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Raça e Etnias - Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais

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MINISTÉRIO DA SAÚDEMINISTÉRIO DA EDUCAÇÂOADOLESCENTES E JOVENS PARA AEDUCAÇÃO ENTRE PARES<strong>Raça</strong> e <strong>Etnias</strong>Saú<strong>de</strong> e prevenção nas escolas, v. 6Série B. Textos Básicos <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>Brasília – DF2011


© 2011 Ministério da Saú<strong>de</strong>.Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total <strong>de</strong>sta obra, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquerfim comercial. A responsabilida<strong>de</strong> pelos direitos autorais <strong>de</strong> textos e imagens <strong>de</strong>ssa obra é da área técnica. A coleção institucional do Ministério daSaú<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saú<strong>de</strong> do Ministério da Saú<strong>de</strong>: http://www.sau<strong>de</strong>.gov.br/bvs.Saú<strong>de</strong> e prevenção nas escolas, v. 6Série B. Textos Básicos <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>Tiragem: 1ª edição – 2011 – 10.000 exemplaresHouve impressão <strong>de</strong> 2.300 exemplares em 2010 sem atribuição <strong>de</strong> ISBN.Produção:MINISTÉRIO DA SAÚDESecretaria <strong>de</strong> Vigilância em Saú<strong>de</strong><strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>DST</strong>, <strong>Aids</strong> e <strong>Hepatites</strong> <strong>Virais</strong>SAF Sul Trecho 2, Bloco F, Torre 1 – Ed.PremiumCEP: 70.070-600 - Brasília – DFE-mail: aids@aids.gov.br / edicao@aids.gov.brHome page: http://www.aids.gov.brDisque Saú<strong>de</strong> / Pergunte <strong>Aids</strong>: 0800 61 1997Distribuição e Informações:MINISTÉRIO DA SAÚDESecretaria <strong>de</strong> Vigilância em Saú<strong>de</strong><strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>DST</strong>, <strong>Aids</strong> e <strong>Hepatites</strong> <strong>Virais</strong>SAF Sul Trecho 2, Bloco F, Torre 1 – Ed.PremiumCEP: 70.070-600 - Brasília – DFE-mail: aids@aids.gov.br / edicao@aids.gov.brHome page: http://www.aids.gov.brDisque Saú<strong>de</strong> / Pergunte <strong>Aids</strong>: 0800 61 1997MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃOSecretaria <strong>de</strong> Educação BásicaEsplanada dos Ministérios, Bloco L, EdifícioSe<strong>de</strong>, sala 500CEP 70047-900 – Brasília – DFHome page: http://www.mec.gov.brE-mail: daso-seb@mec.gov.brInformações: 0800616161Autoria para esta edição:Esta publicação é uma adaptação do textoelaborado por Maria Adrião e contou com aparticipação dos(as) diversos(as)colaboradores(as) listados(as) abaixo. Alémdisso, foi adaptada das oficinas <strong>de</strong> formação<strong>de</strong> jovens multiplicadores(as) do ProjetoSaú<strong>de</strong> e Prevenção nas Escolas.Colaboradores:Ângela DoniniCarla PerdizCláudio DiasDalva <strong>de</strong> OliveiraDaniela LigiéroDenis RibeiroDenis Ricardo CarlotoDenise SerafimEllen Zita AyerEmília Moreira JalilFernanda NogueiraHenrique Dantas <strong>de</strong> SantanaInocência NegrãoJuny KraiczykLula RamirezMagda ChinagliaMárcia AcioliMárcia LucasMargarita DiazMaria AdriãoMaria <strong>de</strong> Fátima Simas MalheiroMaria Elisa Almeida BrandtMaria Rebeca Otero GomesMaria Teresa <strong>de</strong> Arruda CamposMariana BragaMario VolpiNilva Ferreira <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>Ricardo <strong>de</strong> Castro e SilvaRosilea Maria Roldi WilleSandra UnbehaumSuylan Midley e SilvaThereza <strong>de</strong> LamareVera LopesOrganizadoras:Fernanda LopesIsabel Cristina BotãoJeane FélixNara VieiraResponsável pela Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Prevenção:Ivo BritoConsultoria para esta edição:Silvani ArrudaRevisão Final:Jeane FélixNara VieiraEdição:Dario NoletoMyllene Priscilla Müller NunesTelma Tavares Richa e SousaProjeto gráfico, capa e diagramação:Viração Educomunicação - Ana Paula MarquesNormalização:Amanda Soares Moreira - Editora MSImpresso no Brasil / Printed in BrazilFicha Catalográfica_______________________________________________________________________________________________________________________________________Brasil. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Secretaria <strong>de</strong> Vigilância em Saú<strong>de</strong>. <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>DST</strong>, <strong>Aids</strong> e <strong>Hepatites</strong> <strong>Virais</strong>.Adolescentes e jovens para a educação entre pares : raça e etnias / Ministério da Saú<strong>de</strong>. Secretaria <strong>de</strong> Vigilância em Saú<strong>de</strong>. <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong><strong>DST</strong>, <strong>Aids</strong> e <strong>Hepatites</strong> <strong>Virais</strong>. Ministério da Educação. Secretaria <strong>de</strong> Educação Básica – Brasília : Ministério da Saú<strong>de</strong>, 2011.62 p. : il. – (Saú<strong>de</strong> e prevenção nas escolas, v. 6) (Série B. Textos Básicos <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>)ISBN1. Saú<strong>de</strong> do adolescente e do jovem. 2. Discriminação racial. 3. Promoção da saú<strong>de</strong>. I. Ministério da Educação. Secretaria <strong>de</strong> Educação Básica. III.Título. III. Série.CDU 613.88:323.1_______________________________________________________________________________________________________________________________________Catalogação na fonte – Coor<strong>de</strong>nação-Geral <strong>de</strong> Documentação e Informação – Editora MS – OS 2011/0158Títulos para in<strong>de</strong>xação:Em inglês: Adolescents and young people for peer education: race and ethnicityEm espanhol: Adolescentes y jóvenes para la educación entre pares: la raza y la etnia


Prefaácio ´A série <strong>de</strong> fascículos Adolescentes e Jovens para a Educação entre Pares, que fazem partedo Projeto Saú<strong>de</strong> e Prevenção nas Escolas (SPE), como o próprio nome indica, é <strong>de</strong>stinadaa adolescentes e jovens. Tem como objetivo auxiliá-los(as) no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ações<strong>de</strong> formação para promoção da saú<strong>de</strong> sexual e saú<strong>de</strong> reprodutiva, a partir dofortalecimento do <strong>de</strong>bate e da participação juvenil.Seu propósito não é meramente ser mais um conjunto <strong>de</strong> fascículos, e sim trazerprovocações e aprofundar o conhecimento que os(as) adolescentes e jovens têm a respeito<strong>de</strong> temas presentes em toda a socieda<strong>de</strong>, e que muitas vezes são tratados <strong>de</strong> maneiraequivocada ou preconceituosa. Ao mesmo tempo, <strong>de</strong>seja orientar o trabalho por meio <strong>de</strong>oficinas, <strong>de</strong>bates e leituras. Preten<strong>de</strong>, ainda, provocar reflexões e instigar o diálogo sobreas temáticas do SPE <strong>de</strong>ntro das escolas brasileiras.Os temas fundamentais <strong>de</strong>stes fascículos são dados pelos eixos <strong>de</strong> ação do Projeto Saú<strong>de</strong>e Prevenção nas Escolas, que têm como objetivo central <strong>de</strong>senvolver estratégias <strong>de</strong>promoção dos direitos sexuais e dos direitos reprodutivos, <strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>prevenção das doenças sexualmente transmissíveis, do HIV e da aids, e da educação sobreálcool e outras drogas junto ao público <strong>de</strong> adolescentes e jovens escolares, por meio do<strong>de</strong>senvolvimento articulado <strong>de</strong> ações no âmbito das escolas e das unida<strong>de</strong>s básicas <strong>de</strong>saú<strong>de</strong>.O SPE é conduzido, no âmbito fe<strong>de</strong>ral, pelo Ministério da Educação e pelo Ministério daSaú<strong>de</strong>, em parceria com a UNESCO, o UNICEF e o UNFPA. Essas instituições constituem oGrupo <strong>de</strong> Trabalho Fe<strong>de</strong>ral (GTF) que está encarregado da elaboração <strong>de</strong> diretrizes,avaliação e monitoramento do Projeto.Acreditando que adolescente apren<strong>de</strong> mais com adolescente, o Ministério da Saú<strong>de</strong> e oMinistério da Educação, pelo GTF, convocam adolescentes e jovens a intensificar o diálogoentre seus pares. Partem, também, da convicção <strong>de</strong> que os setores Saú<strong>de</strong> e Educaçãorelacionam-se a vários temas que precisam ser contextualizados e discutidos, tais como:sexualida<strong>de</strong>, prevenção das <strong>DST</strong>/HIV/aids, cidadania, participação, direitos, relações <strong>de</strong>gênero, diversida<strong>de</strong> sexual, raça e etnia.O trabalho com esses temas exige uma abordagem pedagógica que inclui informação,reflexão, emoção, sentimento e afetivida<strong>de</strong>. Por isso, este conjunto <strong>de</strong> fascículos ofereceuma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> conteúdos e trabalha com conceitos científicos, poesias, música, textosjornalísticos, dados históricos e <strong>de</strong> pesquisa, entre outros.Cada um <strong>de</strong>les contém: texto básico; materiais <strong>de</strong> apoio com informações variadas e/oucuriosida<strong>de</strong>s sobre o que se discutirá em cada oficina; letras <strong>de</strong> músicas, poesia esugestões <strong>de</strong> filmes que mostram como o tema tem sido tratado em diversasmanifestações culturais e em diferentes lugares, no Brasil e no mundo.A partir <strong>de</strong> agora, o <strong>de</strong>bate está cada vez mais aberto.Ministério da Saú<strong>de</strong>Ministério da Educação


Sumario ´Apresentação..............................................................................................................9Para início <strong>de</strong> conversa.............................................................................................11OficinasOficina 1 - Preconceito e discriminação ................................................................15Oficina 2 - Que país é esse?...................................................................................20Oficina 3 - A escola e a discriminação ..................................................................24Oficina 4 - Diversida<strong>de</strong>s e vulnerabilida<strong>de</strong>s .........................................................32Oficina 5 - Mídia e racismo ....................................................................................38Oficina 6 - Desigualda<strong>de</strong>s raciais e políticas <strong>de</strong> inclusão ..................................44Para saber mais .......................................................................................................53Sessão <strong>de</strong> cinema ....................................................................................................54Glossário ..................................................................................................................56Referências ...............................................................................................................60


Apresentaçãçc ~<strong>Raça</strong>s e <strong>Etnias</strong> - 9ao´Este fascículo traz uma série <strong>de</strong> oficinas e textos relacionados aos temas raça, racismoe etnias.Durante muito tempo, disseminou-se a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que a socieda<strong>de</strong> brasileira era uma<strong>de</strong>mocracia racial, ou seja, que vivíamos em um país em que não havia nenhuma forma<strong>de</strong> preconceito nas relações entre as pessoas brancas e negras.A partir da pressão <strong>de</strong> ativistas do movimento negro e com a colaboração <strong>de</strong> estudose pesquisas que i<strong>de</strong>ntificaram claramente a existência das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s étnicas e raciaisno Brasil, vêm sendo construídas estratégias <strong>de</strong> políticas públicas para enfrentar essas<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s. As políticas afirmativas que garantem um maior acesso <strong>de</strong> pessoas pretas,<strong>de</strong> pardas e indígenas à escolarização é um exemplo <strong>de</strong>ssas políticas. O uso da expressão"racial' ganhou no Brasil um significado político no processo <strong>de</strong> afirmação das i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>sdas populações negras, entre as quais estão incluídos especificamente pretos e pardos.Quando se trata da diversida<strong>de</strong> da população brasileira, negro é, para além da cor,a expressão <strong>de</strong> culturas, <strong>de</strong> tradições, <strong>de</strong> religiosida<strong>de</strong>s e, particularmente, <strong>de</strong> umahistória. Uma história <strong>de</strong> exclusão e uma história <strong>de</strong> lutas por uma socieda<strong>de</strong> mais justae livre do racismo, seja o racismo <strong>de</strong>clarado ou o racismo camuflado. O movimentoindígena e muitas pesquisas realizadas no campo da antropologia têm mostrado queas relações interéticas entre povos indígenas e não indígenas também sãohistoricamente marcadas por relações conflitantes e <strong>de</strong> <strong>de</strong>srespeito às populaçõesindígenas. Mais <strong>de</strong> 220 povos indígenas diferentes estão presentes no território nacional,falantes <strong>de</strong>, aproximadamente, 180 linguas diferentes.Apesar das várias mudanças já constatadas, basta dar uma olhada, por exemplo, nosindicadores <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> materna, <strong>de</strong> expectativa <strong>de</strong> vida e <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> infantil paraperceber que, em pleno século 21, o racismo e a discriminação racial ainda impe<strong>de</strong>m quenegras e negros, índios e índias tenham a mesma oportunida<strong>de</strong> que brancas e brancos.Neste fascículo, a proposta é justamente promover uma ampla discussão sobreo racismo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o que orienta pequenos gestos que acabam passando <strong>de</strong>spercebidos, masque são norteados por preconceitos raciais e justificam atitu<strong>de</strong>s e comportamentos pessoaisdiscriminatórios e exclu<strong>de</strong>ntes, até aquele cuja manifestação impe<strong>de</strong> que as pessoastenham seus direitos fundamentais protegidos ou efetivados. A metodologia sugerida éa <strong>de</strong> linha participativa, apoiada na estratégia <strong>de</strong> educação entre pares. Partiu-se doprincípio <strong>de</strong> que os(as) adolescentes e jovens são sujeitos ativos e <strong>de</strong>vem ser envolvidos(as)na discussão, na i<strong>de</strong>ntificação e na busca por soluções, tanto individuais quanto coletivas,que tenham como objetivo enfrentar e superar o preconceito e a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>.Tanto os textos quanto as ativida<strong>de</strong>s práticas basearam-se nas recomendações dosParâmetros Curriculares Nacionais/Pluralida<strong>de</strong> Cultural (MEC), nos princípios e diretrizes da


10 - Ministério da Saú<strong>de</strong> - Secretaria <strong>de</strong> Vigilância em Saú<strong>de</strong> - <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>DST</strong>, <strong>Aids</strong> e <strong>Hepatites</strong> <strong>Virais</strong>Política Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Integral da População Negra, bem como na literaturadisponível sobre o tema. Consi<strong>de</strong>raram, prioritariamente, as necessida<strong>de</strong>s dos (as)adolescentes e jovens apontadas pelos(as) jovens ativistas que participaram <strong>de</strong> todo oprocesso <strong>de</strong> sua elaboração.Cada oficina <strong>de</strong>screve, minuciosamente, o passo a passo da proposta visando a facilitara sua aplicação pelo (a) educador (a) entre pares e seguindo o roteiro abaixo:Objetivo: o que se preten<strong>de</strong> obter com a aplicação da oficina.Material: o que é necessário ter em mãos para a realização da oficina. Na maioria doscasos, os materiais propostos são muito simples, baratos e acessíveis.Questões a serem respondidas: perguntas-chave a serem feitas ao final da oficina, paradiscussão, reflexão e aprofundamento <strong>de</strong> situações mais polêmicas ou complexas.Tempo: aproximadamente quantas horas serão necessárias para <strong>de</strong>senvolver toda aoficina. No entanto, esse tempo po<strong>de</strong> variar <strong>de</strong> acordo com o tamanho do grupo, com aida<strong>de</strong> dos/as participantes e/ou o conhecimento que elas e eles já têm sobre o assunto.Integração: um quebra-gelo inicial para <strong>de</strong>scontrair o grupo e mostrar o caráterlúdico da proposta.Ativida<strong>de</strong>: <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong>talhada <strong>de</strong> cada ação necessária para que a oficina aconteça daforma mais fácil e completa possível.Conclusão: as i<strong>de</strong>ias principais que <strong>de</strong>vem ser passadas para os(as) participantes.Finalização: uma avaliação bem simples sobre a ativida<strong>de</strong> realizada e umrelaxamento final.Alguns <strong>de</strong>staques, informações legais, curiosida<strong>de</strong>s ou <strong>de</strong>poimentos foram agregados aalgumas oficinas.No final <strong>de</strong>ste fascículo, na seção “Para saber mais”, estão dicas <strong>de</strong> filmes que tratamdos temas trabalhados e um glossário para enten<strong>de</strong>r melhor os termos utilizados pelomovimento negro, na busca por uma socieda<strong>de</strong> mais igualitária.


