo, ou acerca do Reinoe seus princípios, não <strong>de</strong>vemos esperar mudanças ousurpresas; por exemplo, se lemos na Bíblia que a salvação épela graça mediante a fé, não há perigo <strong>de</strong> que o Senhormu<strong>de</strong> <strong>de</strong> idéia e anule o que está escrito. Quando falamos<strong>de</strong> um agir imprevisível, referimo-nos àquelas coisas dasquais as Escrituras não falam claramente sobre como <strong>Deus</strong>agirá. Há assuntos dos quais sabemos que <strong>Deus</strong> tem umcompromisso <strong>de</strong> agir por ter prometido isto; a questão nãoé se Ele agirá ou não, pois sabemos que certamente agirá, aquestão é como fará, e não há como prevermos isto.Entretanto, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sta visão <strong>de</strong> um agir invisívelaos olhos humanos, a Bíblia revela princípios que po<strong>de</strong>mossaber que se manifestarão em nossas vidas. Quando nosrebelamos, <strong>Deus</strong> trata conosco. Quando nosensoberbecemos, Ele trata conosco também. Em algumas82


eprodução proibidaO Canto do Galocircunstâncias a ação divina po<strong>de</strong>rá se mostrar um tantoquanto misteriosa. Gerações anteriores a nossacostumavam atribuir a <strong>Deus</strong> todas as coisas. Recentemente,<strong>Deus</strong> levantou muitos mestres e profetas que contribuíramcom o Corpo <strong>de</strong> Cristo trazendo luz quanto a muitosprincípios mal compreendidos, e pu<strong>de</strong>mos ver que muitasvezes o diabo estava agindo em vidas não por umapermissão divina, mas por autorização da própria pessoaque quebrara princípios espirituais, dando assim lugar aomaligno. E em meio a tantos princípios que vieram à luz,começamos a ir para o outro extremo; e uma figuradistorcida <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> começou a ser proclamada, como seseu amor fosse colocado em questão quando permitisseque passássemos por provas e tribulações. Antes, tudoparecia vir <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>; agora, tudo parece vir do diabo!Mas a gran<strong>de</strong> verda<strong>de</strong> é que nossos valores sãotremendamente materialistas e corrompidos e nuncaconseguimos ver os valores interiores <strong>de</strong> caráter queprecisam ser formados em nós; e se esta formação <strong>de</strong>caráter nos custar perdas materiais, tenhamos certeza <strong>de</strong>que <strong>Deus</strong> não só a aprovará, como verá lucro nisto!Neste capítulo quero partilhar um princípio quetenho aprendido com um dos meus pastores. Há momentosem que o Senhor quer que saibamos que nós não somostudo o que pensamos ser. Nossa auto-suficiência e soberbaimpe<strong>de</strong>m a ação <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> em nós e através <strong>de</strong> nós. E quandoviermos a nos encontrar em situação <strong>de</strong> perigo <strong>de</strong>vido aestes sentimentos enganosos e ocultos em nossa alma,po<strong>de</strong>mos ter certeza <strong>de</strong> algo: o Senhor tratará conosco!O título <strong>de</strong>ste capítulo é uma referência a como <strong>Deus</strong>tratou com Pedro na ocasião em que ele negava a Cristo e o83


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comgalo cantou. Convido-o a examinarmos a vida <strong>de</strong>ste apóstoloe apren<strong>de</strong>rmos com ele acerca disto.Os discípulos eram homens falhosTiago, irmão do Senhor, escreveu acerca do profetaElias, um dos maiores vultos do Velho Testamento: “Eliasera homem semelhante a nós, sujeito aos mesmossentimentos...” (Tg.5:17). Uma outra versão diz que “erasujeito às mesmas paixões”. A tradução <strong>de</strong> J. B. Phillipsdiz que “ele era alguém tão humano quanto nós”! Isto<strong>de</strong>ixa bem claro como foi cada um dos homens a quem<strong>Deus</strong> muito usou em toda a história: frágeis, falhos,tentados, limitados em si mesmos. Não eram os superheróisou semi-<strong>de</strong>uses que pintamos em nossa imaginação.Cada um <strong>de</strong>les foi usado por <strong>Deus</strong> por dispor-se, anularse,e <strong>de</strong>ixar ser tratado.Entre os doze apóstolos havia muita coisa humana,falhas na alma e no caráter que precisavam ser corrigidas.O sentimento <strong>de</strong> terem sido os escolhidos do Messiascertamente afetou a cada um <strong>de</strong>les. A honra <strong>de</strong> terem aconstante companhia e intimida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Jesus, <strong>de</strong> verem seusmilagres e prodígios, e também <strong>de</strong> serem usados por <strong>Deus</strong>para operação <strong>de</strong> maravilhas se torna uma <strong>de</strong>scargapo<strong>de</strong>rosa em cima do ego <strong>de</strong> qualquer um. E, inicialmente,eles ainda não sabiam como lidar com isto; a sensação <strong>de</strong>gran<strong>de</strong>za e superiorida<strong>de</strong> penetrou o interior <strong>de</strong>les, e po<strong>de</strong>ser claramente vista em alguns episódios narrados nosevangelhos.Em <strong>de</strong>terminada ocasião, dois <strong>de</strong>les, sem aindaenten<strong>de</strong>r a natureza do Reino que Jesus estava proclamando,84


eprodução proibidaO Canto do Galoquiseram tornar-se os dois homens mais influentes <strong>de</strong>pois<strong>de</strong> Jesus em seu reinado:“Então, se aproximaram <strong>de</strong>le Tiago e João, filhos<strong>de</strong> Zebe<strong>de</strong>u, dizendo-lhe: Mestre, queremos que nosconcedas o que te vamos pedir.E ele lhes perguntou: Que quereis que vos faça?Respon<strong>de</strong>ram-lhe: Permite-nos que, na tuaglória, nos assentemos um à tua direita e o outro à tuaesquerda.Mas Jesus lhes disse: Não sabeis o que pedis.Po<strong>de</strong>is vós beber o cálice que eu bebo ou receber obatismo com que eu sou batizado?Disseram-lhe: Po<strong>de</strong>mos. Tornou-lhes Jesus:Bebereis o cálice que eu bebo e recebereis o batismocom que eu sou batizado; quanto, porém, ao assentarseà minha direita ou à minha esquerda, não me competeconcedê-lo; porque é para aqueles a quem estápreparado.Ouvindo isto, indignaram-se os <strong>de</strong>z contra Tiagoe João.”Marcos 10:35-41Observe que os outros <strong>de</strong>z indignaram-se contraTiago e João, mas não por aceitarem o que Jesus lhesfalara, e sim porque cada um <strong>de</strong>les também estavatomado do mesmo sentimento egocêntrico e soberbo.O restante da narrativa <strong>de</strong> Marcos mostra que Cristoteve que chamá-los para junto <strong>de</strong> si e estabelecer a óticacorreta quanto ao ministério, que é baseada no serviçoe não na posição:85


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.com“Mas Jesus, chamando-os para junto <strong>de</strong> si, disselhes:Sabeis que os que são consi<strong>de</strong>rados governadoresdos povos têm-nos sob seu domínio, e sobre eles os seusmaiorais exercem autorida<strong>de</strong>.Mas entre vós não é assim; pelo contrário, quemquiser tornar-se gran<strong>de</strong> entre vós, será esse o que vossirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será servo<strong>de</strong> todos.Pois o próprio Filho do Homem não veio paraser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgatepor muitos.”Marcos 10:42-45Em meio a este <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ser, a esta ânsia <strong>de</strong>posição, po<strong>de</strong>r e prosperida<strong>de</strong>, Tiago e João, filhos <strong>de</strong>Zebe<strong>de</strong>u foram confrontados por Jesus com a afirmação<strong>de</strong> que posição como a que eles haviam pedido Ele nãopodia lhes prometer, mas beber do seu cálice (e isto fala<strong>de</strong> sofrimento) era algo que eles podiam ter certeza queexperimentariam. Em nossos dias, estimulamos muito abusca <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e prosperida<strong>de</strong> como se isto fosse a coisamais importante que um cristão pu<strong>de</strong>sse vir a experimentar,mas <strong>Deus</strong> está levantando seus profetas para <strong>de</strong>clarar queEle espera que bebamos o cálice das provações e saiamosnão só como vencedores ao fim <strong>de</strong>las, mas tratados porEle! Assim como o ouro provado no fogo se torna maislimpo, também sob o tratamento <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> em meio àadversida<strong>de</strong> e crises externas e internas, seremos tambémaperfeiçoados. E isto faz parte do agir divino.Até esta hora, contudo, os discípulos que Jesusescolhera ainda não haviam sido trabalhados interiormente86


eprodução proibidaO Canto do Galonaquele sentido. E o curioso é que o próprio evangelistaMarcos relata no capítulo anterior que tal problema já haviase manifestado no meio dos doze e que Jesus, por sua vez,também já havia chamado a atenção <strong>de</strong>les, ensinando-lhesos conceitos corretos; mas eles só tinham ouvido o Senhor,ainda não tinham aprendido. Observe:“Tendo eles partido para Cafarnaum, estando eleem casa, interrogou os discípulos: De que é quediscorríeis pelo caminho?Mas eles guardaram silêncio; porque, pelocaminho, haviam discutido entre si sobre quem era omaior.E ele, assentando-se, chamou os doze e lhes disse:Se alguém quer ser o primeiro, será o último e servo <strong>de</strong>todos.”Marcos 9:33-35Lucas também nos mostra este tipo <strong>de</strong> sentimentoentre os apóstolos: “Suscitaram também entre si umadiscussão sobre qual <strong>de</strong>les parecia ser o maior.”(Lc.22:24). O que precisamos notar é que este sentimento<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za entre eles era algo que cada um já carregava<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si quando Jesus os chamou, mas que certamentesó se manifestou <strong>de</strong>pois. Tente imaginar-se no lugar <strong>de</strong>Pedro na pesca milagrosa, e imagine que história <strong>de</strong>pescador isto não daria! Coloque-se no lugar <strong>de</strong>le e tenteimaginar-se andando sobre as águas, coisa da qual não seouvira dizer que um vivente experimentara. E o que nãodizer da multiplicação <strong>de</strong> pães, das curas, libertações, etantos outros milagres! Mas não era só isto; eles eram os87


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comescolhidos do Messias e estavam sendo preparados parauma tarefa ainda maior... O coração <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>lescomeçou a se ensoberbecer, e começaram a pensar <strong>de</strong> simesmo mais do que realmente eram.Eles haviam se tornado tão importantes, queachavam que mais ninguém po<strong>de</strong>ria fazer o que Jesus lhesmandara fazer. E externaram este sentimento na primeiraocasião que surgiu:“Disse-lhe João: Mestre, vimos um homem que,em teu nome, expelia <strong>de</strong>mônios, o qual não nos segue;e nós lho proibimos, porque não seguia conosco.Mas Jesus respon<strong>de</strong>u: Não lho proibais; porqueninguém há que faça milagre em meu nome e, logo aseguir, possa falar mal <strong>de</strong> mim.Pois quem não é contra nós é por nós.”Marcos 9:38-40Só eles podiam fazer aquilo; outra pessoa não!Ninguém po<strong>de</strong>ria brilhar como eles brilhavam ao lado <strong>de</strong>Jesus. Este sentimento foi externado diversas vezes.Quando uma al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> samaritanos não quis receber Jesus,dois <strong>de</strong>les quiseram orar para que <strong>de</strong>scesse fogo do céu eos consumisse. Propuseram isto a Jesus imitando o estilo<strong>de</strong> Elias. Ao falarem assim, não estavam apenas<strong>de</strong>monstrando ser guardiões da “reputação” <strong>de</strong> Jesus, masjá se achavam tão “homens <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>” quanto Elias.Precisamos ter muito cuidado quando crescemos em <strong>Deus</strong>,para que o diabo não encha os nossos corações <strong>de</strong> orgulho.Contei como o anjo <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> se referiu ao meu ministériona época em que me aci<strong>de</strong>ntei. O Senhor permitiu e usou88


eprodução proibidaO Canto do Galoaquilo para que eu não crescesse ao ponto <strong>de</strong> ensoberbecere cair. Nunca achamos que isso possa acontecer conosco;é sempre com os outros, nunca conosco! Mas as Escriturasadvertem que quem está em pé <strong>de</strong>ve cuidar para que nãovenha a cair (I Co.10:12).Este sentimento foi se avolumando nos apóstolosaté este nível <strong>de</strong> cegueira, em que a pessoa acha que a quedapo<strong>de</strong> acontecer com os que estão à sua volta, mas nãoconsigo mesma. Vejamos isto <strong>de</strong> forma específica na vidado apóstolo Pedro:“Então, lhes disse Jesus: Todos vós vosescandalizareis, porque está escrito: Ferirei o pastor, eas ovelhas ficarão dispersas. Mas, <strong>de</strong>pois da minharessurreição, irei adiante <strong>de</strong> vós para a Galiléia.Disse-lhe Pedro: Ainda que todos seescandalizem, eu, jamais!Respon<strong>de</strong>u-lhe Jesus: Em verda<strong>de</strong> te digo quehoje, nesta noite, antes que duas vezes cante o galo, tume negarás três vezes.Mas ele insistia com mais veemência: Ainda queme seja necessário morrer contigo, <strong>de</strong> nenhum modo tenegarei. Assim disseram todos.Marcos 14:27-31“Ainda que todos se escandalizem, eu, jamais!”Você percebe esta mentalida<strong>de</strong> em Pedro? Ele se achavatremendamente fiel ao Senhor, mas estava prestes a <strong>de</strong>scobrirque não era tudo o que pensava ser. E embora nosso enfoqueesteja em Pedro, que se achou melhor que os outros, noteque cada um <strong>de</strong>les disse que se preciso fosse morreria com89


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comJesus. Eles realmente acreditavam em sua espiritualida<strong>de</strong> efi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong>! Mas na hora em que Cristo foi preso, todosfugiram (Mc.14:50). Nenhum <strong>de</strong>les ficou por perto. “Pedroseguira-o <strong>de</strong> longe até ao interior do pátio do sumosacerdote e estava assentado entre os serventuários,aquentando-se ao fogo.” (Mc.14:54). Mesmo nãoabandonando completamente a Jesus, Pedro permaneceu àdistância, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> pu<strong>de</strong>sse satisfazer sua curiosida<strong>de</strong> do queviria a ocorrer, mas ao mesmo tempo salvar sua pele. E foieste distanciamento que o levou ao passo seguinte, já antesprofetizado pelo Mestre: negar três vezes a Jesus.“Estando Pedro embaixo no pátio, veio uma dascriadas do sumo sacerdote e, vendo a Pedro, que seaquentava, fixou-o e disse: Tu também estavas comJesus, o Nazareno.Mas ele o negou, dizendo: Não o conheço, nemcompreendo o que dizes. E saiu para o alpendre. [E ogalo cantou.] E a criada, vendo-o, tornou a dizer aoscircunstantes: Este é um <strong>de</strong>les.Mas ele outra vez o negou. E, pouco <strong>de</strong>pois, os queali estavam disseram a Pedro: Verda<strong>de</strong>iramente, és um<strong>de</strong>les, porque também tu és galileu.Ele, porém, começou a praguejar e a jurar: Nãoconheço esse homem <strong>de</strong> quem falais!E logo cantou o galo pela segunda vez. Então, Pedrose lembrou da palavra que Jesus lhe dissera: Antes queduas vezes cante o galo, tu me negarás três vezes. E, caindoem si, <strong>de</strong>satou a chorar.”Marcos 14:67-7290


eprodução proibidaO Canto do GaloMateus em seu relato <strong>de</strong>clara que Pedro chorouamargamente. Marcos enfatiza que ele irrompeu emprantos assim que “caiu em si”.Caindo em siO fato <strong>de</strong>le ter caído em si quando o galo cantou,mostra que até então estava um pouco fora <strong>de</strong> si. Nossocoração muitas vezes nos engana, levando-nos a achar quesomos mais do que realmente somos. Pedro haviafantasiado seu amor e fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> ao Senhor; construíratambém um sentimento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za em si, e <strong>de</strong> repentetudo foi para o chão. Ele <strong>de</strong>scobriu que não era tão forteassim; <strong>de</strong>scobriu também que havia uma gran<strong>de</strong> distânciaentre o que ele achava ser e o que <strong>de</strong> fato era.É por isso que o Novo Testamento enfatiza muitoo cuidado para que não nos enganemos a nós mesmos. Nacarta aos romanos, Paulo <strong>de</strong>clarou: “...digo a cada um<strong>de</strong>ntre vós que não pense <strong>de</strong> si mesmo além do queconvém, antes, pense com mo<strong>de</strong>ração...” (Rm.12:3). Cadaum <strong>de</strong> nós passará por momentos <strong>de</strong> crise semelhante à doapóstolo; elas não são tão negativas quanto parecem; naverda<strong>de</strong> são tremendamente positivas, pois trabalham onosso caráter.Curioso, porém, foi Jesus relacionar este momento<strong>de</strong> límpida autoconsciência <strong>de</strong> Pedro com o cantar do galo.E sei <strong>de</strong> uma coisa: não é coincidência estas duas coisasestarem relacionadas; tudo o que foi escrito, foi escrito paranosso ensino. O canto <strong>de</strong>ste galo tem uma figura, fala <strong>de</strong>um sinal, um alarme, um testemunho que nos fará cair em sie ver quem <strong>de</strong> fato somos. Note que é quando o galo canta91


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comque Pedro lembra-se do que Jesus lhe dissera; logo, o cantodo galo é um sinal que <strong>Deus</strong> usa para nos <strong>de</strong>spertar e mostrarquem realmente somos. É o <strong>de</strong>spertador <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>!Por que Jesus não impediu?O Senhor Jesus Cristo, sabendo <strong>de</strong> antemão o queo apóstolo iria passar, avisou-o antes que acontecesse. Masporque Jesus não fez nada para o livrar?Por que não impediu?Porque era necessário que Pedro passasse por isto;era parte do tratamento <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> na vida e ministério <strong>de</strong>le. Emais: não era um acontecimento meramente humano, masespiritual; Lucas, o médico amado, registra este <strong>de</strong>talhe:“Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou paravos peneirar como trigo!Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não<strong>de</strong>sfaleça; tu, pois, quando te converteres, fortalece osteus irmãos.Ele, porém, respon<strong>de</strong>u: Senhor, estou pronto a ircontigo, tanto para a prisão como para a morte.Mas Jesus lhe disse: Afirmo-te, Pedro, que, hoje,três vezes negarás que me conheces, antes que o galocante.”Lucas 22:31-34Observe que até Satanás estava envolvido nisto!O diabo também ouvia as afirmações <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za eespiritualida<strong>de</strong> que os discípulos ostentavam e por issopediu a <strong>Deus</strong> para peneirar a vida <strong>de</strong>les do mesmo modo92


eprodução proibidaO Canto do Galocomo se peneirava o trigo. E o interessante é que elerecebeu a permissão divina para isto. Jesus estava apenasalertando Pedro que iria acontecer para que, quandoacontecesse, ele soubesse da soberania <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> sobretodas as coisas.Mas em momento algum Cristo disse que impediriao diabo. Ao contrário, Ele estava fortalecendo Pedro edizendo que aquilo realmente iria acontecer. Jesus não sónão impediu, como também não mandou que Pedroresistisse ao diabo. Nada foi dito sobre orar contra aquilo,fazer guerra espiritual ou mesmo usar a autorida<strong>de</strong>espiritual. Porque esta era uma ação maligna sob permissãodivina. Era mais uma daquelas muitas vezes que <strong>Deus</strong> colocaSatanás para trabalhar para Ele!Toda esta cena <strong>de</strong> perseguição a Jesus que ocorreuno jardim em que foi preso, e tudo aquilo que se seguiu,estava <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong> uma ação maligna. A pressão das pessoassobre Pedro indagando se ele não estava junto com Cristo,o próprio medo que ele sentiu e que <strong>de</strong>ve ter sidoincrementado por pensamentos sombrios, todos aquelesacontecimentos estavam sendo empurrados peloadversário. Jesus mesmo <strong>de</strong>clarou no jardim: “Esta é ahora e o po<strong>de</strong>r das trevas” (Lc.22:53). Contudo nada saiu(e nada sai) <strong>de</strong>baixo da soberania <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, que sempre agepor sua multiforme sabedoria.Embora Jesus não tenha impedido esteacontecimento, não significa que não tenha havidointervenção sua. Ele mesmo <strong>de</strong>clarou a Simão Pedro quehavia orado e intercedido em favor <strong>de</strong>le; e <strong>de</strong>u a enten<strong>de</strong>rcom isto que ele não apenas venceria a batalha, mas que aofinal também seria tratado e trabalhado por <strong>Deus</strong>: “quando93


