/u~aluIrn Manuel de Macedo - rio.rj.gov.br
/u~aluIrn Manuel de Macedo - rio.rj.gov.br
/u~aluIrn Manuel de Macedo - rio.rj.gov.br
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
aviltamento que me repugna; impuseste-me, como condiq50 essential doteu amor, a companhia e a socieda<strong>de</strong> do homem que mais <strong>de</strong>testo; resistilongas semanas; mas enfim, <strong>de</strong>sonrei-me para que me a<strong>br</strong>isses os <strong>br</strong>avos; duasmanchas enegrecem-me a vida: 6 uma a tolerancia, corn que suporto a entrada<strong>de</strong> Alexandre Cardoso nesta casa, que <strong>de</strong>verh ser somente minha peloamor, e on<strong>de</strong> eu penetro como ladrb <strong>de</strong> tesouro alheio; 6 outra essa <strong>de</strong>slealda<strong>de</strong>icdigna, com que espio para te contar asaqbes e os passos do meu inimigo.- Do <strong>rio</strong>sso inimigo, murmurou surdamente Maria.- Pois bem: dois oprtjb<strong>rio</strong>s jB s50 <strong>de</strong>mais e na"o me submeto aterceiro; sei e sabes a moeda que me paga a infgmia da <strong>de</strong>slealda<strong>de</strong> e da espionagem;acabas <strong>de</strong> <strong>de</strong>clarar-me que tens um outro e mais <strong>de</strong>z espi6es: cornque moeda lhos pagas, Maria?. . .A feiticeira moqa sorriu-se docemente, e inclinou a cabeqa, procurandocorn os lhbios a face <strong>de</strong> Goncalo Pereira; este, porem, susteve-a,pondo-lhe as m5os nos om<strong>br</strong>os formosos e nus, e renovou a pergunta:- Corn que moeda lhos pagas? ...Maria respon<strong>de</strong>u seriamente:- Na minha vida con<strong>de</strong>nada, tenho ao menos o born costume <strong>de</strong>iludir as perguntas, quando ngo me conv6m confessar a verda<strong>de</strong>, e <strong>de</strong> nuncamentir, quando falo ou respond0 positivamente.- Tanto melhor!- 0 meu outro espi50 e Ange~o, a quem amei at6 que te encon-trei no caminho da minha vida, e que <strong>de</strong>ste entb 6 apenas interesseiro instrumento<strong>de</strong> meus projetos <strong>de</strong> vinganqa; os outros s b as mulheres que tudo -dizem, velhas a quem protejo, moqos e velhos que <strong>de</strong> meus auxilios precisam,e que muitas vezes me servem sem saber que o fazem.- Maria!- Eu te juro, Gonqalo; nb tens rival no meu coraqb e nem seimais ter caprichos loucos: amo d a ti e quero-te por meu senhor; se urn diamudar <strong>de</strong> sentimentos, quem primeiro to ha <strong>de</strong> dizer, sou eu.E a sereia que cantara, inclinou <strong>de</strong> novo a cabep, as mzos dooficial ce<strong>de</strong>ram e ropndo pelo tronco, foram apertar a cintura mais <strong>de</strong>licada,enquanto os lhbios da amante beijavam a face do amado.Maria pagava a <strong>de</strong>slealda<strong>de</strong> e a espionagem, alucinando o oficialperdidamente escravo da sua beleza e dos seus invites fascinadores.Vencido o impeto <strong>de</strong> ciirme e embotados os santos escrupulos eprotestos <strong>de</strong> honra sacrificados paixgo mais violenta, Maria, voluptuosa-mente reclinada na ca<strong>de</strong>ira em que se sentara, corn urn lindo anel <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ixa,que fugira ao penteado j6 meio confuso, a <strong>br</strong>incar-lhe na face levementecorada, disse a Gonqalo:- Contigo eu me perco, porque esqueqo o mundo. . .- E para que lem<strong>br</strong>a-lo?