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Pesquisa em Ortodontia: Bases para a Produção e a ... - Dental Press

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Tópico Especial<strong>Pesquisa</strong> <strong>em</strong> <strong>Ortodontia</strong>:<strong>Bases</strong> <strong>para</strong> a Produção e a Análise CríticaResearch in Orthodontics:Basis for its Production and its Critical AnalysisJosé ValladaresNetoLeopoldinoCapelozza FilhoMaria H. M. daSilva DominguesResumoEscopo de estudo da Metodologia Científicae da Estatística Inferencial, asnormas <strong>para</strong> elaboração de pesquisa e<strong>para</strong> análise de dados, respectivamente,aplicam-se às diversas ciências. A propostadeste artigo foi a de rever algumasdessas normas, pondo-as <strong>em</strong> práticana <strong>Ortodontia</strong>. Conceituou-se, inicialmente,o significado da palavra pesquisa,no âmbito da ciência. Averiguouseque os modelos metodológicos de pesquisa<strong>em</strong>pregados na <strong>Ortodontia</strong> abrang<strong>em</strong>os tipos experimental e não-experimental(ou observacional). Tambémque a pesquisa clínica aleatória constituium procedimento de grande suportecientífico, na avaliação de diferentes tratamentos.Adicionalmente, o texto mencionaum protocolo <strong>para</strong> a produção dapesquisa com finalidade de publicação,que inclui:1- o esboço inicial;2- a elaboração de projeto de pesquisa;3- a coleta de dados;4- a exposição ou apresentação dosdados;5- a análise dos dados;6- a elaboração escrita.Posteriormente, encaminha-se <strong>para</strong>a publicação. Conclui-se que o conhecimentodas etapas da elaboração deuma pesquisa permite capacitar o pesquisadorneófito, b<strong>em</strong> como o clínico,<strong>para</strong> o julgamento crítico dos trabalhoscientíficos publicados ou destinados àpublicação, atentando-os <strong>para</strong> critériosespecíficos.INTRODUÇÃOA ciência, como veículo principal desabedoria, está constant<strong>em</strong>ente na buscade explicar fenômenos. S<strong>em</strong> dúvida, adivulgação de produto científico, na formade relato de pesquisa, é uma conseqüênciaindispensável ao desenvolvimentode uma nação 12 .O Brasil apresenta centros de pesquisaimportantes na área odontológica, quesão localizados, especialmente, na regiãosudeste e normalmente vinculados aosprogramas de pós-graduação strictosensu. É oportuno acrescentar também,que apesar da alta produtividade científica,há ainda uma carência de pesquisado tipo básica e tecnológica, mesmo nestesgrandes centros.Recent<strong>em</strong>ente, verificou-se um núme-Unitermos:<strong>Pesquisa</strong> <strong>em</strong> <strong>Ortodontia</strong>;MetodologiaCientífica; Estatística<strong>em</strong> Ciências da Saúde;Ética <strong>em</strong> <strong>Pesquisa</strong>.José Valladares Neto *Maria Hermínia Marques da Silva Domingues **Leopoldino Capelozza Filho ****Professor da Disciplina de <strong>Ortodontia</strong> Preventiva da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Goiás;Residência <strong>em</strong> <strong>Ortodontia</strong> pelo Hospital de Anomalias Craniofaciais da USP; M<strong>em</strong>bro do Conselho Editorial da RevistaOdontológica do Brasil Central e da Revista da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Goiás.**Professora Doutora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás.***Professor Doutor da Faculdade de Odontologia de Bauru e Responsável pelo Setor de <strong>Ortodontia</strong> do Hospital deAnomalias Craniofaciais, ambos da USP.R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 5, n. 4, p. 89-105, jul./ago. 200089


o crescente de revistas de publicaçãocientífica no âmbito odontológico, patrocinadas,<strong>em</strong> sua maioria, por entidadesde classe ou por grupos de estudo.Em conseqüência, aumentou sobr<strong>em</strong>aneiraa quantidade de artigossubmetidos à publicação e a ser<strong>em</strong> publicados.Essa avalanche de artigostraz a preocupação no tocante aodiscernimento científico e qualitativode cada periódico, ou mesmo de cadaartigo. Nesse tópico, ergue-se a discussão:como analisar criticamente umtrabalho científico, ou como produzirpesquisas de grande relevância?Duas maneiras principais norteiamtal questão: uma está <strong>para</strong> o veículode divulgação, ou seja, da escolha deum periódico de grande prestígio; aoutra trata da estruturação metodológicada pesquisa <strong>em</strong> si 26,42 . Ao analisaro periódico, atenta-se <strong>para</strong> seu impacto,isto é, <strong>para</strong> o grau de penetraçãoregional, nacional e internacional.Na <strong>Ortodontia</strong>, o periódico de maiorimpacto é, indubitavelmente, o AmericanJournal of Orthodontics and DentofacialOrthopedics, por ser um periódicoindexado, por ser tradicional (apresentarum número elevado de volumes publicados),por apresentar periodicidaderegular e mensal, por ser patrocinadopor uma entidade de classe reconhecidae respeitada internacionalmente (AmericanAssociation of Orthodontists), pelaqualidade de sua editoração (EditoraMosby) e pelo corpo editorial, consagrado,que serve como verdadeiro filtro àseleção de artigos a ser<strong>em</strong> publicados.Apesar disso, <strong>em</strong> levantamento realizadopor TULLOCH et al. 37 , abordando artigospublicados neste periódico nosanos de 1976, 1981 e 1986, constatousea limitada publicação de modelos depesquisa com grande sustentação científica,a ex<strong>em</strong>plo da pesquisa clínica aleatória.O segundo critério avaliatório daspesquisas publicadas não depende doperiódico, mas da estruturação, incluindoo modelo metodológico adotado26,42 . Ressalta-se que a importânciade uma pesquisa publicada estáno seu caráter inovador; e a sua consagraçãovincula-se à citação positiva<strong>em</strong> trabalhos sucessores. Dess<strong>em</strong>odo, a pesquisa de alto impacto científicoé perpetuada 9 .Para o entendimento de alguns termos<strong>em</strong>pregados na estruturação deuma pesquisa, não basta a consultaaos dicionários de língua portuguesa,pois estes registram variações nãomuito acentuadas entre os termos.Tomando como ex<strong>em</strong>plo a bibliografiae as referências bibliográficas 11observa-se que, <strong>em</strong>bora s<strong>em</strong>elhantes,apresentam diferenças no contexto daciência. Os critérios <strong>para</strong> a produçãoda pesquisa e a análise de sua precisãocientífica constitu<strong>em</strong> foco de atençãoda Metodologia Científica, na áreaeducacional, e da Estatística, na Mat<strong>em</strong>áticaaplicada.As normas gerais <strong>para</strong> a elaboraçãode projeto de pesquisa, monografia,dissertação e tese estão b<strong>em</strong> definidase disponíveis à comunidade científica5,10,30,39,40 . Desconsiderando as“instruções <strong>para</strong> os autores” encontradas<strong>em</strong> cada periódico científico, as diretrizesgerais de elaboração de trabalhoscientíficos destinados à publicaçãosão uma exceção 30 .O presente artigo objetiva rever algumasregras el<strong>em</strong>entares norteadorasda estruturação e da análise depesquisas publicadas, aplicáveis à <strong>Ortodontia</strong>.Não contesta normas de publicaçãopré-existentes, ou critica a estruturade artigos já publicados, masleva ao aluno de pós-graduação latusenso e strictu senso uma fonte alternativae criteriosa, à sua formaçãoprofissional. Da mesma forma, esse conhecimentopermite aos ortodontistasclínicos obter<strong>em</strong> informações plausíveisà conduta de seus pacientes, desorte que vê<strong>em</strong> o conhecimento das limitaçõesdos modelos de pesquisacomo imprescindível.DEFINIÇÃO DE PESQUISAA ciência se desenvolveu, <strong>em</strong> parte,graças à necessidade de produzirconhecimento racional 19 . Partindo dopressuposto de que exist<strong>em</strong> diferentesfontes de conhecimento 20 - popular, filosófico,religioso ou teológico, e científico- e que n<strong>em</strong> todas t<strong>em</strong> comprovação,surge o método científicocom o intuito de peneirar essa universalidadede informações 19 . Isso somenteocorreu a partir de uma forma sist<strong>em</strong>áticae controlada de avaliação doobjeto de estudo 10,19,20 .<strong>Pesquisa</strong> é a “investigação e estudo,minudentes e sist<strong>em</strong>áticos, com ofim de descobrir ou estabelecer fatosou princípios relativos a um campoqualquer do conhecimento” 11 . Trata-sede um instrumento de produção científica.Difere do senso comum, poreste ser a compreensão da realidade apartir de um conjunto de opiniões, dehábitos e de formas de pensamento,simplistas e assist<strong>em</strong>aticamenteestruturadas 18 . Um ex<strong>em</strong>plo do sensocomum aplicado à <strong>Ortodontia</strong> é quandose sugere que o aleitamento maternoseja importante <strong>para</strong> o estímulo docrescimento mandibular. Nenhum pesquisador,no entanto, comprovou experimentalmenteessa correlação, muito<strong>em</strong>bora a referida hipótese seja afirmadapor muitos, intuitivamente.Caracterizar pesquisa é uma tarefaárdua. Preliminarmente, procurouseuma definição negativa. N<strong>em</strong> todapublicação é considerada uma pesquisa,mas a pesquisa <strong>para</strong> ser reconhecidadeve ser difundida <strong>em</strong> veículos dedivugação científica: os periódicos. Adiscussão a seguir permite discernir adicotomia “pesquisa” versus “prestaçãode serviço”, utilizando-se o ex<strong>em</strong>plode algumas publicações ser<strong>em</strong> normalmenteencontradas <strong>em</strong> periódicosortodônticos.• Revisão de Literatura: quando apublicação é exclusivamente umacompilação de trabalhos publicadossobre determinado assunto, seguidode referências bibliográficas, não setrata de pesquisa. Da mesma forma,é o estado da arte uma outra denominaçãoao levantamento bibliográfico,realizado <strong>em</strong> um intervalo det<strong>em</strong>po pré-estabelecido e que atinge,obrigatoriamente, o atual. Entretanto,a revisão de literatura aproximaseda pesquisa à medida que dis-R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 5, n. 4, p. 89-105, jul./ago. 200090


