A etnografia ao serviço do currÃculo - Universidade da Madeira
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Desenvolvimento Humano, elabora<strong>do</strong>s no âmbito <strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>s, a diferença,enquanto desigual<strong>da</strong>de, é uma questão fun<strong>da</strong>mental para o desenvolvimento humano. Oúltimo Relatório, de 2005, alerta para o facto de “profun<strong>da</strong>s dispari<strong>da</strong>des basea<strong>da</strong>s nariqueza, na região, no género e na etnici<strong>da</strong>de são más para o crescimento, más para ademocracia e más para a coesão social.” No capítulo 2, especialmente dedica<strong>do</strong> à“Desigual<strong>da</strong>de e Desenvolvimento Humano”, refere que “os grupos desfavoreci<strong>do</strong>s –pobres, mulheres, populações rurais, comuni<strong>da</strong>des indígenas – são desfavoreci<strong>do</strong>s emparte porque têm uma voz política fraca, e têm uma voz política fraca porque sãodesfavoreci<strong>do</strong>s” (p. 51).Mais de um quarto <strong>do</strong>s 4,5 biliões de pessoas <strong>do</strong>s países em desenvolvimento ain<strong>da</strong> nãotêm as condições básicas de vi<strong>da</strong> – sobrevivência para além <strong>do</strong>s 40 anos, acesso <strong>ao</strong>conhecimento e um mínimo de assistência priva<strong>da</strong> e pública. Quase 1,3 biliões depessoas não têm acesso a água potável. Uma em sete crianças em i<strong>da</strong>de de escolari<strong>da</strong>deprimária não tem escola. Cerca de 840 milhões são mal-nutri<strong>da</strong>s. Um número estima<strong>do</strong>em 1,3 biliões de pessoas vive de um rendimento abaixo de $1 por dia.“As diferenças basea<strong>da</strong>s na riqueza são o primeiro elo de um ciclo dedesigual<strong>da</strong>de que acompanha as pessoas <strong>ao</strong> longo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. As mulheres de famíliaspobres têm menos probabili<strong>da</strong>de de receber cui<strong>da</strong><strong>do</strong>s pré-natais e menos probabili<strong>da</strong>dede ser assisti<strong>da</strong>s no parto por um técnico de saúde qualifica<strong>do</strong>. Os seus filhos têm menosprobabili<strong>da</strong>de de sobreviver ou de completar a escola. As crianças que não completam aescola têm mais probabili<strong>da</strong>de de ter rendimentos mais baixos. Assim, o ciclo <strong>da</strong> privaçãotransmite-se de geração para geração.” (p. 58-59).Mas por outro la<strong>do</strong>, há a questão <strong>da</strong> diferença assumi<strong>da</strong> como um bem a preservar.As antigas divisões Bloco de Leste/Bloco Ocidental que serviam para li<strong>da</strong>r com areali<strong>da</strong>de política <strong>da</strong> Guerra Fria estão a <strong>da</strong>r lugar agora a um outro tipo de divisão bemmais complexa. A política mundial não se rege hoje em dia tanto por posturasideológicas como por questões culturais, étnicas e religiosas. Portanto, a par <strong>da</strong>dinâmica <strong>da</strong> homogeneização cultural, existe assim um outro movimento de raizcontrária a afirmar vigorosamente a diferença de espaços próprios marca<strong>do</strong>s pelapartilha de um mun<strong>do</strong> de vivências e experiências comuns, de histórias porta<strong>do</strong>ras dedetermina<strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de, que se pretende conservar.Podemos assim dizer que se as tais levas sucessivas de populações desloca<strong>da</strong>s, que atrásreferimos, contribuíram para a globalização, elas também foram carregan<strong>do</strong> as cores <strong>da</strong>sdiferenças no mosaico cultural <strong>do</strong> planeta. E as pessoas viajam muito mais agora. Deacor<strong>do</strong> com a Organização Mundial <strong>do</strong> Turismo, se em 1950, tínhamos 20 milhões deviajantes em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>, em 2004, tivemos 760 milhões, esperan<strong>do</strong>-se que, em 2020,esse número ultrapasse os 1,6 biliões por ano. A mobili<strong>da</strong>de por razões de turismo,estu<strong>do</strong>, investigação ou busca por melhores condições de vi<strong>da</strong>, a mobili<strong>da</strong>de propicia<strong>da</strong>pela globalização, contribui, qual reverso <strong>da</strong> mesma me<strong>da</strong>lha, para o confronto com adiferença, no mesmo espaço anteriormente mais homogéneo.22. O desafio <strong>do</strong> CurrículoComo é que este tipo de reflexão pode interessar <strong>ao</strong> Currículo?To<strong>do</strong>s sabemos que o Currículo, enquanto núcleo central <strong>do</strong> ensino, não é de formaalguma politicamente descomprometi<strong>do</strong>. O Como ensinar e o O quê ensinar estãoestrategicamente liga<strong>do</strong>s <strong>ao</strong> Ensinar para quê, isto é, às intenções políticas de
