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planejamento, implantação e tratos culturais na cultura da mangueira.

planejamento, implantação e tratos culturais na cultura da mangueira.

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Planejamento, Implantação e Tratos Culturais <strong>na</strong> Cultura <strong>da</strong> Mangueiraviabilizar ou inviabilizar o agronegócio. Esses estudos básicos compreendemo levantamento <strong>da</strong>s condições climáticas; características físico-quimicasdo solo; disponibili<strong>da</strong>de de recursos hídricos; infra-estruturas; etc. Os váriosaspectos envolvidos <strong>na</strong> implantação de um <strong>mangueira</strong>l, de forma individualou com fruta, são importantes <strong>na</strong> produção de frutos e serão descritos aseguir:2.1. ClimáticosNeste aspecto, de acordo com KAVATI (1996, p.74), vários autoresconsideram que para as condições brasileiras, a extensão territorial disponívelfavorável à <strong>cultura</strong> é bastante extensa, visto que to<strong>da</strong> a região ao nortedo paralelo 25° Sul pode ser cultiva<strong>da</strong>, evitando-se ape<strong>na</strong>s as regiões friaspor excesso de altitude ou solo pouco profundo, excessivamente compactoou encharcado.A <strong>mangueira</strong> é planta originária <strong>da</strong> Ásia Meridio<strong>na</strong>l e ArquipélagoIndiano, região de clima tropical, caracteriza<strong>da</strong> por uma alternância bemníti<strong>da</strong> de estações secas e úmi<strong>da</strong>s. Nessas condições, a planta tem desenvolvimentovegetativo adequado no período <strong>da</strong>s águas e florescimento efrutificação no período seco. O período seco deve ocorrer um pouco antes<strong>da</strong> época do florescimento e, para melhores resultados, deve continuar duranteesta fase, até o início do desenvolvimento dos frutos. Este períodoseco tem forte influência <strong>na</strong> diferenciação <strong>da</strong>s gemas vegetativas e florais,evitando os riscos de ataque de fungos <strong>na</strong>s flores e nos frutos (KAVATI,1996, p. 74; SIMÃO, 1998, p. 600).A <strong>mangueira</strong>, embora tolere ampla variação de condições climáticas,o êxito de seu plantio em escala comercial somente é possível dentro decertos limites específicos e bem definidos de temperatura e precipitaçãopluviométrica, pois as condições atmosféricas exercem notável influenciasobre a produtivi<strong>da</strong>de e a quali<strong>da</strong>de dos frutos (MEDINA et al., 1981. p.112).145


Planejamento, Implantação e Tratos Culturais <strong>na</strong> Cultura <strong>da</strong> MangueiraPRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICAA <strong>mangueira</strong> vegeta e frutifica em áreas onde a precipitação varia de240 a 5.000 mm. Os limites <strong>da</strong> precipitação pluvial com que a <strong>mangueira</strong>pode ser cultiva<strong>da</strong> com êxito são amplos, vagos e variáveis. Sob temperaturafavorável e precipitação tão baixa, como 200 a 250 mm, mas com uso deirrigação, a <strong>mangueira</strong> pode crescer com sucesso. Também desenvolve bemsob boas condições de dre<strong>na</strong>gem e de precipitação tão alta como 1.900 a2.500 mm ou mais. A quanti<strong>da</strong>de de precipitação em si não parece sersignificativa, mas, sim, sua distribuição é que tem grande importância(MEDINA et al. 1981, p. 115).A <strong>mangueira</strong> produz mais e frutos de melhor quali<strong>da</strong>de <strong>na</strong>s regiõesonde ocorre uma estação seca bem defini<strong>da</strong> durante o período deflorescimento e frutificação <strong>da</strong> planta, isto é, as melhores regiões para aimplantação <strong>da</strong> <strong>cultura</strong> comercial <strong>da</strong> <strong>mangueira</strong> são aquelas onde uma estaçãochuvosa alter<strong>na</strong> com um período de seca pronuncia<strong>da</strong> durante o períodode florescimento do ano. A estação seca é importante, pois provocauma dormência temporária que é necessária para prevenir excesso de crescimentovegetativo às expensas <strong>da</strong> produção de flores durante o períodonormal de florescimento. A flor <strong>da</strong> <strong>mangueira</strong> é bastante delica<strong>da</strong> e facilmente<strong>da</strong>nifica<strong>da</strong> pelo clima úmido. Além disso, no período chuvoso, osinsetos polinizadores tem suas ativi<strong>da</strong>des afeta<strong>da</strong>s e não há polinização. Afalta de agentes de transferência é considera<strong>da</strong> um dos fatores importantesque afetam a frutificação (MEDINA et al. 1981, p. 115).A <strong>mangueira</strong> necessita de maiores quanti<strong>da</strong>des de água <strong>na</strong> fase deplanta nova, <strong>da</strong> planta adulta quando em pleno crescimento vegetativo, <strong>na</strong>fase de frutos já vingados e aumentando de tamanho e peso; de menorquanti<strong>da</strong>de de água disponível no período de repouso vegetativo, para estimularum intenso florescimento, e no período de florescimento, para evitarprejuízos que podem ser causados pelas doenças, prejudicar as ativi<strong>da</strong>desdos insetos polinizadores, causar injúrias nos estigmas e um baixo vingamentodos frutos. Na fase fi<strong>na</strong>l <strong>da</strong> formação, no desenvolvimento e amadurecimentodos frutos, a planta necessita de água disponível no solo, porém depouca chuva, para não ocorrerem manchas nos frutos, rachaduras, baixoteor de sólidos solúveis totais, de péssima quali<strong>da</strong>de para o consumo e debaixo valor comercial (MANICA, 2001, p. 55).147


Manga - Produção Integra<strong>da</strong>, Industrialização e ComercializaçãoAs chuvas lavam os grãos de pólen, além de proporcio<strong>na</strong>r o aparecimento,principalmente de doenças fúngicas.As regiões onde a precipitação se situa entre 800 a 1.300mm anuais,desde que ape<strong>na</strong>s peque<strong>na</strong> parte ocorra durante o período de florescimento,parecem ser ideais para a implantação <strong>da</strong> <strong>cultura</strong>.Embora a <strong>mangueira</strong> seja considera<strong>da</strong> uma planta bastante resistenteà seca, alguns estudos têm demonstrado que a mesma apresenta maiorcrescimento vegetativo, maior retenção de frutos e conseqüentemente, maiorprodutivi<strong>da</strong>de sob condições de irrigação. A água no solo afeta o crescimento<strong>da</strong> parte aérea e do sistema radicular, ou seja, à medi<strong>da</strong> que se reduza sua disponibili<strong>da</strong>de, diminui sensivelmente o crescimento <strong>da</strong> planta, sendoas raízes menos afeta<strong>da</strong>s que as brotações <strong>da</strong> parte aérea (CASTRO NETO,1995, p. 83).Segundo WHILEY & SCHAFFER (2000, p. 147), a grande tolerância<strong>da</strong> <strong>mangueira</strong> à seca é reforça<strong>da</strong> por aspectos peculiares de sua fisiologia, emrelação ao seu comportamento hídrico. Destes fatores, destacam o sistemaradicular profundo, raízes superficiais resistentes ao dessecamento e sistemasde canis de látex, que conferem à <strong>mangueira</strong>, capaci<strong>da</strong>de de sobrevivênciaem ambientes de extrema deficiência hídrica, alta deman<strong>da</strong> evapotranspiratóriapor períodos prolongados, como ocorre em regiões tropicais.O estresse hídrico tem sido considerado por vários autores como umdos fatores de indução floral <strong>da</strong> <strong>mangueira</strong>. Dentre eles, NÚÑEZ-ELISEA& DAVENPORT, 1994, p. 57 e SCHAFFER et al., 1994, p.165. A aplicaçãodo estresse hídrico sob condições de temperaturas notur<strong>na</strong>s abaixo de15ºC não aumentou a proporção de gemas reprodutivas, quando comparadocom o tratamento irrigado, provocando, entretanto, iniciação rápi<strong>da</strong> <strong>na</strong>brotação <strong>da</strong>s gemas. Tais resultados sugerem que baixas temperaturas proporcio<strong>na</strong>ramcondições necessárias para a indução, enquanto a irrigação,nessas condições, acelerou a brotação <strong>da</strong>s gemas (NÚÑEZ-ELISEA &DAVENPORT, 1994, p. 57).O principal impacto do estresse hídrico <strong>na</strong> <strong>mangueira</strong> é o de conter osfluxos vegetativos. A i<strong>da</strong>de acumula<strong>da</strong> dos ramos é maior <strong>na</strong>s árvoresestressa<strong>da</strong>s que <strong>na</strong>quelas sob condições ótimas de disponibili<strong>da</strong>de de água(DAVENPORT & NUNEZ-ELISEA, 2000, p. 69).O atraso <strong>na</strong> brotação <strong>da</strong>s gemas, causado pelo estresse hídrico, podeaumentar o tempo para acumulação do estímulo floral (SCHAFFER et al.1994; DAVENPORT & NUNEZ-ELISEA, 2000, p.69).148