cute a literatura publicada, produzindonovas idéias, o que introduz a caminhosainda não palmilhados por outros.• Entrevista: quando a intenção é dedivulgar o conhecimento, ou a experiênciaacumulados de um ou maisautores consagrados, através de umasessão de perguntas e respostas, limita-se,cientificamente, pela grandesubjetividade que a caracteriza. Poroutro lado, a entrevista, na forma dequestionário e <strong>em</strong> número expressivode repetições, serve como técnicade coleta de dados coletivos, compondoum instrumento metodológicoaplicável 19 .• Nota prévia ou publicação provisória:é uma comunicação original, curtae antecipada de uma pesquisa <strong>em</strong> andamento7,30 . Contém introdução, materiale métodos e possíveis resultados aser<strong>em</strong> alcançados, através da hipóteseinicial formulada. Como o texto se referea intenções, não a fatos consumados,deverá ser redigido com o verbo no t<strong>em</strong>pofuturo do presente. Não se caracteriza,literalmente, uma pesquisa pela parcialidadee incerteza dos resultados atéentão alcançados.• Relato de caso clínico: é muito freqüente<strong>em</strong> ciências da saúde (medicina,odontologia, nutrição, etc.) e docomportamento (psicologia). Consiste<strong>em</strong> uma apresentação detalhada dodiagnóstico e do tratamento instituídos<strong>em</strong> um caso isolado, ou <strong>em</strong> um grupolimitado de indivíduos que mereça certodestaque. Essa forma de publicaçãonão precisa apresentar com<strong>para</strong>ção estatísticacom um grupo controle ououtro tratamento 37,38 . Desde que a respostabiológica a uma conduta terapêuticaisolada é variável a cada paciente,o tratamento de casos unitáriosou de uma amostra limitada não pode,obrigatoriamente, ser extrapolado comopadrão.• Estudo preliminar: ass<strong>em</strong>elha-se aum estudo piloto, com certa parcialidadena obtenção dos dados. Objetivaelaborar diretrizes <strong>para</strong> um estudoa ser executado a posteriori. Estabeleceparâmetros <strong>para</strong> a seleção e controlede variáveis b<strong>em</strong> como a determinaçãodo tamanho da amostra apartir de resultados obtidos. Como pesquisa,limita-se pela parcialidade eprecocidade dos dados obtidos <strong>em</strong> permitirgeneralizações ou extrapolações<strong>para</strong> a população.• Sugestão ou descrição de técnica:é, <strong>em</strong>bora cercada de uma certa originalidade,um tipo de trabalho científico quedifere de uma pesquisa pela falta de confirmaçãoexperimental.• Resenha de simpósio realizado: é oregistro escrito pormenorizado de umsimpósio. Objetiva transmitir umasúmula do assunto atualizada ealicerçada <strong>em</strong> dados científicos 30 . Portudo que foi discutido anteriormente,não caracteriza uma pesquisa.Verifica-se que toda publicação nãoproduz <strong>em</strong> si o conhecimento, às vezes,apenas o repassa, ou gera-o de formaincompleta. A pesquisa visa entenderas relações entre as diversas variáveisde um fenômeno <strong>em</strong> relação a outro, eassim elaborar uma teoria 19 . Algumascaracterísticas da pesquisa inclu<strong>em</strong> 10,19 :objetividade , natureza <strong>em</strong>pírica (coletade dados), replicabilidade (capaz deser submetido à verificação), presençade abordag<strong>em</strong> metodológica e originalidade.A pesquisa deverá primar pelaoriginalidade <strong>em</strong> termos de conteúdo,enfoque ou metodologia, preenchendolacunas 5 .Tipologia das <strong>Pesquisa</strong>s OrtodônticasEm <strong>Ortodontia</strong>, como na maioriadas d<strong>em</strong>ais áreas das ciências naturais(física, química e biologia), o que se observa,no concernente à pesquisa, éuma aproximação <strong>em</strong> direção ao<strong>para</strong>digma quantitativo, <strong>em</strong> detrimentoao <strong>para</strong>digma qualitativo; sendo ess<strong>em</strong>ais rotineiramente aplicado às ciênciassociais.A pesquisa quantitativa pode serclassificada quanto ao modelo ou delineamentometodológico (ou design),<strong>em</strong> experimental e não-experimental(ou observacional) 19,30 . A primeira,o experimento, como é conhecida, representauma das mais férteis modalidadesde investigação 19 . Trata-se damelhor forma de avaliação da eficáciade uma determinada intervenção terapêutica23,27,30,37,43,44 .Historicamente, o primeiro a relatarsobre o método experimental, noâmbito do conhecimento científico, foiGALILEU (1564-1642) 18,20 . Constituiuma pesquisa que envolve a manipulaçãocontrolada de uma ou mais variáveis,observando as variações decorrentesdessa manipulação, ou sejaapresenta uma característica prospectiva5,19,23 . O delineamento experimentalse alicerça <strong>em</strong> princípios básicosque dev<strong>em</strong> ser considerados guias,<strong>para</strong> seu planejamento. Esses princípiosforam introduzidos por FISHER(1890-1962), os quais são 43 : repetição,casualização e controle local. A repetiçãose refere a reprodução da unidadebásica a ser testada. Via de regra,quanto mais numerosa a amostra,melhor a extrapolação do dado doexperimento <strong>para</strong> a população <strong>em</strong> geral.Ressalta-se, no entanto, que a partirde um número amostral expressivoos dados não mais se modificam significativamente,passando a inclusãoindiscriminada de uma amostra maiorenvolvendo seres humanos a caracterizarum excesso, tido como desnecessárioe, portanto, um deslize ético 1 .O princípio da casualização (do inglêsrandomization) ou da seleção aleatória,reflete a distribuição igualitária.É o método de tirar uma amostra de umapopulação a fim de que as amostraspossíveis tenham a mesma probabilidadede ser<strong>em</strong> escolhidas 4,13,27,43 . Essacasualização t<strong>em</strong> como propósito evitara tendência da seleção da amostra,e por conseguinte, influenciar nos seusresultados. Assim, é a maneira corretade se com<strong>para</strong>r tratamentos entre si.Serve também <strong>para</strong> prover condições<strong>para</strong> a utilização de testes estatísticos,como os testes de significancia 27 . Emfunção das inúmeras dificuldades(custo, t<strong>em</strong>po, complexidad<strong>em</strong>etodológica, etc.), verificam-se poucosestudos realizados <strong>em</strong> <strong>Ortodontia</strong>com essa abordag<strong>em</strong> 37 . Só recent<strong>em</strong>ente37,38 , t<strong>em</strong> surgido uma maior conscientização<strong>em</strong> relação à importânciaR <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 5, n. 4, p. 89-105, jul./ago. 200091


desse princípio metodológico sugerido,inicialmente, <strong>para</strong> os experimentosagrícolas na década de 1920 43 .O controle local vislumbra a homogeneidadedo ambiente, eliminandoa interferência de variáveis aleatórias,ou seja, não analisadas no estudo.O estabelecimento de uma determinadafaixa etária, de um gênero(masculino ou f<strong>em</strong>inino), ou de umpadrão racial serv<strong>em</strong> como ex<strong>em</strong>plode controle local, pois imped<strong>em</strong> a obtençãode dados generalizáveis inconsistentes.Vale a pena ressaltarque o controle local realizado, tornao dado obtido restrito às característicasda amostra utilizada.De acordo com a forma de com<strong>para</strong>çãodos dados e a forma de seleçãoda amostra, o experimento pode sersubdividido, conforme proposto noquadro 1 a seguir.Por definição, o grupo submetidoao tratamento especial é denominadogrupo experimental e ao grupo decom<strong>para</strong>ção interna, o mais s<strong>em</strong>elhanteao grupo anterior, denomina-se grupocontrole 19,27,30,34,43,44 . O estudo s<strong>em</strong>grupo controle, como diz o próprionome, é o estudo s<strong>em</strong> com<strong>para</strong>ção aum grupo controle, ou mesmo experimental,o qual certamente merece menoscredibilidade científica. O grupocontrole pode ser, ou não, tratado. Naúltima hipótese, não deverá infringiros preceitos bioéticos 27,44 . Quando tratado,mas submetido a um tratamentoinócuo e arbitrariamente criado, denomina-seplacebo 27 . O controle históricoé caracterizado pelo modelo tradicionalde tratamento já realizadoanteriormente, cujos dados disponíveissão com<strong>para</strong>dos com os de um tratamentodito “inovador” 27 . Quando ocontrole histórico advém de dados extraídosda literatura, uma menor credibilidadeé dada à pesquisa devido aoamplo leque de diferenças na seleçãoda amostra e no controle local 27 . As diversidadesdiminu<strong>em</strong> à medida que ocontrole histórico advém da mesma instituição.Nesse caso, <strong>para</strong> que aindaseja confirmada a superioridade dotratamento “inovador”, uma rigorosaseleção de amostra, aliada a um rígidocontrole local, é indispensável. Estudocom<strong>para</strong>tivo é o estudo das s<strong>em</strong>elhançase diferenças entre gruposexperimentais diferentes 27 . Não ocorreprobl<strong>em</strong>a ético nesta abordag<strong>em</strong>,desde que os tratamentos instituídossejam reconhecidamente eficientes,mas que haja dúvida suficiente quantoà superioridade de um tratamentosobre o outro 25,27,41,43,44 . Ex<strong>em</strong>plo:HENRIQUES, J.F.C. Estudo cefalométricocom<strong>para</strong>tivo, de três tipos de ancorag<strong>em</strong>extrabucal, sobre as estruturasdentoesqueléticas, <strong>em</strong> pacientes comclasse II, 1ª divisão. Bauru, 1993.166f. Tese (Livre-Docência) - Faculdadede Odontologia de Bauru, Universidadede São Paulo, 1993.A pesquisa experimental apresentaníveis que pod<strong>em</strong> ser discernidos <strong>em</strong>razão da forma de com<strong>para</strong>ção dos dadose da seleção da amostra 27,37,38,41 . Éb<strong>em</strong> acatado e universalmente aceitoque o instrumento mais poderoso decom<strong>para</strong>ção de novas formas de tratamentocom as convencionais, <strong>em</strong>humanos, é através do <strong>em</strong>prego domodelo experimental prospectivo comgrupo controle e a seleção casualizadada amostra 25,26,27,37,41,42,43,44 . O modelonão-casualizado distorce a distribuiçãoda amostra e, por transmissão, aeficácia da abordag<strong>em</strong> terapêutica.Na pesquisa não-experimental ouobservacional, não há um tratamentoespecífico a ser analisado. O pesquisadorassume uma postura passivamediante as variáveis, s<strong>em</strong> manipulálas19 . Para melhor compreendê-la, édividida <strong>em</strong>: pesquisa ex post facto, levantamentoe pesquisa descritiva.A pesquisa ex post facto compreendea investigação, na qual opesquisador não t<strong>em</strong> controle diretosobre as variáveis, porque sua manifestaçãojá ocorreu ou porque asvariáveis, por sua natureza, não sãomanipuláveis 5,19,20,30 . O diferenciadorprincipal <strong>em</strong> relação ao experimentorepousa na natureza retrospectivada pesquisa ex post facto.QUADRO 1<strong>Pesquisa</strong> experimental quanto à com<strong>para</strong>ção dos dados e seleção da amostras<strong>em</strong> grupocontroles<strong>em</strong> com<strong>para</strong>ção, apenas comdados extraídos da literaturaQuanto à com<strong>para</strong>çãodos dados<strong>Pesquisa</strong>Experimentalcom grupocontroles<strong>em</strong> tratamento placebocom tratamentohistóricoQuanto à seleçãoda amostranão casualizadacasualizadaestudo com<strong>para</strong>tivoR <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 5, n. 4, p. 89-105, jul./ago. 200092