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comte converteres, fortalece a teus irmãos”... e foiexatamente isto que aconteceu.Há momentos em que não vemos o Senhor ao nossolado; e essa sensação <strong>de</strong> estar sozinho parece ocorrerjustamente sob os mais intensos e violentos ataques dastrevas, mas po<strong>de</strong>mos ter a certeza <strong>de</strong> que jamais estaremosabandonados, pois Cristo interce<strong>de</strong> por nós! QuandoEstevão estava sendo apedrejado, viu Jesus em pé a direita<strong>de</strong> <strong>Deus</strong>; o Senhor intercedia por ele e quis que Estevãosoubesse para que tal certeza o fortalecesse. Foi tambémpor isso que Cristo avisou Simão que já havia orado antes,pois esta certeza nos fortalece em momentos <strong>de</strong>dificulda<strong>de</strong>. O Senhor nunca <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> interce<strong>de</strong>r por nós;nunca mesmo!Tenha certeza disto!Jesus avisou Simão Pedro que ele iria passar poraquilo, e não impediu o diabo, pois era necessário queele passasse pelo que passou! Pedro tinha que passar pelapeneira. O diabo queria com isto <strong>de</strong>rrubá-lo. <strong>Deus</strong>,sabendo <strong>de</strong> antemão que este fim não seria alcançado,permitiu que a peneira maligna viesse sobre seu servo.Mas quando veio a peneira, o diabo acaboutrabalhando para <strong>Deus</strong> e permitiu que Pedroexperimentasse um profundo quebrantamento e se<strong>de</strong>spojasse da altivez e gran<strong>de</strong>za que arruinariam seuministério... Aleluia! Nosso <strong>Deus</strong> é tremendo em suaforma <strong>de</strong> tratar conosco.As vezes, as provações são mal compreendidas nomeio eclesiástico. Alguém disse que o Senhor nos prova parasaber quem somos, mas esta não é a verda<strong>de</strong>, pois Ele éonisciente, sabe todas as coisas mesmo antes que aconteçam.94


eprodução proibidaO Canto do GaloEntão, por que Ele nos prova?Ele o faz para que nós saibamos quem realmentesomos. Pedro foi provado para que soubesse que não eratudo o que pensava ser; <strong>Deus</strong> sabia que ele não era. E nóstambém seremos provados neste sentido. É o momentoem que o galo canta nas nossas vidas e nos <strong>de</strong>sperta. É omomento em que nossa soberba e espiritualida<strong>de</strong> fingidacaem por terra.É justamente nesta crise que o quebrantamento <strong>de</strong><strong>Deus</strong> vem e opera em nós.O canto do galoDiversas situações po<strong>de</strong>m enquadrar-se como ocantar do galo em nossas vidas; na verda<strong>de</strong> toda crise quenos leva a perceber que não somos tudo o que pensávamosser po<strong>de</strong> ser vista como este alarme divino. Decepçõesconsigo mesmo por não atingir as metas, por tropeçar emáreas que já julgávamos tratadas, por esfriarespiritualmente <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> um período <strong>de</strong> avivamentointerior e assim por diante.Estabelecido o conceito genérico do que po<strong>de</strong> sereste galo cantando em nossas vidas, quero me <strong>de</strong>ter em umaspecto específico on<strong>de</strong> percebo que muita gente se pren<strong>de</strong>sem enten<strong>de</strong>r o que está acontecendo, ou mesmo sem sequerimaginar que possa haver uma permissão divina para estetipo <strong>de</strong> crise. Penso ser este um dos cantos do galo; umalarme que mais se repete na vida dos cristãos: a angústia.Há diferentes tipos <strong>de</strong> angústia, mas refiro-meàquela para a qual, normalmente, não temos umaexplicação. Em que não conseguimos encontrar razão ou95


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.commotivo para que ela chegasse a alojar-se em nós.Lembro-me <strong>de</strong> quando o pastor Francisco Gonçalvesnos ministrou neste sentido pela primeira vez e abriu nossosolhos para ver uma outra dimensão da angústia na vida docrente. Isto aconteceu no ano seguinte ao aci<strong>de</strong>nte quemencionei e eu me encontrava em gran<strong>de</strong> crise. Ele nosperguntou: - “O que vocês acham da dor? É algo bom ouruim?” Todos afirmaram ser ruim, e então ele <strong>de</strong>clarou: -“Se não fosse a dor, você colocaria o braço no fogo e só iriaperceber quando só tivesse sobrado do cotovelo para cima!”Todos riram, e foi aí que ele acrescentou: - “A dor, naverda<strong>de</strong>, é um sinal <strong>de</strong> que alguma coisa em algum lugar nãoestá bem e precisa ser tratada”. A partir daí ele discorreusobre a febre não como algo ruim mas que, à semelhança dador, fazia parte do sistema <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> nosso organismo.Que também é um sinal <strong>de</strong> que alguma coisa em algum lugarnão está bem e precisa ser tratada. Se não fosse a febre,nosso corpo po<strong>de</strong>ria apodrecer <strong>de</strong> tanta inflamação; masela é um sinal <strong>de</strong> advertência e nos leva a sermos tratados.Semelhantemente, o medo também po<strong>de</strong> ser visto sob estaótica; se não fosse o medo, as crianças sairiam colocando o<strong>de</strong>do em tudo quanto é buraco <strong>de</strong> bicho! O medo é ummecanismo <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa e autopreservação. Há alguns sinais<strong>de</strong> advertência que <strong>Deus</strong> colocou em nós, e a angústia é um<strong>de</strong>les. Ela é um sinal <strong>de</strong> que alguma coisa em algum lugarnão está bem e precisa ser tratada. Foi isto que Pedrosentiu aquela noite que chorou amargamente; não era apenasa <strong>de</strong>cepção <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir que não era tudo o que pensava ser,mas um testemunho interior <strong>de</strong> algo não estava bem eprecisava ser resolvido. O galo cantou na vida <strong>de</strong> SimãoPedro; mas o verda<strong>de</strong>iro sinal <strong>de</strong> advertência não foi aquela96


eprodução proibidaO Canto do Galoave, e sim a angústia que se instalou em seu interior. Existemdiversos tipos <strong>de</strong> choro, mas penso que o pior <strong>de</strong> todos sejaeste que ele experimentou: o choro amargo. Não há alívioneste tipo <strong>de</strong> choro. Ele nos dilacera por <strong>de</strong>ntro e quantomais choramos, mais vonta<strong>de</strong> temos <strong>de</strong> chorar. Mas istotudo foi muito positivo na vida do apóstolo. Muita gente dizque Pedro foi mudado no dia <strong>de</strong> Pentecostes, mas creio quesua mudança (ou conversão, como <strong>de</strong>nominou Jesus)começou mesmo foi naquela noite e com aquele tratamento<strong>de</strong> <strong>Deus</strong> em sua alma.Compreen<strong>de</strong>ndo as noites escurasUm dos períodos <strong>de</strong> crise mais difíceis para muitos éo que eu chamo <strong>de</strong> “noites escuras”. Há momentos em quenos sentimos <strong>de</strong>sprovidos <strong>de</strong> qualquer tipo <strong>de</strong> iluminaçãoou direção, perdidos e impotentes. Hoje temos muitavantagem em relação as pessoas que viveram nos períodosbíblicos. Com a energia elétrica e o avanço da tecnologiapo<strong>de</strong>mos fazer muita coisa durante a noite. Eu mesmo souum dos muitos corujões que gostam <strong>de</strong> trocar a noite pelodia. Mas naquela época as pessoas ficavam muito limitadaspois não podiam fazer nada até que amanhecesse.Assim são nossas crises. Sentimo-nos atados emmeio a angústia, a ponto <strong>de</strong> não po<strong>de</strong>rmos fazer nada atéque a noite acabe e venha a luz do dia. Não bastasse estesentimento <strong>de</strong> impotência, vem também o medo. Medodo escuro é das coisas mais comuns entre as crianças. Ehá aqueles em que, mesmo crescendo, não conseguemlivrar-se <strong>de</strong>ste pavor. A noite escura sugere o incerto, oinesperado, o imprevisível.97


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comNão é um momento em que explicamos os medos,mas em que temos medo do que nem sabemos!Some-se ao medo o frio e o <strong>de</strong>sconforto. Pedrosentiu isto naquela noite, pois foi aquentar-se ao fogo.É exatamente nestas circunstâncias que o galocantará em nossas vidas, pois é <strong>de</strong> noite que ele canta!Estamos vendo na noite o aspecto da escuridão, dastrevas. Consi<strong>de</strong>remos alguns princípios acerca das trevas:Tem tesouros ocultos; algumas versões traduzem Isaías45:3 dizendo: “dar-te-ei os tesouros das trevas”. <strong>Deus</strong>tem tesouros para nós reservados nesses momentos. Entreeles está o tratamento <strong>de</strong> nossa alma (que nesta hora tornasebastante vulnerável ao Senhor).A noite (ou trevas) foi criada por <strong>Deus</strong>. Às vezesimaginamos trevas como algo estritamente maligno, masas Escrituras afirmam que <strong>Deus</strong> criou as trevas (Is.45:7);há um aspecto nelas que não tem nada <strong>de</strong> negativo.Por exemplo, no natural é um momento <strong>de</strong> <strong>de</strong>scansoque o Senhor <strong>de</strong>u aos homens. Quando estamos vivendo acrise das noites escuras <strong>de</strong>vemos nos conscientizar que nãoé hora <strong>de</strong> tentar fazer nada, mas simplesmente <strong>de</strong>scansar noSenhor. As trevas também po<strong>de</strong>m ser vista como um lugaron<strong>de</strong> a vida está sendo gerada! Gênesis relata que nacriação havia trevas sobre a face da terra, e neste ambiente avida foi gerada; a semente sob o solo é outro exemplo, e acriança no ventre materno é ainda um exemplo da vida sendogerada em meio às trevas. A Bíblia ainda cita uma figura, avara <strong>de</strong> Arão que floresceu (Nm.17:1-11). Ela era apenasum pedaço <strong>de</strong> pau seco, mas floresceu quando foi colocadana tenda da revelação conforme a instrução do Senhor! Avida se manifestou enquanto a vara foi guardada on<strong>de</strong> não98


eprodução proibidaO Canto do Galohavia nenhuma iluminação, no Santo dos Santos, diante daarca do testemunho.Se você está enfrentando as noites escuras, animese!Reconheça que o agir <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> em nossas vidas vaimuito além do nosso limitado entendimento. Ele não agesó quando achamos ou vemos que age, mas Ele operasempre. E na maioria das vezes não conseguiremosenten<strong>de</strong>r como as coisas estão acontecendo até que tudotermine. Fique firme sabendo que <strong>Deus</strong> é fiel e tem cuidado<strong>de</strong> nós! Às vezes, sentimo-nos como se estivéssemos noPolo Norte, no período das noites eternas; parecem nãoterminar... mas vão terminar e haverá alegria ao amanhecer:“Porque não passa <strong>de</strong> um momento a sua ira; oseu favor dura a vida inteira. Ao anoitecer, po<strong>de</strong> vir ochoro, mas a alegria vem pela manhã.”Salmos 30:5Esta crise terá o seu fim. E o Sol nascente brilharásobre os tesouros que ficaram.Depois do canto do galoVemos claramente que um novo Pedro surgiu com ofim da noite escura. O evangelho <strong>de</strong> João nos mostra istonuma das últimas conversas que Cristo teve com ele. Aspalavras <strong>de</strong> Jesus sugerem muita coisa que, numa leiturarápida, acabam passando <strong>de</strong>sapercebidas aos nossos olhos.“Depois <strong>de</strong> terem comido, perguntou Jesus a SimãoPedro: Simão, filho <strong>de</strong> João, amas-me mais do que estes99


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comoutros? Ele respon<strong>de</strong>u: Sim, Senhor, tu sabes que te amo.Ele lhe disse: Apascenta os meus cor<strong>de</strong>iros.Tornou a perguntar-lhe pela segunda vez: Simão,filho <strong>de</strong> João, tu me amas? Ele lhe respon<strong>de</strong>u: Sim,Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Pastoreiaas minhas ovelhas.Pela terceira vez Jesus lhe perguntou: Simão, filho<strong>de</strong> João, tu me amas? Pedro entristeceu-se por ele lheter dito, pela terceira vez: Tu me amas? E respon<strong>de</strong>ulhe:Senhor, tu sabes todas as cousas, tu sabes que eu teamo. Jesus lhe disse: Apascenta as minhas ovelhas.Em verda<strong>de</strong>, em verda<strong>de</strong> te digo que, quando erasmais moço, tu te cingias a ti mesmo e andavas por on<strong>de</strong>querias; quando, porém, fores velho, esten<strong>de</strong>rás as tuasmãos e outro te cingirá e te levará para on<strong>de</strong> não queres.Disse isto para significar com que gênero <strong>de</strong> mortePedro haveria <strong>de</strong> glorificar a <strong>Deus</strong>. Depois <strong>de</strong> assimfalar, acrescentou-lhe: Segue-me.”João 21:15-19Porque o Senhor pergunta por três vezes o mesmoassunto, quando na verda<strong>de</strong> não precisava perguntarnenhuma, visto que após a ressurreição e conseqüenteglorificação, o atributo da onisciência do qual Cristo se<strong>de</strong>spira temporariamente voltara a operar em plenitu<strong>de</strong> nasua vida? Se sabendo todas as coisas ainda assim perguntou,concluímos que o fez não por necessida<strong>de</strong> da resposta,mas para conduzir o apóstolo a uma sincera auto-avaliação.Penso que o que realmente o Senhor queria era justamenteisto; levar Pedro a olhar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si mesmo e reconheceron<strong>de</strong> ele estava em relação ao seu amor a Cristo.100


eprodução proibidaO Canto do GaloLembre-se que antes Simão Pedro achava que amavaao Senhor Jesus à ponto <strong>de</strong> dar sua própria vida por Ele, e <strong>de</strong>repente veio a <strong>de</strong>scobrir que não era tudo o que pensava sere nem tampouco amava tanto quanto achava. E <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> sua<strong>de</strong>cepção, Pedro passa a achar que não amava tanto o Senhor;é <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ste dilema vivido pelo apóstolo, que Cristo oleva a examinar-se a si mesmo e localizar-se espiritualmenteon<strong>de</strong> ele verda<strong>de</strong>iramente estava quanto ao seu amor. Vemosisto na maneira como as perguntas lhe foram feitas peloSenhor e pela promessa que ele lhe fez <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>las.Há um jogo <strong>de</strong> palavras no original grego que nãopercebemos na tradução do Português; trata-se da palavra“amor”. O grego usa palavras diferentes para conotarexpressões diferentes do amor; se a referência ao amor éfísica, sexual, então a palavra grega empregada é “eros”; sea conotação do amor for fraternal, então é “fileo”; e quandotrata-se um amor perfeito, intenso, do tipo <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, a palavrausada é “ágape”.No português não temos este tipo <strong>de</strong> diferença;contudo, Jesus usou diferentes tipos <strong>de</strong> palavras na conversacom Pedro. Na primeira pergunta, Ele diz: - “Tu me amas(ágape)”? E Pedro lhe respon<strong>de</strong>: - “Tu sabes que te amo(Fileo)”. Na segunda vez se dá o mesmo, Jesus pergunta sePedro o ama no nível mais alto <strong>de</strong> amor – o ágape - e Pedroreconhece que ama, mas nem tanto – seu amor só é fileo.Como não consegue levar Pedro ao seu nível, Jesus <strong>de</strong>sceao <strong>de</strong>le e na terceira vez lhe pergunta: - “Tu me amas (fileo)”?E então Pedro diz: - “Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabesque eu te amo (Fileo)”. É como se por mais uma vez eleafirmasse: -“O meu amor não vai além disto e eu não querome enganar <strong>de</strong> novo”. Talvez até pudéssemos traduzir estas101


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comdiferentes palavras como: amar (ágape) e gostar (fileo).Portanto para as perguntas <strong>de</strong> Jesus a Pedro: “Você me ama?”as respostas seriam: “Senhor, você sabe que eu gosto <strong>de</strong> você”.Mas Jesus termina dizendo que ele viria a glorificara <strong>Deus</strong> através <strong>de</strong> sua morte; ou seja, que chegaria o dia emque ele amaria tanto ao Senhor como achou que amava nocomeço. E nesta promessa <strong>de</strong> que Pedro daria sua vida porEle, Jesus <strong>de</strong>clarou até mesmo que tipo <strong>de</strong> morte seria; oapóstolo esten<strong>de</strong>ria suas mãos, um tipo <strong>de</strong> morte comumnos dias do Império romano: a crucificação. E a tradiçãodiz que quando o imperador Nero mandou crucificá-lo (entre64 a 67 d.c.), Pedro teria dito: - “Não sou digno <strong>de</strong> morrercomo o meu Senhor”. E então teria pedido que ocrucificassem <strong>de</strong> cabeça para baixo, o quê, se <strong>de</strong> fato ocorreu,foi uma <strong>de</strong>monstração ainda maior <strong>de</strong> amor a Jesus Cristo.Somente quando <strong>de</strong>scobrimos que não somos tudoquanto pensamos e enxergamos nossas fraquezas evulnerabilida<strong>de</strong>s (na maioria das vezes em meio às crises) éque <strong>Deus</strong> vai trabalhar profundamente em nós. Este é umtipo <strong>de</strong> ação <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> que não vemos com os nossos olhos.Quando estamos no meio <strong>de</strong>stas crises, normalmente nãoenten<strong>de</strong>mos o que está acontecendo e nem tampoucoachamos que <strong>Deus</strong> possa estar agindo, mas Ele sempre estaráoperando em nós, mesmo quando não vemos!Não restrinja o agir <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> só ao que você vê ecompreen<strong>de</strong>, mas permita-lhe ser Senhor em sua vida.Confie n’Ele em toda e qualquer circunstância, e saiba que aseu tempo tudo será esclarecido. E você terá sidoaperfeiçoado e conduzido a um nível <strong>de</strong> maior maturida<strong>de</strong>.102


eprodução proibidaNas Asas da Águia5NAS ASAS DA ÁGUIA“Como a águia <strong>de</strong>sperta o seu ninho, a<strong>de</strong>ja sobreos seus filhos e, esten<strong>de</strong>ndo as suas asas, toma-os, e osleva sobre as suas asas, assim só o Senhor o guiou, enão havia com ele <strong>de</strong>us estranho”.Deuteronômio 32:10,11O texto acima é parte do cântico que Moisés cantouantes <strong>de</strong> morrer; foi seu último cântico e foi proferido nolimiar da terra prometida. Israel tinha chegado bem próximoà Canaã, sem contudo possuí-la. Moisés não chegou a entrarna terra, somente a avistou <strong>de</strong> longe. E numa verda<strong>de</strong>iraretrospectiva, ele olha para trás e fala da forma que <strong>Deus</strong> oshavia conduzido <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que <strong>de</strong>ixaram o Egito. E a ilustraçãonatural que ele encontrou para resumir o que espiritualmentelhes ocorrera foi a da águia em seu vôo <strong>de</strong> a<strong>de</strong>jamento. Aação <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> em prol <strong>de</strong> seu povo foi por ele comparadacom o a águia que leva seus filhotes em suas asas.Primeiramente precisamos enten<strong>de</strong>r a ilustraçãonatural para então enten<strong>de</strong>rmos o significado espiritual daafirmação <strong>de</strong>ste profeta do Senhor. Os escritores da Bíblia103