<strong>Raça</strong>s e <strong>Etnias</strong> - 11Para iníicio ´<strong>de</strong> conversa 1Que o Brasil é imenso todo mundo sabe, mas raramente paramos para pensar sobrea diversida<strong>de</strong> cultural do nosso povo. Além da população indígena que sempre viveu poraqui, imigrantes e <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> europeus, africanos, asiáticos, latino-americanos,ciganos etc. habitam esse país.Muitas pessoas costumam dizer que é um país <strong>de</strong> “braços abertos”, formadooriginalmente por três raças — o índio, o branco e o negro — que se dissolveram, dandoorigem ao brasileiro. Nessa concepção, o Brasil seria um lugar em que todas as pessoaspo<strong>de</strong>riam exercer seus direitos e que o preconceito e a discriminação racialsimplesmente não existiriam. Certo?Não, errado. Na vida real o que se vê é outra coisa.Para começar, atualmente, convivem no território nacional cerca <strong>de</strong> 225 etniasindígenas 2 , cada uma <strong>de</strong>las guardando i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> própria. Além disso, há no Brasil umaimensa população formada por <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes dos povos africanos e um grupoigualmente numeroso <strong>de</strong> imigrantes e <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> povos originários <strong>de</strong> diferentescontinentes, <strong>de</strong> diferentes tradições culturais e <strong>de</strong> diferentes religiões.Ao longo da história, aconteceram inúmeras situações <strong>de</strong>discriminação e exclusão social, impedindo muitos(as)brasileiros (as) <strong>de</strong> exercer plenamente suacidadania.O mito que vivemos em uma culturauniforme em que não existem<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s nem preconceitos só fezcom que as discriminações praticadas com1Fonte: (Texto elaborado a partir <strong>de</strong>: BRASIL, 1997; BRASIL, 2007;ROCHA, 2004; BOLETIM CIMI, 2004).2Fonte: (MATTEDI, 2007).


12 - Ministério da Saú<strong>de</strong> - Secretaria <strong>de</strong> Vigilância em Saú<strong>de</strong> - <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>DST</strong>, <strong>Aids</strong> e <strong>Hepatites</strong> <strong>Virais</strong>base nas diferenças raciais acabassem por ficar ocultas, sobretudo aquelas contra aspopulações negra e indígena.Há muitos anos que as mulheres e os homens negros se organizam no sentido <strong>de</strong>superar as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s construídas historicamente e suas implicações. Uma dasprincipais ban<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> luta do movimento negro, formada por intelectuais e ativistascomprometidos com a proteção dos direitos humanos e a luta antirracista, é justamentemostrar que o mito da <strong>de</strong>mocracia racial 3 , além <strong>de</strong> ser um equívoco, ainda impe<strong>de</strong> que aigualda<strong>de</strong> entre as pessoas, <strong>de</strong> fato, aconteça.Os povos indígenas no Brasil, por sua vez, têm vivenciado um processo histórico <strong>de</strong>resistência e <strong>de</strong> organização <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a colonização do país por Portugal. Esse processo émarcado por gran<strong>de</strong>s massacres, extermínio e invasão das terras tradicionais <strong>de</strong>ssespovos. Uma <strong>de</strong> suas maiores lutas é pela <strong>de</strong>marcação <strong>de</strong> suas terras, uma vez que sóassim a sobrevivência dos povos da floresta e a preservação <strong>de</strong> suas culturas serápossível. Hoje, muitos povos indígenas estão sem a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas terras, emboraisso seja direito garantido na Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988, nos seus artigos 231 e 232,fruto <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> luta em todo o Brasil, sobretudo a partir da década <strong>de</strong> 1970.O que é raça? O que é etnia?<strong>Raça</strong> – conceito que teve intenso uso i<strong>de</strong>ológico no século XIX para justificar a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> quehá raças superiores e inferiores, o que legitimou a subjugação e a exploração <strong>de</strong> povosconsi<strong>de</strong>rados, sob essa lógica, biologicamente inferiores. A ciência do século XX,especialmente a genética, <strong>de</strong>monstrou que o conceito biológico <strong>de</strong> raça não temsustentação científica, porque há mais diferenças entre os indivíduos consi<strong>de</strong>rados damesma raça, do ponto <strong>de</strong> vista genético, do que entre as supostas raças, ou seja, a espéciehumana é única e indivisível. As diferenças <strong>de</strong> fenótipo (diferenças aparentes) nãoimplicam diferenças biológicas ou genéticas que justifiquem a classificação dos sujeitosem diferentes raças ou que justifiquem a distinção hierárquica entre os povos (raçassuperiores ou inferiores). O termo “raça” ainda é utilizado para informar como<strong>de</strong>terminadas características físicas (cor <strong>de</strong> pele, tipo e textura <strong>de</strong> cabelo, formato do narize do crânio, formato do rosto) e, também, manifestações culturais influenciam,interferem e até mesmo <strong>de</strong>terminam o <strong>de</strong>stino e o lugar dos sujeitos na socieda<strong>de</strong>brasileira em razão da carga <strong>de</strong> preconceito e discriminação aos quais estão submetidosos grupos não brancos.Etnia – refere-se a um grupo <strong>de</strong> pessoas que consi<strong>de</strong>ram ter um ancestral comum ecompartilham da mesma língua, da mesma religião, da mesma cultura, das mesmastradições e visão <strong>de</strong> mundo, do mesmo território ou das mesmas condições históricas.3Ver glossário.


<strong>Raça</strong>s e <strong>Etnias</strong> - 13O racismo na escolaDe acordo com vários estudos e pesquisas 4 , a escola é consi<strong>de</strong>rada como um dosespaços sociais em que crianças e adolescentes negros(as) <strong>de</strong>frontam-se <strong>de</strong> forma maiscontun<strong>de</strong>nte com a vivência do racismo e da discriminação racial.As situações <strong>de</strong> rejeição enfrentadas pelos alunos(as) negros(as), aliadas ao silênciodos(as) profissionais da educação em relação a essas práticas, produzem gravessequelas na autoestima <strong>de</strong>ssas crianças e jovens, repercutindo negativamente no seu<strong>de</strong>sempenho escolar e no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aprendizado. É, ainda,um fator importante <strong>de</strong> evasão escolar.Dados <strong>de</strong> 2001, por exemplo, revelaram que estudantes negras e negros representavamapenas um quinto da população universitária (19,7%), enquanto brancas e brancos erama maioria (78,3% dos estudantes).Em 1998, a partir da publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais 5 , o tema transversalPluralida<strong>de</strong> Cultural veio reforçar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se investir em mudanças educacionaisque valorizassem todos os povos que fazem parte <strong>de</strong>ste país, fornecendo, assim,informações que contribuíssem para a formação <strong>de</strong> mentalida<strong>de</strong>s voltadas para a superação<strong>de</strong> todas as formas <strong>de</strong> discriminação e exclusão.A Lei nº 10.639/2003 instituiu o ensino obrigatório <strong>de</strong> história e cultura afrobrasileirasnas escolas, valorizando a luta da população negra e garantindo sua contribuição nasáreas social, econômica e política da história do Brasil. O principal objetivo é acabar como racismo presente nas práticas educacionais.Conceitos ImportantesPreconceito - conjunto <strong>de</strong> crenças e valores preconcebidos e apreendidos, sem razãoobjetiva ou refletida, que levam um indivíduo ou um grupo a nutrir opiniões a favor oucontra os membros <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados grupos, antes <strong>de</strong> uma efetiva experiência comesses. No terreno das relações raciais, o emprego do termo normalmente se refere “aoaspecto negativo <strong>de</strong> um grupo herdar ou gerar visões hostis a respeito <strong>de</strong> outro,distinguível com base em generalizações”.Racismo - é uma i<strong>de</strong>ologia que justifica a organização <strong>de</strong>sigual da socieda<strong>de</strong> ao afirmarque grupos raciais ou étnicos são inferiores ou superiores, em vez <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rá-lossimplesmente diferentes. Ele opera pela atribuição <strong>de</strong> sentidos pejorativos a4Fonte: (MATTAR, 2008).5Fonte: (BRASIL, 1997).


14 - Ministério da Saú<strong>de</strong> - Secretaria <strong>de</strong> Vigilância em Saú<strong>de</strong> - <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>DST</strong>, <strong>Aids</strong> e <strong>Hepatites</strong> <strong>Virais</strong>características peculiares <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados padrões da diversida<strong>de</strong> humana e <strong>de</strong>significados sociais negativos aos grupos que os <strong>de</strong>têm. Não se trata <strong>de</strong> umaopinião pessoal, porque as i<strong>de</strong>ias preconceituosas e as atitu<strong>de</strong>s racistas ediscriminatórias são mantidas por gerações e, em cada tempo e lugar, elas semanifestam <strong>de</strong> maneira diferente, por meio <strong>de</strong> piadas, da apresentação <strong>de</strong>personagens negros e índios nos filmes, novelas, <strong>de</strong>senhos, propagandas etc.Discriminação racial - correspon<strong>de</strong> à expressão ativa ou comportamental doracismo e do preconceito racial. O preconceito e o racismo são modos <strong>de</strong> verconcepções, representações sobre <strong>de</strong>terminadas pessoas ou grupos sociaisracializados. A discriminação racial remete a ações em que essas representaçõessão apresentadas por meio <strong>de</strong> práticas sociais e cotidianas, gerando situações <strong>de</strong><strong>de</strong>svantagem e <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s entre os segmentos populacionais envolvidos.Manifestam-se <strong>de</strong> forma intencional ou não, seja pela atribuição <strong>de</strong> rótulospejorativos, seja até mesmo pela negação do acesso aos bens públicos econstitucionais, como saú<strong>de</strong>, educação, justiça, habitação, participação política etc.Fonte: (CASHMORE, 2000; SANTOS, 2001).


<strong>Raça</strong>s e <strong>Etnias</strong> - 15Oficina 1 :Preconceito e discriminaçãoObjetivos Materiais necessários Questões aserem respondidasI<strong>de</strong>ntificar as diferençasque se tornam<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s por causa<strong>de</strong> características físicase/ou culturais.Fita a<strong>de</strong>siva ou crepeQuadroAparelho <strong>de</strong> som e CDs.4Na opinião <strong>de</strong> vocêsquem em nosso país étratado (a) como “coisa”?Quem é tratado(a) como“pessoa”?4Por que essas situaçõesacontecem? Comoenfrentá-las?4Qual o papel dos(as)adolescentes e jovens namudança <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>spreconceituosas ediscriminatórias?Tempo: 2 horas


16 - Ministério da Saú<strong>de</strong> - Secretaria <strong>de</strong> Vigilância em Saú<strong>de</strong> - <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>DST</strong>, <strong>Aids</strong> e <strong>Hepatites</strong> <strong>Virais</strong>Integração4Peça ao grupo para andar pelo espaço da sala ou do pátio, escutando a música eobservando os movimentos do seu próprio corpo e do corpo dos outros. Todos <strong>de</strong>verãoficar atentos ao ritmo da música (normal, acelerado e lento), movendo-se <strong>de</strong> acordocom os ritmos.4Informe que, em algum momento, você irá interromper a música e dará algunscomandos. Os(as) participantes <strong>de</strong>verão fazer aquilo que o(a) facilitador(a) disser:1. formar uma dupla com alguém;2. colocar a mão direita no joelho esquerdo do outro;3. encostar o pé direito <strong>de</strong> um no pé esquerdo do outro;4. encostar as testas;5. encostar os cotovelos;6. <strong>de</strong>sfazer a dupla e andar pela sala;7. fazer uma dupla com a pessoa que estiver mais perto.4Peça que as duplas façam uma fila e que fiquem <strong>de</strong> frente um(a) para o(a) outro(a).Ativida<strong>de</strong>4Informe que o nome da ativida<strong>de</strong> é: Coisas e Pessoas. Escolha, aleatoriamente, umgrupo para ser as “coisas” e o outro as “pessoas”.4Leia as regras para cada grupo:COISAS: As coisas não po<strong>de</strong>m pensar, não sentem, não po<strong>de</strong>m tomar <strong>de</strong>cisões,não têm sexualida<strong>de</strong>, têm que fazer aquilo que as pessoas lhes or<strong>de</strong>nem. Se umacoisa quer se mover ou fazer algo, tem que pedir permissão à pessoa.PESSOAS: As pessoas pensam, po<strong>de</strong>m tomar <strong>de</strong>cisões, têm sexualida<strong>de</strong>, senteme, além disso, po<strong>de</strong>m pegar as coisas que querem.4Peça para o grupo das “pessoas” pegar “coisas” e fazer com elas o que quiser.Po<strong>de</strong>rão or<strong>de</strong>nar que façam quaisquer ativida<strong>de</strong>s.4Dê ao grupo <strong>de</strong> 3 a 5 minutos para que “as coisas” <strong>de</strong>sempenhem os papéis<strong>de</strong>signados pelas pessoas, <strong>de</strong>ntro do espaço da sala ou do pátio.4Solicite aos grupos que regressem aos seus lugares e explorem a ativida<strong>de</strong> a partirdas questões a serem respondidas.4Ao final, apresente os conceitos <strong>de</strong> preconceito e <strong>de</strong> discriminação:Preconceito refere-se a predisposições negativas a respeito <strong>de</strong> uma pessoa ou umgrupo <strong>de</strong> pessoas com base em características físicas ou culturais.


<strong>Raça</strong>s e <strong>Etnias</strong> - 17Discriminação - conduta (ação ou omissão) que viola direitos das pessoas com baseem critérios injustificados e injustos, tais como raça, sexo, ida<strong>de</strong>, opção religiosa eoutros.Conclusões4Um dos exemplos mais claros <strong>de</strong> discriminação e “coisificação” po<strong>de</strong> ser encontradona própria História em relação à escravidão, situação em que negros e negras<strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> ser vistos como pessoas e passaram a ser tratados como coisas.4Mesmo nos dias <strong>de</strong> hoje, ainda é comum verificar o racismo em várias situações dodia a dia, por exemplo, em palavras e expressões como: “<strong>de</strong>negrir”; “a coisa estápreta”; “dia <strong>de</strong> branco”, “samba do crioulo doido”, “isso é serviço <strong>de</strong> preto”, “pretoquando não faz na entrada faz na saída” etc . As mulheres negras, por sua vez,sofrem dois tipos <strong>de</strong> discriminação: a racial e a <strong>de</strong> gênero. Por gênero enten<strong>de</strong>-se aconstrução sociocultural do feminino e do masculino, ou seja, as diferenças entre oshomens e as mulheres que foram construídas ao longo da história da humanida<strong>de</strong>,por meio dos costumes, i<strong>de</strong>ias, atitu<strong>de</strong>s, crenças e regras criadas pela socieda<strong>de</strong>. Essadiferença historicamente construída tem privilegiado os homens, na medida em quea socieda<strong>de</strong> não tem oferecido as mesmas oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> inserção e exercício <strong>de</strong>cidadania a homens e mulheres. Já por racismo enten<strong>de</strong>mos qualquercomportamento ou atitu<strong>de</strong> discriminatória em função da raça, etnia ou cultura.Assim, uma pessoa é racista quando acredita que certas características, como a corda pele, textura do cabelo, formato do nariz, tradições ou o lugar on<strong>de</strong> se nasce,fazem com que existam grupos <strong>de</strong> pessoas que <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados superiores eoutros inferiores.4Nosso país, mesmo tendo uma gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> sua população composta por pessoasnegras e um número menor <strong>de</strong> pessoas indígenas, ainda é muito racista. O racismo éconsi<strong>de</strong>rado um crime e, por isso, <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>nunciado.Finalização da oficina4Peça que, quem quiser, conte ao grupo uma situação <strong>de</strong> preconceito e/oudiscriminação que já vivenciou ou presenciou.4Proponha que, conjuntamente, façam uma lista <strong>de</strong> ações voltadas para, no mínimo,diminuir o número <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> preconceito e discriminação nos espaços frequentadospor adolescentes e jovens.


18 - Ministério da Saú<strong>de</strong> - Secretaria <strong>de</strong> Vigilância em Saú<strong>de</strong> - <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>DST</strong>, <strong>Aids</strong> e <strong>Hepatites</strong> <strong>Virais</strong>Convenção sobre a Eliminação <strong>de</strong> Todas as Formas <strong>de</strong> Discriminação RacialO direito à não discriminação é um direito humano garantido por diversos documentosinternacionais, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos e a ConvençãoInternacional sobre a Eliminação <strong>de</strong> Todas as Formas <strong>de</strong> Discriminação Racial. Essesdois documentos reconhecem as especificida<strong>de</strong>s e as diferenças existentes entregrupos e pessoas e seu impacto na efetivação <strong>de</strong> seus direitos humanos, buscandoassegurá-los entre todos.O documento referente à Convenção, aprovado em 1965 pelas Nações Unidas, foiassinado por 167 Estados, <strong>de</strong>ntre eles o Brasil, que se comprometeram a combater oracismo e a discriminação racial. Des<strong>de</strong> seu preâmbulo, essa Convenção assinala quequalquer “doutrina <strong>de</strong> superiorida<strong>de</strong> baseada em diferenças raciais é cientificamentefalsa, moralmente con<strong>de</strong>nável, socialmente injusta e perigosa, inexistindo justificativapara a discriminação racial, em teoria ou prática, em lugar algum”. Ressalta a urgênciaem adotar as medidas necessárias para eliminar a discriminação racial em todas as suasformas e manifestações e prevenir e combater doutrinas e práticas racistas.O artigo 1° da Convenção <strong>de</strong>fine a discriminação racial como: qualquer distinção,exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, <strong>de</strong>scendência ou origemnacional ou étnica, que tenha o propósito ou o efeito <strong>de</strong> anular ou prejudicar oreconhecimento, gozo ou exercício em pé <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> dos direitos humanos eliberda<strong>de</strong>s fundamentais.Vale dizer, a discriminação abrange toda distinção, exclusão, restrição ou preferênciaque tenha por objeto ou resultado prejudicar ou anular o exercício, em igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong>condições, dos direitos humanos e liberda<strong>de</strong>s fundamentais, nos campos político,econômico, social, cultural e civil ou em qualquer outro campo. Logo, a discriminaçãosempre significa <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>.Essa mesma lógica inspirou a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> discriminação contra a mulher, quando daadoção da Convenção sobre a Eliminação <strong>de</strong> Todas as Formas <strong>de</strong> Discriminação contraa Mulher, pela ONU, em 1979. A discriminação ocorre quando somos tratados comoiguais, em situações diferentes; e como diferentes, em situações iguais.Fonte: (MATTAR, 2008; BRASIL, 2008).


