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Era uma vez uma famíliaGuia de Discussão1


SumárioIntrodução ...........................................................................03Notas sobre o vídeo ............................................................04Como trabalhar com o vídeo ..............................................04O debate .............................................................................05AtividadesPessoas e coisas .........................................................08Gráfico de família ......................................................09O que você faria se... ................................................11Efeitos do Castigo Físico .....................................................13Participação infantil ............................................................14Outros vídeos ......................................................................152


Era uma vez uma famíliaGuia de DiscussãoINTRODUÇÃOEra uma vez uma família. O vídeo apresenta a história de uma família e os desafioscotidianos que pais, cuidadores e responsáveis enfrentam na criação e educação dosfilhos. O objetivo é discutir as crenças, opiniões e atitudes que os adultos apresentamdiante do castigo físico e humilhante usado como medida disciplinar e educativa.O vídeo propõe uma reflexão crítica sobre o castigo físico e humilhante e nos convidaa olhar a criança como um sujeito de direitos. Para isso, a história de “Era uma vezuma família” aborda vários aspectos que envolvem a criação de crianças de diferentesidades: como estabelecer limites, como lidar com o estresse do dia-a-dia e como atenderàs necessidades das crianças de acordo com seu desenvolvimento cognitivo, afetivo,emocional e físico promovendo a sua participação nesse processo.O vídeo, um desenho animado sem palavras, é recomendado para facilitadores quebuscam uma ferramenta lúdica e inovadora para promover discussões com pais, mães,cuidadores e educadores sobre a criação e educação de crianças, através da promoção dasua participação, dos seus direitos e de seu desenvolvimento.Como o vídeo foi elaborado? O roteiro do vídeo foi elaborado a partir dos resultadosde pesquisas feitas com pais e crianças na cidade do Rio de Janeiro entre os anos de 1999e 2007. 1 Neste período pais e mães foram consultados a respeito de seu relacionamentocom seus filhos (conhecimento sobre as formas de educá-los e o uso de castigo físico eoutras formas de violência). Foi realizada, ainda, uma consulta com crianças de 5 a 12anos 2 com o objetivo de conhecer suas opiniões e sentimentos sobre a forma como erameducadas. Os personagens do vídeo foram inspirados nos vídeos da Aliança H 3 e ele foitestado com um grupo de pais da Fundação Xuxa Meneghel (Pedra de Guaratiba – Riode Janeiro – RJ).1As pesquisas foram realizadas como parte do projeto Fortalecendo Bases de Apoio Comunitárias paraCrianças e Adolescentes na cidade do Rio de Janeiro. O projeto foi implementado entre 1999 e 2007 emparceria pelas organizações <strong>Promundo</strong> e CIESPI.2A pesquisa foi realizada dentro do projeto Criança Sujeito de Direitos. O projeto busca estimular eorientar os pais e responsáveis a educar e colocar limites às crianças sem recorrer ao uso de castígosfísicos e humilhações, promovendo e valorizando a participação das crianças.3Aliança global de organizações que buscam promover a eqüidade de gênero entre os jovens e comos jovens.3


