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Assentamentos Humanos V.5 nº1 - Unimar

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organização espacial também foiessencialmente importante. Através dacapacidade de atrair para si as atividadescotidianas vitais, foi o responsável pelosurgimento de um novo padrão de tecidourbano, o traçado radiocêntrico que, nestecaso em especial, tinha como peculiaridadesua configuração orgânica, resultante deum crescimento espontâneo. Deste modo,o sistema de malha radial passou a sedistinguir entre as principais heranças dourbanismo medieval. LAVEDAN (apudMUMFORD, 1991, p. 330), afirma que “ofato essencial do urbanismo medieval é aconstituição da cidade de tal maneira quetodas as linhas convergem para um centroe que o contorno é usualmente circular”.Por outro lado, a despeito dopredomínio da malha de desenho irregularresultar em sua categorização entre osarquétipos de configuração espacial dacidade medieval, no século XII, com acriação das “bastides”, que “foramfundadas como bases comerciais emilitares, a partir de um plano geométricopredeterminado” (LAMAS, 1992, p. 151),houve a reintrodução do emprego dotraçado ortogonal. No entanto, mesmoservindo-se da regularidade como um dospreceitos básicos, tanto nas novas“bastides” como nas implementadas apartir de núcleos preexistentes, a malhaortogonal não possuía padrões de simetriatão rígidos como nas cidades gregas ouromanas, onde predominavam quarteirõesde contornos retangulares e quadrados.Algumas características das cidades decrescimento orgânico foram incorporadasao traçado de várias “bastides”, entre asquais, Kinston-upon-Hull, resultando numacomposição harmônica de formasgeométricas variadas.Se comparada a suasantecessoras, também se destaca o fato deter sido na cidade medieval que oquarteirão “deixou de ser apenas um meiode loteamento e divisão cadastral do solo,para se constituir também como elementomorfológico do espaço urbano” (LAMAS,1992, p. 151). Foi especialmentediferenciado o seu papel no processo deestruturação da forma da cidade e tambémna configuração espacial da paisagem.Como os edifícios eram posicionados noslimites das quadras, no alinhamento darua, ao mesmo tempo em que definiam otraçado das vias, estabelecendo os limitesentre o público e o privado, liberavam ointerior das quadras para o cultivo dehortas e jardins. Assim sendo, os jardinsdesta época “tinham como característicacomum o espaço fechado, íntimo,emparedado, fortemente defendido contrao mundo exterior” (PEREIRA LEITE, 1994,p. 34-36).Outro fator que marcou aheterogeneidade da organizaçãomorfológica medieval em relação asanteriores é que esta ultrapassou asfronteiras do velho mundo, sendoincorporada às estratégias de colonizaçãoeuropéia. Sobretudo em colôniasportuguesas como o Brasil, num primeiromomento, esta forma de disposiçãoespacial se materializou numa série deimplementações urbanísticas, isto é, “osantigos núcleos urbanos brasileiros foramconstituídos segundo o modelo dascidades do Medievo português”(KOHLSDORF, 1985b, p. 16). Seu legadotraduz tanto, que para LE GOFF (1998, p.25), “a cidade contemporânea, apesar degrandes transformações, está maispróxima da cidade medieval do que estaúltima da cidade antiga”.A ORGANIZAÇÃO ESPACIAL DACIDADE NA ÉPOCA MODERNAFoi entre o princípio doséculo XV e o final do XVIII, ao longo daÉpoca Moderna ou Era Pré-Capitalista, quea desgastada ordem medieval viveu umirreversível processo de decadência que, aocontrário do que seria lógico imaginar, nãoocasionou o desaparecimento de sua formade organização espacial. Marcada pelacoexistência de símbolos e valoresantagônicos, esta se caracterizou numa“fase intermediária na qual o novo e oantigo se misturaram, [...] foi apenas nas44

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