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Caracterização de Petróleo por Espectroscopia no Infravermelho ...

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINASUNICAMPInstituto <strong>de</strong> QuímicaCaracterização <strong>de</strong> Petróleo <strong>por</strong><strong>Espectroscopia</strong> <strong>no</strong> <strong>Infravermelho</strong> PróximoDissertação <strong>de</strong> MestradoAlu<strong>no</strong>: Aerenton Ferreira Bue<strong>no</strong>Orientador: Prof. Dr. Célio PasquiniDezembro – 2004Campinas SPi


FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELABIBLIOTECA DO INSTITUTO DE QUÍMICAUNICAMPB862cBue<strong>no</strong>, Aerenton FerreiraCaracterização <strong>de</strong> petróleo <strong>por</strong> espectroscopia <strong>no</strong>infravermelho próximo / Aerenton Ferreira Bue<strong>no</strong>. --Campinas, SP: [s.n], 2004.Orientador: Célio PasquiniDissertação (mestrado) – Universida<strong>de</strong>Estadual <strong>de</strong> Campinas, Instituto <strong>de</strong> Química.1. NIR. 2. PEV. 3. Destilação. 4. Densida<strong>de</strong>.I. Pasquini, Célio. II. Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Campinas.III. Título.ii


DEDICATÓRIA“Dedico esta Dissertação <strong>de</strong> Mestrado à minha querida esposa Geruza, que tanto meapoiou e <strong>por</strong> muitas vezes soube enten<strong>de</strong>r minha ausência.”v


AGRADECIMENTOS• Ao professor Dr. Célio Pasquini pela orientação e paciência.• Aos professores Ivo e Jarbas pelo apoio.• Ao meu amigo e gerente Pedro Garcia pelo incentivo e o<strong>por</strong>tunida<strong>de</strong> dada paraque eu cursasse o mestrado, utilizando muitas vezes meu tempo <strong>de</strong> trabalhopara isso.• Ao colega <strong>de</strong> trabalho Marco Antonio pela ajuda prática <strong>no</strong> laboratório.• Ao colega Ulysses, à Rosana Kunert e <strong>de</strong>mais colegas do CENPES queanalisaram tantas amostras, cujo esforço foi fundamental para a execução <strong>de</strong>stetrabalho.• À colega Maura da se<strong>de</strong> da Petrobras, que arcou com o pesado custo do projeto.vii


CURRICULUM VITAEFormação SuperiorBacharelado em Química (com atribuições tec<strong>no</strong>lógicas) – 1986Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Filosofia, Ciências e Letras <strong>de</strong> São Bernardo do Campo, BrasilParticipações em Congressos“Prediction of Oil Diesel Properties by Mid-Near Infrared Spectroscopy”; Bue<strong>no</strong>, A.F.; Pittsburgh Conference; Chigago, Estados Unidos; 2004“Cru<strong>de</strong> Oil Characterization by Near Infrared Spectroscopy”; Bue<strong>no</strong>, A.F.; PittsburghConference; Chigago, Estados Unidos; 2004“FCC Feed on-line characterization using either NIR or NMR”; Gilbert, W.R.; Bue<strong>no</strong>,A.F.; Lima, F. G.; 6 th Topical Conference on Refinery Processing, AIChE SpringNational Meeting; New Orleans, Estados Unidos; 2003“Previsão <strong>de</strong> Proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Cargas <strong>de</strong> FCC <strong>por</strong> <strong>Espectroscopia</strong> <strong>no</strong> <strong>Infravermelho</strong>Próximo”; Bue<strong>no</strong>, A.F.; VII Seminário <strong>de</strong> Química da Petrobras; Angra dos Reis;2002“Controle da Produção <strong>de</strong> Combustíveis através da <strong>Espectroscopia</strong> <strong>no</strong> <strong>Infravermelho</strong>Próximo“; Bue<strong>no</strong>, A. F.; 11° Encontro Nacional <strong>de</strong> Química Analítica; Universida<strong>de</strong>Estadual <strong>de</strong> Campinas, Campinas; 2001“Monitoramento da Qualida<strong>de</strong> do Ar em São José dos Campos através <strong>de</strong> umaEstação Analítica Móvel”; Bue<strong>no</strong> A.F.; II Encontro Petrobras sobre Química AnalíticaAmbiental; Petrobras; 1999ix


Experiência ProfissionalQuímico <strong>de</strong> petróleoEspecificação <strong>de</strong> analisadores <strong>de</strong> laboratório e processo para o refi<strong>no</strong> <strong>de</strong> petróleoDesenvolvimento <strong>de</strong> aplicações da espectroscopia NIR para <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> petróleoInstrutor do curso inter<strong>no</strong>: “<strong>Espectroscopia</strong> <strong>no</strong> <strong>Infravermelho</strong> Próximo”Período: set/1995 até o momentoPETROBRAS – Refinaria Henrique LageSão José dos Campos SPQuímico <strong>de</strong> petróleoDesenvolvimento e implantação <strong>de</strong> técnicas cromatográficas aplicadas à produção<strong>de</strong> petróleoSupervisor do grupo <strong>de</strong> análises off-shorePeríodo: jun/1988 até ago/1995PETROBRAS – Região <strong>de</strong> Produção do Su<strong>de</strong>steMacaé RJx


RESUMOTÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DE PETRÓLEO POR ESPECTROSCOPIA NOINFRAVERMELHO PRÓXIMOAutor: Aerenton Ferreira Bue<strong>no</strong>Orientador: Prof. Dr. Célio PasquiniEste trabalho visa o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um método analítico para caracterização <strong>de</strong>petróleo utilizando a <strong>Espectroscopia</strong> <strong>no</strong> <strong>Infravermelho</strong> Próximo (NIR) e técnicas <strong>de</strong>calibração multivariada. Dois instrumentos foram avaliados para a obtenção dosespectros NIR, utilizando sonda <strong>de</strong> transflectância e cela <strong>de</strong> transmitância. Astécnicas estatísticas utilizadas para as calibrações foram: Mínimos QuadradosParciais (PLS, em inglês) e Re<strong>de</strong>s Neurais Artificiais (ANN, em inglês), usando trêsintervalos espectrais distintos. Foram <strong>de</strong>senvolvidas calibrações para a previsão <strong>de</strong>duas proprieda<strong>de</strong>s essenciais para a caracterização <strong>de</strong> petróleo: a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> (grauAPI) e a curva do ponto <strong>de</strong> ebulição verda<strong>de</strong>iro (PEV). Para este estudo, foramanalisadas amostras proce<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> cargas <strong>de</strong> petróleo processadas na refinariaHenrique Lage, da Petrobras, e amostras <strong>de</strong> petróleos diversos, nacionais eestrangeiros. A precisão do método foi <strong>de</strong>terminada através <strong>de</strong> um teste <strong>de</strong>repetitivida<strong>de</strong>. O <strong>de</strong>sempenho das calibrações foi avaliado <strong>por</strong> meio <strong>de</strong> umavalidação externa, seguida <strong>de</strong> um teste estatístico para comparação dos resultados.Os melhores resultados encontrados foram obtidos através do uso dos espectroscoletados <strong>por</strong> uma cela <strong>de</strong> transmitância <strong>de</strong> fluoreto <strong>de</strong> cálcio com caminho ótico <strong>de</strong>0,5 mm, <strong>no</strong> intervalo <strong>de</strong> 5.000 a 4.000 cm -1 (cerca <strong>de</strong> 2.000 a 2.500 nm) e calibração<strong>por</strong> PLS. A validação, através <strong>de</strong> um conjunto in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> amostras, forneceuresultados satisfatórios, que se mostraram superiores aos obtidos <strong>por</strong> um simulador<strong>de</strong> processo, atualmente em uso na refinaria.xi


ABSTRACTTITLE: CHARACTERIZATION OF PETROLEUM BY NEAR INFRAREDSPECTROSCOPYAuthor: Aerenton Ferreira Bue<strong>no</strong>Supervisor: Prof. Dr. Célio PasquiniThis work aims the <strong>de</strong>velopment of an analytical method for cru<strong>de</strong> oilcharacterization using Near Infrared Spectroscopy (NIR) and multivariate calibrationtechniques. Two instruments were evaluated for the collection of NIR spectra, usingtransflectance probe and transmittance cell. The statistical techniques used forcalibration were: Partial Least Squares (PLS) and Artificial Neural Networks (ANN),using three different spectral regions. Calibrations were <strong>de</strong>veloped for two essentialproperties to cru<strong>de</strong> oil characterization: specific gravity (API gravity) and true boilingpoint (TBP) curve. For this study, samples of cru<strong>de</strong> oil processed at PetrobrasHenrique Lage refinery and other national and foreign petroleum samples wereanalyzed. The precision of the method was <strong>de</strong>termined through a repeatability test.The performance of the calibrations was evaluated by means of an externalvalidation, followed by a statistical test to compare the results. The best results wereobtained trough the use of spectra collected with the 0.5 mm pathlength calciumfluori<strong>de</strong> transmittance cell within the 5,000 to 4,000 cm -1 (around 2,000 to 2,500 nm)spectral range and calibration by PLS. The validation, through an in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt set ofsamples, <strong>de</strong>livered satisfactory results, better than the results obtained by a processsimulator used at the refinery.xiii


ÍNDICELISTA DE FIGURAS................................................................................................................. xviLISTA DE TABELAS.............................................................................................................. xviii1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................................... 12. OBJETIVO ................................................................................................................................33. CONCEITOS BÁSICOS.......................................................................................................... 43.1. ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO PRÓXIMO .............................................. 43.1.1. CARACTERÍSTICAS DA ESPECTROSCOPIA NIR............................................... 103.2. CALIBRAÇÃO MULTIVARIADA .................................................................................. 123.2.1. REGRESSÃO POR MÍNIMOS QUADRADOS PARCIAIS (PLS) .......................... 123.2.2. REGRESSÃO POR REDES NEURAIS ARTIFICIAIS (ANN) ................................ 143.3. O PETRÓLEO.................................................................................................................... 233.3.1. CARACTERIZAÇÃO DE PETRÓLEO..................................................................... 283.3.2. REFINO DE PETRÓLEO........................................................................................... 403.3.3. APLICAÇÕES DA ESPECTROSCOPIA NIR NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO . 444. PARTE EXPERIMENTAL..................................................................................................... 514.1. AMOSTRAS ...................................................................................................................... 514.2. DETERMINAÇÃO DAS CURVAS PEV E DENSIDADE .............................................. 514.3. OBTENÇÃO DOS ESPECTROS NIR .............................................................................. 534.3.1. INSTRUMENTOS UTILIZADOS ............................................................................. 534.3.2. ESPECTROS OBTIDOS............................................................................................. 554.4. DESENVOLVIMENTO DOS MODELOS DE CALIBRAÇÃO...................................... 564.4.1. PRÉ-TRATAMENTO DOS DADOS ESPECTRAIS................................................. 594.4.2. CALIBRAÇÃO POR MÍNIMOS QUADRADOS PARCIAIS (PLS)........................ 594.4.3. CALIBRAÇÃO POR REDES NEURAIS ARTIFICIAIS (ANN).............................. 604.4.4. CALIBRAÇÃO POR REDES NEURAIS ARTIFICIAIS (ANN) A PARTIR DAEQUAÇÃO POLINOMIAL DA CURVA PEV ................................................................... 614.4.5. PREVISÃO DA CURVA PEV ATRAVÉS DO AJUSTE POLINOMIAL DOSVALORES INDIVIDUAIS PREVISTOS ............................................................................ 644.5. DETERMINAÇÃO DA PRECISÃO DO MÉTODO ........................................................ 645. RESULTADOS ....................................................................................................................... 655.1. CALIBRAÇÕES POR PLS E ANN PARA CURVA PEV E DENSIDADE GRAU API 665.2. CALIBRAÇÃO POR REDES NEURAIS ARTIFICIAIS (ANN) A PARTIR DAEQUAÇÃO POLINOMIAL DA CURVA PEV ....................................................................... 795.3. PREVISÃO DA CURVA PEV ATRAVÉS DO AJUSTE POLINOMIAL DOSVALORES INDIVIDUAIS PREVISTOS ................................................................................ 815.4. DETERMINAÇÃO DA PRECISÃO DO MÉTODO ........................................................ 855.5. AVALIAÇÃO DO MODELO PLS-5000 EM RELAÇÃO A UM SIMULADOR DEPROCESSO............................................................................................................................... 876. CONCLUSÕES ...................................................................................................................... 906.1. QUANTO À OBTENÇÃO DOS ESPECTROS ................................................................ 906.2. QUANTO ÀS CALIBRAÇÕES DESENVOLVIDAS ...................................................... 907. SUGESTÕES DE NOVOS ESTUDOS ............................................................................... 928. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 93xv


LISTA DE FIGURASFigura 1. Perfil da Energia Potencial – Mo<strong>de</strong>lo Harmônico.................................................. 6Figura 2. Perfil da Energia Potencial – Mo<strong>de</strong>lo Anarmônico................................................ 7Figura 3. Decomposição da matriz <strong>de</strong> dados X nas matrizes <strong>de</strong> loadings, escores ematriz <strong>de</strong> erros ............................................................................................................................ 14Figura 4. Representação <strong>de</strong> um neurônio artificial .............................................................. 15Figura 5. Função Sigmoidal ...................................................................................................... 16Figura 6. Diagrama <strong>de</strong> uma Re<strong>de</strong> Neural............................................................................... 17Figura 7. Diagrama esquemático do treinamento <strong>por</strong> retropropagação <strong>de</strong> erros ............ 18Figura 8. Exemplo <strong>de</strong> curvas PEV .......................................................................................... 30Figura 9. Aparelhagem para <strong>de</strong>stilação <strong>de</strong> petróleo, conforme apresentada na <strong>no</strong>rmaASTM D 2892 .............................................................................................................................. 33Figura 10. Equipamento para <strong>de</strong>stilação a vácuo para obtenção da curva PEV............. 34Figura 11. Diagrama esquemático <strong>de</strong> uma refinaria <strong>de</strong> petróleo........................................ 41Figura 12. Diagrama <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação atmosférica ...................................... 42Figura 13. Diagrama <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação a vácuo ............................................. 42Figura 14. Espectros <strong>de</strong> diferentes hidrocarbonetos parafínicos........................................ 44Figura 15. Espectros <strong>de</strong> diferentes hidrocarbonetos iso-parafínicos ................................. 45Figura 16. Espectros <strong>de</strong> diferentes hidrocarbonetos aromáticos........................................ 45Figura 17. Curvas PEV <strong>de</strong> três amostras diferentes com mesma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> .................. 50Figura 18. Espectros NIR das amostras cujas PEVs estão apresentadas ....................... 50Figura 19. Instrumento 1 (com <strong>de</strong>talhe da sonda <strong>de</strong> transflectância)................................ 54Figura 20. Instrumento 2 (com <strong>de</strong>talhe da cela <strong>de</strong> transmitância)...................................... 54Figura 21. Espectros <strong>de</strong> absorbância <strong>de</strong> quatro amostras <strong>de</strong> petróleo obtidos com sonda<strong>de</strong> transflectância com caminho ótico <strong>de</strong> 2 mm <strong>no</strong> Instrumento 1...................................... 55Figura 22. Espectros <strong>de</strong> absorbância <strong>de</strong> algumas amostras <strong>de</strong> petróleo obtidos atravésdo Instrumento 2, com cela <strong>de</strong> transmitância <strong>de</strong> caminho ótico <strong>de</strong> 0,5 mm..................... 56Figura 23. Espectros <strong>de</strong> 27 amostras <strong>de</strong> petróleo obtidos <strong>no</strong> intervalo <strong>de</strong> 5.000 a......... 57Figura 24. Espectros <strong>de</strong> 27 amostras <strong>de</strong> petróleo obtidos <strong>no</strong> intervalo <strong>de</strong> 6.000 a......... 57Figura 25. Espectros <strong>de</strong> 27 amostras <strong>de</strong> petróleo obtidos <strong>no</strong> intervalo <strong>de</strong> 9.000 a......... 58Figura 26 – Diagrama esquemático do procedimento utilizado para calibração <strong>por</strong> ANNdos coeficientes da equação poli<strong>no</strong>mial da curva PEV........................................................ 63Figura 27. Curvas PEV: real e previstas pelos mo<strong>de</strong>los – amostra PBP11708............... 67Figura 28. Resíduos apresentados pelos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>senvolvidos – amostra PBP11708....................................................................................................................................................... 67Figura 29. Curvas PEV: real e previstas pelos mo<strong>de</strong>los – amostra PBP12206............... 68Figura 30. Resíduos apresentados pelos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>senvolvidos – amostra PBP12206....................................................................................................................................................... 68Figura 31. Curvas PEV: real e previstas pelos mo<strong>de</strong>los – amostra PBP12478.............. 69Figura 32. Resíduos apresentados pelos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>senvolvidos – amostra PBP12478....................................................................................................................................................... 69Figura 33. Curvas PEV: real e previstas pelos mo<strong>de</strong>los – amostra PBP12214.............. 70Figura 34. Resíduos apresentados pelos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>senvolvidos – amostra PBP12214....................................................................................................................................................... 70xvi


Figura 35. Curvas PEV: real e previstas pelos mo<strong>de</strong>los – amostra PBP11697.............. 71Figura 36. Resíduos apresentados pelos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>senvolvidos – amostra PBP11697....................................................................................................................................................... 71Figura 37. Valores <strong>de</strong> RMSEP para os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>senvolvidos para a previsão dacurva PEV .................................................................................................................................... 73Figura 38. Valores <strong>de</strong> RMSEP médios para os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>senvolvidos para a previsãoda curva PEV (em % vol.) e da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> (em °API) .......................................................... 73Figura 39. Valores medidos x previstos para a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> pelo mo<strong>de</strong>lo PLS-5000 ........ 75Figura 40. Valores medidos x previstos para o volume <strong>de</strong>stilado a 125°C da curva PEV....................................................................................................................................................... 76Figura 41. Valores medidos x previstos para o volume <strong>de</strong>stilado a 225°C da curva PEV....................................................................................................................................................... 76Figura 42. Valores medidos x previstos para o volume <strong>de</strong>stilado a 325°C da curva PEV....................................................................................................................................................... 77Figura 43. Valores medidos x previstos para o volume <strong>de</strong>stilado a 400°C da curva PEV....................................................................................................................................................... 77Figura 44. Valores medidos x previstos para o volume <strong>de</strong>stilado a 500°C da curva PEV....................................................................................................................................................... 78Figura 45. Valores medidos x previstos para o volume <strong>de</strong>stilado a 600°C da curva PEV....................................................................................................................................................... 78Figura 46. Valores <strong>de</strong> RMSEP dos pontos da curva PEV prevista <strong>por</strong> ANN (através doscoeficientes da equação poli<strong>no</strong>mial)........................................................................................ 79Figura 47. Curvas PEV prevista <strong>por</strong> ANN e obtida experimentalmente para o petróleoCabiúnas Mistura ........................................................................................................................ 80Figura 48. Valores <strong>de</strong> RMSEP para os mo<strong>de</strong>los PLS-5000 e PLS-5000P...................... 82Figura 49. Resíduo das previsões da curva PEV da amostra PBP11708 ....................... 83Figura 50. Resíduo das previsões da curva PEV da amostra PBP12206 ........................ 83Figura 51. Resíduo das previsões da curva PEV da amostra PBP12478 ....................... 84Figura 52. Resíduo das previsões da curva PEV da amostra PBP12214 ....................... 84Figura 53. Resíduo das previsões da curva PEV da amostra PBP11697 ........................ 85Figura 54. Repetitivida<strong>de</strong> das previsões dos pontos da curva PEV................................... 86Figura 55. Comparação dos resultados previstos <strong>por</strong> NIR e pelo simulador (Hysys) comcurva PEV experimental - amostra <strong>de</strong> 22/04/03 .................................................................... 87Figura 56. Comparação dos resultados previstos <strong>por</strong> NIR e pelo simulador (Hysys) comcurva PEV experimental - amostra 23/05/03.......................................................................... 88Figura 57. Rendimentos (%v) dos produtos para amostra 22/04/03 ................................ 89Figura 58. Rendimentos (%v) dos produtos para amostra 23/05/03 ................................ 89xvii


LISTA DE TABELASTabela 1. Divisão do espectro infravermelho ...................................................................4Tabela 2. Intensida<strong>de</strong> das bandas dos sobretons em relação às bandas fundamentais9Tabela 3. Quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> isômeros <strong>por</strong> número <strong>de</strong> átomos <strong>de</strong> carbo<strong>no</strong>.........................24Tabela 4. Análise elementar <strong>de</strong> petróleo típico .............................................................24Tabela 5. Composição química <strong>de</strong> um petróleo típico....................................................26Tabela 6. Exemplo <strong>de</strong> Curvas PEV (em volume, massa e <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>) ..........................29Tabela 7. Precisão do método para <strong>de</strong>terminação da curva PEV..................................38Tabela 8. Classificação <strong>de</strong> Petróleos conforme a Densida<strong>de</strong> (Grau API) ......................39Tabela 9. Amostras <strong>de</strong> petróleos puros utilizadas..........................................................52Tabela 10. Valores <strong>de</strong> RMSEP (%v) para os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>senvolvidos ...........................72Tabela 11. Resumo dos resultados dos testes estatísticos para avaliar o <strong>de</strong>sempenhodos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>senvolvidos ...........................................................................................75Tabela 12. Valores <strong>de</strong> RMSEP para os mo<strong>de</strong>los PLS-5000 e PLS-5000P ....................81Tabela 13. Resultados do teste <strong>de</strong> precisão (em °API para <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> e °C para ospontos da curva PEV) ....................................................................................................86xviii