Planejamento, Implantação e Tratos Culturais <strong>na</strong> Cultura <strong>da</strong> MangueiraUMIDADE RELATIVAA umi<strong>da</strong>de relativa do ar durante o ciclo <strong>da</strong> <strong>cultura</strong> <strong>da</strong> <strong>mangueira</strong> ébastante importante, por favorecer o aparecimento de doenças fúngicas.Quando altos valores de umi<strong>da</strong>de relativa estão associados a temperaturaseleva<strong>da</strong>s, ocorre maior incidência de doenças fúngicas, provocando <strong>da</strong>noseconômicos, podendo, às vezes, inviabilizar a produção comercial de frutos,(LIMA FILHO et al., 2002, p. 44).Durante o período de repouso vegetativo, a umi<strong>da</strong>de relativa pode serbaixa, sem causar prejuízos à <strong>mangueira</strong>. A umi<strong>da</strong>de relativa alta pode prejudicaras flores e os frutos pela possibili<strong>da</strong>de de um mais intenso ataque <strong>da</strong>antracnose (Colletotrichum gloesporioides). Por outro lado, nos períodosmuito secos, com baixa umi<strong>da</strong>de relativa, seguidos de períodos com aumentoimediato <strong>da</strong> umi<strong>da</strong>de relativa, aparecem <strong>na</strong>s plantações muitos frutosrachados, uma vez que o aumento do volume <strong>da</strong> polpa é mais intenso do quea expansão exter<strong>na</strong> <strong>da</strong> casca, causando o seu rompimento. Geralmente essesfrutos são facilmente atacados por doenças, prejudicando o seu desenvolvimentoe o seu completo amadurecimento (MANICA, 2001 p. 57).Em anos excessivamente úmidos <strong>na</strong> época <strong>da</strong> flora<strong>da</strong>, a produçãopode ser parcial ou totalmente perdi<strong>da</strong>. Condições úmi<strong>da</strong>s e tempo encobertoquando as <strong>mangueira</strong>s estão em pleno florescimento, mesmo que nãoocorram chuvas, são muito prejudiciais (SIMÃO, 1998, p. 603).VENTOSVentos intensos causam grandes prejuízos pela que<strong>da</strong> de flores e frutos,que provocam. Por isso, regiões livres de ventos fortes devem ser preferi<strong>da</strong>spara o estabelecimento <strong>da</strong>s plantações. Os prejuízos causados pelovento podem exceder a mais de 20% quando os frutos se encontram emfase fi<strong>na</strong>l de desenvolvimento (SIMÃO, 1998, p. 602).As per<strong>da</strong>s provoca<strong>da</strong>s pelo vento dependem <strong>da</strong> sua freqüência, <strong>da</strong>fase <strong>da</strong> planta (florescimento, frutificação, dormência) e <strong>da</strong> densi<strong>da</strong>de deplantio. Quando uma planta está em pleno florescimento, vingamento dosfrutos ou com ramos muito carregados de frutos, os ventos intensos causamgrandes que<strong>da</strong>s de flores e de panículas, aparecendo muitos ramos quebradose redução de frutos <strong>na</strong>s plantas, devido à sua que<strong>da</strong>, além de depreciar149


Manga - Produção Integra<strong>da</strong>, Industrialização e Comercializaçãoos frutos, por provocar lesões <strong>na</strong> sua casca, devido ao atrito com as folhase ramos, principalmente quando os frutos estão bem pequenos e com acasca extremamente delica<strong>da</strong> (MANICA, 2001, p. 57).Os ventos constantes, ain<strong>da</strong> que de baixa veloci<strong>da</strong>de, afetam as <strong>mangueira</strong>spelo excesso de evaporação <strong>da</strong> água do solo, principalmente noslocais onde a precipitação é fator limitante. Ventos de 10 a 29 metros porsegundo podem causar prejuízos, que às vezes ultrapassam 20% <strong>da</strong> produção.(MEDINA et al. 1981, p. 120).INSOLAÇÃOA <strong>mangueira</strong> é uma planta exigente em radiação solar para poderflorescer, fixar os frutos e permitir o seu pleno desenvolvimento. A densi<strong>da</strong>dedo plantio deve permitir penetração de sol <strong>na</strong>s mu<strong>da</strong>s adultas, devendoseevitar plantios muito densos, onde as plantas podem florescer abun<strong>da</strong>ntemente,mas sem frutificar, pela ausência de insolação direta. Asinflorescências <strong>na</strong> <strong>mangueira</strong> surgem abun<strong>da</strong>ntemente ao redor <strong>da</strong> copa, <strong>na</strong>sua parte exter<strong>na</strong>, praticamente sem flores <strong>na</strong> parte mais inter<strong>na</strong> <strong>da</strong> planta.Tem sido comprovado que em locais de maior insolação ou <strong>na</strong>s plantas bemforma<strong>da</strong>s com maior intensi<strong>da</strong>de de luz <strong>na</strong> sua parte inter<strong>na</strong>, os frutos sãode maior tamanho, em maior quanti<strong>da</strong>de e de coloração muito mais intensa<strong>na</strong> parte exter<strong>na</strong> <strong>da</strong> casca em comparação com os frutos de plantas emlocais de menor insolação ou de mu<strong>da</strong>s muito fecha<strong>da</strong>s com grande dificul<strong>da</strong>dede penetração de luz <strong>na</strong> sua parte inter<strong>na</strong> (MANICA, 2001, p. 55).Locais sujeitos à nebulosi<strong>da</strong>de por períodos prolongados interferem<strong>na</strong> porcentagem de pegamento dos frutos. As nuvens afetam a safra pelainterceptação do calor do solo, causando assim em alguns casos, que<strong>da</strong> deflores e frutos pequenos. A nebli<strong>na</strong> assim como o orvalho também causamprejuízo. (MEDINA et al., 1981, p. 119).ALTITUDEA <strong>mangueira</strong> cresce em altitudes desde o nível do mar até 1300 m,<strong>na</strong>s regiões tropicais, porém, não pode ser cultiva<strong>da</strong> em escala comercialem locali<strong>da</strong>des acima de 650 m (MEDINA et al., 1981, p. 117).A altitude do local a ser implantado com <strong>mangueira</strong> deve ser também150