Ex<strong>em</strong>plo de pesquisa ex post facto é:KJAER, J. Morphological characteristics ofdentitions developing excessive rootresorption during orthodontic treatment.Eur J Orthod, v.17, n.1, p.25-34,1995.No ex<strong>em</strong>plo dado, o propósito foiidentificar as características morfológicasradiográficas pré-tratamento dedentes passíveis de desenvolver reabsorçãoradicular externa severa, <strong>em</strong> decorrênciade tratamento ortodôntico. Oautor realizou o seguinte: selecionoua amostra portadora de reabsorções radicularesseveras, após o tratamento ortodônticorealizado e, a partir daí, caracterizoumorfologicamente as radiografiaspré-tratamento. Isto caracterizaum estudo ex post facto, ou seja,após o fato consumado.Levantamento (do inglês: survey)é o estudo da presença de determinadacaracterística ou doença na população,utilizando-se de uma amostrarepresentativa, <strong>para</strong> descobrir a suadistribuição (prevalência, incidência)e a inter-relação de variáveis 19 . Ex<strong>em</strong>plo:GANDINI, M.R.E.A.S. et al. Estudo da oclusãodentária de escolares da cidade deAraraquara, na fase da dentadura mista.<strong>Ortodontia</strong>, São Paulo, v.27, n.3, p.37-49, 1994.A pesquisa descritiva retrata os estudosde natureza morfológica ou funcional,descrevendo melhor as característicasinéditas comuns a uma determinadapopulação. Ex<strong>em</strong>plos:SPINA, V. et al. Classificação das fissuraslabiopalatinas: sugestão de modificação.R Hosp Clín Fac Med, São Paulo, v.27,n.1, p.5-6, 1972.NEUVALD, L.R. Análise microscópica dajunção ameloc<strong>em</strong>entária: com ênfase<strong>para</strong> os mecanismos envolvidos nasreabsorções cervicais externas. Bauru,1996. 146f. Dissertação (Mestrado) -Faculdade de Odontologia de Bauru,Universidade de São Paulo, 1996.Às vezes, a natureza ou o modelode pesquisa (experimental, ex post fact,descritiva, levantamento) confunde-secom os métodos <strong>em</strong>pregados (cefalométrico,eletromiográfico, microscópico,método do el<strong>em</strong>ento finito, radiográfico,laser Doppler, fotoelástico, etc.). Oprimeiro é mais abrangente, enquantoo segundo, mais específico à área doconhecimento. No levantamento realizadopor SIMS e STEPHENS 35 , ficou implícitoque o principal instrumento metodológico<strong>para</strong> as pesquisas realizadas,durante o curso de pós-graduação <strong>em</strong><strong>Ortodontia</strong> (mestrado), <strong>em</strong> diferentesinstituições da Grã-Bretanha, foi a pesquisacefalométrica (43%). As d<strong>em</strong>aispesquisas envolveram estudos sobre asciências dos materiais (21.5%); estudoseletromiográficos (16.5%); estudos dabiologia celular e estudos <strong>em</strong> animais(11.4%); e levantamentos epid<strong>em</strong>iológicos(3.8%).A pesquisa <strong>em</strong> <strong>Ortodontia</strong>, e <strong>em</strong> outrasáreas do conhecimento, tambémpode ser classificada de outras maneiras.Eis alguns ex<strong>em</strong>plos, com suas respectivasdefinições e comentários.- Segundo a Finalidade:• <strong>Pesquisa</strong> básica: é a atividade da ciênciaque visa entender a natureza, oua sociedade. Na natureza, mais especificamentenas ciências da saúde, relaciona-seàs áreas fundamentais (morfologia,genética, imunologia, fisiologia,dentre outras). Ex<strong>em</strong>plo:DAVIDOVITCH, Z. et al. Interleukin 2 localizationin the mechanically stressedperiodontal ligament. J Dent Res, v.68,p. 333, abstract 1209, 1989.• <strong>Pesquisa</strong> tecnológica: é aquela queutiliza resultados da pesquisa básica<strong>para</strong> obter um método ou uma tecnologia.Tipifica o lançamento comtestabilidade, com<strong>para</strong>da ou não, denovos materiais ou equipamentos.Ex<strong>em</strong>plo:BROADBENT, B.H. A new x-ray techniqueand its aplication to orthodontic. AngleOrthod. v 1, p. 45-66, Apr. 1937.• <strong>Pesquisa</strong> aplicada: <strong>em</strong> <strong>Ortodontia</strong>,refere-se aos procedimentos terapêuticos.Segundo levantamento realizado<strong>em</strong> periódicos internacionais naárea de <strong>Ortodontia</strong>, a pesquisa aplicadaoscila entre 57.9% 37 a 59.3% 15 domontante total das pesquisas publicadas.Quando realizada <strong>em</strong> sereshumanos, recebe a denominação depesquisa clínica, devido à traduçãodireta do inglês clinical trials, ao invésde pesquisa terapêutica 27 : ParaPOPOCK 27 , a pesquisa clínica se aplicaa qualquer experimento que envolva,obrigatoriamente, pacientes,tendo o objetivo de inferir, a partir deuma amostra numericamente limitada,mas representativa, qual o tratamentomais apropriado <strong>para</strong> futurospacientes portadores de uma determinadacondição médica. Ex<strong>em</strong>plo depesquisa aplicada:GHAFARI, J. et al. Headgear versus functionregulator in the early treatment ofClass II division 1 maloccusion: a randomizedclinical trial. Am J OrthodDentofacial Orthop, v.113, n.1, p.51-61, Jan. 1998.TULLOCH, J.F.; PHILLIPS,C.; PROFFIT,W.R.Benefit of early class II treatment:progress report of a two-phase randomizedclinical trial. Am J Orthod DentofacialOrthop, v.113, p.62-72, 1998.LEVANDER, E. et al. Evaluation of root resorptionin relation to two orthodontictreatment regimes. A clinical experimentalstudy. Eur J Orthod, v.16, p.223-228,1994.- Segundo os Métodos <strong>para</strong> Congregaros dados:• Estudo longitudinal: compreendeo exame realizado na mesma pessoa,ou na mesma população, com dois oumais intervalos regulares de t<strong>em</strong>po22,37 . Dessa forma, retrata melhor ocomportamento biológico de uma determinadavariável ao longo do t<strong>em</strong>po.A duração do estudo, o custo financeiro,a necessidade organizacionale a diluição da amostra com oR <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 5, n. 4, p. 89-105, jul./ago. 200093


evolver do t<strong>em</strong>po constitu<strong>em</strong> limitaçõesdesse método 22 . Pode ser conduzido <strong>em</strong>estudos experimentais ou <strong>em</strong> levantamentos37 . Ex<strong>em</strong>plo:ROSSATO, C.; MARTINS, D.R. Espaçamentoanterior na dentadura decídua e suarelação com o apinhamento na dentadurapermanente. Estudo longitudinal.<strong>Ortodontia</strong>, São Paulo, v.26, n.6, p.81-87,1993.• Estudo transversal: compreende arealização de um único exame numadeterminada pessoa ou população 37 .Apresenta a vantag<strong>em</strong> de ser mais rápido,menos dispendioso, possibilita recrutaruma amostra mais expressiva <strong>em</strong>termos dimensionais, e pode ser repetidocom maior rapidez 22 . Contudo, com<strong>para</strong>doao estudo longitudinal, é menospreciso, pois n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre os gruposcom<strong>para</strong>dos são similares, o que denotauma variação da média e do desvio-padrãoobtidos. Ex<strong>em</strong>plo:CAPELOZZA FILHO, L. et al. Avaliação docrescimento craniofacial <strong>em</strong> portadoresde fissuras transforame incisivo unilateral.Estudo transversal. R bras Cir, v.77,n.2, p.97-106, 1987.• Estudo s<strong>em</strong>i-longitudinal: combinaos métodos longitudinal e transversal22 . Ex<strong>em</strong>plo:SILVA, M. L. A. Estudo cefalométricos<strong>em</strong>ilongitudinal (fases inicial, finalde tratamento e pós-contenção) dejovens brasileiras, leucodermas, tratadasortodonticamente, portadorasinicialmente de Classes I e II, divisão 1e com<strong>para</strong>das com as de oclusão normal.Bauru, 1986. 102f. Dissertação(Mestrado)- Faculdade de Odontologia deBauru, Universidade de São Paulo, 1986.- Segundo a com<strong>para</strong>ção dos dados:• Estudo inter-individual: a com<strong>para</strong>çãoé realizada entre sujeitos(indivíduo ou animal) diferentes.Ex<strong>em</strong>plo:OWMAN-MOLL et al. Effects of a doubledorthodontic force magnitude on toothmov<strong>em</strong>ent and root resorptions. Aninter-individual study in adolescents.Eur J Orthod, v.18, p.141-150, 1996.• Estudo intra-individual: o mesmosujeito serve como com<strong>para</strong>ção do tratamentoinstituído. Isso pode ser realizadodando-se o ex<strong>em</strong>plo de um dente,ao com<strong>para</strong>r um dente tratado como seu homólogo controle, ou avaliandoas diferenças antes e após o tratamentoinstituído no mesmo dente.Ex<strong>em</strong>plo:OWMAN-MOLL et al. The effects of a fourfoldincreased orthodontic force magnitudeon tooth mov<strong>em</strong>ent and rootresorptions. An intra-individual study inadolescents. Eur J Orthod, v.18, p.287-294, 1996.- Segundo o Local da Realização da <strong>Pesquisa</strong>:• Estudo in vitro (do latim: no vidro):expressão usada por bioquímicos ebiológos celulares, referindo-se a todareação fisiológica que se faz fora do organismo,ou mais especificamente <strong>em</strong>meio de cultura 3 . Na odontologia incluia pesquisa realizada <strong>em</strong> células ou tecidosbucais transferidos <strong>para</strong> modelosartificiais que simul<strong>em</strong> a condição bucal23 . Pode ser citada no título comomostra a seguir :BURGER, E.H. et al. Mechanical stress andosteogenesis in vitro. J Bone Min Res,v.7, p.397S-401S, 1992.Estudo in vivo (do latim: <strong>em</strong> vida):expressão, que se refere, ao contrárioda anterior, ao estudo realizado no organismovivo ou na célula intacta 3 .Ex<strong>em</strong>plo:BAER, M.J.; GAVAN, J.A. Symposium onbone growth as revealed by in vivomarkers. Am J Phys Anthropol, v. 29,p. 155, 1968.• Estudo in situ (do latim: no local,na situação): refere-se ao estudo realizadono local de orig<strong>em</strong> ou de ocorrêncianatural. A hibridização in situ é umatécnica <strong>em</strong>pregada <strong>em</strong> biologia molecular<strong>para</strong> localização do DNA 1 . A identificaçãoda molécula marcada ocorreno seu local, ou melhor, na própria célulaou no tecido. Na odontologia, o<strong>em</strong>prego dessa expressão é mais específicoe, normalmente, aplicado à cavidadebucal ou dente. Ex<strong>em</strong>plo:ARAÚJO, F.B. et al. Estudo in situ da cariogenicidadedo leite bovino: aspectosclínicos. Rev ABO Nac, v.6, n.2, p.103-106, 1998.- Segundo a Época de Coleta dos Dados:• Estudo retrospectivo: é aquele cujacoleta de dados é realizada antes doplanejamento da pesquisa, geralmente,como parte dos dados levantados<strong>em</strong> ficha de registro do tratamento 27,37 ,ou como, dados da própria documentaçãoortodôntica. Em termos de planejamentometodológico, equivale àprópria pesquisa ex post facto. A extraçãoretrospectiva de informações,geralmente é mais pobre, quando com<strong>para</strong>daa um estudo planejado, poispod<strong>em</strong>, no máximo, confirmar umaassociação, limitando-se ao estabelecimentode uma relação de causa e deefeito 41 . A seleção da amostra talvezseja o ponto vulnerável desse modelode pesquisa, por favorecer apenas casosde sucesso ou aqueles b<strong>em</strong> tratados.Este fato pode mascarar conclusões,inferindo alterações clínicas positivascom significância estatística aum determinado tratamento ortodôntico;entretanto, só se aplicam ao grupoestudado, ou a grupos similares,e não pod<strong>em</strong> ser extrapolados <strong>para</strong> apopulação <strong>em</strong> geral, cuja variabilidadede padrões craniofaciais não permitea aplicação direta de dados 37,41 .Apesar disso, a maioria das pesquisasque avalia o efeito das medidasterapêuticas, <strong>em</strong> <strong>Ortodontia</strong>, alicerçasenesse modelo de pesquisa 37 . O fornecimentode dados limitados deveser avaliado sist<strong>em</strong>ático e criteriosamente,mas pode ser válido desde quedevidamente contextualizado 41 .Ex<strong>em</strong>plo:R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 5, n. 4, p. 89-105, jul./ago. 200094