<strong>Raça</strong>s e <strong>Etnias</strong> - 19Crimes <strong>de</strong>discriminaçãoracialTodas as situações <strong>de</strong>scritas a seguir, quando praticadas por motivos<strong>de</strong> preconceito <strong>de</strong> raça/cor, religião, etnia ou nacionalida<strong>de</strong>, sãoconsi<strong>de</strong>radas crime <strong>de</strong> discriminação racial. Quem cometer qualqueruma <strong>de</strong>ssas ações estará sujeito à punição:Recusar, impedir, negar:— Acesso a estabelecimento comercial, negando-se a servir,aten<strong>de</strong>r ou receber cliente ou comprador; entradas sociais emedifícios públicos ou resi<strong>de</strong>nciais e elevadores ou escada <strong>de</strong>acesso aos mesmos; transportes públicos, como aviões, navios, barcos, ônibus, trens e metrô, ouqualquer outro meio <strong>de</strong> transporte.— A inscrição ou o ingresso <strong>de</strong> aluno(a) em estabelecimento <strong>de</strong> ensino público ou privado <strong>de</strong>qualquer grau.— A hospedagem em hotel, pensão ou qualquer estabelecimento similar.— O atendimento em restaurantes, bares, confeitarias ou locais semelhantes abertos ao público;estabelecimentos esportivos, casas <strong>de</strong> diversão ou clubes sociais abertos ao público; salões <strong>de</strong>cabeleireiro, barbearias, casas <strong>de</strong> massagem ou estabelecimento com as mesmas finalida<strong>de</strong>s.Impedir ou dificultar:O acesso <strong>de</strong> alguém ao serviço em qualquer ramo das Forças Armadas; a qualquer cargo daadministração direta ou indireta, bem como em empresas públicas ou privadas (quando<strong>de</strong>vidamente habilitado).O casamento ou a convivência familiar e social.Praticar, induzir ou incitar:A discriminação ou o preconceito <strong>de</strong> raça/cor, etnia, religião ou procedência nacional.Fonte: (MATTAR, 2008).DICAO Centro <strong>de</strong> Estudos das Relações <strong>de</strong> Trabalho e Desigualda<strong>de</strong>s (CEERT), fundadoem 1990, é uma organização não governamental que, entre outros projetos, possuiuma equipe <strong>de</strong> advogados(as) que atua em casos emblemáticos <strong>de</strong> discriminaçãoracial ou religiosa e na <strong>de</strong>fesa judicial da igualda<strong>de</strong> racial, incluindo as políticas <strong>de</strong>ação afirmativa. Página: www.ceert.org.br


20 - Ministério da Saú<strong>de</strong> - Secretaria <strong>de</strong> Vigilância em Saú<strong>de</strong> - <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>DST</strong>, <strong>Aids</strong> e <strong>Hepatites</strong> <strong>Virais</strong>Oficina 2:Que país é esse?Objetivos Materiais necessários Questões aserem respondidasResgatar a ancestralida<strong>de</strong>dos(as) participantes,valorizando o patrimôniohistórico-culturalbrasileiro.EspelhoQuadroFita a<strong>de</strong>siva ou crepeFolhas <strong>de</strong> papel tamanhogran<strong>de</strong> emendadas,formando um quadrado<strong>de</strong> mais ou menos doismetros.Retalhos <strong>de</strong> papel <strong>de</strong>diferentes coresLápis <strong>de</strong> corColaRevistas velhasTesourasFolhasPedrasSerragemPedaços <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iraSementes4Que país é esse em quevivemos?4Todas as pessoas quevivem no Brasil têm osmesmos direitos? Porquê?4Existe, no Brasil, algumtipo <strong>de</strong> preconceito oudiscriminação por razãoda cor <strong>de</strong> pele, classesocial, gênero ou religião?4Como, quando, on<strong>de</strong> epor que isso acontece?Tempo: 2 horas


<strong>Raça</strong>s e <strong>Etnias</strong> - 21Integração4Coloque um espelho na sala e peça que cada participante se levante e observeseu próprio cabelo.4Solicite que, em silêncio, cada um(a) atribua um adjetivo em relação ao próprio cabelo.4Peça que voltem para o seu lugar e, <strong>de</strong>pois que todos passarem pelo espelho, digamos adjetivos escolhidos sobre seu próprio cabelo. Escreva os adjetivos no quadro,quantificando os que mais e os que menos apareceram.4Pergunte a todos(as) o porquê das pessoas terem diferentes tipos <strong>de</strong> cabelos.4Explique que, apesar da função <strong>de</strong> qualquer tipo <strong>de</strong> cabelo ser a <strong>de</strong> proteger a cabeçado sol e <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes, alguns tipos costumam ser mais apreciados do que outrose, muitas vezes, essa “preferência” tem como raiz a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> racial – o cabeloliso e claro (dos europeus e americanos) é mais valorizado que os escuros e crespos(dos africanos).Ativida<strong>de</strong>4Inicie a ativida<strong>de</strong> afirmando que todas as pessoas do grupo vivem em uma mesmacida<strong>de</strong>, no mesmo país, no mesmo tempo histórico, mas que, mesmo assim, cadapessoa tem uma história própria.4Informe que nessa ativida<strong>de</strong> a i<strong>de</strong>ia é que todo o grupo trabalhe questõesrelacionadas à história <strong>de</strong> cada um(a) .4Coloque uma folha <strong>de</strong> papel bem gran<strong>de</strong> (mais ou menos 2 X 2 metros) no chão ecoloque os materiais ao lado.4Peça que, individualmente, pensem em si mesmos(as), em suas famílias e suaorigem. Em seguida, que escolham os materiais que querem utilizar para representarsuas origens. Estimule-os(as) a pintar símbolos ou imagens coloridas, relacionadasàs suas características pessoais e familiares.4Dê 20 minutos para prepararem suas histórias, colando-as em qualquer lugar doquadrado. Quando terminarem, peça que compartilhem suas histórias, caso queiram.4Peça que formem um círculo e pergunte quais as conclusões a que se po<strong>de</strong> chegar aoobservar a colagem e após o compartilhamento das histórias.4Ao final, aprofun<strong>de</strong> o <strong>de</strong>bate a partir das questões a serem respondidas.


22 - Ministério da Saú<strong>de</strong> - Secretaria <strong>de</strong> Vigilância em Saú<strong>de</strong> - <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>DST</strong>, <strong>Aids</strong> e <strong>Hepatites</strong> <strong>Virais</strong>Conclusões 64A imagem que uma pessoa tem <strong>de</strong> si mesma e <strong>de</strong> seu mundo é construída a partirdos mo<strong>de</strong>los que a socieda<strong>de</strong> nos oferece. E é a socieda<strong>de</strong> e não a biologia ou osgenes quem <strong>de</strong>termina como <strong>de</strong>vemos ser e nos comportar, quais são nossaspossibilida<strong>de</strong>s e nossos limites.4Apesar <strong>de</strong> o Brasil ser um país formado por diferentes povos - <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> povosafricanos e <strong>de</strong> índios brasileiros; imigrantes e <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> povos europeus,asiáticos e latino-americanos, <strong>de</strong>ntre outros – e com uma das maiores diversida<strong>de</strong>sculturais do mundo, o preconceito e a discriminação racial ainda estão presentes nocotidiano <strong>de</strong> todos(as) os(as) brasileiros(as).4Muitas vezes, o <strong>de</strong>sprezo por outras culturas, que não sejam a americana e aeuropeia, fica camuflado por uma falsa i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong>. O preconceito surgequando a socieda<strong>de</strong>, os meios <strong>de</strong> comunicação e mesmo a escola <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m a i<strong>de</strong>ia<strong>de</strong> que temos uma cultura uniforme, em lugar <strong>de</strong> reconhecer, valorizar e pesquisar aenorme diversida<strong>de</strong> cultural brasileira.4Os negros e negras (ou afro<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes) e as mulheres são exemplos <strong>de</strong> gruposque, historicamente, foram alvo <strong>de</strong> discriminações e preconceitos que acabaram pornegar-lhes muitos dos direitos que asseguram a igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> condições e <strong>de</strong>oportunida<strong>de</strong>s para a construção <strong>de</strong> uma vida digna.4Todas as pessoas são dignas <strong>de</strong> respeito, não importa a cor, sexo, ida<strong>de</strong>, cultura, raça,religião, classe social, condição <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, orientação sexual, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gênero ougrau <strong>de</strong> instrução.Finalização da oficina4Solicite que fiquem em silêncio por um minuto e que pensem no que seria precisomudar em si mesmo, na sua escola e em seu país para que a diferença entre aspessoas não se torne um motivo para o preconceito e a discriminação.4Encerre afirmando que a cidadania se constrói pelo reconhecimento e respeito àsdiferenças individuais; pelo enfrentamento dos preconceitos, das discriminações(econômica, política, sexual, racial, cultural etc.); pela participação na construção <strong>de</strong>políticas públicas mais igualitárias e pela confiança no potencial <strong>de</strong> transformação <strong>de</strong>cada pessoa.6 Fonte: (BRASIL, 2008; BRASIL, 2007).


<strong>Raça</strong>s e <strong>Etnias</strong> - 23Está no Lei!O artigo 5º da Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988 diz: Todos são iguais perante a lei, semdistinção <strong>de</strong> qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros resi<strong>de</strong>ntesno país a inviolabilida<strong>de</strong> do direito à vida, à liberda<strong>de</strong>, à igualda<strong>de</strong>, à segurança e àproprieda<strong>de</strong>, nos termos seguintes:XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena <strong>de</strong>reclusão, nos termos da lei.A Lei Caó (Lei nº 7.716, <strong>de</strong> 5 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1989) tipifica como crime os “atos resultantes <strong>de</strong>preconceitos <strong>de</strong> raça ou <strong>de</strong> cor”.Natalia ForcatQuer saber mais?O dossiê Assimetrias Raciais no Brasil: alerta para a elaboração <strong>de</strong> política, publicadopela Re<strong>de</strong> Feminista <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, traz importantes contribuições para ativistasantirracistas, principalmente no que diz respeito ao monitoramento e controle social <strong>de</strong>políticas <strong>de</strong> promoção da igualda<strong>de</strong> racial.Disponível em: http://www.agen<strong>de</strong>.org.br/docs/File/dados_pesquisas/raca_etnia/dossie%20assimetrias%20raciais%20no%20brasil.pdf


24 - Ministério da Saú<strong>de</strong> - Secretaria <strong>de</strong> Vigilância em Saú<strong>de</strong> - <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>DST</strong>, <strong>Aids</strong> e <strong>Hepatites</strong> <strong>Virais</strong>Oficina 3:A escola e a discriminaçãoObjetivos Materiais necessários Questões aserem respondidasFavorecer a discussãosobre os estereótiposexistentes em relação àsraças e etnias no Brasil.Folhas <strong>de</strong> papelLápis ou canetaDesenho <strong>de</strong> uma árvore<strong>de</strong> mais ou menos doismetros <strong>de</strong> alturaTiras <strong>de</strong> papelFita crepeCanetas <strong>de</strong> ponta grossa4O que geralmente aspessoas fazem quandopresenciam uma situação<strong>de</strong> preconceito racial naescola? E na comunida<strong>de</strong>?4O que cada um(a) <strong>de</strong> nóspo<strong>de</strong>ria fazer parapromover a autonomia, orespeito e a valorizaçãoda diversida<strong>de</strong> racial ecultural nas situaçõescotidianas?4Qual a escola que temos?Qual a que queremos?Tempo: 2 horas


<strong>Raça</strong>s e <strong>Etnias</strong> - 25Integração4Distribua uma folha <strong>de</strong> papel para cada participante.4Solicite que, individualmente, pensem em uma situação <strong>de</strong> preconceito oudiscriminação racial que ocorre na escola.4Em seguida, peça que elaborem um <strong>de</strong>senho representando as emoções que um tipo<strong>de</strong> situação como essa <strong>de</strong>sperta na pessoa que a sofreu.4Quando terminarem, peça que cada um (a) conte brevemente qual foi a situação <strong>de</strong>preconceito ou discriminação racial que escolheu, mostre o <strong>de</strong>senho e diga qual aemoção que retratou.4Divida o quadro em duas partes e registre <strong>de</strong> um lado a situação e do outro a emoçãocorrespon<strong>de</strong>nte.4Finalize afirmando que, mesmo não percebendo, muitas vezes utilizamos expressõesextremamente preconceituosas e racistas. Um exemplo seria frases como: “eu não souracista, mas...”; “você está <strong>de</strong>negrindo a minha imagem” ou “ele(a) é um negro <strong>de</strong> almabranca”. Explique que o preconceito e a discriminação afetam profundamente as pessoas,po<strong>de</strong>ndo refletir até mesmo em sua possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aprendizado. Além disso, assituações <strong>de</strong> agressões verbais baseadas em raça/cor ou características físicas são umadas causas da evasão escolar.Ativida<strong>de</strong> 74Cole o cartaz com a árvore na pare<strong>de</strong>.4Solicite que façam quatro grupos e que, inicialmente, montem uma lista com todas asformas <strong>de</strong> manifestações do preconceito e da discriminação racial que po<strong>de</strong>m ocorrerem uma escola.4Terminada a lista, solicite que escrevam cada situação em uma tira <strong>de</strong> papel e, emseguida, que essas tiras sejam coladas na copa da árvore.4Leia uma a uma as tiras sobre os preconceitos e discriminações que ocorrem naescola e tire as repetidas.4Solicite que, agora, voltem para os grupos e que discutam quais seriam as razões paraque essas situações <strong>de</strong> violência ocorram na escola. Peça que escrevam cada uma dasrazões em uma tira <strong>de</strong> papel e que elas sejam fixadas na raiz da árvore.4Leia todas as razões apontadas e, em plenária, pergunte quais são as instituições queperpetuam a existência <strong>de</strong>sses preconceitos e discriminações (família, comunida<strong>de</strong>,igreja, meios <strong>de</strong> comunicação, grupos <strong>de</strong> amigo, por exemplo). Escreva ascontribuições em tiras <strong>de</strong> papel e cole no tronco.7Fonte: (ZENAIDE, 2003).


26 - Ministério da Saú<strong>de</strong> - Secretaria <strong>de</strong> Vigilância em Saú<strong>de</strong> - <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>DST</strong>, <strong>Aids</strong> e <strong>Hepatites</strong> <strong>Virais</strong>4Uma vez completada a árvore, peça que retornem ao grupo e que elaborem umdocumento com sugestões <strong>de</strong> ações para a escola diminuir o preconceito e adiscriminação, tendo como base o que a árvore revelou. Estimule-os(as) a incluíremsugestões <strong>de</strong> ações e atitu<strong>de</strong>s que eles(as) próprios(as) po<strong>de</strong>rão também realizar.4Ao final das apresentações, inicie o <strong>de</strong>bate a partir das questões a seremrespondidas.Conclusões4Durante muito tempo, as escolas brasileiras só falavam da população negra a partirda escravidão. Ainda hoje, muitas vezes, o continente africano é apresentado comosendo um lugar “exótico”, cheio <strong>de</strong> animais selvagens, com pessoas vivendo em totalmiséria ou com doenças como a aids, por exemplo. Há quem pense até que a África éum país e não um continente. Vejam só!4A partir <strong>de</strong> 2003, com estabelecimento da Lei nº 10.639, o ensino <strong>de</strong> história e culturaafricanas e afro-brasileiras passou a ser obrigatório em todas as escolas <strong>de</strong> EnsinoFundamental e Ensino Médio. Muitas escolas mudaram seus currículos, a fim <strong>de</strong>garantir a implementação da lei.4Os livros, tanto os didáticos quanto os paradidáticos, também precisam ser revistos.Em vários <strong>de</strong>les, as pessoas negras são retratadas em posições subalternas, emnúmero bem menor que os(as) brancos(as) ou, ainda, em situações estereotipadas,como, por exemplo, batucando, sambando ou jogando basquete, como se negros enegras apenas fizessem isso. No caso dos livros didáticos, um estudo aprofundadosobre a representação do negro na literatura infantil e juvenil indicou um universoainda problemático das relações étnicas e raciais. Ainda existem poucos livros quetrazem personagens negras; alguns <strong>de</strong>sses repetem preconceitos e estimulamcomportamentos e atitu<strong>de</strong>s discriminatórias.4Ações que valorizem os diferentes segmentos populacionais, as diferentes etnias,grupos sociorraciais e culturais <strong>de</strong>vem fazer parte do currículo e dos materiaisdidáticos e paradidáticos <strong>de</strong> todas as instituições <strong>de</strong> ensino, públicas ou privadas. Masisso não é tudo. É preciso que os(as) adolescentes e jovens se posicionem, repudiandotodo e qualquer tipo <strong>de</strong> preconceito e discriminação, baseado em diferenças <strong>de</strong>cultura, raça, etnia, classe social, nacionalida<strong>de</strong>, ida<strong>de</strong>, orientação sexual, condição <strong>de</strong>saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ficiência, entre outros tantas.