socialização e desenvolvimento. E o que pretendemos afinal? Estamos preocupa<strong>do</strong>scom a formação de um ci<strong>da</strong>dão com uma cultura globalmente padroniza<strong>da</strong>, ou com aformação de um ci<strong>da</strong>dão com uma particular identi<strong>da</strong>de cultural que muitas vezes aEscola não <strong>do</strong>mina? Levantan<strong>do</strong> a questão de outra maneira: Queremos um currículofecha<strong>do</strong> e único (o tal “<strong>do</strong> Minho a Timor”), no senti<strong>do</strong> <strong>da</strong> homogeneização, ou umcurrículo aberto e flexível para a diversi<strong>da</strong>de cultural? E qual o papel <strong>do</strong> currículo noesbatimento <strong>da</strong>s desigual<strong>da</strong>des sociais e económicas? No fun<strong>do</strong>, são estas as questõesque interessam <strong>ao</strong> campo científico <strong>do</strong> currículo.Para se atingirem os ODM 1 , o último Relatório, apesar de reconhecer que não existe umcaminho único, considera que“Anular os hiatos na oportuni<strong>da</strong>de educacional é um ponto de parti<strong>da</strong> decisivo.Em quase to<strong>do</strong>s os países, as desigual<strong>da</strong>des na educação encontram-se entre os maispoderosos condutores <strong>da</strong>s desigual<strong>da</strong>des de rendimento, saúde e oportuni<strong>da</strong>des,incluin<strong>do</strong> oportuni<strong>da</strong>des para participar na socie<strong>da</strong>de e influenciar os processospolíticos.” (p. 71).Neste senti<strong>do</strong>, a actuação <strong>da</strong> escola, se não quiser ficar apenas pelos seus efeitosperiféricos (meto<strong>do</strong>logias activas, recursos a meios sofistica<strong>do</strong>s, etc.), tem de estaralicerça<strong>da</strong> numa concepção crítica <strong>do</strong> próprio currículo, que seja consciencializa<strong>da</strong> epartilha<strong>da</strong> pelos agentes educativos. Há, portanto, que desmistificar a ideia de currículocomo aquele instrumento puro e neutro, despoja<strong>do</strong> de intenções sociais, que procuraestu<strong>da</strong>r os melhores procedimentos, méto<strong>do</strong>s e técnicas de bem ensinar. Há que superara ideia de currículo como aquela área simplesmente técnica, ateórica e apolítica. É <strong>do</strong>ponto de vista sócio-político que gostaria de chamar a atenção para os perigos de umcurrículo que permaneça indiferente <strong>ao</strong> desigual capital cultural de origem familiar esocial que os alunos carregam no seu dia-a-dia para a escola.O currículo não pode alhear-se <strong>da</strong>s diversas identi<strong>da</strong>des sócio-culturais quecontracenam, por vezes de forma conflituosa, no cenário escolar. Efectivamente, aexistência de um currículo fecha<strong>do</strong> e único, concebi<strong>do</strong> para o aluno mediano eabstracto, tende para a assimilação <strong>da</strong>s diversas mundividências pela cultura <strong>do</strong>minante.Com to<strong>do</strong> o seu conjunto de pequenos ritos pe<strong>da</strong>gógicos, o currículo - em termos latos(não nos esqueçamos <strong>do</strong> currículo oculto) – acaba por ser um mecanismo denormalização, padronização e homogeneização <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong>de, através de um processode aculturação académica que não representa por igual os interesses, as necessi<strong>da</strong>des, osobjectivos, nem as formas de pensamento, expressão e comportamento <strong>do</strong>s diferentesgrupos que constituem o mosaico cultural <strong>da</strong>s nossas escolas.Quererei eu porventura dizer que não se deverá então procurar “assegurar uma formaçãogeral comum a to<strong>do</strong>s os portugueses…”, tal como preconiza um <strong>do</strong>s objectivos gerais<strong>do</strong> ensino básico, <strong>da</strong> LBSE? Pelo contrário, penso que, enquanto core <strong>da</strong> escola, o31 Líderes de 189 países assinaram, em Setembro de 2000, a Declaração <strong>do</strong> Milénio, na sede <strong>da</strong> ONU, em Nova York.Este <strong>do</strong>cumento visa a eliminação <strong>da</strong> fome e <strong>da</strong> extrema pobreza no planeta até 2015. Para isso, foram estabeleci<strong>do</strong>sos seguintes oito ODM (Objectivos de Desenvolvimento <strong>do</strong> Milénio):1. Erradicar a extrema pobreza e a fome;2. Atingir o ensino básico universal;3. Promover a igual<strong>da</strong>de entre os sexos e a autonomia <strong>da</strong>s mulheres;4. Reduzir a mortali<strong>da</strong>de infantil;5. Melhorar a saúde materna;6. Combater o HIV/AIDS, a malária e outras <strong>do</strong>enças;7. Garantir a sustentabili<strong>da</strong>de ambiental;8. Estabelecer parcerias para o desenvolvimento.