SIMS, A.P.T.; STEPHENS, C.D. Attitudes ororthodontic postgraduates to MSc researchprojects- a retrospective survey. Br J Orthod,v. 20, p. 37-45, 1993.• Estudo prospectivo: apresenta dadoscoletados, após o planejamento dapesquisa 37 . Por isso, pode ser melhorplanejada e mais rica, <strong>em</strong> termos decoleta de dados. Avalia, com mais propriedade,a relação causa e efeito. Aindaassim, existe uma certa reservaquanto à forma casualizada, ou não,da seleção da amostra.- Segundo a amostra utilizada:• Estudo <strong>em</strong> animais: A evolução damedicina valeu-se de inúmeros experimentos<strong>em</strong> animais 27,36,45 . O <strong>em</strong>pregodo modelo animal cresceu vertiginosamente<strong>em</strong> todos os campos (básico,tecnológico e aplicado), instigadopelo desastre da talidomida 27,44 .Não menos diferente, foi a evoluçãoda <strong>Ortodontia</strong> enquanto ciência 36 . O<strong>em</strong>prego de animais, <strong>em</strong> experimentosaplicados à <strong>Ortodontia</strong>, t<strong>em</strong> vislumbradohorizontes novos e maisseguros, sob a ótica biológica, o queresponde por uma parcela relativamenteexpressiva (11,4%) do montanteglobal das pesquisas realizadas <strong>em</strong>regime de pós-graduação ortodôntica33 . Alguns marcos da influência dosestudos <strong>em</strong> animais na <strong>Ortodontia</strong>são apontados a seguir.SANDSTEDT, <strong>em</strong> 1904, foi o pioneiro<strong>em</strong> descrever, <strong>em</strong> cães, as reaçõesteciduais induzidas pela movimentaçãodentária. Comprovou o mecanismode r<strong>em</strong>odelação óssea, duranteo tratamento ortodôntico. Orato, com propósito <strong>em</strong> pesquisas ortodônticas,foi pioneiramente utilizado<strong>em</strong> 1954, por WALDO eROTHBLATT. A partir daí, despertouse,até os dias atuais, uma avalanchede pesquisas no campo da movimentaçãodentária induzida. Não obstante,a expansão rápida da maxila, apesarde ser um procedimento primeiramenteutilizado <strong>em</strong> seres humanos, sófoi acatada pela comunidade científica,após os estudos realizados <strong>em</strong>porcos pelo ortodontista americanoHAAS 16 . Da mesmo forma foi a cirurgiaortognática na maxila. Com estudorealizado <strong>em</strong> macacos, BELL, <strong>em</strong>1975, assegurou a viabilidadevascular da osteotomia total da maxilado tipo Le Fort I. Assim, essa técnicacirúrgica ganhou sustentação científicae credibilidade <strong>para</strong> ser realizada,com segurança, <strong>em</strong> seres humanos.Não se pode também renegara importância dos estudos clássicosrealizados <strong>em</strong> macacos, publicadospor McNAMARA a respeito da respostaortopédica da mandíbula, na décadade 1970.Em <strong>Ortodontia</strong>, os estudos <strong>em</strong> animaisparticipam das seguintes linhasde pesquisa: 1- biopatologia óssea; 2-movimentação dentária induzida; 3-crescimento craniofacial pré-natalnormal e anormal (teratologia); 4-crescimento craniofacial pós-natal(mecanismo e padrão); 5- etiopatogênesedas más-oclusões; 6- avaliaçãode novas técnicas cirúrgicas, ortodônticase ortopédicas; 7- implantescomo el<strong>em</strong>ento de ancorag<strong>em</strong>; 8- articulaçãotêmporomandibular; 9- biomateriais.A utilização de animais <strong>em</strong> experimentosoferece algumas vantagenspeculiares, como: a possibilidade deum melhor controle local; uma menordiversidade genética <strong>em</strong> se tratandode ninhadas; a facilidade deobtenção de ninhadas (no caso particularde roedores); um númeromaior de repetições (com exceção deprimatas não-humanos), a anális<strong>em</strong>icroscópica de áreas maisabrangentes e de menor restriçãobioética.Exist<strong>em</strong> critérios <strong>para</strong> a seleção domodelo animal a ser utilizado. A escolhado animal apropriado <strong>para</strong> experimentos,<strong>em</strong> <strong>Ortodontia</strong>, é uma decisãofundamental <strong>para</strong> a extrapolaçãodos resultados obtidos <strong>em</strong> sereshumanos. Muito <strong>em</strong>bora, o modeloanimal mais apropriado deve ser s<strong>em</strong>preaplicado com uma certa reserva ecom senso de discernimento. Para tanto,é imprescindível o conhecimento defisiologia e de morfologia dos animais<strong>em</strong> estudo, visando a correta interpretaçãodos resultados e de suaaplicabilidade.Estudos toxicológicos suger<strong>em</strong>que o modelo animal deve ser baseado<strong>em</strong> similaridades fisiológicas33 . Por isso, o grupo animal selecionado,<strong>para</strong> o vasto campo de estudoda biologia craniofacial e bucal,restringe-se aos mamíferos (camundongo,rato, coelho, porco,gato, cão e primata não-humano) 33 .Dentre os citados, a preferência recaisob o primata não-humano,pela sua maior aproximaçãofilogenética com os seres humanos.No entanto, devido à dificuldade erestrição de seu uso, torna-se viávelo uso de outros mamíferos, dependendodo objetivo do estudo.Além do critério fisiológico efilogenético, inclu<strong>em</strong>-se ponderaçõesda anatomia com<strong>para</strong>da e dopadrão de crescimento craniofacialregional 33 (fig. 1).Para SIEGEL e MOONEY, a escolha domodelo animal deve se basear na hipótesedo estudo a ser testada. Confirmamque a manipulação dos tecidos craniofaciaispode ser realizada <strong>em</strong> mamíferosde forma geral. Isto inclui, preferencialmente,os animais de laboratório, porter<strong>em</strong> menor porte e ser<strong>em</strong> de fácil manejo.Entretanto, a possibilidade detransferência de dados <strong>para</strong> seres humanosseria inviável, caso o estudo visassea observação do padrão de crescimentocraniofacial. Para esse fim, é necessáriaa utilização de um modelo animal filogeneticament<strong>em</strong>ais próximo, como oscarnívoros e primatas não-humanos.Para esses autores 33 , os estudos, com maiorexigência quanto à escolha do modeloexperimental animal, seriam aquelesque envolvess<strong>em</strong> a manipulação do padrãocraniofacial regional. A anatomiacraniofacial, o grau de deflexão da basedo crânio e os vetores de crescimento damaxila e da mandíbula deverão serequiparáveis ao modelo de estudo. Apesarda afinidade filogenética estar intimamenterelacionada à afinidade do padrãode crescimento regional, ela é oR <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 5, n. 4, p. 89-105, jul./ago. 200095


FIGURA 1 - Anatomia craniana com<strong>para</strong>da de diversos mamíferos (A - Humano, B -Primata não-humano, C - Cão, D - Porco, E - Rato). Os crânios não são equiparáveisdimensionalmente.PESQUISA CLÍNICACASUALIZADAESTUDO PROSPECTIVOCom amostra não-casualizadaESTUDO RETROSPECTIVOSeleção baseada <strong>em</strong>características pré-tratamentoESTUDO RETROSPECTIVOSeleção baseada na resposta do tratamentoRELATO DE CASO CLÍNICOOPINIÃO DE ESPECIALISTAs<strong>em</strong> comprovaçãoFIGURA 2 - Hierarquia do impacto científico concernente a publicações que avaliam aefetividade de um determinado tratamento clínicocritério exclusivo, mas utilizada <strong>em</strong>conjunto. O modelo animal, nessecaso, restringe-se aos primatas nãohumanos,<strong>em</strong>bora n<strong>em</strong> todas as espéciesde símios sejam apropriadas <strong>para</strong>o estudo 33 .A anatomia com<strong>para</strong>da merece serapreciada. Cães e macacos possu<strong>em</strong>dentes e periodonto de sustentação s<strong>em</strong>elhantesaos dos seres humanos, especialmentequanto ao tamanho. A suturapalatina mediana dos gatos e porcosass<strong>em</strong>elham-se aos dos seres humanos.Ratos e coelhos são monofiodontes,seus incisivos apresentam erupçãocontínua e os molares são multirradiculares.Os espaços medulares, nos ratos,são menores e, portanto, apresentammaior densidade óssea 29 .Em suma, é importante comentarque qualquer dos procedimentos utilizando-seda experimentação animaldeve obedecer às recomendações éticase legais vigentes 8,36 .• Estudo <strong>em</strong> seres humanos: A pesquisa<strong>em</strong> seres humanos inclui a avaliaçãode abordag<strong>em</strong> terapêutica (pesquisaclínica) e a que contribui com oconhecimento generalizável 24 . A pesquisafeita <strong>em</strong> humanos difere da atuaçãoprática na área da saúde, sendoesta aplicada diretamente na saúde doindivíduo.Existe uma preocupação a respeitodo que seja abuso na investigaçãocientífica <strong>em</strong> seres humanos, mesmoquando traz contribuição substancialao conhecimento humano 24 . No Brasil,as normas éticas vigentes da pesquisa<strong>em</strong> seres humanos foram, recent<strong>em</strong>ente,homologadas pelo Ministério daSaúde (Res. 196/96-MS/CNS). Segundotais normas, nenhuma pesquisaenvolvendo seres humanos deverá seraprovada, se antes não passar pelocrivo do Comitê de Ética <strong>em</strong> <strong>Pesquisa</strong>,com o intuito de averiguar o respeitoà dignidade do ser humano e aproteção de seus direitos e do seu b<strong>em</strong>estar24,26,45 . T<strong>em</strong>-se recomendado a préviaaprovação de projetos de pesquisapelo comitê de ética, <strong>para</strong> que possamser financiados e aceitos <strong>para</strong> publicação27,44,45 .R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 5, n. 4, p. 89-105, jul./ago. 200096


