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po, e outro do bispo ao vice-rei.A prisb e remessa de Cl6lio fiias para Lisboa eram exigidas.0 velho tornou a ler e a reler os documentos, e depois caindo dejoelhos disse corn voz sumida:- Salve-me pelo amor de Jesus Cristo!Alexandre Cardoso pbs-se a rir; o velho quase chorava.- Mandei-te eu chamar para te prender, pobre milionhrio hias?- Salva-me! repetiu o velho.- Quanto te devo eu hoje?- Ah, senhor! creio que coisa nenhuma. . .- NZo, usurBrio; o que eu devo, devo, hei de pagar-te.E Alexandre Cardoso renovou a pergunta.- Quanto te devo eu at6 hoje?- Cinco mil cruzados.- quase nada.Cl6lio hias arregalou os olhos.- Um homem da minha hierarquia ou n k deve, ou deve maisdo que isso, disse Alexandre Cardoso.0 velho tremia e esperava.- Quero esta noite dever-te o dobro dessa quantia; jB o disse.- 0 dobro?!!!- Achas pouco? Talvez tenhas razgo; espera: deixa-me examinaroutra vez esses paphis.Clelio hias teve medo de que o novo exame determinasse aumentoda exinbncia, e perauntou:- Onde levarei os cinco mil cruzados?- A minha casa Is seis horas da tarde.- E estes pap&?- Queima-10s-ei B tua vista.0 velho usur6rio refletiu por aloum tempo: tornou a ler e a exa-minar a dendncia e os oficios, foi pouco a pouco recobrando o lnimo perdidoe por fim disse com uma certa acentua~b de malicia na voz:- Eu preferia que me passasse a clareza da dlvida em um desses~ap6is.Alexandre Cardoso corou.- MiserBvel!- Quest30 de seguranqa: quem me responde pela futura complacenciado meu denunciante?- Eu.- Nb me basta.- E de que te serve a clareza passada em um desses documentos?- Ah! de muito! Se eu for outra vez denunciado, o senhor aju-
dante o oficial-de-sala me salvari ou eu o perderei com o papel da clareza.Alexandre Cardoso conteve uma imprecaq20 e disse:- Retira-te.- Quer que vB As seis horas?- N2o: mudei de parecer.Cl6lio hias, que perdera o medo, tornou:- Tenho outra id6ia. . .- Retira-te, judeu!- PerdZo, senhor: olhe que estB elevando a voz.Alexandre Cardoso encarou corn raiva o teimoso velho, queprosseguiu:- Levarei as seis horas a clareza da dlvida antiga e mais cincomil cruzados em boa moeda, e em troca da clareza e do dinheiro recebereia denirncia e os dois offcios; mas doravante o senhor Tenente-Coronelarranjari as coisas de modo que eu nZo seja outra vez denunciado, e que alemdisso eu com o meu prbprio nome ou corn o de outro ou de outros, venha ater por administra~zo as melhores obras pdblicas, e por contrato os melhoresfornecimentos para as tropas del-rei, e pela minha parte eu tamb6marranjareias coisas de modo que os lucros sejam irml e honradamente-repartidosentre mim e o meu dcio encoberto.'Alexandre Cardoso respondeu a tremer por sua vez:- Bruto! N b sentes que me insultas?. .0 usuririo, rindo-se corn urn rir ir6nico e repugnante, debru~ousena mesa do ajudante oficialde-sala, firmou o queixo sobre os punhos,fitou Alexandre Cardoso e continuou, dizendo:- Que insulto? 0 que eu sei 6 que esses pap& s b falsos masque o senhor Tenente-Coronel e bem capaz de os arranjar verdadeiros e deperder-me para sempre, e tamb6m ainda sei que o senhor precisa muitas vezesde dinheiro; ora mesmo falsos como s50, esses pap& me servem muito:dou por eles o que disse, sob a condi~zo da sociedade, em que lucraremosbastante, e sem receio urn do outro; porque ficaremos ambos em mdtua dependencia.lsso e que e ser franco: serve-lhe?Alexandre Cardoso viu aberta a seus olhos uma mina de ouro,e respondeu:- As seis horas em minha casa.Cl6lio hias saiu.
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Entre Vhs, Sombras e DesejosMaria C
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