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comtomavam exemplos das coisas que eles conheciam muitoe bem e que dispensavam explicações em seus dias. Masno tocante a nós, a compreensão não vem assim tão rápida!Eu nunca vi uma águia <strong>de</strong> perto, só em fotos efilmes; não entendo nada <strong>de</strong> águias, <strong>de</strong> modo que quandoleio um texto bíblico dizendo: “como a águia”... isto nãome diz nada. Mas um dia resolvi enten<strong>de</strong>r ocomportamento da águia, e o que significa voar nas asas<strong>de</strong>la. O que <strong>de</strong>scobri me tocou profundamente, pois pu<strong>de</strong>ver esta verda<strong>de</strong> natural como um paralelo do agir <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>em nossas vidas. Lembre que Moisés estava olhando paratrás e repassando a forma como <strong>Deus</strong> tinha agido para comeles quando <strong>de</strong>u esta ilustração, o que nos faz perceberque o Espírito Santo permitiu-lhe ver algo concernente aoagir <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>. O Senhor age mediante seus princípios, ecomo eles não mudam, seu agir também não. O que Moisésfalou, na verda<strong>de</strong> é um princípio para nós hoje também.Não se trata apenas <strong>de</strong> história, <strong>de</strong> algo do passado, massim <strong>de</strong> um princípio que se encaixa perfeitamente em nossoviver cristão.Os filhotes da águia são quem voam em suas asas.Na hora em que precisam apren<strong>de</strong>r a voar, a mãe águia ostira do ninho com sua asa e os leva para um passeio; lá pelomeio do passeio ela saco<strong>de</strong> a asa e joga o filhotinho para oalto, que no susto, no <strong>de</strong>sespero, começa a bater suas asas,e é assim que apren<strong>de</strong> a voar. Geralmente o filhotinho nãoconsegue voar no primeiro susto e <strong>de</strong>spenca em direção aosolo; nestas ocasiões a águia mãe dá um vôo rasante e vaibuscá-lo; leva-o <strong>de</strong> volta ao ninho e tempos <strong>de</strong>pois vai repetiro processo até que ele aprenda a voar.Este vôo nas asas da águia não é panorâmico, é um104


eprodução proibidaNas Asas da Águiamomento quando a maturida<strong>de</strong> é imposta. Trata-se <strong>de</strong> umtempo <strong>de</strong> amadurecimento, on<strong>de</strong> o filhote <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> sertotalmente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e tem que ganhar sua própria vida.Logo, ao referir-se a <strong>Deus</strong> levando seu povo nas asas daáguia, Moisés não falava <strong>de</strong> um vôo panorâmico, mas <strong>de</strong>um tempo on<strong>de</strong> o Senhor estava exigindo <strong>de</strong>les amaturida<strong>de</strong>. Até então <strong>Deus</strong> tinha feito tudo pelo povo, masagora eles haviam chegado a um ponto on<strong>de</strong> teriam quecrescer. Querendo ou não teriam mesmo que crescer!<strong>Deus</strong> agiu assim com Israel e age assim conosco.Esta é uma crise pela qual cada cristão passa, semdistinção. Esta não é uma hora agradável. Ninguém gosta<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar o ninho.Para que sair atrás <strong>de</strong> comida se no ninho só seprecisa abrir a boca para comer o que a águia mãe traz?Eu não exageraria a ponto <strong>de</strong> dizer que é traumático,mas, certamente é um choque. Você sempre teve tudo àmão e <strong>de</strong> repente tem que se virar! O fácil ao qualestávamos acostumados se vai, e repentinamente tudo ficadifícil. Não penso que alguém consiga ver tudo isto comalegria, pois é um momento <strong>de</strong> crise interior. Refleteabandono, rejeição.Se <strong>Deus</strong> sempre fez tudo por nós, porque agora vai<strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> fazer?Não vemos isto com bons olhos até enten<strong>de</strong>rmoso que <strong>de</strong> fato está acontecendo. A verda<strong>de</strong> é que muitoscristãos não chegam a enten<strong>de</strong>r isto nunca! Culpam a <strong>Deus</strong>achando que Ele os rejeitou e acabam não crescendonunca. Tomam o susto e mesmo assim não voam. Voltamao ninho e o processo se repete; e como nunca voam,suas vidas tornam-se aquela mesmice <strong>de</strong> ficar sendo105


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comjogados para o alto, ter o frio na barriga, <strong>de</strong>spencarprecipício abaixo até que o Senhor os salve e recolha aoninho. E <strong>de</strong>pois tudo <strong>de</strong> novo...A águia não é consi<strong>de</strong>rada uma mãe <strong>de</strong>snaturadapor fazer isto com seus filhotes, pois sabemos que o queela faz é benéfico, importante e indispensável. Só quequando o Pai Celeste age assim conosco, não enten<strong>de</strong>mose o acusamos. Esta crise <strong>de</strong> aparente abandono e rejeiçãoé inevitável; é parte integrante da vida cristã. Se aindanão aconteceu com você, vai acontecer, é questão <strong>de</strong>tempo. É o amor <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> nos forçando a amadurecer.Se você já passou por isso, é importante que vocêentenda o que aconteceu, pois muitos cristãos ficammagoados com <strong>Deus</strong> e acabam interpretando errado osfatos, o que lhes impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> crescer e implica na repetiçãodo processo. Caso ainda não tenha passado por isso, éimportante que saiba o que <strong>de</strong> fato estará acontecendo nahora em que isto ocorrer. Assim você não vai se<strong>de</strong>sesperar e nem tampouco culpar a <strong>Deus</strong>.Deixando a meninicePrecisamos crescer! A Bíblia fala do crescimentoespiritual num perfeito paralelo com o crescimento natural.Menciona as criancinhas que precisam <strong>de</strong> leite e o adultoque come alimento sólido. Não há como ignorar ocrescimento pois ele faz parte da vida. O apóstolo Paulo<strong>de</strong>clarou: “Quando eu era menino, falava como menino,sentia como menino, pensava como menino; quandocheguei a ser homem, <strong>de</strong>sisti das coisas próprias <strong>de</strong>menino.” (I Co.13:11). Quando somos crianças,106


eprodução proibidaNas Asas da Águiacomportamo-nos como tal, e as outras pessoas tambémnos tratam assim; mas ao crescermos, não somente temosque <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> agir como crianças, mas as pessoas a nossavolta, e em especial os pais, também têm que <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong>nos tratar como crianças.Quando casei, minha mãe entrou comigo na igreja;e seria um absurdo se ela entrasse me carregando no colo!Não importa se ela me carregou quando eu era um criança;a partir do momento que cresci ela começou a me tratar<strong>de</strong> acordo com o crescimento. Não se po<strong>de</strong> permanecerna infância para sempre, nem naturalmente e nemespiritualmente.Temos que <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser crianças birrentas e aceitarnosso crescimento. Como inicialmente ele aparentaabandono, acabamos por não dar as boas vindas à ele mas,<strong>de</strong>pois, somos gratos por termos amadurecido.As mudanças para IsraelBasicamente, a diferença no agir <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> para comos israelitas entre a fase <strong>de</strong> voarem nas asas da águia, e afase do amadurecimento “forçado” ao entrarem em Canaã,são quatro:• alimento especial - o maná diário;• proteção especial - vestes e sapatos que nãose envelheciam;• direção especial - coluna <strong>de</strong> nuvem <strong>de</strong> dia ea <strong>de</strong> fogo à noite;• ausência <strong>de</strong> guerra - <strong>Deus</strong> os <strong>de</strong>sviou docaminho da Filistia exatamente por isso, paranão verem a guerra.107


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comEm cada uma <strong>de</strong>stas áreas o povo israelita provoumudanças drásticas. Foi como se o <strong>Deus</strong> que elesconheceram passasse por uma gran<strong>de</strong> mudança! Sabemosque <strong>Deus</strong> não muda, n’Ele não há mudança e nem sombra<strong>de</strong> variação.Entretanto, como esta fase <strong>de</strong> amadurecimento vemrevelando um aspecto do agir <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> que até então nãoconhecíamos, po<strong>de</strong> parecer que Ele mudou. Mas a verda<strong>de</strong>é que chegou o tempo em que nós <strong>de</strong>vemos mudar, e se nãolevarmos um “empur-rãozinho” neste sentido, ficaremoseternamente acomodados.O alimento especialTão logo Israel saiu do Egito, viu-se num <strong>de</strong>sertoon<strong>de</strong> não havia como plantar e colher seu próprio alimento,não só pela questão <strong>de</strong> ter ou não terra fértil, como tambémpelo fato <strong>de</strong> que estavam a caminho <strong>de</strong> Canaã e somente láse fixariam <strong>de</strong>finitivamente.Mas logo chegaram ao questionamento: o quecomeremos?E <strong>Deus</strong> lhes <strong>de</strong>u o maná, o pão do céu:“E, quando se evaporou o orvalho que caíra, nasuperfície do <strong>de</strong>serto restava uma cousa fina e semelhantea escamas, fina como a geada sobre a terra.Vendo-a os filhos <strong>de</strong> Israel, disseram uns aos outros:Que é isto? Pois não sabiam o que era. Disse-lhes Moisés:Isto é o pão que o Senhor vos dá para vosso alimento.Deu-lhe a casa <strong>de</strong> Israel o nome <strong>de</strong> maná; era comosemente <strong>de</strong> coentro, branco e <strong>de</strong> sabor como bolos <strong>de</strong> mel.108


eprodução proibidaNas Asas da ÁguiaE comeram os filhos <strong>de</strong> Israel maná quarenta anos,até que entraram em terra habitada; comeram maná atéque chegaram aos termos <strong>de</strong> Canaã.”Êxodo 16:14,15,31,35Durante quarenta anos foram sustentados <strong>de</strong>staforma milagrosa pelo Senhor, mas ao entrarem em Canaã ecomerem do fruto da terra, cessou o alimento especial.“No dia imediato, <strong>de</strong>pois que comeram do produtoda terra, cessou o maná, e não o tiveram mais os filhos<strong>de</strong> Israel; mas, naquele ano, comeram das novida<strong>de</strong>sda terra <strong>de</strong> Canaã.”Josué 5:12Foi como se <strong>Deus</strong> lhes dissesse: - “Enquanto não haviameios <strong>de</strong> vocês se sustentarem por si mesmos, Eu o fiz porvocês. Mas agora é com vocês, estão por conta própria”. Nãoque o Senhor <strong>de</strong>ixaria <strong>de</strong> estar com eles, mas agora teriamque se esforçar para terem seu próprio alimento.E a aplicação disto é que no começo <strong>de</strong> nossacaminhada da fé experimentamos durante um tempo oalimento especial. On<strong>de</strong> quer que abríssemos as nossasBíblias <strong>Deus</strong> falava, até mesmo nas genealogias! Só que<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> um tempo na caminhada da fé, todos passamospor aquela crise quando parece que a fonte secou; que aPalavra já não é mais a mesma. Falta-nos algo, e não setrata apenas <strong>de</strong> ânimo ou motivação, mas é como se aprópria Bíblia tivesse mudado <strong>de</strong> repente... E o que nãodizer daquelas promessas tão vivas em nosso coração eque nos sustentavam nas horas difíceis, mas que agora não109


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comparecem mais do que meras lembranças? Ou ainda aquelescultos quando parecia não interessar quem pregasse, aPalavra <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> jorrava sobre nossos corações... Então nossafé era suficiente para crer que <strong>Deus</strong> po<strong>de</strong>ria usar até mesmoa jumenta <strong>de</strong> Balaão em nossas vidas mas, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> umtempo, parece que já não somos supridos. E o pior: tornamonoscríticos e já não temos mais nem os ouvidos e nem ocoração abertos.Isto não nos ocorre porque não queremos mais seralimentados, e sim porque chega um momento quando oPai Celeste mesmo muda não somente o nosso cardápio,mas também a forma <strong>de</strong> obter o alimento! É o momentoquando Ele “saco<strong>de</strong> a asa”, e nos joga para <strong>de</strong>spenha<strong>de</strong>iroabaixo. É a hora <strong>de</strong> voar, <strong>de</strong> ser maduro, <strong>de</strong> crescer. E daípor diante teremos que dar duro pelo alimento, a semelhança<strong>de</strong> Israel que teve que arar, plantar e colher para, então, sealimentar. E isto é muito mais complicado do que receber omaná. Esta é a hora <strong>de</strong> começarmos a estudar e meditar <strong>de</strong>fato na Bíblia; é a hora <strong>de</strong> se cavar mais fundo para po<strong>de</strong>rextrair mais ricos minérios. Enquanto estamos no início,<strong>Deus</strong> nos sustenta <strong>de</strong> forma especial, mas seu plano não éque vivamos na moleza, na comodida<strong>de</strong>. O Senhor quer <strong>de</strong>nós empenho e <strong>de</strong>terminação na busca <strong>de</strong> alimento; Ele querque a maturida<strong>de</strong> tenha o seu lugar em nós.Proteção especialNão foi somente a alimentação especial que sofreumudanças. Houve mudança também na forma <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>proteger seu povo. Durante o tempo em que peregrinou pelo<strong>de</strong>serto, os israelitas provaram um milagre após o outro, e110


eprodução proibidaNas Asas da Águiaentre tantos eles há um que queremos <strong>de</strong>stacar:“Quarenta anos vos conduzi pelo <strong>de</strong>serto; nãoenvelheceram sobre vós as vossas vestes, nem se gastouno vosso pé a vossa sandália.”Deuteronômio 29:5Eles nem sabiam o que era moda! Usaram as mesmasroupas por quatro décadas. Suas sandálias também nãoenvelheceram (além <strong>de</strong> outros milagres <strong>de</strong> preservação,como a cura para a picada das serpentes abrasadoras). Masquando chegaram à Terra Prometida tiveram que inventar aconfecção <strong>de</strong> roupas e calçados!Ao iniciarmos a jornada da fé cristã provamos omesmo: proteção especial, cura, e muitas outras bênçãos.Parece que nos tornamos inatingíveis, que há um escudoespecial a nossa volta. Alguns parecem nem conhecer asprovas e tribulações, pois as poucas que lhes sobrevêm,parecem já vir acompanhada do livramento... Mas chega odia <strong>de</strong> ser lançado do ninho e <strong>de</strong> alcançar a maturida<strong>de</strong> e é,então, que as provas e tribulações parecem vir com tudopara cima da gente.Isto não significa rejeição, mas é indício <strong>de</strong>crescimento espiritual. Tenho acompanhado a vida espiritual<strong>de</strong> muita gente nos últimos anos e confirmado o quanto istoé comum.Direção especialUma outra coisa que passa por mudanças neste tempo<strong>de</strong> amadurecimento é a forma como <strong>Deus</strong> manifesta sua111


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comdireção em nossas vidas. No início ela parece vir sempree <strong>de</strong> forma espetacular. Depois chega o momento em queela se torna ocasional, até que <strong>de</strong>finitivamente torna-serara e nada espetacular. Com Israel foi assim. A princípio,<strong>Deus</strong> o guiou através <strong>de</strong> uma nuvem <strong>de</strong> dia e <strong>de</strong> uma coluna<strong>de</strong> fogo à noite:“O Senhor ia adiante <strong>de</strong>les, durante o dia, numacoluna <strong>de</strong> nuvem, para os guiar pelo caminho; durantea noite, numa coluna <strong>de</strong> fogo para os alumiar, a fim <strong>de</strong>que caminhassem <strong>de</strong> dia e <strong>de</strong> noite.Nunca se apartou do povo a coluna <strong>de</strong> nuvemdurante o dia, nem a coluna <strong>de</strong> fogo durante a noite.”Êxodo 13:21,22Mas tão logo chegaram em Canaã, tudo mudou! Nemsequer ouvimos mais falar da coluna <strong>de</strong> nuvem e <strong>de</strong> fogo.Quando <strong>Deus</strong> dá instruções a Josué para atravessarem oJordão, Ele diz que o povo <strong>de</strong>veria seguir a arca carregadapelos sacerdotes:“Suce<strong>de</strong>u, ao fim <strong>de</strong> três dias, que os oficiaispassaram pelo meio do arraial e or<strong>de</strong>naram ao povo,dizendo: quando vir<strong>de</strong>s a arca da Aliança do Senhor,vosso <strong>Deus</strong>, e que os levitas sacerdotes a levam, partireisvós também do vosso lugar e a seguireis.Contudo, haja a distância <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> dois milcôvados entre vós e ela. Não vos chegueis a ela, paraque conheçais o caminho pelo qual haveis <strong>de</strong> ir, vistoque, por tal caminho, nunca passastes antes.”Josué 3:2-4112


eprodução proibidaNas Asas da ÁguiaEste tipo <strong>de</strong> direção não é nada espetacular.Quem carregava a arca eram homens e, antes, as colunas<strong>de</strong> nuvem e <strong>de</strong> fogo se moviam sobrenaturalmente. Istofala <strong>de</strong> uma mudança que experimentamos na forma <strong>de</strong><strong>Deus</strong> nos dirigir quando nos aproximamos <strong>de</strong> Canaã, o lugarda plenitu<strong>de</strong> espiritual.No início <strong>de</strong> nossa caminhada com o Senhor Jesus,muitos <strong>de</strong> nós temos experiências tremendas com adireção <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>. São manifestações <strong>de</strong> todo gênero:sonhos, visões, palavras proféticas, textos bíblicosrecebidos com gran<strong>de</strong> impacto no íntimo e isso sem sequertermos procurado. Só que tempos <strong>de</strong>pois, a “fonte” parecesecar e este tipo <strong>de</strong> direção <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser freqüente. Hápessoas que, para tudo o que iam <strong>de</strong>cidir, oravam antes, eentão abriam “aleatoriamente” suas Bíblias e semprerecebiam uma palavra específica para sua situação. Sabe,não duvido nenhum pouco que <strong>Deus</strong> se mova assim, poisjá tenho visto muita gente recebendo muita respostaespecífica para o que buscavam em <strong>Deus</strong>.Lembro-me em especial <strong>de</strong> uma ocasião em minhaadolescência em que vi meu pai negociando um carro comuma outra pessoa que se dizia ser cristã, mas parecia estarquerendo se aproveitar <strong>de</strong>le no negócio; meu pai pediulicença para aquele homem por um instante, entrou emcasa, fez uma oração a <strong>Deus</strong> pedindo sua direção e abriu aBíblia esperando uma resposta; caiu num texto do livro <strong>de</strong>Provérbios que diz o seguinte: “Nada vale, nada vale,diz o comprador; mas <strong>de</strong>pois sai e vai-se gabando”.Coincidência? De forma alguma! Reconheço que<strong>Deus</strong> usa esta forma <strong>de</strong> falar com seus filhos, e eu mesmotenho provado muito <strong>de</strong> orientações <strong>de</strong>ste gênero. Mas113


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.compenso que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r sempre <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> orientação é algoinfantil. O Pai quer que amadureçamos. Precisamosapren<strong>de</strong>r a ouvir a voz do Espírito Santo em nossoscorações. Paulo escreveu aos romanos que “todos os quesão guiados pelo Espírito <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> são filhos <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>”(Rm.8:14). E enquanto <strong>Deus</strong> trouxer este tipo <strong>de</strong> direçãoespetacular, não cresceremos a ponto <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r a sermossensíveis à voz do Espírito. Não estou dizendo que asmanifestações espetaculares <strong>de</strong>saparecerão em <strong>de</strong>finitivo<strong>de</strong> nossas vidas, mas que há um princípio <strong>de</strong> maturida<strong>de</strong>nisto, e que <strong>de</strong> fato precisamos apren<strong>de</strong>r a sintonizar nossocoração com o Senhor. Jesus <strong>de</strong>clarou que suas ovelhasouvem a sua voz. As manifestações espetaculares po<strong>de</strong>rãovir como uma confirmação da própria direção divina, masteremos que apren<strong>de</strong>r a ouvir <strong>Deus</strong>. À semelhança dofilhote da águia, teremos que apren<strong>de</strong>r a voar. E meuconselho é que quando o Senhor sacudir sua asa e lançá-loao ar, você não murmure contra Ele e nem tampouco venhasentir-se abandonado, mas reconheça que é tempo <strong>de</strong>amadurecer.Ausência <strong>de</strong> guerraQuando ensinamos aos novos convertidos sobre abatalha espiritual que nos cerca, isto lhes parece fantasia.Primeiro, porque não estão habituados ao convívio com omundo espiritual. Segundo, porque são poupados da guerrano início <strong>de</strong> sua caminhada, exatamente como se <strong>de</strong>u coma nação israelita:“Tendo Faraó <strong>de</strong>ixado ir o povo, <strong>Deus</strong> não o levou114


eprodução proibidaNas Asas da Águiapelo caminho da terra dos filisteus, posto que maisperto, pois disse: Para que, porventura, o povo não searrependa, vendo a guerra, e torne ao Egito.Porém <strong>Deus</strong> fez o povo ro<strong>de</strong>ar pelo caminho do<strong>de</strong>serto perto do Mar Vermelho; e, arregimentados,subiram os filhos <strong>de</strong> Israel do Egito.”Êxodo 13:17,18A batalha espiritual é um fato e não uma fantasia;vemos isto com clareza nas Escrituras e também no dia adia <strong>de</strong> nossa vida espiritual.“Quanto ao mais, se<strong>de</strong> fortalecidos no Senhor ana força <strong>de</strong> seu po<strong>de</strong>r.Revesti-vos <strong>de</strong> toda armadura <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, parapo<strong>de</strong>r<strong>de</strong>s ficar firmes contra as ciladas do diabo; porquea nossa luta não é contra o sangue e a carne e sim contraos principados e potesta<strong>de</strong>s, contra os dominadores<strong>de</strong>ste mundo tenebroso, contra as forças espirituais domal, nas regiões celestes.Portanto, tomai toda a armadura <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, paraque possais resistir no dia mal e, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter<strong>de</strong>svencido tudo, permanecer inabaláveis.”Efésios 6:10-13Contudo, assim como o Senhor poupou a seu povono início da sua caminhada, também nós somos poupadosaté que tenhamos a maturida<strong>de</strong> suficiente para entrar embatalha. Sei pela minha própria experiência que duranteum tempo não provamos da batalha contra os <strong>de</strong>môniospois <strong>Deus</strong> nos impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> ver a guerra para que não115