Para PESSINI e BARCHIFONTAI-NE 24 , a pesquisa envolvendo seres humanosdeve ser executada ou “estritamentesupervisionada” por pesquisadoresqualificados e experientes.T<strong>em</strong> que estar <strong>em</strong> conformidade comum projeto de pesquisa b<strong>em</strong> elaboradoe claro, incluindo a justificativaque envolva a participação de sereshumanos, a natureza e o grau de qualquerrisco conhecido aos participantes.Deverá ser realizada apenas, segundoargumentos desses autores, mediantea informação e o consentimento voluntáriodos participantes, reforçadopela aprovação do projeto de pesquisapor uma comissão independente,que o analise tanto ética como cientificamente.Hierarquia da <strong>Pesquisa</strong>Caracterizar um trabalho científicocomo uma pesquisa, ou não, e, ainda,classificá-lo hierarquicamente,merece discernimento no tocante àpontuação curricular <strong>para</strong> cargos providospor concurso e à credibilidadecientífica do pesquisador e da instituição.<strong>Pesquisa</strong>s que sustentam inferênciassubstancialmente fortes (ex<strong>em</strong>plo:experimento casualizado <strong>em</strong> seres humanocom presença de grupo controle)não pod<strong>em</strong> ser suplantadas pordelineamentos menos rigorosos, comoos experimentos <strong>em</strong> animais s<strong>em</strong> umgrupo controle, ou um estudo retrospectivoacompanhado transversalmente.O delineamento de uma pesquisa“ideal” esbarra <strong>em</strong> preceitosbioéticos de longa duração e de custofinanceiro elevado, o que o tornainviável, ou autolimitante. Isso nãojustifica, no entanto, a tomada de decisãoclínica por parte de profissionais,baseando-se exclusivamente <strong>em</strong> trabalhospublicados s<strong>em</strong> sustentação científica37 . Discernir, hierarquicamente,as publicações é, definitivamente, relevante(fig. 2).O Processo de Produçãode <strong>Pesquisa</strong>A produção científica segue normas<strong>para</strong> o seu planejamento e exe-QUADRO 2Etapas <strong>para</strong> a produção de pesquisaEtapasAtividades/CaracterísticasI. Esboço Inicial- Seleção do t<strong>em</strong>a- Conhecer o assunto através de um levantamentobibliográfico inicial- Série de perguntas <strong>para</strong> a produção de idéias(Qu<strong>em</strong>? A qu<strong>em</strong>? Quando? Por quê? Onde? Paraquê? Como? Quais as condições? Quais as conseqüências?Apesar de quê?)II. Elaboração do1 - IdentificaçãoProjeto de <strong>Pesquisa</strong>1.1 - Título1.2 - Equipe1.3 - Área do Conhecimento1.4 - Entidades2 - Delimitação do Probl<strong>em</strong>a2.1 - Definição de Termos3 - Hipótese4 - Objetivos4.1 - Geral4.2 - Específicos5 - Justificativas6 - Linhas de <strong>Pesquisa</strong>7 - Tipo de <strong>Pesquisa</strong>8 - Revisão da bibliografia9 - Indicação do material e método9.1 - Seleção da amostra10 - Análise dos dados11 - Resumo dos resultados esperados e seusprováveis impactos12 - Cronograma de execução13 - Orçamento14 - Bibliografia ou Referências Bibliográficas15 - AnexoIII. Coleta de DadosDados absolutosDados relativosIV. Exposição ou apresentaçãodos dados- Tabela- Quadro- Figura- GráficoV. Análise dos DadosTratamento estatísticoVI. Elaboração da- Estrutura definitiva <strong>para</strong> publicaçãoescrita*1 - Título/Título noutro indioma2 - Autoria/Titulação/Instituição de orig<strong>em</strong>3 - Resumo/Palavras-chave4 - Introdução5 - (Revisão da Literatura)**5 - Material e Métodos6 - Resultados7 - Discussão8 - Conclusão9 - Abstract ou Summary/Key-words10 - (Agradecimentos)**11 - Referências Bibliográficas- Redação final e apresentação gráfica*Varia conforme as normas <strong>para</strong> publicação de cada periódico;**Optativo.R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 5, n. 4, p. 89-105, jul./ago. 200097


cução. O desfecho deste processo é apublicação da pesquisa <strong>em</strong> periódicoscientíficos. As normas <strong>para</strong> a publicaçãovariam, mas giram <strong>em</strong> torno de umpadrão. Segue a sugestão de um protocolo<strong>para</strong> a elaboração de pesquisa,passo-a-passo (quadro 2):1-Esboço InicialO ponto de partida <strong>para</strong> a elaboraçãode uma pesquisa é o delineamentodo esboço inicial, realizadoatravés da seleção da t<strong>em</strong>ática e doesclarecimento do pressuposto. Entende-sepor pressuposto o raciocínioque conduza à justificativa, ouao argumento <strong>para</strong> a elaboração dapesquisa 32 .<strong>Press</strong>upõe-se que o pesquisadororientadorjá esteja familiarizado como assunto a ser tratado. Um levantamentobibliográfico dos últimos anosé relevante <strong>para</strong> situá-lo na conjunturada ciência naquele momento. Asfontes <strong>para</strong> o levantamento bibliográfico<strong>em</strong> periódicos nacionais e internacionaisdos últimos anos, inclu<strong>em</strong>a forma tradicional (via acervo da bibliotecaincluindo o Index to <strong>Dental</strong> Literature,ou outro índice correlato) e aforma cont<strong>em</strong>porânea (via levantamentopelos CD-ROM Med Line eLilacs e consulta à Internet) (quadro3). As informações obtidas pelaInternet, desde que não publicadas<strong>em</strong> periódicos, também pod<strong>em</strong> ser citadasnas referências bibliográficas,respeitando-se as normas específicas*. Os artigos relevantes são identificadospela repetida citação juntoaos artigos mais recentes 9 . Em seguida,uma série de perguntas pod<strong>em</strong>ser realizadas <strong>para</strong> otimizar a produçãode idéias e elucidar o pressuposto(quadro-2, etapa I).2-Elaboração do Projeto de<strong>Pesquisa</strong>O projeto de pesquisa é uma propostadetalhada da pesquisa, com o objetivode planejar, com antecedência, ospassos a ser<strong>em</strong> adotados 5,12,20,30 . Evident<strong>em</strong>ente,algumas modificações cabíveispod<strong>em</strong> ser incorporadas com o evolverQUADRO 3Alguns endereços eletrônicos <strong>para</strong> informações bibliográficas <strong>em</strong> OdontologiaBanco de Dados BibliográficosMedline(Literatura Internacional <strong>em</strong> Ciênciasda Saúde)Dedalus(Banco de Dados Bibliográficos daUSP)Bir<strong>em</strong>e(Centro Latinoamericano e do Caribe deInformações <strong>em</strong> Ciências da Saúde)Biblioteca do Congresso AmericanoBiblioteca Nacional da FrançaCatálogo de Odontologiada execução 5 . O que se pretende é evitara sua circunstancial inviabilidade duranteo transcorrer do processo.Entre os principais probl<strong>em</strong>as encontrados<strong>para</strong> a excecução do projetode pesquisa estão 35 : a supervisão ea direção insuficientes (26.5%), a faltade t<strong>em</strong>po (23,5%), a interferênciado t<strong>em</strong>po clínico (16,4%), a deficiênciade material (14,75%), dados insuficientescom o fim de <strong>em</strong>itir a conclusão(13,3%), a ausência de controleapropriado; e a ausência de suportetécnico. Assim, o projeto estabeleceestratégias científicas, éticas e organizacionais,que ocorr<strong>em</strong> com o preenchimentode um protocolo minuciosoilustrado no quadro-2, etapa II.Três passos da elaboração do projetoserão destacados e comentados a seguir:o probl<strong>em</strong>a, a hipótese e a seleçãoda amostra.Endereço eletrônicowww.ncbi.nlm.nih.gov/PubMedwww.usp.br/sibiwww.bir<strong>em</strong>e.brwww.cweb.loc.govwww.loc.govwww.bnf.frwww.odontologia.com.br• Probl<strong>em</strong>aO probl<strong>em</strong>a trata de uma questãoa ser investigada, sendo elaborado naforma de questionamento 19 . Revelauma situação de inquietação diante dealgum aspecto do conhecimento. Emsíntese, expõe como as variáveis seinter-relacionam e conduz à definiçãode um objetivo e à formulação da hipótese19 . Cita-se alguns ex<strong>em</strong>plos:P-1: Qual o efeito da expansão rápidada maxila sobre a posição sagitalda maxila?P-2: Qual é o papel da oclusão dentáriasobre o deslocamento do disco articularna ATM?P-3: Qual a resistência à tração debraquetes colados com cimento deionômero de vidro com<strong>para</strong>ndo-se àresina composta?HipóteseProbl<strong>em</strong>a e hipótese são s<strong>em</strong>elhantespois ambos anunciam relações entrevariáveis 19 . A divergência consistena configuração de uma sentençainterrogativa pelo probl<strong>em</strong>a, e de umasentença afirmativa e mais específica,pela hipótese 19 . É considerada umasuposta resposta ao probl<strong>em</strong>a proposto32 . Segu<strong>em</strong> ex<strong>em</strong>plos relacionadosaos probl<strong>em</strong>as citados anteriormente:H-1: A expansão rápida da maxilanão é capaz de promover, de forma isoladae previsível, o avanço maxilar.H-2: O deslocamento do disco articularda ATM possui causas multifatoriais.A oclusão morfológica e funcionalt<strong>em</strong> uma participação discreta,como fator etiológico, no deslocamentodo disco.H-3: Os bráquetes colados com cimentode ionômero de vidro têm umaresistência à tração inferior à resinacomposta.Ao formular a hipótese, o pesquisadorse estrutura <strong>em</strong> conhecimento da* FERREIRA, S. M. S. P.; KROEFF, M.S.Referências bibliográficas dedocumentos eletrônicos. EnsaioAPG, v.2, n.35-36, 1996.R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 5, n. 4, p. 89-105, jul./ago. 200098


