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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE Curso de ...

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<strong>UNIVERSIDADE</strong> <strong>DO</strong> <strong>EXTREMO</strong> <strong>SUL</strong> <strong>CATARINENSE</strong><strong>Curso</strong> <strong>de</strong> Tecnologia em CerâmicaTrabalho <strong>de</strong> Conclusão <strong>de</strong> <strong>Curso</strong>ESTU<strong>DO</strong> para reaproveitamento <strong>de</strong> rejeito cerâmico na produção <strong>de</strong> engobesPedro Luiz Troes VelhoAdriano Michael Bernardin, DR. Eng. 1Resumo: Este artigo reporta os resultados <strong>de</strong> pesquisa referente ao reaproveitamento<strong>de</strong> lodo <strong>de</strong> estação <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> efluentes <strong>de</strong> uma indústria <strong>de</strong> revestimentoscerâmicos pela adição do lodo em um engobe industrial. O reaproveitamento tem comofinalida<strong>de</strong> a redução dos custos <strong>de</strong> produção do engobe, a diminuição <strong>de</strong> rejeitos quesão enviados a aterros e, conseqüentemente, a diminuição <strong>de</strong> um consi<strong>de</strong>rável impactoambiental. Foram realizados testes preliminares em laboratório para a implantação emescala fabril <strong>de</strong> produção, sendo formuladas misturas do lodo com o engobe padrão <strong>de</strong>produção, em percentuais <strong>de</strong> 25 a 100% em massa. Para cada mistura foram<strong>de</strong>terminadas a composição química (FRX e AAS) e o comportamento térmico(dilatometria óptica). Após os ensaios preliminares, foi <strong>de</strong>terminada a adição <strong>de</strong> 25% dolodo ao engobe para teste industrial, sendo então o lodo aplicado a peças <strong>de</strong> semi-gréssegundo um ciclo industrial padrão <strong>de</strong> 35 minutos. As peças queimadas foramensaiadas quanto à <strong>de</strong>terminação da marca da água, aspecto superficial, resistênciaquímica, resistência a manchas, resistência ao riscado Mohs, absorção <strong>de</strong> água,resistência ao gretado, e expansão por umida<strong>de</strong>. Os resultados obtidos com aincorporação <strong>de</strong> até 25% <strong>de</strong> resíduos foram comparáveis aos resultados com o engobepadrão.Palavras-chave: resíduo, engobe, reciclagem, revestimentos cerâmicos.1. IntroduçãoAo longo da existência do homem os recursos naturais do planeta foram utilizados semnenhuma preocupação, gerando resíduos, pois aqueles eram consi<strong>de</strong>radosabundantes. A partir do século XVIII surgiram as indústrias, cujo principal objetivo era ocrescimento da produção a qualquer custo e a curto prazo; <strong>de</strong>ste modo, novosprocessos produtivos foram <strong>de</strong>senvolvidos, aumentando muito a exploração <strong>de</strong>1 professor orientador