1. INTRODUÇÃOO petróleo é uma mistura extremamente complexa <strong>de</strong> hidrocarbonetos,predominantemente alca<strong>no</strong>s <strong>no</strong>rmais, isoalca<strong>no</strong>s, cicloalca<strong>no</strong>s e aromáticos, além <strong>de</strong>certos compostos nitrogenados, oxigenados ou sulfurados, como as resinas e osasfalte<strong>no</strong>s, e traços <strong>de</strong> constituintes metálicos, como vanádio, níquel, ferro e cobre [1].Petróleos obtidos <strong>de</strong> diferentes reservatórios possuem características diferentes.Alguns são bem escuros e opacos, <strong>de</strong>nsos e viscosos, contendo pouco ou nenhum gás,enquanto que outros são castanhos ou bastante claros, com baixa viscosida<strong>de</strong> e<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> e quantida<strong>de</strong> apreciável <strong>de</strong> gás em solução.Os petróleos são geralmente caracterizados através <strong>de</strong> suas proprieda<strong>de</strong>s físicoquímicas.As principais proprieda<strong>de</strong>s utilizadas para essa finalida<strong>de</strong> são a sua curva <strong>de</strong><strong>de</strong>stilação e a sua <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>.A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> do petróleo é <strong>no</strong>rmalmente representada através do seu grau API,<strong>de</strong>terminado <strong>por</strong> meio do método <strong>de</strong>scrito nas <strong>no</strong>rmas ASTM D 287 [2] e D 1298 [3].Existem diversos métodos para se <strong>de</strong>terminar a faixa <strong>de</strong> ebulição, ou curva <strong>de</strong><strong>de</strong>stilação, <strong>de</strong> um petróleo. Entre eles, <strong>de</strong>stacam-se a Curva do Ponto <strong>de</strong> EbuliçãoVerda<strong>de</strong>iro (PEV) - cujo procedimento encontra-se na <strong>no</strong>rma ASTM D 2892 [4] - e aDestilação Simulada (SimDis), obtida através <strong>de</strong> análise <strong>por</strong> cromatografia gasosa,conforme a <strong>no</strong>rma ASTM D 2887 [5].O procedimento <strong>de</strong>scrito pela <strong>no</strong>rma ASTM D 2892 é o que melhor representa ascondições <strong>de</strong> uma torre <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação real <strong>de</strong> uma refinaria <strong>de</strong> petróleo. Entretanto, estemétodo utiliza um equipamento caro, que requer um investimento inicial da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>US$ 350 mil. O procedimento requer dois dias <strong>de</strong> ensaio, o que inviabiliza seu uso parao monitoramento contínuo do petróleo processado na refinaria.A curva PEV e a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> têm gran<strong>de</strong> im<strong>por</strong>tância na caracterização da carga <strong>de</strong>petróleo a ser processada na unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação <strong>de</strong> uma refinaria. As característicasdos produtos <strong>de</strong>ssa unida<strong>de</strong> - gás combustível, naftas leve e pesada, querosene,gasóleos leve e pesado e resíduo atmosférico – são fortemente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes daqualida<strong>de</strong> da carga <strong>de</strong> petróleo <strong>de</strong>stilado, refletida <strong>por</strong> tais proprieda<strong>de</strong>s.1


Um método rápido para a <strong>de</strong>terminação da curva PEV e da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> em linha éaltamente <strong>de</strong>sejável para po<strong>de</strong>r subsidiar ajustes nas condições <strong>de</strong> processo quandoocorrem alterações na qualida<strong>de</strong> da carga, <strong>de</strong> forma a evitar impactos nascaracterísticas dos produtos finais da unida<strong>de</strong>.A espectroscopia <strong>no</strong> infravermelho próximo (NIR) tem sido utilizada com bastanteêxito na previsão <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> petróleo, tais como gasolina e diesel[6,7] e até mesmo <strong>de</strong> produtos intermediários mais pesados, como as cargas dasunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> craqueamento catalítico.Essa técnica analítica apresenta uma série <strong>de</strong> atrativos como, <strong>por</strong> exemplo, apossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise sem preparação da amostra; a rapi<strong>de</strong>z para a obtenção dosespectros, cálculos e apresentação dos resultados; o fato <strong>de</strong> ser um método não<strong>de</strong>strutivo, permitindo o uso posterior da amostra para outros ensaios ou para serguardada como testemunha e a possibilida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> aplicações emlinha através <strong>de</strong> analisadores <strong>de</strong> processo [8].2


2. OBJETIVOEste trabalho tem <strong>por</strong> objetivo o estudo da aplicação da espectroscopia <strong>no</strong>infravermelho próximo (NIR), aliada a técnicas <strong>de</strong> calibração multivariada, para aprevisão das curvas PEV (em % volume) e <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> (grau API) <strong>de</strong> cargas <strong>de</strong> petróleoprocessadas em uma refinaria brasileira. Este estudo inclui a avaliação <strong>de</strong> doisinstrumentos <strong>de</strong> diferentes configurações para a aquisição dos dados espectrais, bemcomo a utilização <strong>de</strong> duas técnicas distintas <strong>de</strong> calibração multivariada: re<strong>de</strong>s neuraisartificiais (ANN) e regressão <strong>por</strong> mínimos quadrados parciais (PLS).3


3. CONCEITOS BÁSICOS3.1. ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO PRÓXIMOA região do espectro infravermelho abrange o intervalo <strong>de</strong> comprimento <strong>de</strong> onda<strong>de</strong> 780 nm a 1.000 µm (ou, em número <strong>de</strong> onda, 12.800 a 10 cm -1 ). Essa região édividida em três partes, que recebem <strong>no</strong>mes <strong>de</strong> acordo com a sua proximida<strong>de</strong> doespectro visível. A tabela 1 apresenta as características das três regiões do espectroinfravermelho [9].Tabela 1. Divisão do espectro infravermelhoRegião Comprimento <strong>de</strong> Número <strong>de</strong> Onda Freqüência (ν), HzOnda (λ) (ν ), cm-1Próximo (NIR) 780 a 2.500 nm 12.800 a 4.000 3,8 x 10 14 a 1,2 x 10 14Médio (MID) 2,5 a 50 µm 4.000 a 200 1,2 x 10 14 a 6,0 x 10 12Distante (FAR) 50 a 1.000 µm 200 a 10 6,0 x 10 12 a 3,0 x 10 11Assim, o infravermelho próximo, em inglês, Near-Infrared (NIR), é a radiaçãoeletromagnética caracterizada pelo intervalo <strong>de</strong> comprimento <strong>de</strong> onda <strong>de</strong> 780 a 2.500nm.Para se compreen<strong>de</strong>r a interação da radiação NIR com uma molécula, é precisoestudar o com<strong>por</strong>tamento vibracional das ligações químicas. O mo<strong>de</strong>lo do osciladorharmônico é utilizado para ilustrar a vibração da ligação <strong>de</strong> uma molécula diatômica.Nesse mo<strong>de</strong>lo, um átomo participante <strong>de</strong> uma ligação química se <strong>de</strong>sloca em relaçãoao outro átomo numa <strong>de</strong>terminada freqüência, <strong>de</strong>finida pela força da ligação e pelasmassas dos átomos envolvidos, conforme a Lei <strong>de</strong> Hooke, <strong>de</strong>monstrada pela equação aseguir.4


ν1 κ= (1)2π µon<strong>de</strong> k é a constante <strong>de</strong> força da ligação e µ é a massa reduzida:m m1 2µ =(2)m1+ m2e on<strong>de</strong> m 1 e m 2 são as massas dos átomos envolvidos.A energia potencial <strong>de</strong>sse sistema po<strong>de</strong> ser calculada a qualquer posição <strong>de</strong><strong>de</strong>slocamento dos átomos envolvidos e é dada pela equação abaixo.E=1212k(r - re ) = kx (3)2 2on<strong>de</strong> k é a constante <strong>de</strong> força da ligação, r é a distância entre os dois núcleos atômicos,r e é a distância internuclear <strong>de</strong> equilíbrio e x é o <strong>de</strong>slocamento dos átomos.A figura 1 mostra a variação da energia potencial E com a amplitu<strong>de</strong> da vibração(<strong>de</strong>slocamento).Embora esse mo<strong>de</strong>lo possa dar uma visão do que acontece com as vibraçõesmoleculares, ele apresenta falhas quando aplicado a moléculas reais. Assim, algunsfenôme<strong>no</strong>s moleculares precisam ser levados em consi<strong>de</strong>ração. Por exemplo, à medidaque dois átomos se aproximam, num movimento <strong>de</strong> vibração molecular, existem forças<strong>de</strong> repulsão <strong>de</strong> Coulomb entre os dois núcleos atômicos. Isso faz com que a energiapotencial aumente mais intensamente do que <strong>no</strong> mo<strong>de</strong>lo do oscilador harmônico. Alémdisso, se a distância interatômica aumentar significativamente, ocorrerá a dissociaçãoda molécula, o que também acarreta numa distorção <strong>no</strong> mo<strong>de</strong>lo do osciladorharmônico.Uma molécula em vibração não apresenta um perfil <strong>de</strong> energia contínuo, como oapresentado na figura 1, mas possui níveis energéticos discretos, ou quantizados.5


Figura 1. Perfil da Energia Potencial – Mo<strong>de</strong>lo HarmônicoOs possíveis níveis <strong>de</strong> energia vibracional são <strong>de</strong>finidos pela equação a seguir.1Eυ( υ + ) hν2= (4)on<strong>de</strong> é E υ é a energia vibracional, υ é o número quântico vibracional, ν é afreqüência <strong>de</strong> vibração fundamental e h é a constante <strong>de</strong> Plank.Num oscilador harmônico, as diferenças <strong>de</strong> energia entre dois níveis energéticossão sempre iguais e a única transição energética possível é entre níveis <strong>de</strong> energiaadjacentes, ou seja, com ∆υ = ± 1. Num sistema molecular real, <strong>de</strong> com<strong>por</strong>tamentoanarmônico, existem diferenças entre os espaçamentos dos níveis energéticos etransições <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> um nível energético são permitidas. A figura 2 mostra o perfil <strong>de</strong>energia <strong>de</strong> um oscilador anarmônico.6


Figura 2. Perfil da Energia Potencial – Mo<strong>de</strong>lo Anarmônico (gráfico 2)A energia potencial <strong>no</strong> mo<strong>de</strong>lo não harmônico é <strong>de</strong>scrita pela função <strong>de</strong> Morse,conforme apresentada na equação a seguir.V−a(r −r)[ 1 ] 2e−= D ee(5)on<strong>de</strong> a é uma constante molecular, D e é a energia <strong>de</strong> dissociação, r e é a distânciainteratômica <strong>de</strong> equilíbrio e r é a distância interatômica num dado instante.Sendo assim, <strong>no</strong> mo<strong>de</strong>lo anarmônico, a energia dos níveis vibracionais po<strong>de</strong> sercalculada através da equação a seguir.E1= hν( υ + ) − xmhν( υ +21)22(6)on<strong>de</strong> x m é a constante <strong>de</strong> anarmonicida<strong>de</strong> da vibração.7


De acordo com a distribuição <strong>de</strong> Boltzmann, à temperatura ambiente a maioria dasmoléculas está <strong>no</strong> estado chamado fundamental, com número quântico vibracional iguala zero (υ=0). Uma transição do estado energético υ=0 para υ=1 é chamada <strong>de</strong>fundamental.Quando as transições energéticas se originam <strong>de</strong> um nível energético maisexcitado (υ≠0), como υ=1 υ=2 ou υ=2 υ=3, elas são <strong>de</strong><strong>no</strong>minadas bandasquentes. Esse <strong>no</strong>me vem do fato que tais níveis excitados têm uma populaçãorelativamente baixa e, assim, o aumento da temperatura acarreta num incremento<strong>de</strong>ssa população com conseqüente aumento na intensida<strong>de</strong> das bandas. As transiçõesdo tipo bandas quentes ocorrem a freqüências diferentes das transições fundamentais,<strong>de</strong>vido ao espaçamento diferente dos níveis energéticos, conforme proposto pelomo<strong>de</strong>lo anarmônico (veja a figura 2).O mo<strong>de</strong>lo anarmônico permite também transições <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> um nível energético( ∆υ > 1), como υ=0 υ=2 ou υ=0 υ=3, que são <strong>de</strong><strong>no</strong>minadas sobretons, além <strong>de</strong>bandas <strong>de</strong> combinações entre vibrações. Também <strong>de</strong>vido a diferenças <strong>de</strong> espaçamentoentre os níveis energéticos, as freqüências das absorções dos sobretons não sãoexatamente 2 ou 3 vezes a freqüência da radiação absorvida na transição fundamental.A ocorrência <strong>de</strong> sobretons e bandas <strong>de</strong> combinações é explicada pelo efeito daanarmonicida<strong>de</strong> elétrica. Essa anarmonicida<strong>de</strong> afeta o momento dipolar, que não tem<strong>de</strong>pendência linear com a distância interatômica.Para que uma molécula em vibração absorva a radiação NIR é necessário que elareceba radiação numa freqüência capaz <strong>de</strong> fornecer exatamente a energia necessáriapara a transição entre dois níveis energéticos ou para a ocorrência <strong>de</strong> sobretons oucombinações <strong>de</strong> duas ou mais vibrações. Qualquer radiação inci<strong>de</strong>nte, que não forneçaa quantida<strong>de</strong> exata <strong>de</strong> energia requerida, não será absorvida. A absorção da energiaradiante irá aumentar a amplitu<strong>de</strong> da vibração molecular, sem, entretanto, alterar suafreqüência.Outra condição <strong>de</strong>ve ser atendida para que a molécula possa absorver a radiaçãoNIR. O <strong>de</strong>slocamento dos átomos em vibração precisa produzir uma alteração domomento dipolar da molécula ou do grupo <strong>de</strong> átomos em vibração. Tal alteração do8


momento dipolar permite a interação do componente elétrico da radiaçãoeletromagnética inci<strong>de</strong>nte com a molécula.Para a ocorrência das bandas <strong>de</strong> combinação, é necessário que pelo me<strong>no</strong>s umadas vibrações <strong>de</strong> combinação sejam ativas, ou seja, que produzam uma alteração domomento dipolar. Isso implica que moléculas diatômicas homonucleares não absorvemradiação <strong>no</strong> intervalo do espectro infravermelho, visto que suas vibrações nãoproduzem alterações <strong>no</strong> momento dipolar.A intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> absorção da radiação está relacionada com a magnitu<strong>de</strong> daalteração do momento dipolar e ao grau <strong>de</strong> anarmonicida<strong>de</strong> da ligação. As ligaçõesquímicas que envolvem o átomo <strong>de</strong> hidrogênio e elementos mais pesados, como ooxigênio, o carbo<strong>no</strong>, o nitrogênio e o enxofre, são altamente anarmônicas e produzemvibrações com gran<strong>de</strong> variação <strong>no</strong> momento dipolar. As transições fundamentais<strong>de</strong>ssas vibrações absorvem radiação infravermelho <strong>no</strong> intervalo <strong>de</strong> 3.000 a 4.000 nm,produzindo bandas <strong>de</strong> sobretons e combinações na região NIR.As intensida<strong>de</strong>s das bandas <strong>de</strong> absorção dos sobretons são bem inferiores àsbandas fundamentais, conforme apresentado na tabela 2.Tabela 2. Intensida<strong>de</strong> das bandas dos sobretons em relação às bandas fundamentaisTransição (v 0 a v n ) Transição Absorbância Relativa1 Fundamental 1002 Primeiro sobretom 93 Segundo sobretom 0,34 Terceiro sobretom 0,01Assim, po<strong>de</strong>-se afirmar que o espectro NIR é caracterizado <strong>por</strong> bandas <strong>de</strong>absorção <strong>de</strong> sobretons e bandas <strong>de</strong> combinação. Entretanto, outros fenôme<strong>no</strong>s po<strong>de</strong>macarretar em bandas nessa região, <strong>de</strong>stacando-se a ressonância <strong>de</strong> Fermi e aressonância <strong>de</strong> Darling-Dennison.A ressonância <strong>de</strong> Fermi po<strong>de</strong> ocorrer entre um sobretom (ou uma banda <strong>de</strong>combinação) e uma banda fundamental, se apresentar a mesma simetria e freqüênciamuito próxima à freqüência da banda fundamental. O resultado será observado como9


duas bandas relativamente fortes ao invés <strong>de</strong> uma única banda intensa fundamental.Ocorre também, neste caso, um <strong>de</strong>slocamento da posição <strong>de</strong> ambas as bandas.A ressonância <strong>de</strong> Darling-Dennison ocorre na molécula <strong>de</strong> água ou outrasmoléculas que apresentam ligações simetricamente equivalentes do tipo XH. Nesse tipo<strong>de</strong> ressonância, ocorre uma interação entre dois sobretons <strong>de</strong> or<strong>de</strong>ns superiores e umabanda <strong>de</strong> combinação, <strong>por</strong> exemplo. Uma conseqüência <strong>de</strong>sse fenôme<strong>no</strong> é oaparecimento <strong>de</strong> duas bandas ao invés <strong>de</strong> uma na região das combinações.3.1.1. CARACTERÍSTICAS DA ESPECTROSCOPIA NIRÉ inegável o fato <strong>de</strong> que a espectroscopia NIR é um dos ramos da QuímicaAnalítica <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento mais intenso <strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s. Inúmeras aplicações têmsido relatadas, visando tanto resultados qualitativos como quantitativos. Isso é possível<strong>de</strong>vido ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> equipamentos robustos e <strong>de</strong> alto <strong>de</strong>sempenho, tantoespectrofotômetros como computadores, bem como métodos matemáticos quepermitem calibrações multivariadas <strong>de</strong> elevada complexida<strong>de</strong>.As aplicações re<strong>por</strong>tadas abrangem diferentes áreas <strong>de</strong> conhecimento, comociências agrícolas, ciências animais, biotec<strong>no</strong>logia, mineralogia, ciências ambientais,Química Fina, alimentos e bebidas, ciência forense, medicina e química clínica,aplicações militares, petróleo e <strong>de</strong>rivados, indústria farmacêutica, ciência dos polímeros,indústria têxtil, <strong>de</strong>ntre outras [10].Embora a complexida<strong>de</strong> do espectro NIR não possa contribuir tanto para aelucidação estrutural como acontece com o infravermelho médio, a espectroscopia NIRapresenta uma série <strong>de</strong> vantagens, altamente atraentes, das quais po<strong>de</strong> se <strong>de</strong>stacar[11]:- a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensaio sem preparação <strong>de</strong> amostra (ou com mínimapreparação <strong>de</strong> amostra);- a rapi<strong>de</strong>z para a obtenção dos espectros, cálculos e apresentação dosresultados;- o fato <strong>de</strong> ser um método não <strong>de</strong>strutivo, permitindo o uso posterior da amostrapara outros ensaios ou para ser guardada como testemunha;10


- a baixa necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manutenção <strong>de</strong> um analisador NIR – somente a lâmpadaprecisa ser substituída periodicamente – <strong>de</strong> forma que o tempo médio entrefalhas é bem maior que outros analisadores.Como toda técnica analítica, a espectroscopia NIR apresenta limitações nas suasaplicações para a indústria do petróleo. Nesse rol, po<strong>de</strong>-se incluir [6]:- a dificulda<strong>de</strong> para <strong>de</strong>senvolver calibrações aplicadas a frações pesadas (comoresíduo <strong>de</strong> vácuo);- o <strong>de</strong>sempenho insatisfatório para a <strong>de</strong>terminação da pressão <strong>de</strong> va<strong>por</strong> Reid(PVR), quando a concentração <strong>de</strong> hidrocarbonetos leves não é constante;- a baixa sensibilida<strong>de</strong>, <strong>por</strong> exemplo para baixos teores <strong>de</strong> benze<strong>no</strong> ou enxofre;- a alta <strong>de</strong>pendência da qualida<strong>de</strong> do sistema <strong>de</strong> amostragem e ina<strong>de</strong>quabilida<strong>de</strong>para fases múltiplas.3.2. CALIBRAÇÃO MULTIVARIADA3.2.1. REGRESSÃO POR MÍNIMOS QUADRADOS PARCIAIS (PLS)A regressão <strong>por</strong> PLS é um método matemático <strong>de</strong> compressão <strong>de</strong> dados que visaextrair informações relevantes do conjunto <strong>de</strong> dados espectrais para relacioná-las coma variável <strong>de</strong> interesse.O PLS reduz o espaço multivariado através da criação <strong>de</strong> um <strong>no</strong>vo conjunto <strong>de</strong>variáveis, chamadas <strong>de</strong> fatores ou variáveis latentes, que são combinações lineares dasvariáveis espectrais originais [12].Essa técnica <strong>de</strong> regressão <strong>de</strong>compõe a matriz <strong>de</strong> dados espectrais X em variáveislatentes, relacionando-as com a matriz <strong>de</strong> dados Y (que contém os valores da variável<strong>de</strong> interesse), simultaneamente trocando informações entre as matrizes até a obtençãodo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> calibração que apresentar me<strong>no</strong>r erro <strong>de</strong> previsão da proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>interesse em Y.12


A primeira variável latente correspon<strong>de</strong>nte ao maior autovalor é, <strong>por</strong> <strong>de</strong>finição, adireção <strong>no</strong> espaço <strong>de</strong> X que <strong>de</strong>screve a máxima quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> variância nas amostras.Quando toda a variância <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> amostras não pu<strong>de</strong>r ser explicada <strong>por</strong>apenas uma variável latente, uma segunda variável latente ortogonal à primeira seráutilizada. O processo <strong>de</strong> adição <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas variáveis latentes ortogonais se repete atéque a variância não explicada pelas variáveis latentes selecionadas contenha apenasinformação não essencial à calibração, ou seja, ruído.O processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição dos dados po<strong>de</strong> ser representado através daequação a seguir:X = TP´ + E (7)On<strong>de</strong> X é a matriz das variáveis espectrais, T é a matriz que apresenta os escores , P éa matriz <strong>de</strong> pesos ("loadings") e E é a matriz <strong>de</strong> resíduos.A figura 3 representa graficamente o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição da matriz <strong>de</strong>dados X nas matrizes mencionadas.A matriz da variável <strong>de</strong> interesse (<strong>por</strong> exemplo, a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> do petróleo), tambémé <strong>de</strong>composta da mesma maneira:Y = UQ´+ F (8)On<strong>de</strong> Y é a matriz da variável <strong>de</strong> interesse, U é a matriz que representa os escores, Q éa matriz <strong>de</strong> pesos e F é a matriz <strong>de</strong> resíduos.Procura-se estabelecer, então, uma relação entre os escores <strong>de</strong> X e <strong>de</strong> Y, através<strong>de</strong> uma regressão linear na forma:u = bt + e (9)Desta maneira, os escores <strong>de</strong> Y (matriz U) po<strong>de</strong>m ser previstos a partir dosescores <strong>de</strong> X (matriz T) e assim a variável <strong>de</strong> interesse po<strong>de</strong> ser prevista <strong>por</strong> meio dosdados espectrais contidos em X.13