Era uma vez uma famíliaGuia de DiscussãoDicas gerais para a discussão1. Pergunte ao grupo que temas apareceram no vídeo. Escreva-os em um quadro ou emum pedaço de papel.2. Se for necessário, passe o vídeo mais uma vez para a melhor compreensão doconteúdo.3. Se você não tiver tempo suficiente ou considerar que é mais rico aprofundar algumtema específico, pode selecionar cenas específicas ou um conjunto delas.Questões para animar o debateO DEBATEA fim de estimular o debate, é sempre importante lançar algumas perguntas para o grupo.Muitas serão feitas no momento da discussão, conforme as idéias e observações feitaspelos participantes sobre o desenho. No entanto, é aconselhável que você tenha uma listade questões sobre os assuntos que deseja ressaltar durante a discussão.É importante ressaltar que o conceito de participação infantil é transversal a todo o vídeo.O <strong>Promundo</strong> acredita que a promoção da participação infantil contribui para a erradicaçãodo castigo físico e humilhante na medida em que promove um maior diálogo entre paise filhos, uma maior escuta por parte dos pais das opiniões e sentimentos dos filhos e,conseqüentemente, um maior respeito pela criança como ser humano.A seguir, apresentamos uma série de questões que ajudam a aprofundar a discussão. Essasquestões foram divididas por temas, que podem ser explorados conforme seu interesse.Constituição familiar Como era a família apresentada no vídeo? É comum ver famílias com a composiçãodo vídeo na sua comunidade? (Reconstituída, pais separados, filhos de mais de umcasamento?) É comum ver mães que cuidam sozinhas dos filhos? E pais? Como é lidar com o filho “do outro”? É a mesma coisa que lidar com “nossos” filhos?Há diferença na maneira de educar, disciplinar?Gênero Como é ter um filho “homem” e ter uma filha “mulher”? As pessoas se relacionamcom seu (s) filho(s) e sua(s) filha(s) da mesma maneira, ou tem diferença? Vocês acham que “menino e menina” têm que ser educados de maneiras diferentesou da mesma forma? Vocês acham que homens e mulheres educam as crianças da mesma forma?Geração E como é ter filhos de idades diferentes? A educação é a mesma? As preocupações sãoas mesmas? Os conflitos são os mesmos ou são diferentes? Vocês acham que crianças em idades diferentes têm necessidades diferentes? Vocês acham que a atitude do filho adolescente (de ficar no quarto escutando música,“viajando”) é natural em meninos nessa fase? Como era quando tinham essa idade? E a participação da avó na educação das crianças, como vocês percebem? É possívelalguém que não está no dia-a-dia ajudar a educar?5


Rotina (dia-a-dia) Como é ter que acordar todos os dias e arrumar os filhos, dar café, levar para a escola,ir para o trabalho? Como vocês vêem essas rotinas? No início do filme aparece uma cena pela manhã em que o pai e a mãe acordam osfilhos já gritando, de mau humor, aborrecidos. Isso é comum? Como é cuidar de filhos pequenos? Na cena em que leva a criança para a escola, amãe parece estar totalmente desconectada da filha, é quase “automático”. É comumisso acontecer? Será que às vezes as pessoas tratam as crianças como “coisas” em vez de “pessoas”?Vocês acham que filho “tem querer”? Como os adultos lidam com os desejos dascrianças? Quando vocês eram crianças, vocês tinham “quereres”? E como eramtratados? E na cena em que o chefe grita com o pai no trabalho? Como é ter alguém gritandoconosco? Como nos sentimos quando não somos ouvidos? Como gostaríamos de sertratados? Vocês acham que é possível fazer diferente? É possível aproveitar o momento de “levarpara a escola”, “escolher a roupa” ou outros momentos de “rotina” para dialogar,e até brincar com as crianças? Vocês acham que é possível deixar a criança ter umaparticipação mais ativa nesses momentos, como escolher a roupa que quer usar, osbrinquedos que quer levar para a escola, as tarefas domésticas que gostaria de fazer?(Aqui se pode explorar com os pais como eles poderiam promover essa autonomiagradual da criança caso algum deles coloque que elas não sabem como fazer isso, ouseja, questionar esta afirmação).Necessidades da criança Na cena em que a mãe dorme enquanto lia uma história para a filha e a filha brinca eestraga a maquiagem da mãe, como a mãe reagiu? As pessoas normalmente têm essareação? Poderia ser diferente? Como? Vocês acham normal uma criança nessa fase brincar com o que vê pela frente, como que é colorido? Isso é parte da curiosidade da idade, é natural? Vocês acham quedevemos incentivar a curiosidade da criança ou reprimir, brigar?Dando o exemplo Na cena do café da manhã, em que o pai joga o pão na cabeça do filho adolescente poreste ter deixado a mesa bagunçada, com migalhas, como vocês percebem a situação?Vocês acham que isso acontece na vida real? Será que é possível educar, disciplinar deoutra forma? Na cena em que o menino mais novo atira a pedra no colega na escola, lembrando dopadrasto fazendo o mesmo com o filho ou quando a criança imita o padrasto assistindoa um filme violento? Vocês acham que as crianças imitam os adultos? Que exemplosos pais dão às crianças? E quando o pai lembra da relação que tinha com seu pai, para justificar a relação como filho. Vocês acham que a forma com que somos educados/ criados tem haver com aforma que criamos/ educamos nossos filhos? Será que existe outra educação possível?Em relação a forma de educar que trazemos da educação que recebemos de nossospais, o que gostariam de fazer diferente?6


