Assentamentos Humanos V.5 nº1 - Unimar

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13.07.2015 Views

escolha do sítio dos mais antigos núcleosbrasileiros. Segundo ele, uma das maiorespeculiaridades desta situação é o fato dorelevo exercer significativa influência“sobre a aparência do conjunto e dosedifícios, e sobre o traçado” (1968, p. 124).É o que acontece em Coronel XavierChaves, localizada na mesoregião centrolestedo Estado de Minas Gerais, que sedistingue pelo modo singular e categóricoque cada um dos elementos naturaisdesempenhou na definição da atualconfiguração urbana.Na escolha do sítio, trêsobjetos exerceram influência preeminente,ou seja, a proximidade da água, que secaracterizava no meio essencial àsubsistência, a topografia menos acidentadado fundo de vale, que viabilizava aimplantação do núcleo e a primitiva Estradada Mata, que garantia a comunicação e oacesso aos povoados vizinhos e a“metrópole”. De acordo com CASTRO &NASCIMENTO JÚNIOR (1996), além de serelemento fundamental para a escolha dosítio, o relevo também atuou comodelimitador do crescimento urbano dacidade, A expansão não se estendeu alémmorro,isto é, não ultrapassou o alcance docampo visual, sendo desviada para outrossentidos ao atingir os pontos mais altos.Do mesmo modo que orelevo, os cursos d’água também foramfundamentais na organização espacial nãoapenas ao delinear o traçado primitivo, masao definir divisas e áreas viáveis à ocupação.A Estrada por sua vez, além de atuar comofator determinante do traçado do núcleoprimitivo, ou seja, da região central,consolidou a função de eixo de ligação entrebairrose entre a cidade e os Municípiosvizinhos. Neste caso em especial, aArquitetura, ou seja, a Igreja Nossa Senhorado Rosário, encontrada no local pelospioneiros, também exerceu forte influênciana escolha do sítio e desempenhou o papelde agente centralizador ao interferir nadisposição das residências que têm suasfachadas voltadas para ela.Por sua vez, o elementotempo nunca deixou de exercersignificativa influência no processo dedefinição e estruturação da forma urbana.Segundo MUMFORD (1991, p, 567), “oaumento das terras aráveis, oaperfeiçoamento da agricultura, a difusãodemográfica e a multiplicação de cidadesverificaram-se lado a lado, no decorrer daHistória”. Isto significa que cada momentohistórico pode ser reconhecido, entreoutros fatores, pelo grau dedesenvolvimento tecnológico e pelaconformação espacial que produziu. Operíodo atual confere ao homem o poder detransformar os elementos naturais segundoseus interesses. Deste modo, o suportefísico se torna sujeito a sucessivasmudanças e adaptações, se caracterizandonum objeto de grande fragilidade, podendodesempenhar um papel secundário noprocesso de definição da forma urbana.Assim sendo, outras unidades morfológicastendem a se destacar, assumindo o papelde elementos estruturadores eorganizadores da configuração espacial.De acordo com LAMAS (1992,p. 82), no caso de Nova York, emconseqüência do conflito de interesses que sematerializou em acirrada disputa pelo solourbano, gerando acentuado processo deespeculação imobiliária, a forma da cidade éresultante da “exasperação dos elementosmorfológicos: os edifícios”. Segundo ele, “éatravés dos edifícios que se constitui o espaçourbano e se organizam os diferentes espaçosedificáveis e com ‘forma própria’: a rua, apraça, o beco, a avenida ou outros espaçosmais complexos e historicamentedeterminados” (1992, p. 84).Em síntese, mesmo com asignificativa influência dos elementos do sítiofísico, “a forma da cidade corresponde àmaneira como se organiza e se articula a suaarquitectura” (ROSSI apud LAMAS, 1992, p.41). Qualificando-a como o “objetivo final detoda concepção”, LAMAS (1992, p. 44),afirma que a mesma “está em conexão como desenho, quer dizer, com as linhas,espaços, volumes, geometrias, planos ecores, a fim de definir um modo de utilizaçãoe de comunicação figurativa que constitui a‘arquitetura da cidade’”.38