Figura 3. Decomposição da matriz <strong>de</strong> dados X nas matrizes <strong>de</strong> loadings, escores ematriz <strong>de</strong> erros3.2.2. REGRESSÃO POR REDES NEURAIS ARTIFICIAIS (ANN)Re<strong>de</strong>s Neurais Artificiais (Artificial Neural Networks, ANN, em inglês) é o <strong>no</strong>medado a um conjunto <strong>de</strong> métodos matemáticos e algoritmos computacionaisespecialmente projetados para simular o processamento <strong>de</strong> informações e aquisição <strong>de</strong>conhecimento do cérebro huma<strong>no</strong> [13].O neurônio é a unida<strong>de</strong> básica <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> neural, projetadopara simular o com<strong>por</strong>tamento dos neurônios biológicos. Um neurônio biológico po<strong>de</strong>ser <strong>de</strong>scrito como um corpo celular contendo dois conjuntos <strong>de</strong> ramificações: os<strong>de</strong>ndritos e o axônio. Da mesma maneira, o neurônio artificial possui um corpo <strong>de</strong>14


processamento <strong>de</strong> informações com ramificações em dois lados: entradas e uma saída,conforme apresentado na figura 4.Figura 4. Representação <strong>de</strong> um neurônio artificialNum neurônio biológico, o sinal entra pelos <strong>de</strong>ndritos, é processado pelo corpo doneurônio, e é transmitido a outros neurônios através do axônio. A transmissão <strong>de</strong> sinal<strong>de</strong> um neurônio para outro é chamada <strong>de</strong> sinapse. A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sinal trocado emuma sinapse <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> um parâmetro chamado <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sinapse.Num neurônio artificial, a intensida<strong>de</strong> da sinapse é representada <strong>por</strong> um fator <strong>de</strong>pon<strong>de</strong>ração, também chamado <strong>de</strong> peso. O sinal total que entra <strong>no</strong> corpo <strong>de</strong>processamento <strong>de</strong> um neurônio artificial é chamado Net, cujo valor é calculado atravésda média pon<strong>de</strong>rada dos sinais <strong>de</strong> entrada, conforme equação a seguir.Net = w1x1+ w2x2+...+ wnxn(10)On<strong>de</strong> x i é o valor do sinal <strong>de</strong> entrada i, w i é o peso do sinal i e n é o número <strong>de</strong> entradas(<strong>de</strong>ndritos) do neurônio.O sinal <strong>de</strong> saída é obtido através da aplicação <strong>de</strong> uma função <strong>de</strong> transferência aosinal total <strong>de</strong> entrada (Net). A função <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong>ve aten<strong>de</strong>r a dois requisitos:15


não <strong>de</strong>ve ser negativa (pois não existe troca <strong>de</strong> sinal negativo entre neurônios) e <strong>de</strong>veser contínua.Várias funções matemáticas po<strong>de</strong>m ser usadas como função <strong>de</strong> transferência,entretanto a função mais comum utilizada nas re<strong>de</strong>s neurais é a função sigmoidal oulogística, expressa na equação a seguir.1saída = f(net) =-(net)(11)1+ eEssa função po<strong>de</strong> ser representada graficamente conforme mostrado na figura 5.1,210,8Saída0,60,40,20-0,2-15 -10 -5 0 5 10 15NetFigura 5. Função SigmoidalNuma re<strong>de</strong> neural <strong>de</strong> múltiplas camadas (em inglês, multi-layer perceptron, MLP),os neurônios são interligados numa re<strong>de</strong> com várias camadas, on<strong>de</strong> as saídas <strong>de</strong> umneurônio passam a ser entradas <strong>de</strong> neurônios vizinhos, conforme representado nafigura 6. Os dados <strong>de</strong> entrada (<strong>por</strong> exemplo, os valores <strong>de</strong> absorbância <strong>de</strong> um espectroNIR) são inseridos na re<strong>de</strong> através da primeira camada. Após sucessivosprocessamentos nas diversas camadas, é obtido o produto final da re<strong>de</strong>, ou seja, aprevisão da variável <strong>de</strong> interesse.16


A configuração da arquitetura da re<strong>de</strong> é feita através da <strong>de</strong>finição do número <strong>de</strong>camadas intermediárias, do número <strong>de</strong> neurônios em cada camada e da função <strong>de</strong>transferência <strong>de</strong> cada neurônio.A calibração da re<strong>de</strong> é realizada através do ajuste a<strong>de</strong>quado dos pesos dos sinais<strong>de</strong> entrada <strong>de</strong> cada neurônio (w 1 , w 2 , w 3 ,...,w n ). A re<strong>de</strong> é ajustada através <strong>de</strong> umconjunto <strong>de</strong> treinamento e <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> monitoramento, que guia o algoritmomatemático para encontrar o conjunto <strong>de</strong> pesos que forneça a previsão da variável <strong>de</strong>interesse com o me<strong>no</strong>r erro possível.Figura 6. Diagrama <strong>de</strong> uma Re<strong>de</strong> NeuralUm método usual para o treinamento da re<strong>de</strong> é o da retro-propagação <strong>de</strong> erros.Neste processo, o valor <strong>de</strong> saída da re<strong>de</strong> é calculado inicialmente usando valoresarbitrados para os pesos dos sinais <strong>de</strong> entrada <strong>de</strong> cada neurônio. Esse valor <strong>de</strong> saída écomparado ao valor <strong>de</strong>sejado (valor real da proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> interesse), fornecendo umerro ou <strong>de</strong>svio. O algoritmo então corrige os pesos <strong>de</strong> forma a minimizar tal erro. Acorreção é feita <strong>de</strong> trás para frente, ou seja, a última camada é a primeira a ter os pesos17


corrigidos. Partindo <strong>de</strong> um <strong>no</strong>vo conjunto <strong>de</strong> pesos, o processo iterativo continua, atéque seja obtido um valor <strong>de</strong> erro ou <strong>de</strong>svio a<strong>de</strong>quado.A figura 7 mostra o processo <strong>de</strong> treinamento <strong>por</strong> retro-propagação <strong>de</strong> erros, numare<strong>de</strong> <strong>de</strong> três camadas. W 1 , W 2 e W 3 representam os conjuntos <strong>de</strong> pesos da primeira,segunda e terceira camadas, respectivamente.Figura 7. Diagrama esquemático do treinamento <strong>por</strong> retropropagação <strong>de</strong> erros18


3.2.2.1. USO DE REDES NEURAIS ARTIFICIAIS PARA CALIBRAÇÃOMULTIVARIADA DE DADOS ESPECTROMÉTRICOSA calibração <strong>por</strong> Re<strong>de</strong>s Neurais Artificiais <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rada sempre que oconjunto <strong>de</strong> dados for não-linear [14]. Métodos <strong>de</strong> calibração como a regressão linearmúltipla (MLR), a regressão <strong>por</strong> componentes principais (PCR) e a regressão <strong>por</strong>mínimos quadrados parciais (PLS) são preferíveis quando as relações são lineares,pois fornecem resultados satisfatórios e são métodos rápidos, me<strong>no</strong>s complexos e maisfacilmente entendidos. Uma observação <strong>no</strong>s resíduos obtidos nesses métodos po<strong>de</strong>indicar a ocorrência <strong>de</strong> uma relação não-linear, que sugere o uso <strong>de</strong> métodos como aANN.Algumas características im<strong>por</strong>tantes das calibrações <strong>de</strong>senvolvidas <strong>por</strong> ANN são[14, 15]:- Flexibilida<strong>de</strong>: <strong>por</strong> se tratar <strong>de</strong> um método não-paramétrico, não requer aexistência <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>finido, que possa ser entendido do ponto <strong>de</strong> vista químico.Essa é uma vantagem ainda maior <strong>no</strong> caso <strong>de</strong> calibrações com dados <strong>de</strong>espectroscopia NIR, visto que a excessiva sobreposição <strong>de</strong> bandas espectrais impe<strong>de</strong> o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sse mo<strong>de</strong>lo bem <strong>de</strong>finido. Entretanto, se não houver cuidado, aflexibilida<strong>de</strong> apresentada po<strong>de</strong> produzir um sobreajuste <strong>no</strong>s dados <strong>de</strong> calibração,resultando numa me<strong>no</strong>r robustez do mo<strong>de</strong>lo.- Possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lar relações lineares: ANN po<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lar dados lineares,com <strong>de</strong>sempenho comparável aos métodos <strong>de</strong> regressão lineares como PLS e PCR.Todavia, conforme já mencionado, os métodos lineares são mais a<strong>de</strong>quados nessescasos, <strong>por</strong> evitarem o sobreajuste dos dados e <strong>por</strong> serem mais facilmente interpretados.- Robustez dos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>senvolvidos: As calibrações <strong>de</strong>senvolvidas <strong>por</strong> ANNsão bastante robustas <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong> que seu <strong>de</strong>sempenho sofre pequena alteração napresença <strong>de</strong> quantida<strong>de</strong>s crescentes <strong>de</strong> ruído, ao contrário das calibrações<strong>de</strong>senvolvidas <strong>por</strong> PLS, <strong>por</strong> exemplo.19


- Dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> interpretação: Os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>senvolvidos <strong>por</strong> ANN são <strong>de</strong> difícilinterpretação, especialmente quando comparados a métodos lineares como PLS ouPCR. Isso <strong>de</strong>ve-se ao fato que as diferentes operações realizadas sucessivamente nasdiversas camadas da re<strong>de</strong> impe<strong>de</strong>m a <strong>de</strong>dução <strong>de</strong> expressões analíticas simples entreos parâmetros <strong>de</strong> entrada e saída.- Longo tempo <strong>de</strong> processamento requerido: as calibrações <strong>por</strong> ANN <strong>de</strong>mandammaior tempo <strong>de</strong> processamento <strong>por</strong> se tratar <strong>de</strong> um método iterativo, especialmentepara a solução <strong>de</strong> problemas difíceis em re<strong>de</strong>s com configurações mais complexas.As etapas para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma calibração <strong>por</strong> ANN po<strong>de</strong>m ser assimresumidas [14,15,16]:- Detecção <strong>de</strong> não-linearida<strong>de</strong>: visto que a técnica ANN aplica-se melhor acalibrações não-lineares, a primeira etapa consiste na <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> não-linearida<strong>de</strong>.Uma maneira simples para tal é traçar a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> interesse versus as diferentesvariáveis medidas ou as combinações <strong>de</strong>ssas variáveis na forma <strong>de</strong> escoresprovenientes <strong>de</strong> uma Análise <strong>de</strong> Componentes Principais (PCA). Po<strong>de</strong>m também serconstruídos mo<strong>de</strong>los utilizando técnicas lineares, como MLR, PCR ou PLS e observaros resíduos versus as variáveis <strong>de</strong> entrada (X) ou versus a resposta experimental (Y).- Detecção <strong>de</strong> pontos discrepantes (outliers): A observação dos dados, tanto dasvariáveis <strong>de</strong> entrada (X), quanto da resposta experimental (Y), po<strong>de</strong> indicar a presença<strong>de</strong> pontos discrepantes. Uma avaliação visual dos espectros coletados e dos gráficos<strong>de</strong> escores <strong>de</strong> uma avaliação PCA, juntamente com a observação do valor <strong>de</strong> leverage<strong>de</strong> cada amostra, po<strong>de</strong> auxiliar na indicação <strong>de</strong> outliers. Para avaliar a presença <strong>de</strong>pontos discrepantes na relação X-Y, po<strong>de</strong> ser construído um mo<strong>de</strong>lo utilizando PLS, <strong>por</strong>exemplo, e observar a posição das amostras <strong>no</strong> gráfico <strong>de</strong> resíduos versus leverage.Os pontos <strong>de</strong>tectados como discrepantes nesse procedimento não <strong>de</strong>vem sereliminados <strong>de</strong> imediato visto que um outlier observado num mo<strong>de</strong>lo linear po<strong>de</strong> não seconfirmar num mo<strong>de</strong>lo não-linear. A confirmação do ponto discrepante <strong>de</strong>ve ser feitaatravés da avaliação do <strong>de</strong>sempenho do mo<strong>de</strong>lo não-linear com a presença da amostrasuspeita.20


- Definição do número <strong>de</strong> amostras necessário: O número <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong>ve serpro<strong>por</strong>cional ao número <strong>de</strong> parâmetros ajustáveis na re<strong>de</strong>. Numa re<strong>de</strong> neural com umacamada intermediária, o número mínimo <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong>ve ser pelo me<strong>no</strong>s duas vezessuperior ao número total <strong>de</strong> pesos da re<strong>de</strong>. Como regra geral, o número <strong>de</strong> amostras<strong>de</strong>ve ser sempre superior a 30.- Repartição dos dados: Para a construção <strong>de</strong> uma calibração <strong>por</strong> ANN, os dados<strong>de</strong>vem ser distribuídos em três conjuntos: treinamento, monitoramento e validação. Oconjunto <strong>de</strong> monitoramento é usado para orientar o algoritmo <strong>de</strong> modo que a calibraçãonão incor<strong>por</strong>e informação não relevante (ruído) proveniente do conjunto <strong>de</strong> treinamento,evitando o sobreajuste dos dados. Consi<strong>de</strong>rando um número <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong>treinamento igual a nt, os conjuntos <strong>de</strong> monitoramento e <strong>de</strong> teste <strong>de</strong>vem conter, cadaum, um número <strong>de</strong> amostras entre nt/2 e nt. Vários algoritmos po<strong>de</strong>m ser utilizadospara selecionar as amostras do conjunto <strong>de</strong> treinamento para garantir que este sejarepresentativo da população global <strong>de</strong> amostras.- Compressão dos dados: A compressão matemática dos dados <strong>de</strong> entradaelimina informação irrelevante (ruído) ou redundâncias presentes na matriz <strong>de</strong> dados epermite aumentar a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> treinamento, reduzir a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> memórianecessária e aumentar a robustez do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>senvolvido. Uma maneira usual <strong>de</strong>efetuar a compressão dos dados <strong>de</strong> entrada (<strong>por</strong> exemplo, as variáveis espectrais) é ouso da análise PCA. Desta forma, os dados originais são convertidos a valores <strong>de</strong>escores dos componentes principais. Uma regressão <strong>por</strong> componentes principais (PCR)po<strong>de</strong> ser usada para se <strong>de</strong>terminar o número <strong>de</strong> componentes principais a reter.Entretanto, visto que o PCR é um método <strong>de</strong> regressão linear, a não-linearida<strong>de</strong> doconjunto <strong>de</strong> dados não estará contida <strong>no</strong>s primeiros componentes principais, <strong>por</strong>tantorecomenda-se a inclusão <strong>de</strong> um número maior <strong>de</strong> componentes para incluir essainformação. A análise PCA <strong>de</strong>ve ser usada para calcular o <strong>no</strong>vo sub-espaço dasamostras do conjunto <strong>de</strong> treinamento somente. As amostras do conjunto <strong>de</strong>monitoramento e validação <strong>de</strong>vem ser projetadas então nesse sub-espaço para a<strong>de</strong>terminação dos seus escores.- Escalamento dos dados: A função sigmoidal produz um sinal na faixa <strong>de</strong> 0 a 1 ou-1 a +1. Para a<strong>de</strong>quar os dados que excedam esse range, o escalamento dos dados é21


necessário para trazer os valores <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma faixa que possa ser manipulada pelafunção <strong>de</strong> transferência. Geralmente é utilizado o escalamento min-max, que segue aequação:(X - X )Ai=(rmax-X - Xitrainmaxtrainmintrainminrmin) + rmin(12)trainX mintrainX máxOn<strong>de</strong> A i é o <strong>no</strong>vo valor escalado da variável X i . e são os valores extremos(mínimo e máximo) da variável X do conjunto <strong>de</strong> treinamento. r max e r min <strong>de</strong>finem oslimites da faixa para o escalamento da variável X. No caso do uso da função <strong>de</strong>transferência sigmoidal, que é a mais usual, os valores <strong>de</strong> r max e r min são geralmenteestabelecidos como 1 e -1.- Definição do número <strong>de</strong> camadas da re<strong>de</strong>: Em geral, na prática, não énecessário mais que uma camada intermediária para se obter resultados satisfatórios,<strong>por</strong>tanto recomenda-se o uso <strong>de</strong> uma única camada intermediária para propósitos <strong>de</strong>calibração multivariada. Nos casos on<strong>de</strong> os dados <strong>de</strong> entrada apresentam umacontribuição linear e outra não-linear, po<strong>de</strong>m ser feitas ligações diretas da primeiracamada com a última para lidar com as informações lineares, tornando mais rápido oprocesso <strong>de</strong> treinamento e facilitando a interpretação do mo<strong>de</strong>lo. Na teoria, as re<strong>de</strong>ssem conexões diretas po<strong>de</strong>m produzir resultados semelhantes às re<strong>de</strong>s com taisconexões, com a vantagem <strong>de</strong> reduzir o número <strong>de</strong> parâmetros ajustáveis.- Definição do número <strong>de</strong> nós <strong>de</strong> entrada e saída: Para melhor <strong>de</strong>sempenho dare<strong>de</strong>, recomenda-se que esta seja configurada com apenas um nó <strong>de</strong> saída, ou seja,que forneça uma resposta singular para cada conjunto <strong>de</strong> dados <strong>de</strong> entrada. Algunsalgoritmos, como o stepwise (que realiza a adição ou eliminação seletiva <strong>de</strong> variáveis,buscando o me<strong>no</strong>r erro <strong>de</strong> previsão), po<strong>de</strong>m ser utilizados para selecionar o número <strong>de</strong>nós <strong>de</strong> entrada mais a<strong>de</strong>quado.- Definição do número <strong>de</strong> nós intermediários: Não é necessário usar muitos nósintermediários para mo<strong>de</strong>lar relações multivariadas complexas. Pelo contrário, umgran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> nós intermediários geralmente acentua o risco <strong>de</strong> sobreajuste domo<strong>de</strong>lo. Para dados <strong>de</strong> origem fortemente não-linear, o uso <strong>de</strong> um segundo ou terceiro22


nó intermediário melhora sensivelmente o <strong>de</strong>sempenho do mo<strong>de</strong>lo. Entretanto, paradados levemente não-lineares, a adição <strong>de</strong> nós intermediários geralmente não afeta oresultado final. É recomendado o uso do me<strong>no</strong>r número possível <strong>de</strong> nós intermediáriospara se obter mo<strong>de</strong>los mais simples e robustos.- Definição da função <strong>de</strong> transferência: As funções <strong>de</strong> transferência mais usadassão a sigmoidal e a tangente hiperbólica, especialmente <strong>por</strong>que, além <strong>de</strong> ajustarem umgran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> não-linearida<strong>de</strong>s, apresentam um trecho linear <strong>no</strong> centro, o quefavorece a mo<strong>de</strong>lagem <strong>de</strong> dados levemente não-lineares. Outras funções po<strong>de</strong>m serutilizadas e seu <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong>ve ser avaliado na prática.- Definição dos critérios para finalização do treinamento: Ao longo do processo <strong>de</strong>treinamento (<strong>de</strong>finição dos pesos dos sinais entre neurônios), o algoritmo acompanha aevolução do erro do conjunto <strong>de</strong> monitoramento para evitar o sobreajuste do conjunto<strong>de</strong> treinamento. O processo <strong>de</strong> treinamento po<strong>de</strong> ser concluído quando uma dascondições a seguir for satisfeita: quando for atingido um número <strong>de</strong>finido <strong>de</strong> iterações,quando o erro do conjunto <strong>de</strong> monitoramento atingir um valor estabelecido ou quando avariação entre dois valores <strong>de</strong> erro do conjunto <strong>de</strong> monitoramento atingir um valorpre<strong>de</strong>finido.3.3. O PETRÓLEOPetróleo é uma palavra <strong>de</strong>rivada do Latim petra e oleum, que significa literalmente“óleo <strong>de</strong> pedra” e refere-se a hidrocarbonetos que ocorrem gran<strong>de</strong>mente em rochassedimentares na forma <strong>de</strong> gases, líquidos, pastas ou sólidos.Do ponto <strong>de</strong> vista químico, o petróleo é uma mistura extremamente complexa <strong>de</strong>hidrocarbonetos, geralmente com pequenas quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> compostos nitrogenados,oxigenados ou sulfurados e traços <strong>de</strong> constituintes metálicos, como vanádio, níquel,ferro e cobre.Os combustíveis <strong>de</strong>rivados do petróleo fornecem mais da meta<strong>de</strong> do suprimentototal <strong>de</strong> energia do mundo. A gasolina, o querosene e o óleo diesel são combustíveispara automóveis, tratores, caminhões, aeronaves e navios. O óleo combustível e o gás23


natural são utilizados <strong>no</strong> aquecimento doméstico e industrial, além <strong>de</strong> geraremeletricida<strong>de</strong>. Os produtos <strong>de</strong> petróleo são matérias-primas básicas para a fabricação <strong>de</strong>fibras sintéticas, plásticos, tintas, fertilizantes, inseticidas, sabões e borracha sintética.A complexida<strong>de</strong> da composição química do petróleo po<strong>de</strong> ser ilustrada pelonúmero <strong>de</strong> isômeros potenciais que po<strong>de</strong>m existir para um dado número <strong>de</strong> átomos <strong>de</strong>carbo<strong>no</strong> numa ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> alca<strong>no</strong>s, que aumenta rapidamente com a massa molecular. Atabela 3 ilustra isso.Tabela 3. Quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> isômeros estruturais <strong>por</strong> número <strong>de</strong> átomos <strong>de</strong> carbo<strong>no</strong>Número <strong>de</strong> átomos <strong>de</strong> carbo<strong>no</strong> na molécula Número <strong>de</strong> isômeros4 28 1812 35520 366.319Visto que as massas moleculares das moléculas encontradas <strong>no</strong> petróleo variam<strong>de</strong> 16 (para o meta<strong>no</strong>) até vários milhares, é claro que as frações mais pesadas po<strong>de</strong>mconter um número <strong>de</strong> moléculas quase ilimitado [17].Os óleos obtidos <strong>de</strong> diferentes reservatórios <strong>de</strong> petróleo possuem característicasdiferentes. Alguns são pretos, <strong>de</strong>nsos e viscosos, liberando pouco ou nenhum gás,enquanto que outros são castanhos ou bastante claros, com baixa viscosida<strong>de</strong> e<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, com quantida<strong>de</strong> apreciável <strong>de</strong> gás em solução. Entretanto, todos produzemanálises elementares semelhantes à apresentada na tabela 4.Tabela 4. Análise elementar <strong>de</strong> petróleo típicoElementoConcentração (%massa)Hidrogênio 11-14Carbo<strong>no</strong> 83-87Enxofre 0,06-8Nitrogênio 0,11-1,7Oxigênio 0,1-2Metais Até 0,324