currículo tem a responsabili<strong>da</strong>de de promover educacionalmente to<strong>do</strong>s os alunos,fornecen<strong>do</strong> a ca<strong>da</strong> um a ferramenta mental adequa<strong>da</strong> para crescer. Considero, por essemotivo, que a escolari<strong>da</strong>de obrigatória é um meio, por excelência, para <strong>do</strong>tar ca<strong>da</strong>ci<strong>da</strong>dão de competências para participação na vi<strong>da</strong> social e cultural <strong>do</strong>minante (nãoestou a pôr esta dimensão de parte), mas com o devi<strong>do</strong> respeito e consideração portantas outras culturas.Mas se entendemos o currículo como uma forma institucionaliza<strong>da</strong> de transmitir àsgerações futuras a cultura de uma socie<strong>da</strong>de, é legítimo que nos questionemos sobre quecultura… Existirá ela de forma unitária e homogénea? Constituirá ela um conjuntoestático de valores e conhecimentos?Em termos de uma teoria crítica <strong>do</strong> currículo, não existe uma única cultura de socie<strong>da</strong>deuniversalmente aceite e posta em prática e, por isso, digna de ser transmiti<strong>da</strong>. “A teoriacurricular não pode mais […] se preocupar apenas com a organização <strong>do</strong> conhecimentoescolar, nem pode encarar de mo<strong>do</strong> ingénuo e não-problemático o conhecimentorecebi<strong>do</strong>. O currículo existente, isto é, o conhecimento organiza<strong>do</strong> para ser transmiti<strong>do</strong>nas instituições educacionais, passa a ser visto não apenas como implica<strong>do</strong> na produçãode relações assimétricas de poder, no interior <strong>da</strong> escola e <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, mas tambémcomo histórica e socialmente contingente.” (A. Moreira e T. T. <strong>da</strong> Silva. 1995. p. 21).O currículo não pode, por isso, silenciar as vozes que lhe pareçam dissonantes <strong>do</strong>discurso culturalmente padroniza<strong>do</strong>, uma vez que não opera no vazio. Não vale a penapretender unificá-lo de maneira abstracta e formal, quan<strong>do</strong> ele se realiza num mun<strong>do</strong>profun<strong>da</strong>mente diverso. É por isso que penso que os que ensinam terão de terconsciência de que os que aprendem são, tal como eles próprios, seres sociaisporta<strong>do</strong>res de um mun<strong>do</strong> muito especial de crenças, significa<strong>do</strong>s, valores, atitudes ecomportamentos adquiri<strong>do</strong>s lá fora e que importa contemplar.43. Necessi<strong>da</strong>de de investigação etnográfica na educaçãoAssumi<strong>do</strong> o princípio <strong>do</strong> acolhimento e <strong>da</strong> valorização <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong>de cultural pelaescola, o problema que se levanta é o de como aceder, então, <strong>ao</strong>s tais territóriosmarginais e margina<strong>do</strong>s de pertença e referência cultural <strong>do</strong>s alunos, <strong>ao</strong> tal micro-socialde ca<strong>da</strong> um, de mo<strong>do</strong> a se reflectirem no currículo. Pois <strong>ao</strong> núcleo duro que constitui ocurrículo formal e oficial, terá o professor de acrescentar um novo espaço dedesenvolvimento curricular onde se propicie o diálogo entre os diversos mun<strong>do</strong>s aípresentes. Ora como descobrir esses novos espaços de desenvolvimento curricular?Impõe-se, a meu ver, uma nova atitude de investigação em educação, uma outramentali<strong>da</strong>de por parte <strong>do</strong> professor que privilegie o estu<strong>do</strong> de reali<strong>da</strong>des particulares,concretas, circunscritas a um espaço e tempo determina<strong>do</strong>s, a um hic et nunc. A<strong>etnografia</strong> <strong>da</strong> educação poderá, em minha opinião, ter esse papel decisivo naaproximação e comunicação <strong>da</strong> escola, ou melhor dito, <strong>da</strong>s várias escolas, com as"mentes culturais" <strong>da</strong>s diversas comuni<strong>da</strong>des.Liga<strong>da</strong> à antropologia e à sociologia qualitativa, a <strong>etnografia</strong> surge como uma formadiferente de investigação educacional, em franca oposição <strong>ao</strong>s paradigmas positivistasprovenientes <strong>da</strong> psicologia experimental e <strong>da</strong> sociologia quantitativa. Ultrapassa<strong>da</strong> já adiscussão em re<strong>do</strong>r <strong>da</strong> questão de a <strong>etnografia</strong> ser uma teoria ou um méto<strong>do</strong>, ou de serantes uma “perspectiva”, no senti<strong>do</strong> de não esgotar os problemas nem duma nem
