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Seu exemplo vai ser seguido. Dirija com responsabilidade. - Detran

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DETRÂNSITO<strong>Seu</strong> <strong>exemplo</strong><strong>vai</strong> <strong>ser</strong> <strong>seguido</strong>.<strong>Dirija</strong> <strong>com</strong><strong>responsabilidade</strong>.360020310-1/2006 - DR/PRDETRANRevista do <strong>Detran</strong>/PR - ano V/ Número 47AGORA É QUE SÃO ELASMulheres colecionam carros antigos


CartasSaudações:EDITORIALBicicleta, suor e absurdosFaço uso deste para estender a todos os que fazem a revista Detrânsito meus parabénspela qualidade gráfica e a riqueza em detalhes nas suas reportagens sobre o trânsito.Minha família e eu temos aprendido muito <strong>com</strong> essa maravilhosa publicação.Luiz Carlos Antunes da Roza.Pérola D'Oeste-PRGostaria de parabenizar a revista Detrânsito, principalmente pela matéria “álcool edireção”. Como diretora de trânsito e auxiliar de enfermagem tenho a<strong>com</strong>panhadovários acidentes, a maioria envolve drogas e direção.Infelizmente o índice de acidentes em nosso país é alto, bom <strong>ser</strong>ia se os jovens seconscientizassem que bebida e volante não <strong>com</strong>binam. Acredito que esse trabalho darevista pode ajudar a mudar esse quadro caótico no nosso Brasil.Maria Odete de SouzaQuerência do Norte – PRQuero parabenizar a toda equipe da Detrânsito pela qualidade das produções daedição número 46. As matérias são tratadas <strong>com</strong> profundidade e possuem temas deinteresse coletivo, que ajudam quem trabalha no trânsito a refletir nas mais diferentessituações que são enfrentadas diariamente. Mais uma vez, parabéns pela iniciativa daprodução dessa excelente revista.Pedro FerreiraChapecó-SCA matéria das balizas retrata bem o que os candidatos vivem quando vão fazer o testeprático. Ao ler a matéria senti novamente os calafrios dessa fase e revivi os momentosde horror que passei quanto tirei minha carteira. Consegui passar no segundo teste,mas até hoje não coloco carro em vagas na rua. Gostei muito da idéia de fazer umartigo que relata o pavor dos candidatos <strong>com</strong> exatidão, apesar das lembranças não tãoagradáveis que vivi, o artigo ficou muito bom. Parabéns!Rosa Maria ConceiçãoProfessoraCuritiba-PRDúvidas e sugestões: detransito@pr.gov.brDesde que o homem desenvolveu seu espíritogregário e resolveu cultivar a terra, criar animais e, depois,se amontoar em aldeias, burgos e cidades, ele deparou-se<strong>com</strong> dois grandes problemas: a fragilidade de seus braçospara transportar aquilo que produz, ou seja, mercadorias, esuas não menos frágeis e preguiçosas pernas, muito lentaspara o encurtamento de distâncias.A primeira solução veio <strong>com</strong> a domesticação deanimais para fazer o transporte de carga, pessoas e arar. Nafalta dos quadrúpedes para tais <strong>ser</strong>viços, também se optoupelo nosso semelhante o escravo, o bípede mi<strong>ser</strong>ável queamargaria a vida realizando trabalhos aviltantes.Devemos lembrar que, nos mais ou menos cin<strong>com</strong>il anos de história registrada - apesar de grandes e lamentáveislacunas neste registro - notamos pequenas tecnologiassendo agregadas ao transporte para aliviar os pés danobreza da poeira e do barro, e o lombo dos escravos depesados fardos. Primeiro a roda, que supera em parte oatrito <strong>com</strong> o solo e se conjuga a eixos sob carrocerias. Emseguida, ou ao mesmo tempo, a tração, que poderia <strong>ser</strong>obtida <strong>com</strong> o próprio homem, <strong>com</strong> o boi, jumento, camelo,cavalo e até mesmo elefantes. Guardadas as devidasproporções, nossos automóveis de passeio, caminhões etrens, nada mais são do que o resultado de lento desenvolvimentotecnológico: no lugar da madeira, o aço; em vez datração animal, a mecânica; em vez do pelego, confortáveisbancos de material sintético.Mas antes de chegarmos aos dias atuais, é misterum passar de olhos pela nossa velha Roma, nos seusbrilhantes dias, na época de Augusto, quando a cidadechegou a contar <strong>com</strong> mais de um milhão de habitantes, issosem considerar os escravos e estrangeiros. Imaginem ohercúleo trabalho logístico para fazer chegar a todosalimentos, roupas, enfim, as mais diversas mercadorias.Imaginem ainda, que essas pessoas circulavam: corriampara o mercado; negociavam nas ruas, tavernas e banhospúblicos; divertiam-se nos teatros, circos e estádios. Não éà toa que, em certo momento, para garantir o ir e o vir daspessoas e reduzir a possibilidade de atropelamentos, foinecessário proibir a circulação de carroças durante o dianas ruas da “capita mundi”. Portanto, há pelo menos doismil anos temos plena consciência da in<strong>com</strong>patibilidadeentre nossa forma de conceber cidades e os meios detransporte utilizados dentro delas.Deste modo, acalentamos fortes motivos paraacreditar que o problema da mobilidade não está centradoúnica e exclusivamente nos meios de transportes, representadoshodiernamente por máquinas. O veteranoproblema é a concepção das cidades e suas vias, quasesempre impróprias para a circulação, pois não a<strong>com</strong>panhamo natural aumento populacional e as inovaçõestecnológicas incorporadas continuamente às máquinascirculantes. Temos que admitir - e isto é perfeitamenterazoável - nossa incapacidade de pensar o futuro das cidadesao implementarmos nelas modelos viários superados e<strong>com</strong>provadamente ineficazes. E neste vácuo de projetossérios e conseqüentes, somos obrigados a escutar monumentaisabsurdos forjados em mirabolantes soluções parao trânsito.Por desconhecimento histórico, por oportunismopolítico talvez, pois ignoram que o Capitalismo transformouo tempo e o conforto em mercadorias, ouvimosgovernantes apostarem todas as suas esperanças eleitoraisno transporte fundado na tração de nossas ou alheias pernas.Alguém diz: “a bicicleta é a solução”. E, imediatamente,todos concordam num grande coro de amém, aderindoao novo modismo sem pensar em suas conseqüências,sem pensar nos interesses econômicos e eleitoraisescondidos em idéia aparentemente tão saudável e lúdica.Sim, a bicicleta <strong>ser</strong>á uma bela solução para otrânsito, desde que tenhamos vias preparadas para estemeio de transporte. Vias de verdade, não improvisos préeleitorais.Do contrário, estaremos criando mais umproblema naquilo que deveria <strong>ser</strong> solução. Por isso,publicamos nesta edição um <strong>com</strong>petente estudo feito emLondrina (PR) sobre o uso da bicicleta no trânsito. É noestudo, e somente nele, que se faz o caminho para umtrânsito responsável, baseado no respeito, e seguro.Expediente:Detrânsito é uma publicação do <strong>Detran</strong>/PR, ano V. nº 47, novembro/dezembro 2007Editor: jornalista José Fernando da Silva (DRT - 3936)Impressão: Imprensa Oficial/Tiragem 60 mil exemplaresProjeto gráfico e editoração: Almir FeijóFoto e produção da capa: Paulo da Rosa - modelos Christiane F. de Q. Lorenzetti,Evanilda de Andrade Martins - Ford 1928, 29 - proprietário Marcos Ribeiro.<strong>Detran</strong>-PR - Diretor Geral: David Antonio Pancotti3


As vidas perdidasno trânsitoCel. David Antônio PancottiDiretor Geral do <strong>Detran</strong>/PRPara lembrar as vítimas de acidentes de trânsito, <strong>Detran</strong>/PR,Diretran, Polícia Rodoviária Federal e Batalhão de Trânsito da PolíciaMilitar se reuniram em Curitiba em culto ecumênico. Acreditamos que estadata, 18 de novembro, entra para o calendário de atividades permanentesdesta autarquia, a<strong>com</strong>panhando manifestações semelhantes no mundo todo,pois ela foi fixada no calendário das Nações Unidas <strong>com</strong>o o Dia emMemória das Vítimas em Acidente de Trânsito.Certamente, este <strong>ser</strong>á sempre o dia do ano destinado a uma profundareflexão, em que temos que reavaliar certos aspectos da vida moderna:<strong>ser</strong>á que a pressa, o conforto, o desrespeito às leis e aos nossos semelhantes<strong>com</strong>pensam a perda de uma única vida em nossas ruas ou estradas?Ao realizar este primeiro culto, foi possível de certa maneira aliviarnossos espíritos da saudade de pessoas queridas que já se foram e, infelizmente,de forma trágica. Porém, <strong>com</strong> o devido respeito à memória dasvítimas, e <strong>com</strong> as escusas dos nossos leitores, sou forçado aqui a tocar emoutro assunto decorrente destes acidentes que continuam a tirar tantasvidas: o custo por eles gerados e, conseqüentemente, absorvido pelasociedade.De acordo <strong>com</strong> dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada(IPEA), divulgados em outubro deste ano, <strong>com</strong> base em 2004, os acidentes<strong>com</strong> mortos obtiveram um custo médio de 475 mil reais. Este custo inclui osdanos materiais, médicos-hospitalares, congestionamento, operação dosistema de atendimento, funerais, seguros, processos judiciais e os rendimentosfuturos.Levando-se em consideração este valor calculado para 2004, e semsequer fazer as correções monetárias devidas, o Paraná teve um custo totalaproximado de 774,725 milhões de reais, <strong>com</strong> as 1.631 vítimas fatais emacidentes de trânsito, em 2005.No ano seguinte, em 2006, a frota cresceu, entretanto, o trânsitomatou um menor número de pessoas, cerca de 5,58%. Traduzindo em custo,isto significa uma economia 43,225 milhões de reais.Mas <strong>com</strong>o explicar aparente paradoxo: a frota cresce de um anopara outro, ou seja, de 2005 para 2006, cerca de 7,13% e o número devítimas fatais decresce em 5,58%? Que milagre aí se opera?Ora, milagre algum. É sabido que, desde a implantação do novoCódigo de Trânsito, e lá se vão 10 anos, o <strong>Detran</strong>/PR e demais órgãos detrânsito investem pesado em ações de educação, fiscalização, sinalização emelhorias nas vias públicas.Mas para nós, que temos <strong>responsabilidade</strong> pela correta ob<strong>ser</strong>vânciada lei e principalmente no que tange a aplicação da nova legislação detrânsito, bem <strong>com</strong>o para toda a sociedade, reduzir 5% é nada; reduzir 99,9%do número de vítimas fatais no trânsito ainda continua sendo nada.Precisamos reduzir este número para zero ou algo muito próximo de zero.Lembremos ainda que um trânsito seguro se faz <strong>com</strong> pessoasconscientes de suas <strong>responsabilidade</strong>s e aptas ao volante, perfeitamenteavaliadas nos exames promovidos pelos órgãos de trânsito, quando daprimeira habilitação e nas subseqüentes renovações. Do contrário, é apostarem tragédias anunciadas e na morbidez de nossas estatísticas.NOTASAtividades do Viva o Verão 2008O Departamento de Trânsito do Paraná(<strong>Detran</strong>/PR) <strong>com</strong>eçará as atividadeseducativas do Viva o Verão 2007/2008 no dia04 de janeiro. As blitze nas saídas de Curitibapara o litoral do Paraná e de Santa Catarina,organizadas <strong>com</strong> o apoio da Polícia Militardo Paraná (PM) iniciam-se no final de dezembro.Em toda a costa do litoral paranaenseos veranistas poderão ver as atividades do<strong>Detran</strong>/PR. São blitze educativas nas ruas: oTeatro Psiu!, que aborda a conduta correta notrânsito de maneira divertida, blitze nosbares <strong>com</strong> orientações sobre o perigo damistura álcool e trânsito, abordagens na areia,entre outras atividades. Em Guaratuba eCaiobá haverá uma unidade do <strong>Detran</strong> Móvelque oferece <strong>ser</strong>viços de <strong>com</strong>unicação devenda, consultas de pontuações, débitos deveículos, entre outros. Nos finais de semanaas crianças também terão um espaço derecreação nas unidades móveis. Essasatividades vão mostrar aos motoristas everanistas que as leis não tiram férias!Novas normas para o uso de películaO Conselho Nacional de Trânsito(Contran) aprovou novas normas para o uso efiscalização de inscrições, pictogramas epelículas nas áreas envidraçadas dos veículosautomotores. As Resoluções 253 e 254, publicadasno dia 21 de novembro, tratamrespectivamente do uso de equipamentospara fiscalização de luminosidade e dosíndices mínimos de transmissão luminosaque os vidros devem ter.De acordo <strong>com</strong> a Resolução 73/98, afiscalização do uso da película não refletivadeveria <strong>ser</strong> feita por meio da chancela, marcaque indica qual o percentual de visibilidade.Com a publicação da Resolução 253, averificação da visibilidade deverá <strong>ser</strong>efetuada por meio do Medidor deTransmitância Luminosa, equipamento que<strong>ser</strong>á utilizado para medir, em valorespercentuais, a luminosidadedosvidros. Oinstrumento deverá <strong>ser</strong> aprovado peloInstituto Nacional de Metrologia,Normalização e Qualidade Industrial(INMETRO) e homologado pelo Denatran.Com a Resolução 254 o índice devisibilidade dos vidros traseiros passa a <strong>ser</strong>28%. O registro de autuação somente <strong>ser</strong>áfeito quando o índice for inferior a 26% noscasos em que o limite permitido é 28% , 65%para o limitede 70% e 70% paraoscasosde75%.O uso da película em desacordo <strong>com</strong> asnormas é considerado infração grave, o queresulta em multa de R$ 127,69, cinco pontosna Carteira Nacional de Habilitação e a retençãodo veículo até que seja regularizado.Porém, para que se possa fiscalizar asirregularidades <strong>com</strong>o determina a lei, ainda<strong>ser</strong>á necessário que o Medidor de TransmitânciaLuminosa seja homologado peloDenatran e aprovado pelo Inmetro.TRABALHOPão, trânsito e o lixo de cada diaCarrinheiros de Curitiba trabalham <strong>com</strong> recicláveis em busca derenda, atrapalham o trânsito, porém contam <strong>com</strong> a <strong>com</strong>preensãode boa parte dos motoristasVanussa PopoviczOs últimos dados do municípiode Curitiba, em 2005, revelaram que cercade 500 toneladas de lixo são recolhidasdiariamente pelos catadores de recicláveis,conhecidos <strong>com</strong>o “carrinheiros”,pessoas sempre sem rostos, anônimasque buscam o pão numa jornada detrabalho penosa e praticamente sem garantiaslegais. Eles são muitos. Não se sabequantos, pois o município nunca organizouum cadastro para contá-los. Masexistem e num trabalho de formiguinha,eles apanham muito mais do que as 80 toneladasrecolhidas diariamente pelos caminhõesdo “Lixo Que Não é Lixo” –programa da Prefeitura de Curitiba querecolhe o lixo reciclável previamente separadopelos moradores da cidade.Cada carrinheiro coleta cercade 150 a 200 quilos de lixo por dia e muitosdizem que não apanham mais por causado peso do carrinho. Independente seo dia está chuvoso, frio ou ensolarado –domingo, sábado, feriado ou qualqueroutro dia da semana – os carrinheiros garimpampelas esquinas em busca do lixoque ainda pode <strong>ser</strong> transformado em dinheiro.Neste trabalho, transportam carrinhosenormes e pesados e que, inevitavelmente,causam transtornos no trânsito.“Às vezes eles atrapalham o trânsito,mas estão ali para ganhar o pão deles, assim<strong>com</strong>o a gente também depende deum emprego”, diz o taxista DalcioToledo Biza (31).Os carrinheiros contam quenem todos os motoristas os respeitam.“Uns buzinam e xingam”, afirmaRoberto José (28). Catador de papel hácinco anos, José procura andar pela calçadaou pelo canto da rua. Ele sempre saisozinho, sem rota fixa e busca o materialaleatoriamente. Com o dinheiro que recebesustenta a mulher e o filho de um ano.O local preferido dos catadoressão os centros das cidades por possuíremuma quantidade maior de material a <strong>ser</strong>recolhido e onde também se concentra omaior fluxo de veículos. O operador deestacionamento Alberi Souza Ruiz (35)precisa passar pela rua João Negrão,Moacir de Lima: já foi vítima de acidentes nas ruas de Curitibauma das mais movimentadas de Curitiba,por <strong>ser</strong> o caminho para o trabalho.Entretanto, a João Negrão também é arua que <strong>ser</strong>ve de trajeto para a maioriados carrinheiros que deixam o centro deCuritiba em busca de suas casas, ou depósitosna periferia da cidade. “O trânsito fica<strong>com</strong>plicado. Muitos usam a faixa daesquerda, que é a saída dos ônibus do terminalque fica próximo. O carrinho égrande, requer espaço e todos precisamter paciência”. Ruiz conta também quepercebe que os carrinheiros tomam cuidadono trânsito, principalmente nos cruzamentos.“O problema maior é o tamanhodo carrinho, geralmente cheio. Nomais, eles se cuidam e procuram andarem uma única fila para não atrapalhar.Quem tem que cuidar é o motorista. A faltade espaço é um problema para todomundo, então, temos que ter paciência eeducação.”4 5Foto: Vanussa Popovicz