ATIVIDADESAtividade 1Pessoas e coisas 4Descrição: Esta atividade permite a discussão sobre relações de poder e desigualdadeque existem na relação entre adultos e crianças.Objetivos: Facilitar o reconhecimento de relações de poder existentes em nossasociedade, identificando os códigos de comunicação que são utilizados nessas relaçõescom ênfase na relação com as crianças.Tempo: 60 minutosProcedimento1. Divida o grupo em dois com uma linha imaginária. Cada lado deve ter um númeroigual de participantes.2. Informe que o nome da atividade é: Coisas e Pessoas. Escolha, aleatoriamente, umgrupo para ser as “coisas” e o outro, as “pessoas”.3. Leia as regras para cada grupo:3.1. COISAS: As coisas não podem pensar, não sentem, não podem tomar decisões,têm que fazer aquilo que as pessoas lhes ordenam sem questionar. Se uma coisa querse mover ou fazer qualquer coisa, tem que pedir permissão à pessoa.3.2. PESSOAS: As pessoas pensam, podem tomar decisões, têm sexualidade, sentem e,além disso, podem pegar as “coisas” e fazerem o que quiserem com elas.4. Peça para o grupo das “pessoas” pegar “coisas” e fazer com elas o que quiseremdurante 5 minutos.5. Ao final do tempo estipulado, solicite aos grupos que regressem aos seus lugares.Perguntas para discussão Para os que fizeram papel de “coisa”: Como sua “pessoa” tratou você? O quesentiram? Por quê? Para os que fizeram papel de “pessoa”: Como foi possuir uma “coisa”? O quesentiram? Por quê? Qual a relação que esse exercício tem com nossa vida? Já fomos tratados como coisas? Como nos sentimos? Uma criança costuma ser tratada como “coisa”? Em que momentos? Que impactos vocês acham que esse tratamento pode ter na vida de crianças e adultosque sofrem esse tipo de atitude? O que poderíamos fazer para mudar essa situação?Alguns pontos a serem explorados na discussão Explore os sentimentos vivenciados pelas pessoas que foram “coisas” e os momentosem que elas se sentiram assim em suas vidas: como isso se deu, o que aconteceu, comogostariam que tivesse acontecido;84Técnica retirada do manual Cuidar Sem Violência Todo Mundo Pode – CIESPI e <strong>Promundo</strong>(2003). Oguia foi desenvolvido como parte do Projeto Bases de Apoio, uma iniciativa que visava fortalecer as basesde apoio comunitárias e familiares para crianças e adolescentes.


Era uma vez uma famíliaGuia de Discussão Procure relacionar os sentimentos que temos quando somos tratados como “coisas”com os sentimentos que as crianças experimentam quando são tratadas como coisas,ressaltando que muitas vezes elas não podem se colocar ou se defender, como podeacontecer numa situação entre dois adultos; Explore os sentimentos trazidos pelos participantes de quando foram tratados comocoisas quando eram crianças primeiramente, antes de relacionar com os sentimentospossíveis que são vivenciados pelos filhos dos participantes quando eles são tratadoscomo coisas; Explore como poderíamos mudar esta atitude de abuso de poder nas nossas relações(incluindo com outros adultos na família, não somente com a criança).Atividade 2Gráfico de família 5Objetivos: Refletir sobre as relações que existem dentro da família, as diferençassocialmente atribuídas aos gêneros e sua importância para o desenvolvimento dascrianças.Tempo: 60 minutos.Materiais: Folhas de papel comum, lápis de cor ou canetas hidrográficas, gráfico (folhade apoio 2) e texto Família, Comunidade e Desenvolvimento Infantil para todos.Procedimento1. Distribua as folhas de papel e peça que a numerem de 1 a 10 na direção vertical. Soliciteque, individualmente, pensem na última semana que tiveram.2. Informe que lerá uma série de atitudes que as pessoas têm e peça que cada participanteatribua um número de acordo com a quantidade de vezes que fez, no último mês,alguma dessas coisas enquanto estava com seus filhos de até 12 anos. A gradaçãovai do número zero (quando não fez nenhuma vez) ao número 10 (quando fez váriasvezes). Brincou com as crianças? Ficou preocupada se as crianças estão comendo alimentos saudáveis? Leu uma história para uma criança pequena? Ouviu ou cantou uma música junto com o seu filho ou filha? Na hora de tomar uma decisão perguntou o que o seu filho ou filha achava? Conversou com seu filho ou filha sobre os horários adequados para ver televisão? Perguntou sobre a lição da escola ou a fez junto com seu filho ou filha? Pensou em ir ou foi a uma reunião da creche ou escola de seus filhos? Beijou e abraçou seus filhos e filhas? Escutou com atenção o que seu filho ou filha queria lhe dizer?3. Distribua a folha de apoio e, no quadro, junto com os participantes, explique comoconstruir seu gráfico de família a partir do valor que foi atribuído a cada uma dasperguntas que foram feitas.4. Quando todos tiverem feito seus gráficos, peça que se reúnam em grupos e compartilhemos resultados de seus gráficos. Solicite, depois, que comparem as respostas dadas peloshomens e pelas mulheres, refletindo sobre as conclusões que podem ser tiradas desteexercício.5Adaptado de: UNICEF. Haz que se complan tus derechos. Madri: scouts de España, s/d.9