Planejamento, Implantação e Tratos Culturais <strong>na</strong> Cultura <strong>da</strong> Mangueiraconsidera<strong>da</strong>, uma vez que a temperatura pode exercer papel importante <strong>na</strong>produção dos frutos. De maneira geral, considera-se que altitude superior a600 m não é adequa<strong>da</strong> para a <strong>cultura</strong> (KAVATI, 1996, p. 75).Acima desta altitude, as <strong>mangueira</strong>s podem crescer, mas raramenteproduzem safras rentáveis. Na maioria dos casos, são severamente afeta<strong>da</strong>spelas temperaturas baixas de inverno e o florescimento e frutificaçãosão sensivelmente prejudicados, além <strong>da</strong> grande dificul<strong>da</strong>de que se tem emestabelecer as plantas novas (MEDINA et al., 1981, p. 117).Normalmente, para ca<strong>da</strong> 150 m de aumento <strong>na</strong> altitude, a temperaturabaixa um grau centígrado, geralmente ocorrendo um atraso de 5 dias noperíodo de floração e amadurecimento dos frutos. A altitude atrasa a floraçãoem 4 dias a ca<strong>da</strong> 120 metros, como a latitude retar<strong>da</strong> a floração em 4 diaspara ca<strong>da</strong> grau (MANICA et al., 2001, p. 56).Por outro lado, em regiões de maior altitude, existe a possibili<strong>da</strong>de decolher frutos maduros mais tarde, garantindo melhor preço médio para oprodutor, como para a industria, que pode receber frutos durante um períodomaior durante o ano. Com uma combi<strong>na</strong>ção de varie<strong>da</strong>des e locais de plantioem regiões de maior ou menor altitude, é possível, oferta de frutos porum período maior (MANICA, 2001, p. 56).2.2. EdáficosA <strong>mangueira</strong>, de acordo com vários autores, é considera<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>splantas mais rústicas, a<strong>da</strong>ptando-se aos mais variados tipos de solo, quersejam arenosos, argilosos, porém com a ressalva de serem profundos, permeáveis,dre<strong>na</strong>dos e ligeiramente ácidos (SIMÃO, 1998, p. 603).Os solos alcalinos não são muito favoráveis e quando muito alcalinos<strong>da</strong>nificam a <strong>mangueira</strong>, que, dependendo do teor de sais de certos perfis,pode vir a apresentar sintomas de clorose (MEDINA et al., 1981, p.119).Os solos excessivamente argilosos e pouco profundos devem serevitados, a menos que se realize um excelente serviço de dre<strong>na</strong>gem, pois a<strong>mangueira</strong> não tolera solo encharcado, preferindo os solos secos aos úmidos.Por outro lado,os arenosos, embora valiosos, muitas vezes deixam adesejar, por reterem pouca umi<strong>da</strong>de, impedindo o pegamento dos frutos,quando o período de estiagem se prolonga por três a quatro meses após oflorescimento (SIMÃO, 1998, p. 603).151


Manga - Produção Integra<strong>da</strong>, Industrialização e ComercializaçãoSolo com pH entre 5,5 e 7,5 é considerado o mais adequado para a<strong>mangueira</strong> (MEDINA et al., 1981, p.119).Como a <strong>mangueira</strong> é uma planta com sistema radicular muito amplo,deve-se levar em consideração a <strong>na</strong>tureza do subsolo e também o nívelfreático, que deve se situar abaixo de 1,8-2,5m. Vários autores mencio<strong>na</strong>mque os solos profundos (2,0 a 2,5m) são os mais indicados para a <strong>cultura</strong>(MANICA, 2001, p.63).3. LOCALIZAÇÃO DO POMARA área onde será instalado o pomar deve ser selecio<strong>na</strong><strong>da</strong> considerando:aspectos climáticos, edáficos, existência de infra-estruturas tais comoa vias de acesso, as quais devem permitir circulação de veículos durante oano todo, disponibili<strong>da</strong>de de mão-de-obra, principalmente no período <strong>da</strong> colheita;disponibili<strong>da</strong>de de água em quanti<strong>da</strong>de e quali<strong>da</strong>de, com facili<strong>da</strong>de decaptação, além de restrições fitossanitárias, etc. Fatores que influenciarãode forma direta <strong>na</strong>s práticas <strong><strong>cultura</strong>is</strong> e no escoamento <strong>da</strong> produção (KAVATI,1996, p.77).Áreas castiga<strong>da</strong>s por ventos fortes ou frios devem ser evita<strong>da</strong>s, pois,às vezes, podem impedir o êxito comercial <strong>da</strong> <strong>cultura</strong>.4. DISTRIBUIÇÃO DOS TALHÕES, CARREADORES E ES-TRADAS.Para o <strong>planejamento</strong> dos talhões e do sistema de plantio a ser adotado,vários fatores devem ser levados em consideração: declivi<strong>da</strong>de e conformaçãodo terreno; tipo de solo (se arenoso e, portanto, mais sujeito àerosão, deve-se tomar mais cui<strong>da</strong>dos conservacionistas); elimi<strong>na</strong>r, sempreque possível, linhas mortas que dificultam os <strong>tratos</strong> <strong><strong>cultura</strong>is</strong>, dentre eles, airrigação; deve-se considerar a possibili<strong>da</strong>de de irrigar futuramente determi<strong>na</strong>dostalhões, levando em conta o sistema que poderá ser adotado (aspersão,canhão, autopropelido, etc); existência de estra<strong>da</strong>s e divisas quepoderão ser utiliza<strong>da</strong>s para a demarcação <strong>da</strong>s glebas; esquematizar as proprie<strong>da</strong>dessempre pensando em expandiu a <strong>cultura</strong>, preparando os talhõeslimítrofes para uma eventual ampliação.152


Planejamento, Implantação e Tratos Culturais <strong>na</strong> Cultura <strong>da</strong> MangueiraOs talhões que serão implantados dependem <strong>da</strong> declivi<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> uniformi<strong>da</strong>dedo terreno. Dessa forma, podem existir 3 tipos de talhões: talhõesquadrados (Figura 2), talhões retangulares (Figura 2) e talhões irregulares.Os talhões retangulares são mais indicados para terrenos planos ou compeque<strong>na</strong> declivi<strong>da</strong>de (5 a 6%), uniformes, e, portanto, pouco sujeitos à erosão.Os talhões irregulares são utilizados em terrenos irregulares, que apresentammais de uma declivi<strong>da</strong>de e são mais sujeitos à erosão. Os carreadorespodem ser contínuos, quando o terreno é plano ou com pouca declivi<strong>da</strong>de oudesencontrados (Figura 3), quando há desnível acentuado em um sentido,evitando que carreadores muito longos funcionem como ca<strong>na</strong>is de escoamento<strong>da</strong>s águas de chuvas e causem sérios problemas de erosão. Oscarreadores principais são locados em nível ou com desnível de (1,5%) (1,5m por 100metros), para evitar o acúmulo de água. Os carreadores secundáriosou pendentes são sempre desencontrados, obedecendo a uma incli<strong>na</strong>çãode mais ou menos 4 5° em relação aos principais e não devem ter maisque 200 metros, se a declivi<strong>da</strong>de for muito acentua<strong>da</strong> ( DE NEGRI &BLASCO, 1991, p. 321)Fonte: DE NEGRI & BLASCO (1991)Figura 1. Talhões quadrados com carreadores contínuos.Fonte: DE NEGRI & BLASCO (1991)Figura 2. Talhões retangulares com carreadores contínuos.153


