FIGURA 2 – DECORAÇÃO DA CASA DE DONA ERUNDINA.Foto: Lílian Motta Gomes – abril/2008.Segun<strong>do</strong> Costa (1998), as elites representantes <strong>do</strong>s modelos sociais, culturais einstitucio<strong>na</strong>is desempenham papéis referenciais <strong>na</strong> construção <strong>da</strong> subjetivi<strong>da</strong>de e, desse mo<strong>do</strong>,deixam suas marcas:D. Iraci: “eu aprendi muito como emprega<strong>da</strong> <strong>do</strong>méstica.”Do<strong>na</strong> Erundi<strong>na</strong>: “[...] Aí tu<strong>do</strong> que ela (a patroa) não queria, ela assim: aí Di<strong>na</strong> nãoquéis levar? E eu trazia. E ia gostan<strong>do</strong>.”D. Joa<strong>na</strong>: “[...] porque eu sempre trabalhava <strong>na</strong>... de emprega<strong>da</strong> <strong>na</strong> casa <strong>do</strong>s outrosné? E a gente aprende bastante coisa boa, também, né?”D. Isaura: “Ah eu trabalhava fora, né? Eu trabalhava <strong>na</strong> casa <strong>do</strong>... ali no centro,então, eu arrumava lá, e arrumava a minha casa também, né?”2.2 O PROCESSO DE APROPRIAÇÃO DO ESPAÇOQuan<strong>do</strong> nos colocamos pela primeira vez diante de um entorno uma complexarede de mecanismos fisiológicos e psicológicos entra em ação instantan<strong>ea</strong>mente para nospermitir captar, aspirar e planejar sobre ele: como ele é, o que podemos encontrar e fazer nele(POL, s/d). Como resulta<strong>do</strong> ocorre uma surpreendente manifestação de processos físicos
(corporal), metafísicos (transcendente) e metafóricos (simbólico), conscientes ouinconscientes.Portanto, não é difícil compreender que o ambiente desempenha um papelimportante <strong>na</strong> “experiência e no comportamento humano”, uma vez que “to<strong>da</strong> conduta temlugar sempre e necessariamente em um contexto ambiental” e, “tanto pessoa como entorno sedefinem di<strong>na</strong>micamente e se transformam mutuamente ao longo <strong>do</strong> tempo como aspectos deuma uni<strong>da</strong>de global.” (VALERA; POL; VIDAL, s/d, p. 1). No entanto, isso não é o mesmoque dizer que o ambiente determi<strong>na</strong> o comportamento humano porque, conforme o argumentodefendi<strong>do</strong> por esses autores, ambiente e ação huma<strong>na</strong> acontecem um para o outro,reciprocamente. Para eles o que ocorre é uma interação entre a(s) pessoa(s) e seu(s) entorno(s)dentro de um contexto social, cujos resulta<strong>do</strong>s são “produtos psico-socio-ambientais.” (p. 3).Assim, o termo ambiente emprega<strong>do</strong> nesse trabalho, de acor<strong>do</strong> com ospressupostos teóricos <strong>da</strong> Psicologia Ambiental (VALERA; POL; VIDAL, s/d, p. 12),refere-se ao espaço sociofísico no qual ocorre o imbricamento <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>des tanto físicascomo sociais em sua “inter-relação com o comportamento,” de tal mo<strong>do</strong>, que é impossívelcompreender umas sem as outras.A Psicologia Ambiental, portanto, está interessa<strong>da</strong> em estu<strong>da</strong>r o valor emocio<strong>na</strong>l(o significa<strong>do</strong>) <strong>do</strong> espaço para um indivíduo ou grupo inseri<strong>do</strong> num entorno físico-social ond<strong>ea</strong>s influências mútuas ocorrem ao longo <strong>do</strong> tempo num processo dinâmico e em constantemu<strong>da</strong>nça.Entende-se <strong>na</strong> Psicologia Ambiental que espaço, desprovi<strong>do</strong> de valor emocio<strong>na</strong>l, ésó um espaço, porém, no exato momento em que se atribui um significa<strong>do</strong> para um espaçovazio (de senti<strong>do</strong>) este se tor<strong>na</strong> um lugar e, desse mo<strong>do</strong>, ele fica impreg<strong>na</strong><strong>do</strong> <strong>do</strong>s atributosfísicos, metafísicos e simbólicos <strong>do</strong> sujeito que o significou, pois, segun<strong>do</strong> Pol (s/d, p. 48),ocorre ali um fenômeno <strong>na</strong>tural, “embora intencio<strong>na</strong>l em alguma medi<strong>da</strong>”, denomi<strong>na</strong><strong>do</strong>apropriação.Desse mo<strong>do</strong>, sustenta-se que o fenômeno <strong>da</strong> apropriação está diretamenterelacio<strong>na</strong><strong>do</strong> à identi<strong>da</strong>de de lugar (place identity) (PROSHANSKY, 1978 apudGONÇALVES, 2002). Porque esta passa a ser um elemento específico <strong>do</strong> “eu” <strong>do</strong> sujeito pormeio de uma complica<strong>da</strong> trama “de idéias conscientes e inconscientes, sentimentos, valores,objetivos, preferências, habili<strong>da</strong>des e tendências comportamentais referentes a um entornoespecífico.” (POL, s/d, p. 51).Lugar, para Canter (1977, 1976 apud POL, s/d, p. 48), é defini<strong>do</strong> como umproduto resultante <strong>da</strong>s “ações, concepções e atributos físicos <strong>do</strong> espaço”. Portanto, o
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