Pontos para discussão O que é ser mãe? O que é ser pai? O que um pai e uma mãe precisam saber e fazer para garantir um bom desenvolvimentopara seus filhos e filhas? Quais são as responsabilidades de um pai? Quais são as responsabilidades de uma mãe? É diferente criar/educar um menino ou uma menina? Por quê?Encerramento 6 Segundo documentos do UNICEF, competências familiares são os conhecimentos, asatitudes e os comportamentos das famílias que contribuem para a sobrevivência, odesenvolvimento, a proteção e a participação das crianças. Cabe à família garantir que a criança receba uma alimentação saudável; cuidar dacrianças e protegê-la; interagir com a criança por meio da fala, da música e da leiturapara estimular a linguagem, a comunicação de idéias e prepará-la para o aprendizadoda leitura. Apesar da diversidade dos modelos familiares que encontramos na sociedade de hoje,ainda existem muitas diferenças em relação ao papel desempenhado por homens emulheres dentro de uma família. Tanto um homem quanto uma mulher são igualmenteresponsáveis e competentes para cuidar dos filhos e das filhas.Folha de Apoio 1: Gráfico de família109876543210 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10106Girade, H. Competências Fundamentais para Famílias e Comunidades em Desenvolvimento Infantil,apresentação no Encontro Compartilhando Olhares e Experiências em Pesquisa e Ação para Famílias eComunidades, Rio de Janeiro, 3 de junho de 2003.


Era uma vez uma famíliaGuia de DiscussãoAtividade 3:O que você faria se... 7Objetivo: Discutir alternativas para lidar com situações de conflito entre pais/mães efilhos/as que não perpassem o caminho da violência.Tempo: 90 minutosMateriais: aparelho de som e um CD de música animada, texto Efeitos do Castigo Físicopara todos, cinco balões de ar com tiras de perguntas em seu interior.Sugestões de perguntas:1- O que você faria se descobrisse que sua filha de 11 anos está saindo de casa depois quevocê dorme para se encontrar com suas amigas de mais de 14 anos?2- O que você faria se fosse chamada na escola e descobrisse que, apesar do seu filho de8 anos sair todos os dias cedo dizendo que vai para a aula, há mais de uma semana elenão aparece na escola?3- O que você faria se seu filho de 5 anos lhe chamasse de um palavrão muito feio quandoseus desejos não são atendidos?4- O que você faria se, ao chegar em casa depois de um dia estressante, encontrasse acasa na maior bagunça e seus filhos brigando de tapa?5- O que você faria se um dia, tendo deixado sua filha de 12 anos cuidando dos irmãosmenores, ao voltar para casa, encontrasse seus filhos na rua no meio de uma briga emque até tiroteio poderia acontecer?Procedimento1. Solicite que os participantes formem um único círculo. Depois de formado, informeque vai colocar uma música no aparelho de som e que vai passar, de mão em mão, umbalão com uma pergunta dentro. Explique que esta pergunta diz respeito a como umpai ou uma mãe agiria se o seu filho ou filha fizesse algo como o relatado acima.2. Explique que, quando a música parar, a pessoa que ficou com o balão na mão tem queestourá-lo, ler a pergunta e tentar responder. Só que tem uma regra: não vai valer nenhumaresposta que seja: tapas, beliscões, soco, puxão de cabelo ou qualquer outro castigo físico.3. Se não souber, quem estiver à sua direita responde. As outras pessoas poderão ajudarquando necessário.4. Depois de respondidas as questões, junto com os participantes, pergunte por que elesacham que a violência acontece dentro de casa. Escreva essas respostas no quadro emforma de palavras-chave.Pontos para discussão É fácil dar limites aos filhos e filhas? Quando é necessário dar um limite a um filho ou uma filha? Quem necessita mais de limites, os meninos ou as meninas? Existe uma idade em que é necessário dar mais limite que em outra?7O <strong>Promundo</strong> e o CIESPI produziram uma cartilha, em forma de fotonovela, utilizando as mesmassituações registradas nesta técnica. Esta publicação, chamada A Casa dos Três Filhos, encontra-sedisponível nas 2 organizações e pode facilitar bastante uma discussão com famílias sobre limites ealternativas não violentas para lidar com os filhos em situações de tensão.11