Manga - Produção Integra<strong>da</strong>, Industrialização e ComercializaçãoFonte: DE NEGRI & BLASCO (1991)Figura 3. Talhões quadrados com carreadores desencontrados.Fonte: DE NEGRI & BLASCO (1991)Figura 4. Talhões irregulares com carreadores desencontrados.5. DIMENSÃO DOS TALHÕESOs talhões não devem ser muito grandes por diferentes razões, dentreelas, destaca-se a dificul<strong>da</strong>de em controlar algumas doenças e pragasque, muitas vezes, atacam ape<strong>na</strong>s parte do talhão e aí obriga-se a pulverizaçãodo talhão todo, devido à dificul<strong>da</strong>de em separá-lo somente para aquelaoperação. Em grandes proprie<strong>da</strong>des, é comum existirem áreas mais sujeitasa determi<strong>na</strong>dos problemas em razão de microclimas, que só serão conhecidosapós seu aparecimento sistemático. Outra razão para se estabelecer ocomprimento <strong>da</strong>s ruas do talhão é a quanti<strong>da</strong>de de cal<strong>da</strong> que será gastanuma pulverização, quando as plantas estiverem adultas, para que a operaçãosempre termine no fi<strong>na</strong>l ou início <strong>da</strong> rua, evitando demasiado transito doequipamento, sem estar operando. Para efeito de manejo integrado de pragase doenças, também não se recomen<strong>da</strong>m talhões muito grandes, para154


Planejamento, Implantação e Tratos Culturais <strong>na</strong> Cultura <strong>da</strong> Mangueirafacilitar a toma<strong>da</strong> de decisões e evitar desperdícios desnecessários (DENEGRI & BLASCO, 1991, p. 322).Os talhões não devem ser grandes, também não podem ser demasia<strong>da</strong>mentepequenos, porque as per<strong>da</strong>s com carreadores passam a ser consideráveise devem ser leva<strong>da</strong>s em consideração, principalmente face ao elevadocusto <strong>da</strong>s terras. Geralmente, os carreadores consomem 5 % <strong>da</strong> áreaa ser desti<strong>na</strong><strong>da</strong> aos pomares (DE NEGRI & BLASCO, 1991, p. 322).6. SISTEMAS DE PLANTIOO sistema de plantio a ser empregado deverá ser estu<strong>da</strong>do para ca<strong>da</strong>talhão e está em função <strong>da</strong> característica de ca<strong>da</strong> um, como declivi<strong>da</strong>de,uniformi<strong>da</strong>de, etc. De acordo com (DE NEGRI & BLASCO, 1991, p. 326),existem basicamente dois tipos de plantio: em linha reta ou em nível.O plantio em linha reta é utilizado em terrenos planos ou com desníveluniforme em um único sentido e pode ser feito de duas maneiras:a) Plantio em linhas retas paralelas ao carreador, utilizado quando o terrenoé plano, ou cujo desnível é perpendicular aos carreadores superior einferior do talhão (Figura 5)Fonte: DE NEGRI & BLASCO (1991)Figura 5. Alinhamento em retas paralelas ao carreador.155


Manga - Produção Integra<strong>da</strong>, Industrialização e Comercializaçãob) Plantio em linhas retas paralelas às linhas de desnível (cortando as águas)utilizado em terrenos com declive uniforme em um único sentido, porémnão paralelo aos carreadores (Figura 6).Fonte: DE NEGRI & BLASCO (1991)Figura 6. Alinhamento em retas paralelas a linha de nível.O plantio em nível, recomen<strong>da</strong>do para talhões com declivi<strong>da</strong>de maisacentua<strong>da</strong> e topografia irregular, deve ser demarcado com o auxilio de umanivela<strong>da</strong> básica fazendo o primeiro sulco com o trator e sulcador de ca<strong>na</strong>. Apartir disso, os sulcos paralelos podem ser feitos com o uso de uma estaca,com a dimensão deseja<strong>da</strong> para as entrelinhas, conduzido por dois operários,de tal forma que uma ponta fique sobre o sulco já aberto e a outra marqueonde o sulcador deverá abrir o novo sulco (Figura 7). Dentre os sulcos jádemarcados e a partir do centro do talhão, são locados os pontos onde serãoplanta<strong>da</strong>s as mu<strong>da</strong>s com o auxílio de uma estaca ou corrente, sendo que osdois deverão ser trabalhados dentro dos sulcos, para evitar erros de incli<strong>na</strong>ção(Figura 8).156


Planejamento, Implantação e Tratos Culturais <strong>na</strong> Cultura <strong>da</strong> MangueiraFonte: DE NEGRI & BLASCO (1991)Figura 7. Demarcação de sulcos paralelos à nivela<strong>da</strong> básica.Fonte: DE NEGRI & BLASCO (1991)Figura 8. Alinhamento em sulcos paralelos à nivela<strong>da</strong> básica.157


Manga - Produção Integra<strong>da</strong>, Industrialização e Comercialização7. AQUISIÇÃO DAS MUDASNo Brasil, até há alguns anos, o cultivo <strong>da</strong> <strong>mangueira</strong> era mais limitadoa plantios domésticos, cuja produção era desti<strong>na</strong><strong>da</strong> ao consumo local e oexcesso não tinha perspectiva de boa comercialização, sendo a propagaçãofeita quase exclusivamente por sementes. Com o desenvolvimento <strong>da</strong> <strong>cultura</strong>,esta fruta atingiu posição de destaque <strong>na</strong>s exportações brasileiras, tor<strong>na</strong>ndo-senecessária a utilização de mu<strong>da</strong>s de boa quali<strong>da</strong>de para instalaçãode pomares com alto potencial produtivo e frutos com boa quali<strong>da</strong>de (CAS-TRO NETO et al. 2002, p. 119).Com a exigência, em termos de quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s mangas, tanto no mercadointerno como no externo, os produtores se conscientizaram de que aprodutivi<strong>da</strong>de do pomar e a quali<strong>da</strong>de de seu fruto começam pela mu<strong>da</strong> deboa quali<strong>da</strong>de. Na mangi<strong>cultura</strong>, assim como em outras <strong>cultura</strong>s frutíferas,a mu<strong>da</strong> de boa quali<strong>da</strong>de representa não ape<strong>na</strong>s lucros <strong>na</strong> implantação dopomar em função do crescimento rápido <strong>da</strong> mu<strong>da</strong> sadia e bem forma<strong>da</strong>,mas também assegura maior probabili<strong>da</strong>de de sucesso em outras práticasque serão emprega<strong>da</strong>s futuramente (CASTRO NETO et al., 2002, p.119).Mas, como nem sempre é possível a aquisição de mu<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s varie<strong>da</strong>desdeseja<strong>da</strong>s em quali<strong>da</strong>de e quanti<strong>da</strong>de, é importante que isso seja antecipa<strong>da</strong>menteplanejado.Para um bom <strong>planejamento</strong>, deve-se escolher um viveirista idôneo,encomen<strong>da</strong>r e contratar o fornecimento <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>s, especificando-se asvarie<strong>da</strong>des, bem como os porta-enxertos desejados, quanti<strong>da</strong>de, época deentrega, preços e garantias. É fun<strong>da</strong>mental que o viveiro escolhido paraessa fi<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de tenha capaci<strong>da</strong>de técnica e estrutural para assegurar a quali<strong>da</strong>de<strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>s, dentro dos padrões estabelecidos (KAVATI, 1996, p. 77).Na produção de mu<strong>da</strong>s de manga, recomen<strong>da</strong>-se o uso de sementese material de propagação para copa (garfos e borbulhas) provenientes deplantas matrizes de produtor registrado e devi<strong>da</strong>mente credenciado peloMinistério <strong>da</strong> Agri<strong>cultura</strong>, pelas Delegacias Federais de Agri<strong>cultura</strong> , ou porInstituições de Pesquisa , ouvi<strong>da</strong> a Comissão Estadual de Sementes e Mu<strong>da</strong>s– CESM – local (CASTRO NETO et al., 2002, p.135).158


