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O verbete no ensino de Língua Portuguesa - Celsul.org.br

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ativida<strong>de</strong>s cujas potencialida<strong>de</strong>s são maiores, instigando o trabalho <strong>de</strong> pesquisa e aauto<strong>no</strong>mia <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> leitura.Esse reconhecimento da importância do uso dos dicionários, <strong>no</strong> entanto, não sefaz acompanhar por sua efetiva presença em sala <strong>de</strong> aula, ou, quando isso acontece, odicionário aparece como uma ferramenta que é ofertada aos alu<strong>no</strong>s, mas nem sempreexplorada em toda sua potencialida<strong>de</strong>. Por isso enten<strong>de</strong>mos que não basta distribuirmosdicionários para alu<strong>no</strong>s, os quais, muitas vezes, <strong>de</strong>sconhecem a própria <strong>org</strong>anização<strong>de</strong>ssa o<strong>br</strong>a. Daí a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pensarmos não só o espaço do dicionário na sala <strong>de</strong>aula, mas na preparação do professor para o trabalho com esse material, já que, naposição <strong>de</strong> orientador, cabe a ele auxiliar o alu<strong>no</strong> <strong>no</strong> trabalho <strong>de</strong> pesquisa, mostrando asregularida<strong>de</strong>s que o dicionário apresenta e o tipo <strong>de</strong> informação que ele po<strong>de</strong> encontrar.Tal preparação faz com que o professor possa ocupar efetivamente a posição daqueleque orienta e esclarece, por meio do auxílio ao alu<strong>no</strong> na apropriação dos recursos queum dicionário oferece e <strong>de</strong> ferramentas necessárias para que busque a construção daauto<strong>no</strong>mia em leitura, seja ela em língua materna ou estrangeira. Esse é o caminho que,enten<strong>de</strong>mos, po<strong>de</strong> <strong>no</strong>s levar, enquanto educadores, a construir espaços para o usoprodutivo <strong>de</strong>ssas o<strong>br</strong>as em sala <strong>de</strong> aula. Além disso, conhecer os dicionários e o modocomo são construídos é essencial para que possamos i<strong>de</strong>ntificar as o<strong>br</strong>as maisa<strong>de</strong>quadas para os objetivos propostos e para a faixa etária <strong>de</strong> <strong>no</strong>ssos alu<strong>no</strong>s. Krieger(2007), muito apropriadamente, aponta o <strong>de</strong>sconhecimento lexicográfico como aprincipal causa para os professores não se sentirem preparados para um trabalho maissistemático <strong>de</strong> utilização do dicionário como recurso pedagógico, embora sejam, naopinião da autora, instrumentos importantes para o <strong>de</strong>senvolvimento da habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>leitura e escrita, além <strong>de</strong> contribuírem para ampliar os conhecimentos lingüísticos doindivíduo, constituindo-se, acima <strong>de</strong> tudo, excelentes subsídios das ativida<strong>de</strong>s didáticas.Assim, a autora <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a inserção dos estudos lexicográficos <strong>no</strong>s currículos <strong>de</strong>formação <strong>de</strong> professores.2. O dicionárioEmbora o Brasil não seja um país com gran<strong>de</strong> tradição 1 em estudos lexicográficos, háalguns avanços <strong>no</strong>tórios <strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s, principalmente pelos estudos lexicográficosna Unesp <strong>de</strong> São Paulo, campus Araraquara, em que se encontra um corpus <strong>de</strong> 200milhões <strong>de</strong> ocorrências do português <strong>br</strong>asileiro, número suficiente para permitir aestruturação <strong>de</strong> um dicionário geral <strong>de</strong> português (BIDERMAN, 2008, p.37). Outrocentro <strong>de</strong> referência <strong>br</strong>asileira, hoje, em estudos lexicográficos está na Universida<strong>de</strong>Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, com o projeto Termi<strong>no</strong>lógico Cone Sul – TERMISUL 2 .As contribuições dos pesquisadores são <strong>de</strong> extrema importância para o campolexicográfico, servindo <strong>de</strong> importante referência teórica para <strong>de</strong>screvermos a estruturado dicionário e do <strong>verbete</strong>, <strong>de</strong> modo a subsidiarmos a proposta <strong>de</strong>ste trabalho.Para Krieger (1993, p.9) a <strong>de</strong>finição costumeira <strong>de</strong> dicionário – conjunto <strong>de</strong>vocábulos <strong>de</strong> uma língua, dispostos alfabeticamente – expressa a etimologia do termodictionarium, cujo sufixo significa <strong>de</strong>pósito, indica o repositório das palavras. Lara(1989, p.55) aponta que “la <strong>de</strong>finición, por último, es principio y fin <strong>de</strong>l diccionario”.1 Para uma história da lexicografia <strong>br</strong>asileira, ver Krieger et. al. (2006) e para uma história do fazerlexicográfico mundial, Farias (2007).2 É possível conhecer mais dados so<strong>br</strong>e o projeto em questão na página on-line da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>raldo Rio Gran<strong>de</strong> do Sul: www.ufrgs.<strong>br</strong>.GT Lexicografia, Termi<strong>no</strong>logia e Lexicologia 3


