13.07.2015 Views

/u~aluIrn Manuel de Macedo - rio.rj.gov.br

/u~aluIrn Manuel de Macedo - rio.rj.gov.br

/u~aluIrn Manuel de Macedo - rio.rj.gov.br

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

A ja velha historia da recriagb da o<strong>br</strong>a pela leitura critica; da sua reescritura~ elo leitor. 0 novo olhar do leitor vai, asslm, engendrando questSes que otexto jb trabalhava, <strong>de</strong> forma diluida, por sua propria formaliza~i50. Paradoxalmente:a leitura produziria indagaq6es num texto que jai as traria, na"o emlathcia, mas como elemento organizador da narrativa. No caso <strong>de</strong> As Mulheres<strong>de</strong> Mantilha, <strong>de</strong> que maneira a rnarca~a"~ temporal do entrecho ultrapassa as exigbncias convencionais da verossimilhan~a, apontando para umainvestiga~b so<strong>br</strong>e a relaqiio instituivb,vida coletiva e <strong>de</strong>sejo, esse elementovital, <strong>de</strong>sagregador e anArquico.0 romance <strong>de</strong> <strong>Macedo</strong> se inicia numa "daquelas noites excepcionais""<strong>de</strong> folgan~a e alegria" - "a <strong>de</strong> 5 <strong>de</strong> janeiro, a noite da vespera do dia dosReis ou das cantatas dos Reis, que alias se repetem animadas na noite seguinte"(cap. I). Cabe assinalar, <strong>de</strong> inicio, o privil6gio concedido B noite comomomento que se dissemina ao longo <strong>de</strong> toda a narrativa, remetendo a umaassocia~b, alias bem a gosto romdntico, noite/<strong>de</strong>sejo/sexualida<strong>de</strong>. A narrativaa<strong>br</strong>ese, entzo, com as festas populares da noite <strong>de</strong> Reis, que arrematamas do Natal. Tem inicio um ciclo <strong>de</strong> festejos religiosos que, partindo da folia<strong>de</strong> Reis, <strong>de</strong>tem-se na origem do carnaval - o entrudo -, esten<strong>de</strong>ndo-se estedltimo do capitulo XIII, domingo, ao capitulo XXXVIII, noite <strong>de</strong> ter~a-feira,ate chegar B serra~b da velha, no vigesimo dia <strong>de</strong> quaresma, que correspon<strong>de</strong>,"em todo o mundo catolico", "B suspensa"~ <strong>de</strong> penitgncia, e como <strong>de</strong>ferias dadas pela lgreja aos jejuns e aos austeros preceitos" religiosos (cap.XLV). 0 romance ainda se fecha no dia 19 <strong>de</strong> marqo, festa ja entgo <strong>de</strong>cunho civico, que coinci<strong>de</strong>, no entanto, com o dia <strong>de</strong> SZo Jose, e em que acida<strong>de</strong> acorda "ao ribombo das salvas <strong>de</strong> artitharia das fortalezas emban<strong>de</strong>iradas"(cap. LI I I ).Embora aparentemente <strong>Macedo</strong> apenas recu<strong>br</strong>a, assim, os momentosem que a vida social fluminense do seculo XVlll estaria melhor caracterizada,cabe ressaltar <strong>de</strong> que forma o entrecho se apressa entre as festas, paradisten<strong>de</strong>r-se nesses pe<strong>rio</strong>dos <strong>de</strong> exce~b, em que acontecem as peripbciasprincipais. 0 entrudo, alihs, atravessa quase meta<strong>de</strong> da narrativa (25 dos 49capitulos), revelando, <strong>de</strong> forma niio muito evi<strong>de</strong>nte numa primeira leitura,que 60 esses momentos <strong>de</strong> "ferias" em que a lgreja suspen<strong>de</strong> as rigorosasnormas <strong>de</strong> penithncia que v b atrair o olhar cu<strong>rio</strong>so do autor. Como se a vida,que o romance <strong>de</strong>seja flagrar, acontecesse, em sua efervescencia, apenasnesses intervalos. Com efeito a sexualida<strong>de</strong> ur<strong>de</strong> suas peripkcias nos intervalosda austerida<strong>de</strong>. Como sempre, o <strong>de</strong>mbnio saltimbanco, mascarado, faz dassuas nos momentos em que a or<strong>de</strong>m - a lgreja e o Estado - suspen<strong>de</strong> temporariamentesuas interdi~8es. provando, por outro lado, que n b ha vida- mesmo a mais austera e familiar - sem <strong>de</strong>sejo, e que este <strong>br</strong>ota, qua1 ervadaninha, aqui e ali, pelo meio, nas festas, pelas frestas da or<strong>de</strong>m e das manti-Ihas.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!