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.com<strong>de</strong>sanimemos; mas <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> estarmos mais consolidadosna fé, o Senhor não só permitirá que entremos em guerra,como nos or<strong>de</strong>nará que batalhemos contra o inimigo! Nãohá plenitu<strong>de</strong> espiritual sem batalha; eles saíram do Egitosem ver ou conhecer a guerra, mas para entrar em Canaãera necessário pelejar contra os inimigos da terra.Não <strong>de</strong>vemos, portanto, <strong>de</strong>sanimarmos na hora daguerra, mas saber que é um sinal <strong>de</strong> que estamos no limiarda terra prometida, e não <strong>de</strong> que fomos abandonados.Compreen<strong>de</strong>ndo a rejeiçãoO que torna este processo dolorido, é que eleaparenta rejeição, abandono. É quase inevitável provar estesentimento, mesmo nos conscientizando <strong>de</strong> que é apenasum momento <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>.Penso, contudo, que o fato <strong>de</strong> sentirmos isto tãofortemente, não se <strong>de</strong>ve somente ao lado humano, frágil,que sente a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> curtir sua própria dor, mas que<strong>Deus</strong> mesmo usa <strong>de</strong>ste sentimento para produzir outrascoisas em nosso íntimo, tratando conosco <strong>de</strong> forma maisprofunda.Ao observar a vida dos homens que se <strong>de</strong>stacaramservindo a <strong>Deus</strong>, nunca tomei conhecimento <strong>de</strong> um sequer,na Bíblia ou na história, que não tenha passado por umprofundo sentimento <strong>de</strong> rejeição. Parece-me que asensação <strong>de</strong> rejeição é uma das ferramentas que <strong>Deus</strong>usa para aperfeiçoar nosso caráter, pois ela tem um po<strong>de</strong>r<strong>de</strong> produzir gran<strong>de</strong>s reações no nosso íntimo.O próprio Jesus experimentou a rejeição em diversosníveis; João 7:5 diz que nem seus irmãos criam nele.116


eprodução proibidaNas Asas da ÁguiaMarcos 6:1-6 nos mostra que seus vizinhos também nãocriam nele. Um dos doze o traiu. E a própria nação orejeitou, pois como escreveu João: “veio para o que eraseu, mas os seus não o receberam...” (Jo.1:11).Mas o pior sentimento <strong>de</strong> rejeição não é aqueleproduzido por homens, mas aquele quando parece que <strong>Deus</strong>nos rejeitou. Os homens, reconhecemos como falhos eimperfeitos, e quando nos rejeitam por alguma razão,po<strong>de</strong>mos buscar refúgio em <strong>Deus</strong>; entretanto, quandoparece que <strong>Deus</strong> nos rejeitou, para on<strong>de</strong> iremos?Este tipo <strong>de</strong> sentimento mexe profundamenteconosco! Jesus suportou bem toda rejeição que sofreu.Isaías se referiu a Ele em sua profecia como uma ovelhamuda que não abriu sua boca quando levado ao matadouro,pois diante <strong>de</strong> toda rejeição humana ele nada reclamou.No entanto, houve um único instante em que Cristo nãopermaneceu calado - quando bradou na cruz: “<strong>Deus</strong> meu,<strong>Deus</strong> meu, porque me <strong>de</strong>samparaste?” (Mt.27:46). ABíblia diz que ele bradou em alta voz, ou seja: gritou. E oque é isto, senão um <strong>de</strong>sabafo <strong>de</strong> alma?Toda rejeição po<strong>de</strong> ser suportada no nível humano,mas não no divino. Quando parece que fomos rejeitadospor <strong>Deus</strong>, não temos consolo em mais nada.Por que o Senhor permite que tenhamos estesentimento?Sabemos que quando Ele nos leva nas asas da águia,e nos lança ao ar para que aprendamos a voar, seu propósitonão é nos abandonar mas sim fazer-nos crescer.Contudo, o sentimento <strong>de</strong> rejeição nesta hora éinevitável, e creio que <strong>Deus</strong> aproveita este tipo <strong>de</strong>sentimento para produzir algo em nós.117


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.com“Ele, Jesus, nos dias <strong>de</strong> sua carne, tendo oferecido,com forte clamor e lágrimas, orações e súplica a quemo podia livrar da morte, e tendo sido ouvido por causada sua pieda<strong>de</strong>, embora sendo Filho, apren<strong>de</strong>u aobediência pelas cousas que sofreu e, tendo sidoaperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eternapara todos os que lhe obe<strong>de</strong>cem”Hebreus 5:7-9O escritor nos revela que Jesus em sua condiçãohumana passou por um tratamento <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, e apren<strong>de</strong>u aobediência pelas coisas que sofreu! Você po<strong>de</strong> imaginaristo? Jesus Cristo apren<strong>de</strong>u a obediência pelas coisas quesofreu, inclusive a rejeição. E o escritor aplica isto àocasião em que Jesus orou por livramento da cruz no jardimdo Getsêmane; ou seja, a um momento <strong>de</strong> conflito, on<strong>de</strong>parecia que Ele estava sendo abandonado por <strong>Deus</strong>. Oevangelho <strong>de</strong> Mateus <strong>de</strong>clara que sua alma estava cheia <strong>de</strong>tristeza até a morte. Isto é rejeição. Angustia e tristeza àponto <strong>de</strong> sentir a morte não dão nenhum outro sentimentoa não ser solidão e abandono!Mas no sofrimento da rejeição Ele foi aperfeiçoadopor <strong>Deus</strong>. Tal sentimento provocou <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>le uma reaçãopara <strong>Deus</strong>. Quando nos leva “nas asas da águia”, <strong>Deus</strong> querproduzir em nós o mesmo tipo <strong>de</strong> reação. É um tempo <strong>de</strong>crescimento.Além <strong>de</strong> Jesus, po<strong>de</strong>mos ver o mesmo exemplo <strong>de</strong>rejeição na vida do apóstolo Paulo. Depois <strong>de</strong> suaconversão em Damasco, ele foi para Jerusalém e a Palavranos <strong>de</strong>clara que os cristãos tinham medo <strong>de</strong>le, nãoacreditando que fosse <strong>de</strong> fato discípulo e não o recebiam118


eprodução proibidaNas Asas da Águia(At.9:26). Não bastasse a rejeição inicial por parte doscristãos, Paulo experimentou em quase todo o seuministério perseguição por parte dos ju<strong>de</strong>us; sua naçãotambém o rejeitou, razão pela qual ele ficou preso muitosanos, indo seu julgamento até Roma. Não bastando istotudo, durante o tempo <strong>de</strong> sua prisão até mesmo alguns <strong>de</strong>seus colaboradores o abandonaram:“Procura vir ter comigo <strong>de</strong>pressa.Porque Demas, tendo amado o presente século, meabandonou e se foi para a Tessalônica; Crescente foipara a Galácia, Tito para a Dalmácia.Somente Lucas está comigo. Toma contigo Marcose traze-o, pois me é útil para o ministério.”II Timóteo 4:9-11Paulo <strong>de</strong>clara que em sua primeira <strong>de</strong>fesa ele estevesozinho, que ninguém estava ao seu lado, mas que o Senhoresteve ao seu lado e o fortaleceu, e isto lhe foi umconforto.É fácil suportarmos a rejeição no nível humano,quando o Senhor está ao nosso lado; mas e quando nossentimos rejeitados por Ele? Em sua segunda carta aoscoríntios, Paulo <strong>de</strong>sabafa num momento <strong>de</strong>stes, e <strong>de</strong>claraque achava que <strong>Deus</strong> havia posto os apóstolos em últimolugar (II Co.4:9). O que seria isto a não ser achar-se nofim da fila, como quem ficou para ser atendido <strong>de</strong>pois dosoutros? E ele enfatiza: “a nós, apóstolos”; como querendodizer: somos apóstolos, não <strong>de</strong>víamos estar no fim da fila,mas no início.Sabemos que <strong>Deus</strong> não nos rejeita, mas por que Ele119


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.compermite situações que nos fazem sentir assim?O que Ele quer com isto?Ele se utiliza <strong>de</strong>ste tipo sentimento para <strong>de</strong>spertarem nós uma reação, uma resposta para Ele. Então dá-seconosco o mesmo que se <strong>de</strong>u com Jesus: foi aperfeiçoadopelas coisas que sofreu, inclusive a rejeição.Po<strong>de</strong>mos compreen<strong>de</strong>r melhor este conceito, quandoo apóstolo Paulo diferencia a tristeza segundo o mundo e atristeza segundo <strong>Deus</strong>. A Bíblia não diz que nunca seríamoscontristados e que só viveríamos em alegrias mil; pelocontrário, diz que <strong>Deus</strong> tem uma tristeza para ser usada nosseus! Só que ela nada tem a ver com a tristeza <strong>de</strong>ste mundo.Sua diferença percebe-se não somente por quem a origina,mas também pelos resultados que produz. Observe:“Agora, me alegro não porque fostes contristados,mas porque fostes contristados para arrependimento;pois fostes contristados segundo <strong>Deus</strong>, para que, <strong>de</strong>nossa parte, nenhum dano sofrêsseis.Porque a tristeza segundo <strong>Deus</strong> produzarrependimento para a salvação, que a ninguém trazpesar; mas a tristeza do mundo produz morte.”II Coríntios 7:9,10Uma conduz à vida, outra à morte! E como a tristezasegundo <strong>Deus</strong> po<strong>de</strong> produzir em mim vida? Pelas reaçõesque em mim provoca. Paulo fala que esta tristeza segundo<strong>Deus</strong> havia produzido uma reação interior positiva noscoríntios:“Porque quanto cuidado não produziu isto mesmo120


eprodução proibidaNas Asas da Águiaem vós que, segundo <strong>Deus</strong>, fostes contristados! Que<strong>de</strong>fesa, que indignação, que temor, que sauda<strong>de</strong>s, quezelo, que vindita! Em tudo <strong>de</strong>stes prova <strong>de</strong> estar<strong>de</strong>sinocentes neste assunto.”II Coríntios 7:11Note as palavras “<strong>de</strong>fesa”, “indignação”, “temor”,“sauda<strong>de</strong>s”, “zelo”, e “vingança”. Eu diria que o sentimento<strong>de</strong> rejeição provoca em nós uma reação <strong>de</strong>stessentimentos mencionados pelo apóstolo.No brado <strong>de</strong> Jesus na cruz, Ele mostrava sauda<strong>de</strong>sdo Pai, indignação pelo aparente abandono, temor por estarsozinho, e <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> si mesmo. As reações po<strong>de</strong>m serclaramente vistas!No caso <strong>de</strong> Paulo que mencionou ter sido colocadopor último, não foi diferente; havia a indignação do fim dafila, as sauda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> quem parecia já ter estado no início dafila, sua <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong>monstrando ser espiritualmente melhorque os coríntios, o zelo <strong>de</strong>le pelo Senhor sendo suscitadoe a reação <strong>de</strong> um combate contínuo e forte.A rejeição produz em nós a reação do nosso valorpróprio.E por que <strong>Deus</strong> a permite?Para nos ensinar a auto-negação. Não há crescimentoespiritual genuíno sem que haja a auto-negação. E na horaem que nos ensina a voar, além <strong>de</strong> nos dar a maturida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vivermos a vida cristã sem ser carregados no colo, <strong>Deus</strong>ainda faz isto <strong>de</strong> um modo em que venhamos a conhecerseu tratamento em nós.Paulo <strong>de</strong>clarou que em certa ocasião orou três vezessobre um assunto e não foi atendido por <strong>Deus</strong>. Mas esta121


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comaparente rejeição era um tratamento <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> na vida <strong>de</strong>le,para lhe ensinar a caminhar em humilda<strong>de</strong>. Trata-se <strong>de</strong> seuespinho na carne, relatado em II Coríntios 12:7-10. O agir<strong>de</strong> <strong>Deus</strong> continua sendo invisível aos nossos olhos. Suasformas <strong>de</strong> operar em nós são tão variadas! Até mesmonossas próprias crises, como as <strong>de</strong> rejeição, po<strong>de</strong>m serum tempo quando Ele esteja nos fazendo crescer em suapresença...Embora o agir <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> nos pareça algumas vezes tãoincerto e imprevisível, uma coisa temos como certa: Elejamais nos abandonará! Ele está conosco todos os dias,até a consumação dos séculos. Como <strong>de</strong>clara o famosopoema, “pegadas na areia”, há momentos quando pareceque ficamos sozinhos, mas é justamente nesta hora que oPai nos carrega no colo. Precisamos compreen<strong>de</strong>r aaparente rejeição, que po<strong>de</strong> ser mais um instrumento doagir invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>.122


eprodução proibidaOs Aguilhões <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>6OS AGUILHÕES DE DEUSQuando Saulo seguia pela estrada <strong>de</strong> Damasco, tevea mais importante experiência <strong>de</strong> sua vida: viu Jesus, que serevelou a ele como o Cristo. E encontramos nesta revelaçãouma afirmação do Senhor Jesus para a qual não atentamosmuito: “Dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões”(At.26:13-15).Há uma profunda revelação divina aqui. Acompreensão <strong>de</strong>sta frase tem afetado muito o meu andarem <strong>Deus</strong>. Já partilhei que quando um anjo do Senhor faloucom um dos meus pastores em minha or<strong>de</strong>nação, ele disseacerca <strong>de</strong> mim: “Ele é rebel<strong>de</strong> e não aceita o tratamento <strong>de</strong><strong>Deus</strong> em sua vida”. De fato, eu não aceitava mesmo; nãoporque quisesse ir contra <strong>Deus</strong>, mas por não reconhecerque <strong>Deus</strong> estivesse tentando tratar comigo. O fato é que eurealmente não aceitava. Só que quando ouvi esta frase, queeu fora chamado <strong>de</strong> rebel<strong>de</strong>, doeu em mim. Quando o anjodo Senhor apareceu ao profeta Daniel, chamou-o <strong>de</strong> homemmuito amado; a outros, os anjos tem trazido muitos elogios,e eu fui chamado <strong>de</strong> rebel<strong>de</strong>! Rebelei-me contra aquilo sópara tentar provar a <strong>Deus</strong> que eu não era rebel<strong>de</strong>... Saí para123


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comum retiro à sós com o Senhor, querendo ouvir sua voz eapren<strong>de</strong>r <strong>de</strong>le numa época em que até estes termos como“tratamento” eram coisa nova para mim. E ouvi. O EspíritoSanto me conduziu naquele tempo <strong>de</strong> oração a umacompreensão <strong>de</strong>ste assunto aqui explanado, e entãocompreendi muitas coisas na minha vida e na vida dos queeu pastoreava.<strong>Deus</strong> trata mesmo conosco. O livro <strong>de</strong> Hebreus<strong>de</strong>clara que se estamos sem correção, então não somosfilhos, somos bastardos. Mas <strong>Deus</strong> corrige a quem ama. Nãome refiro a correção do pecado expresso em ações apenas,e sim àquilo que povoa nosso íntimo: nossas atitu<strong>de</strong>s,intenções e motivações erradas, nossa visão distorcida doreino <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, a falta <strong>de</strong> quebrantamento, a vida egoísta ecarnal, centrada só no que pensamos e queremos. O PaiCelestial sabe como lidar com tudo isto; e tenha certeza:Ele tratará conosco no tocante a isto!Penso que <strong>de</strong>vemos começar com algumas<strong>de</strong>finições. O que é um aguilhão? É uma ferramenta quepraticamente não conhecemos nos dias <strong>de</strong> hoje, pois atecnologia substituiu seu uso. Hoje em dia, a gran<strong>de</strong>maioria dos campos <strong>de</strong> plantio são arados por um trator,mas naqueles dias <strong>de</strong> Paulo, o arado era puxado por boisou cavalos; quando o animal empacava, usava-se umaguilhão <strong>de</strong> metal, tal qual uma lança, para espetá-lo e fazêloandar <strong>de</strong> novo. O aguilhão, portanto, era uma hastecomprida <strong>de</strong> metal com a ponta afiada, cujo propósito eraproduzir incômodo e dor no animal, fazendo-o obe<strong>de</strong>cerseu dono. Só era usado nos animais teimosos e obstinados.Agora veja o paralelo: Jesus disse que Paulo estavarecalcitrando contra os aguilhões, o que nos revela que <strong>Deus</strong>124


eprodução proibidaOs Aguilhões <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>tem seus aguilhões. E com que propósito <strong>Deus</strong> tem seuspróprios aguilhões? Para usá-lo em nossas vidas, quandoempacamos em relação a sua vonta<strong>de</strong>. O tratamento <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>sempre tem a ver com aquelas áreas em que não nos<strong>de</strong>ixamos ser trabalhados facilmente; tem a ver com nossateimosia e rebeldia, mas o Senhor sabe como nos espetar efazer com que an<strong>de</strong>mos <strong>de</strong> novo!Esta é mais uma parte do agir invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>. Eleage <strong>de</strong> formas misteriosas que, na maioria das vezes, nãosão visíveis aos nossos olhos. Temos o costume <strong>de</strong> atribuirao diabo toda circunstância negativa, mas nem sempre éassim. Há momentos quando po<strong>de</strong>mos estar colhendo o fruto<strong>de</strong> nossa própria obstinação, e o diabo não será o responsávelnão. O que quero partilhar neste capítulo é que, algumasvezes, <strong>Deus</strong> mesmo po<strong>de</strong> estar nos resistindo. Não é fácilreconhecer <strong>Deus</strong> agindo assim, como não é fácil reconhecera maior parte do seu agir em nós, pois Ele trabalha fora davista dos nossos olhos e da compreensão <strong>de</strong> nossa mente.Se empacarmos, certamente o aguilhão será usado.Tendo <strong>de</strong>finido o que é um aguilhão, creio queprecisamos enten<strong>de</strong>r melhor a palavra “recalcitrar”, que jánão é tão usada em nossos dias. Recalcitrar significa:“resistir; não ce<strong>de</strong>r; teimar; obstinar-se; insurgir-se;<strong>de</strong>sobe<strong>de</strong>cer; e no caso do animal: dar coices”. Nos diasem que Jesus escolheu esta ilustração havia alguns animaistão teimosos e rebel<strong>de</strong>s, que mesmo sendo aguilhoados nãoandavam. E não só não avançavam como ainda se rebelavamcontra o próprio aguilhão; ao serem espetados ficavamembravecidos e davam coices no aguilhão. Resultado: semachucavam muito mais ao darem coices do que quandoeram aguilhoados. O Senhor Jesus não somente revelou que125