Foto: Vanussa PopoviczA norma de ver e <strong>ser</strong> visto notrânsito não tem <strong>com</strong>o <strong>ser</strong> aplicada paraos catadores, mas continua valendo paraos motoristas. “Os carrinheiros não têmvisão nem para trás nem para os lados, entãoos motoristas precisam cuidar deles.Em uma ultrapassagem é preciso prevera manobra do carrinheiro, até porque émais fácil para nós, motoristas, pois temosvisão para todos os lados”, afirma otaxista Biza.O catador Moacir Rodrigues deLima (41) sabe bem o que é não <strong>ser</strong> vistono trânsito. “Uma vez fui olhar pra atravessara rua e um carro bateu <strong>com</strong> o retrovisorna minha testa fazendo um corte.Graças a Deus não aconteceu nada demais grave e foi o único acidente que sofriaté hoje, nesses dez anos que cato papel”,lembra.E quando se trata de espaço nasvias públicas todo cuidado é pouco, principalmentese este espaço tenha que <strong>ser</strong>divido <strong>com</strong> os carrinheiros. “O motoristada capital já está tomando consciência deque o número da frota é muito maior doque a capacidade de fluidez do tráfego,conseqüentemente o trânsito tende a ficarcada vez mais lento, por isso o respeitoe a educação são imprescindíveis”,analisa o 2º tenente do Batalhão dePolícia de Trânsito (BPTran) de CuritibaAlexandre Lamour Viana. “Se os municípiosfizessem uma via exclusiva paraos carrinheiros, parecida <strong>com</strong> as ciclovias,<strong>ser</strong>ia ideal. No centro eles têm cuidado,mas nos bairros eles vão tirar o lixo edeixam o carrinho em qualquer lugar”,reclama Ruiz.2º Tenente Lamour: “O número da frotaé muito maior do que a capacidade de fluidezdo tráfego, por isso o respeito e a educaçãosão imprescindíveis”6Número de acidentes <strong>com</strong> carrinheiros vem aumentandoUma forma de ajudar a visualizaçãodos catadores é pintar os carrinhosde cores claras e incentivar o uso de roupas<strong>com</strong> cores chamativas pelos catadores.“Os municípios deveriam orientar edar assistência. Para que as informaçõessobre o <strong>com</strong>portamento no trânsito cheguemaos carrinheiros. Outra atitude <strong>ser</strong>iasinalizar os carrinhos <strong>com</strong> faixas reflexivas.Essas orientações poderiam <strong>ser</strong>dadas inclusive pelas associações de bairrospara os carrinheiros e carroceiros”,sugere o 2º tenente Lamour.Os carrinhos estão enquadradosno Código de Trânsito Brasileiro(CTB) <strong>com</strong>o veículos de propulsão humanae as carroças são classificadas <strong>com</strong>oveículos de propulsão animal, conformea classificação do capítulo 96.“Eles possuem características de veículoslentos e frágeis, por isso devem sempretransitar pela faixa da direita da via epelo mesmo sentido do tráfego de veículos”.Os descuidos ou a falta de sinalizaçãonos carrinhos e nas carroças sãoos principais motivos para ocasionar osacidentes de trânsito. No ano de 2006,em Curitiba, foram 11 acidentes <strong>com</strong> carroçase dois <strong>com</strong> carrinheiros, que resultaramem uma vítima. Até julho de 2007,foram registrados nove acidentes <strong>com</strong>carroças, dos quais resultaram cinco vítimas,e um acidente <strong>com</strong> carrinho de mão<strong>com</strong> vítima. “Se os números de 2007 semantiverem no mesmo ritmo, teremosuma estatística muito maior de acidentes<strong>com</strong> esse tipo de veículo”, prevê Lamour.Quase todos os carrinheiros conhecemou sabem de alguém que já sofreualgum acidente de trânsito enquantoestava trabalhando. “Uma colega minhafoi atropelada no viaduto. O carrinho ficou<strong>com</strong>pletamente destruído e deve estaraté hoje no pátio do <strong>Detran</strong>. Ela foi parao hospital e ficou uns quatro mesessem trabalhar”, conta Sidinei José deBrito Machado (37), que recolhe papelhá dez anos. Por isso todo cuidado é essencialpara evitar acidentes. “Os motoristasnunca me encheram a paciência.Procuro sempre andar pela direita, quandopreciso atravessar a rua olho bem praver se não vem carro ou se o carro estálonge o suficiente para desviar de mim.Quando preciso descer da calçada para arua, eu faço a mesma coisa e presto aatenção para ver se o motorista me viu eter a certeza de que ele <strong>vai</strong> ligar a seta eavisar o carro que vem atrás”, <strong>com</strong>pletaBrito.O taxista Dalcio Biza acredita que“os motoristas precisam prever a manobrado carrinheiro”Áurea Luzia Correa, 33 anos,demorou para tirar a habilitação³ por preguiça´Foto: Paulo da RosaFoto: Vanussa PopoviczA volta ao mundo cuidando do meio ambienteSidineiMachadojá teve colegas que sofreram acidentes de trânsito enquanto estavam trabalhandoCaso fosse possível, uma pessoapoderia dar a volta ao redor da Terrapercorrendo 12.750 km a<strong>com</strong>panhandoa linha do Equador. Se um carrinheiro trabalhar360 dias no ano, andando em média30 quilômetros de ida e mais 30 devolta, em um ano ele <strong>com</strong>pletaria esta distânciae ainda sobrariam 844 quilômetros.Ao conversar <strong>com</strong> os carrinheiros,logo se percebe que eles estão acostumados<strong>com</strong> a caminhada diária e por issonem sentem a distância percorrida.“Ando em média oito quilômetros pordia. Saio às duas da tarde e chego umasdez e meia da noite”, conta Brito. Ao perguntarqual o percurso que ele faz deuma ponta a outra sem a volta, calcula-seque ele anda no mínimo 30 km. “É queeu nunca parei para reparar o tanto queando”, defende-se. O mesmo acontece<strong>com</strong> José e <strong>com</strong> Lima. “Eu ando em média30 quilômetros por dia e recolho cercade 150 a 200 quilos de lixo. Tem lugaresque o papel que eu pego é certo, elesguardam pra mim, mas no geral tenhoque sair catando na sorte”, afirma Lima.Depois da coleta, os catadoresseparam o material conforme o tipo (papelbranco, papel colorido, alumínio,etc.) para poder vender. Algumas cooperativasjá possuem <strong>com</strong>pradores fixos paradeterminados materiais, <strong>com</strong>o por<strong>exemplo</strong>, o papelão. Os demais materiaissão vendidos para as empresas queofertam um valor maior pelo produto.Quando o catador trabalha para uma cooperativageralmente ele ganha o carrinhoe tem um barracão definido para fazer aseparação do material. Já quando trabalhapor conta própria, o carrinheiro é responsávelpela fabricação e manutençãodo carrinho, bem <strong>com</strong>o pela separação evenda do material coletado.O secretário do Meio Ambientedo Paraná Rasca Rodrigues afirma que“Os carrinheiros ou catadores são importantesagentes ambientais que recolhemgrande parte dos resíduos recicláveise os separam, impedindo que estesmateriais ocupem espaço nos aterros controlados,proporcionando a correta destinaçãofinal de resíduos que podem e devem<strong>ser</strong> reaproveitados”. Em algumas cidades,os catadores são responsáveis pelorecolhimento de até 95% dos materiaisrecicláveis.A reciclagem pode aumentarem até 20 anos a vida útil dos aterros controlados.Toda a sociedade pode ajudarno trabalho do catador. A maneira maissimples e eficiente de ajudar é fazer a separaçãodo lixo. O reciclável deve estarseparado e, de preferência limpo, paraevitar o mau cheiro, <strong>com</strong>o nos casos dasembalagens de laticínios e carnes. Tentarreaproveitar o lixo orgânico, <strong>com</strong>o cascasde frutas e verduras, seja na forma deadubo ou de receitas, também ajuda a diminuiro volume do lixo.Para as indústrias, a vantagemde reciclar está no custo do material, queé mais barato do que a matéria-prima brutaretirada dos recursos naturais. “Outroponto a <strong>ser</strong> destacado é a promoção da inclusãosocial dos catadores, que muitasvezes sobrevivem deste trabalho”, explicao secretário Rodrigues.Alguns produtos <strong>com</strong> de<strong>com</strong>posiçãorápida já estão sendo criados. Assacolas biodegradáveis, por <strong>exemplo</strong>, sede<strong>com</strong>põe em até 18 meses, enquanto assacolas de plástico <strong>com</strong>um demoram cercade 400 anos. As sacolas feitas <strong>com</strong>plástico oxibiodegradável custam cercaParaNabirJosé Esconiscki, a carteira de habilitação garantiua sensação de dignidade por poder andar habilitadode 12% a mais que as sacolas <strong>com</strong>uns,mas o benefício para o meio ambiente<strong>com</strong>pensa qualquer custo.Quanto vale o quilo do lixo reciclávelpara um catadorPapelão R$ 0,24Papel Branco R$ 0,35Papel Colorido R$ 0,17Jornal R$ 0,13Garrafa Pet R$ 0,40Caixa de leite R$ 0,05PVC R$ 0,30Litro de plástico R$ 0,40Copo de plástico R$ 0,20Cristal R$ 0,70Alumínio R$ 3,70Cobre R$ 7,50Confira o tempo que alguns produtos demoram para se de<strong>com</strong>porProdutoJornaisPapelCascas de frutas, verduras e legumesChicleteLatas de alumínioPlásticosGarrafa de vidrosFraldas descartáveisOs preços oscilam conforme a demandade mercado e de onde são vendidos os produtos.Tempo de de<strong>com</strong>posição (estimado)2 a 6 semanas2 a 4 semanas3 meses5 anos100 a 500 anos450 anosMais de 1.000 anos500 anosFoto: Vanussa Popovicz7


TECNOLOGIASoftware livreé para todosSoluções de correio eletrônico,gerenciador de fluxo de trabalho, suítede escritório, métodos e padrões para odesenvolvimento de sistemas, páginasna internet e telefonia sob IP. Aos poucos,os programas de <strong>com</strong>putador de códigoaberto, os softwares livres, vãodominando os ambientes informatizadosdo Governo do Paraná.A Celepar, a empresa públicaparanaense responsável pelo desenvolvimento,manutenção e assessoramentodo governo na área de informática,se transformou nos últimos cincoanos em referência internacional dosoftware livre. As soluções se multiplicampor todas as áreas. No setor detrânsito, sistemas <strong>com</strong>o os de registro econtrole de veículos e de habilitação decondutores, utilizados pelo <strong>Detran</strong>/PR,do banco de dados à interface gráficaforam desenvolvidos integralmente emsoftware livre. São sistemas de alta<strong>com</strong>plexidade, que envolvem cerca de3,5 milhões de registros de veículos eigual número de carteiras de motoristas.Produtos da Celepar, <strong>com</strong>oo correio eletrônico Expresso,já estão sendo utilizados pelosgovernos estaduaise governo FederalO caso <strong>Detran</strong> <strong>ser</strong>ve paraafastar as dúvidas sobre a eficácia dessetipo de tecnologia. Esse é apenas um<strong>exemplo</strong>. Grande parte da infraestruturade tecnologia da informaçãodo Governo está baseada em <strong>ser</strong>vidores<strong>com</strong> software livre. A maioria daspáginas, sítios e portais do governo nainternet, são em software livre. Um dosmaiores programas de inclusão digitaldo país, o Paraná Digital, da Secretariada Educação, só foi possível graças aosprogramas de código aberto. O mesmopode <strong>ser</strong> dito sobre a versão eletrônicado Diário Oficial do Estado.Produtos da Celepar, <strong>com</strong>o ocorreio eletrônico Expresso e o sistemade controle e a<strong>com</strong>panhamento deresultados de projetos, já estão sendoutilizados por alguns governos estaduaise governo Federal. As administrações deSanta Catarina e Sergipe também jálevaram os códigos do Programa ParanáDigital. O Serpro <strong>vai</strong> utilizar os métodose padrões da Celepar para o desenvolvimentode seus sistemas, a plataformaPinhão Paraná. O Boletim deOcorrências Unificado, da Secretaria deSegurança, também já rompeu fronteirase está sendo implantado em váriosestados.Vitrine - A excelência dessesprodutos pode <strong>ser</strong> avaliada pelos mais detrês mil participantes da IV ConferênciaLatino-Americana de Software Livre -Latinoware 2007, realizada emnovembro último em Foz do Iguaçu(PR). Da grade do evento, pelo menosdoze por cento foi preenchida porpalestras, mini-cursos, oficinas eencontros de <strong>com</strong>unidades relacionadosàs soluções desenvolvidas pela estatalparanaense.Para o presidente da Celepar,Nizan Pereira, o evento foi mais umagrande oportunidade para a troca deexperiências entre usuários edesenvolvedores. “Mais do que umavitrine para seus produtos e <strong>ser</strong>viços, oGoverno do Paraná possui a prática dedividir <strong>com</strong> todos o resultado de suaspesquisas e o conhecimento acumulado,Abertura da Latinoware 2007: mais de 3 mil participantesuma das essências do MovimentoSoftware Livre”, afirma Nizan Pereira.“Independente dos resultadoseconômicos e tecnológicos, o softwarelivre tem se mostrado um importantepólo aglutinador de <strong>com</strong>unidades pormeio da internet e de encontrospresenciais <strong>com</strong>o a Latinoware”,emenda Julian Fagotti, assessor deAções Institucionais e de Relações <strong>com</strong>a Comunidade da Celepar e um doscoordenadores do evento.Ao lado dos técnicos daCelepar, desfilaram pela Latinowarevários palestrantes de renomeinternacional, <strong>com</strong>o Richard Stallman, ohacker fundador do Movimento FreeSoftware e autor do conceito que embasaa Licença Pública Geral (LPG) queregulamenta o uso do software livre emtodo o mundo. Outro importantepalestrante foi Jon "Maddog" Hall, umdos fundadores do movimento OpenSource internacional e que desde 1995preside a Linux International, umaassociação sem fins lucrativospatrocinada por empresas de granderelevância internacional na área detecnologia da informação.Nizan Pereira: “O Governo do Paraná possui a prática de dividir <strong>com</strong> todoso resultado de suas pesquisas”8 9Foto:Celepar


