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a produção da subjetividade ea apropriação do espaço na periferia ...

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Desse mo<strong>do</strong>, percebe-se a cultura 7 e a construção <strong>da</strong> subjetivi<strong>da</strong>de imbrica<strong>da</strong>s, detal mo<strong>do</strong>, que não é possível refletir sobre uma sem, imediatamente, relacioná-la à outra.Visto desse ângulo, pode-se dizer que o indivíduo tem a forma e o conteú<strong>do</strong> <strong>da</strong>s experiênciastroca<strong>da</strong>s em sua inter-relação com os outros membros <strong>da</strong> sua socie<strong>da</strong>de:autônomo/dependente, humilde/pretensioso, egoísta/solidário... .Depreende-se, portanto, que a cultura traz em seu bojo um projeto preestabeleci<strong>do</strong>de homem, cuja “possibili<strong>da</strong>de de um indivíduo emancipa<strong>do</strong>, autônomo, é necessáriadecorrência <strong>do</strong> projeto <strong>da</strong> cultura” (CROCHÍK, 1998, p.1), pois, segun<strong>do</strong> esse autor, aprincipal função <strong>da</strong> cultura é a de proteger “os homens <strong>da</strong>s am<strong>ea</strong>ças <strong>da</strong> <strong>na</strong>tureza” e, como ohomem mesmo é <strong>na</strong>tureza, deve ser “defendi<strong>do</strong> de si mesmo e <strong>do</strong> outro” por meio de outrafunção <strong>da</strong> cultura que emerge como conseqüência <strong>da</strong> que foi enuncia<strong>da</strong>: instituir regras derelacio<strong>na</strong>mento entre os homens. A cultura, nessa perspectiva, define-se pelo mo<strong>do</strong> deenfrentar aquilo que é am<strong>ea</strong>ça<strong>do</strong>r para o homem, “presente tanto nos desafios <strong>da</strong> <strong>na</strong>turezaquanto <strong>na</strong>s regras de relacio<strong>na</strong>mento humano cria<strong>da</strong>s por ela” (CROCHÍK, 1998, p. 1).Segun<strong>do</strong> A<strong>do</strong>rno (1971 apud CROCHÍK, 1998, p. 7) o indivíduo se diferencia <strong>do</strong>soutros indivíduos (individuação) a partir <strong>da</strong> “incorporação <strong>da</strong> cultura”, isto é, a subjetivi<strong>da</strong>dese desenvolve “<strong>na</strong> cultura e através dela”, a cultura produz seus indivíduos. Isto não significaque os primeiros anos de vi<strong>da</strong> devam ser desconsidera<strong>do</strong>s, pois até mesmo para relembrar opassa<strong>do</strong> o indivíduo o faz “através <strong>do</strong>s diversos filtros aponta<strong>do</strong>s por Freud, pelos símbolosque são adquiri<strong>do</strong>s a posteriori.” (CROCHÌK, 1998, p. 7).Desse ponto de vista, o autor defende que para estu<strong>da</strong>r a subjetivi<strong>da</strong>de énecessário que, enquanto ciência, a psicologia considere as “condições de existência” <strong>do</strong>indivíduo e volte a sua compreensão para as condições <strong>na</strong>s quais a subjetivi<strong>da</strong>de teve a suagênese, pois, de outro mo<strong>do</strong>, estaria assumin<strong>do</strong> uma atitude ideológica. Isto seria, portanto,pensar a subjetivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s pessoas entrevista<strong>da</strong>s levan<strong>do</strong>-se em conta a “incorporação <strong>da</strong>cultura” <strong>na</strong> construção <strong>da</strong> própria subjetivi<strong>da</strong>de, pois as condições sociais, histórica, política eeconômica são produtos culturais:[...] Aí ela fazia farofa de ba<strong>na</strong><strong>na</strong>, fazia... <strong>da</strong>va arroz com ba<strong>na</strong><strong>na</strong> pra nóis, porquecarne bem pouco existia, né? Carne <strong>na</strong> mesa foi bem pouco. (...) Não é que nãotinha: ter, tinha, mais nóis não tinha era o dinheiro pra comprá, né? (DONA IRACI,abril/2008).O que Do<strong>na</strong> Iraci está dizen<strong>do</strong>, por exemplo, diz respeito à sua condição sócio-7 Kant (1992 apud CROCHÍK, 1998, p. 7), “a<strong>na</strong>lisa o desenvolvimento <strong>da</strong> cultura ocidental e um de seusprodutos principais: a razão; assi<strong>na</strong>la, no entanto, que esta só se r<strong>ea</strong>liza pelo livre uso individual <strong>da</strong>quela, ou seja,pela autonomia individual”. Autonomia, <strong>na</strong> perspectiva de Dahren<strong>do</strong>rf (1992), está liga<strong>da</strong> ao conceito de sujeitoautodirigi<strong>do</strong>, isto é, aquele que pensa por conta própria (censo crítico).

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