<strong>Raça</strong>s e <strong>Etnias</strong> - 27Finalização da oficina4Distribua a letra da música Us Guerreiro, <strong>de</strong> Rappin Hood, e pergunte quem conhecee sabe cantá-la. Se alguns adolescentes e jovens conhecerem, peça para que acantem. Caso contrário, peça que leiam a letra.Us GuerreiroRappin Hood - CD Sujeito Homem 2Os her<strong>de</strong>iros, os novos guerreirosnovos <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes, afro-brasileirosDa periferia, lutam noite e diaTão na correria como vive a maioriaGuardam na memória, uma bela históriaDe um povo guerreiro, então, cheio <strong>de</strong> glóriasZumbi, o lí<strong>de</strong>r <strong>de</strong>sse povo tão sofridoE sem liberda<strong>de</strong>, pro quilombo eles fugiramPalmares, o local da nossa re<strong>de</strong>nçãoPra viver sem corrente, sem escravidãoDandara, que beleza negra, jóia raraA linda guerreira comandava a mulherada(...)Palmares era assim, um lugar bem sossegadoOs pretos lado a lado, tudo aliadoA mística, o sonho <strong>de</strong> rever nossa mãe ÁfricaAngola, Nigéria, Zimbábue, Arábia(...)4Encerre a ativida<strong>de</strong> perguntando se os(as) adolescentes e jovens já ouviram falar dosquilombos e <strong>de</strong> Zumbi dos Palmares. Explique que os quilombos eram comunida<strong>de</strong>s quesurgiram a partir da reunião <strong>de</strong> negros(as) fugidos(as) da escravidão. O mais conhecido<strong>de</strong>les era o <strong>de</strong> Palmares que ficava no Estado <strong>de</strong> Pernambuco e seus habitantes, osquilombolas, tinham avançada organização política e social. No dia 20 <strong>de</strong> novembro écelebrado o Dia Nacional da Consciência Negra, em homenagem ao lí<strong>de</strong>r guerreiroZumbi e à experiência <strong>de</strong> resistência do Quilombo <strong>de</strong> Palmares 8 .8http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2006/11/19/materia.2006-11-19.9718496723/view. Acesso em: 26 nov. 2008


28 - Ministério da Saú<strong>de</strong> - Secretaria <strong>de</strong> Vigilância em Saú<strong>de</strong> - <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>DST</strong>, <strong>Aids</strong> e <strong>Hepatites</strong> <strong>Virais</strong>DepoimentoAprendi na escola que a cor da pele vem <strong>de</strong> uma substância chamadamelanina, que quase todo mundo tem. Só as pessoas albinas não têm.Quem tem mais melanina é escura e quem tem menos tem a peleclara. Aprendi também que certas características físicas, inclusive o tomda pele, se <strong>de</strong>ram pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação biológica do ser humanoao ambiente. Assim, as populações <strong>de</strong> regiões mais quentes têm umapele mais escura para protegê-las do sol. Já os que nasceram em lugaresmais frios têm a pele mais clara para absorver melhor o calor do sol.Só que tem gente que, mesmo apren<strong>de</strong>ndo essas coisas, ainda acha quecor da pele tem a ver com outrascoisas e fica se achando melhor que as outras. Isso é racismo.Eu já perdi a conta do tanto <strong>de</strong> vezes que sofri preconceito e que fuidiscriminada pelo tom da minha pele, pelo formato do meu nariz e daminha bunda, pelo meu cheiro.O pior é que quem faz essas coisas acha que é uma brinca<strong>de</strong>ira e que eué que sou uma chata por dizer que isso é racismo.O que todas as pessoas têm que saber é que as palavras, os gestos e asatitu<strong>de</strong>s que, <strong>de</strong> alguma forma, <strong>de</strong>preciam negros e negras são graves eque po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>nunciados como injúria.Seria legal se todas as escolas tivessem na pare<strong>de</strong> uma lista <strong>de</strong> leis e<strong>de</strong>cretos que tratam da questão racial. Quem sabe, assim, diminuiria opreconceito racial, não é?Diana, 20 anos.


<strong>Raça</strong>s e <strong>Etnias</strong> - 29Está na Lei!A Lei nº 10.639, <strong>de</strong> 9 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educaçãonacional, incluiu no currículo oficial da Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ensino a obrigatorieda<strong>de</strong> da temática“História e Cultura Afro-Brasileiras”, e dá outras providências.Art. 26-A. Nos estabelecimentos <strong>de</strong> ensino fundamental e médio, oficiais e particulares,torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.§ 1º O conteúdo programático a que se refere o caput <strong>de</strong>ste artigo incluirá o estudo daHistória da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e onegro na formação da socieda<strong>de</strong> nacional, resgatando a contribuição do povo negro nasáreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.§ 2º Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados noâmbito <strong>de</strong> todo o currículo escolar, em especial nas áreas <strong>de</strong> Educação Artística, Literatura eHistória Brasileiras.Art. 79-A. O calendário escolar incluirá o dia 20 <strong>de</strong> novembro como “Dia Nacional daConsciência Negra”.DICA 1As populações quilombolas são grupos <strong>de</strong> pessoas que vivem em comunida<strong>de</strong>sremanescentes dos quilombos, ou seja, aquelas que habitam as terras que resultaramda compra por negros libertos; da posse pacífica, por ex-escravos, <strong>de</strong> terrasabandonadas pelos proprietários em épocas <strong>de</strong> crise econômica; da ocupação eadministração das terras doadas, entregues ou adquiridas por antigos escravos.Na maioria das vezes, as terras quilombolas estão localizadas em áreas <strong>de</strong> difícilacesso, on<strong>de</strong> vive uma população com histórico <strong>de</strong> resistência à dominação,representantes <strong>de</strong> uma memória viva da história afro-brasileira.Quer saber mais?Gibi Quilombos/MEC – diversida<strong>de</strong>.mec.gov.br/sdm/arquivos/gibi_quilombos.pdfObservatório Quilombola – www.koinonia.org.br/oq/quilombo.aspComunida<strong>de</strong>s Quilombolas – www.cpisp.org.br/comunida<strong>de</strong>s/


30 - Ministério da Saú<strong>de</strong> - Secretaria <strong>de</strong> Vigilância em Saú<strong>de</strong> - <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>DST</strong>, <strong>Aids</strong> e <strong>Hepatites</strong> <strong>Virais</strong>A luta antirracistaO movimento negro é formado por todos os grupos organizados, homens e mulheres(negros ou não) comprometidos com o combate ao racismo e à discriminação racial,visando à promoção da igualda<strong>de</strong> racial. A expressão movimento negro refere-se aoconjunto <strong>de</strong> organizações e instituições <strong>de</strong>dicadas a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r e a promover osdireitos <strong>de</strong> mulheres e homens negros, no contexto da luta contra o racismo. Tratase<strong>de</strong> uma concepção ampla <strong>de</strong> movimento social, que busca contemplar acomplexida<strong>de</strong>, a heterogeneida<strong>de</strong> e a multiplicida<strong>de</strong> das organizações que atuam nocampo das relações raciais e <strong>de</strong> combate ao racismo.Desse modo, consi<strong>de</strong>ra-se Movimento Social Negro um conjunto plural <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s,incluindo as organizações tradicionais, como as casas e os terreiros <strong>de</strong> religiões <strong>de</strong>matriz africana, as irmanda<strong>de</strong>s, os grupos culturais, blocos carnavalescos e grêmiosrecreativos das escolas <strong>de</strong> samba e os grupos <strong>de</strong> capoeira, as posses <strong>de</strong> rap, bemcomo as organizações não governamentais antirracistas, as associações <strong>de</strong>empresários, os grupos <strong>de</strong> base comunitária, o movimento hip-hop.Todos esses grupos têm como objetivos comuns o combate ao racismo e àdiscriminação racial, a valorização da cultura negra, a igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> direitos e ainclusão social da população negra. O movimento negro atua contra uma socieda<strong>de</strong>que oculta, escon<strong>de</strong> e legitima o estigma, o preconceito e a discriminação racial. Essaatuação ocorre por meio <strong>de</strong> uma ação política que visa ao reconhecimento <strong>de</strong> que opreconceito, a discriminação racial e o racismo não são problemas só das pessoasnegras, mas sim, <strong>de</strong> toda a socieda<strong>de</strong> brasileira.Fonte: (GOULART, TANNÚS, 2007, MATTAR, 2008)http://www.combateaoracismoinstitucional.com/images/padf/subsidios.pdfAcesso em: 12 nov. 2008Secretaria Especial <strong>de</strong> Políticas <strong>de</strong> Promoção da Igualda<strong>de</strong> Racial - SEPPIRTendo status <strong>de</strong> Ministério, a SEPPIR foi instituída pelo Governo Fe<strong>de</strong>ral, em 21 <strong>de</strong>março <strong>de</strong> 2003. Tem como missão o estabelecimento <strong>de</strong> iniciativas contra as<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s raciais no país. Seus principais objetivos são: (a) promover aigualda<strong>de</strong> e a proteção dos direitos <strong>de</strong> indivíduos e grupos raciais e étnicos afetadospela discriminação e <strong>de</strong>mais formas <strong>de</strong> intolerância, com ênfase na população negra;(b) acompanhar e coor<strong>de</strong>nar políticas <strong>de</strong> diferentes ministérios e outros órgãos dogoverno brasileiro para a promoção da igualda<strong>de</strong> racial; (c) articular, promover eacompanhar a execução <strong>de</strong> diversos programas <strong>de</strong> cooperação com organismos


<strong>Raça</strong>s e <strong>Etnias</strong> - 31públicos e privados, nacionais e internacionais; (d) promover e acompanhar ocumprimento <strong>de</strong> acordos e convenções internacionais assinados pelo Brasil, quedigam respeito à promoção da igualda<strong>de</strong> e combate à discriminação racial ou étnica;(e) auxiliar o Ministério das Relações Exteriores nas políticas internacionais, no quese refere à aproximação <strong>de</strong> nações do continente africano.Fonte: BRASIL. SEPPIR.. Disponível em:http://www.presi<strong>de</strong>ncia.gov.br/estrutura_presi<strong>de</strong>ncia/seppir/Acesso em: 12 nov. 2008


32 - Ministério da Saú<strong>de</strong> - Secretaria <strong>de</strong> Vigilância em Saú<strong>de</strong> - <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>DST</strong>, <strong>Aids</strong> e <strong>Hepatites</strong> <strong>Virais</strong>Oficina 4:Diversida<strong>de</strong>s e vulnerabilida<strong>de</strong>s 9Objetivos Materiais necessários Questões aserem respondidasI<strong>de</strong>ntificar as dificulda<strong>de</strong>se constrangimentos a quemuitos(as) adolescentes ejovens são submetidasnos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,quando buscamatendimento nas áreas dasaú<strong>de</strong> sexual e da saú<strong>de</strong>reprodutivaTempo: 2 horasQuadro com os conceitos<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Sexual e Saú<strong>de</strong>Reprodutiva.Seis silhuetas <strong>de</strong> jovens,sendo três do sexomasculino e três do sexofeminino.Cartões com os seguintestítulos:l vivendo com HIVl homossexuall negro(a)l branco(a)l indígena (a)l com necessida<strong>de</strong>sespeciais.50 flechas amarelas50 flechas azuisCanetas <strong>de</strong> ponta grossa4Como adolescentes ejovens costumam seratendidos(as) nosserviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>?4Que situações <strong>de</strong>discriminação epreconceito po<strong>de</strong>msurgir? Como um(a)adolescente ou jovem lidacom isso? Como <strong>de</strong>verialidar?4O que seria precisomudar nos serviços <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> para que os(as)adolescentes e jovens osprocurassem maisfrequentemente?4Que sugestões vocêsteriam <strong>de</strong> mudanças paraque esses serviços <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> trabalhem numaperspectiva <strong>de</strong> inclusão(<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o espaço físico atéo atendimentopropriamente dito)?9Fonte: (Técnica adaptada <strong>de</strong> ENGENDERHEALTH, 2006).


<strong>Raça</strong>s e <strong>Etnias</strong> - 33Integração4Rapidamente, peça que cada participante diga o que lhe vier à cabeça, sem censura,quando escuta a palavra sexualida<strong>de</strong>. Escreva, no quadro ou em uma folha <strong>de</strong> papelgran<strong>de</strong>, as respostas em forma <strong>de</strong> palavras-chave, do lado esquerdo.4Em seguida, faça o mesmo com a palavra saú<strong>de</strong> reprodutiva.4Leia o resultado <strong>de</strong> cada coluna em voz alta e, em seguida, apresente o quadro comos conceitos 10 :Saú<strong>de</strong> Sexual é a habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mulheres e homens <strong>de</strong> <strong>de</strong>sfrutar e expressar suasexualida<strong>de</strong>, sem risco <strong>de</strong> doenças sexualmente transmissíveis, gestações não<strong>de</strong>sejadas, coerção, violência e discriminação. A saú<strong>de</strong> sexual possibilitaexperimentar uma vida sexual informada, agradável e segura, baseada naautoestima, que implica em uma abordagem positiva da sexualida<strong>de</strong> humana e norespeito mútuo nas relações sexuais. A saú<strong>de</strong> sexual valoriza a vida, as relaçõespessoais e a expressão da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> própria da pessoa. Ela é enriquecedora, incluio prazer, e estimula a <strong>de</strong>terminação pessoal, a comunicação e as relações.Saú<strong>de</strong> Reprodutiva é o estado <strong>de</strong> completo bem-estar físico, mental e social e nãomeramente a ausência <strong>de</strong> doenças ou enfermida<strong>de</strong>s em todos os aspectosrelacionados ao sistema reprodutivo, suas funções e processos. Saú<strong>de</strong> reprodutivaimplica que as pessoas possam ter uma vida sexual segura e satisfatória, quetenham capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reproduzir e <strong>de</strong>cidir livremente se e quando querem ter filhose o espaçamento entre eles. Essa última condição implica que homens e mulheressejam informados e tenham acesso a métodos contraceptivos seguros, eficazes,aceitáveis e economicamente acessíveis, <strong>de</strong> sua livre escolha, assim como a outrosmétodos para a regulação da fertilida<strong>de</strong> e que não sejam contrários à lei, comotambém o direito ao acesso a serviços apropriados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que possibilitem àmulher a chance <strong>de</strong> ter um nascituro saudável.4Assegure que os(as) adolescentes e jovens enten<strong>de</strong>ram as <strong>de</strong>finições e explique que asexualida<strong>de</strong> envolve, além do nosso corpo, nossa história, nossos costumes, nossasrelações afetivas, nossa cultura, nossos preconceitos e que isso, muitas vezes, sereflete nos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.4Informe que, na ativida<strong>de</strong> a seguir, serão trabalhadas alguns aspectos relacionados àsaú<strong>de</strong> sexual e à saú<strong>de</strong> reprodutiva das pessoas e às vulnerabilida<strong>de</strong>s a que elasestão expostas.10Definições da Organização Mundial da Saú<strong>de</strong>, TUTUwww.who.orgUUTT, site acessado em 20/12/2008.


