cução. O desfecho deste processo é apublicação da pesquisa <strong>em</strong> periódicoscientíficos. As normas <strong>para</strong> a publicaçãovariam, mas giram <strong>em</strong> torno de umpadrão. Segue a sugestão de um protocolo<strong>para</strong> a elaboração de pesquisa,passo-a-passo (quadro 2):1-Esboço InicialO ponto de partida <strong>para</strong> a elaboraçãode uma pesquisa é o delineamentodo esboço inicial, realizadoatravés da seleção da t<strong>em</strong>ática e doesclarecimento do pressuposto. Entende-sepor pressuposto o raciocínioque conduza à justificativa, ouao argumento <strong>para</strong> a elaboração dapesquisa 32 .<strong>Press</strong>upõe-se que o pesquisadororientadorjá esteja familiarizado como assunto a ser tratado. Um levantamentobibliográfico dos últimos anosé relevante <strong>para</strong> situá-lo na conjunturada ciência naquele momento. Asfontes <strong>para</strong> o levantamento bibliográfico<strong>em</strong> periódicos nacionais e internacionaisdos últimos anos, inclu<strong>em</strong>a forma tradicional (via acervo da bibliotecaincluindo o Index to <strong>Dental</strong> Literature,ou outro índice correlato) e aforma cont<strong>em</strong>porânea (via levantamentopelos CD-ROM Med Line eLilacs e consulta à Internet) (quadro3). As informações obtidas pelaInternet, desde que não publicadas<strong>em</strong> periódicos, também pod<strong>em</strong> ser citadasnas referências bibliográficas,respeitando-se as normas específicas*. Os artigos relevantes são identificadospela repetida citação juntoaos artigos mais recentes 9 . Em seguida,uma série de perguntas pod<strong>em</strong>ser realizadas <strong>para</strong> otimizar a produçãode idéias e elucidar o pressuposto(quadro-2, etapa I).2-Elaboração do Projeto de<strong>Pesquisa</strong>O projeto de pesquisa é uma propostadetalhada da pesquisa, com o objetivode planejar, com antecedência, ospassos a ser<strong>em</strong> adotados 5,12,20,30 . Evident<strong>em</strong>ente,algumas modificações cabíveispod<strong>em</strong> ser incorporadas com o evolverQUADRO 3Alguns endereços eletrônicos <strong>para</strong> informações bibliográficas <strong>em</strong> OdontologiaBanco de Dados BibliográficosMedline(Literatura Internacional <strong>em</strong> Ciênciasda Saúde)Dedalus(Banco de Dados Bibliográficos daUSP)Bir<strong>em</strong>e(Centro Latinoamericano e do Caribe deInformações <strong>em</strong> Ciências da Saúde)Biblioteca do Congresso AmericanoBiblioteca Nacional da FrançaCatálogo de Odontologiada execução 5 . O que se pretende é evitara sua circunstancial inviabilidade duranteo transcorrer do processo.Entre os principais probl<strong>em</strong>as encontrados<strong>para</strong> a excecução do projetode pesquisa estão 35 : a supervisão ea direção insuficientes (26.5%), a faltade t<strong>em</strong>po (23,5%), a interferênciado t<strong>em</strong>po clínico (16,4%), a deficiênciade material (14,75%), dados insuficientescom o fim de <strong>em</strong>itir a conclusão(13,3%), a ausência de controleapropriado; e a ausência de suportetécnico. Assim, o projeto estabeleceestratégias científicas, éticas e organizacionais,que ocorr<strong>em</strong> com o preenchimentode um protocolo minuciosoilustrado no quadro-2, etapa II.Três passos da elaboração do projetoserão destacados e comentados a seguir:o probl<strong>em</strong>a, a hipótese e a seleçãoda amostra.Endereço eletrônicowww.ncbi.nlm.nih.gov/PubMedwww.usp.br/sibiwww.bir<strong>em</strong>e.brwww.cweb.loc.govwww.loc.govwww.bnf.frwww.odontologia.com.br• Probl<strong>em</strong>aO probl<strong>em</strong>a trata de uma questãoa ser investigada, sendo elaborado naforma de questionamento 19 . Revelauma situação de inquietação diante dealgum aspecto do conhecimento. Emsíntese, expõe como as variáveis seinter-relacionam e conduz à definiçãode um objetivo e à formulação da hipótese19 . Cita-se alguns