O TRAÇADO DA CIDADE E AORGANIZAÇÃO DE SEUS ELEMENTOSMORFOLÓGICOSA c o m p l e x i d a d eestrutural, própria da cidadecontemporânea, não se caracteriza emum produto concluído ou numaidealização recente. Ao contrário, é frutodo contínuo aprimoramento de uma obracumulativa, que ao longo da História,vem materializando e incorporando assucessivas etapas da evolução da basetécnica. Segundo SANTOS (1996, p. 47),a concretização desta dinâmica estáfundamentalmente condicionada àexistência da apropriação e do uso datécnica porque“há uma idade científica dastécnicas, a data em que, numlaboratório elas são concebidas.[...] E, ao lado dessa idadecientífica, há uma idadepropriamente histórica, a data emque, na história concreta, essatécnica se incorpora à vida de umasociedade. Na realidade, é aqui quea técnica deixa de ser ciência paraser propriamente técnica”.Entre as particularidades queconferem grande complexidade e tambémum caráter único a este processo deapreensão, destaca-se o fato de em cadalugar, ele ocorrer em momento específico,ter um ritmo e uma forma característica dese manifestar. Contudo, o que lhe asseguraa individualidade e viabiliza a consolidaçãoda identidade, é a propriedade dos agentesenvolvidos influenciarem-se mutuamente,ou seja, ao mesmo tempo em que oslugares redefinem as técnicas, estas porsua vez, tem o poder de realizar profundasmudanças tanto na estrutura e nos valoresda sociedade que delas se apropriou, comono espaço que edificou. Isto significa que“cada objeto ou ação que se instala, seinsere num tecido preexistente e seu valorreal é encontrado no funcionamentoconcreto do conjunto. Sua presençatambém modifica os valores preexistentes”(SANTOS, 1996, p. 48).Em síntese, ao longo daHistória, os modelos de ocupação, bem comoas configurações espaciais, foram seredefinindo a partir do momento que umnovo artefato passava a fazer parte dodinâmico conjunto da cidade. Assim, eraestabelecida uma nova ordem que conferiaao espaço uma forma única, particular. Nestecontexto, os modos de crescimento que nodecorrer dos tempos vem sendo utilizadossimultaneamente, de forma a resultar emdiferentes configurações de malhas urbanas,são classificados por autores comoMUMFORD (1991), LAMAS (1992), MORRIS(1992) e KOHLSDORF (1996), em duascategorias, ou seja:•Orgânico: segundo as regrasde espontaneidade – seestruturam em geometriassemelhantes às das formasvivas (simetria e assimetria,relações entre linhas diferentesde 90 0 , grande número deelementos básicos decomposição e presença de linhascurvas e complexas);•Racionalista: segundo planoou idéia previamente traçada –correspondem à formação sobleis geométricas primárias(simetria, paralelismo,ortogonalismo, predominânciade linhas retas e poucoselementos básicos decomposição) (KOHLSDORF,1996, p. 143).Em seus estudos, LAMAS(1992, p. 134), concluiu que exceto na“cidade moderna”, regida por outrospadrões de concepção, em ambos osmodelos de malha urbana, “os elementosmorfológicos são utilizados de modosensivelmente idêntico: quarteirão, lote,edifício, fachada, rua, praça,monumento, etc.”. Para ele, existe39

escolha do sítio dos mais antigos núcleosbrasileiros. Segundo ele, uma das maiorespeculiaridades desta situação é o fato dorelevo exercer significativa influência“sobre a aparência do conjunto e dosedifícios, e sobre o traçado” (1968, p. 124).É o que acontece em Coronel XavierChaves, localizada na mesoregião centrolestedo Estado de Minas Gerais, que sedistingue pelo modo singular e categóricoque cada um dos elementos naturaisdesempenhou na definição da atualconfiguração urbana.Na escolha do sítio, trêsobjetos exerceram influência preeminente,ou seja, a proximidade da água, que secaracterizava no meio essencial àsubsistência, a topografia menos acidentadado fundo de vale, que viabilizava aimplantação do núcleo e a primitiva Estradada Mata, que garantia a comunicação e oacesso aos povoados vizinhos e a“metrópole”. De acordo com CASTRO &NASCIMENTO JÚNIOR (1996), além de serelemento fundamental para a escolha dosítio, o relevo também atuou comodelimitador do crescimento urbano dacidade, A expansão não se estendeu alémmorro,isto é, não ultrapassou o alcance docampo visual, sendo desviada para outrossentidos ao atingir os pontos mais altos.Do mesmo modo que orelevo, os cursos d’água também foramfundamentais na organização espacial nãoapenas ao delinear o traçado primitivo, masao definir divisas e áreas viáveis à ocupação.A Estrada por sua vez, além de atuar comofator determinante do traçado do núcleoprimitivo, ou seja, da região central,consolidou a função de eixo de ligação entrebairrose entre a cidade e os Municípiosvizinhos. Neste caso em especial, aArquitetura, ou seja, a Igreja Nossa Senhorado Rosário, encontrada no local pelospioneiros, também exerceu forte influênciana escolha do sítio e desempenhou o papelde agente centralizador ao interferir nadisposição das residências que têm suasfachadas voltadas para ela.Por sua vez, o elementotempo nunca deixou de exercersignificativa influência no processo dedefinição e estruturação da forma urbana.Segundo MUMFORD (1991, p, 567), “oaumento das terras aráveis, oaperfeiçoamento da agricultura, a difusãodemográfica e a multiplicação de cidadesverificaram-se lado a lado, no decorrer daHistória”. Isto significa que cada momentohistórico pode ser reconhecido, entreoutros fatores, pelo grau dedesenvolvimento tecnológico e pelaconformação espacial que produziu. Operíodo atual confere ao homem o poder detransformar os elementos naturais segundoseus interesses. Deste modo, o suportefísico se torna sujeito a sucessivasmudanças e adaptações, se caracterizandonum objeto de grande fragilidade, podendodesempenhar um papel secundário noprocesso de definição da forma urbana.Assim sendo, outras unidades morfológicastendem a se destacar, assumindo o papelde elementos estruturadores eorganizadores da configuração espacial.De acordo com LAMAS (1992,p. 82), no caso de Nova York, emconseqüência do conflito de interesses que sematerializou em acirrada disputa pelo solourbano, gerando acentuado processo deespeculação imobiliária, a forma da cidade éresultante da “exasperação dos elementosmorfológicos: os edifícios”. Segundo ele, “éatravés dos edifícios que se constitui o espaçourbano e se organizam os diferentes espaçosedificáveis e com ‘forma própria’: a rua, apraça, o beco, a avenida ou outros espaçosmais complexos e historicamentedeterminados” (1992, p. 84).Em síntese, mesmo com asignificativa influência dos elementos do sítiofísico, “a forma da cidade corresponde àmaneira como se organiza e se articula a suaarquitectura” (ROSSI apud LAMAS, 1992, p.41). Qualificando-a como o “objetivo final detoda concepção”, LAMAS (1992, p. 44),afirma que a mesma “está em conexão como desenho, quer dizer, com as linhas,espaços, volumes, geometrias, planos ecores, a fim de definir um modo de utilizaçãoe de comunicação figurativa que constitui a‘arquitetura da cidade’”.38

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