coroas, com uma produção <strong>de</strong> até 10 t/h e uma umida<strong>de</strong> da massa granulada entre 5 e8% (em massa). O pó obtido é armazenado em silos durante um tempo suficiente paraa sua homogeneização. Na prensagem busca-se, além da conformação das peças, aredução da porosida<strong>de</strong> interna. Cada pressão específica <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do tamanho da peçaque será compactada (ZACCARON, 2005).A secagem tem como finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar uma mínima umida<strong>de</strong> nas peças. Os secadoresnormalmente têm um ciclo <strong>de</strong> vinte minutos, com uma temperatura <strong>de</strong> até 350°C. Emseguida as peças passam pela <strong>de</strong>coração, on<strong>de</strong> o engobe e o vidrado são aplicadospor discos ou por campânula, com uma camada <strong>de</strong> aproximadamente 15g. Para peçasespeciais como os “listelos” po<strong>de</strong>m ser aplicados os “esfumatos” antes que as peçassejam queimadas em forno a rolos a uma temperatura entre 1100 e 1180°C e um ciclo<strong>de</strong> 25 a 35min. Finalmente, é feita a classificação das peças sob um controle <strong>de</strong>qualida<strong>de</strong> pré-estabelecido por norma (NBR 13818), e então as peças são levadas paraa expedição (ZACCARON, 2005).Na etapa <strong>de</strong> <strong>de</strong>coração cerâmica são aplicadas as camadas <strong>de</strong> cobertura, o engobe e ovidrado, e a <strong>de</strong>coração propriamente dita. Os vidrados são <strong>de</strong>finidos como líquidos <strong>de</strong>altíssima viscosida<strong>de</strong> sub-resfriados, que na temperatura ambiente têm aparência <strong>de</strong>sólidos <strong>de</strong>vido a sua rigi<strong>de</strong>z mecânica, dada pela elevada viscosida<strong>de</strong>. Os vidrados sãoobtidos por fusão <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas substâncias capazes <strong>de</strong> formar vidro, seguido doresfriamento, ou seja, passa-se <strong>de</strong> uma estrutura cristalina para uma amorfa, ou misturadas duas fases (PRACIDELLI, 2008). O engobe é uma cobertura aplicada sobre ocorpo cerâmico em estado cru ou queimado. É constituído por uma mistura <strong>de</strong> argilas,caulins, materiais não plásticos como quartzo, feldspatos, sienitas, fritas fun<strong>de</strong>ntes, ealgumas vezes pigmentos cerâmicos. Tem como finalida<strong>de</strong> eliminar <strong>de</strong>feitos superficiaisdo corpo cerâmico, possibilitando melhor superfície do vidrado, mudar a cor do corpocerâmico, diminuir as <strong>de</strong>gaseificações produzidas por <strong>de</strong>composições no corpocerâmico através do vidrado em monoqueima e isolar a camada <strong>de</strong> vidrado do corpocerâmico, a fim <strong>de</strong> eliminar as reações <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição que o vidrado fundido provocanos componentes da massa e as <strong>de</strong>gaseificações que as acompanham. A diferençafundamental entre o engobe e o vidrado é a quantida<strong>de</strong> reduzida <strong>de</strong> fase líquida que seforma no engobe e a temperatura <strong>de</strong> queima que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua composição química.


O engobe assegura a constância das cores, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da cor e qualida<strong>de</strong> da basecerâmica (suporte): aplica-se o engobe como camada intermediária lisa, branca eligeiramente fun<strong>de</strong>nte (PRACIDELLI, 2008).Desta forma, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste trabalho teve como objetivo a utilização <strong>de</strong>resíduos industriais na produção cerâmica, diminuindo assim o consumo <strong>de</strong> matériaprimanatural, protegendo-se o meio ambiente <strong>de</strong> novas agressões. Neste estudo foiutilizado o lodo gerado na ETE (Estação <strong>de</strong> Tratamento <strong>de</strong> Efluentes) da empresaCerâmica Artística Giseli para reutilizá-lo novamente na produção <strong>de</strong> engobe utilizadona fabricação <strong>de</strong> listelos.2. Materiais e MétodosO <strong>de</strong>senvolvimento do trabalho foi realizado com a utilização do resíduo industrial do<strong>de</strong>cantador da estação <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> efluentes da empresa Cerâmica ArtísticaGiseli, <strong>de</strong>nominado lodo. O lodo foi incorporado em percentuais mássicos <strong>de</strong> 25, 50, 75e 100% em um engobe cerâmico utilizado na fabricação <strong>de</strong> peças especiais.2.1. Caracterização das formulaçõesO lodo foi caracterizado pelas técnicas <strong>de</strong> análise química por fluorescência <strong>de</strong> raios X(FRX) e seu comportamento térmico por dilatometria ótica (microscopia ótica). Para aanálise química por FRX as amostras foram preparadas como pérola fundida, utilizandoespectrometria por dispersão <strong>de</strong> comprimentos <strong>de</strong> onda (WDS, Philips PW2400). Oelemento boro foi <strong>de</strong>terminado pela técnica <strong>de</strong> absorção atômica em chama (AAS), poisnão po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>tectado pela técnica <strong>de</strong> FRX.A dilatometria ótica das amostras foi realizada em corpos-<strong>de</strong>-prova prensados(20kgf/cm²) com 7% <strong>de</strong> umida<strong>de</strong>, com dimensões <strong>de</strong> 4mm <strong>de</strong> diâmetro por 2mm <strong>de</strong>altura. O ensaio foi realizado com taxa <strong>de</strong> aquecimento <strong>de</strong> 10°C/min, <strong>de</strong> 20°C a 1400°C,utilizando-se a técnica <strong>de</strong> microscopia <strong>de</strong> aquecimento (MISURA HT).