<strong>do</strong>utro, o debate continua em torno não só de questões epistemológicas emeto<strong>do</strong>lógicas, como também sobre as referências teóricas onde se inspira – Terá raízesanglo-saxónicas? Raízes germânicas? Ou francófonas? Caberá dentro <strong>da</strong>Fenomenologia Sociológica? Terá a ver com a Análise Institucional? Radica-se noInteraccionismo Simbólico? Ou na Etnometo<strong>do</strong>logia? Temos vin<strong>do</strong> a ter este tipo dediscussão no âmbito <strong>da</strong> SEE (Socie<strong>da</strong>de Europeia <strong>da</strong> Etnografia <strong>da</strong> Educação), ondepontificam linhas de pensamento como as de Georges Lapassade (seu Presidentehonorário) e Patrick Boumard (actual Presidente).No entanto, importa mencionar a contribuição <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s de Bronislaw Malinowski,realiza<strong>do</strong>s entre 1914 e 1918 com os habitantes <strong>do</strong> arquipélago de Trobriand, noPacífico. Fazen<strong>do</strong> recurso à observação participante e à entrevista em profundi<strong>da</strong>de, esteetnólogo trouxe para o campo <strong>da</strong>s ciências sociais e humanas um novo conceito deinvestigação no terreno, deitan<strong>do</strong> por terra a máxima "Sei mais e melhor <strong>do</strong> que oindígena".Também George Herbert Mead, tal como o discípulo Herbert Blumer sustentavam que areali<strong>da</strong>de social não era um <strong>da</strong><strong>do</strong> pré-existente e exterior <strong>ao</strong> indivíduo e dessa formainalterável. Pelo contrário, estes pioneiros <strong>da</strong> psicologia social vêem o sujeito,mergulha<strong>do</strong> no meio <strong>da</strong>s interacções sociais, a seleccionar, de entre muitos, algunsestímulos, em função <strong>da</strong>s suas necessi<strong>da</strong>des. O meio é, assim, construí<strong>do</strong> pelossignifica<strong>do</strong>s atribuí<strong>do</strong>s nas interacções entre <strong>do</strong>is ou mais membros. No fun<strong>do</strong>, é ouniverso simbólico comum, ou seja, a partilha de significa<strong>do</strong>s comuns a definir apertença ou não a um determina<strong>do</strong> grupo.Mais tarde, nos anos sessenta, a etnometo<strong>do</strong>logia de Harold Garfinkel, <strong>ao</strong> valorizar oraciocínio sociológico profano <strong>do</strong>s actores, estava <strong>da</strong> mesma forma a encarar asocie<strong>da</strong>de construí<strong>da</strong> pelo indivíduo ou grupo de indivíduos, <strong>ao</strong> invés de os considerarmacro-determina<strong>do</strong>s e produtos <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de. Assim, se ca<strong>da</strong> grupo constrói as suaspróprias reali<strong>da</strong>des culturais, "para as compreender é necessário atravessar as suasfronteiras e observá-las <strong>do</strong> interior", diz Peter Woods (1990, 67).No caso particular <strong>da</strong> escola, cabe <strong>ao</strong> professor aceder <strong>ao</strong> significa<strong>do</strong> profun<strong>do</strong> e ocultodessas interacções através de um trabalho de terreno, específico <strong>da</strong> <strong>etnografia</strong>, que oleva, enquanto investiga<strong>do</strong>r/observa<strong>do</strong>r a compreender as reali<strong>da</strong>des culturais dedetermina<strong>do</strong> grupo, vistas de dentro. Porque esse mun<strong>do</strong> vivi<strong>do</strong> e senti<strong>do</strong> dificilmentese conseguem captar em situação formal de sala de aula. A auscultação <strong>do</strong>s diversosmun<strong>do</strong>s culturais só pode ser feita através <strong>da</strong> tal “observação participante”, no pátio <strong>do</strong>recreio, nos intervalos, nos “feria<strong>do</strong>s”, nos jogos de bola, no café, fazen<strong>do</strong> uso de umaimensidão de técnicas bem <strong>ao</strong> alcance de ca<strong>da</strong> um, se se estiver, acima de tu<strong>do</strong>,etnograficamente implica<strong>do</strong>. São as entrevistas, os inquéritos, a recolha de desenhos,composições e poemas, a i<strong>da</strong> <strong>ao</strong>s bairros, o contacto com os familiares, as festas naescola, as competições desportivas, o registo em jornais de bor<strong>do</strong>, as histórias de vi<strong>da</strong>,os estu<strong>do</strong>s de casos, etc.A <strong>etnografia</strong>, <strong>ao</strong> conferir essa outra perspectiva microsociológica e fragmentária àeducação, vem assim valorizar as “pequenas coisas”, os “pequenos mun<strong>do</strong>s”, asconversas banais, o raciocínio “profano” <strong>do</strong>s actores (cf. H. Garfinkel. 1967), no fun<strong>do</strong>,a dimensão quotidiana, terrena, <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> <strong>do</strong>s alunos em concreto. São essas “pequenascoisas” que passam a ser o objecto privilegia<strong>do</strong> de investigação, para o que se requeruma atenção, um olhar já não de alguém superiormente estranho, que vem de fora par<strong>ao</strong>bservar, mas um olhar interessa<strong>do</strong>, implica<strong>do</strong>, ou seja, um olhar etnográfico. Só comesta nova atitude poderá haver lugar para o desvelamento <strong>do</strong>s significa<strong>do</strong>s profun<strong>do</strong>s5