COMPORTAMENTOExpdireta dos homens, fazia <strong>com</strong> que opreconceito em relação a elas aumentasseainda mais. Então, <strong>com</strong>o mostrar queo clube que elas criaram <strong>ser</strong>ia algoconcreto, <strong>com</strong> projetos, e não apenas umpassatempo momentâneo? Elas sabiamque, independente do sexo, para o clubede colecionadores se destacar <strong>ser</strong>iapreciso realizar eventos que repercutisseme mostrassem a "cara" do grupo."Confiávamosque o fato de <strong>ser</strong>mosmulheres em um meio dominado porhomens já <strong>ser</strong>ia um diferencial capax deatrair atenção. Precisávamos passar aconfiança que tínhamos no nosso projetopara o público", conta Miriam.Para isso, elas passaram a lermais sobre carros e trânsito, e até mesmoo tema mecânica tornou-se assunto dasrodinhas de bate-papo. "Quando passamosa mostrar interesse no assunto,mostrar que sabíamos até sobre o funcionamentodos motores, suspensão eoutros elementos dos automóveis,passamos também a ter mais credibilidadejunto ao meio dos colecionadores. Foio primeiro passo para quebrarmos abarreira do preconceito", diz Ivone.siçõesFoto: Paulo da RosaFernanda Boscardin e sua pick up Ford ano 1931Dentre as principais atividadese eventos realizados por um clube de colecionadoresestão as exposições dos veículos.As exposições do ELAS, além deorganizadas por mulheres, têm outro diferencialque aparece <strong>com</strong>o “marca registrada”do clube, a filantropia. “Antesmesmo de fundar o clube, nós tínhamos aintenção de quando fossemos realizar oseventos, sejam exposições ou encontros,fazer <strong>com</strong> que os ingressos destes eventosse transformassem em uma forma derealizar a filantropia. Usar o belo para oapoio social”, afirma Glenys. Assim, todosos eventos realizados pelo ELAStêm os valores dos ingressos revertidosem alimentos ou roupas para <strong>ser</strong>em doadosa instituições de filantropia ou diretamentepara <strong>com</strong>unidades carentes.Além disso, os ingressos das exposiçõesde veículos podem <strong>ser</strong> adquiridos por meioda doação de alimentos.Anualmente o ELAS realiza nomínimo duas exposições. Uma delas em<strong>com</strong>emoração ao aniversário do clubeno mês de novembro, e outra geralmenteem junho <strong>com</strong>o parte do circuito de exposiçõesde colecionadores de carros antigos.Na exposição realizada em junho,o ELAS se consagrou de vez <strong>com</strong>oum dos principais grupos de colecionadoresdo Paraná, e também do Brasil.Quebrando mais um paradigma, o ELASorganizou uma exposição que durou novedias. “É raríssimo um evento destesdurar mais que um fim de semana.Conseguimos manter um bom nível emnove dias de exposição”, conta a vice-Anderson MacielMulheres dão um toqueespecial e democráticoao movimento doscolecionadores de automóveisCaso dependa de Glenys Bessler,Miriam Buso, Ivone Imay e <strong>com</strong>panhia,o machismo que impera quando oassunto é carro <strong>vai</strong> desaparecer em poucotempo. Essa mulheres fazem parte doClube ELAS, o primeiro - e único- clubefeminino de colecionadores de carrosantigos do Paraná. "Quando tivemos aidéia de montar o clube, muitos homens,principalmente colecionadores, torceramo nariz. Diziam que não iria darcerto e que não era coisa pra mulher. Otípico machismo, que no meio automobilísticoparece <strong>ser</strong> ainda pior", contaGlenys, atual presidente e uma dasfundadoras do Clube Feminino deAutomóveis Antigos e Especiais doParaná, mais conhecido pela sigla,ELAS.O ELAS surgiu de uma dissidêncianum dos clubes de colecionadoresda capital paranaense. Glenysparticipava deste clube e almejava maisespaço para a participação feminina.Mas, ao perceber a impossibilidade deuma abertura do seguimento paraatuação das mulheres, ela e a amigaMirian Buso decidiram fundar, emnovembro de 2003, o ELAS.Desde a fundação do clube, opreconceito sempre foi um feroz adversáriodestas mulheres. A maioria delas<strong>com</strong>eçou a se interessar por carrosantigos no embalo da paixão dos maridos,irmãos ou pais que já eram colecionadores.Este é o caso de FernandaPedrozo Boscardin (31), que <strong>com</strong>eçou ase interessar por carros antigos a<strong>com</strong>panhandoo marido que já era colecionador."Há dois anos <strong>com</strong>prei uma pick upFord fabricada em 1931 e hoje, mais doque um hobby, colecionar e participardos eventos de automóveis antigos setornou uma paixão", conta Fernanda,que confessa sentir muito ciúme do seuFord.O fato do interesse da maioriadelas por carros antigos ter influênciaGlenys e seu xodó, um Pag Nick (Projeto Avan Gard), carro desenhado por Anísio Campose que só teve uma série fabricada10 11


TRÂNSITOCuidado<strong>com</strong>o poste!presidente Miriam. Ao todo 360 carrosparticiparam da exposição, e mais de 30mil pessoas passaram pelo estacionamentode um shopping da capital paraver de perto as máquinas. “É uma viagemno tempo que faço todas as vezesque venho a exposições <strong>com</strong>o esta.Saudade do tempo em que dirigia carros<strong>com</strong>o estes. Hoje os carros são mais confortáveis,modernos, mas prefiro os antigos.Até o trânsito era melhor. Tinhammenos carros, menos acidentes, e maistranqüilidade e respeito”, conta, <strong>com</strong> osolhos brilhando, Adir de Souza de 79anos.Engana-se quem pensa que apenasos mais velhos gostam de carros decoleção. Vítor Murilo Weidman, de apenasoito anos, sempre pede à sua mãe parair as exposições de automóveis antigos.“Ele adora carros, e ama ver os antigospara depois fazer os desenhos em casa.Por a<strong>com</strong>panhá-lo também passei agostar, e sempre venho nas exposições”,diz Sandra Weidman, mãe de Vítor, o meninoque já pensa em <strong>ser</strong> colecionador decarros antigos e projetista de carros do futuro.“Faço os desenhos misturando partesdos carros antigos e partes dos maisnovos”, conta Vítor.É visível o cuidado e a preocupaçãodas integrantes do ELAS <strong>com</strong> osdetalhes da exposição. Tudo é muitobem pensado, até mesmo a participaçãode outros grupos no evento. “Tentamosfazer o evento mais democrático possível.Todos os clubes são convidados aparticipar, e outros grupos ligados ao meio,<strong>com</strong>o, grupos de vendas de peças”,conta Glênis, que faz questão de ressaltara importância de outros clubes, parceirose apoiadores do evento. “Tem colecionadorque traz os carros e volta deônibus para casa. Sabemos o quanto é importantepara ele este carro. Para muitosé <strong>com</strong>o se fosse um filho. Então, essa colaboraçãoé muito importante e nós a valorizamos.Nossa retribuição é organizarmuito bem o evento”.A participação de vários segmentosdos colecionadores representabem o espírito democrático que o clubeELAS tenta repassar nos seus eventos.“Não há descriminação nas nossas exposições.Tanto carros de fibra (vidro, carbono),<strong>com</strong>o os de lata, importados ou nacionais,todos são bem recebidos”, dizIvone.Pode se dizer que o sucesso doclube ELAS, que hoje conta <strong>com</strong> 70 mulheresassociadas, representa uma vitóriadas mulheres dentro de um meio historicamentemasculino. Por isso é bomressaltar a mudança que este clube trouxepara o movimento dos colecionadoresde automóveis do estado do Paraná. Asmudanças são perceptíveis até mesmono depoimento de alguns homens que visitarama última exposição realizada peloclube. “Que evento bem organizado.Só poderia <strong>ser</strong> coisa de mulher mesmo!”João Varella: “O pior é que não tem desculpas num caso deste. Não dá pra dizer que não vi o objeto vindo ou se mexendo”Mariele PassosQuando se pensa em trânsito,normalmente tem-se a idéia de movimento:carros, motos e ônibus em circulação,pedestres caminhando. Talvez porisso, não se espera, por <strong>exemplo</strong>, um acidentede trânsito envolvendo objetos parados,<strong>com</strong>o aconteceu <strong>com</strong> o estudanteJoão Cezar Varella (22). “Bati em doispostes dentro de um estacionamento. Opior é que não tem desculpas num casodeste. Não dá pra dizer que não vi o objetovindo ou se mexendo”, diz Varella.De acordo <strong>com</strong> as estatísticasdo Departamento de Trânsito do Paraná(<strong>Detran</strong>/PR), de janeiro a junho desteano, no estado, aconteceram cerca de3.121 acidentes envolvendo objetos parados.Destes, 919 foram acidentes <strong>com</strong> vítimas.Distração e excesso de atividadespodem influenciar diretamentena ocorrência de acidentes de trânsito,até mesmo <strong>com</strong> obstáculos paradosNeuza Corassa, psicóloga especialistaem medos e fobia de dirigir, justificaeste tipo de acidente em razão do<strong>com</strong>portamento do indivíduo. “A pessoatem que estar <strong>com</strong> o <strong>com</strong>portamento muitoalterado”, diz. Ela explica que um dosfatores que pode provocar o choque contraobstáculos parados pode <strong>ser</strong> o excessode atividades da pessoa no dia-a-dia,problema que os especialistas em trânsitojá vêm abordando nos últimos anos.“Por estarem muito sobrecarregadas, aspessoas não percebem que estão entrandono carro, por isso se <strong>com</strong>portam <strong>com</strong>ose ainda estivessem em casa.Provavelmente a pessoa está <strong>com</strong> o pensamentolonge, não está atenta as mudançasde ambiente, e talvez não estejaprestando a devida atenção no trânsito”.É o que aconteceu <strong>com</strong> o advogadoPedro Henrique Santos Farah (22)que num momento de distração sofreuum acidente. A rua que Farah conduziaseu veículo estava bem sinalizada e o carroestava em perfeitas condições mecânicas.Quando chegou próximo a umapreferencial o veículo da frente parou e<strong>com</strong>o os pensamentos estavam vagando,Farah continuou dirigindo. “Depois dabatida reconheci o erro e agora tento <strong>ser</strong>mais cuidadoso para que um acidentenão seja provocado por culpa da distração”.Varella conta que em uma ocasião,ele foi o 'objeto' parado. “Não só batiem objeto parado, <strong>com</strong>o já fui um objetoparado acertado por uma moto. Eu estavana calçada de uma rua do centro de1213Foto: Paulo da Rosa


Choque <strong>com</strong> objetos fixos (2007)Paraná CuritibaTotal Com vítimas Sem vítimas Total Com vítimas Sem vítimasJaneiro 841 272 569 52 22 30Fevereiro 809 275 534 54 18 36Março 837 265 572 56 23 33Abril 895 308 587 62 24 38Maio 953 344 609 68 29 39Junho 859 313 546 56 25 31Julho 951 318 633 65 24 41Total 6145 2095 4050 416 165 248A falta de atenção ao volante influi muito na ocorrência de acidentes contra obstáculos paradosCuritiba, quando um motoboy me atropelou.Sorte minha, que fora o grandesusto, só tive alguns machucados leves”.Os objetos parados não são raros no percursode Varella <strong>com</strong>o motorista. “Logoapós eu tirar a minha carteira de habilitaçãojá havia me envolvido num pequenoacidente. Saí da garagem <strong>com</strong> o carro eraspei a lateral num poste do estacionamento.E o pior, quando engatei a ré, batino outro poste do mesmo estacionamento.Ainda não tinha noção de distância”,conta. Em outra ocasião o estudante quasebateu seu carro em um poste quandovoltava de uma noitada. “Sabe aquelesadolescentes bobos que acabaram de tirara carteira e depois de encher a cara decerveja pensam que podem sair dirigindopara mostrar para os amigos que é obom? Pois é, eu já fiz dessas besteiras”,conta ele, sobre o ato imprudente. Em todosos acidentes provocados por Varella14os veículos estavam em perfeitas condiçõesmecânicas. Hoje, ele se consideraum bom motorista, mas confessa que emalguns momentos no trânsito o pensamentoestá longe, assim <strong>com</strong>o a atençãoao volante.No entanto, algumas vezes podeacontecer de o condutor tentar evitarum acidente mais grave, fruto da distraçãodo outro condutor, e sofrer uma colisãoem um objeto fixo. Foi o que aconteceu<strong>com</strong> o advogado Eduardo Ciochetta.Certo dia, ele conduzia seu carro, que estava<strong>com</strong> apenas seis meses de uso, quandooutro automóvel atravessou o sinalvermelho justo no cruzamento em queele passava. Para evitar uma colisão,Eduardo desviou do veículo que, alémde furar o sinal, vinha em alta velocidade.Apesar do esforço para evitar um acidente,Ciochetta acabou colidindo <strong>com</strong>um carro que estava estacionado na rua.“Lembra até uma música conhecida. Eubati em uma Brasília amarela <strong>com</strong> rodasgaúchas”, conta Ciochetta, que felizmentenão se machucou.Para evitar acidentes parecidos,a psicóloga Neuza destaca que primeiroas pessoas precisam fazer escolhas e darconta das várias atividades no dia paraque, quando estiverem conduzindo umveículo, toda atenção esteja voltada parao trânsito e não para os problemas cotidianos.Depois elas precisam procurarexercitar o corpo, fazer uma atividade física,movimentarem-se, porque assim libera-sea endorfina (substância produzidapelo cérebro depois de uma atividadefísica, a qual é capaz de ajudar a reduzira ansiedade e o estresse). Por fim, o maisimportante: resgatar valores, <strong>com</strong>o o respeito,que anda esquecido por muitoscondutores.Foto: Anderson MacielLondrina CascavelTotal Com vítimas Sem vítimas Total Com vítimas Sem vítimasJaneiro 42 11 31 19 6 13Fevereiro 51 12 39 26 8 18Março 44 12 32 33 8 25Abril 59 19 40 32 10 22Maio 53 18 35 42 9 33Junho 58 17 41 38 9 29Julho 65 15 50 31 4 27Total 372 104 268 221 54 167Ponta Grossa GuarapuavaTotal Com vítimas Sem vítimas Tota Com vítimas Sem vítimasJaneiro 27 6 21 14 0 14Fevereiro 25 6 19 8 4 4Março 23 2 21 13 3 10Abril 20 3 17 16 4 12Maio 21 5 16 8 5 3Junho 30 4 26 15 5 10Julho 22 7 15 12 3 8Total 168 33 135 86 24 61Foz do IguaçuTotal Com vítimas Sem vítimasJaneiro 17 6 11Fevereiro 24 6 16Março 19 4 15Abril 21 4 17Maio 23 6 17Junho 26 6 20Julho 30 5 25Total 160 37 12115


