/u~aluIrn Manuel de Macedo - rio.rj.gov.br

Irene e Inks, ou, como o povo as chamava, os dots lirios, tomaramao pk da letra a ordem de AntBnio Pires, e a tolerante concessZo deJerBnimo, e rnandaram comprar com as cautelas que o padrinho de lndsaconselhara algumas duzias de lim6es-de-cheiro.Enquanto na"o chegarn os compradores de lirn6es-de-cheiro queas meninas despacharam, matarei o tempo, conversando sobre o entrudo.Hh cerca de vinte anos que a mascara rnatou a seringa, que opasseio e o baile carnavalesco da nova civiliza~Zo aniquilaram o entrudo doscostumes rudes trazidos dos seculos passados. A gera~a"o moderna ainda hojeouve descri~6es completas desse folguedo, loucura festiva de trb dias; daquimais a vinte anos ninguhm se lembrara do entrudo, e poucos cornpreende~a"~o que era entrudo.0 entrudo era durante os trQ dias que se chamarn do carnavalo jogo delirante de todas as idades, desde o menino ate o velho, de ambosos sexos, e de todas as classes da sociedade, de todas, porque tambem os escravosjogavam entre si.0 jogo consistia essencialmente em molharern-se uns aos outros;o exaltamento e o frenesi dos jogadores, uma vez travado o cornbate, nZo selirnitavarn a agua e com outros meios enxovalhavarn, como podiam, naturalmentehavia no jogo praticas delicadas, prhticas rudes e praticas selvagens.A prhtica delicada adotava o lirnzo de cera cheio de aguas perfumadas,e tolerava a seringa esguichando hguas da rnesma natureza; a prhticarude ostentava-se no banho de corpo inteiro dado 9 for~a em grandes garnelBesou banheiras de pau, e na aplica~b do polvilho ao rosto; a prhticaselvagem apelava para todas as tintas, e ate nos jantares para o arrojo de caldosgordurosos e com especialidade de - arroz-de-leite - ao rosto e ao corpodos jogadores.Molhar sem ser molhado era para alguns ponto de vaidade, queem geral se reputa\a de rnau gosto, quando se jogava o entrudo comsen horas.