Os principais grupos <strong>de</strong> componentes presentes <strong>no</strong> petróleo são oshidrocarbonetos saturados – que po<strong>de</strong>m ser alca<strong>no</strong>s <strong>no</strong>rmais (n-parafinas), isoalca<strong>no</strong>s(isoparafinas) ou cicloalca<strong>no</strong>s (nafte<strong>no</strong>s) – aromáticos (incluindo nafte<strong>no</strong>-aromáticos ebenzotiofe<strong>no</strong>s ), resinas e asfalte<strong>no</strong>s.A fim <strong>de</strong> conhecer melhor a constituição do petróleo, o Instituto America<strong>no</strong> doPetróleo (API) realizou análises em diversos petróleos <strong>de</strong> origens diferentes, chegandoàs seguintes conclusões:- todos os petróleos contêm substancialmente os mesmos hidrocarbonetos, emdiferentes quantida<strong>de</strong>s;- a quantida<strong>de</strong> relativa <strong>de</strong> cada grupo <strong>de</strong> hidrocarbonetos presente varia muito <strong>de</strong>petróleo para petróleo;- a quantida<strong>de</strong> relativa dos compostos individuais <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> cada grupo <strong>de</strong>hidrocarbonetos, <strong>no</strong> entanto, é aproximadamente da mesma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>zapara diferentes petróleos.O petróleo contém também uma apreciável quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> constituintes quepossuem elementos como enxofre, nitrogênio, oxigênio e metais, que são consi<strong>de</strong>radosimpurezas. A seguir são relatadas as principais impurezas do petróleo:- Compostos sulfurados – O enxofre é o terceiro elemento mais abundante dopetróleo, com concentração variando entre 0,02 a 4,0% em massa. Ele ocorre <strong>no</strong>petróleo nas formas <strong>de</strong> sulfetos, polissulfetos, benzotiofe<strong>no</strong>s e <strong>de</strong>rivados, moléculaspolicíclicas com nitrogênio e oxigênio, gás sulfídrico, dissulfeto <strong>de</strong> carbo<strong>no</strong>, sulfeto <strong>de</strong>carbonila e enxofre elementar.- Compostos nitrogenados – O petróleo tem, em média, 0,17% em peso <strong>de</strong>nitrogênio, com maior concentração nas frações pesadas. Aparecem quase sempre naforma orgânica, como piridinas, qui<strong>no</strong>linas, pirróis, indóis, <strong>por</strong>firinas e compostospolicíclicos com enxofre, oxigênio e metais.- Compostos oxigenados – Os oxigenados também aparecem <strong>no</strong> petróleo emformas complexas, como ácidos carboxílicos, fenóis, cresóis, ésteres, amidas, cetonase benzofura<strong>no</strong>s.25


- Resinas e asfalte<strong>no</strong>s – São moléculas gran<strong>de</strong>s, com alta relação carbo<strong>no</strong>hidrogênioe presença <strong>de</strong> enxofre, nitrogênio e oxigênio. Sua estrutura básica éconstituída <strong>de</strong> 3 a 10 ou mais anéis, geralmente aromáticos, em cada molécula.Resinas e asfalte<strong>no</strong>s têm estruturas semelhantes, <strong>por</strong>ém, ao passo que as resinas sãosolúveis <strong>no</strong> petróleo, os asfalte<strong>no</strong>s não estão dissolvidos, mas dispersos na formacoloidal.- Compostos metálicos – Os compostos metálicos <strong>no</strong> petróleo po<strong>de</strong>m apresentarsecomo sais orgânicos dissolvidos na água emulsionada ao petróleo ou compostosorga<strong>no</strong>metálicos complexos, que geralmente se concentram nas frações mais pesadasdo óleo. Os metais geralmente encontrados <strong>no</strong> petróleo são: ferro, zinco, cobre,chumbo, molibdênio, cobalto, arsênio, manganês, cromo, sódio, níquel e vanádio.A tabela 5 apresenta a composição química <strong>de</strong> um petróleo típico [18].Tabela 5. Composição química <strong>de</strong> um petróleo típicoComponenteConcentração (%massa)Parafinas <strong>no</strong>rmais 14Parafinas ramificadas 16Parafinas cíclicas (naftênicos) 30Aromáticos 30Resinas e asfalte<strong>no</strong>s 10Os petróleos po<strong>de</strong>m ser classificados <strong>de</strong> acordo com a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compostos emcada classe. Com base nesse método, seis classes po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>finidas:- Petróleos parafínicos (teor <strong>de</strong> parafinas maior que 75% massa) – São petróleosleves, fluidos ou <strong>de</strong> alto ponto <strong>de</strong> flui<strong>de</strong>z, com baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> e baixo teor <strong>de</strong> resinas easfalte<strong>no</strong>s. Os aromáticos presentes são <strong>de</strong> anéis simples ou duplos e o teor <strong>de</strong> enxofreé baixo. A maior parte dos petróleos produzidos <strong>no</strong> <strong>no</strong>r<strong>de</strong>ste brasileiro são classificadoscomo parafínicos, assim como petróleos do Gabão, Líbia e Estados Unidos.26


- Petróleos naftênico-parafínicos (contêm 50-70% massa <strong>de</strong> parafinas e mais que20% massa <strong>de</strong> naftênicos) – Apresentam teor <strong>de</strong> resinas e asfalte<strong>no</strong>s entre 5 e 15%,baixo teor <strong>de</strong> enxofre (me<strong>no</strong>s que 1%) e teor <strong>de</strong> naftênicos entre 25 e 40%. A<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> e a viscosida<strong>de</strong> apresentam valores maiores que os parafínicos, mas aindasão mo<strong>de</strong>rados. A maioria dos petróleos produzidos na Bacia <strong>de</strong> Campos, <strong>no</strong> estado doRio <strong>de</strong> Janeiro, é <strong>de</strong>sse tipo. Petróleos <strong>de</strong> Angola, Arábia Saudita, Estados Unidos eIndonésia também se enquadram nessa categoria.- Petróleos naftênicos (teor <strong>de</strong> naftênicos maior que 70%) – Apresentam baixo teor<strong>de</strong> enxofre e se originam <strong>de</strong> alteração bioquímica <strong>de</strong> óleos parafínicos e parafínicosnaftênicos.Alguns petróleos da Bacia <strong>de</strong> Campos, como Pampo, Cherne, Ba<strong>de</strong>jo eMarlim e outros óleos da América do Sul, da Rússia e da América do Norte pertencema essa classe.- Petróleos aromáticos intermediários (teor <strong>de</strong> aromáticos maior que 50%) – Sãoóleos pesados, contendo <strong>de</strong> 10 a 30% <strong>de</strong> asfalte<strong>no</strong>s e resinas e teor <strong>de</strong> enxofre acima<strong>de</strong> 1%. Alguns óleos do Oriente Médio (Arábia Saudita, Catar, Kuwait, Iraque, Síria eTurquia), África Oci<strong>de</strong>ntal, Venezuela, Califórnia e Mediterrâneo (Sicília, Espanha) são<strong>de</strong>ssa categoria.- Petróleos aromático-naftênicos – São óleos que sofreram um processo inicial <strong>de</strong>bio<strong>de</strong>gradação, através do qual as parafinas foram removidas. Eles são <strong>de</strong>rivados dosóleos parafínicos e parafínicos-naftênicos, po<strong>de</strong>ndo ter mais <strong>de</strong> 25% <strong>de</strong> resinas easfalte<strong>no</strong>s e teor <strong>de</strong> enxofre entre 0,4 e 1%. Alguns óleos dos Estados Unidos(Califórnia), da África Oci<strong>de</strong>ntal e do Oriente Médio são <strong>de</strong>ste tipo.- Petróleos aromático-asfálticos – São oriundos <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> bio<strong>de</strong>gradaçãoavançada. São pesados e viscosos, geralmente resultantes da alteração dos óleosaromáticos intermediários. O teor <strong>de</strong> asfalte<strong>no</strong>s e resinas é elevado. Exemplos <strong>de</strong>petróleos <strong>de</strong>sta classe são os óleos do Canadá Oci<strong>de</strong>ntal, Venezuela e sul da França.27


3.3.1. CARACTERIZAÇÃO DE PETRÓLEOVisto ser o petróleo uma mistura bastante complexa, ele geralmente écaracterizado através <strong>de</strong> suas proprieda<strong>de</strong>s físico-químicas. As principais proprieda<strong>de</strong>sutilizadas para essa finalida<strong>de</strong> são a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação e a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>.3.3.1.1. CURVA DE DESTILAÇÃOExistem diversos métodos para <strong>de</strong>terminar a faixa <strong>de</strong> ebulição, ou curva <strong>de</strong><strong>de</strong>stilação, do petróleo. Entre eles, <strong>de</strong>stacam-se:- a curva do Ponto <strong>de</strong> Ebulição Verda<strong>de</strong>iro (PEV), conforme <strong>de</strong>scrito pela <strong>no</strong>rmaASTM D 2892;- a <strong>de</strong>stilação simulada (SimDis), conforme <strong>de</strong>scrito pela <strong>no</strong>rma ASTM D 2887,através <strong>de</strong> análise <strong>por</strong> cromatografia gasosa.O procedimento para a <strong>de</strong>terminação da curva PEV é <strong>de</strong>scrito neste capítulo. Acurva PEV é geralmente expressa <strong>por</strong> uma matriz <strong>de</strong> dados contendo a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>stilado acumulado (em percentual volumétrico ou em massa) a cada intervalo <strong>de</strong>temperatura pre<strong>de</strong>finido. A tabela 6 apresenta um resultado <strong>de</strong> uma análise PEV <strong>de</strong> umpetróleo típico produzido <strong>no</strong> país. A figura 8 mostra um exemplo <strong>de</strong> curvas PEV (em%v e %m) e <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>.O método da <strong>de</strong>stilação simulada foi <strong>de</strong>senvolvido como alternativa mais rápida aométodo da curva PEV. É um método <strong>por</strong> cromatografia gasosa, <strong>de</strong> baixa resolução, quetenta simular, ou prever, os pontos da curva PEV. O método é baseado na eluição doshidrocarbonetos através <strong>de</strong> uma coluna contendo um adsorvente apolar, que ocorre naor<strong>de</strong>m <strong>de</strong> seus pontos <strong>de</strong> ebulição. A regularida<strong>de</strong> da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> eluição doshidrocarbonetos permite estabelecer uma relação entre tempos <strong>de</strong> retenção etemperaturas <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação.28


Tabela 6. Exemplos <strong>de</strong> Curvas PEV (em volume, massa e <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>)T (°C) Vac. (%) Mac. (%) Dens. (°API)28 2,2 1,3 95,035 2,3 1,3 92,750 3,5 2,2 87,175 6,4 4,4 74,595 8,1 5,8 62,6125 10,9 8,1 59,2149 13,4 10,3 53,4175 16,4 12,9 49,6200 19,6 15,7 44,9225 23,0 18,9 37,5250 26,6 22,3 37,5275 30,4 25,9 34,8300 34,4 29,8 32,3325 38,4 33,7 29,0350 42,5 37,8 26,8400 50,7 46,1 24,3425 54,9 50,5 21,6450 59,1 54,8 19,9500 67,5 63,7 18,2550 75,5 72,2 16,8600 82,7 80,1 13,5700 93,4 92,3 8,1750 97,4 96,9 3,7resíduo 100,0 100,0 1,2T = temperatura equivalente à pressão atmosféricaVac. = volume <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilado acumuladoMac. = massa <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilado acumuladoDens. = <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> da fração coletada29


Figura 8. Exemplos <strong>de</strong> curvas PEV30


PROCEDIMENTO PARA DETERMINAÇÃO DA CURVA PEV (ASTM D 2892)ResumoUma quantida<strong>de</strong> previamente pesada, correspon<strong>de</strong>nte a um volume <strong>de</strong> 1 a 30 L<strong>de</strong> petróleo, é <strong>de</strong>stilada até uma temperatura máxima <strong>de</strong> 400 °C (temperaturaequivalente à pressão atmosférica) numa coluna <strong>de</strong> fracionamento, que tem umaeficiência, <strong>no</strong> refluxo total, <strong>de</strong> 14 a 18 pratos teóricos. Uma razão <strong>de</strong> refluxo <strong>de</strong> 5:1 émantida em todas as pressões <strong>de</strong> operação, exceto para pressões me<strong>no</strong>res, entre0,674 e 0,27 kPa, quando po<strong>de</strong> ser usada uma razão <strong>de</strong> refluxo <strong>de</strong> 2:1. As observações<strong>de</strong> pressão, temperatura e outras variáveis são registradas a certos intervalos e <strong>no</strong> final<strong>de</strong> cada corte ou fração. São <strong>de</strong>terminadas a massa e a massa específica <strong>de</strong> cadafração obtida. São calculados os rendimentos da <strong>de</strong>stilação em massa e volume. Apartir <strong>de</strong>sses dados, são construídas curvas <strong>de</strong> % massa e/ou % volume versus atemperatura equivalente à pressão atmosférica.Aparelhagem- Balão <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação - Utiliza-se um balão <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação capaz <strong>de</strong> conter umvolume pelo me<strong>no</strong>s 50% superior à carga. A carga, ou volume <strong>de</strong> amostra a seradicionada ao balão, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das características <strong>de</strong> retenção da coluna <strong>de</strong>fracionamento, e varia entre 1,0 a 30 litros. O balão <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação tem pelo me<strong>no</strong>s umbraço lateral, utilizado para su<strong>por</strong>tar um dispositivo <strong>de</strong> medição <strong>de</strong> temperatura, quepermanece imerso na amostra até o final da <strong>de</strong>stilação.- Sistema <strong>de</strong> aquecimento - Uma manta elétrica <strong>no</strong>rmalmente é utilizada para oaquecimento do balão, <strong>de</strong> forma a controlar e manter constante a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong>aquecimento durante toda a <strong>de</strong>stilação.- Coluna <strong>de</strong> fracionamento - A coluna <strong>de</strong> fracionamento é composta <strong>por</strong> umacoluna <strong>de</strong> vidro e um divisor <strong>de</strong> refluxo, sendo toda encapsulada <strong>por</strong> uma jaqueta <strong>de</strong>material altamente refletivo. A jaqueta é mantida sob um vácuo constante. Deve ter umempacotamento com particulados (tipo Propak ou Helipak) ou pratos perfurados reais. A31


<strong>no</strong>rma estabelece critérios específicos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho para a coluna, como adimensão do empacotamento, a taxa <strong>de</strong> eva<strong>por</strong>ação, a retenção dinâmica, a queda <strong>de</strong>pressão e a altura equivalente <strong>de</strong> pratos teóricos. A coluna é revestida com um sistema<strong>de</strong> isolamento térmico, como uma manta <strong>de</strong> lã <strong>de</strong> vidro, a fim <strong>de</strong> evitar a perda <strong>de</strong> calordo va<strong>por</strong> com conseqüente con<strong>de</strong>nsação na coluna.- Con<strong>de</strong>nsador - O con<strong>de</strong>nsador <strong>de</strong>ve ter uma capacida<strong>de</strong> suficiente paracon<strong>de</strong>nsar os va<strong>por</strong>es <strong>de</strong> hidrocarbonetos C4 e C5 numa taxa <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsaçãoespecificada.- Frascos <strong>de</strong> gelo seco - Para garantir a con<strong>de</strong>nsação <strong>de</strong> hidrocarbonetos leves,especialmente <strong>no</strong> início da <strong>de</strong>stilação, são utilizados dois frascos <strong>de</strong> gelo seco, emsérie, conectados à saída do con<strong>de</strong>nsador, resfriados <strong>por</strong> uma mistura <strong>de</strong> álcool e geloseco.- Coletor <strong>de</strong> gás - Se for necessário medir o volume <strong>de</strong> gás não con<strong>de</strong>nsado oucoletar o gás para posterior análise, po<strong>de</strong> ser conectado um medidor ou coletor <strong>de</strong> gásna saída dos frascos <strong>de</strong> gelo seco.- Coletor <strong>de</strong> fração - Esta parte do equipamento permite a coleta do <strong>de</strong>stilado seminterrupção, durante a retirada do produto do receptor sob pressão atmosférica ouvácuo.- Receptor <strong>de</strong> produto - O receptor tem uma capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 100 a 500 mL, <strong>de</strong>acordo com a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> petróleo a <strong>de</strong>stilar. É calibrado e graduado para a leiturado volume recolhido.- Bomba <strong>de</strong> vácuo (usada para <strong>de</strong>stilação a vácuo) - O sistema <strong>de</strong> vácuo <strong>de</strong>vemanter o sistema numa pressão bem controlada.- Vacuômetro (usado para <strong>de</strong>stilação a vácuo) - Um vacuômetro é conectado aosistema o mais próximo possível da cabeça <strong>de</strong> divisão <strong>de</strong> refluxo.- Regulador <strong>de</strong> pressão (usado para <strong>de</strong>stilação a vácuo) - O regulador <strong>de</strong>vemanter a pressão do sistema constante em todas as pressões <strong>de</strong> operação.- Aparelhagem <strong>de</strong> medição e registro – A coluna <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação possui um poçoon<strong>de</strong> é inserido um sensor para monitorar a temperatura do va<strong>por</strong>, com uma exatidãoigual ou melhor que 0,5 °C e uma resolução <strong>de</strong>, <strong>no</strong> mínimo, 0,1 °C. Um vacuômetro éutilizado na <strong>de</strong>stilação a vácuo. Um manômetro, ou transdutor <strong>de</strong> pressão, conectado32


entre o balão e o con<strong>de</strong>nsador, é utilizado para medir a queda <strong>de</strong> pressão na colunadurante a operação e serve para controlar a taxa <strong>de</strong> eva<strong>por</strong>ação.A aparelhagem utilizada para a <strong>de</strong>stilação <strong>de</strong> petróleo é mostrada na figura 9. Afigura 10 apresenta uma fotografia do equipamento necessário para a <strong>de</strong>stilação avácuo.Figura 9. Aparelhagem para <strong>de</strong>stilação <strong>de</strong> petróleo, conforme apresentada na <strong>no</strong>rmaASTM D 289233


Figura 10. Equipamento para <strong>de</strong>stilação a vácuo para obtenção da curva PEVAmostragemA amostra <strong>de</strong> petróleo é obtida da linha <strong>de</strong> acordo com a Prática ASTM D 4057[19] ou D 4177 [20]. A amostra é mantida em um recipiente selado e <strong>de</strong>ve ser resfriadaaté uma temperatura entre 0 e 5 °C antes <strong>de</strong> ser retirada do frasco, para evitar a perda<strong>de</strong> hidrocarbonetos voláteis. Se a amostra apresentar um teor <strong>de</strong> água superior a 0,3%em volume, ela <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>sidratada, caso contrário, po<strong>de</strong>rá resultar em quebra dacoluna durante a <strong>de</strong>stilação ou afetará a exatidão do rendimento da <strong>de</strong>stilação na regiãoda nafta.34


temperatura do líquido em ebulição em 310°C. Então, a aparelhagem é esfriada e asfrações coletadas são pesadas e suas massas específicas são <strong>de</strong>terminadas.Destilação a VácuoPara se obter <strong>no</strong>vas frações, a <strong>de</strong>stilação é continuada sob vácuo, respeitando olimite <strong>de</strong> 310 °C para o líquido em ebulição, para evitar o craqueamento térmico daamostra.A bomba <strong>de</strong> vácuo e o sistema <strong>de</strong> controle são conectados à aparelhagem <strong>de</strong><strong>de</strong>stilação. A pressão é regulada para 13,3 kPa (100 mm <strong>de</strong> mercúrio). O aquecimentoé reiniciado e o refluxo é restabelecido. O aquecimento é controlado <strong>de</strong> forma a manteruma taxa <strong>de</strong> eva<strong>por</strong>ação <strong>de</strong>finida, verificada através da queda <strong>de</strong> pressão na coluna.São coletadas, então, as <strong>no</strong>vas frações, correspon<strong>de</strong>ndo a variações da temperatura <strong>de</strong>va<strong>por</strong> <strong>de</strong> 5 ou 10°C. Para cada fração coletada, são registradas as mesmasinformações requeridas na <strong>de</strong>stilação atmosférica, e também a pressão absoluta <strong>de</strong>operação <strong>no</strong> topo da coluna. A temperatura <strong>de</strong> va<strong>por</strong> observada para cada fração,durante a <strong>de</strong>stilação a vácuo, é convertida a uma temperatura equivalente à pressãoatmosférica, <strong>por</strong> meio <strong>de</strong> equações apropriadas. Assim como na <strong>de</strong>stilação atmosférica,a retirada das frações prossegue até que a temperatura máxima <strong>de</strong> va<strong>por</strong> <strong>de</strong>sejada sejaatingida ou até que a amostra apresente sinais <strong>de</strong> craqueamento. A aparelhagem éesfriada <strong>no</strong>vamente, as frações coletadas são pesadas e suas massas específicas são<strong>de</strong>terminadas.Destilação a pressões inferioresSe necessário, a <strong>de</strong>stilação po<strong>de</strong> prosseguir a pressões inferiores, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> querespeitado o limite máximo para a temperatura do líquido em ebulição. Permite-se umvácuo entre 13,3 kPa (100 mm <strong>de</strong> mercúrio) e 0,266 kPa (2 mm <strong>de</strong> mercúrio).A pressão é ajustada ao nível <strong>de</strong>sejado e a <strong>de</strong>stilação é reiniciada. Uma razão <strong>de</strong>refluxo <strong>de</strong> 2:1 é <strong>no</strong>rmalmente utilizada. As frações são coletadas e as temperaturascorrigidas para temperaturas equivalentes à pressão atmosférica. Deve-se ter cuidadoespecial para evitar a cristalização <strong>no</strong> con<strong>de</strong>nsador. Quando chegar o ponto final <strong>de</strong>36