ENTREVISTATenente-coronel Jorge Costa FilhoComandante do BPTranbasta de crimes no trânsitoBPTran intensifica o <strong>com</strong>bate aos “rachas” e “pegas” para que inocentesnão paguem <strong>com</strong> a vida a ir<strong>responsabilidade</strong> de motoristas criminososAnderson MacielPare:Foto: Paulo da Rosacrime, para depois fazermos asoperações e posteriormente asapreensões e encaminhamento dosveículos envolvidos nos rachas.Detrânsito - O que motivou o iníciodas operações de <strong>com</strong>bate aos rachas epegas? Foram denúncias, dadosestatísticos de acidentes ou oplanejamento do próprio batalhão?Costa - Foi uma somatória de todos estesfatores. Nós tínhamos informações arespeito da prática destes crimes e emvirtude destas informações, muitas delasvindas de denúncias, fizemos oplanejamento utilizando também dedados estatísticos de acidentes.Detrânsito - O BPTran conta <strong>com</strong> oauxílio de outras instituições, <strong>com</strong>o aPM, Polícia Rodoviária, <strong>Detran</strong>,Diretran, ou até mesmo da própriapopulação?Costa - Hoje em dia, até seguindo afilosofia adotada no Estado pelogovernador Roberto Requião, todotrabalho tem que ter cooperação e parceria<strong>com</strong> a <strong>com</strong>unidade, assim <strong>com</strong>oacontece <strong>com</strong> o projeto POVO (PoliciamentoOstensivo Volante, projetodo governo do Estado, no qual ospoliciais militares trabalham emparceria <strong>com</strong> a <strong>com</strong>unidade parasolucionar preventivamente osproblemas de segurança pública). E aparceria acontece não somente <strong>com</strong>estas instituições mencionadas, mastambém <strong>com</strong> a Polícia Civil. Já <strong>com</strong>relação à participação da populaçãodevemos destacá-la, pois esta tem sidofundamental para que consigamos teruma maior eficiência em nossostrabalhos de <strong>com</strong>bate e repreensão aoscrimes de trânsito. O apoio da população,as denúncias e a colaboração desta, sãoimportantes para o <strong>com</strong>bate de todos ostipos de crime, não somenterelacionados ao trânsito.média alta e alta, assim <strong>com</strong>o nas regiõesmais periféricas <strong>com</strong> condutores declasse média e média baixa. Ou seja, éum tipo de crime que acontece em todasas regiões da cidade e os infratorespertencem as mais variadas classessociais. Ainda <strong>com</strong> relação aos locaisonde ocorrem os rachas, constata-se quenas áreas próximas a postos de<strong>com</strong>bustíveis, onde existam locais paraestacionamentos, parques e praçasaconteciam os rachas <strong>com</strong> maisfreqüência. Os locais onde eram famososos rachas, <strong>com</strong>o o Parque Náutico,Abranches, Sítio Cercado, Avenida Batel,o BPTran já conseguiu reprimir estaspráticas e hoje o trânsito é mais tranqüiloe seguro para a população.Detrânsito - Em algum momento foidetectado que os motoristas haviamconsumido álcool ou tinham usadoalgum outro tipo de droga?Costa - Foi detectado que alguns dosmotoristas haviam ingerido bebidasalcoólicas, e esse fato foi acrescentadona ocorrência do motorista alcoolizado,o que faz <strong>com</strong> que esta se agrave. Já <strong>com</strong>relação a outros tipos de drogas nada foiconstatado.Detrânsito - O que deve acontecer <strong>com</strong>os motoristas envolvidos na práticadestes crimes?Costa - Além da notificação, a provávelsuspensão da Carteira Nacional deHabilitação e em alguns casos até a cassaçãoda habilitação. Fora isso aapreensão do veículo, e se houver o flagrante,o motorista deverá responder criminalmentejunto a Delegacia de Trânsito.Pneus fritando, cavalinho-depaue disputas para ver qual carro é mais Batalhão de Trânsito. Porém, o que faz rachas é um potencial causadorlei é muito branda <strong>com</strong> quem <strong>com</strong>ete<strong>com</strong>bate e fiscalização por parte do especial a este assunto, pois o motoristaDetrânsito - O senhor acredita que aveloz em ruas e rodovias, tudo isso <strong>com</strong>andante do BPTran faz questão de de acidentes, e o pior, graves acidentes.este tipo de crime, a ponto até derepresenta um dos principais alvos para lembrar que a função do Batalhão não é As ações são continuadas, sendo quepermitir manobras judiciais para queas operações do Batalhão de Polícia do apenas emitir multas e que além de todos os locais em que o batalhão esteveas punições sejam inferiores aTrânsito (BPTran), o <strong>com</strong>bate aos <strong>com</strong>bater e fiscalizar, também é a fim de <strong>com</strong>bater este tipo de crime sãogravidade destes atos?Costa - O Batalhão colocou a disposiçãoda população o “Disk Racha”, quecrimes de trânsito. “Queremos acabar necessário e importante orientar os a<strong>com</strong>panhados posteriormente. Onde oDetrânsito - Qual o perfil dos motoristasenvolvidos e os locais aonde Costa - Em todos os casos temos que é o telefone (41) 3281 1616, no qual o<strong>com</strong> os rachas, pegas e outros tipos de motoristas e pedestres para que seja batalhão atuou não tem mais racha.crimes que colocam em risco a vida da possível ter um trânsito mais seguro paraocorrem mais rachas?respeitar a decisão da Justiça, afinal cidadão pode ligar a qualquer hora dopopulação. Não é justo que alguém todos.Detrânsito - Como é realizado ovivemos em uma democracia, e por isto dia e fazer a denúncia informando local,morra em função da ir<strong>responsabilidade</strong><strong>com</strong>bate a estes crimes de trânsito?Costa - A grande maioria se encontra na todos têm direito de tentar recorrer. Não horário e possíveis envolvidos, pois,de um motorista criminoso”, afirma ofaixa etária de 18 a 29 anos de idade e do é da nossa alçada julgar o mérito se é ou <strong>com</strong> certeza o setor de inteligência dotenente-coronel Jorge Costa Filho (46), Detrânsito - Quando <strong>com</strong>eçaram as Costa - A partir das denúncias esexo masculino, e de acordo <strong>com</strong> a não branda a lei, a nossa preocupação é BPTran irá monitorar o local, identificar<strong>com</strong>andante do BPTran desde setembro operações de <strong>com</strong>bate e repressão aos informações a respeito dos locais,região da cidade onde os rachas são fazer <strong>com</strong> que ela seja cumprida e que o os infratores e na seqüência <strong>ser</strong>ão feitasdeste ano e entrevistado desta edição da rachas e pegas? São ações que horários e a maneira <strong>com</strong>o sãopraticados também se estabelece o nível cidadão de bem possa circular operações <strong>com</strong> objetivo de tirar deDetrânsito. Combater diariamente o continuarão?praticados estes crimes, nós entãosocial destes infratores. Porém, em tranqüilamente e sabendo que não terá circulação esses motoristas infratorescrime não é novidade para Costa, afinal,realizamos os trabalhos de inteligência eproporções muito equivalentes se nenhum louco ao volante para colocar a assim <strong>com</strong>o os seus veículos. Conformeele faz parte da Polícia Militar do Paraná Jorge Costa Filho - Desde que assumi o investigação, monitoramos os locais,ob<strong>ser</strong>va à prática do racha em bairros sua vida em risco.a situação providenciar a cassação dahá 32 anos. Nesta entrevista ele nos <strong>com</strong>ando do BPTran nós, policiais do levantamos informações sobre osnobres e região central, <strong>com</strong> condutoresCNH do motorista envolvido econta <strong>com</strong>o funcionam as operações de batalhão, procuramos dar uma atenção motoristas que <strong>com</strong>etem este tipo depertencentes a classes sociais média, Detrânsito - Quais as outras opera-apreensão do veículo.16 17ções do BPTran em busca da reduçãode acidentes e <strong>com</strong>bate aos crimesligados <strong>com</strong> o trânsito?Costa - Com base em levantamentosestatísticos e planejamento, opoliciamento foi intensificado nos locais<strong>com</strong> maior incidência de acidentes paraque possamos diminuir ou até mesmoevitar os acidentes nos locais maiscríticos. Em Curitiba temos feito um tipode operação específica <strong>com</strong>motocicletas <strong>com</strong> garupa, tendo em vistao grande volume de assaltos envolvendoos condutores e passageiros dasmotocicletas, que aproveitam situaçõesdo trânsito para <strong>com</strong>eter crimes. Assim oBPTran cumpre, além da fiscalização detrânsito, o trabalho na área de segurançapública a fim de melhorar não somente aqualidade do trânsito, mas também aqualidade de vida da população emtodos os níveis.Detrânsito - Quais foram os resultadosdestas operações?Costa - Temos informações que na áreacentral da cidade já diminuiu bastante onúmero de assaltos envolvendomotocicletas. Nos locais de rachapraticamente acabou a reclamação dapopulação. Com isso acredito que oobjetivo do Batalhão de Trânsito temsido cumprido. Contudo, <strong>com</strong>o já disseanteriormente, as operações sãocontínuas e apesar dos resultadospositivos não iremos esmorecer emnossas atuações, e sim reforçar opoliciamento cada vez mais.Detrânsito- Além da atuação doBPTran no <strong>com</strong>bate aos rachas, pegase crimes relacionados <strong>com</strong> o trânsito,o que mais pode <strong>ser</strong> feito para acabar,ou ao menos tentar reduzir estaspráticas, e <strong>com</strong>o a população podeparticipar e colaborar na repreensãodestes crimes?


CAMINHÕESTURISMOTransportede cargas perigosasPorto de Paranaguá, arte e históriaPara garantir mais segurançanas estradas e precisão na fiscalização eprevenção de acidentes <strong>com</strong> produtosperigosos, 30 policiais do Batalhão daPolícia Rodoviária (BPRv), da PolíciaMilitar, e dois funcionários doDepartamento de Estradas de Rodagem(DER) realizaram, em Curitiba, o cursode atualização profissional na área,promovido pela Coordenadoria Estadualda Defesa Civil."O assunto tratado não é apenasuma preocupação nossa, mas é mundiale de <strong>com</strong>plexidade muito maior do queimaginamos", alertou o coronel AnselmoJosé de Oliveira, secretário chefe daCasa Militar e coordenador da DefesaCivil.Os alunos receberam informaçõese treinamento para difundir oconteúdo nas seis <strong>com</strong>panhias do BPRve fizeram aula prática em um dos postospoliciais rodoviários na região deCuritiba.RESPONSABILIDADE - Para o coronelAnselmo, há necessidade de se pensarde forma diferente a prevenção dosacidentes <strong>com</strong> cargas perigosas."Tivemos 83 acidentes <strong>com</strong> cargasperigosas registradas no Estado nesteano e o trabalho que fazemos nestesentido é bom, mas acredito que aindapodemos <strong>ser</strong> referência", enfatizou.Segundo o coronel, <strong>ser</strong>á importanteter conhecimento maior a respeitode toda a rota de movimentação dessesprodutos, pensar na responsabilizaçãodaqueles que carregam e na habilitaçãodevida dos motoristas. "É inconcebível otransporte desse tipo de carga em umcaminhão sem equipamentos desegurança, ou mesmo, <strong>com</strong> um pneu quenão esteja em condições mínimas e que omotorista não tenha sido qualificadopara o trabalho. São situações encontradashoje nas estradas, infelizmente.Precisamos diminuir esses riscos ealertar a população", explicou o coronel."Não é apenas uma preocupação nossa,mas mundial e de <strong>com</strong>plexidademuito maior do que imaginamos"FISCALIZAÇÃO - O <strong>com</strong>andante doBPRv coronel Rodrigo Larsen Carstenslembrou que são 15 mil quilômetros derodovias paranaenses sob jurisdição doBPRv. Por isso é fundamental capacitaros policiais na prevenção de acidentes<strong>com</strong> cargas perigosas. "Temos grande<strong>responsabilidade</strong> e não podemos fazervistas grossas para este problema. É umasituação que envolve não só a segurançarodoviária isoladamente, mas principalmenteconseqüências ao meio ambiente",salientou.O <strong>com</strong>andante do BPRv citoupesquisas que apontam que 89% dosacidentes <strong>com</strong> produtos perigosos são detombamento e apenas 11% de colisão. Eque geralmente esses tombamentosacontecem em pontes, contaminandofontes de abastecimento de água dapopulação.Foto: Paulo da RosaMaior porto graneleiro da América Latina recebe turistas.A visita, realizada no final de semana, é gratuitaDesde 2006 o Porto deParanaguá abriu suas portas aos turistasinteressados em conhecer as atividadesdo maior porto graneleiro da AméricaLatina. De janeiro a julho deste ano,mais de 20 mil pessoas estiveram emParanaguá para um passeio que dura emmédia 40 minutos e é oferecido nosfinais de semana.A visita ao Porto de Paranaguáé gratuita e <strong>com</strong>eça na sede daAdministração dos Portos de Paranaguáe Antonina (Appa) - onde está o paineldo artista parnanguara Emir Roth - etermina no cais, onde é possívelentender a rotina do Porto e tirar fotosdos navios em plena operação. Parapalestras, visitas técnicas ou durante asemana, é necessário agendamento pelotelefone (41) 3420 1134 ou pelo e-mailsilvanaleal@pr.gov.br.Além de turistas, estudantes,empresários, prefeitos, deputados eautoridades federais, o Porto tambémrecebeu neste ano delegações da França,da Alemanha, da Argentina, da Guatemala,do Canadá e dos Estados Unidos.Visitantes de outros Estados -Minas Gerais, São Paulo, Brasília e Riode Janeiro - também costumam vir aoParaná para conhecer o terminal públicoparanaense.Painel - O painel que envolve oauditório da Administração dos Portosde Paranaguá e Antonina (Appa), deautoria do artista plástico parnanguaraEmir Roth, foi restaurado 30 anos apóssua confecção. A obra - uma das maisimportantes produzidas por artistasparanaenses - possui cerca de 40 metrosde circunferência e 2,5 metros de altura eé uma atração à parte para os visitantesque chegam ao Porto para conhecer asinstalações portuárias.Ela retrata a história de Paranaguá,quando os colonizadores portugueseschegaram e os jesuítas <strong>com</strong>eçaram acatequizar os indígenas. A obra mostra,também, o desenvolvimento econômicodo Paraná ligado à agricultura, pesca, osciclos econômicos do Estado e o inícioda atividade portuária.Serviço:Visitas guiadas gratuitas ao Porto deParanaguáAos sábados e domingos, às 9h30,10h30, 11h30, 14h30, 15h30 e 16h30Mais informações: (41) 3420 1134 oupelo e-mail silvanaleal@pr.gov.brCURIOSIDADES- No contexto histórico do Paraná, o Porto de Paranaguá foi a porta de entrada paraos primeiros povoadores do Estado e, desde a segunda metade do século XVI, temsido o principal exportador da região Sul- Paranaguá é o maior porto graneleiro da América Latina. Em 2006, foramexportadas pelo terminal paranaense 4.046.803 toneladas de soja e 3.347.487toneladas de milho.- Além dos grãos, outras cargas têm lugar importante no Porto de Paranaguá, <strong>com</strong>oos carros. Exportação e importação de veículos são feitas por um berço especial,chamado de dolphin, que atende montadoras <strong>com</strong>o Renault e Volkswagem- A importação de fertilizantes é um dos destaques do Porto. No ano passado,4.826.763 toneladas chegaram por Paranaguá, principalemente uréia, usada paracorreção de solo de lavouras <strong>com</strong>o a cana-de-açúcar.- A movimentação de contêineres é feita pelo Terminal de Contêineres deParanaguá (TCP), que chegou a movimentar no ano passado 493.787 contêineres.Os principais itens exportados são madeira, congelados e papel.18 19Foto: Rodrigo Leal