ex<strong>em</strong>plos:P-1: Qual o efeito da expansão rápidada maxila sobre a posição sagitalda maxila?P-2: Qual é o papel da oclusão dentáriasobre o deslocamento do disco articularna ATM?P-3: Qual a resistência à tração debraquetes colados com cimento deionômero de vidro com<strong>para</strong>ndo-se àresina composta?HipóteseProbl<strong>em</strong>a e hipótese são s<strong>em</strong>elhantespois ambos anunciam relações entrevariáveis 19 . A divergência consistena configuração de uma sentençainterrogativa pelo probl<strong>em</strong>a, e de umasentença afirmativa e mais específica,pela hipótese 19 . É considerada umasuposta resposta ao probl<strong>em</strong>a proposto32 . Segu<strong>em</strong> ex<strong>em</strong>plos relacionadosaos probl<strong>em</strong>as citados anteriormente:H-1: A expansão rápida da maxilanão é capaz de promover, de forma isoladae previsível, o avanço maxilar.H-2: O deslocamento do disco articularda ATM possui causas multifatoriais.A oclusão morfológica e funcionalt<strong>em</strong> uma participação discreta,como fator etiológico, no deslocamentodo disco.H-3: Os bráquetes colados com cimentode ionômero de vidro têm umaresistência à tração inferior à resinacomposta.Ao formular a hipótese, o pesquisadorse estrutura <strong>em</strong> conhecimento da* FERREIRA, S. M. S. P.; KROEFF, M.S.Referências bibliográficas dedocumentos eletrônicos. EnsaioAPG, v.2, n.35-36, 1996.R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 5, n. 4, p. 89-105, jul./ago. 200098
literatura pertinente e <strong>em</strong> inferênciasindutivas e dedutivas. Mesmo assim,a hipótese levantada pode ser falsa.• Seleção da amostraEm estatística, população é o conjuntode indivíduos ou de objetos quepossu<strong>em</strong> uma ou mais características <strong>em</strong>comum, que os definam 5,13,19,44 . Osubconjunto finito de el<strong>em</strong>entos de umapopulação denomina-se amostra 5,13,44 . Arepresentatividade da amostra é importante,<strong>para</strong> que os dados coletadossejam extrapolados <strong>para</strong> a população 13,27 .Assim, duas grandes indagações rodeiama seleção da amostra: como determinaro seu tamanho (dimensionamento)e qual a forma precisa de sua seleção(composição)?Uma amostra dimensionalmentepequena influi nos testes estatísticosde com<strong>para</strong>ção das médias, introduzindoo erro tipo II. O correto dimensionamentoda amostra é uma tarefacomplexa e exige a participação de umestatístico. Algumas fórmulas mat<strong>em</strong>áticaspod<strong>em</strong> ser utilizadas levando<strong>em</strong> consideração o tipo de variável, otamanho da população <strong>em</strong> estudo, ahomogeneidade da amostra, dentreoutros. Do ponto de vista prático, conhecero número amostral de outrostrabalhos, que serv<strong>em</strong> como referência,é importante. Para uma leituracompl<strong>em</strong>entar dessa t<strong>em</strong>ática sugeresea consulta a algumas referências específicas1,13,27 .Recomenda-se s<strong>em</strong>pre citar o métodode seleção da amostra nos trabalhosa ser<strong>em</strong> publicados 43,44 . Para evitar certatendência na seleção da amostra, sãoindicadas formas que favorec<strong>em</strong> a seleçãocasualizada, denominadas genericamentede amostrag<strong>em</strong> ou de técnicaprobabilística de amostrag<strong>em</strong> 13 .Entre essas formas t<strong>em</strong>-se:- Amostrag<strong>em</strong> casual ou aleatóriasimples: trata de um sorteio aleatório.Pode ser executada através de umsimples sorteio de moedas (cara oucoroa), um <strong>em</strong>prego de tabelas denúmeros aleatórios, ou outros métodosimparciais 4 ;- Amostrag<strong>em</strong> sist<strong>em</strong>ática: é quan-do os el<strong>em</strong>entos da população encontram-seordenados de alguma forma.Por ex<strong>em</strong>plo, lista telefônica, ou prontuáriosde um arquivo. Nesse caso, aescolha pode ser feita por um