que subjazem as interacções pessoais, para a partir <strong>da</strong>í se construírem novosconhecimentos curriculares.Em minha opinião, é este o desafio que se coloca actualmente <strong>ao</strong> currículo, encara<strong>do</strong>numa perspectiva crítica: o de já não poder se alhear <strong>da</strong>s diversas gramáticasidentitárias, a pretexto de uma formação de ci<strong>da</strong>dãos formalmente homogéneos face <strong>ao</strong>Esta<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong> uma visão meramente técnica. Pelo contrário, esta perspectiva críticareconhece que o facto de se recusar e silenciar as identi<strong>da</strong>des sócio-culturaislocaliza<strong>da</strong>s, contribui, apenas, para a permanência <strong>da</strong>s clivagens sociais através deformas de discriminação e exclusão, e desigual<strong>da</strong>des sociais.Apenas o professor poderá, enquanto elemento que filtra em última análise to<strong>do</strong> osistema, estabelecer a ponte entre as diversas culturas presentes, pelo confronto positivoentre as mesmas, pela resolução auto-regula<strong>da</strong> <strong>do</strong>s conflitos cognitivos e culturais. Éeste papel de aproximação e comunicação <strong>do</strong> professor com a "mente cultural" <strong>da</strong>sdiversas comuni<strong>da</strong>des que preten<strong>do</strong> aqui sublinhar.A ele caberá fazer <strong>da</strong> escola um espaço de pluralismo cultural, de expressão e afirmaçãoprática de referências e identi<strong>da</strong>des, como ponto de parti<strong>da</strong> e núcleo estrutura<strong>do</strong>r <strong>do</strong>spercursos e processos de aprendizagem <strong>do</strong>s alunos. A ele caberá concretizar a promoçãoeducativa de ca<strong>da</strong> um, sem desvalorizar cosmovisões localiza<strong>da</strong>s e pessoaliza<strong>da</strong>s. A elecaberá, em suma, resolver no terreno, o conflito entre globalização e diferença,globalização e diversi<strong>da</strong>de, através <strong>do</strong> respeito pelas identi<strong>da</strong>des e especifici<strong>da</strong>desregionais, locais e pessoais que apenas consoli<strong>da</strong>rão a integração e a coesão social.64. Uma experiência no terrenoFoi assim que parti, ten<strong>do</strong> como pressupostos os referentes teóricos atrás abor<strong>da</strong><strong>do</strong>s,para um Projecto de investigação-acção na escola de 2º e 3º ciclos <strong>da</strong> Torre, em Câmarade Lobos, na <strong>Madeira</strong>.A Escola <strong>da</strong> Torre havia procedi<strong>do</strong> a um trabalho atura<strong>do</strong> de levantamento de situaçõesproblemáticas no dia-a-dia escolar, durante um ano lectivo, através de inquéritosdirigi<strong>do</strong>s <strong>ao</strong>s directores de turma, <strong>ao</strong> pessoal não <strong>do</strong>cente, <strong>ao</strong>s próprios alunos e <strong>ao</strong>srespectivos encarrega<strong>do</strong>s de educação, tal como através de consulta de <strong>do</strong>ssiers dedirecção de turma de anos anteriores, de análise <strong>da</strong>s participações dirigi<strong>da</strong>s <strong>ao</strong>sdirectores de turma contra os alunos, etc… Diagnosticaram-se alguns problemas,comuns a outros estabelecimentos de ensino, é certo, mas que, pela sua dimensão,estavam a afectar o clima sócio-afectivo <strong>da</strong> própria Escola. Nessa primeira fase, não sedistinguiam ain<strong>da</strong> bem os problemas, <strong>da</strong>s razões <strong>do</strong>s problemas. “Eleva<strong>do</strong> insucessoescolar, grande desmotivação face à escola, eleva<strong>do</strong> número de alunos na maior parte<strong>da</strong>s turmas, falta de espaços próprios para o desenvolvimento de outras activi<strong>da</strong>des,dificul<strong>da</strong>des de concentração nas aulas, inúmeros problemas disciplinares, agressivi<strong>da</strong>defísica e verbal e falta de assidui<strong>da</strong>de” foram os “principais problemas diagnostica<strong>do</strong>s”.A