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a produção da subjetividade ea apropriação do espaço na periferia ...

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p. 84).Acontecimento efêmero, de acor<strong>do</strong> com Vala<strong>da</strong>res (2000, p. 84), se trata de umacontecimento ontológico, porque se localiza “dentro de uma história <strong>do</strong> humano e de umaética” em que as pessoas convivem, diariamente, entre si esforçan<strong>do</strong>-se para “construir,juntas, novos espaços de vi<strong>da</strong>”, porque as construções huma<strong>na</strong>s somente são possíveis “dentrode uma significação para o grupo e implica uma escolha.” As conseqüências infinitas, por suavez, segun<strong>do</strong> o autor, são as marcas impressas pela ação de escolher, “sobre ambiente,sempre, também, referi<strong>do</strong> ao território <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de.” (VALADARES, 2000, p. 84). Resumin<strong>do</strong>,o projeto de civilização se dá <strong>na</strong> ci<strong>da</strong>de pelas ações ocorri<strong>da</strong>s sobre a “paisagem e os terrenos”constituin<strong>do</strong>-se no acontecimento <strong>da</strong> cultura. Ci<strong>da</strong>de como ambiente construí<strong>do</strong> é fatohistórico vivi<strong>do</strong> “por sujeitos em seus corpos.” Ou, como bem disse Manuel Castells, “to<strong>da</strong>forma de matéria possui uma história ou, melhor ain<strong>da</strong> ela é sua própria história.” (2000, p.35).As histórias <strong>da</strong>s pessoas entrevista<strong>da</strong>s entrelaçam-se com a história <strong>do</strong> bairroRe<strong>na</strong>scer/Mi<strong>na</strong> Quatro e, portanto, com a história de Criciúma. Como se constatou por meio<strong>da</strong>s entrevistas, essas histórias permanecem vivas, localiza<strong>da</strong>s nos espaços liga<strong>do</strong>s ao passa<strong>do</strong>,ao tempo de infância, de juventude, de força, de desejo e de conquistas.2.1.2 A Subjetivi<strong>da</strong>de <strong>na</strong>s Marcas Culturais de Preconceito e de Falta <strong>do</strong> “Pão Nosso deCa<strong>da</strong> Dia”Das mulheres entrevista<strong>da</strong>s, uma chama-se, ficticiamente, Iraci. Aos 62 anos dei<strong>da</strong>de, Do<strong>na</strong> Iraci é mora<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> bairro há 22 anos, viúva, ex-emprega<strong>da</strong> <strong>do</strong>méstica e exparteira.Tem três filhos, uma neta e treze irmãos. Nasceu em Caputera, município deLagu<strong>na</strong>/SC. Veio para Criciúma com sua família, quan<strong>do</strong> ain<strong>da</strong> era um bebê de ape<strong>na</strong>s novemeses de i<strong>da</strong>de, em busca de melhores condições de vi<strong>da</strong>.Como a maioria <strong>do</strong>s migrantes <strong>da</strong> zo<strong>na</strong> rural, a família de Do<strong>na</strong> Iraci ficou fora <strong>da</strong>ci<strong>da</strong>de. Moravam nos arre<strong>do</strong>res, <strong>na</strong>s ár<strong>ea</strong>s de risco, onde tiveram a casa soterra<strong>da</strong> por umabarreira, resultan<strong>do</strong> em per<strong>da</strong> total <strong>do</strong> pouco que tinham. Assim, foram morar de favor emuma velha olaria que servia de abrigo aos bois:[...] perdemos a roupa que tava no tanque, ela (a mãe) tava lavan<strong>do</strong> roupa e eu tavaestenden<strong>do</strong> no varal. Aí de repente, não foi um temporal, foi a barreira <strong>da</strong> estra<strong>da</strong>que caiu, e o tanque, a roupa que tava <strong>na</strong> banheira, a... tu<strong>do</strong>, a casa, derrubou tu<strong>do</strong>,aterrou tu<strong>do</strong> aquilo. Aí nóis fiquemo assim, <strong>na</strong>... <strong>na</strong> rua, bem dizê. (DONA IRACI,abril/2008).

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