Planejamento, Implantação e Tratos Culturais <strong>na</strong> Cultura <strong>da</strong> Mangueira8. PREPARO DA ÁREA8.1. Preparo do SoloAs operações de preparo do solo devem ser feitas com bastante antecedênciaem relação ao plantio. Consistem <strong>na</strong> roçagem, queima do mato,encoivaramento e destoca. Após a limpeza <strong>da</strong> área, procede-se à subsolagemse necessário, aração e 20-30 dias após realizam-se a calagem e gra<strong>da</strong>gem.Ao fi<strong>na</strong>l, devem ser estabeleci<strong>da</strong>s as curvas de nível e marcação <strong>da</strong>s linhase covas de plantio.8.2. EspaçmentoO espaçamento depende do cultivar, especialmente do hábito de crescimento,porta-enxerto, fi<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de <strong>da</strong> produção, dos implementos agrícolasutilizados no manejo <strong>da</strong> <strong>cultura</strong>, <strong>da</strong>s po<strong>da</strong>s de formação, condução efrutificação, bem como <strong>da</strong> profundi<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> fertili<strong>da</strong>de do solo, além doperíodo de vi<strong>da</strong> útil que se espera do pomar.A <strong>mangueira</strong>, quanto à vegetação, difere muito <strong>da</strong>s outras árvoresfrutíferas. Desenvolve-se por um período longo (oito meses), durante o ano.Nesta fase vegetativa, produz de três a quatro fluxos vegetativos, aumentandodessa forma o volume de sua copa, pelo crescimento em altura ediâmetro, ampliando dessa forma, a sua capaci<strong>da</strong>de produtiva (SIMÃO,1998, p. 607).Os conhecimento sobre o hábito de crescimento <strong>da</strong> <strong>mangueira</strong> fornecemmeios para correlacio<strong>na</strong>r sua forma e suas dimensões, com umespaçamento compatível com sua ativi<strong>da</strong>de biológica, evitando erros <strong>na</strong> formaçãodo pomar, os quais se refletirão <strong>na</strong> produtivi<strong>da</strong>de (SIMÃO, 1998, p.608).As <strong>mangueira</strong>s só frutificam ao redor <strong>da</strong> copa e quando ela se encontraexposta à luz. À medi<strong>da</strong> que as <strong>mangueira</strong>s vão se desenvolvendo, começama tocar uma <strong>na</strong>s outras e, além <strong>da</strong> redução no número de frutos,propiciam ambientes favoráveis à presença, principalmente de doençasfúngicas, como oídio e antracnose. Além dos prejuízos no rendimento, aumentaa dificul<strong>da</strong>de para a realização do controle fitossanitário (KAVATI,1996, p. 99; SIMÃO, 1998, p. 608).159


Manga - Produção Integra<strong>da</strong>, Industrialização e ComercializaçãoO comportamento <strong>da</strong> <strong>mangueira</strong> foi caracterizado por KAVATI (1989,p. 99), que, realizando um levantamento em 20 pomares, envolvendo asvarie<strong>da</strong>des Haden, Tommy Atkins e Keitt, <strong>na</strong> região de Lins - SP, observouque a planta apresenta desenvolvimento inicial lento e a partir do quarto ouquinto ano após o plantio, tem uma alta taxa de crescimento vegetativo,comprovando-se um elevado ritmo de crescimento <strong>da</strong> planta, quando comparadoàs outras regiões do mundo.Com relação ao número de fluxos de crescimento, verificou-se que avarie<strong>da</strong>de Tommy Atkins apresentou média de 2,7 , enquanto a Haden e aKeitt, 4 fluxos. O maior ou menor número de fluxos não está diretamenterelacio<strong>na</strong>do com o crescimento, pois as varie<strong>da</strong>des Tommy Atkins e Keittforam semelhantes, apresentando crescimento <strong>da</strong> porção termi<strong>na</strong>l do ramopouco superior a 50cm, enquanto <strong>na</strong> Haden, este crescimento foi superior a60cm (Tabelas 1 e 2 ) (KAVATI, 1989, p. 99).No Brasil, em pomares irrigados do sudeste e do centro-oeste, a densi<strong>da</strong>dede plantio mais comum é de 100 plantas.ha -1 (10x10 m). Nos plantioscom tecnologia de produção para exportação, como a do semi-árido nordestino,onde a irrigação é obrigatória, a densi<strong>da</strong>de de plantio mais comum é de250plantas/ha (espaçamento de 8x5 m). Maiores densi<strong>da</strong>des já estão sendoemprega<strong>da</strong>s nessa região, porém exigem-se manejos mais adequados quantoaos <strong>tratos</strong> <strong><strong>cultura</strong>is</strong>, principalmente po<strong>da</strong>s, irrigação e nutrição(ALBUQUERQUE et al., 1999).CUNHA & CASTRO NETO (2000) recomen<strong>da</strong>m para as condiçõesdos tabuleiros costeiros, espaçamento de 7 x 4,5 m.160


Planejamento, Implantação e Tratos Culturais <strong>na</strong> Cultura <strong>da</strong> MangueiraTabela 1. Número de fluxos de crescimento termi<strong>na</strong>l dos ramos em umaestação, de 3 varie<strong>da</strong>des de <strong>mangueira</strong> com diferentes i<strong>da</strong>des,1988.Varie<strong>da</strong>des Ano de Nº de fluxos ComprimentoTommy AtkinsKeittHadenFonte: KAVATI (1989)Plantio19781983198419851986198719781980198219831981198319851987de Crescimento2,462,582,472,413,253,25Média 2,733,423,752,753,25Média 3,293,663,004,003,25Média 3,47(cm)51,3853,7951,8249,3544,6662,83Média 52,3051,4262,6845,0052,92Média 54,0059,9158,3059,1662,83Média 60,05161


Manga - Produção Integra<strong>da</strong>, Industrialização e ComercializaçãoTabela 2. Altura <strong>da</strong> planta, diâmetro <strong>da</strong> copa e secção transversal do tronco,de 3 varie<strong>da</strong>des de <strong>mangueira</strong> com diferentes i<strong>da</strong>des, 1988.Varie<strong>da</strong>des Ano de Altura Diâmetro SecçãoPlantio (m) <strong>da</strong> copa TransversalTommy AtkinsKeittHadenFonte: KAVATI (1989)MANICA (2001, p. 184) divide os espaçamentos mais utilizados nomundo para a <strong>cultura</strong> <strong>da</strong> <strong>mangueira</strong> <strong>da</strong> seguinte forma: a) para os plantioscom cultivos intensos, como po<strong>da</strong> de formação <strong>da</strong> planta, po<strong>da</strong> sistemáticade frutificação, manutenção <strong>da</strong> altura <strong>da</strong> planta controla<strong>da</strong> e com irrigação,a área disponível por planta, têm sido desde 9 até 24,5 m².; b) alguns países,mesmo adotando as práticas acima, realizam plantios com espaçamentosintermediários e com área total por planta variando de 24 até 72 m² ; c) paraos plantios em locais de solos férteis, clima tropical e muito favorável à<strong>mangueira</strong>, sem as po<strong>da</strong>s sistemáticas para controlar a altura e crescimentolateral <strong>da</strong> planta (conduzi<strong>da</strong> livremente), a área ocupa<strong>da</strong> pela planta variade 77 a 120 m². Essas informações podem ser visualiza<strong>da</strong>s <strong>na</strong> Tabela 3.Outros espaçamentos têm sido utilizados em função do solo e domanejo <strong>da</strong> <strong>cultura</strong>. Assim, em solos pobres <strong>da</strong> Flóri<strong>da</strong>, de acordo comCAMPBELL & MALO (1974), têm sido recomen<strong>da</strong>dos espaçamentos del0m x 8m, 8m x 8m, l0m x 5m e 8m x 5m (para futuro desbaste) ou 9m x 9m;9m x 6m e 6m x 6m, sendo que nos menores deve ser feito a partir do 5º ou6º ano pós-plantio, um desbaste de parte <strong>da</strong>s plantas.162197819831984198519861987197819801982198319811983198519876,404,283,372,882,151,594,574,364,174,074,674,903,471,59(m)7,485,424,202,571,650,944,655,054,904,955,757,004,300,94do tronco (cm²)60625313282,538193622512111503433,5717219