2.2. Preparação do engobe para teste industrialApós a análise dos resultados <strong>de</strong> caracterização das formulações, foi <strong>de</strong>finido opercentual <strong>de</strong> 25% em massa <strong>de</strong> lodo a ser introduzido no engobe. A formulação 25%lodo/75% engobe foi homogeneizada a úmido em moinho industrial <strong>de</strong> 1500L durante1h, sendo em seguida <strong>de</strong>scarregada em malha 325 ABNT para resíduo, o escoamentoem copo Ford nº 4 e a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> em picnômetro 100ml. O engobe obtido foi aplicadoem escala semi-industrial em peças especiais tipo “listelo” (25cm x 8cm x 6mm) poraplicação a disco (24 lâminas tipo FM). Foram aplicadas 1000 peças. O ciclo do fornofoi <strong>de</strong> 35 minutos Com uma máxima temperatura <strong>de</strong> patamar <strong>de</strong> 1150 ºC. Amostras dolistelo aplicado com o engobe teste foram caracterizadas segundo a norma NBR13818/1997 para as seguintes proprieda<strong>de</strong>s: Determinação das característicasdimensionais e do aspecto superficial; <strong>de</strong>terminação da resistência química;<strong>de</strong>terminação da resistência a manchas; medidas da resistência ao riscado Mohs;<strong>de</strong>terminação da absorção <strong>de</strong> água; <strong>de</strong>terminação da resistência ao gretado; e<strong>de</strong>terminação da expansão por umida<strong>de</strong>. Além <strong>de</strong>stes ensaios foi realizada a<strong>de</strong>terminação da marca d’água (ensaio realizado segundo procedimento interno SENAIPR CC 117). Todos estes ensaios foram realizados no SENAI Criciúma entre os dias03/02/2010 e 09/04/2010.Além disso, foram avaliados os aspectos estéticos como cor, textura e brilho <strong>de</strong>superfície. A cor e o brilho foram <strong>de</strong>terminados pela técnica <strong>de</strong> espectrofotometria,utilizando-se um espectrofotômetro com geometria esférica d-8 (BYK-GARDNER) comleituras entre 400nm a 700nm, ângulo <strong>de</strong> observação <strong>de</strong> 10° e iluminante D65. O brilhofoi <strong>de</strong>terminado utilizando-se o mesmo equipamento, mas com ângulo <strong>de</strong> reflexão <strong>de</strong>60°. A textura foi <strong>de</strong>terminada visualmente.2.3. Teste em escala piloto e implantação industrialEm seguida foi feito um teste piloto em linha <strong>de</strong> produção para a avaliação final. A<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> teste piloto é a fase posterior a da semi-industrial, realizada em uma linha<strong>de</strong> produção normal. Após todas as análises dos resultados do teste semi-industrial eescala piloto preliminares, ocorre a última etapa, chamada <strong>de</strong> implantação. A partir dos