Nesse sentido, os vocábulos listados mais suas acepções, juntamente com quaisqueroutras informações a eles relacionadas, constituem artigos <strong>de</strong> dicionário, estruturados,segundo o autor, em três elementos (LARA, 1989, p. 51):Entrada Categoria DefiniçãoExemplo:2.1. O <strong>verbete</strong>Dicionário – s. m. – o<strong>br</strong>a que relaciona, em or<strong>de</strong>m alfabética, aspalavras <strong>de</strong> uma língua ou <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> palavras, cominformações so<strong>br</strong>e seu significado ou sua tradução em outra língua.O que chamamos aqui <strong>de</strong> <strong>verbete</strong>, coerente com outros registros na literatura (Houaiss,2001; Dionisio, 2002), correspon<strong>de</strong> aos elementos Categoria e Definição da estruturaacima.Bi<strong>de</strong>rman (1993) discorre que, <strong>no</strong> fazer <strong>de</strong> dicionários, a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> umvocábulo é uma paráfrase <strong>de</strong>sse vocábulo, a ele equivalente semanticamente. Nela seenumeram os mais importantes traços semânticos do vocábulo, aqueles que odistinguem dos <strong>de</strong>mais. Conforme Miranda (2004/2005), a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> um dicionárionão <strong>de</strong>ve ser exaustiva, mas sim suficiente, o que equivale a dizer que ela <strong>de</strong>ve ser útilem vista do usuário.2.2. O <strong>verbete</strong> <strong>no</strong>s tipos <strong>de</strong> dicionário <strong>de</strong> língua portuguesaComo bem afirma Krieger (2007), a crença dos professores <strong>de</strong> que os dicionários sediferenciam somente pela quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> entradas e a falta <strong>de</strong> conceitos claros so<strong>br</strong>e aqualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um dicionário estão entre os fatores que impe<strong>de</strong>m o aproveitamento dopotencial didático do dicionário <strong>de</strong> língua <strong>no</strong> âmbito escolar. Apenas recentemente ogover<strong>no</strong> <strong>br</strong>asileiro, através do Programa Nacional <strong>de</strong> Avaliação do Livro Didático(PNLD) 3 , promoveu a avaliação <strong>de</strong> dicionários <strong>de</strong> língua portuguesa para o uso coletivoem sala <strong>de</strong> aula. Uma comissão <strong>de</strong> especialistas – lingüistas, lexicógrafos, professores<strong>de</strong> português e pedagogos – avaliou as o<strong>br</strong>as e elaborou uma caracterização das mesmasconforme sua contribuição para o processo <strong>de</strong> alfabetização e letramento ao longo dasdiferentes séries/a<strong>no</strong>s do Ensi<strong>no</strong> Fundamental. Essa caracterização, que classifica osdicionários em três tipos, po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada o primeiro conjunto <strong>de</strong> critérios oficiaisa orientarem os docentes na escolha <strong>de</strong> dicionários para uso na escola.Há dicionários cujas características aten<strong>de</strong>m às necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> turmas em fase<strong>de</strong> alfabetização (1ª e 2ª séries, ou 1º ao 3º a<strong>no</strong>), classificados pelo PNLD como Tipo 1 eTipo 2; e há dicionários a<strong>de</strong>quados a turmas em processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da línguaescrita (3ª e 4ª séries, ou 4º e 5º a<strong>no</strong>s), <strong>de</strong> Tipo 2 e Tipo 3.Os dicionários do Tipo 1 possuem o mínimo <strong>de</strong> 1 000, o máximo <strong>de</strong> 3 000<strong>verbete</strong>s, e uma proposta lexicográfica a<strong>de</strong>quada à introdução do alfabetizando aogênero dicionário. Visam não apenas à aquisição e ampliação do vocabulário, mas à3 Disponível em http://portal.mec.gov.<strong>br</strong>/seb.GT Lexicografia, Termi<strong>no</strong>logia e Lexicologia 4