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.com<strong>Deus</strong> tem e usa seus aguilhões, como também que Saulo(como muitos <strong>de</strong> nós) estava sendo por <strong>de</strong>mais obstinado;além <strong>de</strong> empacado em relação a <strong>Deus</strong>, ele se encontravarecalcitrando, ou seja, dando coices contra o aguilhão<strong>de</strong> <strong>Deus</strong> em sua vida, tentando lutar contra ele. Nós,cristãos <strong>de</strong> hoje, também somos assim; muitas vezesquando <strong>Deus</strong> quer tratar conosco, resistimos.Tenho certeza <strong>de</strong> que o Pai Celeste não quer nostratar como se trata com os animais, mas a verda<strong>de</strong> é quemuitas vezes agimos como tais. A própria Escritura nosadverte a não agir assim; e certamente <strong>Deus</strong> não nosadvertiria <strong>de</strong>sta forma se não fosse comum proce<strong>de</strong>rmos<strong>de</strong>sta maneira. Observe o que o Espírito Santo disse porboca <strong>de</strong> Davi:“Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que<strong>de</strong>ves seguir; e sob as minhas vistas, te darei conselho.Não sejais como o cavalo ou a mula, sementendimento, os quais com freios e cabrestos sãodominados; <strong>de</strong> outra sorte não obe<strong>de</strong>cem.”Salmo 32:8,9A Bíblia está dizendo que os animais só obe<strong>de</strong>cemna marra, e menciona os freios e cabrestos usados paraforçá-los a obe<strong>de</strong>cerem. E então somos exortados a nãoagirmos como o cavalo ou a mula! O fato é que, quandoagimos como animais, <strong>Deus</strong> nos tratará como tal. Seempacamos em relação a sua vonta<strong>de</strong>, Ele tem seusaguilhões. E tenha certeza: Ele não <strong>de</strong>ixará <strong>de</strong> usá-loscontra a nossa caturrice!126


eprodução proibidaOs Aguilhões <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>O aguilhão da consciênciaEm relação a Saulo, <strong>Deus</strong> já vinha usando seusaguilhões e ele recalcitrando contra. Mas que aguilhõeseram estes? O que já po<strong>de</strong>ria estar espetando a vida <strong>de</strong>Paulo em relação à pessoa <strong>de</strong> Cristo Jesus? Contra o queele já vinha lutando quando viu o Senhor?Em toda a Bíblia vemos que os aguilhões <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>po<strong>de</strong>m tratar com a pessoa interiormente (em suaconsciência) e exteriormente (nas circunstâncias a suavolta).Como no caso da conversão <strong>de</strong> Paulo a Bíblia nadadiz sobre uma pressão circunstancial, enten<strong>de</strong>mos que setratava <strong>de</strong> aguilhões espetando seu íntimo, sua consciência.Pela própria Escritura po<strong>de</strong>mos discernir alguns aguilhõesque vinham aferroando sua consciência:1. Insatisfação quanto ao judaísmo;2. A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Jesus. Era fácil perseguir seusseguidores, mas livrar-se <strong>de</strong> pensamentosquanto à i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Jesus, não era assim tãosimples... nenhum homem jamais operou tantosmilagres!3. O testemunho <strong>de</strong> cristãos que, mesmo emmeio a perseguição e morte, estavam cheios <strong>de</strong>alegria e perdão.Certamente todas estas coisas vinham dando um nóna cabeça <strong>de</strong> Paulo. Ele estava tremendamente <strong>de</strong>sgostosocom um judaísmo que não lhe comunicara vida, e o quelhe faltava <strong>de</strong> justiça, paz e alegria, sobejava aos cristãosque se dispunham a morrer por Jesus. Quem era estehomem? Creio que Paulo <strong>de</strong>ve ter feito esta pergunta a si127


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.commesmo centenas <strong>de</strong> vezes, mas em momento algum elecedia a idéia <strong>de</strong> que Jesus podia ser o Messias <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>. Ecom todas estas evidências, o Senhor foi espetando Paulopor <strong>de</strong>ntro; mas ele era teimoso e lutava contra isto.Recalcitrava contra os aguilhões, até que o Senhor lheapareceu.Tenho conhecido pessoas que eram totalmente contrao mover do Espírito Santo na Igreja, e lutavam com unhase <strong>de</strong>ntes contra a obra <strong>de</strong> renovação espiritual que o Senhortem operado, e que começaram a ser “torturadas” por<strong>de</strong>ntro com pensamentos <strong>de</strong> que só <strong>Deus</strong> podia estarfazendo aquilo. Elas têm nos relatado que enquanto suaboca negava esta obra, era como se, aos poucos, sua mentee coração começassem a dizer sim. E esta guerra interioras <strong>de</strong>ixava realmente aborrecidas! Não sei dimensionar oque Paulo passou, pois foi uma experiência pessoal <strong>de</strong>le;mas sei que certamente ele enfrentou lutas interiores.Este é o primeiro nível da aguilhoada <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>. OSenhor começa sempre falando ao nosso interior <strong>de</strong> formatão meiga e suave, que às vezes po<strong>de</strong> parecer que nemsequer seja <strong>Deus</strong> falando. Mas <strong>de</strong>pois aquela voz começaa insistir a ponto <strong>de</strong> tornar-se até incômoda. Lembro-me<strong>de</strong> quando estava num ministério itinerante <strong>de</strong> apoio aigrejas e <strong>Deus</strong> começou a falar ao meu coração sobre anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pastorear. Eu sempre dizia que a últimacoisa que eu queria ser na vida era pastor e, <strong>de</strong> repente, viao meu coração começar a concordar com <strong>Deus</strong> e uma lutamuito gran<strong>de</strong> iniciar-se no íntimo, entre ce<strong>de</strong>r àquilo ouao que minha boca dizia. A princípio, parecia ser apenasum pensamentozinho qualquer; <strong>de</strong>pois, tornou-se uma idéiamais clara; por fim um <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> pastorear. Contudo, minha128


eprodução proibidaOs Aguilhões <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>razão dizia que não havia pressa, que podia esperar maistempo para ver como as coisas se conduziriam. E eurecalcitrei contra aquele aguilhão interior como pu<strong>de</strong>, atéque <strong>Deus</strong> passou ao segundo nível.O aguilhão circunstancialQuando não ce<strong>de</strong>mos ao aguilhão da consciência,<strong>Deus</strong> po<strong>de</strong> avançar para um outro nível <strong>de</strong> aguilhoada: odas circunstâncias adversas. Penso que o melhor exemplo<strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> aguilhão po<strong>de</strong> ser encontrado na vida doprofeta Jonas.“Veio a palavra do Senhor a Jonas, filho <strong>de</strong> Amitai,dizendo: Dispõe-te, vai à gran<strong>de</strong> cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Nínive, eclama contra ela, porque a sua malícia subiu até mim.Jonas se dispôs, mas para fugir da presença doSenhor para Társis; e, tendo <strong>de</strong>scido a Jope, achou umnavio que ia para Társis; pagou, pois, a sua passagem, eembarcou nele, para ir com eles para Társis, para longeda presença do Senhor.”Jonas 1:1-3O Senhor comissionou Jonas a proclamar contra opecado <strong>de</strong> Nínive, mas ele sabia que se o fizesse os ninivitaspo<strong>de</strong>riam arrepen<strong>de</strong>r-se e neste caso, seriam poupados.Desejando que fossem <strong>de</strong>struídos pela ira e juízo divinospor julgá-los cruéis e merecedores <strong>de</strong> tal sorte, Jonas<strong>de</strong>ci<strong>de</strong> não levar a mensagem <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> a eles, e se rebelacontra <strong>Deus</strong>. E ao rebelar-se, experimenta os aguilhões<strong>de</strong> <strong>Deus</strong> em sua vida:129


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.com“Mas o Senhor lançou sobre o mar um forte vento,e fez-se no mar uma gran<strong>de</strong> tempesta<strong>de</strong>, e o navio estavaa ponto <strong>de</strong> se <strong>de</strong>spedaçar.Então os marinheiros, cheios <strong>de</strong> medo, clamavamcada um ao seu <strong>de</strong>us, e lançavam no mar a carga, queestava no navio, para o aliviarem do peso <strong>de</strong>la. Jonas,porém, havia <strong>de</strong>scido ao porão, e se <strong>de</strong>itado; e dormiaprofundamente.Chegou-se a ele o mestre do navio, e lhe disse:Que se passa contigo? agarrado no sono? Levanta-te,invoca o teu <strong>de</strong>us; talvez assim esse <strong>de</strong>us se lembre <strong>de</strong>nós para que não pereçamos.E diziam uns aos outros: Vin<strong>de</strong>, e lancemos sortes,para que saibamos por causa <strong>de</strong> quem nos sobreveioeste mal. E lançaram sortes, e a sorte caiu sobre Jonas.Então lhe disseram: Declara-nos, agora, porcausa <strong>de</strong> quem nos sobreveio este mal. Que ocupação é atua? Don<strong>de</strong> vens? Qual é tua terra? E <strong>de</strong> que povo és tu?Ele lhes respon<strong>de</strong>u: Sou hebreu, e temo ao Senhor,o <strong>Deus</strong> do céu, que fez o mar e a terra.Então os homens ficaram possuídos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>temor, e lhe disseram: Que é isto que nos fizeste! Poissabiam os homens que fugia da presença do Senhor,porque lho havia <strong>de</strong>clarado.”Jonas 1:4-10Este foi o primeiro aguilhão <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> na vida <strong>de</strong>Jonas. O Senhor enviou-lhe uma gran<strong>de</strong> tempesta<strong>de</strong>.Sempre que falamos <strong>de</strong> tempesta<strong>de</strong>s, pensamos emadversida<strong>de</strong>s, dificulda<strong>de</strong>s, pois é exatamente isto que elassignificam.130


eprodução proibidaOs Aguilhões <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>Só que geralmente vemos em Satanás a origem dasadversida<strong>de</strong>s, e neste caso, a Bíblia diz que foi <strong>Deus</strong> quema enviara! É lógico que o Senhor po<strong>de</strong> colocar o diabopara trabalhar para Ele, permitindo uma investida contraáreas específicas <strong>de</strong> nossas vidas; mas isto não quer dizerque o diabo esteja no controle da situação. E há tempesta<strong>de</strong>scomo esta <strong>de</strong> Jonas que <strong>Deus</strong> mesmo envia.Nossa rebeldia produz as aguilhoadas <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> que,muitas vezes, po<strong>de</strong>m vir através <strong>de</strong> circunstâncias adversasenviadas por Ele mesmo. E nesta hora não adianta orar,repreen<strong>de</strong>r o diabo, e nem jejuar. A única coisa quepo<strong>de</strong>mos e <strong>de</strong>vemos fazer é nos arrepen<strong>de</strong>r e <strong>de</strong>ixar arebeldia. Enquanto Jonas não se posicionou, a tempesta<strong>de</strong>foi ficando cada vez pior. É assim, também, com muitoscristãos rebel<strong>de</strong>s. Tem muita gente em rebeldia que vivecorrendo atrás <strong>de</strong> igrejas e pregadores, como se uma oraçãoresolvesse seus problemas... Mas o que é preciso quando <strong>Deus</strong>está usando seu aguilhão é <strong>de</strong>sempacar e <strong>de</strong>cidir obe<strong>de</strong>cê-lo!Mas Jonas não ce<strong>de</strong>u ao aguilhão <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>. Pelocontrário, recalcitrou, e se machucou ainda mais. Deveter pensado consigo mesmo: “Se <strong>Deus</strong> pensa que eu vou<strong>de</strong>sistir tão fácil, <strong>de</strong>ve estar enganado! Ele mandou atempesta<strong>de</strong> para me assustar com o medo da morte, maseu sou duro na queda, e não vou recuar, se é para morrer,eu morro, mas não irei à Nínive!” E <strong>de</strong>cidiu morrerafogado em vez <strong>de</strong> obe<strong>de</strong>cer ao Senhor:“Disseram-lhe: Que te faremos, para que o marse nos acalme? Porque o mar ia se tornando cada vezmais tempestuoso.Respon<strong>de</strong>u-lhes: Tomai-me, e lançai-me ao mar, e131


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.como mar se aquietará; porque eu sei que por minha causavos sobreveio esta gran<strong>de</strong> tempesta<strong>de</strong>.Entretanto os homens remavam, esforçando-se poralcançarem a terra, mas não podiam; porquanto o maria se tornando cada vez mais tempestuoso contra eles.Então clamaram ao Senhor, e disseram: Ah!Senhor! Rogamos-te que não pereçamos por causa davida <strong>de</strong>ste homem, e não faças cair sobre nós estesangue, quanto a nós, inocente; porque tu, Senhor,fizeste como te aprouve.E levantaram a Jonas, e o lançaram ao mar; ecessou o mar da sua fúria.Temeram, pois, estes homens em extremo aoSenhor; e ofereceram sacrifícios ao Senhor, e fizeramvotos.”Jonas 1:12-16Note que a tempesta<strong>de</strong> enviada por <strong>Deus</strong> eraprogressiva. Quanto mais os homens tentavam alcançar aterra remando, mais tempestuoso ficava o mar. Quando<strong>Deus</strong> usa seu aguilhão, não há escapatória a não serce<strong>de</strong>rmos e arrepen<strong>de</strong>rmo-nos. Jonas não se intimidoudiante do risco da morte e preferiu morrer a <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong>teimar. Ele queria morrer, estava muito <strong>de</strong>sgostoso com<strong>Deus</strong>. Só que <strong>Deus</strong> começou a jogar duro com ele, e não o<strong>de</strong>ixou morrer! Em momento algum o Senhor queria<strong>de</strong>struir Jonas, mas sim tratar com ele. Lembre-se que esteé o nosso assunto: o agir misterioso do Pai tratandoconosco. <strong>Deus</strong> se recusa <strong>de</strong>ixar Jonas morrer:“Deparou o Senhor um gran<strong>de</strong> peixe, para que132


eprodução proibidaOs Aguilhões <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>tragasse a Jonas; e esteve Jonas três dias e três noites<strong>de</strong>ntro do peixe”Jonas 1:17O profeta queria que tudo tivesse acabado sem queele precisasse ce<strong>de</strong>r, mas <strong>Deus</strong> não <strong>de</strong>ixou. E então vem osegundo aguilhão, que nas palavras <strong>de</strong> Jonas em sua oração,é quando “todas as tuas ondas e vagas passaram sobre mim”(Jn.2:3). Muitos <strong>de</strong>scrêem do relato do livro <strong>de</strong> Jonas, masvale lembrar que Jesus se referiu a ele não só comohistórico mas também como tipológico (Mt.12:39-41).É interessante que no navio Jonas ficou firme e nãoce<strong>de</strong>u, mas quando <strong>Deus</strong> pegou pesado com ele, enviandoum peixe que o engoliu vivo, impedindo-o até mesmo <strong>de</strong>morrer, e trazendo ainda mais sofrimento, então ele se ren<strong>de</strong>u.Temos em seu livro o relato da oração que ele fez no ventredo peixe:“Então Jonas, do ventre do peixe, orou ao Senhorseu <strong>Deus</strong>, e disse: Na minha angústia clamei ao Senhor, eele me respon<strong>de</strong>u; do ventre do abismo gritei, e tu meouviste a voz.Pois me lançaste no mais profundo, no coração dosmares, e a corrente das águas me cercou; todas as tuasondas e vagas passaram por cima <strong>de</strong> mim.Então disse: Lançado estou diante dos teus olhos;tornarei, porventura, a ver teu santo templo?As águas me cercaram até à alma, o abismo mero<strong>de</strong>ou; e as algas se enrolaram na minha cabeça atéaos fundamentos dos montes. Desci à terra, cujosferrolhos se correram sobre mim para sempre; contudo133


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comfizeste subir da sepultura a minha vida, ó Senhor meu <strong>Deus</strong>!Quando <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mim <strong>de</strong>sfalecia a minha alma,eu me lembrei do Senhor; e subiu a ti a minha oração, noteu santo templo.Os que se entregam à idolatria vã abandonamaquele que lhes é misericordioso.Mas com a voz do agra<strong>de</strong>cimento eu te oferecereisacrifício; o que votei, pagarei. Ao SENHOR pertence asalvação!”Jonas 2:1-7Imagine você o estado <strong>de</strong>plorável (e até cômico) <strong>de</strong>Jonas com todas aquelas algas enroladas no pescoço e cabeça,três dias e três noites molhado, no escuro, sem comer, e comenjôo, fora o resto do que ele passou e que nem sabemos.<strong>Deus</strong> sabe como nos quebrar. Se endurecemos e empacamos,Ele irá nos aguilhoar; e se começarmos a recalcitrar, Ele sabeexatamente como lidar conosco. Jonas se ren<strong>de</strong>u, e lembrou<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar claro em sua oração que ele pagaria todos os seusvotos (o que provavelmente indicava que ele aceitava serobediente e levar a mensagem <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> à Nínive). E como elece<strong>de</strong>u e se arrepen<strong>de</strong>u, então <strong>Deus</strong> retirou seu aguilhão:“Falou, pois, o Senhor ao peixe, e este vomitoua Jonas na terra”.Jonas 2:10Então o Senhor falou novamente com Jonas nosentido <strong>de</strong>le ir e pregar aos ninivitas e, <strong>de</strong>sta vez, ele foi.Foi e pregou o juízo que <strong>Deus</strong> estabelecera por um diainteiro. Um avivamento aconteceu, e todos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o menoraté o maior se arrepen<strong>de</strong>ram. E <strong>Deus</strong> não <strong>de</strong>struiu a cida<strong>de</strong>.134


eprodução proibidaOs Aguilhões <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>E o comportamento <strong>de</strong> Jonas nos revela que mesmo tendoobe<strong>de</strong>cido a <strong>Deus</strong> ele não o fez <strong>de</strong> coração. Agiu comoaquela criança que a professora pôs <strong>de</strong> castigo, em pé dianteda classe, e que disse: “por fora estou em pé, mas por<strong>de</strong>ntro estou sentada”; ou seja, obe<strong>de</strong>ceu mecanicamente,não <strong>de</strong> coração.“Com isso <strong>de</strong>sgostou-se Jonas extremamente, eficou irado. E orou ao Senhor, e disse: Ah! Senhor! Nãofoi isto que eu disse, estando ainda na minha terra?Por isso me adiantei fugindo para Társis, pois sabiaque és <strong>Deus</strong> clemente e misericordioso, tardio em irarsee gran<strong>de</strong> em benignida<strong>de</strong>, que se arrepen<strong>de</strong> do mal.Peço-te, pois, ó Senhor, tira-me a vida, porquemelhor me é morrer do que viver.”Jonas 4:1-3Nesta hora, Jonas voltou a agir como um animal, eempacou. Portanto, precisava <strong>de</strong> um aguilhão e <strong>Deus</strong> lhe<strong>de</strong>u uma terceira espetada. Ele está tão contrariado, quequando o Senhor lhe pergunta se sua ira é razoável, ele viraa cara e não respon<strong>de</strong>. Sai da cida<strong>de</strong> e se isola <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> e daspessoas, remoendo sua bronca.É aí que o Senhor o pega <strong>de</strong> jeito mais uma vez. Destavez <strong>Deus</strong> dá algo a Jonas para <strong>de</strong>pois o tirar. Penso que istoretrata o Senhor mexendo na própria estabilida<strong>de</strong> que umdia nos <strong>de</strong>u, a fim <strong>de</strong> nos levar a ce<strong>de</strong>r.O tratamento visa justamente mudar nossos conceitose valores, e isto aconteceu com o profeta. O livro terminacom <strong>Deus</strong> falando por último, e não Jonas, o que nos mostraque ele apren<strong>de</strong>u a parar <strong>de</strong> retrucar e <strong>de</strong> empacar.135