literatura pertinente e <strong>em</strong> inferênciasindutivas e dedutivas. Mesmo assim,a hipótese levantada pode ser falsa.• Seleção da amostraEm estatística, população é o conjuntode indivíduos ou de objetos quepossu<strong>em</strong> uma ou mais características <strong>em</strong>comum, que os definam 5,13,19,44 . Osubconjunto finito de el<strong>em</strong>entos de umapopulação denomina-se amostra 5,13,44 . Arepresentatividade da amostra é importante,<strong>para</strong> que os dados coletadossejam extrapolados <strong>para</strong> a população 13,27 .Assim, duas grandes indagações rodeiama seleção da amostra: como determinaro seu tamanho (dimensionamento)e qual a forma precisa de sua seleção(composição)?Uma amostra dimensionalmentepequena influi nos testes estatísticosde com<strong>para</strong>ção das médias, introduzindoo erro tipo II. O correto dimensionamentoda amostra é uma tarefacomplexa e exige a participação de umestatístico. Algumas fórmulas mat<strong>em</strong>áticaspod<strong>em</strong> ser utilizadas levando<strong>em</strong> consideração o tipo de variável, otamanho da população <strong>em</strong> estudo, ahomogeneidade da amostra, dentreoutros. Do ponto de vista prático, conhecero número amostral de outrostrabalhos, que serv<strong>em</strong> como referência,é importante. Para uma leituracompl<strong>em</strong>entar dessa t<strong>em</strong>ática sugeresea consulta a algumas referências específicas1,13,27 .Recomenda-se s<strong>em</strong>pre citar o métodode seleção da amostra nos trabalhosa ser<strong>em</strong> publicados 43,44 . Para evitar certatendência na seleção da amostra, sãoindicadas formas que favorec<strong>em</strong> a seleçãocasualizada, denominadas genericamentede amostrag<strong>em</strong> ou de técnicaprobabilística de amostrag<strong>em</strong> 13 .Entre essas formas t<strong>em</strong>-se:- Amostrag<strong>em</strong> casual ou aleatóriasimples: trata de um sorteio aleatório.Pode ser executada através de umsimples sorteio de moedas (cara oucoroa), um <strong>em</strong>prego de tabelas denúmeros aleatórios, ou outros métodosimparciais 4 ;- Amostrag<strong>em</strong> sist<strong>em</strong>ática: é quan-do os el<strong>em</strong>entos da população encontram-seordenados de alguma forma.Por ex<strong>em</strong>plo, lista telefônica, ou prontuáriosde um arquivo. Nesse caso, aescolha pode ser feita por um sist<strong>em</strong>aimposto pelo pesquisador. A forma deseleção da amostra pode, inicialmente,se basear <strong>em</strong> caracteres pré-estabelecidas(por ex<strong>em</strong>plo: gênero, idadecronológica ou biológica, tipo de máoclusão,presença ou ausência de algumtipo de má-formação congênita,padrão craniofacial). Essa pré-seleçãoatua como um controle local, e deveser sucedida por um sorteio aleatório;- Amostrag<strong>em</strong> estratificada: recomendada<strong>para</strong> população heterogênea,dividindo a amostrag<strong>em</strong> <strong>em</strong> estratoshomogêneos e selecionadosao acaso;- Amostrag<strong>em</strong> por conglomerado(ou agrupamento): é realizada <strong>em</strong> estudosepid<strong>em</strong>iológicos. Neste caso, divide-sea população <strong>em</strong> conglomerados,que pod<strong>em</strong> incluir escolas, bairros,quarteirões, edifícios, etc.3 - Coleta de DadosDefine-se dados como os resultadosquantitativos obtidos <strong>em</strong> pesquisas19 . Os dados são coletados <strong>para</strong>,logo <strong>em</strong> seguida, ser<strong>em</strong> agrupados einterpretados. Para uma correta interpretação,a coleta de dados deve serrealizada mediante os preceitos devalidade e de fidedignidade. Por validadeentende-se a capacidade de uminstrumento de medida realmente mediro que se pretende 5,19 . A fidedignidaderetrata o grau de exatidão, oude precisão, dos resultados fornecidospor um instrumento de medida 5,19 . Porex<strong>em</strong>plo, não é válido estimar a idadebiológica baseando-se <strong>em</strong> parâmetrosda idade cronológica; e não é fidedignorealizar a análise de modelos atravésda utilização de um compasso s<strong>em</strong>precisão. Quando a precisão não éatingida, surge o erro.Uma das formas de aumentar a precisãona coleta dos dados é tornar o estudocego (do inglês: blinding). Evitarque os pesquisadores obtenham informaçõesantecipadas a respeito do tratamentoinstituído, no momento de suacoleta, caracteriza um estudo cego 41,43 ,por parte do pesquisador no momentoda coleta dos dados. Estudo duplamentecego é aquele que mantém opaciente desinformado a respeito do tratamentoa ele instituído, associado àdesinformação do pesquisador, no momentoda coleta dos dados 43,44 . Esse cuidadoelimina a coleta de dados tendenciosos,também chamado de erro sist<strong>em</strong>ático(do inglês: bias).Pelo fato da cefalometria ser umaferramenta rotineiramente <strong>em</strong>pregadana clínica e <strong>em</strong> pesquisa ortodôntica,o estudo dos erros <strong>em</strong> cefalometria t<strong>em</strong>uma importância indispensável, especialmentepelo fato do erro ser umachado inevitável neste campo 14,17,41 .Segundo GOLDREICH et al. 14 , as fontesprincipais dos erros cefalométricossão: 1) a posição da cabeça do pacienteno cefalostato; 2) a distância focoobjeto;3) a distância objeto-filme; 4)a identificação e registro dos pontoscefalométricos; e 5) a mensuração dasgrandezas cefalométricas.Os erros de mensuração (4 e 5,supracitados) estão sujeitos a uma verificaçãomediante o erro padrão. Paraisso, algumas radiografias são aleatoriamenteescolhidas e, novamente,traçadas e mensuradas pelo mesmo examinadorapós certo intervalo de t<strong>em</strong>po(±3 s<strong>em</strong>anas). Os dados obtidos são confrontadoscom os primeiros. A reprodutibilidadedas medidas é realizada <strong>em</strong>pregando-sea fórmula de Dahlberg:s =Σ d 22 nonde s é o erro padrão, d é a diferença(<strong>em</strong> milímetros ou graus) de duasmedições e n é o número de radiografiastestadas. O cálculo do erro sist<strong>em</strong>ático,erro casual e o índice deconfiabildade são recursos comprobatórios17 .Outra maneira de minorar o errode mensuração é repetir todo o procedimento,após certo intervalo de t<strong>em</strong>po.Caso uma variação acima de 2R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 5, n. 4, p. 89-105, jul./ago. 200099


graus ou 2 mm seja encontrada, realiza-seum terceiro traçado. Os valores,que mais se aproximar<strong>em</strong>, são mantidose o mais discrepante, desprezado. A seguir,obt<strong>em</strong>-se a média. O conhecimentodesses erros alerta o profissional <strong>para</strong>tentar minorá-los e <strong>para</strong> reconhecer aslimitações do método cefalométrico.Uma vez coletados, os dados pod<strong>em</strong>ser tabulados de forma absoluta ou relativa(quadro-2, etapa III).• Dados absolutos: são dados estatísticosresultantes da coleta direta nafonte, somente a contag<strong>em</strong>, ou a medição.Ex<strong>em</strong>plos de dados absolutos:- Dado de freqüência é simplesmentea contag<strong>em</strong> de alguma coisa, ouo número de vezes de ocorrência deuma determinada variável. Representadopor números inteiros 19 . Por prevalênciadefine-se o número de casos deuma doença existente, <strong>em</strong> uma determinadaépoca. Incidência é o númerode casos novos de uma doença, queocorr<strong>em</strong> durante um intervalo de t<strong>em</strong>po.- Dado de medida é a representaçãonumérica de algarismos e objetos,ou eventos de acordo com as regraspreestabelecidas 19 . A escala é um ex<strong>em</strong>plode medida <strong>para</strong> atribuir númerosa um conceito, como a beleza facial.• Dados relativos: são resultados decom<strong>para</strong>ções por quociente (razões),que se estabelec<strong>em</strong> entre dados absolutos13 . Têm a finalidade de realçar, oufacilitar a interpretação dos dados.Índice: são razões entre duas grandezasdiferentes. Ex<strong>em</strong>plo:Índice diâmetro transverso do crânioCefálico = diâmetro longitudinal do crâniox 100Coeficiente: é a razão entre o númerode ocorrências e o número total.Taxa: é o coeficiente multiplicadopor uma potência de 10.Percentag<strong>em</strong>: toma o intervalo dezero a c<strong>em</strong> como base de com<strong>para</strong>çãocom o valor absoluto dos dados.4-Exposição ou Apresentaçãodos DadosA exposição ou a apresentação dosdados coletados na pesquisa pode serrealizada por meio de ilustrações (tabela,quadro, figura e gráfico). Esse artifícioproporciona a visualização e aapresentação mais rápida dos dados, aoinvés de descrevê-los textualmente 5 .Pode ser também utilizado <strong>em</strong> outraspartes relevantes da pesquisa, <strong>para</strong> darsuporte direto às idéias contidas no texto,ou simplesmente <strong>para</strong> o esclarecer.A pesquisa com destino à publicaçãonão necessita descrever todos osdados individuais, mas o conjunto.Esta exigência é típica <strong>para</strong> a dissertaçãoe <strong>para</strong> a tese, pois apresentam oanexo ou apêndice, um capítulo queengloba esta descrição. Para publicação,os dados são apresentados por medidasde tendência central (média, medianaou moda) e medidas de dispersão(desvio padrão, coeficiente de variaçãoou amplitude).5-Análise dos DadosO ramo da estatística responsávelpela coleta, pela organização e descriçãodos dados é a estatística descritiva.Nesta parte do artigo, pretendesecomentar a análise e a interpretaçãodos dados, a cargo da estatísticaindutiva ou inferencial 13,32 . O propósitonão é esmiuçar esse tópico, domíniode estatísticos, mas apenas contribuircom uma abordag<strong>em</strong> el<strong>em</strong>entar.Para um maior aprofundamento do respectivoassunto, recomendam-se livrosou artigos de maior sofisticação mat<strong>em</strong>ática.Nesse momento, ergue-se aquestão primária: qual o papel da estatísticainferencial na pesquisa?Preliminarmente, observa-se que osdados coletados estão s<strong>em</strong>pre sujeitosa uma variação <strong>em</strong> torno de uma média.Em objetiva e sucinta resposta,afirma-se que a finalidade da análiseestatística está <strong>em</strong> verificar, <strong>em</strong> termosde probabilidade, se essa variação dosdados é obra do acaso, devido à presençade uma variável aleatória (nãocontrolada), ou é resultante de algumavariável, <strong>em</strong> análise, controlada 34 .A indicação de testes estatísticos, portanto,baseia-se na com<strong>para</strong>ção de resultadosobtidos com os esperados peloacaso 19,43 . Conclusões, que os estatísticoschamam de inferência, são obtidas<strong>para</strong> originar uma determinada teoria.Na inferência estatística, pretende-setirar conclusões sobre o todo, com observaçãoparcial (é tomada a parte pelotodo) 34,43 .Costuma-se colocar a hipótese detrabalho sob júdice estatístico, ou seja,sob um teste de hipótese ou um testede significância 30 . O entendimentoda lógica de sua construção é relevante<strong>para</strong> o pesquisador e <strong>para</strong> o clínico.Ao operacionalizá-lo t<strong>em</strong>-se algumasetapas a cumprir 30,34,43 . Três delas serãodescritas a seguir.1 - Formular as hipóteses estatísticas:Duas formas de hipóteses estatísticassão estabelecidas: a de nulidade(H O) e a alternativa (H 1). A testada é ahipótese de nulidade ou nula (H O), éa hipótese das igualdades. Caso ela sejarejeitada, a hipótese estatística que permanecedefensável é a sua negativa,chamada de hipótese alternativa (H 1).Ex<strong>em</strong>plo:(H O): Braquetes colados com cimentode ionômero de vidro t<strong>em</strong> umaresistênca à tração equiparável à resinacomposta.(H 1): Braquetes colados com cimentode ionômero de vidro não t<strong>em</strong> umaresistência à tração equiparável à resinacomposta;ou, baseada ainda no conhecimentoprévio, a hipótese alternativa poderáser:(H 1): Braquetes colados com cimentode ionômero de vidro têm uma resistênciasuperior (ou inferior) à traçãoequiparável à resina composta;2 - Especificar o nível de significância(α) a ser utilizado:Os testes estatísticos lidam comprobabilidades. O pesquisador baseiasenos resultados <strong>para</strong> compor umadeterminada teoria. O grau de certezadessa teoria depende do nível de probabilidadepré-estabelecido. Dessa forma,a probabilidade do erro é conhecida.Por nível de significância define-sea probabilidade de rejeição deuma hipótese de nulidade 5 . Os níveis,R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 5, n. 4, p. 89-105, jul./ago. 2000100