<strong>de</strong>stilação, ou quando for atingido o limite <strong>de</strong> temperatura do líquido ou da pressão dacoluna, a válvula <strong>de</strong> refluxo é fechada e o sistema é esfriado. As frações coletadas e oresíduo <strong>no</strong> balão são pesados e suas massas específicas são <strong>de</strong>terminadas.Cálculos e ResultadosÉ calculada a percentagem em massa <strong>de</strong> cada fração coletada e do resíduo <strong>no</strong>balão. A perda também é calculada, em %massa – é permitida uma perda máxima <strong>de</strong>0,4%m. A seguir, são calculados os volumes <strong>de</strong> cada fração e do resíduo. A diferença<strong>de</strong> volume, em relação ao volume inicial (perda ou ganho) também é calculada. Orelatório final do ensaio <strong>de</strong>ve apresentar as seguintes informações: a massa inicial daamostra (seca), a massa específica da amostra, o volume da amostra, o ganho ouperda em massa e volume, o percentual em volume e massa <strong>de</strong> cada fração coletada, opercentual acumulado em massa e volume e a massa <strong>de</strong> água (se houver). É traçadauma curva da temperatura equivalente à pressão atmosférica (or<strong>de</strong>nada) versus ospercentuais em massa e volume <strong>de</strong>stilados (abscissa). Tais curvas são as chamadascurvas PEV (Ponto <strong>de</strong> Ebulição Verda<strong>de</strong>iro).Informações sobre a PrecisãoA repetitivida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>finida como a diferença entre resultados sucessivos, obtidos<strong>por</strong> um mesmo operador, com a mesma aparelhagem, sob condições <strong>de</strong> operaçãoconstantes, em material <strong>de</strong> teste idêntico, em operação correta e <strong>no</strong>rmal do método <strong>de</strong>ensaio, que po<strong>de</strong>ria ser excedida apenas em um caso em vinte, não foi estabelecida.A reprodutibilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>finida como a diferença entre dois resultados únicos ein<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, obtidos <strong>por</strong> operadores diferentes, trabalhando em diferenteslaboratórios, em material <strong>de</strong> teste idêntico, numa operação correta e <strong>no</strong>rmal do método<strong>de</strong> ensaio, que po<strong>de</strong>ria ser excedida apenas em um caso em vinte, foi estabelecidaconforme a tabela a seguir.37


Tabela 7. Precisão do método (reprodutibilida<strong>de</strong>) para <strong>de</strong>terminação da curva PEV% massa % volumePressão atmosférica 1,2 1,2Vácuo 1,4 1,53.3.1.2. DENSIDADEA <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> é a proprieda<strong>de</strong> mais simples e uma das mais utilizadas para acaracterização <strong>de</strong> petróleos. A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> é <strong>de</strong>finida como a relação entre a massaespecífica da substância a uma dada temperatura e a massa específica <strong>de</strong> um padrão(geralmente a água) a uma outra temperatura, a qual po<strong>de</strong> ser a mesma que aquela dasubstância.Na indústria do petróleo, a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> geralmente é expressa através <strong>de</strong> um dosseguintes termos:- Densida<strong>de</strong> d 20/4 – é <strong>de</strong>finida como a razão entre a massa específica do petróleo a20 °C e a massa específica da água a 4 °C;- Grau API – é uma medida <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong>finida pelo Instituto America<strong>no</strong> doPetróleo (API). É calculado através da equação a seguir.o141,5API=d15,6 /15,6 Co−131,5(13)on<strong>de</strong> d 15,5/15,6 é a razão da massa específica do petróleo e a massa específica da águaa 15,6 °C.O grau API tem sido utilizado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primórdios da indústria do petróleo comoparâmetro <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, visto que tem relação com o rendimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivados leves e<strong>no</strong>bres como a gasolina e o querosene. Visto que o grau API guarda uma relação38


inversa com a massa específica, quanto maior o grau API, mais leve é o petróleo e,<strong>por</strong>tanto, maior o seu valor comercial.Os petróleos po<strong>de</strong>m ser classificados <strong>de</strong> acordo com sua <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, conforme atabela que segue.Tabela 8. Classificação <strong>de</strong> Petróleos conforme a Densida<strong>de</strong> (Grau API)Classificação Faixa Grau API ExemploExtra-leve 40


temperatura. A temperatura da amostra é lida através <strong>de</strong> um termômetro ASTMseparado, mergulhado na amostra, ou através <strong>de</strong> um termômetro que seja parteintegrante do <strong>de</strong>nsímetro (termo<strong>de</strong>nsímetro).Informações sobre a PrecisãoA repetitivida<strong>de</strong> do método é <strong>de</strong> 0,2 °API e a reprodutibilida<strong>de</strong> é <strong>de</strong> 0,5 °API.3.3.2. REFINO DE PETRÓLEOO refi<strong>no</strong> do petróleo é caracterizado <strong>por</strong> uma série <strong>de</strong> processos através dos quaiso petróleo é convertido em produtos comerciais, <strong>de</strong> acordo com as quantida<strong>de</strong>s equalida<strong>de</strong>s exigidas pelo mercado.A figura 11 mostra um diagrama <strong>de</strong> uma refinaria mo<strong>de</strong>rna, com suas diversasunida<strong>de</strong>s para separação, conversão e acabamento, ou tratamento final, dos produtos.Os principais processos <strong>de</strong> separação envolvidos numa refinaria são a <strong>de</strong>stilaçãoatmosférica e a <strong>de</strong>stilação a vácuo. Os processos <strong>de</strong> conversão mais utilizados são ocraqueamento catalítico, o coqueamento retardado, a reformação catalítica e aalcoilação. Dentre os processos <strong>de</strong> tratamento, po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>stacar o MEROX (extraçãocáustica <strong>de</strong> mercaptans presentes <strong>no</strong>s <strong>de</strong>rivados), o tratamento com DEA(dietile<strong>no</strong>amina), para remoção <strong>de</strong> H 2 S, e o hidrotratamento, para remoção <strong>de</strong>contaminantes sulfurados <strong>por</strong> meio da reação com hidrogênio.A unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação é o coração da refinaria e envolve uma das operaçõesmais complexas da ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> refi<strong>no</strong>. Seus produtos principais são o gás combustível,as naftas leve e pesada, o querosene, os gasóleos leve e pesado e o resíduoatmosférico. As figuras 12 e 13 mostram esquematicamente unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilaçãoatmosférica e a vácuo, respectivamente.40


Figura 11. Diagrama esquemático <strong>de</strong> uma refinaria <strong>de</strong> petróleo41


Figura 12. Diagrama <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação atmosféricaFigura 13. Diagrama <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação a vácuo42


Cada um <strong>de</strong>sses produtos intermediários tem especificações baseadas em suasproprieda<strong>de</strong>s físico-químicas, como pressão <strong>de</strong> va<strong>por</strong>, ponto <strong>de</strong> fulgor, ponto <strong>de</strong> flui<strong>de</strong>z,etc. Para aten<strong>de</strong>r tais as especificações, a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação é controlada através<strong>de</strong> temperaturas <strong>de</strong> corte, que <strong>de</strong>finem uma faixa <strong>de</strong> pontos <strong>de</strong> ebulição para cadaproduto. Entretanto, as proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sses produtos po<strong>de</strong>m variar significativamentese a qualida<strong>de</strong> da carga da unida<strong>de</strong> (o petróleo) sofrer alterações durante oprocessamento, mantendo-se as mesmas temperaturas <strong>de</strong> corte.Uma das maneiras <strong>de</strong> otimizar a operação da <strong>de</strong>stilação é através do uso <strong>de</strong>analisadores em linha, para a <strong>de</strong>terminação em tempo real das proprieda<strong>de</strong>s dosprodutos. No entanto, esta não tem sido uma alternativa comum em função doselevados custos envolvidos para a instalação e manutenção <strong>de</strong> sensores <strong>de</strong>ste tipo.Visto que as proprieda<strong>de</strong>s dos produtos gerados na <strong>de</strong>stilação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m dascaracterísticas da carga, a caracterização do petróleo, através da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> e da curvado ponto <strong>de</strong> ebulição verda<strong>de</strong>iro (PEV), po<strong>de</strong> fornecer subsidio para a previsãodaquelas proprieda<strong>de</strong>s [23].Uma refinaria típica tem <strong>no</strong>rmalmente como carga uma mistura <strong>de</strong> vários tiposdiferentes <strong>de</strong> petróleo, que varia conforme a disponibilida<strong>de</strong> e fatores econômicos.Quando a refinaria troca <strong>de</strong> petróleo durante uma campanha, a carga da unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>stilação sofre alterações <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. Assim, se a refinaria basear-se apenas numacaracterização inicial da carga, as alterações <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> durante a campanhaprovocarão mudanças in<strong>de</strong>terminadas nas proprieda<strong>de</strong>s dos produtos. Isso leva ànecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se <strong>de</strong>terminar ou prever a curva PEV do petróleo usado como carga daunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação com a maior freqüência possível.43


3.3.3. APLICAÇÕES DA ESPECTROSCOPIA NIR NA INDÚSTRIA DOPETRÓLEOA indústria do petróleo tem se beneficiado gran<strong>de</strong>mente da espectroscopia NIR,especialmente <strong>de</strong>vido às informações espectrais correspon<strong>de</strong>ntes às vibrações dasligações C-H. A capacida<strong>de</strong> da espectroscopia NIR <strong>de</strong> diferenciar hidrocarbonetos <strong>de</strong>fórmulas parecidas po<strong>de</strong> ser observada através do exame das figuras 14 a 16, quecontém espectros <strong>de</strong> diferentes hidrocarbonetos parafínicos, iso-parafínicos earomáticos, respectivamente, coletados <strong>no</strong> intervalo <strong>de</strong> 2.000 a 2.500 nm, regiãoespectral na qual a ocorrência das bandas <strong>de</strong> combinação é a mais comum [24].0,90,80,70,6Absorbância0,50,40,30,20,1Penta<strong>no</strong>Hexa<strong>no</strong>Hepta<strong>no</strong>Deca<strong>no</strong>Un<strong>de</strong>ca<strong>no</strong>Do<strong>de</strong>ca<strong>no</strong>Tri<strong>de</strong>ca<strong>no</strong>Tetra<strong>de</strong>ca<strong>no</strong>Penta<strong>de</strong>ca<strong>no</strong>Hexa<strong>de</strong>ca<strong>no</strong>Hepta<strong>de</strong>ca<strong>no</strong>0,02200 2240 2280 2320 2360 2400 2440 2480Comprimento <strong>de</strong> onda (nm)Figura 14. Espectros <strong>de</strong> diferentes hidrocarbonetos parafínicos44


1,00,8Absorbância0,60,40,2Isoocta<strong>no</strong>MetilpentanMetilhexa<strong>no</strong>Mpenta<strong>no</strong>Penta<strong>no</strong>Hexa<strong>no</strong>0,02200 2250 2300 2350 2400 2450 2500Comprimento <strong>de</strong> onda (nm)Figura 15. Espectros <strong>de</strong> diferentes hidrocarbonetos iso-parafínicos1,0Absorbância0,90,80,70,60,50,40,3Trimetil-benze<strong>no</strong>Metil-naftale<strong>no</strong>Etil-tolue<strong>no</strong>Benze<strong>no</strong>Meta-xile<strong>no</strong>Orto-xile<strong>no</strong>Para-xile<strong>no</strong>Tolue<strong>no</strong>0,20,12120 2160 2200 2240 2280 2320 2360 2400 2440 2480Comprimento <strong>de</strong> onda (nm)Figura 16. Espectros <strong>de</strong> diferentes hidrocarbonetos aromáticos45


A espectroscopia NIR tem sido utilizada para a análise <strong>de</strong> diversos produtosacabados e correntes intermediárias <strong>no</strong> refi<strong>no</strong> <strong>de</strong> petróleo. Por exemplo, para a análise<strong>de</strong> <strong>de</strong>stilados médios, foram <strong>de</strong>senvolvidas calibrações para número <strong>de</strong> ceta<strong>no</strong>, índice<strong>de</strong> refração, massa específica, percentagem <strong>de</strong> carbo<strong>no</strong> aromático, percentagem emmassa <strong>de</strong> hidrogênio, percentagem em massa <strong>de</strong> aromáticos (mo<strong>no</strong>, di e totais) [24].Muitos artigos já foram escritos sobre a aplicação da espectroscopia NIR paraanálise <strong>de</strong> gasolina. Este provavelmente foi o primeiro produto <strong>de</strong> petróleo a seranalisado através <strong>de</strong>ssa técnica. Foram previstas muitas proprieda<strong>de</strong>s como <strong>de</strong>stilação,<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, pressão <strong>de</strong> va<strong>por</strong>, teor <strong>de</strong> aromáticos, teor <strong>de</strong> saturados, octanagem, teor<strong>de</strong> eta<strong>no</strong>l e teor <strong>de</strong> MTBE (metil-terc-butil-éter), para aplicações tanto em laboratóriocomo em processo [26,27,28,29].Através <strong>de</strong> espectros <strong>de</strong> 83 amostras <strong>de</strong> óleo diesel, obtidos na faixa <strong>de</strong> 1.100 a1.300 nm, Foulk e DeSimas [30] <strong>de</strong>senvolveram calibrações para parâmetrosim<strong>por</strong>tantes <strong>de</strong>sse produto <strong>de</strong> petróleo, como o número <strong>de</strong> ceta<strong>no</strong>, <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>,<strong>de</strong>stilação (temperatura a 90% eva<strong>por</strong>ados) e percentagem <strong>de</strong> aromáticos. Viscosida<strong>de</strong>,índice <strong>de</strong> ceta<strong>no</strong> e ponto <strong>de</strong> congelamento foram outras proprieda<strong>de</strong>s que forneceramcalibrações satisfatórias através da espectroscopia NIR [31].O Centro para Química Analítica <strong>de</strong> Processo (CPAC), da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Washington, <strong>de</strong>senvolveu um trabalho para prever as características do querosene <strong>de</strong>aviação utilizado pela Força Aérea Americana. As proprieda<strong>de</strong>s previstas <strong>por</strong> meio doespectro NIR foram ponto <strong>de</strong> congelamento e percentagens em volume <strong>de</strong> aromáticos esaturados, com resultados compatíveis com a reprodutibilida<strong>de</strong> dos métodos ASTMutilizados como métodos primários [32].A técnica tem obtido sucesso mesmo para produtos pesados como o asfalto.Solubilizando as frações <strong>de</strong> asfalte<strong>no</strong>s e malte<strong>no</strong>s, espectros <strong>de</strong> absorbância foramobtidos entre 1.200 e 1.400 nm. Utilizando calibração não-linear, foi possível prever oresultado da penetração, que é um parâmetro <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> muito im<strong>por</strong>tante para esseproduto, com valores compatíveis com o método ASTM D 5 [33].Além da previsão <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s, alguns trabalhos apresentam o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> calibrações baseadas em espectroscopia NIR para fins qualitativos.Por exemplo, a técnica pô<strong>de</strong> ser usada para a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> petróleo,46


uma aplicação im<strong>por</strong>tante para a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> <strong>de</strong>rramamentos ou <strong>de</strong> produtoscomercializados ilegalmente. Através do espectro NIR na faixa <strong>de</strong> 1.100 a 2.500 nm,utilizando um conjunto <strong>de</strong> 372 amostras, foi <strong>de</strong>senvolvida uma calibração capaz <strong>de</strong>i<strong>de</strong>ntificar claramente seis diferentes produtos (nafta leve, nafta, querosene, gasóleoleve, gasolina e óleo diesel), <strong>de</strong> forma rápida e com baixo investimento [34].Muitas calibrações <strong>de</strong>senvolvidas através da espectroscopia NIR têm sidoutilizadas em analisadores em linha para a otimização das operações <strong>de</strong> refi<strong>no</strong>. Um dosusos mais difundidos é o controle <strong>de</strong> misturas <strong>de</strong> correntes (blending). Através daprevisão das proprieda<strong>de</strong>s do produto após mistura, <strong>por</strong> meio <strong>de</strong> um analisador NIR,utilizando um sistema <strong>de</strong> controle a<strong>de</strong>quado, é possível ajustar a vazão <strong>de</strong> cadacorrente <strong>de</strong> forma otimizada, aumentando significativamente a rentabilida<strong>de</strong> doprocesso. Por exemplo, <strong>por</strong> meio da previsão <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s como octanagem, teor<strong>de</strong> aromáticos e teor <strong>de</strong> olefinas, é possível produzir gasolina <strong>de</strong>ntro das especificaçõesrequeridas, otimizando a rentabilida<strong>de</strong>, utilizando as pro<strong>por</strong>ções a<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong> nafta <strong>de</strong><strong>de</strong>stilação, nafta craqueada, nafta <strong>de</strong> reforma ou outras correntes [35,36].A técnica também é utilizada para a otimização das condições operacionais <strong>de</strong>cada unida<strong>de</strong> em tempo real. Um exemplo <strong>de</strong> aplicação é o controle da severida<strong>de</strong> dohidrotratamento <strong>de</strong> óleo diesel, através da previsão em linha <strong>de</strong> parâmetros comonúmero <strong>de</strong> ceta<strong>no</strong>, teor <strong>de</strong> enxofre e teor <strong>de</strong> aromáticos. A severida<strong>de</strong> da unida<strong>de</strong> <strong>de</strong>reforma catalítica também po<strong>de</strong> ser controlada em tempo real, através da previsão daoctanagem da gasolina produzida. Por meio da previsão dos teores <strong>de</strong> aromáticos eolefinas, é possível avaliar as condições do catalisador e as taxas <strong>de</strong> conversão daunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reforma [37].Comparativamente à quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhos que apresentam aplicações para<strong>de</strong>rivados, poucos trabalhos tratam do uso da espectroscopia NIR diretamente paraanálise <strong>de</strong> petróleo.Um dos trabalhos publicados teve como objetivo a caracterização <strong>de</strong> petróleosatravés da <strong>de</strong>terminação dos teores <strong>de</strong> saturados, aromáticos, resinas e asfalte<strong>no</strong>s,conhecida como SARA. Dezoito amostras <strong>de</strong> petróleo, <strong>de</strong> origens distintas, foramanalisadas <strong>por</strong> cromatografia líquida <strong>de</strong> alto <strong>de</strong>sempenho (HPLC) e seus espectrosobtidos <strong>no</strong>s intervalos <strong>de</strong> 4.000 a 400 cm -1 (região do infravermelho médio) e 1.100 a47