Que alternativas os pais e mães têm para lidar com situações conflituosas em casa? Por que muitos adultos perdem o controle e acabam batendo em seus filhos? Que sugestões poderíamos dar às pessoas que batem em seus filhos em vez deconversar ou dar castigos que não machuquem? Que outras formas de violência existem que machucam, mesmo não atingindo ocorpo?Encerramento 8 Cada família é um mundo e em nossa sociedade existem vários tipos diferentes.Independente da forma como está estruturada, o diálogo entre todos que compõe afamília é fundamental para o convívio. Dar limites significa definir claramente até onde cada criança pode e deve ir. Os limites devem ser claros, objetivos, justos e coerentes e precisam ser estabelecidoscom as crianças de maneira firme e amorosa. Os adultos que dão os limites devem estar de acordo entre si. A criança não entendequando o pai permite uma coisa e a mãe, não. Dar limites não significa apenas proibir ou impedir. É também estabelecer regras básicasde convívio entre a família. Estabelecer um “contrato” com as pessoas da família é uma das condições necessáriaspara que todos se sintam integrados. Essa estratégia também faz com que a criançase sinta parte de um todo, fortalecendo assim sua segurança, sua autonomia e suaauto-estima. Todas as famílias convivem com problemas e conflitos. É importante, no entanto, nãousar a violência para resolver certas questões que poderiam ser resolvidas de outraforma. Não existe uma receita para garantir que o relacionamento na família seja sempretranqüilo e não violento. Porém, algumas sugestões podem ser seguidas: Identificar o problema real - Descobrir exatamente o que está incomodando. Éimportante não misturar o problema em questão com outras coisas que aconteceramno passado, por exemplo. Atacar o problema, não as pessoas - Falar claramente com as pessoas envolvidas noconflito sobre o que sentimos sem usar de ironia ou acusações. Escutar - Prestar atenção no que as pessoas têm a dizer, tentando entender o outroponto de vista. Negociar - Por meio de argumentos, buscar uma solução que, de preferência, seja boapara ambos. É importante que os pais não se sintam na obrigação de ser perfeitos ou de dar conta detudo. Nas situações em que se sentirem com dúvidas ou inseguros, a busca por ajuda,conversa e conselho pode facilitar a tomada de decisões.128Adaptado da publicação Protegendo nossas crianças e adolescentes. Rio de Janeiro: Prefeitura do Rio deJaneiro/Secretaria Municipal de Saúde, s/d.