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comNós também precisamos apren<strong>de</strong>r isto, que nãoimporta o que achamos ou sentimos, <strong>Deus</strong> sempre tem eterá razão! Ele é perfeito e não erra nunca. Precisamosaceitar isto com fé infantil e não mais empacarmos emrelação à vonta<strong>de</strong> divina.“Então Jonas saiu da cida<strong>de</strong>, e assentou-se aooriente da mesma e ali fez uma enramada, e repousou<strong>de</strong>baixo <strong>de</strong>la, à sombra, até ver o que aconteceria àcida<strong>de</strong> [note que ele esperava que <strong>Deus</strong> mudasse <strong>de</strong>idéia e acabasse <strong>de</strong>struindo aos ninivitas].Então fez o Senhor <strong>Deus</strong> nascer uma planta, quesubiu por cima <strong>de</strong> Jonas, para que fizesse sombra sobrea sua cabeça, a fim <strong>de</strong> o livrar <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>sconforto. Jonas,pois, se alegrou em extremo por causa da planta [noteque ele era um homem <strong>de</strong> extremos, tanto para a tristeza(v.1), como para a alegria].Mas <strong>Deus</strong>, no dia seguinte, ao subir da alva, enviouum verme, o qual feriu a planta, e esta se secou.Em nascendo o sol, <strong>Deus</strong> mandou um calmoso ventooriental; o sol bateu na cabeça <strong>de</strong> Jonas, <strong>de</strong> maneiraque <strong>de</strong>sfalecia, pelo que pediu para si a morte, dizendo:Melhor me é morrer do que viver.Então perguntou <strong>Deus</strong> a Jonas: É razoável estatua ira por causa da planta? Ele respon<strong>de</strong>u: É razoávela minha ira até a morte.Tornou o Senhor: Tens compaixão da planta quenão te custou trabalho, a qual não fizeste crescer; quenuma noite nasceu e numa noite pereceu; e não hei <strong>de</strong>eu ter compaixão da gran<strong>de</strong> cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Nínive, em quehá mais <strong>de</strong> cento e vinte mil pessoas, que não sabem136


eprodução proibidaOs Aguilhões <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>discernir entre a mão direita e a mão esquerda, etambém muitos animais?”Jonas 4:5-11Imagine Jonas vendo uma planta crescer no prazo <strong>de</strong>um dia, com uma velocida<strong>de</strong> assustadora, nunca antes vista,era um milagre! E o milagre animou o coração <strong>de</strong> Jonas; ébem provável que ele tenha achado que estava vencendo ojogo, que <strong>Deus</strong> já estava se dobrando a ele, e até mesmo opaparicando. De repente, <strong>Deus</strong> lhe arrancou a única coisaque lhe valia naquela hora! E Jonas teve que se ren<strong>de</strong>r, poisse continuasse endurecendo, <strong>Deus</strong> também endureceriacom ele.Quando Jonas se ren<strong>de</strong>, o livro termina, pois é ahistória dos aguilhões <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> na vida do profeta...Muitas vezes temos passado por aflições e angústiasque nós mesmos geramos. Precisamos <strong>de</strong> um coraçãosubmisso à vonta<strong>de</strong> do Pai, que saiba orar como Jesus orouno jardim do Getsêmani: “não seja como eu quero, e,sim, como tu queres” (Mt.26:39).Os aguilhões na minha vidaMencionei que <strong>Deus</strong> já vinha aguilhoando a minhaconsciência em relação ao ministério pastoral. Mas euresisti sua voz mansa e suave que tentava convencer meucoração.Continuava sabendo que Ele me queria no ministériopastoral e fora da correria na qual nos encontrávamos, masnão fazia nada a respeito e ainda discutia por <strong>de</strong>ntro com<strong>Deus</strong>. Em muitas circunstâncias adversas <strong>Deus</strong> me espetoue eu não cedi, até aquele aci<strong>de</strong>nte na estrada.137


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comFoi neste momento que seu aguilhão em minha vida<strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> me espetar somente por <strong>de</strong>ntro e começou afazê-lo do lado <strong>de</strong> fora, nas circunstâncias. Fazia um mêsque eu estava com aquele carro que era uma resposta <strong>de</strong>oração, e me senti como Jonas em relação à planta. Pareciaque <strong>Deus</strong> pusera o doce na boca da criança só para tirar<strong>de</strong>pois. Também tive vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> morrer por achar que <strong>Deus</strong>estava brincando comigo. Mas ao fim <strong>de</strong> tudo, compreendique estava lutando contra a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>. Eu queriaque as coisas acontecessem do meu jeito. Tinha meuspróprios planos para o ministério e ainda relutava com oplano <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, mas quando me rendi os aguilhões cessarame a graça <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> me envolveu.Se resistirmos, o aguilhão também será insistente,mas se ce<strong>de</strong>rmos, o Senhor nos tratará com bonda<strong>de</strong> egraça.Se você tem sido aguilhoado por <strong>Deus</strong>, ceda. Nãofique recalcitrando, pois em um certo momento otratamento cessa, e o que vem <strong>de</strong>pois é juízo. Devemosapren<strong>de</strong>r que é possível viver sem ter que provar os aguilhões<strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, basta andar em plena submissão. Mas como nemtodos (para não dizer ninguém) andam nesta dimensão <strong>de</strong>rendição, torna-se inevitável o uso <strong>de</strong>les.Muitas vezes nossa obediência é meramente externa,<strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s apenas; mas é preciso ren<strong>de</strong>rmo-nos <strong>de</strong> coraçãoao Senhor. Há momentos em que temos que ser sábios esensíveis, e discernir espiritualmente o agir <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, aindaque oculto aos nossos olhos. Não adianta ficar culpando odiabo e companhia ltda., temos que reconhecer que quantomais endurecermos, mais <strong>Deus</strong> endurecerá também; énecessário contrição e quebrantamento, e se não nos138


eprodução proibidaOs Aguilhões <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>ren<strong>de</strong>rmos espontaneamente, <strong>Deus</strong> irá nos espetar!Não estou tentando pintar uma caricatura <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>.Muita gente tem feito isto e O distorcem completamente;não servimos a um <strong>Deus</strong> tirano que vive nos perseguindopara castigar e tirar nosso couro! Esta é uma imagemdistorcida, uma caricatura que fizeram d’Ele e nada refleteda verda<strong>de</strong>. O que quero é apenas mostrar que <strong>Deus</strong> éinfinitamente amoroso, mas disciplina com firmeza.Não estou dizendo que Ele irá nos aguilhoar a troco<strong>de</strong> nada, por diversão; refiro-me a ocasiões específicas<strong>de</strong> rebelião dos seus filhos. E é lógico, ao falar <strong>de</strong>rebelião não me refiro a um crente <strong>de</strong>sviado queabandonou tudo e se jogou no mundão, mas sim a atitu<strong>de</strong>scomo as <strong>de</strong> Jonas, on<strong>de</strong> não nos dobramos diante davonta<strong>de</strong> divina e ficamos lutando por aquilo que nósachamos certo.Contudo, <strong>Deus</strong> não está em posição <strong>de</strong> serquestionado nem tampouco <strong>de</strong>safiado, e toda rebeldiaserá tratada por Ele, que nos quer fazer voltar à submissãoque sempre regeu nossas vidas.Os aguilhões não fazem parte do cotidiano, sãoocasionais, extraordinários. Mas existem e certamente serãousados quando necessário. Eles são parte do agir invisível<strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, da sua forma soberana <strong>de</strong> fazer com que todas ascoisas contribuam para o bem daqueles que amam a <strong>Deus</strong> esão chamados segundo o seu propósito.139


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.com7OS ABALOS DE DEUSVocê já ouviu falar dos abalos <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>? É provávelque não, pois não é um tipo <strong>de</strong> mensagem que esteja namoda em nossos dias, mas eles existem e estãoacontecendo muito no meio evangélico. E creio que aindaaumentarão. Visto ser uma promessa para o tempo do fim,é lógico pensar que quanto mais nos aproximamos do fim,mais se intensificam os abalos. Eles compõem mais umaparcela interessante do agir invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>. São omodo como <strong>Deus</strong> faz com que nossas vidas sejamchacoalhadas para que as coisas abaláveis sejam removidase as inabaláveis permaneçam. O autor da epístola aoshebreus foi divinamente inspirado para falar disto:“Ten<strong>de</strong> cuidado, não recuseis ao que fala. Pois,se não escaparam aqueles que recusaram ouvir quemdivinamente os advertia sobre a terra, muito menos nós,os que nos <strong>de</strong>sviamos daquele que dos céus nos adverte,aquele, cuja voz abalou, então, a terra; agora, porém,ele promete, dizendo: Ainda uma vez por todas fareiabalar não só a terra, mas também o céu.140


eprodução proibidaOs Abalos <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>Ora, esta palavra: Ainda uma vez por todas,significa a remoção <strong>de</strong>ssas cousas abaladas, comotinham sido feitas, para que as cousas que não sãoabaladas permaneçam.Por isso, recebendo nós um reino inabalável,retenhamos a graça, pela qual sirvamos a <strong>Deus</strong> <strong>de</strong> modoagradável, com reverência e santo temor; porque nosso<strong>Deus</strong> é um fogo consumidor”Hebreus 12:25-29Vemos que a rebeldia daqueles que não dão ouvidosà voz divina será repreendida com abalos. Note que nãoestamos falando sobre <strong>Deus</strong> recompensar a fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> comabalos, mas sim daqueles que rejeitam a voz <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, ouseja, sua Palavra. Isto não se refere a incrédulos, mas acristãos que não estão dando ouvidos à Palavra <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>em <strong>de</strong>terminadas áreas <strong>de</strong> sua vida! O tratamento ecorreção <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> nas nossas vidas vem naquelas áreas on<strong>de</strong>ainda não estamos correspon<strong>de</strong>ndo com o que Ele diz emsua Palavra. São áreas <strong>de</strong> nossa vida cristã e caráter on<strong>de</strong>necessitamos ser trabalhados, e é justamente por isto queos abalos vêm.O Senhor fala claramente sobre trazer seus abalos;na verda<strong>de</strong>, Ele promete que vai trazê-los, e é <strong>de</strong> se esperarque Ele cumpra sua promessa, pois é Fiel! O texto fala <strong>de</strong>abalos sísmicos, tremores <strong>de</strong> terra produzidos porterremotos. Nunca vi pessoalmente um terremoto (ejamais gostaria <strong>de</strong> ver um), mas o que vi pela televisão epor fotografias, foi suficiente para me assustar. As pessoasficam completamente in<strong>de</strong>fesas, o governo e asautorida<strong>de</strong>s nada po<strong>de</strong>m fazer; tudo o que se po<strong>de</strong> fazer141


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comnum terremoto, além <strong>de</strong> tentar preservar a vida, é esperarque ele passe e ver o que dá para reaproveitar <strong>de</strong>pois.Estes abalos mencionados na carta aos hebreus, sãouma aplicação <strong>de</strong> outros dois textos bíblicos; o primeiroé quando <strong>Deus</strong> diz a Moisés que falaria com ele aos ouvidos<strong>de</strong> todo o povo, para que soubessem que o Senhor lhe falavae cressem em seu ministério; o segundo é uma profecia<strong>de</strong> Ageu que citaremos adiante. Tanto um como outrorefletem os abalos que, espiritualmente, po<strong>de</strong>m ser trazidospelo Senhor em nossas vidas.Nesta ocasião em que <strong>Deus</strong> se revelou ao povo <strong>de</strong>Israel o que aconteceu foi o seguinte:“Ao amanhecer do terceiro dia houve trovões erelâmpagos e uma espessa nuvem sobre o monte, e muiforte clangor <strong>de</strong> trombeta, <strong>de</strong> maneira que todo o povoque estava no arraial estremeceu.E Moisés levou o povo fora do arraial aoencontro <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>; e puseram-se ao pé do monte.Todo o monte Sinai fumegava, porque o Senhor<strong>de</strong>scera sobre ele em fogo; a sua fumaça subiu comofumaça <strong>de</strong> uma fornalha, e todo o monte tremiagraan<strong>de</strong>mente”.Êxodo 19:16-18É exatamente <strong>de</strong>ste ocorrido que o escritor <strong>de</strong>Hebreus vinha falando nos versículos anteriores, mostrandoque há uma gran<strong>de</strong> diferença entre as manifestações do Velhoe as do Novo Testamento. Porém, no que diz respeito a <strong>Deus</strong>trazer abalos pela sua Palavra, nada mudou; esta é a mensagemdo fim do capítulo doze <strong>de</strong> Hebreus.142


eprodução proibidaOs Abalos <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>Quando os abalos <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> chegam a nossas vidas,são semelhantes a um terremoto, não há o que fazer. Nenhumpastor po<strong>de</strong> orar e vê-lo passar imediatamente; nemtampouco a própria pessoa; tudo o que se po<strong>de</strong> fazer é tentarse salvar (não <strong>de</strong>ixando que o diabo nos <strong>de</strong>sanime a ponto<strong>de</strong> nos fazer <strong>de</strong>sistir) e esperar que o terremoto passe paraver o que sobrou e o que terá que ser reconstruído.Alguém po<strong>de</strong>ria argumentar que este texto <strong>de</strong>Hebreus não parece falar <strong>de</strong> algo acontecendo no âmbitoindividual, mas ele não só sugere esta aplicação pessoal (aofalar <strong>de</strong> outras pessoas que não <strong>de</strong>ram ouvidos à voz <strong>de</strong><strong>Deus</strong>), como também se refere a uma outra porção bíblica<strong>de</strong> aplicação pessoal, no livro do profeta Ageu.Os abalos nos dias <strong>de</strong> AgeuAgeu foi a primeira voz profética que se levantouentre os israelitas <strong>de</strong>pois do exílio na Babilônia. Areconstrução do templo fora interrompida, e estava paradapor cerca <strong>de</strong> quinze anos; o povo não se envolvia na retomadada restauração dizendo que o tempo <strong>de</strong> reconstruir a casa<strong>de</strong> <strong>Deus</strong> ainda não havia chegado. Então o Senhor o enviacom uma mensagem <strong>de</strong> repreensão ao seu povo, mostrandoque enquanto não obe<strong>de</strong>cessem a voz divina, <strong>Deus</strong>continuaria abalando a vida financeira <strong>de</strong>les, que já nãoestava nada fácil.“Veio, pois, a palavra do Senhor, por intermédiodo profeta Ageu, dizendo: Acaso é tempo <strong>de</strong> habitar<strong>de</strong>svós em casas apaineladas, enquanto esta casapermanece em ruínas?143


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comOra, pois, assim diz o Senhor dos Exércitos:Consi<strong>de</strong>rai o vosso passado.Ten<strong>de</strong>s semeado muito e recolhido pouco; comeis,mas não chega para fartar-vos; bebeis, mas não dá parasaciar-vos; vestis-vos, mas ninguém se aquece; e o querecebe salário, recebe-o para pô-lo num saquitelfurado”.Ageu 1:3-6.Se a profecia parasse aqui, ninguém diria que, emboraas condições materiais dos israelitas fossem ruins, <strong>Deus</strong>estivesse por trás disto. Quando pensamos no agir <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>,pensamos em provisão, em prosperida<strong>de</strong>, nunca no contrário.Contudo, observando a continuação da profecia dada a Ageu,percebemos que a mão do Senhor estava estendida contra anação <strong>de</strong> Israel, fazendo abalar sua economia. Era <strong>Deus</strong>abalando a vida financeira daquele povo!“Esperastes o muito, e eis que o muito veio a serpouco, e este pouco, quando o trouxeste para casa, eucom um assopro o dissipei. Por quê? Diz o Senhor dosExércitos; por causa da minha casa, que permanece emruínas, ao passo que cada um <strong>de</strong> vós corre por causa dasua própria casa.Por isso os céus sobre vós retém o seu orvalho, ea terra os seus frutos.Fiz vir a seca sobre a terra e sobre os montes;sobre o cereal, sobre o vinho, sobre o azeite e sobre oque a terra produz; como também sobre os homens, sobreos animais e sobre todo o trabalho das mãos.”Ageu 1:9-11144


eprodução proibidaOs Abalos <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>É estranho <strong>de</strong>mais ver <strong>Deus</strong> dizendo que Ele fez comque o muito esperado se tornasse pouco na colheita <strong>de</strong>seu povo e, ainda, <strong>de</strong>pois tenha assoprado sobre o pouco,fazendo-o dissipar-se. Não combina com a mensagem <strong>de</strong>prosperida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nossos dias, <strong>Deus</strong> mandar os céus reteremo orvalho e a terra reter seu fruto; nem tampouco Ele fazervir a seca! Mas <strong>Deus</strong> fez tudo isto. Por quê? Porquesomente abalando as coisas naturais na vida <strong>de</strong> seu povo éque as coisas espirituais teriam seu lugar. Eles só estavampensando em si mesmos e haviam abandonado a restauraçãoda casa do Senhor; mas <strong>Deus</strong> conseguiu recuperar aatenção e serviço <strong>de</strong>les <strong>de</strong> uma forma muito especial.Quando o escritor <strong>de</strong> Hebreus escreveu sobre ascoisas abaláveis serem removidas, ele falou sobre asinabaláveis permanecerem, e então acrescentou que temosrecebido um reino inabalável! Ou seja, quando estamossufocando as coisas espirituais por uma <strong>de</strong>dicação dirigidasomente ao que é natural, <strong>Deus</strong> po<strong>de</strong> fazer tremer o que éabalável, o natural, para que caindo estas coisas, permaneçaem nossas vidas somente aquilo que é espiritual, e entãonossa reconstrução po<strong>de</strong>rá começar a partir <strong>de</strong>ste ponto.Certa ocasião Jesus contou a parábola <strong>de</strong> um ricoinsensato que só queria edificar para si mesmo e não para<strong>Deus</strong>. Disse que ele fazia planos para aumentar suaprodução e armazenagem para <strong>de</strong>pois po<strong>de</strong>r dizer à suaprópria alma que <strong>de</strong>scansasse e se regalasse por ter benspara muitos anos; mas <strong>Deus</strong> chamou este homem <strong>de</strong> louco,pois o que ele preparou não era para si mesmo, e quandosua alma fosse pedida <strong>de</strong> nada lhe adiantaria toda a suariqueza. Finalmente o Senhor Jesus termina dizendo:“Assim é o que entesoura para si mesmo e não é rico145


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.compara com <strong>Deus</strong>” (Lc.12:21). De nada adianta edificarmossomente para nós mesmos; <strong>de</strong>vemos edificar para o Senhorem nossas vidas, pois quando os abalos <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> vierem,só ficará <strong>de</strong> pé o que construímos para o Senhor, e o que énosso, humano, cairá. Em Lucas 14:28-30 Jesusassemelhou a vida cristã à edificação <strong>de</strong> uma torre,mostrando que no plano espiritual também edificamos.O Senhor liberou palavras como estas nummomento em que a vida <strong>de</strong> muitos irmãos da igreja quepastoreamos vinha sendo abalada, e não entendíamos o queestava acontecendo. Muitos estavam passando porverda<strong>de</strong>iros terremotos, e todas as áreas <strong>de</strong> suas vidasestavam sendo sacudidas. Orávamos e não víamosintervenções espetaculares como antes; o céu parecia <strong>de</strong>bronze, pois parecia não haver resposta às orações. Foineste período que <strong>Deus</strong> começou trazer esta compreensãoa nossa equipe pastoral, on<strong>de</strong> biblicamente víamos que<strong>Deus</strong> mesmo po<strong>de</strong> fazer tremer nossas vidas para a partir<strong>de</strong> então reorganizar nossos valores e priorida<strong>de</strong>s. Assimque este ensino começou a ser ministrado com uma sólidabase escriturística, muitos irmãos compreen<strong>de</strong>ram o quelhes estava ocorrendo e mudaram <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>. Então, esomente então, as intervenções <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> tiveram o seu lugarem muitas <strong>de</strong>stas vidas.Tenho percebido isto não só em minha própria vidae igreja, mas também em contato com muitas outras igrejase pastores. É um fato. Tal qual nos dias <strong>de</strong> Ageu, quandonos esquecemos das coisas <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> e queremos buscarsomente as nossas próprias, <strong>Deus</strong> não somente <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong>ter um compromisso <strong>de</strong> nos abençoar, como po<strong>de</strong> nosjulgar e disciplinar, uma vez que a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>146


eprodução proibidaOs Abalos <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>edificar o reino <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> é nossa! Porém, quandoproce<strong>de</strong>mos <strong>de</strong> forma contrária, e colocamos o Senhorem primeiro lugar, tudo muda. A benção e a provisão divinafluem milagrosa e abundantemente, como prometeunosso Senhor:“Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e asua justiça, e todas estas cousas [materiais] vos serãoacrescentadas.”Mateus 6:33Por que <strong>Deus</strong> estava sacudindo as finanças do seupovo naqueles dias <strong>de</strong>pois do exílio? Porque os israelitashaviam se tornado egoístas e <strong>de</strong>scomprometidos com oreino <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, e o propósito <strong>de</strong>stes abalos era mudar aatitu<strong>de</strong> do povo. Quando compreen<strong>de</strong>ram que os abalosera uma forma <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> fazê-los voltar a investir em suacasa, eles se animaram a obe<strong>de</strong>cer sobre uma promessadivina <strong>de</strong> que então a prosperida<strong>de</strong> viria sobre eles. Emuma <strong>de</strong> suas profecias, Ageu <strong>de</strong>ixa claro que os abalosvisavam trazer para <strong>Deus</strong> os recursos para a restauração<strong>de</strong> sua casa:“Pois assim diz o Senhor dos Exércitos: Ainda umavez, <strong>de</strong>ntro em pouco, farei abalar o céu, a terra, o mar, e aterra seca; farei abalar todas as nações e as cousaspreciosas <strong>de</strong> todas as nações virão, e encherei <strong>de</strong> glóriaesta casa, diz o Senhor dos Exércitos.Minha é a prata, meu é o ouro, diz o Senhor dosExércitos.A glória <strong>de</strong>sta última casa será maior do que a147