esultados do teste semi-industrial, <strong>de</strong>finiu-se o percentual <strong>de</strong> 25% <strong>de</strong> incorporação dolodo na formulação do engobe para utilização em escala normal <strong>de</strong> produção.3. Resultados e Discussões:Os resultados da caracterização química do resíduo industrial (o lodo da ETE), doengobe <strong>de</strong> produção e das formulações são apresentados na tabela 1.Tabela 1. Análise química (FRX e AA) das formulações <strong>de</strong> engobe usando lodo <strong>de</strong> ETE(%)Amostra 100% engobe 25% lodo 50% lodo 75% lodo 100% lodoSiO2 60,9 57,5 56,7 55,8 54,3Al2O3 12,8 12,3 12,1 11,7 11,3ZrO2 13,2 10,7 9,3 7,6 5,9CaO 2,4 3,5 4,7 6,1 7,4MgO 1,8 1,7 1,6 1,6 1,5B2O3 1,6 1,9 2,0 2,5 3,1Na2O 1,4 1,4 1,4 1,4 1,4K2O 1,1 1,3 1,6 2,0 2,4Fe2O3 0,2 1,6 1,7 1,81 1,9ZnO 0,8 3,3 4,0 4,7 5,6PF a 3,3 3,0 2,9 2,9 2,7a PF=perda ao fogoFonte: Autor, 2010.Deve ser observado que a análise química foi feita com o composto do engobe, ou seja,o engobe formulado com frita, caulim e areia <strong>de</strong> zircônia. Desta forma, os resultadossão aproximados. Po<strong>de</strong>-se perceber que o engobe é formado majoritariamente porsílica, formadora <strong>de</strong> vidro, e apresenta gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alumina e zircônia. Ambasapresentam como característica elevada refratarieda<strong>de</strong>, e, além disso, a zircônia éutilizada para branquear o engobe. Os óxidos fun<strong>de</strong>ntes somados ao óxido <strong>de</strong> boro(~8%) tornam o engobe impermeável à ação da água.


O lodo é proveniente da lavação do piso do setor <strong>de</strong> esmaltação, ou seja, é compostopor resíduos <strong>de</strong> todas as tipologias <strong>de</strong> vidrados e engobes da empresa. É tambémformado majoritariamente por sílica, apresentando gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alumina emenor teor <strong>de</strong> zircônia que o engobe. Apresenta maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> óxidos fun<strong>de</strong>ntessomados ao óxido <strong>de</strong> boro (~15%) que o vidrado, tornando-o mais fun<strong>de</strong>nte. As <strong>de</strong>maisformulações apresentam composições intermediárias.Os resultados da caracterização térmica do resíduo industrial (o lodo da ETE), doengobe <strong>de</strong> produção e das formulações são apresentados na tabela 2.Tabela 2. Temperaturas características (dilatometria ótica) das formulações <strong>de</strong> engobeusando lodo <strong>de</strong> ETE (°C)Temperatura (°C) 100% lodo 75% lodo 50% lodo 25% lodo 100% engobeSinterização 929 976 1078 1099 1128Amolecimento 962 1101 1109 1222 1170Esfera 1193 1213 1260 1303 1303Meia Esfera 1284 1293 1358 1378 1378Fusão 1359 1356 1393 1397 1397Fonte: Autor, 2010.Analisando-se os resultados do ensaio <strong>de</strong> dilatometria ótica, tabela 2, percebe-se que oengobe é mais refratário que o lodo e que todas as <strong>de</strong>mais formulações. Tanto atemperatura <strong>de</strong> sinterização quanto as <strong>de</strong> amolecimento, esfera, meia esfera e <strong>de</strong> fusãodo engobe são maiores que as do lodo, alterando significativamente o comportamentotérmico das formulações lodo/engobe, o que altera as condições <strong>de</strong> queima do engobena empresa. Desta forma, optou-se pela adição <strong>de</strong> somente 25% <strong>de</strong> lodo ao engobe.Analisando-se as tabelas 1 e 2 em função da porcentagem <strong>de</strong> lodo adicionado aoengobe, percebe-se a consi<strong>de</strong>rável variação dos resultados com a queima, significandoque a adição <strong>de</strong> até 25% do lodo no engobe não altera substancialmente essas


proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> interesse para produção do engobe. Por outro lado mostra que umaredução do teor <strong>de</strong> engobe em todas as composições implicará em uma diminuição <strong>de</strong>gastos, tabela 3.Tabela 3. Composição do engobe padrão e do engobe modificado (25% lodo) segundoparâmetros <strong>de</strong> processamento da empresaComposição (%) Engobe padrão Engobe 25% lodoArgila branca 15 13Zircônia 16 15Feldspato branco 10 8Frita transparente 53 47,25Quartzo 3 -Alumina 3 3Lodo (úmido) - 13,75Água 40 40140 140Fonte: Autor, 2010.O engobe formulado a partir da adição <strong>de</strong> 25% <strong>de</strong> lodo foi preparado <strong>de</strong> acordo comparâmetros <strong>de</strong> processamento industrial da empresa, como mostra a tabela 4. Po<strong>de</strong>-seperceber que não há variação significativa entre os parâmetros industriais e <strong>de</strong>formulação para o engobe modificado (25% adição <strong>de</strong> lodo). Desta forma, percebe-seque é possível substituir ou diminuir alguma matéria-prima por lodo industrialmenteutilizado para produzir engobe <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>.Tabela 4. Parâmetros <strong>de</strong> processamento da empresa para o engobe padrão e o engobemodificado (25% lodo)


ParâmetroEngobe padrão Engobe 25% <strong>de</strong> lodoDensida<strong>de</strong> (g/cm3) 1,80 1,80Tempo <strong>de</strong> escoamento (s) 20,8 23,2Resíduo (%) 2,25 2,15Fonte: Autor, 2010.Mesmo não existindo variações significativas entre os parâmetros dos engobes padrãoe formulado, percebe-se que a suspensão do engobe modificado apresenta maiortempo <strong>de</strong> fluxo, com aumento <strong>de</strong> 11,5%. Isso indica que a viscosida<strong>de</strong> é maior,necessitando <strong>de</strong> cuidados durante sua aplicação ou mesmo sua modificação por meio<strong>de</strong> adição <strong>de</strong> água ou <strong>de</strong>floculantes para evitar <strong>de</strong>feitos <strong>de</strong> superfície.A tabela 5 mostra a caracterização <strong>de</strong> algumas proprieda<strong>de</strong>s, segundo a norma NBR13818/1997, das placas cerâmicas fabricadas industrialmente com a utilização doengobe com adição <strong>de</strong> 25% <strong>de</strong> lodo. Os resultados mostram a média <strong>de</strong> cinco corpos<strong>de</strong>-provapara cada ensaio realizado.Tabela 5. Características das placas cerâmicas fabricadas com engobe com adição <strong>de</strong>25% <strong>de</strong> lodo segundo a norma NBR 13818/1997EnsaioResultado do ensaioResistência química HCl 3%= GLA Ácido cítrico (100g/L)=GLAResistência a manchas Ação penetrante= Ação oxidante= 55Resistência ao riscado 6MohsAbsorção <strong>de</strong> água 5,6Mancha <strong>de</strong> águaClasse AResistência ao gretado Não gretou em três ciclosExpansão por umida<strong>de</strong> 0,05mm/m, com máximo <strong>de</strong> 0,1mm/mFonte: Autor, 2010.NaOH (30g/L)= GLAFormação <strong>de</strong> película=5


