p r o v e n i e n t e s d emunicipalidades mais remotas daÁfrica e da Ásia. [...] Da cidadehelenística, os romanosreceberam um padrão de ordemestética que se apoiava numabase prática; e a cada uma dasinstituições do urbanismo milésio– o ágora formalmente cercado,com suas estruturas contínuas, arua ininterrupta, ladeada deedificações –, os romanos deramum encaminhamentocaracterístico próprio, superandoo original em ornato eimponência” (MUMFORD, 1991, p.225-229).Isto significa que foijustamente em conseqüência de ter sematerializado como fruto da combinação dehábitos e costumes de várias culturas, quea urbanística romana adquiriu asqualidades peculiares que lhe assegurarama identidade. Entre os mais preponderantesindicadores da implementação dos seuspreceitos de urbanismo e, sem dúvida, umde seus maiores legados para a cidademoderna, se sobressai a tradiçãoritualística de demarcar os dois eixosviários principais segundo orientaçãopredefinida por um sentido místico. Emoutras palavras, a maioria significativa desuas cidades era posicionada de “este aoeste – no sentido do nascer ao pôr do sol–, interligando-se a uma ordem cósmica euniversal. Os dois eixos principais – o‘Decumanus maximus’, O/E; e o ‘Cardus’,N/S – encontram-se no centro, lugargeométrico da área construída” (LAMAS,1992, p. 144). Neste ponto de intersecçãodas vias estava situado o “forum”, oelemento de maior importância na cidaderomana, ou seja, o local de encontro epermanência, símbolo da união dasculturas, onde se realizavam as atividadescotidianas essenciais.No que se refere àconfiguração espacial, há um grandecontraste entre a complexidade do traçadoorgânico da cidade de Roma, resultante desua expansão desordenada e o de suascolônias, onde foi sistemática a utilizaçãoda malha ortogonal. Segundo MUMFORD(1991, p. 228), eram cidades que “emparte por motivos religiosos, em parte porconsiderações utilitárias, tomavam a formade um retângulo”, delimitado por umamuralha. Fora desta muralha, que nacultura romana atuava ao mesmo tempocomo elemento de defesa contra invasões eagente de segregação sócio-cultural, ossubúrbios apareciam espontaneamente,sem um desenho pré-estabelecido. Um dosmais significativos exemplares da aplicaçãoincondicional dos paradigmas daurbanística romana em seu momento deápice é a cidade de Timgad, colôniaconstruída na Argélia, aproximadamenteno ano 100 d.C.Mais um fator de importânciaímpar para a estruturação da forma dacidade romana foi à grandiosidade de suaArquitetura, dominada pela concepção“escultórica” de edificações como, entreoutras, o fórum, o templo, o anfiteatro, osbanhos e os lavatórios públicos. A evoluçãoda técnica também permitiu amplasrealizações na área da Engenharia, entre asquais, a construção de “arcos do triunfo”,de residências com mais de um pavimento,bem como, a execução de monumentaisobras de infraestrutura utilitária comopontes, aquedutos e canais. Por outro lado,foi em Roma que pela primeira vez oscódigos urbanísticos para a minimizaçãodos problemas de falta de higiene econforto, resultantes da expansãodesordenada, se consolidaram comoprática urbana. HAROUEL (1990, p. 29)afirma que “o tratado de urbanismo deVitrúvio, intitulado ‘De architectura’, é aobra mais completa que neste domínio nosfoi legada pela Antiguidade”.OS CONDICIONANTES DAESTRUTURAÇÃO DA CIDADE NA IDADEMÉDIACom a lenta queda doImpério Romano, deu-se início no século V,42
a um período marcado por uma série deinvasões e saques que, por sua vez,provocaram um gradual e ininterruptoprocesso de desurbanização. Este quadroperdurou até o princípio do século XI,quando, especialmente em decorrência doaumento da produção de excedentes, quegerou a reativação do comércio, passou aexistir a cidade medieval propriamentedita. Segundo PEREIRA LEITE (1994, p.17), ela “começou como uma praça forte,em uma via de tráfego principal, em tornoda qual se agrupavam os comerciantesambulantes em busca de proteção”.Nesta época, a muralha seconsolidou como um artefato indispensávelpara a garantia da segurança, encontrandosepresente em praticamente todas ascidades. Assim, a cidade medieval seestruturou como um “espaço fechado, amuralha a define” (LE GOFF, 1998, p. 71). Eratão grande a importância atribuída à muralha,que esta atuou de maneira incontestávelcomo um dos principais elementos decomposição da forma urbana, tanto que,conforme as cidades cresciam, eramsucessivamente construídos novos cinturõesfortificados, envolvendo a periferia.Por outro lado, associada aouso da muralha, tornou-se freqüente aopção por lugares de difícil acesso para aimplantação das cidades, entre os quais,“colinas ou sítios abruptos, ilhas eimediações de rios, procurandoprincipalmente as confluências ousinuosidades, de modo a utilizar os leitosfluviais como obstáculos para o inimigo”(GOITIA, 1996, p. 88). Deste modo, abusca pela adequação da estrutura dascidades da Idade Média a sítios detopografia acidentada se distinguiu entre oscondicionantes da formação de uma malhaorgânica, composta por um labirinto deruas estreitas e tortuosas. De acordo comHAROUEL (1990, p. 39), adotando estesprincípios como parâmetros básicos, até oséculo XII,“o nascimento e o crescimentodas cidades se efetua segundodois grandes processos:desenvolvimento linear ao longode uma estrada ou de um rio, ouatração por um núcleo urbanoou por um edifícioimponente (castelo,monastério, igreja), que éprogressivamente envolvido porconstruções novas”.No entender de PEREIRALEITE (1994, p. 36), “do ponto de vistada paisagem, a Idade Média foi umperíodo histórico de transição, rico noreexame de antigas idéias, na adaptaçãode velhas técnicas a novas situações, umaera de busca de novos caminhos”. Nestecontexto, a cidade medieval sematerializou com uma paisagem única,análoga a da pintura da cidade italiana deSiena, feita por Lorenzetti, que équalificada por MUMFORD (1991), como a“cidade histórica arquetípica de todos ostempos”. Parcela significativa destasingularidade da paisagem é decorrentedo fato da cidade ser “guarnecida detorres, torres das igrejas, das casas dosricos e da muralha que a cerca” (LE GOFF,1998, p. 71).No que se refere àestruturação urbana, observa-se que aarquitetura desempenhou um papel degrande relevância, sobretudo nas cidadesque tiveram como procedência burgos,santuários cristãos, cidades romanas oualdeias. O núcleo central“era sempre ocupado pelacatedral ou templo, pelo que acidade adquiriu uma importânciaespiritual de primeira ordem. Amesma praça onde seencontrava a catedral serviahabitualmente também para asnecessidades do mercado, e eranela que se erguiam os edifíciosmais característicos daorganização da cidade” (GOITIA,1996, p. 89).Isto significa que na maioriaexpressiva destas cidades a participação donúcleo central como elemento de43
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