EFEITOS DO CASTIGO FÍSICONos meninos e nas meninasEra uma vez uma famíliaGuia de Discussão Diminui a auto-estima, gerando a sensação de que eles valem menos. Ensina a serem vítimas. Algumas pessoas acreditam que o sofrimento torna as pessoasmais fortes, que as prepara para a vida. Nos dias de hoje, sabemos que não só nãofaz as pessoas mais fortes, como também as converte em pessoas com dificuldades desentirem-se capazes de resolver seus próprios problemas. Interfere no processo de aprendizagem e no desenvolvimento de sua inteligência, deseus sentidos e de suas emoções. Gera sentimentos de solidão, tristeza e abandono. Faz com que eles observem a sociedade de uma forma negativa e as pessoas comoseres ameaçadores, causando dificuldade de integração social. Cria um muro que impede a comunicação entre os pais e filhos e prejudica os vínculosemocionais que existem entre eles. Cultiva sentimentos de raiva e desejo de fugir de casa. Ensina que a violência é um modo adequado para resolver os problemas. Dificulta a cooperação com as figuras de autoridade. Deixa a criança mais exposta a vários acidentes. Em relação aos meninos, como são mais castigados fisicamente do que as meninaspara se tornarem “homens”, faz com que eles sejam mais agressivos e os deixa maisvulneráveis a utilizar drogas (incluindo o álcool) no futuro. Em relação às meninas, a tendência é internalizar sua dor que vai acabar se manifestandoemocionalmente por meio de depressão, insegurança, culpa e submissão.Nos pais e mães Produz ansiedade e culpa, inclusive nos pais que consideram esse tipo de castigocorreto. O uso do castigo físico aumenta a probabilidade de os pais mostrarem comportamentosviolentos em outras situações com maior freqüência e intensidade. Impede sua comunicação com os filhos e dificulta as relações familiares no presente eno futuro.Na sociedade Incentiva as novas gerações a usarem a violência como forma de resolver um conflito. Faz com que se acredite que existem dois grupos de cidadãos: as crianças e os adultos.Os adultos mandam e podem agredir; as crianças obedecem e apanham. Promove modelos familiares em que existem os que agridem e os que são agredidos.Nesses casos, os envolvidos têm dificuldade de entender a importância de umarelação de igualdade entre as pessoas, um dos pontos fundamentais da sociedadedemocrática. Dificulta a proteção à infância. Ao tolerar essa prática, a sociedade não se legitimacomo um espaço protetor para meninos e meninas. Torna os cidadãos submissos porque, em seus primeiros anos de vida, aprenderam queser vítima é uma condição natural dos indivíduos que fazem parte daquela sociedade.Fontes:Educa, no Pegues. Campaña para la sensibilización contra el castigo físico en la familia.Madrid: Save the Children, Comité Español de UNICEF, CEAPA y CONCAPA, 2002;Pesquisa Homens, violência de gênero e saúde sexual e reprodutiva: um estudo sobre homens no Riode Janeiro: Brasil. Instituto PROMUNDO e Instituto NOOS, 2003.13


14PARTICIPAÇÃO INFANTILQuando as crianças percebem que suas opiniões são levadas em consideração, seriamente, elasassumem uma outra postura diante da vida que difere em muito de uma posição subalternae resignada. Sua auto-estima é promovida e, conseqüentemente, a criança desenvolve osentimento de que é importante, se vê como igual a qualquer outro ser humano e com omesmo valor que um adulto, e desenvolvem um maior respeito pelo seu semelhante.Além disso, quando responsabilidades são compartidas com as crianças, quando se lhesexplicam os motivos dos quais derivam muitos dos comportamentos dos adultos, as crianças secomprometem muito mais na realização de uma determinada tarefa ou regra de convivênciae, conseqüentemente, na própria promoção de um ambiente harmonioso e democrático.Isso representa uma mudança de visão em relação à criança, ou seja, muda-se de umavisão da criança como objeto e propriedade do adulto para uma visão que contempla acriança como um sujeito de direitos, possuidor de desejos, sentimentos e opiniões própriosque devem ser levados em consideração, assim como acontece com qualquer outroadulto. Como desdobramento dessa mudança temos a utilização de novas estratégiasdisciplinares baseadas no respeito e não mais na violência física e psicológica (ou inclusivenegligência): as estratégias positivas de educação.Abaixo, encontram-se dois quadros que resumem o exposto acima e explicitam algumasdas conseqüências da promoção da participação infantil tanto para as crianças quantopara as famílias:Vantagens da participação infantilpara a criança... Assegura o crescimento e o desenvolvimento das crianças e jovens. Ajuda a desenvolvimento melhores níveis de auto-estima, segurança, autonomia,domínio de habilidades sociais Promove o desenvolvimento de capacidades de expressão de sentimentos e idéias. Melhora a capacidade de inter relação pessoal, o diálogo com o adulto, o tratamento deconflitos, a elaboração de propostas, a percepção da sua realidade e senso crítico. Contribui para reforçar a integração social das crianças, Reforça os valores de solidariedade e democracia. Desenvolve habilidades para assumir responsabilidades. As crianças e os adolescentes obtêm maior conhecimento sobre seus direitos.para a família... Promove relações mais harmoniosas entre pais e filhos, pois quando a criança sente-serespeitada ela se abre mais para os conselhos e orientações dos adultos Possibilita a construção de canais de diálogos fortalecendo a relação entre pais e filhos. Possibilita que os pais conheçam mais sobre como seus filhos se sentem e pensam. Promove o estabelecimento de regras de convivência junto com os filhos. Ajuda no melhor andamento das tarefas domésticas, pois as crianças sentem-se maismotivadas quando suas opiniões e desejos sobre o que gostariam de fazer, e comogostariam de fazer, são levados em consideração Promove uma maior troca de afetos, emoções e carinho entre adultos e crianças, poisos sentimentos de todos começam a ser valorizados por todos os integrantes da família,não somente os das crianças Promove uma maior qualidade de convivência entre pais e filhos, pois na medida em que hámais diálogo e escuta, as chances de todos se sentirem satisfeitos e contentes é maior Promove relacionamentos mais respeitosos entre todos e uma educação baseada em estratégiaspositivas de educação, ou seja, livre de quaisquer formas de violência (física e/ ou verbal)