Foto: DEREDUCAÇÃOAção educa e orienta <strong>com</strong> enfoque no trânsitolocal e nas características de cada re<strong>ser</strong>vaO projeto Re<strong>ser</strong>vas Indígenasvenceu a sétima edição do PrêmioDenatran de Educação para o Trânsito.Desenvolvido pelo Departamento deEstradas de Rodagem (DER) do Paranápara educar e orientar as <strong>com</strong>unidades indígenasdas margens de rodovias, o projetofoi premiado na categoria Órgãos eEntidades. É a primeira vez que oDepartamento participa do concurso promovidopelo Departamento Nacional deTrânsito.Elaborada pela equipe daEscola Prática de Trânsito do DER <strong>com</strong>o apoio do Batalhão da PolíciaRodoviária (BPRv) a ação educa e orienta<strong>com</strong> enfoque no trânsito local e nas característicasde cada re<strong>ser</strong>va. São atendidas<strong>com</strong>unidades das etnias Kaingang,Guarani, Xetá nas cidades de Mangueirinha,Chopinzinho, Nova Laran-Índios e o trânsitoProjetodesenvolvidopelo DER - PR ganhaprêmio nacionaljeiras, Cândido de Abreu e São Jerônimoda Serra.Além das aulas teóricas, emque imagens de situações freqüentes notrânsito local são apresentadas, teatrosde fantoches são utilizados para ajudar aabordar o tema de forma lúdica e mais eficiente.Somados a isso, são realizadasaulas práticas que reforçam as situaçõesvistas nas salas de aula, <strong>com</strong>o a travessiada rodovia e o trânsito de pedestres nasmargens. Há ainda ações <strong>com</strong> campanhaseducativas e panfletagem para orientaros motoristas que diariamente utilizamas rodovias próximas das re<strong>ser</strong>vasindígenas.“Trabalhamos para reduzir osíndices de atropelamentos envolvendo apopulação indígena no Paraná. É um trabalhode educação e orientação que respeitaa cultura e as condições das <strong>com</strong>unidadesatendidas”, afirma a coordenadorade Trânsito do DER Maria LúciaKutianski.O projeto é desenvolvido há 13anos e foi baseado em pesquisas realizadaspela Fundação Nacional do Índio(Funai) e pela Secretaria de AssuntosEstratégicos, que constataram a dificuldadedas <strong>com</strong>unidades no trânsito e apontaramas mais vulneráveis.Segundo a coordenadora, aabrangência de público é o grande diferencialdas ações executadas pelo DER.O foco não se limitou às crianças, se estendeuaos pais, passou pelos professorese chegou aos motoristas.“Apenas na última etapa desenvolvida,foram atendidas mais de mil pessoas,entre os alunos das escolas indígenas,seus professores e também os pais.Fizemos blitze educativas para orientaros motoristas sobre a grande incidênciada travessia dessas <strong>com</strong>unidades nas rodovias”,narrou Lúcia.A coordenadora explicou queboa parte dos trabalhos ficou concentradana orientação do caminhar às margensdas estradas, da travessia das rodoviassem visibilidade e dos cuidados quea <strong>com</strong>unidade deve ter ao expor seus produtosnas margens das estradas.Em Mangueirinha eChopinzinho, os índios atravessam diariamentea PR-281 e a BR-373, seja paradeslocamento entre aldeias ou para venderartesanato, sua principal fonte de renda.O mesmo acontece em NovaLaranjeiras (BR-277), Cândido deAbreu (BR-487) e São Jerônimo daSerra (PR-090).Denatran – Este ano o Denatranrecebeu 100 mil trabalhos de maisde mil municípios. Apenas 36 foram selecionadospara a etapa final. O prêmio épromovido anualmente para estimularcrianças, jovens, educadores, profissionaisde trânsito e profissionais da <strong>com</strong>unicaçãopara refletir sobre o trânsito nocontexto da cidade, da sua relação <strong>com</strong> omeio ambiente e na qualidade de vida, demodo a contribuir para a adoção de <strong>com</strong>portamentose sedimentação de hábitosque tornem o trânsito mais seguro, civilizadoe humano, contribuindo para a reduçãodo número de acidentes, mortos eferidos.O concurso promovido peloDenatran foi divido em três fases, municipal,estadual e federal. Durante as duasprimeiras, o Departamento distribuiu maisde 400 prêmios. Na última fase os vencedoresrecebem a quantia de R$ 4 mil;os segundos colocados R$ 2 mil; e os terceirosR$ 1 mil, além de placas e certificados.Como incentivo à promoção daeducação para o trânsito o Denatran tambémpremia os professores dos alunosvencedores em 1° lugar e as instituiçõesde ensino onde estão matriculados.Neste ano todos os inscritos no concursoreceberão em casa um certificado de participação.A solenidade de entrega dos prêmiosaconteceu no Hotel Blue Tree emBrasília, no dia 12 de dezembro <strong>com</strong> apresença do ministro das Cidades,Marcio Fortes de Almeida, e do diretordo Denatran, Alfredo Peres da Silva.Indigenista destacaimportância do projetoO projeto de educação para o trânsito realizado pelo Departamentode Estradas de Rodagem (DER) é um dos mais importantes em toda a área deeducação do Paraná. A opinião é do assessor especial para assuntos indígenasda Secretaria de Estado de Assuntos Estratégicos, Edívio Batistelli.“Nossa preocupação reside no fato de que as estradas impactam o<strong>com</strong>portamento dos índios já que não fazem parte da sua cultura. Elas foramconstruídas há muito tempo e hoje são necessárias medidas de educação paraproteção dessas <strong>com</strong>unidades que, por diversas vezes, não sabem lidar <strong>com</strong> essarealidade”, constatou.“O problema veio de fora e deve <strong>ser</strong> tratado também por nós que somosde fora. A melhor forma é a educação, <strong>com</strong>o está acontecendo nesse projetobelíssimo premiado pelo Denatran”, destacou o indigenista.Para Batistelli, a educação promovida pelos Órgãos estaduais podeajudar a diminuir dois dos principais problemas relacionados <strong>com</strong> as <strong>com</strong>unidadesindígenas: a alta taxa de natalidade e o alcoolismo.“Os índios têm uma taxa de crescimento quatro vezes maior que a nossa.Há muitas crianças, adolescentes e jovens perambulando às margens das rodoviasnas suas atividades diárias, indo para a escola e vendendo o artesanatoproduzido nas aldeias”, alertou. “A educação e a orientação são essenciais paratentarmos reverter essa situação”, acrescentou.Segundo ele, as <strong>com</strong>unidades que sofrem mais <strong>com</strong> o movimento intensodas rodovias são a de Mangueirinha (PR-281) e a de Rio das Cobras, emNova Laranjeiras (BR-277). Em ambas, a Escola de Trânsito do DER atua<strong>com</strong> o projeto Re<strong>ser</strong>vas Indígenas.“É um trabalho que já produz bons resultados, mas que a médio e alongo prazos pode erradicar os problemas ob<strong>ser</strong>vados nas <strong>com</strong>unidades que estãonas margens das rodovias paranaenses”, finalizou Batistelli.Edívio Batistelli: “nossa preocupação reside no fato de que as estradas impactamo <strong>com</strong>portamento dos índios já que não fazem parte da sua cultura”20 21Foto: SECS


LEGISLAÇÃO"Um destino, malas prontas epassagens nas mãos, essa situação <strong>com</strong>binabem <strong>com</strong> feriado prolongado, férias,conhecer um lugar novo ou uma visita aparentes. Mas e se a estrada for ruim ouse houver um motorista imprudente nocaminho?Um caso recente chocou os brasileirosem Santa Catarina, precisamenteno último dia 9 de outubro. Foram doisSeguro facultativoAlgumas empresas de ônibus de viagem oferecemoutra opção de seguro além do DPVATViajar assimé viagem.Mas faço-osem ter de meumais que o sonhoda passagem.O resto é só terrae céu.Vanussa Popovicz"Fernando PessoaDenise viaja constantemente, por issoaprova o seguro facultativoFoto: Paulo da RosaNoel diz que as empresas de ônibus são obrigadas a informar o usuário sobre a apólice do seguroacidentes <strong>seguido</strong>s, envolvendo um ônibusde viagem e dois caminhões que resultaramem 27 mortos no local e mais de100 feridos. O país inteiro lamentou o fato,que ainda gera repercussões.Sem fazer juízo do acidente emsi, posto que é fato consumado, resta-nossaber o que os parentes da vítima podemfazer, além das medidas legais, é claro.Sabemos que uma vida não tem preço e odinheiro jamais alivia a dor ao se perderum ente querido. Entretanto, acidentesgeram despesas e a indenização que os familiaresrecebem dá suporte e estabilidadefinanceira para superar possíveis crises.A Agência Nacional de TransportesTerrestres (ANTT), por meio daresolução 1454/06, prevê que as empresasde transportes de passageiros interestaduaise internacionais optem por um segurofacultativo a <strong>ser</strong> oferecido aos clientes.As empresas de transportes depassageiros não são obrigadas a adquiriresse seguro, <strong>ser</strong>ia <strong>com</strong>o uma garantia amais. “Mas caso possuam elas são obrigadasa informar ao usuário, no momentoem que ele <strong>com</strong>pra a passagem, sobrea apólice desse seguro; e também precisamfixar uma placa informando sua existência”,explica o coordenador da áreade fiscalização da ANTT em Curitiba,Noel Marquardt Pereira. De acordo <strong>com</strong>as empresas que oferecem esse tipo de<strong>ser</strong>viço, cerca de 15% dos usuários se utilizamdele. “A procura dos passageiros épequena, mesmo porque não acontecemmuitos acidentes em linhas de ônibus deviagem. Geralmente quem <strong>com</strong>pra esseseguro aparentemente possui um maiorgrau de instrução”, conta Janete Cordeiro,encarregada da empresa PlumaConforto e Turismo.O seguro facultativo é cobradodo passageiro por quilometragem. Se foradquirido, em casos de acidente a vítimarecebe uma taxa referente ao valor totaldo seguro dividido entre os passageirosque o <strong>com</strong>praram. É possível resgatartambém o seguro obrigatório de DanosPessoais causados por Veículos Automotoresde vias Terrestres (DPVAT) e oseguro de Responsabilidade Civil, quetambém é obrigatório para as empresasde transporte de passageiros.Foto: Paulo da RosaNo Paraná, o Departamento deEstradas e Rodagens (DER), responsávelpela fiscalização e credenciamento,não permite a aquisição do SeguroFacultativo para as empresas que realizamviagens intermunicipais. “Antes de<strong>ser</strong> inutilizado, o seguro <strong>com</strong>ercializadonão era oferecido <strong>com</strong>o facultativo e astransportadoras não estavam obedecendoaos valores a <strong>ser</strong>em cobrados por quilômetros”,explica Vanessa HumphreysAlberge, técnica da Coordenadoria deTransporte Rodoviário Comercial doDER.“Já ouvi falar no seguro facultativoe se houvesse para viagens intermunicipaiseu <strong>com</strong>praria, mesmo porqueem algumas cidades sai mais baratodo que a taxa de embarque”, afirma o funcionáriopúblico Francisco ValentimMunhoz Rodrigues (42), residente emI<strong>vai</strong>porã, que sempre viaja a trabalho.A ANTT também extinguiu oseguro por um período. “Ele era cobradovinculado à passagem, não sendo, portanto,facultativo, mas obrigatório”, explicaPereira. Com a nova resolução e<strong>com</strong> rotineiras fiscalizações, o passageiropôde optar ou não pelo seguro e as empresaspuderam voltar oferecer o <strong>ser</strong>viço.Quem faz o trajeto de Curitibapara Santa Catarina pela empresaCatarinense pode <strong>com</strong>prar o seguro. Oestudante Thiago Américo Murakami(22) viaja freqüentemente para JoinvileThiago nunca quis <strong>com</strong>prar o seguroFrancisco <strong>com</strong>praria o seguro se houvesse para viagens intermunicipaispela empresa, mas nunca quis <strong>com</strong>prar oseguro. “Já me ofereceram uma vez, maseu achei desnecessário”, explica. DeniseCristina Muniz (21) é natural de SãoPaulo e mora em Curitiba pouco mais deum ano. Ela viaja a cada 15 dias para revera família e é a favor do seguro facultativo.“A empresa pela qual viajo nãopossui esse <strong>ser</strong>viço, mas se tivesse iria adquirirporque viajo bastante”.Para viagem –Segundo dadosda ANTT, 285 mil passageiros realizamviagens interestaduais e internacionaispor mês. No Paraná, 5,12 milhões de passageirosutilizaram as linhas de transportesintermunicipais, no ano passado.A ANTT possui 250 empresascadastradas e autorizadas para realizar viagensinterestaduais e internacionais,<strong>com</strong> saída do Paraná. As menores distânciassão para São Bento do Sul (SC),Joinville (SC) e Apiaí (SP), já as maioressão destinadas às cidades do Norte eNordeste brasileiro, bem <strong>com</strong>o Chile eArgentina. Para realizar qualquer viageminterestadual ou internacional a empresadeve possuir cadastro na ANTT eseguir algumas regras impostas.22 23Foto: Paulo da RosaFoto: Paulo da RosaFoto: Paulo da Rosa