2.200 nm (região NIR). Os resultados mostraram que a espectroscopia, tanto <strong>no</strong>infravermelho médio quando <strong>no</strong> NIR, po<strong>de</strong> prever a composição SARA com a mesmaprecisão do método cromatográfico [38].Kallevik et al [39] caracterizaram emulsões <strong>de</strong> petróleo <strong>por</strong> meio daespectroscopia NIR. Foi preparado um planejamento <strong>de</strong> experimentos, para estudar amistura ternária: petróleo, Exxsol D-80 (mistura <strong>de</strong> alca<strong>no</strong>s/cicloalca<strong>no</strong>s na faixa C10-C13) e água. Os espectros NIR, obtidos na faixa <strong>de</strong> 1.100 a 2.250 nm, foram utilizadospara prever os teores <strong>de</strong> água e <strong>de</strong> Exssol D-80 nas amostras <strong>de</strong> petróleo emulsionado.A caracterização da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> petróleo foi objeto <strong>de</strong> estudo <strong>por</strong> Hidajat eChong [40]. Cento e <strong>de</strong>z amostras, representando mais <strong>de</strong> 30 tipos <strong>de</strong> petróleo, <strong>de</strong> mais<strong>de</strong> 12 países diferentes, foram analisadas através da curva <strong>de</strong> ponto <strong>de</strong> ebuliçãoverda<strong>de</strong>iro (PEV). Os espectros foram obtidos <strong>no</strong> intervalo <strong>de</strong> 1.600 a 2.600 nm eforneceram calibrações para a previsão da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> e das frações <strong>de</strong> GLP, <strong>de</strong>stiladoleve, querosene, óleo diesel e resíduo. O método apresentou a vantagem <strong>de</strong> ser muitomais rápido que a <strong>de</strong>terminação convencional, mais seguro e apropriado paraaplicações em linha.A potencialida<strong>de</strong> da espectroscopia NIR para a otimização <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>stilação foi explorada <strong>por</strong> Kim et al [41]. Numa refinaria da SK Cor<strong>por</strong>ation, na Corea,analisadores NIR em linha são utilizados para prever várias proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> petróleo e<strong>de</strong> <strong>de</strong>rivados produzidos. Graças ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> amostragemeficiente e <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> calibração precisos, é possível prever a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> (°API) e acurva do ponto <strong>de</strong> ebulição verda<strong>de</strong>iro (PEV) <strong>de</strong> petróleos, na faixa <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação <strong>de</strong> 60a 565 °C. São previstas também proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> nafta leve, nafta pesada, querosene eóleo diesel, como <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>stilação e outras, utilizadas para a otimização doprocesso <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação.Um método automático para analisar petróleo <strong>por</strong> espectroscopia NIR foipatenteado. O analisador é composto <strong>por</strong> um espectrofotômetro NIR combinado comum aparelho <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação comum para analisar as proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada fração<strong>de</strong>stilada, assim que ela é separada do petróleo. Um sistema <strong>de</strong> vácuo e um sistema <strong>de</strong>resfriamento com gelo seco, acoplados ao <strong>de</strong>stilador, permitem a análise <strong>de</strong> um amploespectro <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivados, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> frações gasosas (como meta<strong>no</strong>) até <strong>de</strong>stilados com48


temperatura <strong>de</strong> ebulição <strong>de</strong> 565 °C. As calibrações <strong>de</strong>senvolvidas fornecem a previsão<strong>de</strong> diversas proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada fração obtida. O tempo analítico requerido peloanalisador patenteado é <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> dois dias, o que representa uma gran<strong>de</strong> vantagemsobre o método convencional <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação e ensaios <strong>por</strong> métodos ASTM, que requerum tempo entre uma e duas semanas [42].Uma aplicação interessante, também apresentada na forma <strong>de</strong> patente, é o uso daespectroscopia NIR para a análise <strong>de</strong> petróleo em sistemas <strong>de</strong> produção. O petróleo éanalisado logo após sair do poço, <strong>de</strong> preferência <strong>por</strong> um analisador em linha, e umasérie <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m ser previstas, como sua composição química, quantida<strong>de</strong><strong>de</strong> gases em solução, teor <strong>de</strong> água, viscosida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, etc. Tais proprieda<strong>de</strong>s sãoutilizadas para o ajuste das condições operacionais; <strong>por</strong> exemplo, a informação daquantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gás dissolvido po<strong>de</strong> servir para ajustar a vazão do petróleo, visto que aunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> separação óleo/gás tem limitações quanto à quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gás que po<strong>de</strong>ser processada [43].O potencial para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> calibrações capazes <strong>de</strong> relacionar oespectro NIR à curva PEV po<strong>de</strong> ser ilustrado através das figuras 17 e 18. A figura 17exibe as curvas PEV <strong>de</strong> três amostras diferentes que possuem exatamente a mesma<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> (26,2 °API). Uma refinaria <strong>de</strong> petróleo que avalie a carga da <strong>de</strong>stilaçãobaseada unicamente nesse parâmetro irá concluir que as três amostras são <strong>de</strong> igualcomposição. Entretanto, po<strong>de</strong>m ser observadas diferenças significativas nas curvasPEV das amostras.A figura 18 apresenta os espectros <strong>de</strong> absorção <strong>no</strong> infravermelho próximo das trêsamostras (após correções <strong>de</strong> linha <strong>de</strong> base e caminho ótico). Amostras iguais possuemcores iguais nas duas figuras. É possível perceber que as amostras <strong>de</strong> curvas PEVparecidas apresentam espectros similares, enquanto amostras <strong>de</strong> composiçõesdiferentes possuem espectros NIR bastante diferentes, embora tenham a mesma<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>.49


800700Temperatura (°C)60050040030020010000 20 40 60 80 100Destilado (vol.%)Figura 17. Curvas PEV <strong>de</strong> três amostras diferentes com mesma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>Figura 18. Espectros NIR das amostras cujas PEVs estão apresentadasna figura 1750


4. PARTE EXPERIMENTAL4.1. AMOSTRASForam utilizados dois grupos <strong>de</strong> amostras para esse estudo. O primeiro grupo foiformado <strong>por</strong> 79 amostras <strong>de</strong> cargas (misturas <strong>de</strong> petróleos) processadas na RefinariaHenrique Lage (REVAP) da Petrobras, em São José dos Campos, coletadas <strong>no</strong> período<strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2002 a agosto <strong>de</strong> 2003.Como forma <strong>de</strong> avaliar a variabilida<strong>de</strong> das amostras analisadas, foi <strong>de</strong>terminada a<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> em grau API <strong>de</strong> cada amostra. As amostras do primeiro grupo apresentaram<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s grau API <strong>no</strong> intervalo <strong>de</strong> 23,7 a 30,4, com média igual a 26,8 e <strong>de</strong>sviopadrão <strong>de</strong> 1,63 °API.O segundo grupo foi formado <strong>por</strong> petróleos puros produzidos <strong>no</strong> Brasil e <strong>no</strong>exterior, processados em refinarias brasileiras. Este grupo se constitui <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong>43 petróleos diferentes, sendo 33 óleos nacionais e 10 estrangeiros, com grau APIvariando <strong>de</strong> 13,2 a 49,6. A tabela 9 lista os petróleos puros utilizados <strong>no</strong> estudo.4.2. DETERMINAÇÃO DAS CURVAS PEV E DENSIDADEPara a obtenção das curvas PEV, as amostras foram analisadas <strong>no</strong> Centro <strong>de</strong>Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras (CENPES) <strong>no</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro.Uma carga <strong>de</strong> aproximadamente 3 litros <strong>de</strong> cada petróleo foi fracionada em umaunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação automática, seguindo o procedimento <strong>de</strong>scrito <strong>no</strong> método ASTMD 2892 com razão <strong>de</strong> refluxo <strong>de</strong> 5:1, à pressão atmosférica, até atingir cerca <strong>de</strong> 210°C<strong>no</strong> va<strong>por</strong>. O processo continuou à pressão reduzida <strong>de</strong> 100 mm <strong>de</strong> mercúrio e,posteriormente, a uma pressão <strong>de</strong> até 5 mm <strong>de</strong> mercúrio, até a temperatura do va<strong>por</strong>atingir cerca <strong>de</strong> 400°C. O resíduo obtido foi então <strong>de</strong>stilado em uma unida<strong>de</strong> tipo Potstill(GECIL, Mo<strong>de</strong>lo E), que segue a <strong>no</strong>rma ASTM D 5236 [44], a pressões inferiores a 5mm <strong>de</strong> mercúrio, até atingir a temperatura <strong>de</strong>, <strong>no</strong> máximo, 565°C <strong>no</strong> va<strong>por</strong>. Em todo oprocesso, foram obtidas frações <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 5% <strong>de</strong> rendimento em volume, cujos dados<strong>de</strong> temperatura <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação, <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> e rendimento em massa foram usados paragerar a curvas PEV e <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> (em °API).51


Tabela 9. Amostras <strong>de</strong> petróleos puros utilizadasPetróleo °API Petróleo °API1 Fazenda Alegre 13,2 23 Espirito Santo 27,72 Alto do Rodrigues 15,9 24 Marimbá P-21 28,23 Corrego Cedro Norte 17,0 25 Albacora P-31 28,34 Ess-100 (Jubarte) 17,1 26 RGN Terra 28,85 Pampo Mistura (P-37+P-39) 17,1 27 Corvina 28,96 Marlim P-19 19,2 28 RGN Mistura 29,57 Marlim P-32 19,6 29 RGN Mar 35,68 Marlim P-33 19,9 30 Alagoa<strong>no</strong> 37,49 Marlim P-35 20,0 31 Sergipa<strong>no</strong> Mar 40,010 Marlim Sul Piloto 21,4 32 Caravela 40,711 Voador 21,7 33 Urucu 45,612 Roncador Piloto (9-RO-20) 21,813 Bicudo 22,2 34 Vasconia Blend 25,114 Marlim Sul P-38 (2002) 22,8 35 El Huemuel 30,615 Carapeba 23,0 36 Arabe Leve 33,316 Marlim Sul P-38 (2003) 23,1 37 Bonny Light 34,517 Marlim P-37 24,9 38 Brass River 39,918 Barracuda P-34 25,0 39 San Sebastian 40,419 Cabiunas Mistura 25,5 40 Hydra 40,720 Sergipa<strong>no</strong> Terra 26,2 41 Cupiagua 43,721 Roncador P-47 26,9 42 Recon Bolivia<strong>no</strong> 49,322 Espadarte 27,0 43 Tierra <strong>de</strong>l Fuego 49,652


Foi utilizado o método <strong>de</strong> extrapolação pela carta <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> para a previsãodos pontos da curva PEV para temperaturas acima <strong>de</strong> 565°C. Esse método consiste naconversão do formato sigmoidal da curva PEV, quando os dados são plotados em umgráfico XY linear, para uma reta, quando os dados são plotados em uma carta <strong>de</strong>probabilida<strong>de</strong> [45]. Assim, a partir <strong>de</strong> uma regressão linear, uma representação simplesda curva PEV foi obtida e pô<strong>de</strong> ser facilmente manipulada e extrapolada, pois exigeapenas os coeficientes linear e angular da regressão. Além disso, o formato sigmoidaltípico da curva PEV po<strong>de</strong> ser recuperado, pela conversão dos pontos da carta <strong>de</strong>probabilida<strong>de</strong> para um gráfico XY linear.As curvas PEV foram fornecidas como com conjunto <strong>de</strong> 29 pares <strong>de</strong> pontos <strong>de</strong>rendimento em volume acumulado e temperatura, indo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o rendimento <strong>de</strong> meta<strong>no</strong>até o rendimento do resíduo final à temperatura <strong>de</strong> 750°C. Os dados relativos àstemperaturas acima <strong>de</strong> 565 °C foram obtidos <strong>por</strong> extrapolação.As <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s das amostras foram <strong>de</strong>terminadas utilizando o procedimento<strong>de</strong>scrito em 3.3.1.2.4.3. OBTENÇÃO DOS ESPECTROS NIR4.3.1. INSTRUMENTOS UTILIZADOSPara a obtenção dos espectros NIR foram utilizados os instrumentos <strong>de</strong>scritos aseguir.- Instrumento 1 - Espectrômetro NIR com Transformada <strong>de</strong> Fourier (FT-NIR)Bomem mo<strong>de</strong>lo MB-160, equipado com fonte <strong>de</strong> tungstênio, <strong>de</strong>tetor <strong>de</strong> InAs, ótica <strong>de</strong>CaF 2 e sondas <strong>de</strong> transmitância e transflectância com cabo <strong>de</strong> fibra ótica, conforme afigura 19 mostra.- Instrumento 2 - Espectrômetro NIR com Transformada <strong>de</strong> Fourier (FT-NIR)Bomem, mo<strong>de</strong>lo MB-160, equipado com fonte <strong>de</strong> tungstênio, <strong>de</strong>tetor DTGS, ótica <strong>de</strong>CaF 2 e cela <strong>de</strong> transmitância com caminho ótico <strong>de</strong> 0,5 mm, conforme exibido na figura20.53


Figura 19. Instrumento 1 (com <strong>de</strong>talhe da sonda <strong>de</strong> transflectância)Figura 20. Instrumento 2 (com <strong>de</strong>talhe da cela <strong>de</strong> transmitância)Foram obtidos espectros <strong>de</strong> absorbância <strong>no</strong> intervalo <strong>de</strong> 10.000 cm -1 a 4.000 cm -1 ,através da média <strong>de</strong> 128 varreduras, com resolução <strong>de</strong> 8 cm -1 , utilizando como espectro<strong>de</strong> referência o ar ambiente. A temperatura do laboratório durante a coleta dosespectros foi mantida na faixa <strong>de</strong> 22 a 24°C. A exatidão da medida espectral em termos<strong>de</strong> comprimento <strong>de</strong> onda foi assegurada através da correção em 4667,24 cm -1utilizando-se tolue<strong>no</strong> grau espectroscópico como padrão.54


4.3.2. ESPECTROS OBTIDOSPara <strong>de</strong>terminar o caminho ótico mais a<strong>de</strong>quado, uma amostra, escolhidaaleatoriamente, foi analisada <strong>no</strong> Instrumento 1 através do uso da sonda <strong>de</strong>transmitância com caminho ótico efetivo fixo <strong>de</strong> 10 mm e da sonda <strong>de</strong> transflectânciacom caminhos óticos efetivos ajustados para 8, 6 e 2 mm.Todos os espectros obtidos apresentaram elevada absorbância (acima <strong>de</strong> 1),mesmo com o uso da sonda <strong>de</strong> transflectância com o me<strong>no</strong>r caminho ótico disponível (2mm). Outras amostras foram analisadas com essa configuração com resultadossemelhantes, conforme ilustrado através dos espectros apresentados na figura 21.Número <strong>de</strong> onda (cm -1 )Figura 21. Espectros <strong>de</strong> absorbância <strong>de</strong> quatro amostras <strong>de</strong> petróleo obtidos comsonda <strong>de</strong> transflectância com caminho ótico <strong>de</strong> 2 mm <strong>no</strong> Instrumento 1A figura 22 apresenta alguns espectros obtidos com o Instrumento 2, <strong>por</strong> meio <strong>de</strong>uma cela <strong>de</strong> transmitância <strong>de</strong> fluoreto <strong>de</strong> cálcio, <strong>de</strong> caminho ótico <strong>de</strong> 0,5 mm. Osespectros obtidos com essa configuração apresentaram uma absorbância satisfatória,pro<strong>por</strong>cionando uma relação sinal-ruído a<strong>de</strong>quada.O incremento exponencial da linha <strong>de</strong> base observado <strong>no</strong> intervalo <strong>de</strong> 10.000 cm -1a 6.000 cm -1 <strong>de</strong>ve-se provavelmente à presença <strong>de</strong> asfalte<strong>no</strong>s [33], gran<strong>de</strong>s moléculasque agem como partículas que espalham o feixe <strong>de</strong> luz.55


Número <strong>de</strong> onda (cm -1 )Figura 22. Espectros <strong>de</strong> absorbância <strong>de</strong> algumas amostras <strong>de</strong> petróleo obtidos atravésdo Instrumento 2, com cela <strong>de</strong> transmitância <strong>de</strong> caminho ótico <strong>de</strong> 0,5 mm.Na figura 22, po<strong>de</strong>m ser observadas bandas <strong>de</strong> absorção correspon<strong>de</strong>ntes àsseguintes vibrações:- Combinações <strong>de</strong> vibrações C-H, <strong>no</strong> intervalo aproximado <strong>de</strong> 4.500 a 4.000 cm -1 ;- Primeiro sobretom <strong>de</strong> vibrações C-H, <strong>no</strong> intervalo aproximado <strong>de</strong> 6.250 a 5.500cm -1 ;- Combinações <strong>de</strong> vibrações C-H, <strong>no</strong> intervalo aproximado <strong>de</strong> 7.700 a 7.000 cm -1 ;- Segundo sobretom <strong>de</strong> vibrações C-H, <strong>no</strong> intervalo aproximado <strong>de</strong> 9.100 a 7.700cm -1 ;4.4. DESENVOLVIMENTO DOS MODELOS DE CALIBRAÇÃOTrês intervalos espectrais foram escolhidos para o <strong>de</strong>senvolvimento dascalibrações: 5.000 a 3.900 cm -1 , 6.000 a 3.700 cm -1 e 9.000 a 3.700 cm -1 . Este últimocom a intenção <strong>de</strong> avaliar a influência da informação relativa à presença <strong>de</strong> asfalte<strong>no</strong>s(caracterizada pelo <strong>de</strong>svio da linha <strong>de</strong> base a partir <strong>de</strong> 6.300 cm -1 ) <strong>no</strong> <strong>de</strong>senvolvimentodas calibrações. As figuras 23 a 25 mostram os intervalos selecionados.56


Número <strong>de</strong> onda (cm -1 )Figura 23. Espectros <strong>de</strong> 27 amostras <strong>de</strong> petróleo obtidos <strong>no</strong> intervalo <strong>de</strong> 5.000 a3.900 cm -1 . Cela <strong>de</strong> 0,5 mm <strong>de</strong> caminho ótico. Medidas <strong>de</strong> absorbância.Número <strong>de</strong> onda (cm -1 )Figura 24. Espectros <strong>de</strong> 27 amostras <strong>de</strong> petróleo obtidos <strong>no</strong> intervalo <strong>de</strong> 6.000 a3.700 cm -1 . Cela <strong>de</strong> 0,5 mm <strong>de</strong> caminho ótico. Medidas <strong>de</strong> absorbância.57


Número <strong>de</strong> onda (cm -1 )Figura 25. Espectros <strong>de</strong> 27 amostras <strong>de</strong> petróleo obtidos <strong>no</strong> intervalo <strong>de</strong> 9.000 a3.700 cm -1 . Cela <strong>de</strong> 0,5 mm <strong>de</strong> caminho ótico. Medidas <strong>de</strong> absorbância.As curvas PEV foram representadas pelos percentuais <strong>de</strong>stilados nastemperaturas <strong>de</strong> 50 a 750°C, correspon<strong>de</strong>ndo a 21 pontos. Foram <strong>de</strong>sprezados ointervalo inicial e o resíduo da <strong>de</strong>stilação.A partir dos espectros selecionados, foram <strong>de</strong>senvolvidos mo<strong>de</strong>los utilizando duastécnicas <strong>de</strong> calibração multivariada: Regressão <strong>por</strong> Mínimos Quadrados Parciais (PLS)e Re<strong>de</strong>s Neurais Artificiais (ANN).Vinte e duas amostras <strong>de</strong> cargas da unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação da REVAP foramescolhidas para formar um conjunto <strong>de</strong> validação externa. Tais amostras, selecionadas<strong>de</strong> maneira a representar uma faixa abrangente das curvas PEV, não foram utilizadas<strong>no</strong> <strong>de</strong>senvolvimento das calibrações, mas serviram unicamente para avaliar os mo<strong>de</strong>losgerados. As curvas PEV das amostras do conjunto <strong>de</strong> validação encontram-se <strong>no</strong>Apêndice A1.58


4.4.1. PRÉ-TRATAMENTO DOS DADOS ESPECTRAISComo tratamento preliminar foi feita uma correção <strong>de</strong> linha <strong>de</strong> base, tomandocomo referência a absorbância em 4.780 cm -1 , ou seja, para todos os pontos <strong>de</strong> cadaum dos espectros, foi subtraído o valor da sua absorbância a esse número <strong>de</strong> onda.Para evitar eventuais erros <strong>de</strong> medição <strong>de</strong>vido a diferenças <strong>de</strong> caminho ótico dascelas <strong>de</strong> transmitância utilizadas ou alterações <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> das amostras <strong>de</strong>vido avariações <strong>de</strong> temperatura foi realizado também um procedimento <strong>de</strong> <strong>no</strong>rmalizaçãoespectral.Através <strong>de</strong>sse procedimento, cada espectro foi corrigido conforme equação aseguir [47].SS =(14)c∑ fim S′i=início iOn<strong>de</strong>:Scé o espectro corrigido, S é o espectro original e S ′ié o valor <strong>de</strong>absorbância do i-ésimo ponto do espectro original. Início e fim <strong>de</strong>finem o intervaloespectral utilizado como referência para a correção. Os valores utilizados foram: início =4.000 cm -1 e fim = 4.800 cm -1 .4.4.2. CALIBRAÇÃO POR MÍNIMOS QUADRADOS PARCIAIS (PLS)Para cada ponto da curva PEV foi <strong>de</strong>senvolvido um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> calibraçãoin<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, ou seja, foram geradas 21 calibrações para representar a curva PEV,além da calibração para a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> grau API.Os dados espectrais pré-processados, os valores <strong>de</strong> volume acumulado para cadatemperatura da curva PEV e as <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s foram introduzidos <strong>no</strong> programa Pirouette(Infometrix, Inc.) para o <strong>de</strong>senvolvimento das calibrações <strong>por</strong> PLS. Previamente àcalibração, foi utilizado o processamento <strong>de</strong> centralização na média.59


Para auxiliar na <strong>de</strong>finição do número <strong>de</strong> fatores foi utilizada a validação cruzada,removendo uma amostra <strong>por</strong> vez. O número <strong>de</strong> fatores escolhido para cada calibraçãofoi o me<strong>no</strong>r possível que pro<strong>por</strong>cionasse o me<strong>no</strong>r erro padrão <strong>de</strong> validação (SEV).Os pontos discrepantes foram i<strong>de</strong>ntificados e removidos através da observaçãodos gráficos <strong>de</strong> Resíduos versus “Leverage”. Os dados originais foram revistos paratodas as amostras que apresentaram alto resíduo e alta “Leverage”, ou seja, amostrasinfluentes na calibração, mas com erros significativos <strong>no</strong>s valores previstos. Asamostras cujos dados não pu<strong>de</strong>ram ser corrigidos foram removidas do conjunto <strong>de</strong>calibração como pontos discrepantes (anômalos).4.4.3. CALIBRAÇÃO POR REDES NEURAIS ARTIFICIAIS (ANN)Da mesma maneira como nas calibrações <strong>por</strong> PLS, também foi <strong>de</strong>senvolvido ummo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> calibração in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte para cada ponto da curva PEV, além da calibraçãopara a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> grau API. Entretanto, as variáveis espectrais utilizadas não foram osvalores <strong>de</strong> absorbância a cada comprimento <strong>de</strong> onda, mas os valores dos escoresobtidos <strong>por</strong> análise PCA para cada amostra do conjunto <strong>de</strong> calibração, como <strong>de</strong>scrito<strong>por</strong> Despagne e Massart [14].A matriz <strong>de</strong> dados espectrais foi <strong>de</strong>composta numa <strong>no</strong>va matriz <strong>de</strong> fatores atravésda técnica <strong>de</strong> Análise <strong>de</strong> Componentes Principais (PCA) utilizando o software Pirouette(Infometrix Inc.). Por meio do exame dos gráficos dos escores dos primeiroscomponentes principais, foram i<strong>de</strong>ntificados possíveis pontos discrepantes. Essasamostras não foram eliminadas, mas foram marcadas para observações posteriores,durante o processo <strong>de</strong> calibração não-linear <strong>por</strong> ANN.As amostras disponíveis para calibração foram alocadas <strong>no</strong>s conjuntos <strong>de</strong>treinamento e monitoramento, na pro<strong>por</strong>ção <strong>de</strong> 2:1, respectivamente. A distribuição dasamostras foi feita com o auxílio dos gráficos <strong>de</strong> escores dos dois primeiroscomponentes principais do PCA, <strong>de</strong> forma que os dois conjuntos tivessem umadistribuição equivalente <strong>de</strong> amostras.60