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comprimeira, diz o Senhor dos Exércitos; e neste lugar darei apaz, diz o Senhor dos Exércitos.”Ageu 2:6-9<strong>Deus</strong> nunca está contra o seu povo. Estes abalosvisavam corrigí-los e tratá-los, não <strong>de</strong>struí-los. Tão logovoltaram a cumprir a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, foram abençoados.Quando o livro <strong>de</strong> Hebreus fala sobre os abalos <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>,fala também sobre “retermos a graça” (Hb.12:28), pelaqual servimos a <strong>Deus</strong> <strong>de</strong> forma agradável. Reter, significanão per<strong>de</strong>r, não <strong>de</strong>sperdiçar; isto nos mostra que mesmoem meio aos abalos divinos, po<strong>de</strong>mos estar sob a graça <strong>de</strong><strong>Deus</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que não nos rebelemos insistindo em <strong>de</strong>ixarnossos valores invertidos, <strong>de</strong> forma contrária aos valoresda Palavra.Quando somos abalados pelo tratamento divino,<strong>de</strong>vemos correspon<strong>de</strong>r em obediência e mudança <strong>de</strong> mente,<strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>; ao obe<strong>de</strong>cermos, a disciplina dará lugar à bençãodo Senhor.Foi nestes mesmos dias e condição que Malaquiastambém foi usado por <strong>Deus</strong> para profetizar ao povo e <strong>de</strong>safiálosa honrar o trabalho <strong>de</strong> reconstrução da casa <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>; eele falou inspirado pelo Espírito Santo, que à medida que opovo voltasse a dar os dízimos e ofertas alçadas, <strong>Deus</strong> abririaas janelas do céu e <strong>de</strong>rramaria uma gran<strong>de</strong> benção que nãoseria igualada por nenhuma outra (Ml.3:8-12)! E a partir domomento em que <strong>de</strong>cidiram seguir a voz divina e obe<strong>de</strong>cêla,os israelitas viram a benção <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> sobre eles:“Consi<strong>de</strong>rai, eu vos rogo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> este dia em diante,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o vigésimo quarto dia do mês nono, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o dia148


eprodução proibidaOs Abalos <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>em que se fundou o templo do Senhor, consi<strong>de</strong>rai nestascousas.Já não há semente no celeiro. Além disso a vi<strong>de</strong>ira,a figueira, a romeira e a oliveira não têm dado os seusfrutos; mas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> este dia vos abençoarei.”Ageu 2:18,19Embora <strong>Deus</strong> tenha abalado a vida financeira <strong>de</strong>les,fez isto só até que voltassem a priorizar o reino <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>.Abalou as coisas abaláveis para que as inabaláveispermanecessem. <strong>Deus</strong> é soberano e governa em toda equalquer circunstância, fazendo com que tudo contribua parao bem daqueles que amam a <strong>Deus</strong>, que são chamados segundoseu propósito. Nem sempre po<strong>de</strong>remos enten<strong>de</strong>r o agirinvisível e misterioso <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, mas sempre po<strong>de</strong>remos tera certeza <strong>de</strong> que é para o nosso próprio bem que Ele trataconosco e nos corrige.Talvez sua vida esteja sendo abalada pelo Senhor evocê não saiba o que fazer; aliás não há realmente nada afazer quando os abalos divinos chegam a não ser permanecerfirme e reconstruir a partir do que sobrou. <strong>Deus</strong> quer mudarseus valores, levando você a colocar o reino d’Ele emprimeiro lugar. E, quando o fizer, o processo será invertido,e então Ele lhe abençoará e levará à reconstrução <strong>de</strong> tudo oque ruiu, porém com novos alicerces.Eu já experimentei estes abalos em momentosque não havia necessariamente <strong>de</strong>ixado <strong>de</strong> ter o reino<strong>de</strong> <strong>Deus</strong> em primeiro lugar, mas estava me afastando doplano <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> para o meu ministério. De forma geraleles sempre vêm como correção, quando não damosouvidos à voz do Senhor.149


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comSe você tem percebido os tremores e abalos emsua própria vida, não se <strong>de</strong>more em separar tempo para estarcom o Senhor e sondar seu próprio coração. Muitas pessoasreclamam que o Pai jamais fala com elas, mas na verda<strong>de</strong>nunca tiram tempo para o ouvir! Fique à sós com <strong>Deus</strong> e<strong>de</strong>rrame seu coração diante d’Ele, <strong>de</strong>ixando-O falar sobreos seus valores (o que está certo e o que não). Não sejustifique, nem tente provar nada; procure ouvir a voz <strong>de</strong><strong>Deus</strong>, que po<strong>de</strong>rá se manifestar <strong>de</strong> formas diversas. Vocêpo<strong>de</strong> ter uma experiência extraordinária e sobrenatural comotambém po<strong>de</strong> simplesmente ter avivado em seu coração<strong>de</strong>terminadas passagens bíblicas nas quais <strong>Deus</strong> estaráfalando com você através <strong>de</strong>las. Não sei <strong>de</strong> que maneira <strong>Deus</strong>falará, mas se houver disposição e entrega <strong>de</strong> sua parte,certamente Ele o fará.Assim como no caso dos aguilhões, também é comos abalos; não há nada que os remova a não serarrependimento e submissão. Somente por meio daobediência e mudança <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong> o quadro será revertido.Do mesmo modo que os israelitas dos dias <strong>de</strong> Ageu tiveramque mudar seus valores e comportamento para então verema benção do Senhor em lugar dos abalos, nós tambémteremos que reor<strong>de</strong>nar nossos valores e comportamentopara vermos tudo mudar. Não conseguimos ver <strong>Deus</strong> agindoem meio a um <strong>de</strong>smoronar geral em nossa vida, mas<strong>de</strong>vemos lembrar que seu agir é assim: invisível.É lógico que não estamos falando do melhor <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>para nós, mas sim <strong>de</strong> correção. O plano do Senhor é nosabençoar, nos fazer o melhor. Creio que o Pai prefere nãoter que abalar nossas vidas. Contudo, pela dureza <strong>de</strong> nossoscorações e tão somente por causa da nossa própria150


eprodução proibidaOs Abalos <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>obstinação é que Ele nos trata <strong>de</strong>sta maneira. Não haveriaabalos se não nos <strong>de</strong>sviássemos <strong>de</strong> sua vonta<strong>de</strong>; eles sóocorrem quando algo está errado na nossa forma <strong>de</strong> agir. Ea intensida<strong>de</strong> dos abalos sempre virão na proporção diretada nossa distorção <strong>de</strong> valores ou da nossa resistência aoSenhor e seu plano; não será maior e nem menor do queaquilo que necessitamos.151


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.com8PLANOS DE BEME NÃO DE MAL<strong>Deus</strong> sempre <strong>de</strong>seja o nosso bem. Mesmo quandopermite situações contrárias para tratar conosco, Ele quero que é melhor para nós.Tudo concorre juntamente para o nosso bem se<strong>de</strong> fato o amamos e somos chamados segundo seupropósito. Per<strong>de</strong>r isto <strong>de</strong> vista e questionar o amor ecuidado do Senhor para conosco é dar espaço para queSatanás consiga tirar proveito.O Senhor afirma claramente que seus planos paraconosco (e consequentemente o seu agir) são <strong>de</strong> bem enão <strong>de</strong> mal. Nos dias em que a nação israelita foi levadapara o cativeiro babilônico por causa da sua<strong>de</strong>sobediência, muitos começaram a pensar que <strong>Deus</strong> sóqueria lhes fazer o mal; mas na verda<strong>de</strong>, o Senhor queriatratá-los e corrigí-los para o próprio bem <strong>de</strong>les. Depoisda correção e tratamento, viria a intervenção divina nasituação pela qual eles passavam: o cativeiro. É quando<strong>Deus</strong> fala que o cativeiro tinha um tempo estabelecido eque neste tempo seu povo apren<strong>de</strong>ria a buscá-Lo e invocá-152


eprodução proibidaPlanos <strong>de</strong> Bem e Não <strong>de</strong> MalLo; e então, somente então, Ele os traria <strong>de</strong> volta à suaterra. Veja a profecia <strong>de</strong> Jeremias que nos revela isto:“Assim diz o Senhor: Logo que se cumprirem paraBabilônia setenta anos atentarei para vós outros ecumprirei para convosco a minha boa palavra, tornandoa trazer-vos para este lugar.Eu é que sei que pensamentos tenho a vossorespeito, diz o Senhor; pensamentos <strong>de</strong> paz, e não <strong>de</strong>mal, para vos dar o fim que <strong>de</strong>sejais.Então me invocareis, passareis a orar a mim, e euvos ouvirei.Buscar-me-eis, e me achareis, quando mebuscar<strong>de</strong>s <strong>de</strong> todo o vosso coração.Serei achado <strong>de</strong> vós, diz o Senhor, e farei mudara vossa sorte; congregar-vos-ei <strong>de</strong> todas as nações, e<strong>de</strong> todos os lugares para on<strong>de</strong> vos lancei, diz o Senhor,e tornarei a trazer-vos ao lugar don<strong>de</strong> vos man<strong>de</strong>i parao exílio.”Jeremias 29:11-14Para o povo israelita, aquele era um momentodifícil. Parecia que <strong>Deus</strong> já não se importava com eles eque tudo o que queria lhes fazer era o mal e não o bem.Mas <strong>Deus</strong> lhes fala <strong>de</strong> maneira enfática que intentava obem para a nação; que mesmo tendo corrigido e tratado,queria o bem <strong>de</strong>les.Às vezes parece que o Senhor já não está nosabençoando tanto; outras vezes parece que se esqueceu <strong>de</strong>nós. Na verda<strong>de</strong> apenas parece, pois <strong>Deus</strong> SEMPRE quero nosso bem. Ele jamais intentará o mal contra nós, pois153


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comnos ama profundamente. É lógico que em seu amor Ele irános corrigir e tratar, mas nunca intentar o mal. Mesmoquando julga alguém, o Senhor quer que a pessoa venha ase arrepen<strong>de</strong>r; e se ela não se arrepen<strong>de</strong>r e perecer sob ojuízo, <strong>Deus</strong> ainda vai querer usar esta situação como umexemplo para que outros não procedam <strong>de</strong> igual modo.Isto não po<strong>de</strong> ser jamais questionado: <strong>Deus</strong> quer onosso bem sempre; em toda e qualquer situação <strong>de</strong>vemoslembrar que Ele nos ama e nos <strong>de</strong>seja o melhor. Quandonão enten<strong>de</strong>mos, <strong>de</strong>vemos confiar em seu amor e soberania,mas nunca questionar sua benignida<strong>de</strong>.Em todo o Velho Testamento o povo era instruídoa louvar ao Senhor dizendo: “O Senhor é bom e a suabenignida<strong>de</strong> dura para sempre”. Penso que <strong>Deus</strong>queria incutir na mente e coração <strong>de</strong> seu povo isto; Eleé a própria expressão da bonda<strong>de</strong> e benignida<strong>de</strong> e sempreagirá assim para conosco. Não conseguiremos ver abenignida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> se avaliarmos seu agir pelo quenossos olhos vêem, mas se olharmos para o que suaPalavra diz a seu respeito nunca questionaremos estefato. O Senhor quer nos dar um futuro e uma esperança;quer o melhor para as nossas vidas.Para muitos cristãos as provações, o tratamento, eaté mesmo a correção <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> não são uma <strong>de</strong>monstração<strong>de</strong> cuidado mas sim <strong>de</strong> abandono. Estão terrivelmenteenganados! Em toda e qualquer situação <strong>Deus</strong> está querendoo nosso bem e usará todas as circunstâncias para quesejamos beneficiados:“Sabemos que todas as cousas cooperam para obem daqueles que amam a <strong>Deus</strong>, daqueles que são154


eprodução proibidaPlanos <strong>de</strong> Bem e Não <strong>de</strong> Malchamados segundo o seu propósito.”Romanos 8:28Nada foge ao controle <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>. Des<strong>de</strong> que an<strong>de</strong>mosem fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong>, sem dar lugar ao diabo através do pecado,tudo cooperará para o nosso bem, embora nem semprepareça.Amarras queimadasFico pensando naqueles três amigos <strong>de</strong> Daniel,Hananias, Misael e Azarias, a quem o rei da Babilônia chamou<strong>de</strong> Sadraque, Mesaque e Abe<strong>de</strong>-Nego. Eles eram fiéis aoSenhor e recusaram a se prostrar perante uma estátua, poishaviam sido ensinados na lei <strong>de</strong> Moisés a adorar somente a<strong>Deus</strong> e nunca aos ídolos. E por causa da sua fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> elesenfrentaram uma das mais duras provas da vida <strong>de</strong>les,relatada no terceiro capítulo do livro <strong>de</strong> Daniel.Resolveram ficar firmes em servir a <strong>Deus</strong> ainda queisto custasse a eles a própria vida. Passaram por umaexperiência única: foram lançados na fornalha <strong>de</strong> fogo, massaíram vivos, sem sequer ter um fio <strong>de</strong> cabelo chamuscadoou mesmo cheiro <strong>de</strong> fumaça em suas vestes, pois pela féapagaram a força do fogo.O fogo não po<strong>de</strong> fazer nada contra eles, nemqueimar nada que lhes dizia respeito; exceto uma únicacoisa: as cordas que os amarravam! Veja só o que diz aPalavra <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>:“Então o rei Nabucodonosor se espantou, e selevantou <strong>de</strong>pressa e disse aos seus conselheiros: Não155


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comlançamos nós três homens atados <strong>de</strong>ntro do fogo?Respon<strong>de</strong>ram ao rei: É verda<strong>de</strong>, ó rei.Tornou ele e disse: Eu, porém, vejo quatrohomens soltos, que andam passeando <strong>de</strong>ntro do fogo,sem nenhum dano; e o aspecto do quarto é semelhantea um filho dos <strong>de</strong>uses.”Daniel 3:24,25Até a hora em que foram lançados no fogo, os trêsservos <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> estavam amarrados, mas logo <strong>de</strong>poisestavam soltos, pois a única coisa que o fogo teve po<strong>de</strong>r<strong>de</strong> queimar foram as suas amarras.De modo semelhante, quando <strong>Deus</strong> permite que asprovações venham como um fogo sobre as nossas vidas (IPe.1:7), o máximo que Ele quer que se queimem, são asamarras <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> nossa vida que necessitam serqueimadas.Espiritualmente falando, as amarras queimadas navida <strong>de</strong> Sadraque, Mesaque e Abe<strong>de</strong>-Nego, mostram-noso po<strong>de</strong>r e soberania <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> sobre as provas para nos fazercrescer em meio à adversida<strong>de</strong>.José passou momentos difíceis no Egito, <strong>de</strong>pois<strong>de</strong> ter sido renegado e vendido por seus irmãos, mas o queo fortaleceu diante <strong>de</strong> tudo o que passou, foi a certeza <strong>de</strong>que <strong>Deus</strong> queria o seu bem, e <strong>de</strong> que lhe daria um futuro euma esperança. Depois <strong>de</strong> toda provação já ter passado e<strong>Deus</strong> o ter exaltado, ele <strong>de</strong>clarou aos seus irmãos: “Vós,na verda<strong>de</strong>, intentastes o mal contra mim; porém <strong>Deus</strong>o tornou em bem, para fazer, como ve<strong>de</strong>s agora, que seconserve muita gente em vida” (Gn.50:20). Aleluia!Mesmo quando outras pessoas intentam o mal contra nós156


eprodução proibidaPlanos <strong>de</strong> Bem e Não <strong>de</strong> Mal(e até mesmo o diabo), <strong>Deus</strong> está ao nosso lado paratransformá-lo em bem, pois é isto mesmo que Ele intentapara cada um <strong>de</strong> nós, o nosso bem.Fogo consumidorHá um aspecto do tratamento <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> que não temsido compreendido por muitos cristãos. É a revelação <strong>de</strong><strong>Deus</strong> como um fogo consumidor:“Porque o nosso <strong>Deus</strong> é um fogo consumidor.”Hebreus 12:29Muita gente não enten<strong>de</strong> que Ele executa o seu juízosem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser amoroso, e acham que ser fogoconsumidor é ser <strong>de</strong>struidor, mas <strong>Deus</strong> está interessadoem nosso bem mesmo quando se revela como um fogoconsumidor.Quero <strong>de</strong>ixar bem claro um princípio: o fogo nãoconsome todas as coisas, somente as que são consumíveis.Quando Paulo escreveu aos coríntios, falou a respeito disto:“Contudo, se o que alguém edifica sobre ofundamento é ouro, prata, pedras preciosas, ma<strong>de</strong>ira,feno, palha, manifesta se tornará a obra <strong>de</strong> cada um,pois o dia a <strong>de</strong>monstrará, porque está sendo reveladapelo fogo; e qual seja a obra <strong>de</strong> cada um, o própriofogo o provará.Se permanecer a obra <strong>de</strong> alguém que sobre ofundamento edificou, esse receberá galardão; se a obra<strong>de</strong> alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo157


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comserá salvo, todavia, como que através do fogo.”I Coríntios 3:12-15O ouro, a prata, e as pedras preciosas não sequeimam; somente a ma<strong>de</strong>ira, o feno, e a palha. O fogonão queimará tudo, mas somente o que tem que serqueimado; há obras que resistem ao fogo, pois o propósito<strong>de</strong>le não é <strong>de</strong>struir tudo o que encontre, mas tão somenteaquilo que é inútil e que não <strong>de</strong>ve permanecer em nossasvidas. Há momentos em nossa vida on<strong>de</strong> passaremos porprovas <strong>de</strong> fogo, mas assim como no caso dos três amigos<strong>de</strong> Daniel em que o fogo só queimou as amarras, tambémnas nossas vidas o fogo se limitará a queimar somenteaquelas coisas que <strong>de</strong>vem ser consumidas. Quando otratamento chega ao fim, <strong>Deus</strong> dá testemunho <strong>de</strong> que ofogo não consome tudo, só o que é necessário.No Velho Testamento, lemos a história do profetaElias que orou e por duas vezes <strong>de</strong>sceu fogo do céu econsumiu os homens que os perseguia (II Re.1:9-15). Jáno Novo Testamento, lemos que Tiago e João, filhos <strong>de</strong>Zebe<strong>de</strong>u, quiseram imitar Elias quando Jesus não foirecebido por uma al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> samaritanos, e se propuserama orar para que <strong>de</strong>scesse fogo do céu e os consumisse.Naquela mesma hora, Cristo repreen<strong>de</strong>u seus discípulosdizendo-lhes: “Vós não sabeis <strong>de</strong> que espírito sois. Poiso Filho do homem não veio para <strong>de</strong>struir as almas doshomens, mas para salvá-las” (Lc.9:55,56). Ou seja, avisão <strong>de</strong> fogo consumidor que eles possuíam era a <strong>de</strong><strong>de</strong>struição, mas o fogo consumidor <strong>de</strong>ve ser visto por outraótica, pois <strong>Deus</strong> não quer nos <strong>de</strong>struir, mas sim nosrestaurar, e o fogo só queima o que é consumível.158


eprodução proibidaPlanos <strong>de</strong> Bem e Não <strong>de</strong> MalEsta é a revelação da sarça ar<strong>de</strong>nte que Moisés viu.Há momentos quando o fogo consumidor já não estáconsumindo, como foi no caso da sarça, pois <strong>Deus</strong> só querser fogo consumidor em nossas vidas até a hora em que jánão haja mais o que ser consumido. A revelação da sarçanos mostra exatamente isto, o ponto em que Moiséschegara <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> quarenta anos no <strong>de</strong>serto: já não haviamais o que ser consumido.Porque na sarça o fogo ardia e não a consumia?Vejamos o texto bíblico em seus <strong>de</strong>talhes para <strong>de</strong>leextrairmos os princípios:“Apascentava Moisés o rebanho <strong>de</strong> Jetro, seusogro, sacerdote <strong>de</strong> Midiã; e, levando o rebanho para olado oci<strong>de</strong>ntal do <strong>de</strong>serto, chegou ao monte <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, aHorebe.Apareceu-lhe o Anjo do Senhor numa chama <strong>de</strong>fogo do meio <strong>de</strong> uma sarça; Moisés olhou, e eis que asarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia.Então disse consigo mesmo: Irei para lá, e vereiesta gran<strong>de</strong> maravilha, porque a sarça não se queima.Vendo o Senhor que ele se voltava para ver, <strong>Deus</strong>,do meio da sarça, o chamou, e disse: Moisés, Moisés!Ele respon<strong>de</strong>u: Eis-me aqui.<strong>Deus</strong> continuou: Não te chegues para cá; tira assandálias dos pés, porque o lugar em que estás é terrasanta.Disse mais: Eu sou o <strong>Deus</strong> <strong>de</strong> teu pai, o <strong>Deus</strong> <strong>de</strong>Abraão, o <strong>Deus</strong> <strong>de</strong> Isaque, e o <strong>Deus</strong> <strong>de</strong> Jacó. Moisésescon<strong>de</strong>u o rosto, porque temeu olhar para <strong>Deus</strong>.”Êxodo 3:1-6159