clássicos, utilizados são os 0,05 (5%) e0,01 (1%).3 - Selecionar o teste estatístico(comentado a seguir);4 - Tomar a decisão: acatar ou rejeitara hipótese estatística.Quando o valor obtido pela amostraé igual, ou menor, que o valor críticode α, conclui-se que H Oé falsa e ovalor é chamado de significativo.Toda vez que o H Ofor rejeitado, <strong>em</strong> nívelde 5% de significância, afirma-seque o resultado é significante e é indicadocom um asterisco (*). Quandose rejeita H O, ao nível de significânciade 1%, implica que o resultado é altamentesignificante e é indicado comdois asteriscos (**).Algumas condições influ<strong>em</strong> na escolhado teste estatístico mais adequado.Estas condições são 34 : o poder doteste, o critério de seleção da amostra,a natureza da população e o nível d<strong>em</strong>ensuração ou escala adotada. O testeestatístico escolhido se enquadra<strong>em</strong> um dos dois modelos disponíveis:o <strong>para</strong>métrico e o não-<strong>para</strong>métrico.Em estatística, <strong>para</strong>métrico origina-sedo termo parâmetro que se referea valores relacionados à população,tais como a µ e σ 2 , símbolos, respectivamente,da média e da variância.Os símbolos x e σ se aplicam à médiae ao desvio padrão de uma determinadaamostra. Os testes estatísticosbaseados <strong>em</strong> amostra representativada população pertenc<strong>em</strong> à estatística<strong>para</strong>métrica. Como ex<strong>em</strong>plo, citaseo teste t de Student, o LSD, o Tukey,o Duncan, o SNK, o Dummett, a análisede variância (ANOVA), dentre outros,que supõ<strong>em</strong> distribuição normale variância homocedástica. Em caso d<strong>em</strong>últiplas alternativas de escolha, aseleção por um dos testes recai sobreo objetivo do pesquisador. Quando ostratamentos do experimento são altamentecompetitivos, recomenda-se testescom alto poder de discriminação(teste-t ou Duncan, por ex<strong>em</strong>plo). Poroutro lado, ao se testar um tratamento“inovador”, com<strong>para</strong>do ao tradicional,recomenda-se um teste com menorpoder discriminatório (Tukey ouVariávelQUADRO 4Classificação das VariáveisQualitativaQuantitativaDummett, por ex<strong>em</strong>plo), pois o “inovador”seria considerado segurament<strong>em</strong>elhor, pior, ou indiferente, comuma certa marg<strong>em</strong> 43 .Quando os testes não exig<strong>em</strong> suposiçãoquanto à distribuição populacional,estão relacionados à estatísticanão-<strong>para</strong>métrica, ou tambémchamada de distribuição livre 34,46 .Como ex<strong>em</strong>plo deste modelo, cita-se oteste de Kruslal-Wallis, de Wilcoxon ede Mann-Withney.O modelo <strong>para</strong>métrico ou não-<strong>para</strong>métricoapresentam vantagens e desvantagenspróprias. Caso a suposiçãode normalidade e de homocedastia forverdadeira, ou próxima dela, a eficiênciados testes <strong>para</strong>métricos é maior. Seos testes <strong>para</strong>métricos não preencher<strong>em</strong>os quesitos de sua indicação, osnão-<strong>para</strong>métricos são recomendados.Eis algumas vantagens do modelo não<strong>para</strong>métricosobre o <strong>para</strong>métrico 34 : 1)Aplica-se a amostra pequena (n< 30);2) Dispensa-se suposição da distribuiçãoda população 3) Aplica-se a dadosnominal e ordinal; 4) Permite <strong>em</strong>pregaramostras heterogêneas ou oriundas depopulações diferentes; 5) Maior simplicidadedo ponto de vista de cálculo.O nível de mensuração influenciaa escolha do teste estatístico e trata dasvariáveis, enquanto grandezas 34 . Variávelé o conjunto de resultados possíveisde um fenômeno 19 . Exist<strong>em</strong> váriasformas de classificá-la (quadro 4):Qualitativa: caracteriza qualitativamente.Quantitativa: caracteriza numericamente.Nominal: é uma variável qualitativa,que classifica, de forma equivalente,os fenômenos 34 . Ex<strong>em</strong>plo: gênero(masculino e f<strong>em</strong>inino), tipo facial(braquifacial, mesofacial e dolicofacial)e raça (leucoderma, melanoderma,xantoderma).Ordinal: variável qualitativa, queclassifica o sentido de ord<strong>em</strong>, ou seja,t<strong>em</strong>-se o sentido de maior ou menor,mas a escala não consegue quantificaro valor dessa diferença. Por ex<strong>em</strong>plo:o estágio de uma doença, o graude severidade de uma má-oclusão, ograu de reabsorção radicular externa.Intervalar: variável quantitativa,que classifica, ordena e t<strong>em</strong> diferençamensurável. Por ex<strong>em</strong>plo: as grandezascefalométricas.Discreta: variável quantitativacontada ou enumerada (1,2,3,4,5,...),s<strong>em</strong> fração. Ex<strong>em</strong>plo: levantamentoepid<strong>em</strong>iológico de má-oclusão.Contínua: variável quantitativa denúmeros fracionados ou recebe infinitosvalores entre dois limites(7,837564...). Ex<strong>em</strong>plo: as medidas cefalométricas(lineares e angulares), opeso e a altura.Os testes recomendados <strong>para</strong> o nívelde mensuração nominal e ordinalsão não-<strong>para</strong>métricos, e <strong>para</strong> a intervalar,<strong>para</strong>métricos, desde que a distribuiçãodos dados seja normal e otamanho da amostra não seja limitado.Caso contrário, os testes não<strong>para</strong>métricossão também indicados<strong>para</strong> a intervalar (quadro 5).Eis alguns testes estatísticos quesão <strong>em</strong>pregados <strong>em</strong> pesquisas ortodônticas:Teste qui-quadrado é o recursonão-<strong>para</strong>métrico indicado <strong>para</strong> dadosnominais e <strong>para</strong> apenas uma amostra;NominalOrdinalIntervalarContínuaDiscretaR <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 5, n. 4, p. 89-105, jul./ago. 2000101


QUADRO 5Classificação dos testes de hipótese pelo nível de mensuração e tipo de amostra ou experimento (modificado de SIEGEL 34 )Nível deUma amostraDuas amostrasK amostrasmensuraçãoIndependente DependenteIndependenteNominalOrdinalIntervalarRunsQui-quadradoKolmogorv-Smirnov(k-s)teste tFischerQui-quadrado- Mediana- Mann-Withney- Kolmohorv-Smirnov- Wald-Wolwitiz- Mosesteste tMcN<strong>em</strong>arSinalWilcoxonteste tQui-quadradoKruskal-WallisANOVADependenteQ de CochramFriedmanANOVATeste Kruskal-Wallis, tambémnão-<strong>para</strong>métrico, útil <strong>para</strong> decidir se kamostras independentes provém de populaçõesdiferentes. A variável analisadaé ordinal;Teste t é um recurso <strong>para</strong>métricoque testa a diferença entre dois tratamentos.Pode ser pareado (antes e depois,na mesma amostra) ou nãopareado(duas amostras distintas);Análise de variância (ANOVA),pelo teste F, é um recurso estatístico, comobjetivo de com<strong>para</strong>r, de uma só vez, váriasmédias, referentes a tratamentos diversos,indicando a diferença entre elas,ou não. Quando a diferença entre os tratamentosestá presente, a hipótese de nulidadeé rejeitada, e <strong>para</strong> identificarqual(is) o(s) tratamento (s) que se diferenciaentre si, é necessária a aplicaçãode um teste supl<strong>em</strong>entar. Exist<strong>em</strong> vários,mas os mais conhecidos são: a diferençamínima significante, o teste deDuncan, o teste de Tukey e o teste deScheffé;Coeficiente de correlação de Pearson(r) objetiva conhecer o grau darelação ou associação entre duas variáveis.O grau da relação entre doisconjuntos de medidas oscila quanto àmagnitude (forte, fraca ou relaçãozero) e a direção (positiva, neutra ounegativa);Regressão busca a obtenção deuma função mat<strong>em</strong>ática <strong>para</strong> prever ovalor de uma variável a partir do valorde outra;Análise multivariada considera ocomportamento de múltiplas variáveis,dependentes entre si 19 .6 - Elaboração EscritaOs artigos científicos submetidos àpublicação segu<strong>em</strong> um plano padrãocom a seguinte feição (quadro 2, etapa6):• TítuloÉ a parte mais divulgada 12 e d<strong>em</strong>aior diversidade de opiniões nomomento da escolha. Pode revelar ametodologia (estudo cefalométrico,microscópico, epid<strong>em</strong>iológico) e otipo de amostra (humanos, portadoresde fissura palatina, animais), epor isso deve ser escolhido com critério,precisão, evitando-se o uso depalavras supérfluas 12,30 e a inclusãode fórmulas químicas 30 . Sugere-seevitar abrangência <strong>em</strong> d<strong>em</strong>asia,como outrora <strong>em</strong>pregado como noex<strong>em</strong>plo:PETIT, G. G. Panoramic radiography. DentClin N Amer, v.15, p.169-182, 1971.STAFNE, E. C. Supernumerary teeth. <strong>Dental</strong>Cosmos, v.74, p.653, 1932.Quando o título for bipartido - <strong>em</strong>título principal e subtítulo - o títuloprincipal fica restrito ao conceito amplo,e o subtítulo com as característicasespecíficas. Ex<strong>em</strong>plificando:BERNSTEN, L.; ULBRICH, W. R.; GIANELLY,A. A. Orthopedics versus orthodontics inclass II treatment: an implant study. AmJ Orthod, v.72, p.549-559, 1977.CAPELOZZA FILHO, L. et al. Maxillomandibularrelationships in pacients withdentofacial deformities, a diagnosticcriteria utilizing three cephalometricsanalysis. Int J Adult Orthod, v.4, n.1,p.13-26, 1989.• Palavras-chave.“É a palavra que serve <strong>para</strong> identificarnum catálogo de livros ou de artigos,numa listag<strong>em</strong> ou na m<strong>em</strong>ória deum computador, os el<strong>em</strong>entos que têmentre si um certo grupo”, segundo dicionáriode língua portuguesa 11 . É encontrada,normalmente, no Index to <strong>Dental</strong>Literature ou noutro índice correspondente.A palavra unitermos tambémpode ser <strong>em</strong>pregada, com menorfreqüência, <strong>para</strong> designar o mesmo propósito.• ResumoO resumo é definido como uma apresentaçãoconcisa, clara e objetiva dospontos relevantes de uma pesquisa 12,30 .Pode ser 12 :1 - Resumo indicativo: é um sumárionarrativo que exclui dadosqualitativos e quantitativos, masnão dispensa a leitura do texto <strong>para</strong>o seu entendimento. Descreve a naturezae o propósito do artigo. Essetipo é <strong>em</strong>pregado quando a elaboraçãodo resumo informativo estáimpossibilitada, como nos artigos derevisão. Corresponde ao abstract, <strong>em</strong>inglês.2 - Resumo informativo: é maiscompleto, por isso, deverá ser a modalidadepreferencial. Trata da síntesedo conteúdo: o(s) objetivo(os), ametodologia, os resultados e as conclusões.Corresponde ao que, <strong>em</strong> in-R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 5, n. 4, p. 89-105, jul./ago. 2000102