Uma <strong>no</strong>va análise PCA foi feita exclusivamente com o conjunto <strong>de</strong> treinamento,on<strong>de</strong> foi obtida a matriz <strong>de</strong> escores das amostras <strong>de</strong>sse conjunto. O mo<strong>de</strong>lo PCA criadofoi utilizado para o cálculo dos escores dos conjuntos <strong>de</strong> monitoramento e validação.A partir <strong>de</strong>sta etapa, as variáveis espectrais passaram a ser representadas pelosescores do PCA para os três conjuntos. Isso possibilitou a compressão <strong>de</strong> dados,reduzindo significativamente o número <strong>de</strong> variáveis. Foram utilizados os escores dos 15primeiros componentes principais.A seguir, os escores foram escalados, utilizando o escalamento min-max, paraa<strong>de</strong>quar os dados à faixa <strong>de</strong> -1 a +1, a<strong>de</strong>quada para a entrada na função <strong>de</strong>transferência sigmoidal.Os dados espectrais, representados pelos escores dos 15 primeiros componentesprincipais da análise PCA, juntamente com os pontos da curva PEV foram inseridos <strong>no</strong>programa Trajan Neural Networks, para o <strong>de</strong>senvolvimento das calibrações <strong>por</strong> ANN.Foram utilizadas re<strong>de</strong>s com três camadas (conforme figura 6), com funções <strong>de</strong>transferência sigmoidal, na camada interna, e linear, na camada <strong>de</strong> saída. A seleçãodos parâmetros <strong>de</strong> entrada, a <strong>de</strong>terminação do número ótimo <strong>de</strong> nós <strong>de</strong> cada camadada re<strong>de</strong> e o cálculo dos pesos foram realizados pelo programa, <strong>de</strong> forma automática.4.4.4. CALIBRAÇÃO POR REDES NEURAIS ARTIFICIAIS (ANN) A PARTIR DAEQUAÇÃO POLINOMIAL DA CURVA PEVVisto que a curva PEV é constituída <strong>por</strong> um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> variáveis,procurou-se reduzir esse número para facilitar a calibração. Para isso, primeiramente ascurvas PEV foram tratadas matematicamente, <strong>de</strong> modo que pu<strong>de</strong>ssem ser <strong>de</strong>scritas <strong>por</strong>uma equação que calcula o volume <strong>de</strong>stilado acumulado (%) em função da temperaturado va<strong>por</strong> (°C).A função utilizada para <strong>de</strong>screver a curva PEV foi uma função poli<strong>no</strong>mial <strong>de</strong>terceira or<strong>de</strong>m. As curvas foram tratadas <strong>de</strong> modo a se obter os coeficientes daequação poli<strong>no</strong>mial para cada amostra. Desta forma, cada curva PEV foi <strong>de</strong>scritaatravés dos coeficientes a, b, c e d, conforme equação a seguir (on<strong>de</strong> T é a temperaturaem °C).61


% vol. acumulado = a.10 -7 T 3 + b. 10 -4 T 2 + c. 10 -2 T + d (15)Assim, as variáveis originais (frações volumétricas <strong>de</strong>stiladas a cada intervalo <strong>de</strong>temperatura) foram substituídas pelos coeficientes da equação poli<strong>no</strong>mial (a, b, c, e d)<strong>no</strong> <strong>de</strong>senvolvimento das calibrações. Esse procedimento possibilitou a redução donúmero <strong>de</strong> variáveis originais <strong>de</strong> 23 (incluindo os volumes <strong>de</strong>stilados <strong>no</strong> intervalo <strong>de</strong>temperaturas <strong>de</strong> 28°C a 750°C) para 4 variáveis, visando a simplificação do processo<strong>de</strong> calibração.A matriz <strong>de</strong> dados espectrais foi <strong>de</strong>composta numa <strong>no</strong>va matriz <strong>de</strong> componentesprincipais através da técnica <strong>de</strong> Análise <strong>de</strong> Componentes Principais (PCA), da maneira<strong>de</strong>scrita anteriormente. Foram utilizados os espectros NIR coletados <strong>no</strong> intervalo <strong>de</strong>5.000 a 3.900 cm -1 .As variáveis espectrais, representadas pelos escores dos primeiros <strong>no</strong>vecomponentes principais da análise PCA (após tratamento <strong>de</strong>scrito anteriormente), foramreunidas aos dados da curva PEV, representados pelos coeficientes da equaçãopoli<strong>no</strong>mial <strong>de</strong> terceira or<strong>de</strong>m, para calibração <strong>por</strong> ANN através do programa TrajanNeural Networks. A configuração da re<strong>de</strong> e a seleção dos parâmetros <strong>de</strong> entrada foram<strong>de</strong>terminadas pelo programa.A figura 26 apresenta, <strong>de</strong> forma esquemática, o procedimento utilizado <strong>no</strong><strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ssas calibrações.62


PEVTemperatura (C)80070060050040030020010000 20 40 60 80 100Destilado (%vol.)Curvas PEV experimentaisEspectros NIREquação poli<strong>no</strong>mial:% v = a.10 -7 T 3 + b. 10 -4 T 2 + c. 10 -2 T + dAnálise <strong>por</strong> Componentes Principais(PCA)Novas variáveis:4 coeficientes (a,b,c,d)Novas variáveis:9 escores da PCAMo<strong>de</strong>lo:Previsão dos 4 coeficientes da equação poli<strong>no</strong>mialFigura 26. Diagrama esquemático do procedimento utilizado para calibração <strong>por</strong> ANNdos coeficientes da equação poli<strong>no</strong>mial da curva PEV63


4.4.5. PREVISÃO DA CURVA PEV ATRAVÉS DO AJUSTE POLINOMIAL DOSVALORES INDIVIDUAIS PREVISTOSApós a seleção do mo<strong>de</strong>lo que forneceu os melhores resultados para a previsãoda curva PEV, foi avaliado o resultado da sua previsão <strong>por</strong> meio do ajuste poli<strong>no</strong>mialdos pontos individuais previstos.Para cada amostra do conjunto <strong>de</strong> validação externa, os valores previstos pelomelhor mo<strong>de</strong>lo foram inseridos num gráfico <strong>de</strong> uma planilha Excel. Foi então adicionadauma linha <strong>de</strong> tendência para cada amostra, utilizando como regressão a funçãopoli<strong>no</strong>mial <strong>de</strong> terceira or<strong>de</strong>m. As equações poli<strong>no</strong>miais <strong>de</strong>finidas pelas linhas <strong>de</strong>tendência foram então utilizadas para prever os <strong>no</strong>vos valores dos pontos individuais dacurva PEV.4.5. DETERMINAÇÃO DA PRECISÃO DO MÉTODOA fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar a precisão do método proposto, três amostras foramselecionadas para um teste <strong>de</strong> repetitivida<strong>de</strong>. A escolha das amostras foi feita <strong>de</strong> formaque representassem curvas PEV bem distintas entre si.Foram tomados <strong>de</strong>z espectros (sendo cada um a média <strong>de</strong> 128 varreduras) paracada uma das três amostras. Cada espectro foi obtido utilizando uma alíquota diferenteda amostra, ou seja, a cela foi removida, esvaziada e preenchida <strong>no</strong>vamente com outra<strong>por</strong>ção da mesma amostra. Os resultados <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> grau API e dos pontos da curvaPEV foram obtidos usando o mo<strong>de</strong>lo PLS-5000 para cada espectro obtido.Foram então calculados a variação, o <strong>de</strong>svio padrão e a repetitivida<strong>de</strong> para cadavariável prevista. A repetitivida<strong>de</strong> foi calculada conforme metodologia da ASTM [46] , <strong>de</strong>acordo com a equação abaixo:r = 1,96 2S (16)On<strong>de</strong>:S = <strong>de</strong>svio padrão dos valores obtidos para cada variável para as replicatas64


5. RESULTADOSOs resultados foram avaliados através <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> validação externa,composto <strong>por</strong> 22 amostras (veja item 6). Para o cálculo do erro <strong>de</strong> previsão, foi utilizadoo parâmetro RMSEP (do inglês, Root Mean Square Error of Prediction), <strong>de</strong>finido pelaseguinte expressão [47]:N p2RMSEP = ∑(ŷ- y ) / N(17)i=1iiPOn<strong>de</strong>:ŷi = valor previsto da proprieda<strong>de</strong> para a i-ésima amostra do conjunto <strong>de</strong> validaçãoyi = valor da proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado através do método <strong>de</strong> referência para a i-ésimaamostra do conjunto <strong>de</strong> validaçãoNp= número <strong>de</strong> amostras do conjunto <strong>de</strong> validação (22 amostras)A seguinte <strong>no</strong>menclatura é utilizada na apresentação dos resultados <strong>de</strong>stetrabalho:- PLS-5000 - calibrações <strong>por</strong> PLS utilizando intervalo espectral <strong>de</strong> 5.000 a 3.900 cm -1- RN-5000 – calibrações <strong>por</strong> ANN utilizando intervalo espectral <strong>de</strong> 5.000 a 3.900 cm -1- PLS-6000 - calibrações <strong>por</strong> PLS utilizando intervalo espectral <strong>de</strong> 6.000 a 3.700 cm -1- RN-6000 – calibrações <strong>por</strong> ANN utilizando intervalo espectral <strong>de</strong> 6.000 a 3.700 cm -1- PLS-9000 - calibrações <strong>por</strong> PLS utilizando intervalo espectral <strong>de</strong> 9.000 a 3.700 cm -1- RN-9000 – calibrações <strong>por</strong> ANN utilizando intervalo espectral <strong>de</strong> 9.000 a 3.700 cm -1- PLS-5000P - calibrações <strong>por</strong> PLS utilizando intervalo espectral <strong>de</strong> 5.000 a 3.900 cm -1 ,<strong>por</strong> meio do ajuste poli<strong>no</strong>mial dos valores individuais previstos.65


Os valores previstos <strong>por</strong> tais mo<strong>de</strong>los para o conjunto <strong>de</strong> validação encontram-se<strong>no</strong>s Apêndices A2 a A8.5.1. CALIBRAÇÕES POR PLS E ANN PARA CURVA PEV E DENSIDADE GRAU APIAs figuras 27 a 36, mostradas a seguir, apresentam as curvas PEV previstas paraalgumas amostras do conjunto <strong>de</strong> validação utilizando os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>senvolvidos <strong>por</strong>PLS e ANN com os diferentes intervalos espectrais utilizados. Também sãoapresentados os resíduos para melhor visualização das diferenças <strong>no</strong> caso dasprevisões das curvas PEV.66


800700Temperatura (°C)600500400300200PEVPLS-5000RN-5000PLS-6000RN-6000PLS-9000RN-900010000 20 40 60 80 100Destilado (%vol.)Figura 27. Curvas PEV: real e previstas pelos mo<strong>de</strong>los – amostra PBP117082,01,0Resíduo (% vol.)0,0-1,0-2,0PLS-5000RN-5000PLS-6000RN-6000PLS-9000RN-9000-3,0-4,00 100 200 300 400 500 600 700 800Temperatura (°C)Figura 28. Resíduos apresentados pelos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>senvolvidos – amostra PBP1170867


800700Temperatura (°C)600500400300200PEVPLS-5000RN-5000PLS-6000RN-6000PLS-9000RN-900010000 20 40 60 80 100Destilado (%vol.)Figura 29. Curvas PEV: real e previstas pelos mo<strong>de</strong>los – amostra PBP122063,02,0Resíduo (% vol.)1,00,0-1,0-2,0PLS-5000RN-5000PLS-6000RN-6000PLS-9000RN-9000-3,0-4,00 100 200 300 400 500 600 700 800Temperatura (°C)Figura 30. Resíduos apresentados pelos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>senvolvidos – amostraPBP1220668


800700Temperatura (°C)600500400300200PEVPLS-5000RN-5000PLS-6000RN-6000PLS-9000RN-900010000 20 40 60 80 100Destilado (%vol.)Figura 31. Curvas PEV: real e previstas pelos mo<strong>de</strong>los – amostra PBP124782,01,0Resíduo (% vol.)0,0-1,0-2,0PLS-5000RN-5000PLS-6000RN-6000PLS-9000RN-9000-3,0-4,00 100 200 300 400 500 600 700 800Temperatura (°C)Figura 32. Resíduos apresentados pelos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>senvolvidos – amostra PBP1247869


800700Temperatura (°C)600500400300200PEVPLS-5000RN-5000PLS-6000RN-6000PLS-9000RN-900010000 20 40 60 80 100Destilado (%vol.)Figura 33. Curvas PEV: real e previstas pelos mo<strong>de</strong>los – amostra PBP122145,04,0Resíduo (% vol.)3,02,01,00,0PLS-5000RN-5000PLS-6000RN-6000PLS-9000RN-9000-1,00 100 200 300 400 500 600 700 800Temperatura (°C)Figura 34. Resíduos apresentados pelos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>senvolvidos – amostra PBP1221470


800700Temperatura (°C)600500400300200PEVPLS-5000RN-5000PLS-6000RN-6000PLS-9000RN-900010000 20 40 60 80 100Destilado (%vol.)Figura 35. Curvas PEV: real e previstas pelos mo<strong>de</strong>los – amostra PBP116977,06,05,0Resíduo (% vol.)4,03,02,01,0PLS-5000RN-5000PLS-6000RN-6000PLS-9000RN-90000,0-1,0-2,00 100 200 300 400 500 600 700 800Temperatura (°C)Figura 36. Resíduos apresentados pelos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>senvolvidos – amostra PBP1169771


A tabela 10 e as figuras 37 e 38 mostram os valores <strong>de</strong> RMSEP para todos osmo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>senvolvidos. Os números em vermelho na tabela representam os mo<strong>de</strong>losque apresentaram os me<strong>no</strong>res valores <strong>de</strong> RMSEP.Tabela 10. Valores <strong>de</strong> RMSEP (%v) para os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>senvolvidosCurva PEVPLS-5000 RN-5000 PLS-6000 RN-6000 PLS-9000 RN-9000API 0,25 0,42 0,37 0,95 0,44 1,0850°C 0,59 0,73 0,56 0,65 0,58 0,4875°C 1,31 1,34 1,19 0,98 1,15 1,2895°C 1,38 1,36 1,39 1,36 1,34 1,06125°C 0,98 1,39 0,97 1,50 1,00 1,26149°C 0,86 1,19 0,97 0,97 1,04 0,87175°C 0,95 0,93 0,96 1,94 1,10 0,90200°C 0,83 1,26 1,08 2,34 1,21 1,11225°C 0,93 1,21 1,12 1,60 1,33 1,46250°C 1,07 1,12 1,13 1,93 1,54 1,22275°C 1,07 1,26 1,23 2,27 1,80 1,80300°C 1,23 1,50 1,27 1,84 1,30 2,52325°C 1,26 1,40 1,27 1,85 1,49 2,35350°C 1,37 1,71 1,26 1,28 1,47 2,48400°C 1,27 1,37 1,26 1,51 1,44 2,89425°C 1,22 1,41 1,25 1,40 1,35 2,53450°C 1,09 1,29 1,26 1,24 1,09 2,69500°C 1,14 1,69 1,22 1,29 1,31 1,56550°C 1,22 1,24 1,21 1,34 1,27 1,31600°C 1,34 1,58 1,34 1,72 1,30 1,30700°C 1,26 1,58 1,32 1,49 1,38 1,38750°C 1,35 1,25 1,22 1,36 1,39 1,30Média PEV 1,13 1,32 1,17 1,52 1,28 1,6172


RMSEP3,0RMSEP (%vol.)2,52,01,51,00,5PLS-5000RN-5000PLS-6000RN-6000PLS-9000RN-90000,00 100 200 300 400 500 600 700 800Temperatura (C)Figura 37. Valores <strong>de</strong> RMSEP para os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>senvolvidos para a previsão dacurva PEVRMSEP1,81,6RMSEP1,41,21,00,80,60,40,20,0PLS-5000 RN-5000 PLS-6000 RN-6000 PLS-9000 RN-9000Mo<strong>de</strong>loAPIPEVFigura 38. Valores <strong>de</strong> RMSEP médios para os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>senvolvidos para a previsãoda curva PEV (em % vol.) e da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> (em °API)73


Os dados apresentados sugerem que o mo<strong>de</strong>lo que fornece os melhoresresultados, ou seja, me<strong>no</strong>res valores <strong>de</strong> RMSEP, é o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>senvolvido <strong>por</strong> PLSutilizando o intervalo espectral <strong>de</strong> 5.000 a 3.900 cm -1 . Para confirmar essa conclusão,especialmente para a previsão da curva PEV, foi utilizado o teste estatístico t-pareado.Adotando a hipótese nula <strong>de</strong> que não existe diferença significativa <strong>no</strong> RMSEP médiofornecido <strong>por</strong> dois mo<strong>de</strong>los, o teste avalia se a média das diferenças entre os valores <strong>de</strong>RMSEP <strong>de</strong> cada variável mo<strong>de</strong>lada difere significativamente <strong>de</strong> zero [49,50].Para a avaliação estatística, os resultados <strong>de</strong> RMSEP do mo<strong>de</strong>lo PLS-5000 foramutilizados como referência. Para cada variável (volumes <strong>de</strong>stilados a 50°C, 75°C, etc),foi calculada a diferença entre o RMSEP obtido <strong>por</strong> esse mo<strong>de</strong>lo e o RMSEP obtido <strong>por</strong>cada um dos <strong>de</strong>mais mo<strong>de</strong>los. Foram computadas a média e o <strong>de</strong>svio padrão dasdiferenças para cada mo<strong>de</strong>lo testado. O valor <strong>de</strong> t observado foi calculado conforme aequação a seguir:xdntobs=(18)sdOn<strong>de</strong>:t obs= valor <strong>de</strong> t observadoxdsd= média das diferenças dos valores <strong>de</strong> RMSEP= <strong>de</strong>svio padrão das diferenças dos valores <strong>de</strong> RMSEPn = número <strong>de</strong> amostras (22 amostras)O valor <strong>de</strong> t crítico foi obtido através <strong>de</strong> uma tabela <strong>de</strong> distribuição t, para umintervalo <strong>de</strong> confiança <strong>de</strong> 95%, utilizando (n-1) graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>. Os valores <strong>de</strong> t obsforam comparados aos valores <strong>de</strong> t critico para cada mo<strong>de</strong>lo. A hipótese nula (<strong>de</strong> que nãoexiste diferença significativa entre os valores <strong>de</strong> RMSEP obtidos <strong>por</strong> dois mo<strong>de</strong>losdiferentes) é aceita sempre que o valor <strong>de</strong> t obs for igual ou me<strong>no</strong>r que o valor <strong>de</strong> t crítico .74


A tabela 11 apresenta os resultados obtidos <strong>no</strong> teste estatístico. Po<strong>de</strong>-se observarque apenas o mo<strong>de</strong>lo PLS-6000 apresentou resultados equivalentes ao mo<strong>de</strong>lo PLS-5000, ou seja, somente neste caso foi aceita a hipótese nula <strong>de</strong> que não existediferença significativa <strong>no</strong> RMSEP médio dos dois mo<strong>de</strong>los.Tabela 11. Resumo dos resultados dos testes estatísticos para avaliar o <strong>de</strong>sempenhodos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>senvolvidosRN-5000 PLS-6000 RN-6000 PLS-9000 RN-9000x d0,195 0,036 0,388 0,151 0,477s d0,168 0,099 0,458 0,203 0,613t obs 5,314 1,669 3,882 3,403 3,569t crit 2,086 2,086 2,086 2,086 2,086t obs me<strong>no</strong>r ou igual a t crit ? não sim não não nãoAs figuras 39 a 45 mostram gráficos <strong>de</strong> valores medidos versus previstos para a<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> e alguns pontos da curva PEV, utilizando o mo<strong>de</strong>lo PLS-5000.30Densida<strong>de</strong> (grau API)Valores previstos2826R 2 =0,9219RMSEP = 0,2472424 25 26 27 28 29 30Valores medidosFigura 39. Valores medidos x previstos para a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> pelo mo<strong>de</strong>lo PLS-500075


Curva PEV - volume a 125 °CValores previstos141210R 2 =0,6685RMSEP = 0,97688 10 12 14Valores medidosFigura 40. Valores medidos x previstos para o volume <strong>de</strong>stilado a 125°C da curva PEVpelo mo<strong>de</strong>lo PLS-5000Curva PEV - volume a 225 °C30Valores previstos28262422R 2 =0,7854RMSEP = 0,9302020 22 24 26 28 30Valores medidosFigura 41. Valores medidos x previstos para o volume <strong>de</strong>stilado a 225°C da curva PEVpelo mo<strong>de</strong>lo PLS-500076


Curva PEV - volume a 325 °C47Valores previstos4543413937R 2 =0,7112RMSEP = 1,2593535 37 39 41 43 45 47Valores medidosFigura 42. Valores medidos x previstos para o volume <strong>de</strong>stilado a 325°C da curva PEVpelo mo<strong>de</strong>lo PLS-5000Curva PEV - volume a 400 °C58Valores previstos56545250R 2 =0,7384RMSEP = 1,2714848 50 52 54 56 58Valores medidosFigura 43. Valores medidos x previstos para o volume <strong>de</strong>stilado a 400°C da curva PEVpelo mo<strong>de</strong>lo PLS-500077


Curva PEV - volume a 500 °C74Valores previstos72706866R 2 =0,5962RMSEP = 1,1446465 67 69 71 73Valores medidosFigura 44. Valores medidos x previstos para o volume <strong>de</strong>stilado a 500°C da curva PEVpelo mo<strong>de</strong>lo PLS-500085Curva PEV - volume a 600 °CValores previstos8381R 2 =0,5860RMSEP = 1,3397979 80 81 82 83 84 85Valores medidosFigura 45. Valores medidos x previstos para o volume <strong>de</strong>stilado a 600°C da curva PEVpelo mo<strong>de</strong>lo PLS-500078