ARTIGOCristiane Biazzono Dutra1. IntroduçãoAs constantes discussões sobrepolíticas de mobilidade urbana sustentável,assim <strong>com</strong>o os diversos estudos daárea de engenharia de transportes, reforçama tese que considera a necessidadede um sistema multi-modal nos centrosurbanos, que inclua e integre primordialmenteos transportes coletivos, pedestrese ciclistas. Estes dois últimos modosde transporte são reconhecidamente eficientespara promover a movimentaçãodas pessoas de forma confiável, saudávele de baixo custo, sem restrições de horárioou itinerário, evitando o consumode <strong>com</strong>bustível e a poluição atmosféricae sonora, e representando portanto benefíciosao meio ambiente.A criação do programaBicicleta Brasil pelo Ministério dasCidades revela o reconhecimento da existênciade uma crise de mobilidade nas cidadesbrasileiras, verificada através daqueda de passageiros do sistema de ônibusdesde meados dos anos 90 (NTU,2006), no aumento significativo da frotade carro ou moto própria e do uso crescenteda bicicleta <strong>com</strong>o meio de transportepara trabalho e estudo. SegundoBantel (2003), presidente da ONGSociedade Brasileira de Trânsito ‘Amigosda Bicicleta’, a bicicleta ajuda o cidadãodesempregado na busca de uma novaatividade, <strong>ser</strong>vindo <strong>com</strong>o instrumentode economia e de integração social.Existem cerca de 50 milhões de bicicletasna frota brasileira, das quais 2/3 nãoestão em circulação por absoluta condi-24Pesquisa sobre Transporte Não-MotorizadoRealizado por Bicicleta na Cidadede Londrina1) Prefeitura do Município de Londrina; Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina - IPPUL;Diretoria de Trânsito e Sistema Viário. Londrina, Paraná,Brasil.ippul.transito@londrina.pr.gov.brcrisbiazzono@<strong>ser</strong><strong>com</strong>tel.<strong>com</strong>.brResumoVerificando o aumento da circulação de ciclistas no município de Londrina e pretendendo planejar o sistemacicloviário da cidade, o IPPUL realizou uma pesquisa <strong>com</strong> 1000 entrevistas para a identificação dos desejosde viagens dos usuários de bicicleta e a demanda reprimida por este meio de transporte.ção de insegurança viária e de alto riscode acidentes de trânsito.A estruturação de sistemas cicloviáriosnas cidades brasileiras garantiráuma alternativa de deslocamento àpopulação, principalmente ao cidadãode baixa renda, democratizando o transportede forma socialmente inclusiva eecologicamente sustentável. Buscandocumprir uma das diretrizes básicas estabelecidasna Política Nacional deMobilidade Urbana Sustentável, os poderespúblicos municipais devem promoverpolíticas e ações que visem atenderos seguintes princípios (Kraft, 1975):• estimular o uso de bicicletas <strong>com</strong>o modoalternativo de transportes, priorizandosua integração à rede de transporte público;• assegurar mobilidade e acessibilidadeaos usuários de bicicletas;• minimizar riscos de acidentes e interferênciasdecorrentes do tráfego de veículos,mobiliário, vegetação, sinalização epublicidade;• facilitar destinos, concebendo rotascontínuas e integradas entre habitações,<strong>com</strong>ércio, <strong>ser</strong>viços, espaços públicos,equipamentos e lazer;• aproveitar o espaço urbano, diversificandoseus benefícios; e• ob<strong>ser</strong>var os aspectos estéticos e harmônicosdo traçado e seu entorno (calçadas,praças, parques).2. Condições de circulação nacidade de LondrinaO município de Londrina foi criadoem 1934, sendo conhecido pelo vertiginosocrescimento populacional ocorridoentre as décadas de 40 e 70, motivadopelo cultivo e exportação do café.Ocupa, segundo o Plano Diretor doMunicípio de Londrina (1997), uma áreade 1715,89 km², sendo 162,32 km² deárea urbana ocupada e 82,92 km² de áreade expansão urbana.Atualmente Londrina apresentapopulação que se aproxima de 500 milhabitantes e frota que ultrapassa 220 milveículos registrados. A cidade é atendidapor ônibus do transporte público, atravésde 93 linhas urbanas diferenciadas, operadaspor duas empresas sob o regime deconcessão, em sistema integrado que utilizaoito terminais, sendo um central e osdemais de bairro. Apesar deste <strong>ser</strong>viçode transporte coletivo <strong>ser</strong> avaliado <strong>com</strong>ode qualidade pela <strong>com</strong>unidade e de receberinvestimentos em tecnologia dos veículose recentemente na bilhetagem eletrônica,o índice de motorização emLondrina ultrapassa 45 veículos para cadagrupo de 100 habitantes. Como resultadodesta frota elevada e da intensa circulaçãode veículos de passeio, 6196 acidentesforam registrados no ano de 2005,envolvendo 11919 veículos e 237 ciclistas,e resultando em 73 mortes.O uso da bicicleta em Londrinaainda ocorre de forma <strong>com</strong>partilhada<strong>com</strong> o elevado fluxo de veículos, disputandoespaço nas vias da cidade e sujeitandoos ciclistas às constantes situaçõesde conflito e aos acidentes recorrentes.Portanto, faz-se necessário planejar umsistema cicloviário <strong>com</strong> condições de segregarestes usuários preferencialmenteem canaletas exclusivas, podendo estarposicionadas no canteiro central das avenidasexistentes ou minimamente em ciclofaixasbem sinalizadas.Embora o aumento da circulaçãode ciclistas na cidade tem sido alvode ob<strong>ser</strong>vação pelos técnicos do IPPUL -Instituto de Pesquisa e PlanejamentoUrbano de Londrina, a ausência de dadossobre a frota de bicicletas no municípioe sobre os desejos de viagens por estemeio de transporte dificulta a elaboraçãode propostas para o atendimento às necessidadesdestes usuários do sistemaviário. Sendo assim, uma pesquisa baseadaem entrevistas foi realizada a fim deidentificar a distribuição e as condiçõesde circulação dos ciclistas na cidade,além do interesse dos usuários de outrosmodos de transporte em adotar esta formade deslocamento.3. Descrição da pesquisa sobretransporte não motorizadoNa tentativa de identificar os vetoresdos desejos de viagens dos ciclistasna cidade de Londrina, e também as demandasreprimidas por este tipo detransporte, um conjunto de 1000 entrevistasfoi realizado pela Diretoria deTrânsito e Sistema Viário do IPPUL duranteo mês de Março de 2006, enfocandoas vias <strong>com</strong> maior circulação de tráfegoe concentração <strong>com</strong>ercial e de <strong>ser</strong>viços,além das empresas <strong>com</strong> maior quantidadede funcionários do município. AFigura 1 reproduz o formulário utilizadopara a coleta de dados da pesquisa sobreo transporte não-motorizado promovidana cidade, que avalia as condições sócioeconômicasdos entrevistados e as opçõesde transporte para seus deslocamentosrealizados principalmente pormotivo de trabalho.Duas estratégias foram utilizadaspara a seleção dos entrevistados: aprimeira parte da pesquisa foi concentradanas consultas <strong>com</strong> usuários cativos dabicicleta, enquanto a segunda etapa buscouentrevistar aqueles que utilizam outrasformas de deslocamento, <strong>com</strong>o pedestres,usuários de ônibus e proprietáriosde veículos particulares. Todas as pesquisasprescindiam do preenchimentodo campo “dados pessoais”, identificandoo sexo e a faixa etária do entrevistado,a renda familiar, e os bairros de moradiae de trabalho/estudo, incluindo a distânciae o tempo estimados entre estes locais.O tipo do transporte escolhido pelousuário para o principal deslocamento rotineiro,assim <strong>com</strong>o o motivo desta escolha,conduzem à próxima etapa de perguntas,direcionando os demais questionamentossobre o tipo de transporte utilizadopelo entrevistado e a possibilidadede utilização da bicicleta no deslocamentoentre moradia e trabalho/estudo.Buscando avaliar as regiões deorigem e destino dos ciclistas e as principaisvias utilizadas em seus percursos cotidianos,além dos locais para o estacionamentodas bicicletas, as 500 entrevistasrealizadas <strong>com</strong> estes usuários coletaramsugestões sobre o traçado necessáriopara as ciclovias, a possibilidade de integraçãonos terminais de ônibus e a localizaçãodos bicicletários ou paraciclos.Outras 500 entrevistas <strong>com</strong> pedestres,usuários de ônibus e de veículosparticulares coletaram informaçõessobre a possível utilização de bicicletanos deslocamentos rotineiros,identificando os desejos de viagens dademanda reprimida por este tipo detransporte, tanto para o percurso totalquanto para parte dos deslocamentosatravés da integração <strong>com</strong> o transportepúblico coletivo.INSTITUTO DE PESQUISA E PLANEJAMENTO URBANO DE LONDRINADiretoria de Trânsito e Sistema ViárioPESQUISA SOBRE TRANSPORTE NÃO-MOTORIZADOLocal da pesquisa: _____________________ Data: ___/03/06 ___-feira Pesquisador: __________Dados Pessoais:Sexo: ( ) masculino ( ) femininoFaixa Etária: ( ) até 18 anos ( ) 19 a 35 anos ( ) 36 a 50 anos ( ) 51 a 65 anos ( ) acima de 65 anosRenda Familiar: ( ) até R$ 300 ( ) R$ 301 a 500 ( ) R$ 501 a 700 ( ) R$ 701 a 1.000 ( ) acima de R$ 1.000Bairro onde mora: _______________________________ Bairro onde trabalha/estuda: ______________________Distância casa - trabalho / estudo: ( ) menos 500m ( ) 501m a 2km ( ) 2 a 5km ( ) 5 a 10km ( ) acima 10kmTransporte casa - trabalho / estudo: ( ) caminhada ( ) bicicleta ( ) ônibus ( ) moto ( ) carro ( ) vanMotivo da escolha deste transporte: ( ) saudável ( ) barato ( ) seguro ( ) confortável ( ) rápido ( ) _______Tempo da principal viagem: ( ) até 15 min ( ) 15 a 30 min ( ) 30 min a 1 hora ( ) 1 a 2 horas ( ) mais 2 horasDe acordo <strong>com</strong> a resposta dada acima, sobre o tipo de transporte utilizado, preencher o item abaixo correspondente:Caminhada:Usaria bicicleta para seus deslocamentos? ( ) não, porque ___________________________________ ( ) simQuais ruas / avenidas deveriam ter ciclovia? ____________________________ ___________________________Onde deveria ter estacionamento para bicicletas? ________________________ ___________________________Bicicleta:Quais ruas / avenidas deveriam ter ciclovia? ____________________________ ___________________________Onde deveria ter estacionamento para bicicletas? ________________________ ___________________________Usa ou usaria a bicicleta para ir até um terminal? ( ) não ( ) sim, qual?( ) Vivi Xavier ( ) Ouro Verde ( ) Milton Gavetti ( ) Acapulco ( ) Catuai ( ) Central ( ) RodoviáriaÔnibus:Utiliza terminal para baldeação na viagem? ( ) não ( ) sim, qual?( ) Vivi Xavier ( ) Ouro Verde ( ) Milton Gavetti ( ) Acapulco ( ) Catuai ( ) Central ( ) RodoviáriaUsaria bicicleta para seus deslocamentos? ( ) não, porque ___________________________________ ( ) simQuais ruas / avenidas deveriam ter ciclovia? ____________________________ ___________________________Onde deveria ter estacionamento para bicicletas? ________________________ ___________________________Moto / Carro:Usaria bicicleta para seus deslocamentos? ( ) não, porque ___________________________________ ( ) simQuais ruas / avenidas deveriam ter ciclovia? ____________________________ ___________________________Onde deveria ter estacionamento para bicicletas? ________________________ ___________________________Figura 1: Formulário utilizado na pesquisa sobre transporte não-motorizado em LondrinaAs informações coletadas nasentrevistas foram codificadas e tabuladasem uma planilha eletrônica, possibilitandoa organização dos dados de acordo<strong>com</strong> o modo de transporte utilizado, epermitindo a consulta das respostas de diversasformas classificadas.4. Análise dos resultados obtidosna pesquisaAs entrevistas direcionadas aosciclistas foram realizadas em 10 empresasde médio e grande porte distribuídasnas cinco regiões da cidade (norte, sul,leste, oeste e centro), através de autorizaçãoprévia da gerência para o horário dasrefeições dos funcionários que se deslocamde bicicleta. Também 10 corredoresimportantes de tráfego foram selecionadospara a abordagem aleatória dos ciclistasque circulavam pelo local, <strong>com</strong>oilustra a foto da Figura 2. Esta etapa dapesquisa, resumida na Tabela 1, indicaque a maioria dos usuários que utiliza abicicleta para seus deslocamentos ao trabalhosão homens (88,4%), na faixa etáriaentre 19 e 35 anos (58%) e <strong>com</strong> rendafamiliar inferior a R$ 1000. Embora oslocais de moradia dos ciclistas entrevistadosestejam distribuídos nas diversasregiões da cidade e até em outros municípiosconurbados <strong>com</strong> Londrina (Cambée Ibiporã), é possível perceber que odestino principalmente de trabalho destesciclistas está concentrado na área centralda cidade.25


Tabela 2: Características das viagens realizadas pelos ciclistas entrevistados em LondrinaDistância Entrevistados % Tempo Entrevistados % Motivo Entrevistados %até 0,5 km 7 1.4 até 15 min 142 28.4 Saudável 70 14.00,5km a 2 km 89 17.8 15 min a 30 min 241 48.2 Barato 272 54.42 km a 5 km 185 37.0 30 min a 1 hora 97 19.4 Seguro 2 0.45 km a 10 km 153 30.6 1 hora a 2 horas 20 4.0 Confortável 1 0.2acima 10 km 66 13.2 acima 2 horas 0 0.0 Rápido 155 31.0500 100 500 100 500 100Além das 500 entrevistas realizadas<strong>com</strong> ciclistas, também outros importantesmeios de transporte utilizados na cidadeforam pesquisados, <strong>com</strong> o intuito maior deverificar a intenção do uso da bicicleta por outrosusuários e os impedimentos atuais à escolhadesta forma de deslocamento. A receptividadeda utilização da bicicleta surpreendeu,<strong>com</strong>o mostra a Tabela 3, visto que praticamentemetade destes entrevistados optariapor esta alternativa de transporte caso houvesseum sistema cicloviário na cidade.Tabela 3: Identificação da demanda de transporte reprimida pelo uso de bicicleta em LondrinaTipo de Transporte Entrevistados % Demanda Reprimida %Veículo Particular 230 46.0 130 56.5Ônibus 200 40.0 79 39.5Pedestre 70 14.0 41 58.6500 100 250A utilização do veículo particularnas entrevistas voltadas para asviagens principalmente <strong>com</strong> motivode trabalho é mais ob<strong>ser</strong>vada para osindivíduos entre 19 e 50 anos (83,1%)e <strong>com</strong> renda familiar superior a R$700,00 (73%), conforme demonstra aTabela 4.Figura 2: Ciclistas circulando na pista da Avenida Saul Elkind - região norte de LondrinaTabela 1: Dados referentes às características dos ciclistas entrevistados em LondrinaSexo Entrevistados % Motivo da Viagem Entrevistados %Masculino 442 88.4 Trabalho 488 97.6Feminino 58 11.6 Estudo 12 2.4500 100 500 100Faixa Etária Entrevistados % Renda Familiar Entrevistados %até 18 anos 59 11.8 até R$ 300 23 4.619 a 35 anos 290 58.0 R$ 301 a R$ 500 117 23.436 a 50 anos 116 23.2 R$ 501 a R$ 700 150 30.051 a 65 anos 34 6.8 R$ 701 a R$ 1000 129 25.8acima de 65 anos 1 0.2 acima de R$ 1000 81 16.2500 100 500 100Região Moradia Entrevistados % Região Trabalho/Estudo Entrevistados %Norte 121 24.2 Norte 69 13.8Sul 96 19.2 Sul 28 5.6Leste 94 18.8 Leste 25 5.0Oeste 85 17.0 Oeste 62 12.4Centro 82 16.4 Centro 289 57.8Outro município 22 4.4 Outro município 27 5.4500 100 500 100Tabela 4: Características dos usuários de veículo particular entrevistados em LondrinaSexoTotal Demanda Motivo da Total Demanda%% %Entrevistas Reprimida Viagem Entrevistas Reprimida%Masculino 169 73.5 103 79.2 Trabalho 217 94.3 117 90.0Feminino 61 26.5 27 20.8 Estudo 13 5.7 13 10.0230 100 130 100 230 100 130 100Faixa Total Demanda Renda Total Demanda% % %Etária Entrevistas Reprimida Familiar Entrevistas Reprimida%até 18 anos 16 7.0 12 9.2 até R$ 300 6 2.6 4 3.119 a 35 anos 123 53.5 73 56.2 R$ 301 a R$ 500 24 10.4 12 9.236 a 50 anos 68 29.6 36 27.7 R$ 501 a R$ 700 32 13.9 25 19.251 a 65 anos 16 7.0 6 4.6 R$ 701 a R$ 1000 75 32.6 43 33.1acima de 65 anos 7 3.0 3 2.3 acima de R$ 1000 93 40.4 46 35.4230 100 130 100 230 100 130 100Região Total Demanda Região Total Demanda% %%Moradia Entrevistas Reprimida Trabalho/Estudo Entrevistas Reprimida%Norte 46 20.0 21 16.2 Norte 14 6.1 6 4.6Sul 59 25.7 41 31.5 Sul 27 11.7 15 11.5Leste 53 23.0 31 23.8 Leste 53 23.0 31 23.8Oeste 35 15.2 20 15.4 Oeste 31 13.5 22 16.9Centro 30 13.0 14 10.8 Centro 89 38.7 45 34.6Outro município 7 3.0 3 2.3 Outro município 16 7.0 11 8.5230 100 130 100 230 100 130 100A Tabela 2 apresenta as característicasdas viagens realizadas pelos ciclistas entrevistadosna cidade de Londrina, demonstrandoque este modo de transporte é utilizadopreferencialmente para distâncias entre 2e 10 km (67,6%), <strong>com</strong> duração da viagem deaté ½ hora (76,6%), promovendo para estesusuários a economia de dinheiro e de temponestas condições de deslocamento.Os principais motivos da escolhado veículo particular em Londrina estãona rapidez (55,2%) e no conforto(23%) que este modo de transporte oferece,de acordo <strong>com</strong> os dados resumidosna Tabela 5.2627


