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representações da sociabilidade feminina na imprensa do século xix

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Fênix – Revista de História e Estu<strong>do</strong>s CulturaisMaio/ Junho/ Julho/ Agosto de 2010 Vol. 7 Ano VII nº 2ISSN: 1807-6971Disponível em: www.revistafenix.pro.br14<strong>do</strong> mo<strong>do</strong> por que ela rege e <strong>do</strong>mi<strong>na</strong> o seu pequeno império <strong>do</strong>mésticodepende a educação <strong>do</strong>s filhos, a morali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> interior [...].Por que não fazemos <strong>da</strong> nossa casa um ninho alegre e fofo, que onosso mari<strong>do</strong> prefira ao botequim, ao grêmio, ao clube, ao restaurante,à casa de seus amigos, e onde ele esteja certo de encontrar o alimentomais saboroso e mais higiênico, o ar mais puro e lava<strong>do</strong>, a poltro<strong>na</strong>mais cômo<strong>da</strong>, a conversa mais anima<strong>da</strong>, mais substancial, maischistosa e menos pe<strong>da</strong>nte?Pouco a pouco, à regeneração <strong>da</strong> mulher, seguir-se-ia a regeneração<strong>do</strong> homem 27 .Inseri<strong>da</strong> no imaginário social <strong>da</strong> época, afeta<strong>da</strong> pela memória e pelos discursos,a mulher enuncia-se como sujeito a partir <strong>do</strong>s lugares sociais que lhe são reserva<strong>do</strong>s:deve cui<strong>da</strong>r <strong>da</strong> casa, mantê-la limpa e organiza<strong>da</strong>, cui<strong>da</strong>r <strong>da</strong> educação <strong>do</strong>s filhos emanter o mari<strong>do</strong> dentro de casa. Consoli<strong>da</strong>-se, portanto, no espaço público <strong>da</strong> <strong>imprensa</strong>,uma cadeia de senti<strong>do</strong>s sobre o papel social <strong>da</strong> mulher que tenderá à homogeneização ecristalização <strong>na</strong> memória social.Mas os rearranjos <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de social se sucedem e se sobrepõemcontinuamente no mesmo espaço discursivo. As formações discursivas não são fixasnem estáveis. Pelo contrário, são invadi<strong>da</strong>s por outras formações discursivas,provocan<strong>do</strong> deslocamentos e o surgimento de novos senti<strong>do</strong>s. É por este motivo que, nomesmo A Família, que muitas vezes veicula discursos extremamente conserva<strong>do</strong>res,são construí<strong>do</strong>s veementes discursos favoráveis ao sufrágio feminino, como ilustra ofragmento a seguir, também de 1890, em que a autora comenta o parecer <strong>do</strong>sparlamentares encarrega<strong>do</strong>s <strong>da</strong> elaboração <strong>da</strong> Constituição, desfavorável ao votofeminino:[...] claro está que as nossas aptidões não podem ser delimita<strong>da</strong>s pelospreconceitos de sexo, principalmente nos casos em que tenhamos deafirmar a nossa soberania pelo direito de voto. O direito de votar nãopode, não deve, não é justo que tenha outra restrição além <strong>da</strong>emancipação intelectual, <strong>da</strong> consciência <strong>do</strong> ato, <strong>da</strong> facul<strong>da</strong>de dediscrimi<strong>na</strong>ção.Ain<strong>da</strong> mesmo – o que não admito – que não tenhamos o direito de servota<strong>da</strong>s, devemos possuir o de voto, isto é, o <strong>da</strong> livre escolha <strong>da</strong>quelesque sejam chama<strong>do</strong>s a reger os destinos <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de em quevivemos, e que alentamos com a vi<strong>da</strong> e educação de nossos filhos 28 .2728Cita<strong>do</strong> em BICALHO, M. Fer<strong>na</strong>n<strong>da</strong> Baptista. O bello sexo: <strong>imprensa</strong> e identi<strong>da</strong>de <strong>femini<strong>na</strong></strong> no Rio deJaneiro em fins <strong>do</strong> século XIX e início <strong>do</strong> século XX. In: COSTA, Alberti<strong>na</strong> de O.; BRUSCHINI,Cristi<strong>na</strong>. (Orgs.). Rebeldia e submissão – estu<strong>do</strong>s sobre condição <strong>femini<strong>na</strong></strong>. São Paulo: Vértice, 1989,p. 91.Ibid.

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