Escola centrou-se então nos problemas disciplinares, dedican<strong>do</strong> a sua atenção <strong>ao</strong>número de participações e <strong>ao</strong> tipo de comportamento desajusta<strong>do</strong>, nelas relata<strong>do</strong>: <strong>da</strong>nosmateriais ou agressão física e/ou verbal, <strong>ao</strong>s professores, <strong>ao</strong>s funcionários e <strong>ao</strong>s colegasem espaços diferencia<strong>do</strong>s: na sala de aula, nos pátios, na cantina, no bar, na bibliotec<strong>ao</strong>u no pavilhão. Essa análise detalha<strong>da</strong> vinha confirmar o “clima” que se respirava. Erapreciso fazer alguma coisa, sob pena de esse tipo de comportamento pôr em risco to<strong>da</strong> a
Escola. Foi assim que nasceu uma “Proposta para a implementação de currículosalternativos”, para o 2º ciclo <strong>do</strong> ensino básico, <strong>da</strong> responsabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> própria Escola eque mereceu a aprovação <strong>da</strong> Secretaria Regional de Educação.Constituíram-se 4 turmas com os tais alunos “margina<strong>do</strong>s”. Nenhuma delas tinha maisde 16 alunos, alunos esses diferentes, fora <strong>da</strong> “norma”, com quem se desejavaigualmente trabalhar de forma diferente. Com o design curricular levemente modifica<strong>do</strong>pela introdução de duas novas disciplinas, “Formação Pessoal e Social”, com 2 horassemanais, e “Informática” com 3, houve o cui<strong>da</strong><strong>do</strong> de reajustamento <strong>da</strong> restante cargahorária, de forma a não sobrecarregar o tempo lectivo de alunos que, à parti<strong>da</strong>, estavamtotalmente desmotiva<strong>do</strong>s para o estu<strong>do</strong>. Esta proposta implicava um trabalhointerdisciplinar com outros organismos: pedia-se o apoio de psicólogos à DRIGE -Direcção Regional de Inovação e Gestão Educativa -, de assistentes sociais à DRSS -Direcção Regional <strong>da</strong> Segurança Social -, e de educa<strong>do</strong>res à Educação Especial…Contava-se com o apoio <strong>da</strong> Câmara Municipal, <strong>do</strong> Centro Social e Desportivo, <strong>da</strong>Ban<strong>da</strong> Municipal,… e, last but not the least, de um especialista em currículos <strong>da</strong><strong>Universi<strong>da</strong>de</strong> <strong>da</strong> <strong>Madeira</strong>.Foi neste contexto que se baseou a minha intervenção como Forma<strong>do</strong>ra de uma Acçãode Formação, na mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de de Projecto. De facto, tinha si<strong>do</strong> a Escola a tomar ainiciativa de fazer algo em prol <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de de ensino, não porque lhe tivesse si<strong>do</strong>imposto de “fora” ou de “cima”, mas porque estava consciente <strong>do</strong>s problemas que acomuni<strong>da</strong>de escolar atravessava. O Projecto nascia, assim, duma necessi<strong>da</strong>de, dumasituação emergente na Escola, dum problema que afectava to<strong>da</strong> a comuni<strong>da</strong>de escolar.Era a Escola a sugerir a acção, com o envolvimento <strong>do</strong>s órgãos de direcção pe<strong>da</strong>gógicae administrativa, apresentan<strong>do</strong> uma proposta soli<strong>da</strong>mente fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong>. Como se vê,era uma Escola implica<strong>da</strong>.Relativamente à participação directa no Projecto enquanto mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de de Formação deProfessores, estariam, em princípio, to<strong>do</strong>s os <strong>do</strong>centes que leccionavam as 4 turmas <strong>do</strong>sCurrículos Alternativos. Mas na prática, não podiam ultrapassar os 15 <strong>do</strong>centesregulamentarmente determina<strong>do</strong>s e, acima de tu<strong>do</strong>, teriam de ser aqueles que odesejassem realmente. Ninguém estaria por obrigação, por imposição de arranjoshorários, ou outra justificação que não fosse o de estar por acreditar no Projecto, porqueo trabalho de implicação no terreno de acção teria de vir de dentro de ca<strong>da</strong> um. O<strong>do</strong>cente participante estaria, à parti<strong>da</strong>, já implica<strong>do</strong>.O Projecto, quan<strong>do</strong> muito, procuraria levar o professor a:Adquirir uma postura de cooperação interdisciplinar;Reforçar o seu equilíbrio psicológico para li<strong>da</strong>r com situaçõesproblemáticas, às vezes dramáticas;Promover o desenvolvimento <strong>do</strong> aluno como Pessoa;Gerir o currículo de uma forma flexível, pon<strong>do</strong> em práticape<strong>da</strong>gogias diferencia<strong>da</strong>s e inova<strong>do</strong>ras;Adquirir uma nova atitude de investigação basea<strong>da</strong> num olhar<strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de, um olhar etnográfico.(Objectivos constantes <strong>do</strong> Contrato Pe<strong>da</strong>gógico estabeleci<strong>do</strong> entre a Forma<strong>do</strong>ra e osForman<strong>do</strong>s)7
