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Assentamentos Humanos V.5 nº1 - Unimar

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acaba por produzir espaços, quedeveriam ser públicos (parques, ruas,locais de lazer ou transporte urbano),“desvalorizados, enquanto bem estarsocial, redefinidos como problemas deplanejamento que deveriam sereliminados ou privatizados” DAVIS.Tendo em conta as inúmerasinsistências e discursos a respeito danecessidade de revalorizar o espaçopúblico, parece óbvio que um novo conceitode público já começa a surgir. Os atuaisconceitos de público e privado distanciamsedo conceito tradicional que o associavaao conceito jurídico de propriedade: ruas epraças, instituições governamentais,administrativas ou de oferta de serviços,justamente na medida em que novosespaços privados ou semi-públicosparecem assumir a função de abrigo davida coletiva urbana. Esses espaçosabertos ao público, localizados no interiorde áreas comerciais (shopping centers) oumesmo residenciais (condomínios) são,atualmente, o palco de grandes eventosprofissionais e familiares.Enfim, o espaço público convivenas cidades com os espaços privados,onde o acesso coletivo é facilitado ou nãode acordo com os interesses específicosde seus proprietários. Diversos espaçosprivados: shopping- centers, clubessociais, estádios, grandes conglomeradosde shows e eventos, cumprem hojefunções equivalentes aos exercidos peloespaço público ao longo da história. O quese tem é, novamente, a dissociação deâmbitos distintos do homemcontemporâneo e suas qualidades decontribuinte-consumidor e de cidadão.O que caracteriza o espaço público éa sua posse pela comunidade e o equilíbrionecessário ao bom funcionamento dessapropriedade compartilhada onde ocorremfenômenos, como a violência urbana, máadministração, leis inadequadas,desigualdade social, má educação coletiva,etc., que geram abandono e degradação.Nestas condições, paga-se pela qualidadedo espaço público, em locais livres dasujeira e do perigo, por não serematendidas parte de suas necessidadescomo contribuintes. Segundo GUERRA, asnovas e luxuosas “catedrais da diversão edo consumo” consolidam-se comoespaços da exclusão, onde osprivilegiados que podem pagar peloacesso abandonam voluntariamente oespaço público. Com isso, abdicam de suacondição de cidadão, assumindounilateralmente seu lado consumidor.A desigualdade social é alarmantee o espaço público, local onde a cidadaniase efetiva, vê-se cada vez mais relegadoa um segundo plano, além de serconsiderado como potencialmenteperigoso e de uso de classes menosfavorecidas. Enquanto isso, a elite seauto-segrega em um novo tipo de espaçopúblico moldado para atender àsnecessidades de quem pode pagar parausufruí-lo. Ocorrendo, assim, a “reduçãoda noção cívica de participação aoconsumo” GHIRARDO.Eduard RELPH, o geólogocanadense, considera que a paisagemurbana é a expressão do que se é, umespelho da existência cotidiana. No mesmosentido pode-se dizer que, como espaço devida cívica, o espaço urbano é um bempúblico, e como tal, seu tratamento deveser considerado no mesmo nível dosserviços e equipamentos básicos.Os novos espaços urbanos devemcelebrar a combinação de raças, idades,culturas e atividades, a mistura decomunidade e anonimato, familiaridadee surpresa, devem exaltar tanto osgrandes espaços como o entusiasmo quesimples bares e cafés ao ar livre trazemà ruas, a vivacidade informal das praçaspúblicas, a mistura de locais de trabalho,lojas e residências que constroembairros cheios de vida.A crise da qualidade de vida não éapenas contemporânea, mas longamente87

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