Planejamento, Implantação e Tratos Culturais <strong>na</strong> Cultura <strong>da</strong> MangueiraA disposição <strong>da</strong>s plantas no campo pode ser quadrangular, retangularou triangular, porém, predomi<strong>na</strong> o quadrado (MEDINA et al., 1981).A redução do porte <strong>da</strong> planta tem sido motivo de pesquisas, poisfacilita a execução de <strong>tratos</strong> <strong><strong>cultura</strong>is</strong> e colheita, além de muitas vezes,aumentar a produção por área. Nesse sentido, destacam-se a obtenção deporta-enxertos a<strong>na</strong>nicantes, interenxertia e uso de produtos químicos.Em trabalho desenvolvido por RAMOS et al. (1996), verificou-seque os porta-enxertos com maior tendência a<strong>na</strong>nicante foram ‘Maçã’ (2,20m),‘Imperial’ (2,41m), ‘Mallika’ (2,63m) e o ‘Amrapali’ (2,82m).Com relação à interenxertia, PINTO (1994) cita que utilizando comoporta-enxerto a cultivar Espa<strong>da</strong>, como interenxerto ‘Santa Alexandri<strong>na</strong>’ e‘Tommy Atkins’ como copa, houve uma redução de 53% <strong>na</strong> altura (2,7m),quando compara<strong>da</strong> com a enxertia normal (5,7m), em plantas com 12 anosde i<strong>da</strong>de. Uma planta interenxerta<strong>da</strong> de copa peque<strong>na</strong> produz entre 150 e200 frutos, enquanto a <strong>mangueira</strong> enxerta<strong>da</strong> de maior copa produz 400frutos. No entanto, a <strong>mangueira</strong> interenxerta<strong>da</strong> pode ser planta<strong>da</strong> em umadensi<strong>da</strong>de de até 400 plantas/ha.ZARRAMEDA et al. (2000) trabalhando com 6 porta-enxertos, 3interenxertos e 3 cultivares de copa, constataram que os resultados prelimi<strong>na</strong>resaos 40 meses i<strong>da</strong>de para as combi<strong>na</strong>ções Julie2 / Camphor / TommyAtkins; Manza<strong>na</strong> / Camphor / Tommy Atkins; Peru / Tetenene manza<strong>na</strong> /Haden; Peru 2 / Tetenene manza<strong>na</strong> / Haden e Julie2 / Camphor / Hadenmostraram valores de altura <strong>da</strong> planta e volume <strong>da</strong> copa significativamentemenores que as demais combi<strong>na</strong>ções para as mesmas copas. O cv. El Edwardnão mostrou diferenças significativas entre os valores <strong>da</strong>s variáveis em estudopara as combi<strong>na</strong>ções avalia<strong>da</strong>s.SINGH & DHILLON (1992) verificaram que o cloreto de mepiquat(CCC) e o paclobutrazol (PBZ), além <strong>da</strong> indução, são indicados para paralisaro crescimento. Nesse sentido, ALBUQUERQUE et al. (1996) trabalhandocom cloreto de mepiquat (CCC) em concentrações variando entre5000 e 15000ppm, verificaram que o produto paralisou o crescimentovegetativo <strong>da</strong> <strong>mangueira</strong> ‘Tommy Atkins’, independente <strong>da</strong>s condições deumi<strong>da</strong>de do solo, bem como promoveu boa floração, frutificação e fixaçãodos frutos.163


Manga - Produção Integra<strong>da</strong>, Industrialização e ComercializaçãoTabela 3. Diferentes espaçamentos e densi<strong>da</strong>de de plantas em locais decultivo de manga no mundo (MANICA, et al. , 2002).Espaçamento(m)Área porPlanta(m²)Nº deplantas(ha)LocaisObservações3,0 x 3,0 9 1.100 Tailândia Plantios recentes3,0 x 3,9 11,27 854 Israel, Ilhas Cá<strong>na</strong>rias cv. Irwin3,0 x 4,0 12 833 Ilhas Cá<strong>na</strong>rias 1 planta 8-12 anos3,0 x 4,5 13,5 740 Flóri<strong>da</strong>, Israel3,0 x 5,0 15 666 Israel4,0 x 4,0 16 640 Tailandia Plantios recentes3,0 x 5,4 16,2 617 California Plantios recentes3,5 x 5,0 17,5 571 Flóri<strong>da</strong>, California Plantios recentes3,5 x 6,0 21 476 Flóri<strong>da</strong>3,6 x 4,5 16,2 606 Brasil Pesquisa4,0 x 5,0 20 500 Israel cv. Haden3,0 x 7,0 21 476 África do Sul Plantios recentes3,5 x 7,0 24,5 408 Brasil Elimi<strong>na</strong> 1 planta4,0 x 6,0 24 416 Flóri<strong>da</strong>4,0 x 7,0 28 357 Venezuela Plantio recente5,0 x 5,0 25 400 Brasil Depois 10 x 10 m5,0 x 6,5 33 300 Peru, Brasil5,0 x 7,0 35 285 Brasil, Peru5,0 x 8,0 40 250 Brasil, Peru5,4 x 7,2 38,9 257 Brasil, Peru6,0 x 6,0 36 277 Israel, Peru Maya, Nimrod5,5 x 7,0 38,5 210 Brasil I. mecaniza<strong>da</strong>6,0 x 7,5 45 222 Brasil I. mecaniza<strong>da</strong>6,5 x 8,0 52 192 Brasil I. mecaniza<strong>da</strong>7,0 x 7,0 49 204 Camarões Cultivares anãs6,0 x 9,0 54 185 Austrália, Venezuela Plantios recentes7,0 x 8,0 56 178 D.F. Brasil Alfa Embrapa 1428,0 x 8,0 64 156 Venezuela, Tailândia México6,0 x 12,0 72 139 Austrália plantio atual Kensington, Keitt7,0 x 11,0 77 129 Brasil8,0 x 10,0 80 125 Estado São Paulo Keitt e Palmer9,0 x 9,0 81 110 Brasil8,0 x 12,0 96 103 Venezuela9,0 x 10,5 94,5 105 Filipi<strong>na</strong>s10,0 x 10,0 100 100 México Ataulfo, T. Atkins11,0 x 11,0 121 82 Brasil, MG10,0 x 12,0 120 83 Estado São Paulo Haden, Keitt, T. Atkins12,0 x 14,0 168 60 Estado São Paulo Ruby, Haden164


Planejamento, Implantação e Tratos Culturais <strong>na</strong> Cultura <strong>da</strong> Mangueira8. 3. CoveamentoUma vez definido o espaçamento, feita a marcação <strong>da</strong>s linhas deplantio, deve-se proceder à abertura <strong>da</strong>s covas, com pelo menos dois mesesantes do plantio. As covas devem ter 50x50x50cm, devendo ser acrescidoao solo dos primeiros 20 cm, adubo mineral e orgânico. Tal mistura deve sercoloca<strong>da</strong> <strong>na</strong> parte inferior <strong>da</strong> cova, permitindo maior aprofun<strong>da</strong>mento dosistema radicular.Fonte: CUNHA et al. (1994)Figura 9. Separação <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> de terra <strong>da</strong> superfície (A) <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> dosubsolo (B) e inversão <strong>na</strong> cova para plantio.8.4. Época de plantioA melhor época para o plantio é aquela que coincide com o início doperíodo <strong>da</strong>s chuvas, devido ao maior pegamento e menor custo devido aosmenores gastos com irrigação. To<strong>da</strong>via, quando é possível irrigar as mu<strong>da</strong>s<strong>na</strong> cova, pode-se plantar em qualquer época do ano. Sempre que possível,deve-se <strong>da</strong>r preferência a dias nublados e mais frescos, para a realizaçãodo plantio.165


