heterogeneidade no pormenor porque “asregras morfológicas foram constantes,mas serviram a diferentes objetivosculturais, estéticos, programáticos efuncionais” (LAMAS, 1992, p. 136).A ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL DACIDADE ANTIGAAo se analisar as modificaçõesda forma urbana ao longo do tempo,observa-se que apesar do importante legadoque deixaram para a civilização, são escassosos remanescentes da pré-história quecontribuem com informações significativassobre a configuração espacial dos lugares,bem como, a respeito de suas formas decrescimento. De acordo com MUMFORD(1991, p. 73), isto acontece porque “não sedispõe de nada semelhante a um registroconsecutivo dos primeiros quatro mil anos daexistência da cidade”. GOITIA (1996, p. 41),afirma que das “culturas, – egípcia,mesopotâmica, indostânica – conhecemospoucos restos de cidades, visto que o quepermaneceu foram os gigantescosmonumentos religiosos e fúnebres ou,quando muito, alguns palácios de monarcasdivinizados”.Deste período, entre osresquícios de organização habitacional queforam descobertos, possivelmente o maisantigo que se tem conhecimento é o doprimitivo conjunto egípcio de Illahun, atualKahun. Como foi planejado para abrigar osoperários que trabalhavam nas obras dapirâmide de Sesóstris II, é qualificado porGALANTAY (1977, p. 70) como “elantepasado directo de la ciudad industrialplanificada”. Mesmo que de maneirarudimentar, neste aglomerado de grandesimplicidade estrutural, já se fazempresentes indícios de organização dealguns dos elementos morfológicoscaracterísticos da cidade. Entre estes, sedestaca o traçado geométrico das estreitasruas, dividindo o núcleo em blocosretangulares de habitações que sedistribuem em torno de pátios internos.Por outro lado, um dosexemplares mais documentados destafase histórica ancestral é a cidade deMohenjo-daro, localizada no Vale do Indo,construída aproximadamente em 1700a.C. Conforme GALANTAY (1977), a regularidadedo traçado e a presença de vestígiosda malha ortogonal, ou seja, do sistemade tabuleiro de xadrez, comumenteencontrado nas primitivas cidadesromanas, helenísticas, gregas e assírias,constitui-se num dos principais enigmasdo núcleo. Igualmente se destacam comoparticularidades do conjunto, os resquíciosde um dinâmico sistema de esgotosque foi descoberto em suas ruas eavenidas que, por sua vez, dividem amalha em doze setores. Como em Kahun,suas edificações, que em termos construtivostambém são consideradasavançadas para a época, estão voltadaspara pátios no interior das quadras.Estabelecendo uma analogiaem relação a Kahun e Mohenjo-daro,constata-se que é através da configuraçãoespacial, que confere uma singularidadeímpar à paisagem das cidades gregas, quese identifica uma expressiva mudança naforma do homem se relacionar com o meio,ou seja,“na Grécia antiga, a paisagem jáexprimia alguns progressos dohomem no controle de seuambiente e de seu destino. [...]A essência da paisagemrevelava que toda a arquiteturafosse templo, teatro, praça ouhabitação, deveria harmonizarsecom o ambiente circundante,lançando mão, na maioria doscasos, de encantadorescontrastes para ressaltar abusca da harmonia” (PEREIRALEITE, 1994, p. 32).Esta busca grega porharmonia atingiu seu ápice ao sematerializar em duas formas antagônicasde estrutura urbana, ou seja, “em grandeparte espontânea, irregular, ‘orgânica’, nocontinente grego e nas suas ilhas, mais ou40
menos sistemática e rigorosa nas ‘polis’da Jônia, na Ásia Menor”, onde, “noprimeiro caso, o espírito da acrópoledominava e no segundo, o da ágora”(MUMFORD, 1991, p. 210). De acordocom HAROUEL (1990, p. 13), as cidadesgregas provenientes de um crescimentoorgânico “se apresentam na forma debairros habitacionais com ruas estreitas etortuosas, fechadas sobre si mesmas, oudispersas, estendendo-se ao pé ou aolado de uma colina íngreme onde seencontra uma acrópole”.A análise da configuraçãoespacial de seus núcleos centrais mostraque sua estrutura urbana foi organizadapela locação estratégica da arquitetura deforma a deixar em evidência os elementosurbanísticos que materializavam seus doismaiores valores, ou seja, a democracia ea religião. Contudo, composição estruturalsimilar não é encontrada nas áreasresidenciais. Ao contrário das regiõescentrais, onde se localizam os espaçospúblicos, estas são organizadas comgrande singeleza. Não se identifica nestessetores a monumentalidade nem sequer apreocupação com um tratamento especialdos espaços. LAMAS (1992, p. 139),afirma que “a arquitectura da rua é degrande simplicidade. O tecido habitacionalé uniforme e é ordenado sem pretensõestanto por traçados reguladores erepetitivos como por traçados irregularese orgânicos”.Enquanto este tipo deconfiguração dominava a paisagem dascidades do continente e das ilhas, na Jônia,começou a dividir espaço com um novomodelo de organização urbana, o traçadoortogonal. Foi o momento em que a cidadepassou a ser objeto de um planejamentosistematizado, fruto da evolução dopensamento filosófico grego. A princípio, otabuleiro de xadrez foi adotado comodesenho padrão para a reconstrução dosnúcleos devastados pelas guerras,posteriormente, este se espalhou por todaa Grécia e suas colônias. Gradualmente setornou “habitual tanto para a fundação denovas cidades quanto para a expansão eplanejamento das cidades existentes”(HAROUEL, 1990, p. 15). SegundoGALANTAY (1977) a partir desta época autilização do sistema ortogonal começou ase consolidar como uma marca distintivadas cidades coloniais planejadas.Durante muito tempo, omérito pela concepção desta forma deorganização urbana foi atribuído ao filósofo earquiteto grego Hipódamo de Mileto. Seuemprego num período anterior somente foiconstatado com a descoberta das primitivascidades de Harapá e Mohenjo-daro, queexibiam alguns vestígios de regularidade edo traçado ortogonal. Apesar disso, pelamaneira sistematizada como desenvolveu eimplementou suas teorias, proporcionandoao sistema reticulado o “status” deimportante instrumento de urbanização, estecontinua sendo reconhecido como o primeiromito da História do Urbanismo. Entre osprincipais representantes da doutrina deHipódamo, pode-se mencionar o plano dereconstrução da cidade de Mileto, iniciadapor volta de 479 a.C.Observando seu trabalho,constata-se que em meio a outrosaspectos, ele se preocupou com aespecialização das funções urbanas, ouseja, criou zonas específicas, de acordocom o uso e, além disso, instituiuhierarquia para a estrutura viária edimensionou ruas e avenidas. Em síntese,Hipódamo não se limitou ao simples uso dotraçado regular, ao contrário, concebeuuma teoria racional e criteriosa da cidade,pensando na dinâmica de seufuncionamento e também em suacomposição estético-formal.Com o passar do tempo, ospreceitos urbanísticos gregos não caíramno esquecimento, não aconteceu a ruptura,mas a continuidade. Durante a supremaciado Império Romano, sua maneira peculiarde estruturar a forma urbana foi assimiladae adaptada a uma nova ordem, ou seja,“no mundo romano, os princípiosde urbanismo helenístico foramlevados além e misturados aoutros elementos urbanos,41
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