/u~aluIrn Manuel de Macedo - rio.rj.gov.br

IIIiIhe rnornentanearnente (nas festas) o fluxo, para que se apague o fog0 que inevitavelmenteincendeia os corpos, sern que as casas caiarn, destruindo-se a ordern.Sobretudo no carna'val, corno diz jB o seculo XX: "Menina, vai, cornjeito vai, sen% urn dia, a casa cai". Antes apaziguar o desejo, canalizando-oem festas que o organizern coletivarnente, em perlodos de excego, que deixB-loirrornper anarquicarnente. Sengo, urn dia, a casa cai. JB no s6cu16 XIX,evidencia-se a funqzo catBrtica, purificadora do carnaval:1. . .) os folguedos do nosso carnaval nso sgo menos perigosos doque o antigo entrudo, no que diz respeito i sabde dos que nele tomamoarte; mas em relaq50 d moral a sociedade moralizada fi-cou menos exposta. 0 nosso carnaval tambkm facilita mil abusos,mas em regra as vitimas desses abusos ngo t&m muito que perdercom eles fp. 77).Se o desejo aflora principalrnente nas festas, a rebeligo irrornpe quandoo elernento agenciador se encobre, descaracterizando-se. Ao longo dotexto, verifica-se que seu process0 bBsico 6 o do encobrirnento - urn jog0 dedissirnulaqZo e rnascararnento que se realiza em vBrios nlveis.Evidenciada a partir do proprio tltulo, a rnantilha e o elernento-chavedeste rnecanisrno de disfarce. De objeto de uso utilizado pelas rnulheres honestasdo seculo XVIII, passa na obra a exercer a funqb de possibilitadorada verdade, pois 6 atraves dela que personagens agern, objetivamente, cornsua identidade encoberta. Logo no inlcio da narrativa, estudantes do SerninBrioSb Jose anunciarn ao povo a situaqgo de forqa irnposta pelo vice-rei, ernetarnorfoseiarn-se em rnulheres de mantilha para escapar A furia da genteoficial. Tarnbkrn Maria, amante de Alexandre Cardoso, utiliza a rnantilhapara rnontar urn jog0 de descobertas e armar aq6es de outros personagens. Evelhas pobres, envoltas em veus, esrnolarn pelas portas 2 :ervem de conndentese recadistas do arnor. Assim, figuras encobrern-se de veus e devassarna verdade, agilizando aq8es de rebeligo.Nurn momento de repressgo, rnascarar atos e perder a identidade nocoletivo e uma possibilidade para que a critica se afirme sem comprometerseu enunciador. Cartas e relatorios,anbnirnos t6rn grande importancia na trama,pois e atraves deles que o vice-rei vai, aos poucos, tomando conhecirnentodas reais atitudes de seu oficial-de-sala. Alern desses elementos, pasquinscolocados "a noite nas portas das igrejas, nas paredes das casas e dos muros"e lundus reforcam a oposiqZo ao governo. E corno o grande signo do livro 15o da opressZo, a tecnica do narrar persegue o encobrimento at6 &smo narelacgo narradorlleitor. Este deve recolher as pistas que stio deixadas ao longoda intriga, buscando as identidades que se escondem por tras de manti-Ihas, disfarces e docurnentos an6nimos.