34 - Ministério da Saú<strong>de</strong> - Secretaria <strong>de</strong> Vigilância em Saú<strong>de</strong> - <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>DST</strong>, <strong>Aids</strong> e <strong>Hepatites</strong> <strong>Virais</strong>Ativida<strong>de</strong>4Coloque as silhuetas nas pare<strong>de</strong>s em diferentes pontos da sala.4Peça que formem seis subgrupos e que cada um <strong>de</strong>les escolha se quer trabalhar coma figura masculina ou feminina.4Uma vez que os subgrupos estiverem organizados, solicite que, inicialmente, façamuma lista explicitando quais seriam os direitos que adolescentes e jovens teriam emrelação a sua sexualida<strong>de</strong> e saú<strong>de</strong> reprodutiva. Por exemplo, ter ou não ter relaçõessexuais; ter ou não ter filhos, usar preservativos, usar métodos contraceptivos, fazerum aborto etc.4Quando terminarem, vá até cada silhueta e cole abaixo <strong>de</strong>la, aleatoriamente, um doscartões elaborados previamente (ver em materiais necessários).4Distribua 10 flechas azuis para cada subgrupo e peça que escrevam os fatores(pessoais, socioculturais e institucionais) que dificultam o acesso <strong>de</strong> adolescentes ejovens com aquelas características, tanto na busca por informações quanto noatendimento às suas necessida<strong>de</strong>s sexuais e reprodutivas. Peça que colem as flechasem volta da figura com as pontas viradas para o centro.4Quando terminarem, distribua 10 flechas amarelas para cada subgrupo e peça que,agora, escrevam como seria possível diminuir essas dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> acesso àinformação e atenção. Peça que colem as flechas em volta da figura, mas, agora,com as pontas voltadas para fora.4Proponha que o grupo como um todo se reúna e faça uma excursão pela sala,parando em cada uma das figuras, on<strong>de</strong> uma pessoa do grupo fará um breve relatodas discussões que surgiram durante a construção do quadro.4Peça que formem um círculo e inicie o <strong>de</strong>bate a partir das questões a seremrespondidas.Conclusões 114No campo da saú<strong>de</strong>, enten<strong>de</strong>-se por vulnerabilida<strong>de</strong> o conjunto <strong>de</strong> aspectosindividuais, sociais e institucionais relacionados ao grau e modo <strong>de</strong> exposição a umadada situação e, <strong>de</strong> modo indissociável, ao maior ou menor acesso a recursosa<strong>de</strong>quados para se proteger das consequências in<strong>de</strong>sejáveis daquela situação. Issosignifica que uma pessoa po<strong>de</strong> estar mais frágil do que a outra, não só pelas suascaracterísticas pessoais, mas, também, pelas suas condições socioeconômicas,contexto em que vive e pelo atendimento que tem (ou que <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ter) em relaçãoàs suas necessida<strong>de</strong>s.11Fonte: (Extraído e adaptado <strong>de</strong> LOPES, 2003).


<strong>Raça</strong>s e <strong>Etnias</strong> - 354Em termos dos direitos humanos, são consi<strong>de</strong>radas pessoas mais vulneráveis aquelasexpostas ao risco <strong>de</strong> serem discriminadas e ou que recebam tratamento injusto porpossuírem <strong>de</strong>terminadas características como cor da pele, orientação sexual,soropositivida<strong>de</strong> para o HIV, <strong>de</strong>ficiências, necessida<strong>de</strong>s especiais, <strong>de</strong>ntre outras.4Historicamente, os significados sociais, as crenças e atitu<strong>de</strong>s sobre os grupos raciais,especialmente o(a) negro(a), têm sido traduzidos em políticas e arranjos sociais quelimitam oportunida<strong>de</strong>s e expectativa <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>ssa população. Como consequênciamais imediata, poucos(as) médicos(as), psicólogos(as), enfermeiros(as), <strong>de</strong>ntistas,fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, entre outros, são capazes <strong>de</strong> prover cuidadosque consi<strong>de</strong>rem as doenças <strong>de</strong> evolução agravada ou <strong>de</strong> tratamento dificultado comoé o caso da hipertensão arterial, diabetes mellitus, insuficiência renal crônica,miomas, ou mesmo as condições fisiológicas alteradas por condiçõessocioeconômicas, tais como o crescimento, a gravi<strong>de</strong>z, o parto, o envelhecimento 12 , oumesmo as especificida<strong>de</strong>s genéticas, como é o caso da anemia falciforme 13 .4Adolescentes e jovens vivendo com o HIV e aids, como qualquer brasileiro(a), têmdireitos sexuais, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que consensuais e protegendo o(a) parceiro(a). Qualquerjovem tem o direito <strong>de</strong> receber orientação <strong>de</strong>talhada <strong>de</strong> como po<strong>de</strong> fazer sexo sem sereinfectar ou infectar o(a) parceiro.4Os direitos reprodutivos dos(as) adolescentes e jovens vivendo com HIV e <strong>de</strong>seus(suas) parceiros(as) <strong>de</strong>vem ser reconhecidos e responsavelmente atendidos.Eles(as) precisam receber informações claras e atuais sobre riscos <strong>de</strong> infecção,transmissão vertical, método e eficácia <strong>de</strong> sua prevenção e o estado atual dastécnicas <strong>de</strong> reprodução assistida, em termos <strong>de</strong> resultados e condições <strong>de</strong> acesso.4Sentir atração afetivo-sexual ou <strong>de</strong>sejar uma pessoa do mesmo sexo é uma forma <strong>de</strong>expressão da sexualida<strong>de</strong> e da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> amar do ser humano. Ahomossexualida<strong>de</strong> (feminina e masculina), a bissexualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ambos os sexos, atransexualida<strong>de</strong> e a travestilida<strong>de</strong> são tão antigas quanto a humanida<strong>de</strong> e não existenenhuma razão que justifique atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong>srespeitosas e <strong>de</strong> discriminação em relaçãoa pessoas que se relacionam com outras do mesmo sexo. Ao invés <strong>de</strong> julgá-las, énecessário compreendê-las e apren<strong>de</strong>r a conviver com elas.12Fonte: (LOPES, 2005).13A anemia falciforme é uma doença hereditária, ou seja, transmitida do pai ou da mãe para os(as) filhos(as). É caracterizadapor uma alteração na forma dos glóbulos vermelhos do sangue (responsáveis por transportar o oxigênio para os tecidos), queadquirem a forma <strong>de</strong> uma foice, daí o falciforme. A anemia falciforme é consi<strong>de</strong>rada uma doença predominante entre apopulação negra embora também ocorra na população branca.


36 - Ministério da Saú<strong>de</strong> - Secretaria <strong>de</strong> Vigilância em Saú<strong>de</strong> - <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>DST</strong>, <strong>Aids</strong> e <strong>Hepatites</strong> <strong>Virais</strong>Finalização da oficina4Solicite que, para finalizar, fechem os olhos e procurem perceber, individualmente,que emoção ou atitu<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m beneficiar, em seu cotidiano, adolescentes e jovenspara que se apropriem do conhecimento sobre seus direitos à informação e a umatendimento <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> nos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.4Peça que, quem quiser, expresse seus pensamentos <strong>de</strong> forma oral ou gestual.<strong>Raça</strong>, etnias e vulnerabilida<strong>de</strong>sO <strong>de</strong>senvolvimento da população negra como um todo e a sua participação social sãoimensamente dificultados pela gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> racial vigente no Brasil, associada amecanismos mais ou menos explícitos <strong>de</strong> discriminação que po<strong>de</strong>m ser verificados pormeio <strong>de</strong> pesquisas e estatísticas oficiais que apontam as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s entre negros ebrancos, homens e mulheres, no mercado <strong>de</strong> trabalho, no acesso aos bens e serviços, naconclusão do ensino médio ou superior, entre outras dimensões da vida.Todas essas disparida<strong>de</strong>s têm reflexo na saú<strong>de</strong>.Apesar <strong>de</strong> a saú<strong>de</strong> ser um direito humano fundamental e o acesso aos serviços e ações<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ser universal, como <strong>de</strong>scrito na Constituição Fe<strong>de</strong>ral, os dados do próprioMinistério da Saú<strong>de</strong> apontam que mulheres e homens brancos têm maior acesso aosserviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e recebem atendimento <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mais a<strong>de</strong>quado do que negros enegras. As maiores taxas <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> infantil, materna, por causas violentas e,consequentemente, menor expectativa <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>ssa população reforçam o quadro <strong>de</strong><strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s.Em relação à aids, sabe-se que, no Brasil, apesar <strong>de</strong> a epi<strong>de</strong>mia apresentar tendência <strong>de</strong>estabilização, os casos estão aumentando entre os mais pobres, <strong>de</strong>stacando-se entre apopulação negra.Em um contexto em que os antirretrovirais têm contribuído para a melhoria da qualida<strong>de</strong><strong>de</strong> vida e a redução das taxas <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> por aids, as diferenças entre as taxas <strong>de</strong>mortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> brancos e pretos coloca-nos duas questões: Será que negros e brancostêm a mesma facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso aos meios <strong>de</strong> prevenção e tratamento? Será que ospretos dispõem <strong>de</strong> condições que favorecem o diagnóstico precoce e a a<strong>de</strong>são aotratamento?Assim, tanto o racismo quanto o sexismo e a homofobia são fatores que aumentam avulnerabilida<strong>de</strong> ao HIV e ao adoecimento por aids, em vários segmentos populacionais.Primeiramente, é necessário consi<strong>de</strong>rar o racismo e a discriminação por origem étnicacomo agravantes da vulnerabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mulheres às <strong>DST</strong> e ao HIV e aids. Isso porque,tendo em vista a feminização, a interiorização e a pauperização <strong>de</strong> epi<strong>de</strong>mia, as


<strong>Raça</strong>s e <strong>Etnias</strong> - 37mulheres negras e indígenas encontram-se mais expostas às múltiplas violências a queestão submetidas as mulheres <strong>de</strong> modo geral.Em socieda<strong>de</strong>s como a nossa, em que é indiscutível a vigência do machismo, do racismoe <strong>de</strong> outros tantos estigmas e preconceitos, os entendimentos presentes no sensocomum sobre o cuidado com o corpo, a sexualida<strong>de</strong>, o adoecimento e suasconsequências sociais acabam por colocar mulheres indígenas e negras em situação <strong>de</strong><strong>de</strong>svantagem no enfrentamento da epi<strong>de</strong>mia.No que se refere ao acesso aos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e aos insumos <strong>de</strong> prevenção, háevidências <strong>de</strong> que a raça/cor/etnia do indivíduo converte-se muitas vezes em motivo <strong>de</strong>exclusão. Portanto, é importante que as ações dirigidas às mulheres tenham o recorte<strong>de</strong> raça/cor/etnia e i<strong>de</strong>ntifiquem as necessida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> dos diferentessegmentos, em especial daqueles em <strong>de</strong>svantagem, sem per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> vista os<strong>de</strong>terminantes gerais.Fonte: (BRASIL, 2011; BRASIL, 2006; ARAÚJO, 2007).DICA 1No fascículo Prevenção às <strong>DST</strong>, ao HIV e à <strong>Aids</strong> você vai encontrar na oficinaoutras informações sobre Vulnerabilida<strong>de</strong>s.Já, no fascículo Sexualida<strong>de</strong>s e Saú<strong>de</strong> Reprodutiva, há mais informações, tantosobre esse tema como também sobre quais são os direitos sexuais e os direitosreprodutivos <strong>de</strong> adolescentes e jovens.Dê uma olhada!


38 - Ministério da Saú<strong>de</strong> - Secretaria <strong>de</strong> Vigilância em Saú<strong>de</strong> - <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>DST</strong>, <strong>Aids</strong> e <strong>Hepatites</strong> <strong>Virais</strong>Oficina 5:Mídia e racismoObjetivos Materiais necessários Questões aserem respondidasI<strong>de</strong>ntificar as situações <strong>de</strong>racismo existentes namídia brasileira.Buscar estratégiascoletivas que atendam àsnecessida<strong>de</strong>s específicasdas populações negras eindígenas – em termoscognitivo, cultural eafetivo.Roteiros <strong>de</strong> análise étnicoracial.Revistas em quadrinhos.Panfletos <strong>de</strong> propaganda.Recortes <strong>de</strong> jornais locais<strong>de</strong> maior circulação.Encartes sobre programas<strong>de</strong> TV (principalmentesobre novelas e programas<strong>de</strong> auditório).Revistas ou ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong>esporte.4Como a populaçãoindígena é retratada namídia?4Quais as formas <strong>de</strong>racismo que adolescentese jovens negros(as)sofrem?4Uma vez que no racismose <strong>de</strong>termina uma relação<strong>de</strong>sigual <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, por queos(as) brancos(as) seacham superiores aos(às)negros(as)?4Como a reflexão sobre oracismo po<strong>de</strong> contribuirpara a redução dasvulnerabilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>adolescentes e jovens emrelação às <strong>DST</strong> e aoHIV/aids?Tempo: 2 horas


<strong>Raça</strong>s e <strong>Etnias</strong> - 39Integração4Distribua o trecho da poesia Mulher Negra, <strong>de</strong> Francisca Sena, e peça para que cadaparticipante a leia em silêncio.4Em seguida, pergunte quem gostaria <strong>de</strong> ler a poesia em voz alta.4Após a leitura, abra o <strong>de</strong>bate perguntando aos/às participantes se eles/as acham queas mulheres, em especial as negras, sofrem algum tipo <strong>de</strong> discriminação pelo fato <strong>de</strong>serem mulheres e negras e o que explica essa situação.Mulher NegraFrancisca Sena - Fórum Cearense <strong>de</strong> MulheresEu, consi<strong>de</strong>rada a mais vil das mulheres: negra!Como tantas e tantas mulheres.O que mereço nesta vida?Desprezo? Solidão? Silêncio? Anonimato? Violência?A mim, foi reservada a porta dos fundos, o elevador <strong>de</strong> serviço,os encontros secretos, as relações sem compromisso.Atribuem que me falta dignida<strong>de</strong> suficiente paraaproximar-me das pessoas brancas, puras e inocentes.(...)Pasmem! Minha existência e presença ameaçama or<strong>de</strong>m, a moral e os bons costumes.Ameaçam o mundo.Motivos mil haverápara justificar todo este infortúnio a mim cometido:<strong>de</strong>fesa da moral, respeito à estética, ciúmes,preservação da proprieda<strong>de</strong> e da <strong>de</strong>cência.Estes são alguns disfarces do racismo.(...)Jamais calarei e ignorareitamanha discriminação, tamanho racismo.Sei que a indignação não é suficientepra romper com as estruturas e fazer o novo acontecer.É preciso atitu<strong>de</strong>!Mas neste momento não existe outro sentimento que me movaalém do vazio e da impotência.Juntar-me a outras e outros po<strong>de</strong> ser o caminho.Alguém se habilita???


40 - Ministério da Saú<strong>de</strong> - Secretaria <strong>de</strong> Vigilância em Saú<strong>de</strong> - <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>DST</strong>, <strong>Aids</strong> e <strong>Hepatites</strong> <strong>Virais</strong>Ativida<strong>de</strong>4Crie cinco subgrupos com os(as) participantes e explique que a proposta é analisaralguns materiais dos meios <strong>de</strong> comunicação tendo em vista a dimensão étnico-racial.Informe que terão 30 minutos para elaborar essa análise e que cada grupo receberáum <strong>de</strong>terminado tipo <strong>de</strong> material:Grupo A – revistas em quadrinhos;Grupo B – panfletos <strong>de</strong> propaganda <strong>de</strong> lojas, carro, apartamento etc;Grupo C – números do jornal local <strong>de</strong> maior circulação;Grupo D – encartes sobre programas <strong>de</strong> TV, principalmente sobre novelas eprogramas <strong>de</strong> auditório;Grupo E – revistas e ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> esporte.4Distribua o roteiro a seguir e solicite que cada grupo analise o material recebido apartir dos seguintes tópicos:Roteiro <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> mídia sob o ponto <strong>de</strong> vista étnico-racial1. I<strong>de</strong>ntificar quem ocupa o lugar mais importante do material: negro ou nãonegro?2.Comparar como o/a jovem branco/a e o/a jovem negro/a aparecem na mídia econtabilizar as aparições <strong>de</strong> cada grupo.3.Observar o número <strong>de</strong> aparições positivas e negativas <strong>de</strong> jovens negros(as) e onúmero <strong>de</strong> aparições positivas e negativas <strong>de</strong> jovens brancos/as.4.Segundo o Censo <strong>de</strong> 2000, a distribuição racial da população brasileira é aseguinte: 45,3% da população brasileira é negra (6,2% pretos e 39,1% pardos);53,8% é branca; 0,5% é <strong>de</strong> amarelos (asiático); e 0,4% <strong>de</strong> indígenas 0,4%.Observando o material recebido, avaliar se essas populações estãorepresentadas em uma proporção justa, ou seja, se aparecem em quantida<strong>de</strong>ssemelhantes nas mesmas mídias.4Após as apresentações, inicie o <strong>de</strong>bate comentando sobre os modos sutis e evi<strong>de</strong>ntesda manifestação do racismo.4Estimule a discussão, a partir das questões a serem respondidas.


