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Assentamentos Humanos V.5 nº1 - Unimar

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a um período marcado por uma série deinvasões e saques que, por sua vez,provocaram um gradual e ininterruptoprocesso de desurbanização. Este quadroperdurou até o princípio do século XI,quando, especialmente em decorrência doaumento da produção de excedentes, quegerou a reativação do comércio, passou aexistir a cidade medieval propriamentedita. Segundo PEREIRA LEITE (1994, p.17), ela “começou como uma praça forte,em uma via de tráfego principal, em tornoda qual se agrupavam os comerciantesambulantes em busca de proteção”.Nesta época, a muralha seconsolidou como um artefato indispensávelpara a garantia da segurança, encontrandosepresente em praticamente todas ascidades. Assim, a cidade medieval seestruturou como um “espaço fechado, amuralha a define” (LE GOFF, 1998, p. 71). Eratão grande a importância atribuída à muralha,que esta atuou de maneira incontestávelcomo um dos principais elementos decomposição da forma urbana, tanto que,conforme as cidades cresciam, eramsucessivamente construídos novos cinturõesfortificados, envolvendo a periferia.Por outro lado, associada aouso da muralha, tornou-se freqüente aopção por lugares de difícil acesso para aimplantação das cidades, entre os quais,“colinas ou sítios abruptos, ilhas eimediações de rios, procurandoprincipalmente as confluências ousinuosidades, de modo a utilizar os leitosfluviais como obstáculos para o inimigo”(GOITIA, 1996, p. 88). Deste modo, abusca pela adequação da estrutura dascidades da Idade Média a sítios detopografia acidentada se distinguiu entre oscondicionantes da formação de uma malhaorgânica, composta por um labirinto deruas estreitas e tortuosas. De acordo comHAROUEL (1990, p. 39), adotando estesprincípios como parâmetros básicos, até oséculo XII,“o nascimento e o crescimentodas cidades se efetua segundodois grandes processos:desenvolvimento linear ao longode uma estrada ou de um rio, ouatração por um núcleo urbanoou por um edifícioimponente (castelo,monastério, igreja), que éprogressivamente envolvido porconstruções novas”.No entender de PEREIRALEITE (1994, p. 36), “do ponto de vistada paisagem, a Idade Média foi umperíodo histórico de transição, rico noreexame de antigas idéias, na adaptaçãode velhas técnicas a novas situações, umaera de busca de novos caminhos”. Nestecontexto, a cidade medieval sematerializou com uma paisagem única,análoga a da pintura da cidade italiana deSiena, feita por Lorenzetti, que équalificada por MUMFORD (1991), como a“cidade histórica arquetípica de todos ostempos”. Parcela significativa destasingularidade da paisagem é decorrentedo fato da cidade ser “guarnecida detorres, torres das igrejas, das casas dosricos e da muralha que a cerca” (LE GOFF,1998, p. 71).No que se refere àestruturação urbana, observa-se que aarquitetura desempenhou um papel degrande relevância, sobretudo nas cidadesque tiveram como procedência burgos,santuários cristãos, cidades romanas oualdeias. O núcleo central“era sempre ocupado pelacatedral ou templo, pelo que acidade adquiriu uma importânciaespiritual de primeira ordem. Amesma praça onde seencontrava a catedral serviahabitualmente também para asnecessidades do mercado, e eranela que se erguiam os edifíciosmais característicos daorganização da cidade” (GOITIA,1996, p. 89).Isto significa que na maioriaexpressiva destas cidades a participação donúcleo central como elemento de43

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