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Assentamentos Humanos V.5 nº1 - Unimar

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levantaram a questão da necessidade deespaços de convivência e de significadosimbólico. Os debates estavam longe deapontar para um consenso, pois algunsestimavam que o problema era de naturezameramente econômica, uns (poucos)arquitetos acreditavam no poder do espaçoem criar interações sociais, enquantooutros acreditavam na capacidade dasconfigurações urbanas em gerar oupossibilitar formas de interação social maisou menos válidas.O fato é que, primeiramente,assistiu-se nos Estados Unidos a todo ummovimento preocupado em re-urbanizar aarquitetura para logo em seguida chegar-sea uma certa perspectiva de retorno aocentro da cidade, em parte estimulada pelomovimento do New Urbanism. O padrão deurbanização norte-americano,predominantemente suburbano, diferebastante do padrão europeu de moradiaurbana, inclusive no centro das cidades,mas, mesmo assim, observou-se emcidades européias um fenômeno deintervenções como a criação do Fórum LesHalles e do Centro Cultural GeorgesPompidou, em Paris, entre outros, quelançaram paradigmas de estratégias derevitalização de áreas degradadas.Percebe-se que, apesar dadiversidade dos padrões de urbanização, asiniciativas norte-americanas e européiasrevelam um processo semelhante derequalificação e revalorização das áreasurbanas, atravessado pela segregação, fatoque no Brasil surge com mais evidênciaperante a escala de desigualdade social,além de tornar difícil aplicar às cidadescontemporâneas essa definição de espaçode convivência, pois toda a lógica deapropriação do território brasileiro ocorre apartir da visão privada, desde as capitaniashereditárias. Torna-se complexo reverteressa lógica que incorporou elementos àarquitetura urbana tais como: muros altos,grades, guaritas e lanças metálicas,mostrando-se obras da população acuada,que começou a cercar de grades nãoapenas residências, mas também igrejas,colégios e cinemas, imagens agoratotalmente integradas à paisagem urbana.Paralelamente, têm-se situaçõescomo a ocupação dos espaços públicospor camelôs, o apartheid prometido porcondomínios de luxo, as formasdiferenciadas de apropriação de espaçospela população, decorrentes de propostasarquitetônicas, como a do Sesc Pompéia,em contraste com os espigões defachadas envidraçadas da AvenidaBerrini, em São Paulo.ESPAÇO PÚBLICO E PRIVADOA sociedade atual foi condicionada aentender espaços fechados, a se protegerem mundos isolados e a compreender deuma maneira unilateral o que é fora e o queé dentro. Edificam-se, cada vez mais,espaços de convivência artificiais(shoppings, praças de alimentação) querepresentam atualmente, sem dúvida, osespaços públicos das cidades, ao mesmotempo em que as praças e os parques,sendo fechados com grades, tornam-seespaços inatingíveis. O que se percebe é acrescente privatização dos espaçospúblicos em todos os âmbitos da sociedadecontemporânea. “O espaço público que, étido como espaço aberto a todos, tem sidona verdade palco de práticas excludentespor questões de raça, classe social, etc”GHIRARDO.O declínio do espaço público começoua ocorrer com a ascensão da burguesia noséculo XVIII, e o processo foi acelerado pelaemergência da sociedade de massas doséculo XX, fenômeno que tem relação com odesenvolvimento do mercado e vice-versa:“o declínio da esfera pública permitiu que omercado aumentasse a sua influência,enquanto que a incursão do mercado emnossas vidas contribuiu para o eclipse daesfera pública” ELLIN.A cidade que se constitui tendo porbase grandes contradições, com o centrofinanceiro e a classe alta isolando-se,86

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