aprendizagem do manuseio do próprio dicionário. O Aurelinho: Dicionário InfantilIlustrado da Língua <strong>Portuguesa</strong> (Ed. Positivo Ltda.) e o Meu Primeiro DicionárioCaldas Aulete Infantil Ilustrado (Ed. Nova Fronteira S.A.), por exemplo, sãoclassificados como Tipo 1. Entre suas características estão a riqueza <strong>de</strong> exemplos, umaseleção <strong>de</strong> entradas do dicionário baseada na língua escrita e falada nas primeiras sériesescolares, separação silábica, indicação <strong>de</strong> pronúncia, classificação gramatical,sinônimos e antônimos. A <strong>org</strong>anização da o<strong>br</strong>a e seu projeto gráfico são a<strong>de</strong>quados para<strong>de</strong>senvolver a habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> consulta a um dicionário: há cores em lugar <strong>de</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>iras eenca<strong>de</strong>rnação que permita a o<strong>br</strong>a ficar aberta, so<strong>br</strong>e a escrivaninha, durante a consulta.Um exemplo <strong>de</strong> <strong>verbete</strong> <strong>de</strong> dicionário do tipo 1 é o seguinte:Figura 1. Verbete <strong>de</strong> dicionário tipo 1.(FERREIRA, 2007, p.114)Nesse exemplo, <strong>no</strong>ta-se que a entrada do <strong>verbete</strong> vem <strong>de</strong>stacada em outra cor, a<strong>de</strong>finição tem caráter explicativo e as abonações ganham <strong>de</strong>staque. Não há emprego <strong>de</strong>a<strong>br</strong>eviações ou siglas, tampouco remissões. Os verbos são listados na forma infinitiva, enão há informações so<strong>br</strong>e sua flexão ou regência. A ilustração auxilia a compreensão dotermo <strong>de</strong>finido.Os dicionários do Tipo 2 possuem o mínimo <strong>de</strong> 3 500, o máximo <strong>de</strong> 10 000<strong>verbete</strong>s e uma proposta lexicográfica a<strong>de</strong>quada a alu<strong>no</strong>s em fase <strong>de</strong> consolidação dodomínio da escrita. Propõem-se a servir <strong>de</strong> referência acessível aos significados e usosdas palavras para aqueles que começam a estudar e têm a língua como eixo <strong>de</strong> seuaprendizado. São dicionários <strong>de</strong> Tipo 2 o Caldas Aulete Dicionário Escolar da Língua<strong>Portuguesa</strong> Ilustrado com a Turma do Sítio do Pica-Pau Amarelo (Ed. Nova FronteiraS.A.) e o Dicionário Ilustrado <strong>de</strong> Português, <strong>de</strong> Maria Tereza Bi<strong>de</strong>rman (Ed. ÁticaLtda.), entre outros. Além <strong>de</strong> manterem o teor explicativo já verificado <strong>no</strong>s dicionáriosGT Lexicografia, Termi<strong>no</strong>logia e Lexicologia 5


<strong>de</strong> Tipo 1, caracterizam-se por contextualizarem o uso <strong>de</strong> uma certa palavra em umadada acepção, fornecerem informações suplementares à <strong>de</strong>finição, principalmentequando se trata <strong>de</strong> verbos cujos significados são apresentados conforme as diferentesregências; incluírem estrangeirismos, locuções e expressões idiomáticas, isso sem a<strong>br</strong>irmão <strong>de</strong> inúmeros exemplos. São muitas as ilustrações e cores diferenciadas fazem asvezes <strong>de</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>iras. Veja-se:Figura 2. Verbete <strong>de</strong> dicionário tipo 2.(CALDAS AULETE, 2005, p.165)A entrada do <strong>verbete</strong> está em <strong>de</strong>staque, em cor diferente e em negrito. Segue-se,além da divisão silábica, a indicação da posição da sílaba tônica, sublinhada. Fornecese,por meio <strong>de</strong> a<strong>br</strong>eviatura, a classe gramatical da entrada, e <strong>de</strong>pois as <strong>de</strong>finições.Notem-se, além das abonações, a indicação da transitivida<strong>de</strong> verbal e o caráter figurado<strong>de</strong> uma das acepções. Por fim, há informações so<strong>br</strong>e conjugação verbal conformeparadigma apresentado nas páginas introdutórias da o<strong>br</strong>a.Os dicionários do Tipo 3 possuem o mínimo <strong>de</strong> 19 000, o máximo <strong>de</strong> 35 000<strong>verbete</strong>s, e sua proposta lexicográfica orienta-se pelas características <strong>de</strong> um dicionáriopadrão, porém é a<strong>de</strong>quada a alu<strong>no</strong>s das últimas séries do primeiro segmento do Ensi<strong>no</strong>Fundamental. Objetivam fornecer <strong>de</strong>finições concisas, claras e precisas a alu<strong>no</strong>s doEnsi<strong>no</strong> Fundamental, principalmente, mas o<strong>br</strong>as <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> geral. O Aurélio Júnior:Dicionário Escolar da Língua <strong>Portuguesa</strong> (Ed. Positivo