13.07.2015 Views

/u~aluIrn Manuel de Macedo - rio.rj.gov.br

/u~aluIrn Manuel de Macedo - rio.rj.gov.br

/u~aluIrn Manuel de Macedo - rio.rj.gov.br

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Afirrnq-se, entgo, a positivida<strong>de</strong> da forqa <strong>de</strong>sejante. A quest% que secoloca, segundq a pr6pria organiza~b do enredo, refere-se a forma comotal forqa, em principio <strong>de</strong>sagregadora, <strong>de</strong>ve se organizar coletivamente, paraque se mantenha a or<strong>de</strong>m. Sengo, vejamos: em primeiro lugar, nzo 6 toaque o espaqo do entrudo e tgo dilatado no texto, promovendo a momentoerii que se alonga a narrativa o que seria interval0 na austerida<strong>de</strong> "clausuraldas famllias";'alem disso, gran<strong>de</strong> parte dos capitulos <strong>de</strong>dicados ao entrudodb conta dos fatos ocorridos durante os dias em que tal festa popular haviasido proibida pelo vice-rei. Encontramos, ainda, mais um cu<strong>rio</strong>so elementopara avancar nossas investiga~6es a respeito <strong>de</strong> como um autor do sbculoXIX pensou a questgo do <strong>de</strong>sejo. Com efeito, quando, no capltulo XXXV,libera-se o entrudo, o texto e tomado por meteforas <strong>de</strong> <strong>de</strong>srepressb e <strong>de</strong>safogo:o fluxo do <strong>de</strong>sejo, ate entgo contido, transborda, qua1 Bgua represada,<strong>de</strong>rrubando pare<strong>de</strong>s e diques:A tar<strong>de</strong> e a noite <strong>de</strong> terca-feira, o cjltimo dia <strong>de</strong> entrudo, foram <strong>de</strong>alegria, <strong>de</strong> <strong>de</strong>li<strong>rio</strong>, <strong>de</strong> frenesi, e <strong>de</strong> inocente loucura na cida<strong>de</strong> doRio <strong>de</strong> Janeiro.0 jog0 do entrudo proibido nos seus dois primeiros dias, e autorizadona tar<strong>de</strong> e noite do terceiro, foi como o impeto da inundaqgoque vence e <strong>de</strong>strdi o di$lue que se lhe opunha (p. 139).Liberado o entrudo, o <strong>de</strong>sejo, acumulado pela interdi~b, tern livrecurso, orientando-se em dire~b a "inocentes loucuras" - o que pareceaconselhdvel, uma vez que tais dguas que <strong>de</strong>stroem diques v8m apagar o fog0que tomara, pouco antes, na narrativa, a casa do carpinteiro Marcos Fulggncio,alastrando-se pelo corpo <strong>de</strong> Emiliana, vioientada pelo oficial-<strong>de</strong>-sala AlexandreCardoso.Parece, aqui, que <strong>de</strong>lirarnos metaforas, extrapoiando, por exernpio, arefergncia do texto acima transcrito. Acontece que, se o narrador afirma quea autoriza~b do entrudo "foi como o lrnpeto da inunda~b que vence e <strong>de</strong>str6io dique que se Ihe opunha", 6 ele que constr6i uma methfora que, refluindoso<strong>br</strong>e elementos ante<strong>rio</strong>res da narrativa, tern duplo efeito: primeiro,atraves <strong>de</strong> um contraponto <strong>de</strong> metdforas, a libera~b do entrudo passa a serhgua que purifica, livrando a socieda<strong>de</strong> da for~a <strong>de</strong>strutiva e andrquica dofogo; em squndo lugar, lan~a sentido novo, carregado <strong>de</strong> intenees i<strong>de</strong>olbgicas,so<strong>br</strong>e o fogo que, cu<strong>rio</strong>samente, incendiara a casa do carpinteiro e, metaforicamente,o corpo <strong>de</strong> Emiliana. A irnagern criada nessa abertura <strong>de</strong> capltuloretroage so<strong>br</strong>e fatos ante<strong>rio</strong>rmente narrados, como o inckndio e o estupro,construindo sentidos que, <strong>de</strong> outra forma, nb estarlamos legitimadosa mencionar. Assim urn texto se transforma em seu fazer; a apar6ncia <strong>de</strong> inocentesucessb linear, numa narrativa, mascara que al passa uma construqb

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!