Analisando-se os resultados da tabela 5, a classe GLA <strong>de</strong>signa um produto esmaltado(G=glazed), atacado com produtos químico <strong>de</strong> baixa concentração (L=low), sendo queo produto não sofreu efeitos visíveis do ataque químico (classe <strong>de</strong> resistência químicaA). A classe <strong>de</strong> limpeza 5 correspon<strong>de</strong> à maior facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> remoção da mancha. Adureza 6 na escala Mohs correspon<strong>de</strong> à dureza do feldspato. Para absorção <strong>de</strong> água<strong>de</strong> 5,6% o produto correspon<strong>de</strong> ao grupo Blla, 3


engobe padrãoengobe formuladoFigura 1. Curva espectral para o engobe com 25% <strong>de</strong> lodo em comparação com a curva espectral doengobe padrãoFonte: AUTOR, 2010.4. Consi<strong>de</strong>rações FinaisOs resultados comprovam ser perfeitamente viável a utilização <strong>de</strong> resíduos da ETE(lodo), este que é feito lotes <strong>de</strong> 3000 kg antes <strong>de</strong> ser liberado como matéria-prima noprocesso <strong>de</strong> fabricação <strong>de</strong> revestimentos cerâmicos. Além disso, o processo para atransformação do resíduo é compatível com as plantas cerâmicas atuais, viabilizandosua introdução na indústria sem modificações nos layouts. Outra observação relevanterefere-se ao limite máximo permitido <strong>de</strong> adição <strong>de</strong> lodo ao engobe, sem provocarmodificações significativas nas proprieda<strong>de</strong>s finais do produto queimado, o que torna aplanta <strong>de</strong> reaproveitamento compatível com a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lodo gerado.A reintrodução <strong>de</strong> até 25% <strong>de</strong> lodo no engobe não acarreta alterações significativas nascondições <strong>de</strong> processamento e nas características do produto final. Esta solução <strong>de</strong>reciclagem constitui um recurso interessante <strong>de</strong> reaproveitamento do resíduo gerado,evitando <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> transporte e <strong>de</strong>posição em aterro sanitário e reduzindo oconsumo <strong>de</strong> recursos minerais e naturais.


Referências BibliográficasCASAGRANDE, M.C. et al. Reaproveitamento <strong>de</strong> resíduos sólidos industriais:processamento e aplicações no setor cerâmico. São Paulo: Cerâmica Industrial, v.13,n.1/2, p.34-37, 2008.COSTA, M.G. et al. Reutilização in situ das lamas residuais <strong>de</strong> uma indústria cerâmica.São Paulo: Cerâmica Industrial, v.7, n.5, p.44-50, 2002.DUARTE, A.C.L. Incorporação do lodo <strong>de</strong> esgoto na massa cerâmica para afabricação <strong>de</strong> tijolos maciços: Uma alternativa para a disposição final do resíduo.Dissertação. Natal: Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> do Norte, 2008. 111p.FERNANDES, P.F et al. Reciclagem do lodo da estação <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> efluentes <strong>de</strong>uma indústria <strong>de</strong> revestimentos cerâmicos. Parte 1: Ensaios industriais. São Paulo:Cerâmica Industrial, v.8, n.2, p.26-34, 2003.FERNANDES, P.F et al. Reciclagem do lodo da estação <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> efluentes <strong>de</strong>uma indústria <strong>de</strong> revestimentos cerâmicos. Parte 2: Ensaios industriais. São Paulo:Cerâmica Industrial, v.8, n.4, p.26-32, 2003.MARTINS, C.A. et al. Metodologia para avaliação da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> incorporação <strong>de</strong>resíduos industriais em massas cerâmicas conformadas por extrusão. São Paulo:Cerâmica Industrial, v.10, n.4, p.32-34, 2005.NBR 13818. Placas cerâmicas para revestimento: Especificação e métodos <strong>de</strong>ensaios. ABNT: Rio <strong>de</strong> Janeiro, 1997. 78p.PRACIDELLI, S. Estudo dos esmaltes cerâmicos e engobes. São Paulo: CerâmicaIndustrial, v.13, n.1/2, p.8-20, 2008.ZACCARON, V. (org.). <strong>Curso</strong> <strong>de</strong> noções básicas <strong>de</strong> cerâmica. Cocal do Sul, 2005.

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