Manga - Produção Integra<strong>da</strong>, Industrialização e Comercialização8.5. PlantioAntes do plantio, retira-se o saco plástico que envolve o bloco deterra com a mu<strong>da</strong>. A mu<strong>da</strong> deve ser coloca<strong>da</strong> no centro <strong>da</strong> cova, de talforma que seu colo fique 5 cm acima do nível do solo, com o objetivo deevitar afogamento quando <strong>da</strong> acomo<strong>da</strong>ção do solo, pela irrigação ou chuvas.As covas devem ter uma bacia com um metro de diâmetro, <strong>na</strong> qual,logo após o plantio, são colocados cerca de 20 litros de água. Sempre quepossível, é recomendável colocar cobertura morta sobre a cova, com o objetivode reduzir per<strong>da</strong>s excessivas de umi<strong>da</strong>de e proteger o solo ao redor <strong>da</strong>planta, <strong>da</strong>s altas temperaturas.Quando necessário,deve-se proteger as mu<strong>da</strong>s contra o sol, com estacasde bambu ou madeira com altura de 1 a 1,5 m, cobertas com capimseco, palhas de arroz, etc.9. TRATOS CULTURAIS9.1. Controle de Plantas InvasorasO conhecimento sobre a distribuição do sistema radicular de qualquer<strong>cultura</strong> é essencial pela sua importância <strong>na</strong> nutrição e absorção deágua, permitindo o uso mais racio<strong>na</strong>l de práticas de cultivo, tais como omanejo de plantas <strong>da</strong>ninhas e do solo e uso de <strong>cultura</strong> intercalar (CARVA-LHO & CASTRO NETO, 2002, p. 153).CHOUDHURY & SOARES, (1992, p. 172) estu<strong>da</strong>ram o sistemaradicular <strong>da</strong> <strong>mangueira</strong> (Mangifera indica L.), com oito anos de i<strong>da</strong>de, emespaçamento de 10x10 m, irriga<strong>da</strong> por aspersão sobcopa, <strong>na</strong> região doSubmédio São Francisco. Concluíram que: a) <strong>na</strong> distribuição horizontal dosistema radicular <strong>da</strong> <strong>mangueira</strong>, 68 % <strong>da</strong>s raízes de absorção e 86 % <strong>da</strong>sraízes de sustentação estão localiza<strong>da</strong>s <strong>na</strong> faixa de solo compreendi<strong>da</strong> entre90 a 260 cm, em relação ao caule; b) <strong>na</strong> vertical, do sistema radicular <strong>da</strong><strong>mangueira</strong>, 65 % <strong>da</strong>s raízes de absorção e 56 % <strong>da</strong>s raízes de sustentaçãose distribuem de maneira uniforme <strong>na</strong>s três primeiras cama<strong>da</strong>s do solo (0 a60 cm); c) a aplicação de fertilizantes deve ser feita <strong>na</strong> faixa de solo commaior concentração de raízes de absorção, que está compreendi<strong>da</strong> entre 90166


Planejamento, Implantação e Tratos Culturais <strong>na</strong> Cultura <strong>da</strong> Mangueirae 260 cm em relação ao caule; d) os locais para monitoramento do manejode água estão situados a 260 cm de distancia do caule e <strong>na</strong>s profundi<strong>da</strong>desde 30 a 60 cm.; e) a concentração de 68% <strong>da</strong>s raízes de absorção, compreendi<strong>da</strong>entre 90 e 260 cm de distância horizontal, em relação à planta, definea área que deve ser efetivamente molha<strong>da</strong> por planta, por ocasião <strong>da</strong> escolhae do dimensio<strong>na</strong>mento dos sistemas de irrigação. Tais informações podemser mais bem visualiza<strong>da</strong>s <strong>na</strong>s Figuras 10, 11 e 12.167


Manga - Produção Integra<strong>da</strong>, Industrialização e ComercializaçãoFonte: CHOUDHURY & SOARES (1992)Figura 10. Diâmetro de raízes e distribuição horizontal do sistema radicular<strong>da</strong> <strong>mangueira</strong> cv. Tommy Atkins, em solo arenoso irrigado.168


Planejamento, Implantação e Tratos Culturais <strong>na</strong> Cultura <strong>da</strong> MangueiraFonte: CHOUDHURY & SOARES (1992)Figura 11. Distribuição horizontal <strong>da</strong>s raízes de absorção <strong>da</strong> <strong>mangueira</strong> cv.Tommy Atkins e recomen<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> localização de fertilizantes(produtor) e tensiômetros (pesquisa).169


Manga - Produção Integra<strong>da</strong>, Industrialização e ComercializaçãoFonte: CHOUDHURY & SOARES (1992)Figura 12. Distribuição vertical do sistema radicular <strong>da</strong> <strong>mangueira</strong> cv. TommyAtkins em solo arenoso irrigado.O controle <strong>da</strong>s plantas <strong>da</strong>ninhas tem como objetivo reduzir a competiçãopor luz (plantas jovens), água, nutrientes, bem como diminuir o númerode plantas hospedeiras de pragas e doenças que atacam a <strong>mangueira</strong>.Em plantas jovens devem ser realiza<strong>da</strong>s uma capi<strong>na</strong> <strong>na</strong> coroa e duranteo período seco, uma gra<strong>da</strong>gem <strong>na</strong> entrelinha, e no <strong>da</strong>s chuvas, uma roça<strong>da</strong>.Durante a fase de formação do pomar (até o 3º a 4º ano), é comum a utilizaçãode <strong>cultura</strong>s intercalares, cujo manejo controla as plantas <strong>da</strong>ninhas.Nas plantas adultas, realiza-se a capi<strong>na</strong> <strong>na</strong> linha de plantas e no período<strong>da</strong>s chuvas uma roça<strong>da</strong> <strong>na</strong> entrelinha e no período seco, uma gra<strong>da</strong>gem.A capi<strong>na</strong> pode ser substituí<strong>da</strong> por herbici<strong>da</strong>s do grupo Paraquat, Glifosateou Terbacil.O cultivo com enxa<strong>da</strong> e grade deve ser efetuado de tal forma quenão provoque cortes acentuados <strong>na</strong>s raízes.170