Minha vida de JoãoOUTROS VÍDEOSEra uma vez uma famíliaGuia de DiscussãoEste vídeo apresenta a história de um garoto e a construção de suamasculinidade, da infância até a juventude. Focaliza os diferentesaspectos que um homem jovem tem que enfrentar para tornar-se umhomem em nossa sociedade: o machismo, a violência intrafamiliar, ahomofobia, as dúvidas com relação à sexualidade, a primeira relaçãosexual, gravidez, uma DST, e a paternidade. É recomendado parafacilitadores que buscam novas formas para trabalhar com homens.Pode ser utilizado em contextos educativos com homens jovens oumembros da equipe de organização com o objetivo de discutir ascrenças, opiniões e atitudes do grupo frente aos temas relacionadosà sexualidade, saúde reprodutiva e masculinidade e também comouma reflexão sobre o que é ser homem nos dias de hoje.Duração: 23 minutos.Era uma vez outra MariaMenina não joga futebol! Brinca de casinha e de boneca. Meninanão senta de perna aberta! Aprende a arrumar a cozinha. Será queas meninas só podem ser assim? Este vídeo apresenta a história deMaria, uma menina como muitas outras, que começa a questionar asexpectativas de como ela deve ou não ser. De lembranças da infânciaa sonhos para o futuro, faz-se uma reflexão sobre como as meninassão criadas e como isso influencia seus desejos, comportamentose atitudes. “Era uma vez outra Maria” é um vídeo educativo queapresenta experiências comuns a mulheres jovens e aborda assuntoscomo saúde sexual e reprodutiva, violência, gravidez, maternidadee trabalho. Pode ser usado com mulheres e homens jovens ou comprofissionais de saúde e educação que buscam novas formas paradiscutir a saúde e a autonomia das mulheres jovens.Duração: 20 minutos.Medo de quê?Nosso personagem principal é Marcelo, um garoto que, comotantos, tem sonhos, desejos e planos. Seus pais, seu amigo Joãoe a comunidade onde vive também têm expectativas em relaçãoa ele. Porém, nem sempre os desejos de Marcelo correspondemàs expectativas das pessoas. Mas, quais são mesmo os desejos deMarcelo? Essa dúvida gera medo... tanto em Marcelo quanto naspessoas que o cercam. Medo de quê? Daquilo que não se sabe.Em geral, as pessoas têm medo daquilo que não conhecem bem.Assim, muitas vezes alimentamos preconceitos que se expressam nasmais variadas formas de discriminação. A homofobia é uma dessasexpressões. O vídeo destina-se especialmente a grupos de jovens,homens ou mulheres, convidando-os a refletir sobre os medose os preconceitos em relação à homossexualidade, em busca deuma sociedade mais plural, solidária e cidadã. Destina-se tambéma educadores e profissionais de saúde em geral que atuam compopulação adolescente e jovem. Duração: 18 minutos15

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