<strong>Raça</strong>s e <strong>Etnias</strong> - 41Conclusões4A comunicação não po<strong>de</strong> ser tratada apenas como sinônimo <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> informação,pois as áreas <strong>de</strong> noticiário e entretenimento da mídia têm importante influência nospensamentos, atitu<strong>de</strong>s e comportamentos <strong>de</strong> mulheres e homens.4Não há na mídia brasileira a promoção <strong>de</strong> uma imagem equilibrada e nãoestereotipada da população negra e indígena. Muitas vezes, as imagens <strong>de</strong> negros eindígenas veiculadas na mídia reproduzem e reforçam estereótipos, folclorizam e<strong>de</strong>turpam as expressões culturais <strong>de</strong>sses grupos populacionais. Assim, o brancoaparece como empresário; a mulher branca como perua; o negro é representado comobandido; a negra como gostosa, fogosa; a população que vive nas florestas comoprimitiva.4Com raríssimas exceções, o racismo não é tema das páginas dos jornais e revistas,embora a população negra seja hoje quase meta<strong>de</strong> dos habitantes do país 14 .Entretanto, os(as) negros(as) estão super-representados nos índices <strong>de</strong> exclusãosocial e sub-representados nos espaços <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, em que os meios <strong>de</strong> comunicaçãomais circulam.4Lutar contra o preconceito e a discriminação racial e enfrentar o racismo é uma<strong>de</strong>cisão que precisa ser encampada pela coletivida<strong>de</strong>. Reagir não é umaresponsabilida<strong>de</strong> apenas <strong>de</strong> quem é discriminado. Boa parte da população brasileiranão se consi<strong>de</strong>ra racista, apesar disso ten<strong>de</strong> a não se manifestar diante <strong>de</strong> nítidasmanifestações <strong>de</strong> racismo ou discriminação racial. Isso é ser conivente com a violênciae com a violação dos direitos humanos.Finalização da oficina4Peça que os(as) adolescentes e jovens façam um círculo e discutam saídas possíveispara situações <strong>de</strong> discriminação racial presentes na mídia.4Em seguida, peça que apresentem sugestões <strong>de</strong> ações possíveis para <strong>de</strong>senvolverjunto aos meios <strong>de</strong> comunicação, visando a valorizar as culturas negras e indígenasnos jornais, revistas e televisão.14Segundo dados preliminares da Tabulação Avançada do Censo Demográfico 2000, a população brasileira é composta por53,8% <strong>de</strong> pessoas que se <strong>de</strong>clararam brancas, 45,3% eram pretas e pardas e, em torno <strong>de</strong> 0,5% <strong>de</strong> amarelas e indígenas.Informação disponível em http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/datas/populacao/populacao_no_brasil.html


42 - Ministério da Saú<strong>de</strong> - Secretaria <strong>de</strong> Vigilância em Saú<strong>de</strong> - <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>DST</strong>, <strong>Aids</strong> e <strong>Hepatites</strong> <strong>Virais</strong>Índios ou povos indígenas?A Constituição <strong>de</strong> 1988 é clara e incisiva quando trata da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional, reconhecendo oBrasil como pluriétnico e multicultural. Um país <strong>de</strong> todos e <strong>de</strong> todas. Mas não é isso o que sevê. O que se lê ou o que se ouve, nos gran<strong>de</strong>s meios <strong>de</strong> comunicação, dominados pela mesmaelite her<strong>de</strong>ira dos senhores <strong>de</strong> engenho.A diplomacia é branca, a universida<strong>de</strong> é branca. A mídia brasileira é branca. E é também<strong>de</strong>scaradamente racista, ao não contemplar um Brasil negro e indígena. Mente pelo que diz emrelação às questões étnico-raciais e mente pelo que cala. Escon<strong>de</strong> as verda<strong>de</strong>iras origens dopovo brasileiro ou mesmo dificulta a seus leitores/ouvintes/telespectadores uma informaçãoética e profissionalmente responsável.No caso dos indígenas, o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) em sua análise da mídia dizque há muito sensacionalismo e superficialida<strong>de</strong> na cobertura jornalística. Isso, basicamente,por causa <strong>de</strong> três fatores:1. Dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso ao local da informação, problema que a imprensa, como fenômenoessencialmente urbano que é, ainda não superou. As terras indígenas situam-se em muitoscasos em lugares <strong>de</strong> difícil acesso. Muito do que ocorre – inclusive com povos sem contato,mas nem por isso a salvo <strong>de</strong> agressões <strong>de</strong> invasores <strong>de</strong> terras – permanece fora do alcanceda imprensa, como se simplesmente não houvesse acontecido;2.Conjuntura predominantemente anti-indígena naquelas localida<strong>de</strong>s mais próximas dospovos indígenas. Decorrente <strong>de</strong> históricos conflitos pela posse da terra associados a antigospreconceitos étnico-raciais, impera, via <strong>de</strong> regra, um clima <strong>de</strong> animosida<strong>de</strong> explícita oulatente para com a população indígena local, alimentado, sobretudo, pelas forças políticas eeconômicas <strong>de</strong> interesse direto ou indireto nas terras indígenas e suas riquezas naturais;3.Reprodução <strong>de</strong> visões preconceituosas e estereotipadas a seu respeito. Uma <strong>de</strong>las, e a maisvisível a partir das manchetes divulgadas, consiste no “índio genérico”, ou seja, aqueleconsi<strong>de</strong>rado a partir <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas características raciais e elementos culturais, porém<strong>de</strong>svinculados <strong>de</strong> um grupo sóciocultural e linguístico específico. Em <strong>de</strong>corrência, tem-seuma i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> “homogeneida<strong>de</strong>” indígena que além <strong>de</strong> pobre é completamente falsa.Apesar das perseguições, as populações indígenas são <strong>de</strong>tentoras <strong>de</strong> uma rica diversida<strong>de</strong>sociocultural. Dados oficiais falam em 170 diferentes línguas maternas, faladas pela maioriados mais <strong>de</strong> 200 povos que se localizam em todo o território nacional.Outro dos estereótipos reproduzidos é proveniente da tendência e mesmo da expectativa <strong>de</strong> seconsi<strong>de</strong>rar como “índios” os portadores <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas características físicas (cabelos lisos enegros, olhos oblíquos, tez morena, maçãs do rosto salientes). Essa i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> “índio”, que vem douso do critério biológico-racial, passou mais recentemente a se mostrar impróprio ou


<strong>Raça</strong>s e <strong>Etnias</strong> - 43ina<strong>de</strong>quado quanto às populações indígenas no país. Assim, por exemplo, no Nor<strong>de</strong>ste eSu<strong>de</strong>ste, gran<strong>de</strong> parte dos indivíduos pertencentes a comunida<strong>de</strong>s e povos indígenas nãoapresentam mais aquelas características originárias.No caso da mídia impressa pelo menos, a publicação <strong>de</strong> uma foto está condicionada ao fato<strong>de</strong> o personagem ter “cara <strong>de</strong> índio”. Sem o preenchimento <strong>de</strong> tal “requisito”, o registrofotográfico po<strong>de</strong> não ser feito ou a notícia simplesmente não ser publicada. Ou, ainda, apublicação po<strong>de</strong> ser feita, mas sem qualquer referência à i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> indígena do envolvido.Fonte: Jovens e Comunicação: em <strong>de</strong>fesa dadiversida<strong>de</strong> – www.revistaviracao.org.brQuer saber mais?Afropress – Agência <strong>de</strong> Informação MultiétnicaFundada em maio <strong>de</strong> 2004, no espírito das Resoluções da III Conferência Mundialcontra o Racismo a Xenofobia e a Intolerância Correlata, realizada pela ONU, emDurban, África do Sul, a AFROPRESS constitui-se em um espaço <strong>de</strong> diálogo dos negros,nos cinco continentes. Acesse:www.afropress.comCorreio NagôI<strong>de</strong>alizado a partir da mobilização <strong>de</strong> jovens comunicadores negros, comprometidos emcombater a discriminação e a exclusão “sociorraciais” que ainda persistem no nossopaís, o Correio Nagô propõe uma intensa participação colaborativa dos seus leitores,além <strong>de</strong> estabelecer uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> informação oriunda <strong>de</strong> diversas cida<strong>de</strong>s do interior daBahia. Acesso: www.correionago.com.brJornal ÌrohìnO Ìrohìn nasce em 1996 como fruto da movimentação em torno da Marcha Zumbi 300anos, contra o Racismo, pela Cidadania e a Vida (1995). Sediado em Brasília, o JornalÌrohìn conta, em todas as suas edições, com colaboradores, a maioriaafro<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes, resi<strong>de</strong>ntes em distintas cida<strong>de</strong>s do país. Acesse: www.irohin.org.br


<strong>Raça</strong>s e <strong>Etnias</strong> - 45Integração4Distribua aos(as) participantes trechos da letra da música Quadro Negro, do grupobaiano Simples Rap’ortagem, e peça que cada participante leia uma estrofe.4Ao final <strong>de</strong> cada estrofe lida, peça que outra pessoa do grupo explique o que o autorquis dizer com aquelas palavras e se concordam ou não com elas.Quadro Negro 15Simples Rap’ortagem(...)A luta pelas cotas não anula a luta pela melhoraDa qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino público, tu ignoraPelo contrário, quanto mais negros na aca<strong>de</strong>miaMuito mais força pra se lutar por um novo dia(...)Há os que não admitem cotas julgando serem injustasOutros julgando serem esmolas, tudo isso me assustaPergunto quanto custa superar o engano?Quanto custa ignorar os direitos humanos?Muita coisa bonita garante a Constituição(...)Entenda agora o que são ações afirmativasMedidas pontuais, alternativasMedidas passageiras que vêm afirmarPra socieda<strong>de</strong>, que há <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s, a repararDos que vivem abaixo da linha da pobreza70% são negros, que beleza!Do total <strong>de</strong> universitários brasileiros97% são brancos e her<strong>de</strong>iros(...)Quem concorrer pelas cotas vai se <strong>de</strong>parar legalCom uma concorrência enorme mas não <strong>de</strong>slealDesleal é a condição que o jovem negro encaraFusca para ele, Ferrari para os <strong>de</strong> pele claraCompetirem com as mesmas regras, malda<strong>de</strong>É isso que eles chamam <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong>(...)15Música disponível na página: http://www.palmares.gov.br/005/00502001.jsp?ttCD_CHAVE=232.


46 - Ministério da Saú<strong>de</strong> - Secretaria <strong>de</strong> Vigilância em Saú<strong>de</strong> - <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>DST</strong>, <strong>Aids</strong> e <strong>Hepatites</strong> <strong>Virais</strong>A Simples Rap´ortagem revela para o BrasilCom cotas ou não vestibular é funilCom cotas ou não vestibular é peneiraQuem concorrer pelas cotas mas não for bom vai levar rasteiraQue vença o melhor...chega a ser hilárioA prova é uma só os concorrentes que são váriosQuem se afirmou, como provar se é negro ou não?(...)4Depois <strong>de</strong> lida e analisada a letra da música, pergunte aos(as) adolescentes e jovensse já haviam escutado antes a expressão ações afirmativas. Explique que açõesafirmativas se <strong>de</strong>finem como políticas voltadas à concretização do princípioconstitucional da igualda<strong>de</strong> material e à neutralização dos efeitos da discriminaçãoracial, <strong>de</strong> gênero, <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, entre outras. O governo brasileiro vem incrementandoseus esforços para o combate à <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> racial, visando a corrigir distorçõesvigentes há mais <strong>de</strong> um século no país. Trata-se <strong>de</strong> uma reparação histórica - aindaque parcial - e do reconhecimento público da contribuição dada pelos quatro milhões<strong>de</strong> africanos escravizados e seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes na edificação do Brasil 16 .4Explique que a próxima ativida<strong>de</strong> será sobre políticas <strong>de</strong> inclusão, uma vez que nocampo da inclusão social, sem negar a existência <strong>de</strong> muitos outros grupos humanosque sofrem os processos <strong>de</strong> exclusão social, os afro<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes e as mulheres sãoexemplos <strong>de</strong> grupos que, historicamente, foram alvo <strong>de</strong> discriminações e preconceitosque acabaram por negar-lhes muitos dos direitos que asseguram a igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong>condições e <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s para a construção <strong>de</strong> uma vida digna 17 .Ativida<strong>de</strong>4Solicite aos(às) adolescentes e jovens que se organizem em três grupos.4Explique que cada grupo <strong>de</strong>verá montar um programa <strong>de</strong> rádio, abordando umanotícia publicada em sites relacionados ao tema da inclusão. Cada grupo receberá umtexto com a notícia e, além <strong>de</strong> relatá-la, <strong>de</strong>verá fazer um comentário sobre anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se investir em políticas voltadas para a igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> gênero e/ouracial.Grupo 1 – Presença negra nas universida<strong>de</strong>s quase dobra em 10 anosGrupo 2 – Negros estão sub-representados na Câmara, diz relatórioGrupo 3 – Por que investir nas mulheres?16Conceito extraído <strong>de</strong>: http://www.palmares.gov.br/, acessado em 20 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2008.17Fonte: (BRASIL, 2007).


<strong>Raça</strong>s e <strong>Etnias</strong> - 474Distribua os textos para cada grupo e peça para, primeiramente, todos(as) lerem. Emseguida, solicite que montem o programa no formato que eles(as) acreditam ser maisa<strong>de</strong>quado para a população adolescente e jovem.4Informe que cada grupo terá uma hora para preparar o programa e 10 minutos para aapresentação.4Após a apresentação <strong>de</strong> todos os grupos, solicite que formem um círculo e iniciem o<strong>de</strong>bate, aprofundando as respostas às situações, a partir das questões a seremrespondidas.Conclusões 184As ações afirmativas são um conjunto <strong>de</strong> práticas, sejam elas ações privadas ou políticaspúblicas, que têm como objetivo reparar a discriminação que impe<strong>de</strong> que pessoaspertencentes a <strong>de</strong>terminados grupos sociais tenha acesso a diversas oportunida<strong>de</strong>s.Representam uma estratégia <strong>de</strong> correção das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s por meio <strong>de</strong> tratamentoespecífico a um grupo cuja particularida<strong>de</strong> é ser tratado historicamente <strong>de</strong> forma<strong>de</strong>sigual na socieda<strong>de</strong>. Essas disparida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>vem cessar assim que as ações afirmativasalcançarem seus resultados.4Elas têm como objetivo último a promoção <strong>de</strong> uma justiça social universal. No entanto,tratamento universal não significa tratamento igual para todas as pessoas, pois, se elasocupam lugares <strong>de</strong>siguais, o tratamento igual apenas reproduzirá as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s jáexistentes. Portanto, a noção <strong>de</strong> justiça social introduzida pelas ações afirmativaspressupõe o tratamento diferenciado dos <strong>de</strong>siguais para a promoção da igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong>fato. Como exemplo <strong>de</strong> ações afirmativas, temos as <strong>de</strong>legacias especializadas noatendimento a mulheres, já que a falta <strong>de</strong> formação específica e <strong>de</strong> uma compreensãodos tipos <strong>de</strong> crimes que mais vitimam as mulheres influi na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oferecer umatendimento específico para elas e <strong>de</strong> efetivar a <strong>de</strong>vida punição dos criminosos.4Como forma <strong>de</strong> combate à discriminação racial, são exemplos <strong>de</strong> ações afirmativas oscursinhos pré-vestibular para negros(as) e as cotas para o ingresso <strong>de</strong> afro<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntesnas universida<strong>de</strong>s públicas. Ambas as iniciativas têm o objetivo <strong>de</strong> garantir à populaçãonegra o acesso à educação superior <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>.Finalização da oficina4Peça aos/às participantes que an<strong>de</strong>m pela sala em diversos sentidos, que prestematenção em suas respirações.4Depois, solicite que cada um/a continue a andar e que olhe nos olhos daqueles comquem cruzam pelo caminho, <strong>de</strong>spedindo-se com o corpo - ombros, braços, cotovelos,joelhos, ná<strong>de</strong>gas -, com abraços.18Fonte: IBASE; Observatório da Cidadania.