glês, chama-se de summary.• IntroduçãoOferece uma visão panorâmica doassunto a ser tratado 5 , podendo incluirtópicos, como os selecionados a seguir:1 - Definição e caracterização doprobl<strong>em</strong>a 32,40 ;2 - Breve histórico do assunto: osantecedentes mais relevantes 12,30,32 ;3 - Justificativas e importância doassunto 12,32 ;4 - Delimitação precisa das fronteirasda ciência até o momento 40 ;5 - Hipótese de trabalho 39 ;6 - O(s) objetivo(s) da pesquisa5,12,30,32 . É de praxe posicionar esseít<strong>em</strong> no último parágrafo. Equivale aocapítulo da proposição das dissertaçõese teses 39,40 .• Revisão da LiteraturaRecent<strong>em</strong>ente, t<strong>em</strong>-se constatadaa ausência desse capítulo, <strong>em</strong> inúmerosperiódicos, visando a exigência docorpo editorial de denotar maior objetividade.Quando presente, trata doconteúdo de trabalhos já publicados,ou <strong>em</strong> publicação, que apresent<strong>em</strong> relaçãodireta e específica com a pesquisa39,40 . T<strong>em</strong> como finalidade relacionara literatura consultada ao contextopesquisado, confirmando, dessa feita,a justificativa da pesquisa. Rotineiramente,são observados dois estilos derevisão da literatura quanto à seqüênciados artigos consultados: a cronológicae a por assuntos.• Material e MétodosEssa parte compreende a descriçãoprecisa da metodologia utilizada.É a forma pela qual os objetivospropostos foram alcançados. Por setratar de uma descrição pormenorizada,permite a replicabilidade <strong>em</strong>outra pesquisa 30,39 . Deve ser apresentadana seqüência cronológica desua realização 39 . As marcas comerciaisde equipamentos e materiais <strong>em</strong>geral, quando importantes, dev<strong>em</strong>ser incluídos, e pod<strong>em</strong> aparecer notexto ou <strong>em</strong> nota de rodapé 40 . Eis algumasdefinições:Material é aquilo que se pretendeestudar, analisar, interpretar ou verificarde modo geral 20 . É convenienteesclarecer a forma pela qual foi selecionado.A palavra material denota conjunto11 .Método (do grego méthodos: caminho<strong>para</strong> chegar a um fim 18,20 ) situa-senum nível abrangente, comono método científico, no estatístico,no indutivo, no dedutivo, no hipotético-dedutivo, no dialético, no experimental,no hermenêutico, noaxiomático, etc. Métodos se refer<strong>em</strong>aos “métodos de procedimento”, ouseja, às várias etapas de investigação.Prefere-se esse termo, no plural,como parte de um capítulo de tese oude publicações. É descrita de formapormenorizada, incluindo o métodode seleção da amostra, do tratamento,dos instrumentos de medida utilizados,da coleta de dados e da análisedos dados. Quando se referir à técnicaconhecida e publicada anteriormente,deve ser feita por citação 30 .Metodologia é a arte de dirigir o espíritona investigação da verdade, outambém ao estudo dos métodos.• ResultadosSão as explanações impessoais doque foi apurado na experiência. Dev<strong>em</strong>ser apresentadas na forma de ilustrações40 .• DiscussãoCompreende um dos capítulos maisrelevantes da pesquisa, pois deveráconter:1. Justificativa da concepção e dométodo utilizado 39 ;2. Estabelecer relações entre causae efeito 39,40 ;3. Deduzir as generalizações e realçaras exceções da teoria desenvolvidacom a pesquisa realizada 40 ;4. Interpretar os resultados a partirda com<strong>para</strong>ção dos obtidos por outrospesquisadores 12 ;5. Indicar as limitações da pesquisarealizada 39,40 ;6. Findar com menção à aplicaçãoteórica e clínica dos dados obtidos ecom a perspectiva futura da t<strong>em</strong>ática<strong>em</strong> questão, sugerindo, caso necessário,uma pesquisa compl<strong>em</strong>entar 39 .Opcionalmente, <strong>para</strong> publicação,pode-se agregar os capítulos dos resultadose da discussão <strong>em</strong> um único, tendo-sea cautela de discutir os resultadosà medida que for<strong>em</strong> sendo apresentados39 .• Conclusão/ConclusõesO vocábulo virá no singular, ouno plural, dependendo do número deconclusões, que irá ao encontro donúmero de objetivos propostos pelainvestigação. É o fecho final de umprocesso, fundamentando o que foiapresentado e discutido anteriormente.Portanto, configura a respostada hipótese anunciada na introdução32 . Conclui apenas o que foicomprovado e discutido anteriormente39 . Deve apresentar forma lógica,clara e concisa 39,40 .• Abstract ou SummaryÉ a versão do resumo <strong>em</strong> outro idioma.Opta-se pelo inglês devido agrande penetração internacional desseidioma.• Key-wordsÉ a versão das palavras-chave, <strong>em</strong>inglês.• Agradecimentos (optativo)O nome das pessoas, ou da instituição,que efetivamente colaboraram<strong>para</strong> a feitura da pesquisa pode sercitado. Recomenda-se indicar a razãopela qual se fez jus o agradecimento(ajuda material, financeira, apoiomoral, análise crítica). É restrito aomínimo possível 39,40 .• Referências BibliográficasÉ uma lista seqüenciada das fontesutilizadas na elaboração do texto.Apresenta função de comprovação e,obrigatoriamente, dev<strong>em</strong> estar citadasno texto. Inclu<strong>em</strong> artigos, livros, monografias,dissertação, teses, anais decongresso, boletins, relatórios. As referênciasbibliográficas relacionam-seao texto por meio de numerações ordenadasconsecutivamente por ord<strong>em</strong>alfabética, sist<strong>em</strong>ática (por assunto)ou cronológica 2 , dependendo do critérioadotado pelo corpo editorial. Paraperiódicos nacionais, são adotadas,usualmente, as normas oficiais de documentaçãoda Associação Brasileirade Normas Técnicas (ABNT), número6023 de 1989 2,39,40 .R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 5, n. 4, p. 89-105, jul./ago. 2000103


A citação da citação, ou melhor,aquela cuja fonte consultada não é aoriginal, pois é citada por outra publicação,deverá ser reduzida a um númeromínimo e ser acompanhada dapalavra latina apud, que significa: citadopor, conforme, seguindo 39.40 . ReferênciasBibliográficas e Bibliografiadifer<strong>em</strong> entre si. A bibliografiatraduz o repertório de obra(s)consultada(s) pelo autor(es) e relacionadasao assunto, s<strong>em</strong> a respectivacitação no texto.CONCLUSÃOEste artigo esclarece e justifica porquen<strong>em</strong> toda publicação científica éconsiderada pesquisa, e que toda pesquisapublicada precisa ser criticamenteavaliada. A identificação de pesquisasrelevantes leva <strong>em</strong> consideração váriospassos metodológicos. Inicia pela delimitaçãodo probl<strong>em</strong>a, passa pela seleçãoda amostra e da análise estatísticados dados, e finda com a elaboração escritapormenorizada.Os novos t<strong>em</strong>pos primam pelo triunfobiotecnológico. O surgimento de novastécnicas, materiais e aparelhos modelarãoas formas de diagnóstico e tratamentoortodôntico. É inevitável quepesquisadores e clínicos tenham umaformação científica aprofundada, de sorteque os primeiros produzam pesquisasrelevantes, sob o ponto de vistametodológico, e os segundos saibamdiscernir, dentro do manancial depublicações, àquelas que, de fato,constitu<strong>em</strong> uma referência <strong>para</strong> aaplicação clínica <strong>em</strong> seus pacientes.AbstractBeing the object of studies of theScientific Methodology and theInferential Statistics, the precepts for theelaboration of research and for dataanalysis are pertinent in varioussciences. The purpose of thes article wasto varify some of these preceptscorrelating th<strong>em</strong> to Orthodonticsthrough several examples. As far asscience is concerned, research has beendefined. The fact that th<strong>em</strong>ethodological models of researchapplied in Orthodontics include the experimentaland non-experimental(observing) types has beenacknowledged and the randomizedclinical trial constitute a procedure ofgreat scientific support for theassessment of therapeutic interventions.Furthermore, the article refers to aprotocol since the production until thepublication of the research whichincludes: 1- outline; 2- elaboration of theproject of reserch; 3- data collection, 4-data exhibition or presentation; 5- dataanalysis; 6- written elaboration. After all,sedding for publication. One concludesthat the knowledge, step-by-step, of theelaboration of research enables theneophyte researcher as well as theclinician to make a critical analysis ofthe printed scientific artiches andconsider th<strong>em</strong> through some criteria inthe elaboration of research forpublication.Key-words: Research in Orthodontics;Scientific Methodology; Statisticsin Health Sciences; Ethics and research.REFERÊNCIAS1 - ALTMAN, D.G. Statistics and ethics inmedical research. III- How large asample? Br Medical J, v.281, n.15,p.1336-1338, Nov. 1980.2 - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMASTÉCNICAS. Comissão de Estudo eDocumentação. Referências bibliográficas:NBR 6023. Rio de Janeiro:ABNT, 1989. 19p.3 - ALBERTS, B. et al. Biologia molecular dacélula. Porto Alegre: Artes Médicas,1997. 1294 p.4 - BAILAR, J.C.; MOSTELLER, F. Guidelinesfor statistical reporting in articles formedical journals. Ann Intern Med,v.108, n.2, p.266-273, Feb. 1988.5 - BASTOS, L. et al. Manual <strong>para</strong> a elaboraçãode projetos e relatórios de pesquisa,teses, dissertações, e monografias.4. ed. Rio de Janeiro:LTC,1995. 96p.6 - BELL, W.H. Le Fort I osteotomy forcorrection of maxillary deformities. JOral Surg, v.33, n.6, p.412-426, Jun.1975.7 - CAUDURO NETO, R. Contribuição à metodologiada composição do trabalhocientífico. RGO, v.26, n.3, p.174-9,jul./set. 1978.8 - COLÉGIO BRASILEIRO DE EXPERIMENTA-ÇÃO ANIMAL. Princípios éticos naexperimentação animal. São Paulo:Colégio Brasileiro de ExperimentaçãoAnimal, 1991.9 - DICKERSIN, K. et al. Identifying relevantstudies for syst<strong>em</strong>atic reviews. BMJ,v.309, n.6964, p.1286-1291, Nov.1994.10 - ECO, H. Como se faz uma tese. 9. ed.São Paulo: Perspectiva, 1977, 170 p.11 - FERREIRA, A.B.H. Novo dicionárioAurélio da língua portuguesa. 2.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,1986. 1400p.12 - FEITOSA, V.C. Redação de textos científicos.3. ed. São Paulo: Papirus.1997. 155p.13 - FONSECA, J.S.; MARTINS, G. A. 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