Foi o tal olhar etnográfico, conquista<strong>do</strong> a partir de muito diálogo com os encarrega<strong>do</strong>sde educação (as mães principalmente), forja<strong>do</strong> na análise <strong>do</strong>s incidentes críticosocorri<strong>do</strong>s na Escola, que levou aqueles professores a se interessarem mais pela chama<strong>da</strong>“cultura popular” <strong>da</strong>queles alunos. Não estávamos, de facto, a li<strong>da</strong>r com minoriasculturalmente mais estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s <strong>do</strong> ponto de vista etnográfico, como as minorias étnicas,raciais ou religiosas. Estávamos a li<strong>da</strong>r com a<strong>do</strong>lescentes de famílias bastantenumerosas, com carências habitacionais e problemas sociais graves, a quem a culturaescolar pouco ou na<strong>da</strong> dizia.Como estabelecer então a relação entre essa cultura popular e a pe<strong>da</strong>gogia na sala deaula? Segun<strong>do</strong> H. Giroux e R. Simon, “a cultura popular é organiza<strong>da</strong> em torno <strong>do</strong>prazer e <strong>da</strong> diversão, enquanto a pe<strong>da</strong>gogia é defini<strong>da</strong> principalmente em termosinstrumentais. A cultura popular situa-se no terreno <strong>do</strong> quotidiano, <strong>ao</strong> passo que ape<strong>da</strong>gogia geralmente legitima e transmite a linguagem, os códigos e os valores <strong>da</strong>cultura <strong>do</strong>minante. A cultura popular é apropria<strong>da</strong> pelos alunos e aju<strong>da</strong> a vali<strong>da</strong>r suasvozes e experiências, enquanto a pe<strong>da</strong>gogia vali<strong>da</strong> as vozes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> adulto, bemcomo o mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s professores e administra<strong>do</strong>res <strong>da</strong>s escolas.” (p. 96). Ao tentaremexplicitar um pouco melhor, dizem estes autores que “ela (cultura popular) é vista comoo banal e o insignificante <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> quotidiana, e, geralmente é uma forma de gostopopular considera<strong>da</strong> indigna de legitimação académica ou alto prestígio social.” (p. 97).Foi com esse olhar etnográfico que os professores <strong>do</strong> Projecto passaram a deixar deencarar a cultura popular <strong>do</strong>s seus alunos como um terreno marginal e perigoso e aescola passou a ser outra. Clarifiquemos: se o 2º ciclo visa, como sabemos, “habilitar osalunos a assimilar e interpretar crítica e criativamente a informação”, etc., etc. por quenão procurar atingir esse objectivo com a exploração de um artigo de um jornaldesportivo, <strong>do</strong> próprio dia, por exemplo? Sem fazer aqui publici<strong>da</strong>de, julgo que não émuito difícil pensar-se num ou <strong>do</strong>is <strong>do</strong>s mais li<strong>do</strong>s, que não fosse mera fotocópia, masexemplar autêntico a ser distribuí<strong>do</strong> para ca<strong>da</strong> aluno… Não conseguiríamos nós queestes alunos aprendessem, <strong>da</strong> mesma forma, a pensar, a raciocinar, a argumentar, acontra-argumentar e a se expressar correctamente?Foi esse olhar etnográfico que descobriu que grande parte <strong>da</strong> população <strong>do</strong> meio deorigem desses alunos enchia o chama<strong>do</strong> “peão” <strong>do</strong> Estádio <strong>do</strong>s Barreiros, para assistir<strong>ao</strong>s desafios de futebol em que o Marítimo participava. A possibili<strong>da</strong>de de os mesmosassistirem gratuitamente <strong>ao</strong>s grandes jogos <strong>da</strong> 1ª Liga, <strong>da</strong><strong>da</strong> a abertura <strong>do</strong> clube <strong>ao</strong>Projecto, aproximou-os muito mais <strong>do</strong>s professores que os acompanhavam nessasdeslocações. Envergan<strong>do</strong> calças de ganga e sapatilhas, contrariamente <strong>ao</strong> dia-a-dia <strong>da</strong>Escola, estes professores acabavam por se sentir mais próximos <strong>do</strong>s gostos,necessi<strong>da</strong>des e interesses que constituíam os universos simbólicos <strong>do</strong>s seus alunos.Porque, como diz P. Woods, “para os compreender, é necessário atravessar as suasfronteiras e observá-los <strong>do</strong> interior”. (1990. 