Tabela 5: Características das viagens realizadas pelos usuários de veículo particular entrevistadosDistância Repri- Tempo Repri- Motivo Repri-Total % % Total %%Total %Percorrida mida Viagem mida Escolha mida%até 0,5km 2 0.9 2 1.5 até 15min 124 53.9 76 58.5 Saudável 19 8.3 12 9.20,5 a 2km 32 13.9 22 16.9 15 a 30min 80 34.8 38 29.2 Barato 30 13.0 21 16.22 a 5km 71 30.9 46 35.4 30min a 1h 13 5.7 6 4.6 Seguro 1 0.4 1 0.85 a 10km 62 27.0 29 22.3 1 a 2horas 0 0.0 0 0.0 Confortável 53 23.0 18 13.8acima 10km 63 27.4 31 23.8 acima 2h 13 5.7 10 7.7 Rápido 127 55.2 78 60.0230 100 130 100 230 100 130 100 230 100 130 100Tabela 7: Características das viagens realizadas pelos usuários de ônibus entrevistados em LondrinaDistância Repri- Tempo Repri- Motivo Repri-Total % % Total % %Total %Percorrida mida Viagem mida Escolha mida%até 0,5km 0 0.0 0 0.0 até 15min 20 10.0 8 10.1 Saudável 0 0.0 0 0.00,5 a 2km 5 2.5 3 3.8 15 a 30min 79 39.5 35 44.3 Barato 108 54.0 30 38.02 a 5km 35 17.5 14 17.7 30min a 1h 88 44.0 31 39.2 Seguro 17 8.5 10 12.75 a 10km 91 45.5 40 50.6 1 a 2horas 13 6.5 5 6.3 Confortável 11 5.5 5 6.3acima 10km 69 34.5 22 27.8 acima 2h 0 0.0 0 0.0 Rápido 64 32.0 34 43.0200 100 79 100 200 100 79 100 200 100 79 100As distâncias percorridas <strong>com</strong>veículos particulares iniciam basicamenteem 2 km e seguem até mais de 10km, utilizando até 30 minutos para estasviagens (88,7%). Porém estes entrevistadosquando questionados sobre a possibilidadede utilizar bicicleta para seusdeslocamentos indicam 56,5% de aceitaçãopor este modo de transporte.Avaliando somente esta demanda reprimida,pode-se constatar que os possíveisusuários de bicicleta <strong>ser</strong>iam principalmenteos entrevistados do sexo masculino<strong>com</strong> idade entre 19 e 50 anos, e que realizamviagens em percursos que de carroou moto levariam até 30 minutos(53,8%).Os dados resumidos nasTabelas 6 e 7 demonstram que a maioriados usuários do transporte público porônibus entrevistados em Londrina tementre 19 e 35 anos (65%), renda familiarentre R$ 500 e 1000 (52,5%), e definemo custo baixo (54%) e a rapidez (32%) <strong>com</strong>ofatores preponderantes para a escolhadeste transporte. As característicasde suas viagens apontam principalmentepara percursos <strong>com</strong> 5 a 10 km (45,5%)percorridos entre 30 minutos e 1 hora(44%).Classificando os dados da pesquisa,ob<strong>ser</strong>va-se que principalmente osentrevistados jovens do sexo masculino(até 35 anos), que utilizam o transportecoletivo para se deslocar até o trabalhona região central ou oeste da cidade, demonstrarammaior interesse em utilizarbicicleta para seus deslocamentos <strong>com</strong>percursos que de ônibus levariam no máximouma hora (60,8% da demanda reprimida).Para os entrevistados que realizamas viagens a pé percebe-se, atravésdas porcentagens apresentadas nasTabelas 8 e 9, pessoas jovens <strong>com</strong> até 35anos (78,5%) e que quase não realizamdeslocamentos da moradia ao trabalho/estudoque ultrapassem regiões da cidadede Londrina, <strong>com</strong> a maioria dos trajetosem distâncias curtas de 500m a 2km (54,3%). Estas caminhadas são percorridasbasicamente em 15 minutos(52,9%) ou no máximo durante ½ hora(37,1%), sendo escolhidas por <strong>ser</strong>emconsideradas saudáveis (41,4%) e <strong>com</strong>oalternativa barata de transporte (37,1%).Tabela 6: Características dos usuários de ônibus entrevistados em LondrinaSexoTotal Demanda Motivo da Total Demanda% % %Entrevistas Reprimida Viagem Entrevistas Reprimida%Masculino 107 53.5 63 79.7 Trabalho 193 96.5 75 94.9Feminino 93 46.5 16 20.3 Estudo 7 3.5 4 5.1200 100 79 100 200 100 79 100Faixa Total Demanda Renda Total Demanda% % %Etária Entrevistas Reprimida Familiar Entrevistas Reprimida%até 18 anos 29 14.5 15 19.0 até R$ 300 9 4.5 2 2.519 a 35 anos 130 65.0 51 64.6 R$ 301 a R$ 500 46 23.0 19 24.136 a 50 anos 33 16.5 10 12.7 R$ 501 a R$ 700 48 24.0 18 22.851 a 65 anos 6 3.0 3 3.8 R$ 701 a R$ 1000 57 28.5 26 32.9acima de 65 anos 2 1.0 0 0.0 acima de R$ 1000 40 20.0 14 17.7200 100 79 100 200 100 79 100Região Total Demanda Região Total Demanda% % %Moradia Entrevistas Reprimida Trabalho/Estudo Entrevistas Reprimida%Norte 60 30.0 22 27.8 Norte 8 4.0 0 0.0Sul 24 12.0 9 11.4 Sul 3 1.5 0 0.0Leste 32 16.0 17 21.5 Leste 7 3.5 4 5.1Oeste 25 12.5 11 13.9 Oeste 89 44.5 27 34.2Centro 20 10.0 13 16.5 Centro 91 45.5 46 58.2Outro município 39 19.5 7 8.9 Outro município 2 1.0 2 2.5200 100 79 100 200 100 79 100Tabela 8: Características dos pedestres entrevistados em LondrinaSexoTotal Demanda Motivo da Total Demanda% % %Entrevistas Reprimida Viagem Entrevistas Reprimida%Masculino 46 65.7 29 70.7 Trabalho 60 85.7 32 78.0Feminino 24 34.3 12 29.3 Estudo 10 14.3 9 22.070 100 41 100 70 100 41 100Faixa Total Demanda Renda Total Demanda% % %Etária Entrevistas Reprimida Familiar Entrevistas Reprimida%até 18 anos 19 27.1 15 36.6 até R$ 300 5 7.1 4 9.819 a 35 anos 36 51.4 18 43.9 R$ 301 a R$ 500 10 14.3 3 7.336 a 50 anos 9 12.9 6 14.6 R$ 501 a R$ 700 16 22.9 9 22.051 a 65 anos 5 7.1 2 4.9 R$ 701 a R$ 1000 26 37.1 16 39.0acima de 65 anos 1 1.4 0 0.0 acima de R$ 1000 13 18.6 9 22.070 100 41 100 70 100 41 100Região Total Demanda Região Total Demanda% % %Moradia Entrevistas Reprimida Trabalho/Estudo Entrevistas Reprimida%Norte 15 21.4 13 31.7 Norte 9 12.9 8 19.5Sul 6 8.6 4 9.8 Sul 8 11.4 5 12.2Leste 21 30.0 12 29.3 Leste 20 28.6 12 29.3Oeste 14 20.0 5 12.2 Oeste 16 22.9 6 14.6Centro 13 18.6 6 14.6 Centro 11 15.7 5 12.2Outro município 1 1.4 1 2.4 Outro município 6 8.6 5 12.270 100 41 100 70 100 41 100A região norte <strong>com</strong> maior concentraçãode moradia dentre os entrevistadosque utilizam ônibus (30%) reforçaa conhecida concentração populacionaldesta área, <strong>com</strong>o resultado do grande número(45,5%) <strong>com</strong> forte prestação de <strong>ser</strong>viçosde conjuntos habitacionais exis-e <strong>com</strong>ércios e a região oeste (44,5%)tentes. O destino mais procurado Maria Helena: para tra-"balho destes usuários são o centro Universidade Estadual de interesse <strong>com</strong> presença de toda a de população empresas e daque os acidentes de trânsito possam <strong>ser</strong> reduzidos"Londrina.Basicamente este perfil característicoda maioria dos pedestres entrevistadostambém é a descrição daqueles queoptariam pela utilização da bicicleta emseus deslocamentos (53,7% da demandareprimida), visto que a escolha por estesmodos de transporte - a pé e de bicicleta- estão fundamentadas nas mesmasvantagens da economia e do bem estar.28 29


Tabela 9: Características das viagens realizadas por pedestres entrevistados em LondrinaDistância Repri- Tempo Repri- Motivo Repri-Total % % Total % %Total %Percorrida mida Viagem mida Escolha mida%até 0,5km 12 17.1 6 14.6 até 15min 37 52.9 19 46.3 Saudável 29 41.4 16 39.00,5 a 2km 38 54.3 21 51.2 15 a 30min 26 37.1 19 46.3 Barato 26 37.1 18 43.92 a 5km 18 25.7 13 31.7 30min a 1h 5 7.1 2 4.9 Seguro 2 2.9 1 2.45 a 10km 0 0.0 0 0.0 1 a 2horas 0 0.0 0 0.0 Confortável 1 1.4 1 2.4acima 10km 2 2.9 1 2.4 acima 2h 2 2.9 1 2.4 Rápido 12 17.1 5 12.270 100 41 100 70 100 41 100 70 100 41 100Tabela 10: Vias cicláveis sugeridas pelos ciclistas entrevistados em LondrinaColocação Vias Cicláveis Região Sugestões %1º Avenida Dez de Dezembro Leste 130 13.02º Avenida Leste-Oeste Centro 91 9.13º Avenida Saul Elkind Norte 85 8.54º Avenida Tiradentes Oeste 81 8.15º Avenida Duque de Caxias Sul 72 7.26º Avenida Juscelino Kubitscheck Centro 48 4.87º Avenida Rio Branco Norte 45 4.58º Rodovia PR-445 Sul 30 3.09º Avenida Higienópolis Centro 29 2.910º Avenida Celso Garcia Cid Leste 23 2.3634 63.44.1 IDENTIFICAÇÃO DASVIAS CICLÁVEIS E DE LOCAISPARA ESTACIONAMENTOAs respostas sobre as vias maisutilizadas nos percursos entre moradiae trabalho/estudo dos ciclistas demonstramrelevante indicação das avenidasexistentes em Londrina, dotadasbasicamente de duas pistas de 9 metrosde largura e canteiro central que variaentre 4 e 6 metros. Estas vias mais citadasestão distribuídas pelas cinco regiõesda cidade, conforme resumo daTabela 10, e somadas representam63,4% do total das 1000 sugestõesmencionadas pelos 500 ciclistas entrevistados.5. Considerações finaisEste artigo apresenta a metodologiade pesquisa utilizada para a análiseda circulação do transporte nãomotorizadoprincipalmente realizadopor bicicleta no município de Londrina,assim <strong>com</strong>o a identificação da demandareprimida por esta forma de deslocamento,relatada pelos usuários de outrosmodos de transporte. Um interesse significativopelo uso da bicicleta apareceno resultado da pesquisa, condicionado àutilização de vias específicas para o tráfegodeste veículo, em uma rede de cicloviase ciclofaixas interconectadas e sinalizadas.Pretendendo planejar o sistemacicloviário de Londrina, o IPPUL realizouesta coleta de dados para fornecersubsídios iniciais ao traçado das cicloviase ciclofaixas na cidade, partindo daidentificação dos usuários interessadosFigura 3: Traçado preliminar da rede cicloviária da cidade de Londrinaneste modo de transporte e de seus desejosde viagens. O mapa apresentado naFigura 3 ilustra um traçado preliminar darede cicloviária em estudo atualmente peloInstituto, em uma proposta que utiliza<strong>com</strong>o base a malha viária existente da cidade(aproximadamente 1800 km de ruase avenidas), além das áreas marginaisaos fundos de vale.A Tabela 11 resume os locaismais citados nas intenções de estacionamentodos ciclistas londrinenses entrevistados(67,6% das 1000 sugestões), sejaem áreas <strong>com</strong> bicicletários ou <strong>com</strong> paraciclos,e <strong>ser</strong>virão de referência para adefinição da localização dos estacionamentospara bicicletas na cidade.Tabela 11: Locais para bicicletários ou paraciclos citados pelos ciclistas entrevistados em LondrinaColocação Estacionamentos Sugestões %1º Calçadão 323 32.32º Bancos 65 6.53º Bosque e Praças 51 5.14º Terminal Urbano Central 44 4.45º Canteiro das Avenidas 43 4.36ºHospitais e Postos de Saúde 25 2.5Prefeitura e Prédios Públicos 25 2.57º Escolas e Bibliotecas 24 2.48ºSupermercados 23 2.3Shoppings e Lojas 23 2.39º Empresas 18 1.810º Terminais de Bairro 12 1.2676 67.6Este projeto também está considerandoos seguintes parâmetros: contagensvolumétricas de ciclistas e avaliaçãodo nível de <strong>ser</strong>viço dos segmentos devias selecionados, análise estatística deacidentes, localização dos terminais deintegração do transporte público coletivo,densidade populacional, uso do solo,identificação dos pólos geradores de tráfego,topografia e disponibilidade deárea pública nos canteiros centrais ou calçadas.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBantel, Günther (2003)Transporte Individual: Bicicletas,Veículos Não Motorizados. Anais do 14ºCongresso Brasileiro de Transporte eTrânsito, Associação Nacional deTransportes Públicos - ANTP, Vitória,Espírito Santo.Kraft, Walter H. (1975) PlanningDesign and Implementation of Bicycleand Pedestrian Facilities. New Orleans,Louisiana.NTU (2006) AssociaçãoNacional das Empresas de TransportesUrbanos. Pesquisa sobre Mobilidade daPopulação Urbana. Brasília, Brasil.Plano Diretor do Município deLondrina (1997) Documento paraDiscussão. Prefeitura do Município deLondrina, Paraná, Brasil.3031