48 - Ministério da Saú<strong>de</strong> - Secretaria <strong>de</strong> Vigilância em Saú<strong>de</strong> - <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>DST</strong>, <strong>Aids</strong> e <strong>Hepatites</strong> <strong>Virais</strong>Textos <strong>de</strong> ApoioTexto 1 - Presença negra nas universida<strong>de</strong>s quase dobra em 10 anosS. Paulo – A presença <strong>de</strong> estudantes negros (auto<strong>de</strong>clarados pretos e pardos) nasuniversida<strong>de</strong>s públicas e na re<strong>de</strong> privada quase dobrou nos últimos 10 anos, segundo dados daPesquisa Nacional <strong>de</strong> Amostra por Domicílio (PNAD) do IBGE. Em 1998, os pretos e pardoscorrespondiam a apenas 18% dos estudantes <strong>de</strong> graduação. Em 2007, o número pulou para31,5%.Para Jorge Abrahão, do Ipea, as ações afirmativas po<strong>de</strong>rão produzir um impacto ainda maior doque já estão agindo, aliadas à expansão das vagas nas universida<strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>rais que vemocorrendo no governo Lula.Ações AfirmativasOs programas <strong>de</strong> ação afirmativa e cotas nas universida<strong>de</strong>s começaram em 2.002, naUniversida<strong>de</strong> do Estado do Rio (UERJ) e na Universida<strong>de</strong> da Bahia (UNEB).Um dos fatores que impulsionaram a presença negra, segundo analistas, foi o ProgramaUniversida<strong>de</strong> para Todos do Governo Fe<strong>de</strong>ral - PROUNI, institucionalizado pela Lei 11.096 <strong>de</strong>2.005, que conce<strong>de</strong> bolsas a pretos, pardos e indígenas, proporcionalmente à presença <strong>de</strong>ssessegmentos em cada Estado. As instituições que a<strong>de</strong>rem ao Programa, em contrapartida, têmisenção <strong>de</strong> alguns tributos.Des<strong>de</strong> a sua criação, em 2005, 197 mil estudantes pretos e pardos chegaram ao ensino superiorpúblico e privado. Entretanto os bolsistas negros do PROUNI correspon<strong>de</strong>m a apenas 45% doPrograma.Na re<strong>de</strong> privada, <strong>de</strong> acordo com os mesmos dados, a participação negra passou <strong>de</strong> 26,2%, em2004, para 29,5% em 2007. Segundo o mais recente censo do ensino superior produzido peloINEP, com dados <strong>de</strong> 2006, as universida<strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>rais respondiam naquele ano por 12,4% dasmatrículas em todos os cursos <strong>de</strong> graduação do país.Caso as vagas para pretos e pardos correspon<strong>de</strong>ssem à sua representação na populaçãobrasileira - ou seja, 49,8% -, haveria uma reserva correspon<strong>de</strong>nte a 3,1% das matrículas noensino superior.Lei das CotasNo primeiro trimestre <strong>de</strong> 2009, o Senado voltará a analisar o PLS 180/08, aprovado pelaCâmara e que cria uma reserva <strong>de</strong> 50% das vagas nas Universida<strong>de</strong>s Fe<strong>de</strong>rais e EscolasTécnicas ligadas ao MEC para estudantes do ensino médio oriundos da escola pública.Desses, 50% <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong> famílias com renda per capita <strong>de</strong> até 1,5 salários mínimos; os


<strong>Raça</strong>s e <strong>Etnias</strong> - 49restantes 25% são a cota para auto<strong>de</strong>clarados pretos, pardos e ou indígenas, assegurada arepresentação no mínimo igual à presença <strong>de</strong>sses segmentos em cada unida<strong>de</strong> da Fe<strong>de</strong>ração.A permanecer a redação do Projeto, no entanto, em apenas dois Estados a presença <strong>de</strong> negrosé inferior a 25% da população: Rio Gran<strong>de</strong> do Sul e Santa Catarina.Fonte: Afropress - 26/12/2008Texto 2 - Negros estão subrepresentados na Câmara, diz RelatórioRio – Levantamento feito pelo Relatório Anual das Desigualda<strong>de</strong>s no Brasil – 2007/2008,organizado pelo professor Marcelo Paixão com apoio da Fundação Ford, explica porque oEstatuto da Igualda<strong>de</strong> – que contém as reivindicações históricas da população negra -permanece parado no Congresso <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1995, sem previsão <strong>de</strong> ser votado: entre os 513<strong>de</strong>putados fe<strong>de</strong>rais, apenas 9% - 46 <strong>de</strong>putados - se auto<strong>de</strong>claram negros (pretos e pardos),contra 87% que se assumem como brancos.Segundo Paixão, a pouca representação <strong>de</strong> pretos e pardos no Congresso Brasileiro po<strong>de</strong>explicar a falta <strong>de</strong> interesse dos parlamentares em colocar o Estatuto como priorida<strong>de</strong> naagenda política.O Relatório – estudo que me<strong>de</strong> as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> raciais por meio <strong>de</strong> indicadoreseconômicos sociais e <strong>de</strong>mográficos – aponta a existência <strong>de</strong> 0,8% <strong>de</strong> amarelos e mais <strong>de</strong>3,3% <strong>de</strong> <strong>de</strong>putados que não se reconhecem em nenhuma das opções <strong>de</strong> raça/cor do IBGE.Não há <strong>de</strong>putados indígenas, embora existam, no Brasil, cerca <strong>de</strong> 700 mil indígenas <strong>de</strong>diferentes Nações.Sub-representaçãoA população negra (pretos e pardos) correspon<strong>de</strong> a 49,5% da população brasileira. No caso dasmulheres, havia apenas três mulheres negras na Câmara Fe<strong>de</strong>ral, o equivalente a 0,6% das<strong>de</strong>putadas eleitas no Brasil, enquanto seu peso na população chega a 24,8%.No Senado, a situação não é diferente. Entre os 81 senadores, 76 se auto<strong>de</strong>claram brancos(93,8%), enquanto somente quatro pardos e um preto, num total <strong>de</strong> 6,2%. O senado nãotem mulheres negras – todas as senadoras se auto<strong>de</strong>claram brancas (12,3%), <strong>de</strong> acordocom o levantamento.Desigualda<strong>de</strong> explícitaO Relatório levantou a <strong>de</strong>sproporção entre população e a representação política na Câmara eno Senado, também nas cinco regiões geográficas, e chegou à seguinte conclusão: I) Norte -pretos e pardos formavam 75,4% da população e 7,7% do total <strong>de</strong> <strong>de</strong>putados fe<strong>de</strong>rais; II)


50 - Ministério da Saú<strong>de</strong> - Secretaria <strong>de</strong> Vigilância em Saú<strong>de</strong> - <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>DST</strong>, <strong>Aids</strong> e <strong>Hepatites</strong> <strong>Virais</strong>Nor<strong>de</strong>ste - 70,4% da população e 5,3% dos <strong>de</strong>putados; III) Su<strong>de</strong>ste - 40,2% da população e12,8% dos <strong>de</strong>putados; IV) Sul - 19,7% da população e 5,2% dos <strong>de</strong>putados; Centro-Oeste -56,2% da população e 14,6% dos <strong>de</strong>putados.Em todos os Partidos, os <strong>de</strong>putados brancos são amplamente majoritários, sendo que é o PSBo Partido com maior percentual <strong>de</strong> brancos – 96,3%-, seguido pelo PTB (95,5%), PMDB(93,3%), PSDB (92,4%), PDT (87,5%), PFL (DEM) 86,2%) PT (83,1%) e PPS (81,8%).Perfil <strong>de</strong> instruçãoOs brancos levam vantagem entre os <strong>de</strong>putados fe<strong>de</strong>rais, no nível <strong>de</strong> instrução. Nessesegmento, 83,6% têm nível superior. Entre os pretos 54,5% têm nível superior e os pardos71,4%; entre os amarelos 75% têm esse nível <strong>de</strong> instrução. Consi<strong>de</strong>rando-se todos osparlamentares, 80% têm nível superior completo e 7,4% têm pelo menos incompleto.Fonte: Afropress - 18/11/2008Texto 3: Por que investir nas mulheres?“Recentes pesquisas mostram que projetos que têm como foco as mulheres são facilmentemultiplicáveis para a família e a comunida<strong>de</strong> na qual ela vive. É um investimento que seirradia”, afirma a diretora da Cepia (Cidadania, Estudo, Pesquisa, Informação e Ação) epresi<strong>de</strong>nte do Fundo Global para as Mulheres, Jacqueline Pitanguy. Em outras palavras,investir na mulher é investir na criança, na família e na comunida<strong>de</strong>.Um dos motivos para isso é que é cada vez maior o número <strong>de</strong> mulheres chefes da família.O censo 2000 do IBGE revelou que 25% dos domicílios do país estão sob a responsabilida<strong>de</strong>única das mulheres e que meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>las sustenta esses lares com menos <strong>de</strong> 1,8 saláriomínimo por mês.Outra questão é que, tradicionalmente, as mulheres são educadas para <strong>de</strong>sempenhar o papel<strong>de</strong> cuidadoras. Nas famílias, são as meninas que cuidam dos irmãos e irmãs menores e,também, dos <strong>de</strong>mais membros da família, como idosos e doentes.Também são as mulheres que se envolvem mais diretamente com os assuntos comunitários,que incluem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> ajuda aos vizinhos até reivindicações por creches, escolas e postos <strong>de</strong>saú<strong>de</strong>.” Além <strong>de</strong> se preocupar em cuidar das pessoas, a mulher tem sensibilida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>articulação e capacida<strong>de</strong> técnica, administrativa e financeira, afirma Vera Vieira,coor<strong>de</strong>nadora executiva da Re<strong>de</strong> Mulher <strong>de</strong> Educação.Acima <strong>de</strong> tudo, é preciso investir nas mulheres para reparar alguns dos efeitos da<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> gênero, que dificultam que elas exerçam plenamente os seus direitos.Investir nas mulheres é investir na <strong>de</strong>mocracia e no <strong>de</strong>senvolvimento do paísEstudo recente do Banco Mundial mostrou que existe uma relação direta entre os níveis <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um país e a maneira como ele trata as mulheres. Segundo a pesquisa, as


<strong>Raça</strong>s e <strong>Etnias</strong> - 51nações que promovem os direitos das mulheres apresentam taxas <strong>de</strong> pobreza mais baixas,crescimento econômico mais rápido e menos corrupção do que nos países em que as<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> gênero são mais acirradas.A conclusão do estudo do Banco Mundial é clara: ignorar a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> entre mulheres ehomens tem um alto custo para o bem-estar das populações e para a capacida<strong>de</strong> dospaíses <strong>de</strong> crescerem <strong>de</strong> forma sustentável e reduzirem a pobreza.Fonte: www.re<strong>de</strong>mulher.org.br – postado em 26/02/2008.Política Nacional <strong>de</strong> Promoção da Igualda<strong>de</strong> Racial (Brasil, 2003)O Decreto n. 4.886, <strong>de</strong> 20 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2003, institui a Política Nacional <strong>de</strong> Promoçãoda Igualda<strong>de</strong> Racial (PNPIR), que tem como objetivo geral a redução das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>sraciais, com ênfase na população negra, mediante a realização <strong>de</strong> ações exequíveis alongo, médio e curto prazos, com reconhecimento das <strong>de</strong>mandas mais imediatas, bemcomo das áreas <strong>de</strong> atuação prioritária.Objetivos específicos:(a) a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> direitos;(b) as ações afirmativas, visando à eliminação da discriminação e das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>sraciais, mediante a geração <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s.Princípios norteadores:(a) a transversalida<strong>de</strong>, ou seja, a incorporação do princípio da equida<strong>de</strong> às diversasiniciativas do Estado brasileiro;(b) a <strong>de</strong>scentralização e articulação entre os níveis <strong>de</strong> governo para a promoção daintegração social dos setores mais <strong>de</strong>sfavorecidos;(c) a gestão <strong>de</strong>mocrática para propiciar que as instituições da socieda<strong>de</strong> assumam papel<strong>de</strong> protagonistas na formulação, implementação e monitoramento da política <strong>de</strong>promoção <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> racial.Diretrizes:(a) o fortalecimento institucional para a incorporação da questão racial no âmbito da açãogovernamental;(b) a consolidação <strong>de</strong> formas <strong>de</strong>mocráticas <strong>de</strong> gestão das políticas <strong>de</strong> promoção daigualda<strong>de</strong> racial;(c) a melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da população negra;(d) a inserção da questão racial na agenda internacional do governo brasileiro.


52 - Ministério da Saú<strong>de</strong> - Secretaria <strong>de</strong> Vigilância em Saú<strong>de</strong> - <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>DST</strong>, <strong>Aids</strong> e <strong>Hepatites</strong> <strong>Virais</strong>Quer saber mais?Consulte a publicação: Ações afirmativas e combate ao racismo nas Américas,organizado por Sales Augusto dos Santos.O livro está disponível no site:www.diversida<strong>de</strong>.mec.gov.br/sdm/arquivos/acoes_afirmativas.pdfOuça maisA Rádio Palmares promove a divulgação e difusão da cultura afro-brasileira, utilizandoo rádio como veículo promotor <strong>de</strong> novos conceitos e conhecimentos sobre acontribuição <strong>de</strong>ixada pelos afro<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes na formação cultural do Brasil, bem comoa ampliação da visibilida<strong>de</strong> da política <strong>de</strong> Ações Afirmativas e da Fundação CulturalPalmares do Ministério da Cultura, como instituição responsável pela <strong>de</strong>fesa dopatrimônio material e imaterial afro-brasileiro. São vários programas <strong>de</strong> rádio emúsicas disponíveis para se escutar e conhecer mais o patrimônio afro-brasileiro emnosso país.Fonte: http://www.palmares.gov.br/005/00502001.jsp?ttCD_CHAVE=232.Acesso em: 20 nov. 2008


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54 - Ministério da Saú<strong>de</strong> - Secretaria <strong>de</strong> Vigilância em Saú<strong>de</strong> - <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>DST</strong>, <strong>Aids</strong> e <strong>Hepatites</strong> <strong>Virais</strong>Sessãao ~ <strong>de</strong> cinemaComo uma onda no ar / Rádio FavelaDireção – Helvécio Ratton.Sinopse: Baseado em fatos reais, o filme conta a história <strong>de</strong> Jorge, Brau, Roque e Zequiel,quatro jovens negros moradores <strong>de</strong> uma favela <strong>de</strong> Belo Horizonte, amigos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> ainfância, que sonharam criar uma rádio que pu<strong>de</strong>sse dar voz às pessoas do local em queviviam. Eles conseguem transformar seu sonho em realida<strong>de</strong> ao criar a Rádio Favela, quelogo conquista os moradores locais ao abrir espaços para os interesses da comunida<strong>de</strong>,mesmo operando na ilegalida<strong>de</strong>. O sucesso da rádio comunitária repercute fora dafavela, trazendo também inimigos para o grupo, que acaba enfrentando a repressãopolicial para a extinção da rádio.SarafinaDireção: Darrel James RoudtSinopse: Em pleno Apartheid, numa escola <strong>de</strong> Soweto, cida<strong>de</strong> da África do Sul, em que oexército patrulhava as ruas com armas e até mesmo as crianças gritavam “LibertemMan<strong>de</strong>la”, uma professora começa a ensinar história questionando a versão oficialimposta pelo regime <strong>de</strong> exclusão dos negros. Sarafina é uma aluna negra que relata ahistória sob a forma <strong>de</strong> uma carta dirigida a Nelson Man<strong>de</strong>la e que, como tantos outrosadolescentes, sente-se revoltada diante das injustiças do sistema e enfrenta os <strong>de</strong>safios<strong>de</strong> sonhar a liberda<strong>de</strong> e a <strong>de</strong>mocracia.Vista a minha peleDireção: Joel Zito Araújo.Sinopse: Para suscitar a discussão sobre racismo, discriminação e preconceito racial nasocieda<strong>de</strong> brasileira, o filme estabelece uma inversão <strong>de</strong> papéis entre os grupossociorraciais branco e negro. Os negros correspon<strong>de</strong>m à maioria da classe dominante eos brancos representam os mais pobres, tendo seus antepassados sido escravizadosdurante a maior parte da história do país. Os países pobres são Alemanha e Inglaterra,enquanto os países ricos são, por exemplo, África do Sul e Moçambique. Maria é umamenina branca, pobre, que estuda em um colégio particular graças a uma bolsa <strong>de</strong>estudo adquirida em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua mãe ser faxineira na escola. A maioria <strong>de</strong> seuscolegas a hostiliza, por sua cor e por sua condição social, com exceção <strong>de</strong> sua amigaLuana, filha <strong>de</strong> um diplomata que por ter morado em países pobres possui uma visãomais abrangente da realida<strong>de</strong>. Maria quer ser “Miss Festa Junina” da escola, mas isso


<strong>Raça</strong>s e <strong>Etnias</strong> - 55requer um esforço enorme, que vai <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a superação do padrão <strong>de</strong> beleza imposto pelamídia, em que só o negro é valorizado, à resistência <strong>de</strong> seus pais, à aversão dos colegase à dificulda<strong>de</strong> em ven<strong>de</strong>r os bilhetes para seus conhecidos, em sua maioria, pobres.O RAP do pequeno príncipe contra as almas sebosasDireção: Paulo Caldas e Marcelo LunaSinopse: Este documentário é um mergulho no cotidiano <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> cida<strong>de</strong>brasileira, Recife. Conta a história <strong>de</strong> dois jovens: um músico e um matador que, em um<strong>de</strong>terminado momento, tiveram suas vidas entrelaçadas, mas que optaram por armasdiferentes. Misturando ritmo-imagem e poesia-som, o filme revela o que pensa e comopensa uma parte do movimento Hip Hop brasileiro.Olhos azuisDireção: Jane ElliottSinopse: Documentário em que a professora e socióloga Jane Elliott aplicou um exercício<strong>de</strong> discriminação em uma sala <strong>de</strong> aula da terceira série, baseada na cor dos olhos dascrianças. “Olhos Azuis” tem por objetivo o exercício <strong>de</strong> colocar, por um dia, as pessoas <strong>de</strong>olhos azuis na pele <strong>de</strong> uma pessoa negra. Para isso, ela rotula essas pessoas, baseandoseapenas na cor dos olhos, com todos rótulos negativos usados contra mulheres,pessoas negras, homossexuais, pessoas com <strong>de</strong>ficiências físicas e todas outras quesejam diferentes fisicamente.