67).Foi-se ain<strong>da</strong> mais longe: a sensibilização <strong>do</strong> clube, enquanto força viva <strong>da</strong> terra, para aco-responsabilização pe<strong>da</strong>gógica na formação <strong>da</strong>s pessoas, abriu a possibili<strong>da</strong>de dessesalunos participarem igualmente num treino com os seus í<strong>do</strong>los, profissionais <strong>do</strong> futebole respectivo treina<strong>do</strong>r, deles receben<strong>do</strong> directamente mensagens positivas relativamentea regras a serem respeita<strong>da</strong>s, “quer em situação de parceiros, quer em situação deadversários”, habitualmente trata<strong>da</strong>s no âmbito <strong>da</strong> disciplina de Educação Física.Muitas outras experiências meto<strong>do</strong>lógicas poderiam aqui ser descritas. Mas, no fun<strong>do</strong>, oque preten<strong>do</strong> salientar é que o olhar etnográfico permitiu chegar <strong>ao</strong> conhecimento <strong>do</strong>quotidiano <strong>da</strong>queles alunos, basea<strong>do</strong> no sensório, no afecto, no imediato e no concreto.8
Ao captarem significativamente essa “cultura popular” específica - veicula<strong>da</strong>igualmente pela música, pelas revistas, pela televisão – os professores conseguiramaceder a uma parte importante <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> <strong>do</strong>s seus alunos para, a partir <strong>da</strong>í, lhesproporcionarem outros saberes, atitudes e competências.A Escola passou a ser um espaço de diálogo e comunicação entre o discurso <strong>do</strong>minantee o discurso popular. Isso explica que no último dia de aulas, para além <strong>da</strong>s exposiçõesde trabalhos realiza<strong>do</strong>s pelos alunos, a tradicional meren<strong>da</strong> com sandes e bolos,preconiza<strong>da</strong> pela cultura escolar, tivesse <strong>da</strong><strong>do</strong> lugar a um ver<strong>da</strong>deiro arraial popularmadeirense, com espeta<strong>da</strong> em pau-de-louro e bolo de caco, e típicas decorações e<strong>da</strong>nças protagoniza<strong>da</strong>s pelos alunos <strong>do</strong> Projecto.9BibliografiaAPPLE, M. W. (1995). A política <strong>do</strong> conhecimento oficial: faz senti<strong>do</strong> a ideia de umcurrículo nacional? In A. F. MOREIRA, e T. T. SILVA (Orgs.). Currículo, Cultura eSocie<strong>da</strong>de. (pp. 39-57). São Paulo: Cortez.BOUMARD, P. (1989). Les savants de l’intérieur. L’analyse de la société scolaire parses acteurs. Paris: Armand Colin.ESTRELA, A., e ESTRELA, M. T. (1978). A técnica <strong>do</strong>s incidentes críticos. Lisboa:Editorial Estampa.FREIRE, P. (1997). Pe<strong>da</strong>gogia <strong>da</strong> Autonomia – Saberes necessários à práticaeducativa. São Paulo: Paz e Terra.GARFINKEL, H. (1967). Studies in ethnometho<strong>do</strong>logy. New Jersey: Prentice-Hall.GIMENO SACRISTÁN, J. (1995). Currículo e diversi<strong>da</strong>de cultural. In T. T. SILVA, eA. F. MOREIRA (Orgs.). Territórios contesta<strong>do</strong>s. O currículo e os novos mapaspolíticos e culturais. (82-113). Petrópolis: Vozes.GIROUX, H. A. e SIMON, R. (1995). Cultura popular e pe<strong>da</strong>gogia crítica: a vi<strong>da</strong>cotidiana como base para o conhecimento curricular. In A. F. MOREIRA, e T. T.SILVA (Orgs.). Currículo, Cultura e Socie<strong>da</strong>de. (93-124). São Paulo: Cortez.HOVDENAK, S. S. (1997). Making schools accountable valuing local knowledge andexperience. In B. COHEN, e U. HAGEN (Orgs.). Children’s Services: Shaping up forthe Millenium. Supporting Children and Families in the UK and Scandinavia.Edinburgh: Stationery Office.LAPASSADE, G. (1991). L’ethnosociologie. Paris: Méridiens Klincksieck.LOPES, M. A. (1999). Libertar o desejo. Resgatar a inovação. (Tese de <strong>do</strong>utoramento).Porto: FPCE. <strong>Universi<strong>da</strong>de</strong> <strong>do</strong> Porto.MARTINS, J. B. (1996). Observação participante: uma abor<strong>da</strong>gem meto<strong>do</strong>lógica para apsicologia escolar. Semina:Ci.Soc./Hum., 17 (3). Pp. 266-273.MOREIRA, A. F., e SILVA, T. T. (1995). Sociologia e teoria crítica <strong>do</strong> currículo: umaintrodução. In A. F. MOREIRA, e T. T. SILVA (Orgs.). Currículo, Cultura eSocie<strong>da</strong>de. (pp. 07-37). São Paulo: Cortez.O.N.U. (2005). Relatório de Desenvolvimento Humano. Disponível emhttp://hdr.undp.org/reports/global/2005/portuguese/pdf/hdr05_po_chapter_2.pdf
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