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comAfim <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>rmos bem o que acontecia comMoisés neste momento da visão, é preciso fazer umapequena retrospectiva <strong>de</strong> sua vida. Moisés foi colocadopor seus pais num cesto nas águas do rio Nilo, e encontradopela filha <strong>de</strong> Faraó, que o adotou. A mãe <strong>de</strong>le foi chamadapara criá-lo até <strong>de</strong>terminada ida<strong>de</strong> e ainda foi paga paraisto; Moisés viveu no palácio e foi educado em toda ciênciados egípcios. Havia uma distância muito gran<strong>de</strong> entre arealida<strong>de</strong> que ele vivia no palácio e a que o seu povo viviasob o jugo egípcio da escravidão; isto contribuiu para queo seu coração ansiasse pela libertação <strong>de</strong> seu povo. Aosquarenta anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, ele visita seu povo e vendo umegípcio maltratando a um hebreu, o matou. Fez isto poruma única razão que Estevão nos revela em sua pregação:“Ora, Moisés cuidava que seus irmãos enten<strong>de</strong>riam que<strong>Deus</strong> os queria salvar, por intermédio <strong>de</strong>le; eles, porém,não compreen<strong>de</strong>ram” (Atos 7:25).Esta é uma <strong>de</strong>claração importantíssima acerca <strong>de</strong>Moisés, pois mostra que mesmo antes <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> ter lhefalado ao coração sobre libertar seu povo, ele já <strong>de</strong>sejavaisto. De fato, a Bíblia <strong>de</strong>clara que <strong>Deus</strong> opera em nós oquerer e o realizar (Fl.2:13); Ele começa <strong>de</strong>spertando emnós um <strong>de</strong>sejo antes <strong>de</strong> nos levar a fazer o que planeja.Contudo, não é só o querer que vem <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, o realizartambém <strong>de</strong>ve vir, e nesta ocasião Moisés ainda nãoentendia isto e quis fazer sozinho a obra <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>. Elequis ser o libertador na força da carne e <strong>de</strong> seu própriobraço, mas <strong>Deus</strong> não aceita e não abençoa isto, pois<strong>de</strong>vemos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r d’Ele e nos mover n’Ele se queremosfazer sua obra!Moisés começou fracassando, pois o homicídio160


eprodução proibidaPlanos <strong>de</strong> Bem e Não <strong>de</strong> Malque praticou foi <strong>de</strong>scoberto e o rei quis matá-lo aoenten<strong>de</strong>r suas intenções. Então teve <strong>de</strong> fugir e foi para aterra <strong>de</strong> Midiã, on<strong>de</strong> peregrinou por quarenta anos, casoue teve seus dois filhos. Este homem com toda cultura esabedoria que possuía, passou quarenta anos apascentandoos rebanhos <strong>de</strong> seu sogro no <strong>de</strong>serto.Quando o Senhor se revela a ele, já tinha oitentaanos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Já não lhe parecia que o Senhor ainda oquisesse usar, afinal <strong>de</strong> contas quando Moisés estava noauge <strong>de</strong> seu vigor físico <strong>Deus</strong> o “rejeitara”. Mas para queo Senhor o usasse como veio a usar, era necessáriotrabalhar a vida <strong>de</strong>le, tratá-lo, a<strong>de</strong>strá-lo.Por que Moisés não pô<strong>de</strong> libertar o povo aosquarenta anos?Simplesmente porque não era o tempo <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>.O Senhor já havia falado a Abraão acerca disto; que oshebreus seriam escravizados e afligidos por quatrocentosanos, e retornariam na quarta geração para a terra <strong>de</strong>Canaã, pois era necessário que a medida da iniqüida<strong>de</strong>dos cananeus se enchesse antes que <strong>Deus</strong> os julgasse,dando a terra aos hebreus (Gn.15:13-16). Mas haviatambém o tempo <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> na vida <strong>de</strong> Moisés. Ele precisavaestar espiritualmente preparado, e tudo o que ele tinhaera o preparo dos egípcios, pois fora educado como umpríncipe.É aí que entra a revelação da sarça. Depois <strong>de</strong>quarenta anos consumindo os “excessos” do preparoegípcio <strong>de</strong> Moisés, <strong>Deus</strong> se revelou a ele mostrando quejá não mais havia o que consumir, que ele agora estavapronto para fazer a obra para a qual <strong>Deus</strong> o <strong>de</strong>signara.É interessante notar que <strong>Deus</strong> também não acusa161


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comMoisés pelo homicídio que cometera quarenta anos antes,pois a revelação <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> no fogo da sarça, não é <strong>de</strong><strong>de</strong>struição, mas sim <strong>de</strong> restauração. O Senhor pe<strong>de</strong> queele tire as sandálias <strong>de</strong> seus pés para que a sola <strong>de</strong> seuspés estivessem em contato direto com terra santa, parase expor à santida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>.Veja que o propósito do Senhor é restaurá-lo eusá-lo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> quarenta anos consumindo as coisas que<strong>de</strong>veriam ser consumidas em sua vida. Então o Senhorlhe mostra que o fogo só consome enquanto tem o queconsumir, <strong>de</strong>pois já não mais, pois o propósito do fogonão é <strong>de</strong>struir, mas aperfeiçoar.Em todo o tratamento que passamos, <strong>Deus</strong> quer onosso bem. Ele tem planos <strong>de</strong> bem e não <strong>de</strong> mal, e quernos dar o fim que <strong>de</strong>sejamos, com um futuro e umaesperança. Não <strong>de</strong>vemos ter medo <strong>de</strong> seu tratamento, nemdo fogo consumidor; pois se estamos abertos ao seutratamento, tudo o que iremos provar é oaperfeiçoamento.Não esmagará a cana quebradaUm texto bíblico que me ajudou a compreen<strong>de</strong>r que<strong>Deus</strong> quer me fazer o bem e nunca me <strong>de</strong>struir, mesmo nomais intenso período <strong>de</strong> tratamento, foi o seguinte:“Não esmagará a cana quebrada, nem apagaráa torcida que fumega; em verda<strong>de</strong> promulgará o direito.”Isaías 42:3Nunca havia entendido o termo “não esmagará a cana162


eprodução proibidaPlanos <strong>de</strong> Bem e Não <strong>de</strong> Malquebrada” até um dia em que fui com um amigo à sualavoura. Entramos <strong>de</strong> caminhonete na plantação <strong>de</strong> trigopara que ele pu<strong>de</strong>sse avaliar o estado do trigo em diferentespontos, e percebi que à medida em que avançávamos,<strong>de</strong>ixávamos um trilho, com a marca dos pneus que pareciamesmagar as in<strong>de</strong>fesas plantinhas. Inocentemente eu lheperguntei se não estava estragando aquela parte daplantação por on<strong>de</strong> passávamos e ele me disse que não;parou para mostrar que mesmo com o talo quebrado, aqueletrigo se levantaria <strong>de</strong> novo, num verda<strong>de</strong>iro processo <strong>de</strong>regeneração da natureza, e mostrou-me outras áreas on<strong>de</strong>isto já havia acontecido.Quando a Bíblia fala da cana, está falando do cauledas plantas. <strong>Deus</strong> está dizendo que mesmo que se quebre,Ele não <strong>de</strong>struirá a planta por causa disto, mas permitiráque ela seja restaurada e suas rachaduras refeitas. Esta é amesma mensagem do fogo consumidor. <strong>Deus</strong> não quer nos<strong>de</strong>struir quando trata conosco, mas nos aperfeiçoar. Elesempre quer o nosso bem. Quando estamos “quebrados”em alguma área <strong>de</strong> nossa vida, o Senhor não vai nos esmagarpor não sermos perfeitos, mas vai permitir que arestauração aconteça.A outra frase do versículo que transmite a mesmamensagem que a primeira, é: “não apagará a torcida quefumega”. É uma alusão ao pavio da lâmpada que já nãoestá mais aceso, está se apagando. Novamente a Bíblia<strong>de</strong>clara que mesmo quando não estamos <strong>de</strong>ntro daquiloque <strong>Deus</strong> planejou que estivéssemos, Ele não vai nos<strong>de</strong>struir. O Senhor não vai molhar a ponta dos <strong>de</strong>dos comsaliva e apertar o pavio que fumega, como fazemos comuma velinha num bolo <strong>de</strong> aniversário. Não, Ele não quer163


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comnos <strong>de</strong>struir, quer o nosso bem! Como diz o antigo cânticopentecostal: “Se apagar o pavio que fumega, Jesus assoprae o fogo pega”. Aleluia! Jesus jamais apagará o último pavioda esperança!Lucrando nas perdasSei que muitas coisas que nos suce<strong>de</strong>m nãoparecem ter por trás <strong>de</strong> si o controle <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> e nem que vános levar a algo melhor. Porém <strong>Deus</strong> sabe como tratarconosco. As Escrituras Sagradas estão cheias <strong>de</strong> exemplos<strong>de</strong> como po<strong>de</strong>mos lucrar em situações <strong>de</strong> perdas.Isaque começou a ser abençoado por <strong>Deus</strong> eprosperar em tudo o que fazia; chegou a plantar em época<strong>de</strong> fome e colher a cem por um! Tudo parecia bem eabençoado e Ele <strong>de</strong>cidiu abrir os poços que Abraão seupai havia cavado, mas <strong>de</strong> repente a calmaria cessou e oshomens <strong>de</strong> Gerar começaram a conten<strong>de</strong>r com ele porcausa daqueles poços; contudo, isto fez com que elecomeçasse a cavar outros poços e <strong>de</strong>ixasse <strong>de</strong> andar só nasombra <strong>de</strong> seu pai, como fazia até então (Gn.26:12-33).Isaque é, ao meu ver, a figura menos proeminente <strong>de</strong>todos os patriarcas. Como herdou tudo do pai, não fez muitasconquistas, como foi o caso <strong>de</strong> Abraão e também Jacó. Maseste episódio aparentemente negativo em dias on<strong>de</strong> a bençãodo Senhor estava com ele, fez com que iniciasse suaspróprias conquistas. O que parecia ser a ausência da benção<strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, se tornou numa benção ainda maior .O apóstolo Paulo passou por uma situação <strong>de</strong>naufrágio, on<strong>de</strong> o navio encalhou e começou a ser<strong>de</strong>struído pela força das ondas, o que fez com que todos164


eprodução proibidaPlanos <strong>de</strong> Bem e Não <strong>de</strong> Malabandonassem o navio e tentassem se salvar chegandoaté a terra a nado ou segurando-se nos <strong>de</strong>stroços do navio.Ele po<strong>de</strong>ria até mesmo ter questionado a <strong>Deus</strong>como muitos <strong>de</strong> nós o fazemos, mas não o fez, pois sabiaque <strong>Deus</strong> nos faz lucrar nas perdas; sua segurança foi oânimo do coração dos <strong>de</strong>mais. Já em terra, Paulo foi pegarlenha para alimentar o fogo on<strong>de</strong> se secavam e aquentavam,e uma serpente saiu do meio da ma<strong>de</strong>ira e picou-lhe a mão;enquanto todos esperavam que ele morresse, <strong>Deus</strong> oguardou <strong>de</strong> forma milagrosa e uma porta se abriu para queele pregasse o evangelho e ministrasse cura a muitosenfermos na Ilha <strong>de</strong> Malta. <strong>Deus</strong> po<strong>de</strong> nos fazer lucrar nasperdas!(At.27:41-28:10).Quando Paulo e Silas foram açoitados e presos porterem expulsado o espírito <strong>de</strong> adivinhação <strong>de</strong> uma moçaem Filipos, não se entristeceram, antes, começaram a orare cantar louvores a <strong>Deus</strong>, e um gran<strong>de</strong> terremoto oslibertou e permitiu que ganhassem o carcereiro e toda asua família para Cristo. O que aparentemente po<strong>de</strong>ria servisto como <strong>de</strong>rrota ou perda <strong>Deus</strong> transformou em lucro,pois Ele é soberano sobre todas as coisas (At.16:16-34).Ouvi, certa ocasião, um relato <strong>de</strong> um ocorrido entreum grupo <strong>de</strong> pescadores que moravam numa mesma vila.Os homens saíram todos a pescar e, em enquanto estavamao mar, sobreveio gran<strong>de</strong> tempesta<strong>de</strong> que os <strong>de</strong>ixoutotalmente perdidos, sem conseguirem retornar. Quandoa tempesta<strong>de</strong> foi acalmando, já estava anoitecendo e elesnão conseguiam se situar afim <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rem voltar. Aflitas,as mulheres e crianças se dirigiram à praia para os esperar,e num <strong>de</strong>scuido gerado pela aflição, uma das casasincendiou-se e não havendo meios <strong>de</strong> controlar o incêndio,165


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comper<strong>de</strong>u-se tudo o que havia naquela casa. Não muito tempo<strong>de</strong>pois do incêndio, os pescadores conseguiram retornare foram recebidos com festa pelas famílias. Porém, umadas famílias recebeu seu chefe com choro. Não enten<strong>de</strong>ndoporque seus familiares choravam, ele perguntou-lhes o queos entristecia e a mulher lhe contou acerca do incêndio e<strong>de</strong> terem perdido a casa e seus pertences. Então o homemrespon<strong>de</strong>u: - “Pois vocês <strong>de</strong>veriam se alegrar. Se nãofosse pelo incêndio que iluminou a praia, jamaisteríamos conseguido retornar!”Tal qual este episódio dos pescadores, <strong>de</strong>vemos crerque o Senhor também nos levará a lucrar em cadacircunstância.Compreen<strong>de</strong>ndo a correçãoAté mesmo quando somos corrigidos, é para onosso próprio bem, como reconheceu o salmista:“Antes <strong>de</strong> ser afligido andava errado, mas agoraguardo a tua palavra.Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para queapren<strong>de</strong>sse os teus <strong>de</strong>cretos”Salmo 119:67,71O Senhor não quer nos <strong>de</strong>struir quando nos corrige,quer o nosso bem. Mas mesmo quando estamosprocurando andar com <strong>Deus</strong>, po<strong>de</strong>mos errar com nossasmotivações. A gran<strong>de</strong> verda<strong>de</strong> é que somos falhos eimperfeitos e precisamos ser trabalhados por <strong>Deus</strong>. Masisto será sempre para o nosso bem.166


eprodução proibidaPlanos <strong>de</strong> Bem e Não <strong>de</strong> MalA epístola aos Hebreus também nos ensina a respeitoda correção divina:“E estais esquecidos da exortação que, como afilhos, discorre convosco: Filho meu, não menosprezesa correção que vem do Senhor, nem <strong>de</strong>smaies quandopor ele és reprovado; porque o Senhor corrige a quemama, e açoita a todo filho a quem recebe.É para disciplina que perseverais (<strong>Deus</strong> vostrata como a filhos); pois, que filho que há que o painão corrige?Mas se estais sem correção, <strong>de</strong> que todos se têmtornado participantes, logo sois bastardos, e nãofilhos.Além disso, tínhamos os nossos pais segundo acarne, que nos corrigiam, e os respeitávamos; nãohavemos <strong>de</strong> estar em muito maior submissão ao paidos espíritos, e então viveremos?Pois eles nos corrigiam por pouco tempo,segundo melhor lhes parecia; <strong>Deus</strong>, porém, nosdisciplina para aproveitamento, a fim <strong>de</strong> sermosparticipantes da sua santida<strong>de</strong>.Toda disciplina, com efeito, no momento nãoparece ser motivo <strong>de</strong> alegria, mas <strong>de</strong> tristeza; ao<strong>de</strong>pois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têmsido por ela exercitados, fruto <strong>de</strong> justiça.”Hebreus 12:5-11Se somos filhos, seremos corrigidos, e isto é<strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> amor do Pai celeste. Mas não quer dizerque iremos nos sentir “confortáveis” quando somos167


O <strong>Agir</strong> Invisível <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>www.orvalho.comcorrigidos. A advertência é que não menosprezemos acorreção e também que não <strong>de</strong>smaiemos quando somoscorrigidos. Por que a Bíblia fala sobre <strong>de</strong>smaiar?Certamente porque há momentos em que a correçãoparece ser mais forte do que nós. E ela não trará alegria aprincípio, só tristeza; mas <strong>de</strong>pois produzirá em nós frutos<strong>de</strong> justiça. Portanto o que <strong>de</strong>vemos ter em mente quandosomos corrigidos é que <strong>Deus</strong> quer o nosso bem; ele nosdisciplina para o nosso aproveitamento!Devemos reconhecer sempre que os planos que<strong>Deus</strong> têm para nós não são planos <strong>de</strong> mal, mas sim <strong>de</strong>paz, <strong>de</strong> bem. E que o <strong>de</strong>sejo do Senhor é nos dar um futuroe uma esperança, quer entendamos isto, quer não.Há momentos em que parece que o tratamentodivino em nossa vida não po<strong>de</strong>rá ser suportado. Há horasem que nos parece que seremos <strong>de</strong>struídos. Mas não! <strong>Deus</strong>quer o nosso bem. Nunca <strong>de</strong>ixe o inimigo sugerir que oSenhor está contra você. Mesmo que Ele esteja usandoseus aguilhões ou abalando nossas vidas, mesmo que ofogo esteja consumindo muitas coisas em nossa vida, ouque <strong>Deus</strong>, à semelhança da águia, nos tenha lançado ao arpara que aprendamos a voar, não po<strong>de</strong>mos per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> vistaque Ele quer o nosso bem! Seus planos para nós são osmelhores e haveremos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sfrutá-los em sua plenitu<strong>de</strong>.ConclusãoO agir <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> é, e sempre será invisível aosnossos olhos. Quando não o vemos agir, não quer dizerque não esteja agindo. Quando não compreen<strong>de</strong>mos o queEle está fazendo, não quer dizer que não esteja fazendo.168


eprodução proibidaPlanos <strong>de</strong> Bem e Não <strong>de</strong> MalQuando nada à nossa volta parece refletir sua presença,não quer dizer que Ele tenha nos abandonado. Devemoster sempre a certeza e convicção <strong>de</strong> que <strong>Deus</strong> é soberanosobre todas as coisas, e se andarmos na sua presença comum coração <strong>de</strong>dicado e sincero, provaremos o que Eletem <strong>de</strong> melhor.Com certeza <strong>Deus</strong> estará abençoando toda ajornada que você tem pela frente!169


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