Planejamento, Implantação e Tratos Culturais <strong>na</strong> Cultura <strong>da</strong> Mangueira9. 2. Cultivo de Plantas IntercalaresA utilização de <strong>cultura</strong>s intercalares em pomares é prática comum<strong>na</strong>s regiões tropicais e tende a se intensificar em decorrência <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>dedo aumento de produção de alimentos e riscos inerentes às ativi<strong>da</strong>desagrícolas. Quando realiza<strong>da</strong> adequa<strong>da</strong>mente, deve ser incentiva<strong>da</strong>, com oobjetivo principal de reduzir o custo de implantação e formação do pomar,melhoria do solo <strong>na</strong>s entrelinhas, além de cumprir a função social pela deman<strong>da</strong>de mão de obra. Em algumas regiões do país, a prática é especialmentecomum <strong>na</strong> fruti<strong>cultura</strong> de pequeno porte, <strong>na</strong> qual os produtores, usandode mão de obra familiar e poucos recursos fi<strong>na</strong>nceiros, buscam maximizaro retorno econômico. O equilíbrio no ecossistema é outro aspecto relacio<strong>na</strong>docom o cultivo consorciado. As mono<strong>cultura</strong>s, por constituírem sistemasde produção mais simples e com peque<strong>na</strong> variabili<strong>da</strong>de genética, apresentammaior instabili<strong>da</strong>de, favorecendo a ocorrência, a multiplicação e a propagaçãode pragas, doenças e plantas invasoras (CARVALHO & CAS-TRO NETO, 2002, p.159).Para a escolha <strong>da</strong> <strong>cultura</strong> intercalar, o produtor deve lembrar-se deque o pomar é a <strong>cultura</strong> principal e nenhuma outra deve interferir no seudesenvolvimento, assim como as plantas infestantes devem ser controla<strong>da</strong>s.No <strong>planejamento</strong> do plantio, deve-se levar em consideração que durante ociclo <strong>da</strong> <strong>cultura</strong> intercalar haverá necessi<strong>da</strong>de de utilização de práticas demanejo, como adubações, pulverizações, colheitas, etc, podendo-se optarpelo plantio em parte <strong>da</strong> entrelinha ou em ruas alter<strong>na</strong><strong>da</strong>s (CARVALHO &CASTRO NETO, 2002, p. 159).Para o preparo do solo para a <strong>cultura</strong> intercalar, deve-se optar portécnicas como plantio direto, evitando-se revolver o solo, cortar as raízes <strong>da</strong><strong>mangueira</strong> e favorecer a erosão. Com base nessas exigências, as espéciespara adubação verde são as mais indica<strong>da</strong>s e utiliza<strong>da</strong>s pelas suas característicase, também, como alter<strong>na</strong>tiva viável como cobertura morta para controle<strong>da</strong>s plantas <strong>da</strong>ninhas e maior armaze<strong>na</strong>mento de água no solo. Nessasáreas, além <strong>da</strong> importância de um manejo adequado do solo e <strong>da</strong> água, énecessário buscarem-se alter<strong>na</strong>tivas para exploração agrícola durante aestação chuvosa, pois nesse período as áreas ficam praticamente ociosas.O cultivo intercalar para fins de adubação verde constitui-se numa dessasalter<strong>na</strong>tivas (CHOUDHURY et al., 1991, p. 3)171


Manga - Produção Integra<strong>da</strong>, Industrialização e ComercializaçãoO preparo do solo e plantio de <strong>cultura</strong>s intercalares devem ser feitosde modo que causem o menor <strong>da</strong>no possível ao sistema radicular, sendorecomen<strong>da</strong>do realizá-los a partir de um metro de distância <strong>da</strong> projeção <strong>da</strong>copa.As <strong>cultura</strong>s intercalares mais viáveis são: cereais anuais, mamão,abacaxi, ba<strong>na</strong><strong>na</strong>, mamoeiro, maracujazeiro, melancia e outras, cuja produçãopoderá amortizar os custos de implantação. Podem também ser utiliza<strong>da</strong>sleguminosas e outras espécies que promovam melhoria no solo, taiscomo as conti<strong>da</strong>s <strong>na</strong>s Tabelas 4 e 5.P K Ca Mg C NTabela 4. Produtivi<strong>da</strong>de de massa seca-MS (kg. ha -1 ) e teor de nutrientes(%) de leguminosas e de espontâneas, crescendo em LatossoloVermelho-Escuro em Sete Lagoas, MG.EspéciesMSKg.ha -1Feijão-bravo do Ceará 7.251 0,08 0,77 1,11 0,09 37,62 2,64Feijão-de-porco(Ca<strong>na</strong>valia ensiformes) 5.371 0,06 0,46 0,95 0,09 37,84 2,31Mucu<strong>na</strong>-preta(Stizolobium aterrimum) 6.986 0,10 0,82 0,51 0,08 38,45 3,06Guandu (Cajanus cajan) 2.867 0,08 0,51 0,43 0,06 39,03 2,33Lab-Lab (Dlochos 736 0,11 0,57 1,07 0,10 37,22 2,74lablad)Panicum maximum 535 0,07 1,43 0,34 0,13 36,94 2,43Melanpodium301 0,13 1,60 0,94 0,20 36,15 1,70perfoliatumCommeli<strong>na</strong> benghalensis 112 0,10 2,35 0,52 0,16 33,21 1,74Bidens pilosa 247 0,13 1,70 0,72 0,14 37,15 1,89Richardia brasiliensis 60 0,08 1,25 1,74 0,13 27,71 1,92Blainvillea latifolia 78 0,10 1,75 0,89 0,16 32,18 2,23Spermacoce latifólia 36 0,10 1,41 1,06 0,14 32,30 2,58Croton glandulosos 20 0,08 0,76 0,67 0,19 36,40 2,48Portulaca oleracea 16 0,08 3,03 0,40 0,27 33,26 1,91Emilia sonchifolia 14 0,08 1,65 0,74 0,14 36,43 2,15Euphorbia heterophylla 10 0,28 1,98 0,54 0,09 35,86 1,44Fonte: A<strong>da</strong>ptado de CARVALHO & CASTRO NETO (2002).172


Planejamento, Implantação e Tratos Culturais <strong>na</strong> Cultura <strong>da</strong> MangueiraTabela 5. Quanti<strong>da</strong>de média de nutrientes incorporados ao solo pelos adubosverdes, com base no material vegetal produzido.Macronutrientes (kg.ha -1 ) Micronutrientes (g.ha -1 )Leguminosa N P 2 O 5 K 2 O Ca Mg S B Cu Fe Mn ZnC. juncea 183 39 204 105 52 13 236 92 4,2 721 275C. spectabilis 44 10 56 38 10 3 74 30 561 170 64Guandu 144 30 131 55 21 10 157 82 3,1 506 144Mucu<strong>na</strong> preta 86 19 73 39 14 6 93 64 8,1 612 103Mucu<strong>na</strong> anã 91 15 55 32 14 7 91 74 5,8 714 105Lab-Lab 67 19 69 42 19 7 93 32 4,6 578 100Feijão-de-porco 169 31 138 109 30 11 169 42 4,0 780 133Obs: Quanti<strong>da</strong>de de nutrientes, considerando-se plantio em área total.Fonte: A<strong>da</strong>ptado de CARVALHO & CASTRO NETO (2002).O principal objetivo do uso de <strong>cultura</strong> intercalar é fornecer ren<strong>da</strong> aoprodutor, capaz de reduzir os custos de implantação do pomar nos dois primeirosanos, visto que nesse período, a produção de frutos é peque<strong>na</strong>. Nestecaso, há exigência de tecnologia mais aprimora<strong>da</strong> tanto <strong>na</strong> irrigação, como<strong>na</strong> po<strong>da</strong> e no controle de doenças e pragas pois, geralmente, ocorrem problemasnão muito comuns no plantio solteiro de manga. Em condição decerrado, o amendoim-bravo (Arachis pintoi) tem sido testado em cultivo <strong>na</strong>entrelinha de fruteiras como espécie competidora com as ervas <strong>da</strong>ninhas,podendo ser testa<strong>da</strong> em outras regiões (MOUCO et al., 2002, p. 142).9. 3. Quebra -ventoEm regiões onde ocorrem ventos intensos e constantes, estes podemprovocar redução significativa <strong>na</strong> produção, pois derrubam flores e frutos,além de causarem ferimentos nos frutos pelo atrito com as folhas e ramos.Por outro lado, aumentam as taxas de transpiração <strong>da</strong> planta e evaporaçãodo solo.Na região do semi-árido brasileiro, o vento compromete o desenvolvimento<strong>da</strong>s plantas, principalmente nos três primeiros anos. Em funçãodisso, é comum o uso do capim elefante, por apresentar desenvolvimentorápido e atingir altura de até 4 m. Também são utiliza<strong>da</strong>s diversas espéciesde frutíferas como quebra-ventos, tais como ba<strong>na</strong>neiras com 3 a 4 linhas deplantas instala<strong>da</strong>s entre talhões ou coqueiros <strong>na</strong>s margens laterais do plantio(MOUCO et al., 2002, p.139).173


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Manga - Produção Integra<strong>da</strong>, Industrialização e Comercialização178

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