5.2. CALIBRAÇÃO POR REDES NEURAIS ARTIFICIAIS (ANN) A PARTIR DAEQUAÇÃO POLINOMIAL DA CURVA PEVPara a avaliação dos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>senvolvidos para a previsão dos coeficientes daequação poli<strong>no</strong>mial da curva PEV, um <strong>no</strong>vo conjunto <strong>de</strong> validação foi utilizado (vejaApêndice A9). Os espectros das amostras <strong>de</strong> validação foram <strong>de</strong>compostos <strong>por</strong> PCA(conforme mo<strong>de</strong>lo estabelecido pelo conjunto <strong>de</strong> treinamento) para a obtenção dosescores dos 9 componentes principais. Esses valores foram introduzidos <strong>no</strong> mo<strong>de</strong>lopara a previsão dos coeficientes da equação poli<strong>no</strong>mial <strong>de</strong> terceira or<strong>de</strong>m.Aplicando os coeficientes à equação poli<strong>no</strong>mial, foram obtidas as curvas PEVprevistas, que foram comparadas às curvas obtidas experimentalmente. Os resultadosobtidos para o conjunto <strong>de</strong> validação encontram-se <strong>no</strong>s Apêndices A11 e A12. A figura46 apresenta os valores <strong>de</strong> RMSEP para cada ponto da curva PEV prevista <strong>por</strong> ANNpara o conjunto <strong>de</strong> validação.RMSEP12,010,0RMSEP (%vol.)8,06,04,02,00,00 100 200 300 400 500 600 700 800Temperatura (°C)Figura 46. Valores <strong>de</strong> RMSEP dos pontos da curva PEV prevista <strong>por</strong> ANN (através doscoeficientes da equação poli<strong>no</strong>mial)A figura 47 ilustra um com<strong>por</strong>tamento observado em várias amostras do conjunto<strong>de</strong> validação. Ela mostra uma curva PEV prevista pela calibração <strong>por</strong> ANN comparada à79


curva obtida experimentalmente e ao ajuste poli<strong>no</strong>mial original. Po<strong>de</strong>-se observar que,<strong>de</strong>vido ao erro <strong>de</strong> previsão dos coeficientes, a curva prevista ten<strong>de</strong> a apresentar umafastamento significativo da curva experimental especialmente a partir dos 350°C,intensificado progressivamente à medida que a temperatura aumenta.800Amostra Cabiúnas Mistura600Temperatura (C40020000 20 40 60 80 100Vol. (%)polinômio predito realFigura 47. Curvas PEV prevista <strong>por</strong> ANN e obtida experimentalmente para o petróleoCabiúnas Mistura80


5.3. PREVISÃO DA CURVA PEV ATRAVÉS DO AJUSTE POLINOMIAL DOSVALORES INDIVIDUAIS PREVISTOSA tabela 12 e a figura 48 mostram os resultados comparativos dos valores <strong>de</strong>RMSEP obtidos pelos mo<strong>de</strong>los PLS-5000 e PLS-5000P (resultados obtidos após ajustepoli<strong>no</strong>mial). Os números em vermelho na tabela se referem aos me<strong>no</strong>res valores <strong>de</strong>RMSEP para cada variável.Tabela 12. Valores <strong>de</strong> RMSEP para os mo<strong>de</strong>los PLS-5000 e PLS-5000P(em %v)Curva PEVTemperatura PLS-5000 PLS-5000P50°C 0,59 0,5975°C 1,31 1,1795°C 1,38 1,29125°C 0,98 1,11149°C 0,86 1,06175°C 0,95 1,00200°C 0,83 0,98225°C 0,93 0,99250°C 1,07 1,03275°C 1,07 1,09300°C 1,23 1,16325°C 1,26 1,22350°C 1,37 1,25400°C 1,27 1,20425°C 1,22 1,14450°C 1,09 1,08500°C 1,14 1,05550°C 1,22 1,08600°C 1,34 1,23700°C 1,26 1,40750°C 1,35 1,31Média PEV 1,13 1,1281


RMSEPRMSEP (%vol.)1,51,41,31,21,11,00,90,80,70,60,50 100 200 300 400 500 600 700 800Temperatura (°C)PLS-5000PLS-5000PFigura 48. Valores <strong>de</strong> RMSEP para os mo<strong>de</strong>los PLS-5000 e PLS-5000PAs figuras 49 a 53 apresentam os valores <strong>de</strong> resíduo das previsões das curvasPEV das cinco amostras do conjunto <strong>de</strong> calibração re<strong>por</strong>tadas nas figuras 27 a 36,comparando os mo<strong>de</strong>los PLS-5000 e PLS-5000P (após ajuste poli<strong>no</strong>mial da curvaPEV). Observa-se uma suavização das curvas <strong>de</strong> resíduo com a aplicação do ajustepoli<strong>no</strong>mial (mo<strong>de</strong>lo PLS-5000P).82


2,001,501,00Resíduo (%vol.)0,500,00-0,50PLS-5000PLS-5000P-1,00-1,50-2,000 100 200 300 400 500 600 700 800Temperatura (°C)Figura 49. Resíduo das previsões da curva PEV da amostra PBP117081,501,00Resíduo (%vol.)0,500,00PLS-5000PLS-5000P-0,50-1,000 100 200 300 400 500 600 700 800Temperatura (°C)Figura 50. Resíduo das previsões da curva PEV da amostra PBP1220683


2,001,50Resíduo (%vol.)1,000,500,00PLS-5000PLS-5000P-0,50-1,000 100 200 300 400 500 600 700 800Temperatura (°C)Figura 51. Resíduo das previsões da curva PEV da amostra PBP124782,001,50Resíduo (%vol.)1,000,50PLS-5000PLS-5000P0,00-0,500 100 200 300 400 500 600 700 800Temperatura (°C)Figura 52. Resíduo das previsões da curva PEV da amostra PBP1221484


1,51Resíduo (%vol.)0,50PLS-5000PLS-5000P-0,5-10 100 200 300 400 500 600 700 800Temperatura (°C)Figura 53. Resíduo das previsões da curva PEV da amostra PBP116975.4. DETERMINAÇÃO DA PRECISÃO DO MÉTODOA tabela 13 apresenta os resultados <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio padrão, faixa e repetitivida<strong>de</strong> dasvariáveis previstas para as três amostras usadas <strong>no</strong> teste <strong>de</strong> precisão. A figura 54apresenta os valores <strong>de</strong> repetitivida<strong>de</strong> obtidos ao longo da curva PEV para as trêsamostras.Observa-se que o maior resultado <strong>de</strong> repetitivida<strong>de</strong> encontrado <strong>no</strong> teste para aprevisão da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> foi <strong>de</strong> 0,177 e para a curva PEV foi 1,029 % v. Ambos os valoressão inferiores aos limites máximos <strong>de</strong> precisão estabelecidos pelos métodos <strong>de</strong>referência.85


Tabela 13. Resultados do teste <strong>de</strong> precisão (em °API para <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> e °C para ospontos da curva PEV)CURVA PEVAmostra 1 Amostra 2 Amostra 3Desv. Pad. Faixa Repet. Desv. Pad. Faixa Repet. Desv. Pad. Faixa Repet.API 0,064 0,196 0,176 0,064 0,161 0,177 0,054 0,187 0,15150°C 0,075 0,245 0,209 0,114 0,309 0,315 0,056 0,152 0,15775°C 0,103 0,294 0,286 0,100 0,356 0,276 0,070 0,191 0,19595°C 0,109 0,339 0,302 0,082 0,206 0,229 0,085 0,296 0,235125°C 0,112 0,367 0,312 0,092 0,239 0,254 0,076 0,255 0,211149°C 0,124 0,436 0,344 0,128 0,389 0,354 0,087 0,299 0,240175°C 0,124 0,408 0,343 0,241 0,714 0,667 0,121 0,363 0,336200°C 0,212 0,660 0,588 0,143 0,416 0,397 0,167 0,438 0,462225°C 0,252 0,879 0,698 0,177 0,492 0,490 0,205 0,655 0,569250°C 0,371 1,363 1,029 0,164 0,560 0,455 0,246 0,797 0,682275°C 0,311 0,946 0,863 0,245 0,719 0,678 0,190 0,553 0,527300°C 0,311 1,038 0,863 0,264 0,785 0,732 0,192 0,677 0,532325°C 0,324 1,074 0,899 0,246 0,747 0,683 0,198 0,648 0,548350°C 0,224 0,743 0,620 0,245 0,724 0,680 0,224 0,544 0,620400°C 0,236 0,648 0,654 0,247 0,654 0,685 0,196 0,640 0,542425°C 0,233 0,658 0,645 0,250 0,668 0,692 0,187 0,610 0,518450°C 0,319 1,206 0,884 0,171 0,546 0,473 0,238 0,639 0,660500°C 0,364 1,240 1,009 0,292 0,994 0,810 0,256 0,962 0,711550°C 0,209 0,696 0,579 0,127 0,404 0,353 0,122 0,416 0,337600°C 0,278 0,888 0,770 0,110 0,364 0,306 0,144 0,520 0,398700°C 0,124 0,349 0,343 0,096 0,345 0,267 0,094 0,257 0,262750°C 0,312 0,836 0,864 0,175 0,538 0,484 0,229 0,612 0,6361,21Repetitivida<strong>de</strong> (% vol.)0,80,60,40,2Amostra 1Amostra 2Amostra 300 100 200 300 400 500 600 700 800Ponto (°C)Figura 54. Repetitivida<strong>de</strong> das previsões dos pontos da curva PEV86


5.5. AVALIAÇÃO DO MODELO PLS-5000 EM RELAÇÃO A UM SIMULADOR DEPROCESSOAs curvas PEV previstas <strong>por</strong> PLS (mo<strong>de</strong>lo PLS-5000) foram comparadas àscurvas obtidas <strong>por</strong> um simulador <strong>de</strong> processo (Hysys, da Hyprotech) <strong>no</strong>rmalmenteutilizado na REVAP. Esse simulador prevê a curva PEV da carga da unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>stilação através da média pon<strong>de</strong>rada, em base volumétrica, das curvas PEVindividuais dos petróleos que compõem a carga. Tal cálculo apresenta <strong>de</strong>sviossignificativos em relação à PEV experimental <strong>de</strong>vido à incerteza da composição dacarga e à falta <strong>de</strong> atualização periódica das curvas PEV dos petróleos individuais.As figuras 55 e 56 ilustram os resultados previstos através da espectroscopia NIRe os obtidos pelo simulador <strong>de</strong> processo, comparados aos valores experimentais paraduas amostras pertencentes ao conjunto <strong>de</strong> validação externa.800600Temperatura (°C)400HysysASTMNIR20000 20 40 60 80 100Destilado(%Vol)Figura 55. Comparação dos resultados previstos <strong>por</strong> NIR e pelo simulador (Hysys) comcurva PEV experimental - amostra <strong>de</strong> 22/04/0387


800600Temperatura (°C)400HysysASTMNIR20000 20 40 60 80 100Destilado(%Vol)Figura 56. Comparação dos resultados previstos <strong>por</strong> NIR e pelo simulador (Hysys) comcurva PEV experimental - amostra 23/05/03O <strong>de</strong>sempenho superior das previsões <strong>por</strong> espectroscopia NIR em relação aosimulador <strong>de</strong> processo atualmente em uso reflete-se diretamente <strong>no</strong> cálculo <strong>de</strong>rendimento dos produtos da <strong>de</strong>stilação. A partir dos dados das curvas PEV(experimental e previstas), foram calculados (para as amostras com valores disponíveis<strong>de</strong> PEV previstos pelo simulador) os rendimentos dos seguintes produtos, <strong>de</strong> acordocom as faixas <strong>de</strong> ebulição mencionadas:- Nafta: 35 a 150 °C- Querosene: 150 a 250 °C- Óleo Diesel: 250 a 375 °C- Óleo Diesel pesado: 375 a 425 °C- Produtos pesados: 425 a 550 °C- Resíduos: acima <strong>de</strong> 550 °CAs figuras 57 e 58 apresentam os rendimentos <strong>de</strong>sses produtos para as amostrascujas curvas PEV foram exibidas nas figuras 55 e 56. Como po<strong>de</strong> ser observado, a88


previsão da curva PEV através dos espectros NIR fornece melhores estimativas <strong>de</strong>rendimento do que o uso do simulador <strong>de</strong> processo.RendimentosAmostra 22/04/03Rendimento302520151050HysysPEVNIRNAFTAQUERODIEDIEPESPESARESProdutoFigura 57. Rendimentos (%v) dos produtos para amostra 22/04/03RendimentosAmostra 23/05/03Rendimento302520151050HysysPEVNIRNAFTAQUERODIEDIEPESPESARESProdutoFigura 58. Rendimentos (%v) dos produtos para amostra 23/05/0389


6. CONCLUSÕES6.1. QUANTO À OBTENÇÃO DOS ESPECTROSA obtenção dos espectros <strong>de</strong> petróleo através da sonda com fibra ótica permitiriauma operação mais rápida e facilitaria a implantação <strong>de</strong>ssa técnica num analisador <strong>de</strong>processo. Entretanto, com os caminhos óticos testados, as bandas <strong>de</strong> combinações esobretons ficaram evi<strong>de</strong>ntes, <strong>por</strong>ém com intensida<strong>de</strong>s muito altas e conseqüenteprejuízo na relação sinal-ruído dos espectros tomados.O uso da cela <strong>de</strong> transmitância com caminho ótico <strong>de</strong> 0,5 mm possibilitou aobtenção <strong>de</strong> espectros <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> especialmente na região das bandas <strong>de</strong>combinações e primeiro sobretom, apesar do efeito <strong>de</strong> espalhamento observado.6.2. QUANTO ÀS CALIBRAÇÕES DESENVOLVIDASDos mo<strong>de</strong>los avaliados, os melhores resultados foram obtidos utilizando ointervalo espectral <strong>de</strong> 5.000 a 3.900 cm -1 (cerca <strong>de</strong> 2.500 a 4.000 nm) e a regressão <strong>por</strong>PLS. Um teste estatístico mostrou que a região <strong>de</strong> 6.000 a 3.700 cm -1 (cerca <strong>de</strong> 2.700 a1.650 nm), também utilizando regressão <strong>por</strong> PLS, fornece resultados equivalentes.Os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>senvolvidos <strong>por</strong> ANN forneceram maiores valores <strong>de</strong> erro <strong>de</strong>previsão do que os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>senvolvidos <strong>por</strong> PLS, para os três intervalos espectraisavaliados.A mo<strong>de</strong>lagem da curva PEV através dos coeficientes da equação poli<strong>no</strong>mialpo<strong>de</strong>ria facilitar o <strong>de</strong>senvolvimento das calibrações e futuras atualizações dos mo<strong>de</strong>los.A utilização <strong>de</strong> Re<strong>de</strong>s Neurais Artificiais para essa mo<strong>de</strong>lagem mostrou resultadosrazoáveis, <strong>por</strong>ém não forneceu a exatidão requerida para a previsão dos fatorespoli<strong>no</strong>minais das curvas PEV.O ajuste poli<strong>no</strong>mial a partir dos pontos individuais previstos da curva PEVpro<strong>por</strong>cio<strong>no</strong>u uma melhoria <strong>no</strong>s resultados, com a suavização da curva <strong>de</strong> resíduos,diminuindo o valor do resíduo máximo encontrado na previsão da curva PEV.90


O uso da técnica <strong>de</strong> calibração <strong>por</strong> PLS forneceu bons resultados <strong>no</strong> intervalo <strong>de</strong>50 a 700°C. Um problema encontrado foi a distribuição não uniforme das amostras <strong>no</strong>sintervalos <strong>de</strong> calibração. Essa distribuição favorece o <strong>de</strong>slocamento dos resultados <strong>de</strong>previsão para o centro do intervalo <strong>de</strong> calibração e prejudica as previsões <strong>de</strong> amostrasque apresentam resultados mais distantes do valor médio. O número limitado <strong>de</strong>amostras impediu a retirada das amostras exce<strong>de</strong>ntes na faixa central sem prejudicar aquantida<strong>de</strong> necessária para estabelecer as relações entre espectros e proprieda<strong>de</strong>s.A previsão da curva PEV <strong>por</strong> NIR mostrou resultados superiores à previsãoatravés da pon<strong>de</strong>ração volumétrica dos petróleos pelo simulador HYSYS, procedimentoatual realizado na refinaria, fornecendo inclusive melhores estimativas <strong>de</strong> rendimentos<strong>de</strong> produtos.O teste <strong>de</strong> repetitivida<strong>de</strong> mostrou bons resultados, <strong>de</strong>ntro da precisão re<strong>por</strong>tada<strong>no</strong> método <strong>de</strong> referência para a curva PEV e a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>.91


7. SUGESTÕES DE NOVOS ESTUDOSUma das limitações do método <strong>de</strong>senvolvido é que a amostra a ser analisada<strong>de</strong>ve ser necessariamente líquida à temperatura ambiente, com flui<strong>de</strong>z suficiente parainjeção na cela <strong>de</strong> transmitância <strong>por</strong> meio <strong>de</strong> uma seringa. Assim, o procedimento não éa<strong>de</strong>quado para amostras altamente parafínicas, que se solidificam à temperatura <strong>de</strong>análise. Um estudo po<strong>de</strong>ria ser realizado para avaliar a obtenção <strong>de</strong> espectros atemperaturas mais altas, para contornar esse problema.O método mostrou-se a<strong>de</strong>quado para analisar amostras <strong>de</strong> cargas provenientes<strong>de</strong> uma refinaria brasileira específica (REVAP). Um <strong>no</strong>vo estudo po<strong>de</strong>ria avaliar aaplicabilida<strong>de</strong> dos mo<strong>de</strong>los para cargas <strong>de</strong> outras refinarias do país ou o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>no</strong>vos mo<strong>de</strong>los com amostras <strong>de</strong> várias procedências para torná-lomais abrangente.92


8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. SPEIGHT, J. The chemistry and tech<strong>no</strong>logy of petroleum. New York: M. Dekker,19982. AMERICAN SOCIETY FOR TESTING MATERIALS. ASTM D 287: Standard testmethod for API gravity of cru<strong>de</strong> petroleum and petroleum products (HydrometerMethod). West Conshohoken, PA, 1992. (Reaproved 2000 E 1 ).3. AMERICAN SOCIETY FOR TESTING MATERIALS. ASTM D 1298 E 2 : Standardtest method for <strong>de</strong>nsity, relative <strong>de</strong>nsity or API gravity of cru<strong>de</strong> petroleum and liquidpetroleum products by hydrometer method. West Conshohoken, PA, 1999.4. AMERICAN SOCIETY FOR TESTING MATERIALS. ASTM D 2892 Rev. A:Standard test method for distillation of cru<strong>de</strong> petroleum (15-theoretical platecolumn). West Conshohoken, PA, 2003.5. AMERICAN SOCIETY FOR TESTING MATERIALS. ASTM 2887 Rev. A: Standardtest method for boiling range distribution of petroleum fractions by gaschromatography. West Conshohoken, PA, 20046. VALLEUR, M. Spectroscopic methods in refining and petrochemicals. PTQ, CravenArms,p.81-85,Winter,1999. Disponível em: acesso em: 17<strong>no</strong>v. 20047. BÜTTNER, G. The use of NIR analysis for refineries. Process Control andQuality,Washington, D.C., v. 9, p. 197-203, 1997.8. PASQUINI, C. Near Infrared Spectroscopy: fundamentals, practical aspects andanalytical applications. Journal of the Brazilian Chemical Society, São Paulo,v.14, p.198-219, 2003.9. SKOOG, D.; LEARY, J. Principles of Instrumental Analysis. 4 th ed. Phila<strong>de</strong>lphia:Saun<strong>de</strong>rs College Publishing, 1992. 700 p.10. WORMAN, J. Review of process and <strong>no</strong>n-invasive near-infrared and infraredspectroscopy: 1993-1999. Applied Spectroscopy Reviews, New York, v. 34, p. 1-89, 1999.11. SIESLER, H.; OZAKI, Y.; KAWATA, S. et al. Near-Infrared Spectroscopy.Weinheim: Wiley-Vch Verkag, 2002. 348 p.93


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APÊNDICES99


A1 – Conjunto <strong>de</strong> Validação – parâmetros originais101


A2 – Conjunto <strong>de</strong> Validação – valores previstospelos mo<strong>de</strong>los PLS-5000102


A3 – Conjunto <strong>de</strong> Validação – valores previstospelos mo<strong>de</strong>los RN-5000103


A4 – Conjunto <strong>de</strong> Validação – valores previstospelos mo<strong>de</strong>los PLS-6000104


A5 – Conjunto <strong>de</strong> Validação – valores previstospelos mo<strong>de</strong>los RN-6000105


A6 – Conjunto <strong>de</strong> Validação – valores previstospelos mo<strong>de</strong>los PLS-9000106


A7– Conjunto <strong>de</strong> Validação – valores previstospelos mo<strong>de</strong>los RN-9000107


A8 – Conjunto <strong>de</strong> Validação – valores previstospelos mo<strong>de</strong>los PLS-5000P108


A9 – Conjunto <strong>de</strong> Validação para teste ANN com equação poli<strong>no</strong>mial da curvaPEV – parâmetros originais109


A10 – Conjunto <strong>de</strong> Validação para teste ANN com equação poli<strong>no</strong>mial da curvaPEV – valores obtidos pelas equações poli<strong>no</strong>miais110


A11 – Conjunto <strong>de</strong> Validação para teste ANN com equação poli<strong>no</strong>mial da curvaPEV – valores previstos111


A12 – Conjunto <strong>de</strong> Validação para teste ANN com equação poli<strong>no</strong>mial da curvaPEV – coeficientes <strong>de</strong>terminados e previstos112

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