sist<strong>em</strong>aimposto pelo pesquisador. A forma deseleção da amostra pode, inicialmente,se basear <strong>em</strong> caracteres pré-estabelecidas(por ex<strong>em</strong>plo: gênero, idadecronológica ou biológica, tipo de máoclusão,presença ou ausência de algumtipo de má-formação congênita,padrão craniofacial). Essa pré-seleçãoatua como um controle local, e deveser sucedida por um sorteio aleatório;- Amostrag<strong>em</strong> estratificada: recomendada<strong>para</strong> população heterogênea,dividindo a amostrag<strong>em</strong> <strong>em</strong> estratoshomogêneos e selecionadosao acaso;- Amostrag<strong>em</strong> por conglomerado(ou agrupamento): é realizada <strong>em</strong> estudosepid<strong>em</strong>iológicos. Neste caso, divide-sea população <strong>em</strong> conglomerados,que pod<strong>em</strong> incluir escolas, bairros,quarteirões, edifícios, etc.3 - Coleta de DadosDefine-se dados como os resultadosquantitativos obtidos <strong>em</strong> pesquisas19 . Os dados são coletados <strong>para</strong>,logo <strong>em</strong> seguida, ser<strong>em</strong> agrupados einterpretados. Para uma correta interpretação,a coleta de dados deve serrealizada mediante os preceitos devalidade e de fidedignidade. Por validadeentende-se a capacidade de uminstrumento de medida realmente mediro que se pretende 5,19 . A fidedignidaderetrata o grau de exatidão, oude precisão, dos resultados fornecidospor um instrumento de medida 5,19 . Porex<strong>em</strong>plo, não é válido estimar a idadebiológica baseando-se <strong>em</strong> parâmetrosda idade cronológica; e não é fidedignorealizar a análise de modelos atravésda utilização de um compasso s<strong>em</strong>precisão. Quando a precisão não éatingida, surge o erro.Uma das formas de aumentar a precisãona coleta dos dados é tornar o estudocego (do inglês: blinding). Evitarque os pesquisadores obtenham informaçõesantecipadas a respeito do tratamentoinstituído, no momento de suacoleta, caracteriza um estudo cego 41,43 ,por parte do pesquisador no momentoda coleta dos dados. Estudo duplamentecego é aquele que mantém opaciente desinformado a respeito do tratamentoa ele instituído, associado àdesinformação do pesquisador, no momentoda coleta dos dados 43,44 . Esse cuidadoelimina a coleta de dados tendenciosos,também chamado de erro sist<strong>em</strong>ático(do inglês: bias).Pelo fato da cefalometria ser umaferramenta rotineiramente <strong>em</strong>pregadana clínica e <strong>em</strong> pesquisa ortodôntica,o estudo dos erros <strong>em</strong> cefalometria t<strong>em</strong>uma importância indispensável, especialmentepelo fato do erro ser umachado inevitável neste campo 14,17,41 .Segundo GOLDREICH et al. 14 , as fontesprincipais dos erros cefalométricossão: 1) a posição da cabeça do pacienteno cefalostato; 2) a distância focoobjeto;3) a distância objeto-filme; 4)a identificação e registro dos pontoscefalométricos; e 5) a mensuração dasgrandezas cefalométricas.Os erros de mensuração (4 e 5,supracitados) estão sujeitos a uma verificaçãomediante o erro padrão. Paraisso, algumas radiografias são aleatoriamenteescolhidas e, novamente,traçadas e mensuradas pelo mesmo examinadorapós certo intervalo de t<strong>em</strong>po(±3 s<strong>em</strong>anas). Os dados obtidos são confrontadoscom os primeiros. A reprodutibilidadedas medidas é realizada <strong>em</strong>pregando-sea fórmula de Dahlberg:s =Σ d 22 nonde s é o erro padrão, d é a diferença(<strong>em</strong> milímetros ou graus) de duasmedições e n é o número de radiografiastestadas. O cálculo do erro sist<strong>em</strong>ático,erro casual e o índice deconfiabildade são recursos comprobatórios17 .Outra maneira de minorar o errode mensuração é repetir todo o procedimento,após certo intervalo de t<strong>em</strong>po.Caso uma variação acima de 2R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 5, n. 4, p. 89-105, jul./ago. 200099