56 - Ministério da Saú<strong>de</strong> - Secretaria <strong>de</strong> Vigilância em Saú<strong>de</strong> - <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>DST</strong>, <strong>Aids</strong> e <strong>Hepatites</strong> <strong>Virais</strong>Glossáario ´19Ações afirmativas – políticas públicascompensatórias voltadas para revertertendências históricas que conferiram a grupossociais uma posição <strong>de</strong> <strong>de</strong>svantagem,particularmente nas áreas da educação e dotrabalho.Afro-Brasileiro (a) – adjetivo usado para referirseaos <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> africanos comnacionalida<strong>de</strong> brasileira.Antirracismo – termo que <strong>de</strong>signa ummovimento <strong>de</strong> rejeição consciente ao racismo esuas manifestações.Apartheid – palavra <strong>de</strong> origem africana cujosignificado é separação. Consiste no sistemasocial, econômico e político-constitucional, pormeio do qual a aristocracia branca da África doSul (17%) oprimiu e submeteu oficialmente amaioria populacional negra do país, <strong>de</strong> 1948 a1990. Por meio <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> dispositivos, osnegros tiveram seus direitos civis, sociais epolíticos limitados ou mesmo inviabilizados.Comunida<strong>de</strong>s remanescentes <strong>de</strong>quilombos/comunida<strong>de</strong>s quilombolas – durantea escravidão, as comunida<strong>de</strong>s quilombolas eramespaços <strong>de</strong> resistência cultural que abrigavamescravos fugidos do cativeiro. Ainda hoje, háterras ocupadas por <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>quilombolas espalhadas por todo o Brasil.Desigualda<strong>de</strong>s raciais – são manifestações dosresultados da discriminação racial. Po<strong>de</strong>m serpercebidas, por exemplo, nas diferenças salariaisexistentes entre negros e não negros. Elas sebaseiam em causas históricas e sociais, como opreconceito e a discriminação racial.Discriminação - É o nome que se dá para aconduta (ação ou omissão) que viola direitosdas pessoas, com base em critériosinjustificados e injustos, tais como a raça,o sexo, a ida<strong>de</strong>, a opção religiosa e outros. Adiscriminação é algo como a tradução prática, aexteriorização, a manifestação, a materializaçãodo racismo, do preconceito e do estereótipo.Discriminação racial – Existe sempre queaparece alguma forma <strong>de</strong> distinção, exclusão,restrição ou privilégio baseado na raça/cor, na<strong>de</strong>scendência ou na origem nacional ou étnica.Essa atitu<strong>de</strong> tem como objetivo ou resultadoimpedir que certas pessoas possam, emigualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> condições, usufruir <strong>de</strong> direitoshumanos e liberda<strong>de</strong>s fundamentais. Significaqualquer distinção, exclusão, restrição oupreferências baseadas em raça, cor,<strong>de</strong>scendência ou origem nacional ou étnica, quetenham como objeto ou efeito anular ourestringir o reconhecimento, o gozo ou exercício,em condições <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong>, os direitoshumanos e liberda<strong>de</strong>s fundamentais nodomínio político, social ou cultural, ou emqualquer outro domínio da vida pública.Equida<strong>de</strong> – diz-se do princípio jurídico e políticoque garante igualda<strong>de</strong> na concessão <strong>de</strong>benefícios e serviços a cada um, segundo suasnecessida<strong>de</strong>s, consi<strong>de</strong>rando que essas po<strong>de</strong>m19Fonte: (GOULART, 2007; MATTAR, 2008, com adaptações).


<strong>Raça</strong>s e <strong>Etnias</strong> - 57ser e geralmente são diferentes. Trata-se, pois,<strong>de</strong> “tratar diferentemente os <strong>de</strong>siguais”, sem queisso se reverta em privilégios ou discriminação.Estereótipo - uma tendência à padronização,com a eliminação das qualida<strong>de</strong>s individuais edas diferenças, com a ausência total do espíritocrítico nas opiniões sustentadas” (I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m,p. 2)., o “estereótipo é um mo<strong>de</strong>lo rígido eanônimo, a partir do qual são produzidos, <strong>de</strong>maneira automática, imagens oucomportamentos”. O estereótipo é a prática dopreconceito. É a sua manifestaçãocomportamental. Objetiva (1) justificar umasuposta inferiorida<strong>de</strong>; (2) justificar amanutenção do status quo; e (3) legitimar,aceitar e justificar: a <strong>de</strong>pendência, asubordinação e a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>.Etnia ou grupo étnico - <strong>de</strong>signa um grupo socialque se diferencia <strong>de</strong> outros por suaespecificida<strong>de</strong> cultural. Atualmente o conceito <strong>de</strong>etnia esten<strong>de</strong>-se a todas as minorias quemantêm modos <strong>de</strong> ser distintos e formaçõesque se distinguem da cultura dominante. Assim,os pertencentes a uma etnia partilham damesma visão <strong>de</strong> mundo, <strong>de</strong> uma organizaçãosocial própria e apresentam manifestaçõesculturais que lhe são características.Etnicida<strong>de</strong> - é a condição <strong>de</strong> pertencer a umgrupo étnico. É o caráter ou a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> umgrupo étnico que frequentemente seauto<strong>de</strong>nomina comunida<strong>de</strong>.Etnocentrismo - tendência <strong>de</strong> alguém tomar aprópria cultura como centro exclusivo <strong>de</strong> tudo, e<strong>de</strong> pensar sobre o outro apenas a partir <strong>de</strong> seuspróprios valores e categorias.Gênero – é um termo usado para <strong>de</strong>finir ospapéis socialmente construídos com base nosexo biológico. Isso quer dizer que cadasocieda<strong>de</strong> atribui às pessoas funções ei<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s diferentes, <strong>de</strong> acordo com oentendimento que tem do que é ser homem eser mulher. Durante muito tempo, foi <strong>de</strong>signadaao gênero feminino a característica <strong>de</strong> sexofrágil, sendo as mulheres encarregadas docuidado com os filhos, marido e casa.Ultimamente, graças às lutas das mulheres porigualda<strong>de</strong>, o entendimento do gênero femininomudou, e elas passaram a ocupar funções antestipicamente associadas ao gênero masculino,como trabalhar fora <strong>de</strong> casa ou assumir cargospolíticos. Nesse sentido, dizer que não épermitido qualquer tipo <strong>de</strong> discriminação combase no gênero significa dizer que todos etodas merecem igual respeito da lei, dosgovernantes e das pessoas <strong>de</strong> modo geral,in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> seu sexo biológico, dai<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> que assumam ou do papel socialque exerçam. Cabe frisar, entretanto, quegênero não correspon<strong>de</strong> ao sinônimo <strong>de</strong>mulher, bem como não se restringe a ummo<strong>de</strong>lo único <strong>de</strong> feminilida<strong>de</strong> e masculinida<strong>de</strong>.Gênero é um conceito que se refere ao conjunto<strong>de</strong> atributos negativos ou positivos que seaplicam diferencialmente a homens e mulheres,inclusive <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o momento do nascimento, e<strong>de</strong>terminam as funções, papéis, ocupações e asrelações que homens e mulheres<strong>de</strong>sempenham na socieda<strong>de</strong> e entre elesmesmos. Esses papéis e relações não são<strong>de</strong>terminados pela biologia, mas pelo contextosocial, cultural e político, religioso e econômico<strong>de</strong> cada organização humana, e são passados<strong>de</strong> uma geração a outra.Intolerância – correspon<strong>de</strong> à atitu<strong>de</strong> mental esocial caracterizada pela hostilida<strong>de</strong> ouausência <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> em reconhecer e respeitardiferenças em pessoas, crenças e opiniões. Aintolerância está baseada no preconceito epo<strong>de</strong> levar à discriminação. Formas comuns <strong>de</strong>intolerância incluem ações discriminatórias, tais


58 - Ministério da Saú<strong>de</strong> - Secretaria <strong>de</strong> Vigilância em Saú<strong>de</strong> - <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>DST</strong>, <strong>Aids</strong> e <strong>Hepatites</strong> <strong>Virais</strong>como racismo, sexismo, homofobia, intolerânciareligiosa e intolerância política.Mito da <strong>de</strong>mocracia racial – <strong>de</strong> acordo com ai<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocracia racial, não haveria, noBrasil, discriminação com base na raça/cor,principalmente consi<strong>de</strong>rando que este é um paísessencialmente mestiço. No entanto, essediscurso <strong>de</strong> não discriminação não condiz comas práticas cotidianas e institucionais pautadaspelo racismo, pelo preconceito e pelasdiscriminações raciais. Por isso, estudiosos epessoas preocupadas com a temática racialpassaram a consi<strong>de</strong>rar a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocraciaracial como um mito, ou seja, uma falsa i<strong>de</strong>ia.Movimento Social Negro – refere-se ao conjunto<strong>de</strong> pessoas, organizações e instituições<strong>de</strong>dicadas a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r e a promover os direitos<strong>de</strong> mulheres e homens negros, no contexto daluta contra o racismo. Consi<strong>de</strong>ra-se MovimentoSocial Negro um conjunto plural <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s,incluindo as organizações tradicionais, como ascasas e os terreiros <strong>de</strong> religiões <strong>de</strong> matrizafricana, as irmanda<strong>de</strong>s, os grupos culturais,blocos carnavalescos e grêmios recreativos dasescolas <strong>de</strong> samba e os grupos <strong>de</strong> capoeira, bemcomo as organizações não governamentaisantirracistas, as associações <strong>de</strong> empresários(as), os grupos <strong>de</strong> base comunitária e omovimento hip-hop.Preconceito – é a atitu<strong>de</strong> equivocada <strong>de</strong> fazerjuízo <strong>de</strong> valor <strong>de</strong> fatos ou pessoas antes <strong>de</strong>conhecê-los. Preconceito é uma opiniãopreestabelecida, imposta pelo meio, época eeducação. Ele regula as relações <strong>de</strong> uma pessoacom a socieda<strong>de</strong>. Ao regular, ele permeia toda asocieda<strong>de</strong>, tornando-se uma espécie <strong>de</strong>mediador <strong>de</strong> todas as relações humanas. Elepo<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finido, também, como umaindisposição, um julgamento prévio, negativo,que se faz <strong>de</strong> pessoas estigmatizadas porestereótipos.Preconceito racial – refere-se a predisposiçõesnegativas a respeito <strong>de</strong> uma pessoa ou <strong>de</strong> umgrupo <strong>de</strong> pessoas, com base em característicasfísicas ou culturais às quais se associa opertencimento a uma raça.Quesito cor – é um instrumento voltado àatribuição <strong>de</strong> cor, a partir <strong>de</strong> uma lista <strong>de</strong>categorias - padrão utilizado pelo IBGE –branca, preta, parda, amarela e indígena. Suainclusão em vários dos documentos oficiais,bancos <strong>de</strong> dados e sistemas <strong>de</strong> informaçãoutilizados no Brasil <strong>de</strong>ve-se ao fato <strong>de</strong> que umdos maiores problemas para formação e<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> políticas públicas para acomunida<strong>de</strong> negra é a ausência <strong>de</strong> dados. Apartir <strong>de</strong>sses dados será possível produzir umamapa da situação da população negra brasileirae <strong>de</strong>senvolver políticas que busquem eliminaras <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s. A adoção do quesito cor,possibilita a i<strong>de</strong>ntificação das doenças e a suaincidência nos diferentes grupos étnicos. Com aprodução <strong>de</strong>sses indicadores, po<strong>de</strong>-se cobrarpolíticas públicas específicas <strong>de</strong> atendimento àsaú<strong>de</strong>. Doenças que afetam a população negraem gran<strong>de</strong> escala: hipertensão, diabetes,miomatoses, anemia falciforme. O estresse éum componente importante para prejudicar asaú<strong>de</strong> dos seres humanos e os negros vivemem constante estresse, na busca dasobrevivência, enfrentando dificulda<strong>de</strong>simpostas pelo racismo.Racismo – é um pensamento, uma i<strong>de</strong>ologiaque justifica a organização <strong>de</strong>sigual dasocieda<strong>de</strong> ao afirmar que grupos raciais ouétnicos são inferiores ou superiores, em vez <strong>de</strong>consi<strong>de</strong>rá-los simplesmente diferentes.Racismo institucional – ocorre quando as


<strong>Raça</strong>s e <strong>Etnias</strong> - 59instituições <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> oferecer um serviçoqualificado às pessoas em função <strong>de</strong> sua origemétnico-racial, da cor da pele ou <strong>de</strong> sua cultura.Manifesta-se por meio <strong>de</strong> normas, práticas ecomportamentos discriminatórios, adotados nocotidiano <strong>de</strong> trabalho, resultantes da ignorância,da falta <strong>de</strong> atenção, do preconceito ou daincorporação e da naturalização dos estereótiposracistas. Resulta em um tratamento diferencial e<strong>de</strong>sigual para os diversos grupos sociais,comprometendo a qualida<strong>de</strong> e o funcionamento<strong>de</strong>ssas instituições e dos serviços prestados àpopulação e colocando <strong>de</strong>terminado grupo racialem <strong>de</strong>svantagem.aplica-se à caracterização dos ataques e agressõesa imigrantes ou estrangeiros refugiados.Sexismo – correspon<strong>de</strong> à discriminação ou aotratamento indigno a um <strong>de</strong>terminado gêneroou ainda a <strong>de</strong>terminada i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> sexual.Diferencia-se do machismo por ser maisconsciente e pretensamente racionalizado, aopasso que o machismo ten<strong>de</strong> a se manifestar apartir <strong>de</strong> comportamentos naturalizados.Sistema <strong>de</strong> cotas – tipo <strong>de</strong> política <strong>de</strong> açãoafirmativa que trabalha com reserva <strong>de</strong> vagasna ocupação <strong>de</strong> lugares e vagas no mercado <strong>de</strong>trabalho, no sistema educacional etc.Violência <strong>de</strong> gênero contra a mulher – <strong>de</strong> acordocom a Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (OMS), aviolência <strong>de</strong> gênero contra a mulher po<strong>de</strong> sercompreendida como qualquer ato que resulta oupossa resultar em dano ou sofrimento físico,sexual ou psicológico à mulher, até mesmoameaças <strong>de</strong> tais atos, coerção ou privaçãoarbitrária <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> em público ou na vidaprivada, assim como castigos, maus tratos,pornografia, agressão sexual e incesto.Xenofobia – pela origem grega da palavra,xenofobia significa medo <strong>de</strong> estrangeiro –xenos, para estranho, e phobia, para medo ouaversão. No campo das relações entre indivíduose grupos <strong>de</strong> diferentes nacionalida<strong>de</strong>s e regiões,


60 - Ministério da Saú<strong>de</strong> - Secretaria <strong>de</strong> Vigilância em Saú<strong>de</strong> - <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>DST</strong>, <strong>Aids</strong> e <strong>Hepatites</strong> <strong>Virais</strong>Referêencias^ARAÚJO, Teo W.; CALAZANS, Gabriela. Prevenção das <strong>DST</strong>/<strong>Aids</strong> em adolescentes e jovens:brochuras <strong>de</strong> referência para os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. São Paulo: Secretaria daSaú<strong>de</strong>/Coor<strong>de</strong>nação Estadual <strong>de</strong> <strong>DST</strong>/<strong>Aids</strong>, 2007 . Disponível em:. Acesso em: 18 jul.2008.A SERVIÇO da vida dos povos indígenas. Boletim CIMI, [S.l.], p.1, 2004.BRASIL. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Guia para a formação <strong>de</strong> profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e educação saú<strong>de</strong> eprevenção nas escolas. Brasília: Ministério da Saú<strong>de</strong>, 2006.______. Secretaria Especial <strong>de</strong> Politicas para Mulheres. Plano integrado <strong>de</strong> enfrentamento daFeminização da Epi<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> <strong>Aids</strong> e outras <strong>DST</strong>. Brasília: Ministério da Saú<strong>de</strong>, 2007. Disponível em:. Acesso em: Jul. 2008.______. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Política <strong>de</strong> Atenção Integral a Saú<strong>de</strong> do (a) Adolescente e do (a)Jovem. Brasília: Ministério da Saú<strong>de</strong>, 2006.______. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Secretaria Especial <strong>de</strong> Políticas <strong>de</strong> Promoção da Igualda<strong>de</strong> Racial daPresidência da República. Política Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Integral da População Negra, 2006.Disponível em:.Acesso em: Jan. 2008.______. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Programa Nacional <strong>de</strong> <strong>DST</strong> e <strong>Aids</strong>. Brasília: Ministério da Saú<strong>de</strong>, 2007.______. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Roteiro <strong>de</strong> formação continuada <strong>de</strong> profissionais <strong>de</strong> educação esaú<strong>de</strong> que trabalham com adolescentes e jovens. Brasília: Programa Nacional <strong>de</strong> <strong>DST</strong> e <strong>Aids</strong>, 2006.______. Ministério da Educação. Secretaria <strong>de</strong> Educação Fundamental. Parâmetros CurricularesNacionais: pluralida<strong>de</strong> cultural, orientação sexual. Brasília: MEC/SEF, 1997. Disponível em:. Acesso em: 11 Fev. 2011.


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