13.07.2015 Views

A Tripanossomíase Americana antes de Carlos Chagas - Instituto de ...

A Tripanossomíase Americana antes de Carlos Chagas - Instituto de ...

A Tripanossomíase Americana antes de Carlos Chagas - Instituto de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A Tr i p a n o s s o m í a s e Am e r i c a n a a n t e s d e Ca r l o s Ch a g a scontinente (Ujvari, 2003). Tamanha antiguida<strong>de</strong> implica a dúvida sobre como osTrypanosomas conseguiram sobreviver por tanto tempo já que, seguindo a escalaevolutiva, os mamíferos hoje por eles parasitados sequer existiam.Filogeneticamente, insetos hematófagos prece<strong>de</strong>m mamíferos e pássaros.Isso significa que para sobreviver os microorganismos que eles originalmentetransportavam tiveram <strong>de</strong> parasitar répteis e anfíbios para <strong>de</strong>pois, com a evoluçãodas espécies, sofrerem diferenciação e adaptação aos animais <strong>de</strong> sangue quente.Essa teoria parece pertinente para todos os protozoários, e em particular para osTrypanosomae, que até o presente não parecem estar totalmente diferenciados e, <strong>de</strong>staforma, conseguem parasitar espécies distintas <strong>de</strong> mamíferos (Sournia, 1984).Na natureza, uma vez adaptado para o parasitismo <strong>de</strong> animais <strong>de</strong> sanguequente, o ciclo <strong>de</strong> vida do parasita encontrava-se em relativo equilíbrio. Tatuse pequenos roedores parecem ter se ajustado perfeitamente ao convívio doTrypanosoma, até que a inserção humana neste circuito levou ao surgimento dadoença propriamente dita. Contudo, não se po<strong>de</strong> dizer que a simples presençahumana tenha <strong>de</strong> pronto <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ado a moléstia. A relação do homem com omeio ambiente é recíproca e inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e fatores físicos, sociais, culturais ebiológicos interagem continuamente (Lacaz, 2003). No caso da doença <strong>de</strong> <strong>Chagas</strong>,um hábito dos primitivos habit<strong>antes</strong> das Américas po<strong>de</strong> ter sido uma das causaspara a contaminação <strong>de</strong>ssa população – a ingestão <strong>de</strong> carne crua <strong>de</strong> animaisreservatórios (Rothhammer et al., 1985).A ingestão <strong>de</strong> pequenos roedores e camelí<strong>de</strong>os foi supostamente o meioinicial <strong>de</strong> contaminação pelo Trypanosoma em grupamentos indígenas mais antigosencontrados tanto no Peru (7000 anos) quanto no Chile (4000 anos). Estes períodossão anteriores à instituição do se<strong>de</strong>ntarismo dos povos nativos, mas acredita-se quea doença <strong>de</strong> <strong>Chagas</strong> só teria se tornado epi<strong>de</strong>miologicamente significativa apósa adaptação do principal vetor, o Triatoma infestans, ao domicílio. (Araújo et al.,2000; Guhl et al., 2000). No Chile foram encontradas múmias bem preservadas,<strong>de</strong> diferentes períodos, formadas naturalmente pelas áridas condições climáticasdo <strong>de</strong>serto do Atacama, que favoreceram o estudo paleopatológico. Em achadoscom datações <strong>de</strong> 470 a.C a 600 d.C.,sob a técnica do C-14, foram encontradosmegacólon com presença importante <strong>de</strong> coprólitos em 9, cardiomegalia comevidência histopatológica <strong>de</strong> fibrose em 2 e megaesôfago em 1, <strong>de</strong>ntre as 22 múmiasem que foi possível tal análise. Curiosamente, a distribuição das diferentes formasclínicas nas múmias condiz com a situação endêmica chilena atual (Rothhammeret al., 1985).Evidências da presença remota da tripanossomíase também foram encontradasnos Estados Unidos (vale do Rio Gran<strong>de</strong>) e no Brasil. Infelizmente, a difícilC a d . Sa ú d e Co l e t ., Rio d e Ja n e i r o , 17 (4): 827 - 839, 2009 – 829

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!