NOTAS INTERNACIONAISEm outro país e de carroPara dirigir no exterior, o condutor brasileiro precisa estaratento aos documentos exigidosAnderson MacielViajar para o exterior – seja atrabalho, turismo ou até mesmo de malae cuia – pode <strong>ser</strong> uma experiência inesquecível.Conhecer as belas paisagensque antes apenas habitavam o imaginário;descobrir outra cultura, <strong>com</strong> <strong>com</strong>idas,danças, músicas e aspectos diferentesdo Brasil. Mas o que fazer se surgir avontade de ir além dos roteiros mais conhecidose tradicionais, ou até mesmo fazê-losde forma mais independente eaventureira? Basta alugar um carro e desbravaro exterior sem guia turístico algum.Ir a Paris, ver a Torre Eiffel. Ou umpasseio mais próximo, na AméricaLatina: Buenos Aires, por <strong>exemplo</strong>, depoisatravessar o interior da Argentina ea Cordilheira dos Andes e seguir até acosta do Pacífico no Chile.Seja qual for o roteiro escolhido,aparece a dúvida: eu, brasileiro, possodirigir fora do país? A resposta é sim.Para isso basta, antes de viajar, saber se opaís de destino aceita a CarteiraNacional de Habilitação (CNH), que deveráestar traduzida, ou a PermissãoInternacional para Dirigir (PID) que, desde2006, o <strong>Detran</strong>/PR passou a emitir.Com a PID, o condutor habilitado noBrasil pode dirigir nos países signatáriosda Convenção de Viena.O analista de sistemas RobsonMoron (41) fez sua PID em junho de2007. Ele já havia viajado para fora dopaís antes de fazer a PID no <strong>Detran</strong> e dizque é preciso estar atento à documentaçãoexigida. “Eu tinha muita curiosidadee vontade de dirigir nas auto-estradas forado país. Mas uma vez, em uma viagem,eu estava <strong>com</strong> a documentação inapropriadae não pude dirigir. Agora, sempreantes de viajar, planejo <strong>com</strong> antecedência,organizo toda a documentação, inclusivea habilitação”. Robson diz queao viajar de carro, as despesas dos passeiospodem ficar bem mais baixas do quemuitos imaginam. “Dirigindo você temoportunidade de conhecer lugares que osroteiros turísticos não alcançam e na maioriadas vezes é mais econômico. Vocêpode ficar em campings e hotéis menores.Além do que, <strong>com</strong>bustível caro, <strong>com</strong>ono Brasil, não existe em todos os lugares”,conta Robson.A PID antes de <strong>ser</strong> emitida pelo<strong>Detran</strong>/PR era feita por outra instituiçãoe essa mudança trouxe vários benefíciospara o usuário. “Como a PID está diretamenteatrelada a CNH, este <strong>ser</strong>viço tornou-semais rápido e ágil. Após o recolhimentoda taxa e confirmação do processoo usuário receberá a PID em seu endereçode correspondência no prazo de03 a 05 dias”, explica a coordenadora dosetor de habilitação do <strong>Detran</strong>/PR,Maria Aparecida Farias. Robson diz quefoi possível perceber a melhoria no <strong>ser</strong>viçoe até mesmo no preço. “Para fazer aPID é muito rápido, demorei pouquíssimotempo no <strong>Detran</strong>. Antes era mais demoradoe o preço muito caro, quase 100dólares. A mudança para o <strong>Detran</strong> trazmais agilidade e pesa menos no bolso dobrasileiro que pretende conhecer outropaís dirigindo”, ob<strong>ser</strong>va Robson.Lindomar Wiginescki (53) é outrobrasileiro que quando viajou para oexterior experimentou o gostinho de dirigirem estradas e ruas estrangeiras, e dizque é possível fazer um <strong>com</strong>parativo entreo trânsito e os sistemas de transportesde outros países e do Brasil. “Lá fora elessão mais rígidos <strong>com</strong> as normas de trânsito.Qualquer deslize, e você se sujeita àmulta e penalidade rigorosa. E o sistemade transporte é melhor. Acredito que ossistemas viários de outros países são ótimos<strong>exemplo</strong>s para o nosso país”, dizWiginescki. Robson também partilha damesma opinião de Wiginescki. “NosEstados Unidos estão as melhores estradasque já vi. Você tem várias opções parachegar a um mesmo destino. Existe arodovia pedagiada, a auto-estrada pública,vias especiais para roteiros turísticos,estradas mais usadas pelos caminhõesde cargas, todas em excelente estado decon<strong>ser</strong>vação e muito bem sinalizadas.Fora isso, o <strong>com</strong>portamento dos motoristasé melhor, não só nos EstadosUnidos, mas em outros países também.Em geral são mais educados e conscientesdo que é certo e errado no trânsito”,afirma Robson.A Alemanha, além de famosapor suas grandes e importantes fábricasde automóveis, é também conhecida pelaexcelência de suas rodovias para altavelocidade (autobanhens). Muitas chegama ter cinco pistas em um único sentido,buracos não existem, e controladoresde velocidade são raros, por isso não sesurpreenda se um Porsche passar ao seulado a mais de 200 km/hora. “Quando estivena Alemanha fiquei surpreso <strong>com</strong> avelocidade que alguns carros transitavamnas estradas. Alguns colegas alemãesdis<strong>ser</strong>am que estrangeiros, principalmenteos italianos, gostavam de testarseus carrões, tipo uma Ferrari, nas rodoviasalemãs”, conta o advogado LucasBenke. Mesmo assim ele garante quenão se sentiu inseguro nestas estradas.“Por <strong>ser</strong>em tão perfeitas em relação àqualidade e con<strong>ser</strong>vação do asfalto, a sinalizaçãoexcelente e por possuírem muitaspistas, mesmo <strong>com</strong> carros correndobastante, ainda assim, a sensação de segurançaé grande. Lá as pessoas respeitamas leis: a <strong>com</strong>binação bebida alcoólicae direção não é tolerada de forma alguma;para quem corre, existe, e é respeitada,a faixa mais à esquerda da estrada;quem <strong>vai</strong> mais devagar se utiliza das pistasmais ao centro e à direita, <strong>com</strong> isso,quase não se vê acidentes”, conta Benke.Mas nem só de maravilhas sãofeitas as estradas e ruas estrangeiras. A filhade Lindomar, Beatriz Wiginescki(27), conta que quando morou naEspanha ficou surpresa <strong>com</strong> o que viupor lá. “Eu imaginava que não encontrariatanta barbaridade <strong>com</strong>o vemos aqui.Mas motoristas que não respeitam as regrasexistem em todos os lugares. Vi algunscarros tão mal estacionados, quechegava a <strong>ser</strong> engraçado”. Robson tambémnão teve uma boa impressão do trânsitoestrangeiro. “Na Itália é muito parecido<strong>com</strong> o Brasil. As pessoas são muitoimprudentes e não respeitam <strong>com</strong>o deveriamas leis e regras de trânsito. Até lá aspessoas avisam <strong>com</strong> sinal de luz quandohá algum policial mais à frente. As estradasaté que são boas e é possível fazer algunspasseios de carro. Mas as ruas dascidades são muito estreitas, creio queeles pre<strong>ser</strong>vam muito o patrimônio históricodos lugares. Porém, isso deixa otrânsito um caos”, revela Robson. Eleainda faz uma re<strong>com</strong>endação a todos queforem viajar para o exterior e pretendemdirigir. “É sempre bom estar <strong>com</strong> outrosdocumentos, <strong>com</strong>o o passaporte, identidadee a própria CNH. Em alguns paíseseles exigem também a CNH junto <strong>com</strong> aPID”. Esta re<strong>com</strong>endação também é partilhadapor Wiginescki e MariaAparecida Farias.Para você que pretende dirigirem estradas estrangeiras confira na matériaao lado o que é preciso para requerersua Permissão Internacional para Dirigir.Passo a passo da PIDPara solicitar a PermissãoInternacional para Dirigir (PID), ocondutor deve <strong>com</strong>parecer ao<strong>Detran</strong>/PR e apresentar suaCarteira Nacional de Habilitação(CNH). O condutor pode fazer a solicitaçãoda PID diretamente emuma das unidades de atendimentodo <strong>Detran</strong>/PR (Ciretran's ou Postosde Atendimento). O valor da taxade emissão da PID é R$ 38,08 (taxaque deve <strong>ser</strong> corrigida no ano quevem pela inflação (IPCA). No prazode cinco dias úteis o documentoé encaminhado via correio para oendereço que constar no cadastrodo <strong>Detran</strong>/PR.Como a validade da PID éa mesma da CNH, ao solicitar a permissão,a CNH não pode estar <strong>com</strong>o prazo de validade vencido. Paraemissão da PID a CNH apresentadapelo motorista deve <strong>ser</strong> do modelo<strong>com</strong> foto (Renach). Com isso, osmotoristas que possuem a CNHsem foto terão que solicitar a emissãoda habilitação no novo modelo,para só então dar início ao processoda PID. O mesmo vale para o motorista<strong>com</strong> CNH de outro estado, independentede <strong>ser</strong> o modelo <strong>com</strong> fotoou sem foto, antes ele precisarátransferir sua CNH para o<strong>Detran</strong>/PR.Com a PID, os condutoresestarão autorizados a dirigir nos paísesque ratificaram a Convenção deViena sobre Trânsito Viário, celebradaem novembro de 1968, e asnormas para sua expedição estão estabelecidasna Portaria n.º025/2006 do DepartamentoNacional de Trânsito (Denatran).África do Sul, Alemanha,Argentina, Bélgica, Bolívia, Chile,França, Israel, Itália, Peru, Polônia,Suécia, Suíça e Uruguai, são algunsdos países signatários daConvenção de Viena e que aceitama PID. Acesse a página do<strong>Detran</strong>/PR na internet (www.detran.pr.gov.br)e confira quais os outrospaíses signatários daConvenção de Viena sobreTrânsito Viário.Já a CNH é aceita em apenasalguns países, <strong>com</strong>o é o caso daArgentina, Bolívia, Chile,Paraguai, Peru e Uruguai. Todostambém aceitam a PID.3233


NOTAS INTERNACIONAISCidade sem sinais de trânsitoA cidade de Bohmte, no norteda Alemanha, decidiu abolir todos os semáforos,placas de trânsito e faixas de pedestresdo centro da cidade para reduziro número de acidentes. A retirada dos sinaisé parte de um projeto financiado pelaUnião Européia que visa a diminuir osacidentes de trânsito e incentivar novasidéias para o planejamento urbano. NaAlemanha, há um total de vinte milhõesde sinais de trânsito, e especialistas dizemque até seis milhões deles são supérfluose atrapalham os motoristas.O projeto "Shared Space" (espaço<strong>com</strong>partilhado) quer demonstrarque o tráfego flui melhor quando motoristase pedestres têm que prestar maisatenção no que fazem – e não nos sinaisde trânsito.No total, sete projetos-pilotosestão sendo realizados na Holanda,Bélgica, Dinamarca, Grã-Bretanha e naAlemanha. Na cidade de Bohmte, o projetoinclui a remodelação de uma via centralda cidade que não terá mais uma claradivisão entre rua, calçada e ciclovia.Os motoristas têm de seguir apenas duasregras: trafegar pela direita e dar preferênciaa carros que se aproximam vindosdo lado direito.De acordo <strong>com</strong> o criador do"Shared Space", o holandês HansMonderman, "quanto mais regras e sinais,mais <strong>com</strong>plicada fica a vida dos pedestrese dos motoristas". Ele diz quesem tantas regras, as pessoas ficam maisalertas e tomam mais cuidado <strong>com</strong> as outras.O projeto pioneiro na Alemanha deveráentrar em vigor em 2008. (BBC)Buzinas <strong>com</strong> sons de animaisA polícia de Camboja, na Ásia,proibiu os motoristas de instalar em seuscarros buzinas que imitem sons de animais,<strong>com</strong>o o mugido dos touros.Segundo as autoridades, os barulhos contribuempara o aumento dos acidentes detrânsito. A medida, segundo o jornal"Kampuchea Thmey", pretende eliminaras buzinas, hoje freqüentes no caóticotráfego de cidades <strong>com</strong>o Phnom Penh,a capital do país.Por US$ 5 (quase R$ 9), qualquermotorista de caminhão, carro oumoto pode fazer seu veículo relinchar <strong>com</strong>oum cavalo ou latir <strong>com</strong>o um cachorro,graças aos equipamentos fabricados navizinha China. No entanto, os vendedoresdas novas buzinas, pelo menos os dePhnom Penh, garantem que continuarãovendendo as novas buzinas. A novidademais esperada é a que imita o rugido deum tigre. (G1)Grécia tem estradas mais perigosasUm estudo feito pela instituiçãoprivada britânica RAC Foundation <strong>com</strong>motoristas de 23 países apontou as estradasda Grécia <strong>com</strong>o as mais perigosas.Os resultados da pesquisa mostram queas chances de ocorrência de um acidentefatal na rede rodoviária grega é cinco vezesmaior do que na Grã-Bretanha, por<strong>exemplo</strong>.Para cada 100 milhões de quilômetrospercorridos por passageiro, ocorrem280 óbitos na Grécia, em <strong>com</strong>paração<strong>com</strong> 54 na Grã-Bretanha. As rodoviasgregas também têm o maior númerode mortes em relação ao tamanho da rederodoviária, <strong>com</strong> 115 mortes para cadamil quilômetros de estrada, por ano.Para o estudo, que também analisouo <strong>com</strong>portamento dos motoristas,foram entrevistadas 13 mil pessoas. Osmotoristas britânicos foram identificados<strong>com</strong>o os mais impacientes, <strong>com</strong>87% declarando se irritar <strong>com</strong> atitudesde outros motoristas, enquanto os belgas,<strong>com</strong> 55%, são os mais tranqüilos. AFrança, segundo a pesquisa, teria os motoristasmais agressivos, <strong>com</strong> 60% admitindojá ter agido duramente em relaçãoa outros usuários.Segundo os resultados, o quemais irrita os motoristas italianos é o usode telefones celulares no trânsito, enquantona Grécia, o que tira do sérioquem dirige são as trocas de pista repentinas.Muitas leis de trânsito locaistambém foram pesquisadas e surpreendemmotoristas de fora. Na Grécia, por<strong>exemplo</strong>, não é permitido carregar <strong>com</strong>bustívelde re<strong>ser</strong>va dentro do carro, enquantona Bélgica, é ilegal deixar cães sozinhosdentro de carros estacionados.34

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