Ltda.), o Minidicionário Luft(Ed. Ática Ltda.) e o Minidicionário Houaiss da Língua <strong>Portuguesa</strong> (Ed. Mo<strong>de</strong>rnaLtda) são alguns dos dicionários <strong>de</strong>sse tipo. É sua característica, além das <strong>de</strong>finições,fornecer a indicação <strong>de</strong> separação silábica e <strong>de</strong> pronúncia, informações <strong>de</strong> naturezagramatical – classe, flexão, <strong>de</strong>rivação, regência, concordância – e <strong>de</strong> usos <strong>de</strong> cada<strong>verbete</strong>; em suas páginas iniciais ou finais, há uma série <strong>de</strong> a<strong>de</strong>ndos, em que seGT Lexicografia, Termi<strong>no</strong>logia e Lexicologia 6


compilam os principais itens <strong>de</strong> uma gramática <strong>no</strong>rmativa e po<strong>de</strong>-se fornecerinformações <strong>de</strong> caráter enciclopédico. Há algumas entradas com informações <strong>de</strong> caráterhistórico, e poucas com abonações. A <strong>no</strong>menclatura é em geral levantada <strong>de</strong> variadasfontes, predominantemente referenciais, e co<strong>br</strong>e locuções e estrangeirismos. Não háilustrações nem <strong>de</strong><strong>de</strong>iras, e a o<strong>br</strong>a não permanece aberta so<strong>br</strong>e a escrivaninha durante aconsulta (o que dificulta o manuseio por crianças). Um exemplo <strong>de</strong> <strong>verbete</strong> <strong>de</strong>ssatipologia <strong>de</strong> dicionário é o seguinte:Figura 3. Verbete <strong>de</strong> dicionário tipo 3.(HOUAISS e VILLAR, 2008, p.262)A entrada do <strong>verbete</strong> está <strong>de</strong>stacada em negrito, e a divisão silábica é nelaindicada. De forma a<strong>br</strong>eviada, informam-se classe gramatical e transitivida<strong>de</strong> verbal, ehá indicação do paradigma verbal a ser seguido na conjugação conforme um dosa<strong>de</strong>ndos do dicionário. Com ícones introduzem-se antônimos do verbo em suasdiferentes acepções e mudança <strong>de</strong> regência. Fornece-se uma abonação entre colchetesangulados. Registram-se usos <strong>de</strong> cada acepção por meio <strong>de</strong> a<strong>br</strong>eviaturas: <strong>br</strong>asilianismo,emprego figurado e informal.Damin (2005) realizou análise <strong>de</strong> seis o<strong>br</strong>as avaliadas pelo MEC em 2001,buscando evidências <strong>de</strong> sua classificação como dicionários escolares. A autora verificouque esses dicionários não se distinguem <strong>de</strong> outras o<strong>br</strong>as lexicográficas, <strong>de</strong>vido a<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s nas características que os classificariam enquanto tal. Há maissimilarida<strong>de</strong>s do que diferenças entre dicionários escolares e dicionários <strong>de</strong> uso geral.Krieger (2007) afirma que é essa a razão que leva muitos a falar <strong>de</strong> dicionários <strong>de</strong> usoescolar ao invés <strong>de</strong> dicionário escolar. A mesma autora também aponta que osminidicionários são geralmente consi<strong>de</strong>rados escolares, embora sua <strong>de</strong>signação se <strong>de</strong>vamais pela sua estrutura reduzida do que pela sua a<strong>de</strong>quação para fins <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>.Quanto à estrutura do dicionário escolar, percebemos uma série <strong>de</strong> estudosvoltados para questões envolvendo aspectos diversos da microestrutura do dicionáriocomo o <strong>de</strong> Miranda (2004/2005), Miranda e Beneduzi (2004/2005) e Farias (2008). Éimportante ressaltar que esses autores se atêm ao estudo dos dicionários escolares,fornecendo, <strong>de</strong>sse modo, subsídios que po<strong>de</strong>m ser importantes aos professores <strong>no</strong>momento <strong>de</strong> selecionarem dicionários a serem indicados aos seus alu<strong>no</strong>s.A elaboração <strong>de</strong> um dicionário não é tarefa simples, vistas as complexida<strong>de</strong>senvolvidas na vida do idioma que muda constantemente. É necessária uma teoria lexicalque <strong>de</strong>termine os critérios <strong>de</strong> seleção das entradas <strong>de</strong> acordo com o perfil do dicionário.Miranda (2004/2005) afirma haver consenso <strong>de</strong> que o ponto <strong>de</strong> partida para aelaboração <strong>de</strong> qualquer dicionário está <strong>no</strong> público ao qual se <strong>de</strong>stina e <strong>no</strong> objetivo. Háquestões <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão que precisam ser tomadas, por exemplo, a inclusão <strong>de</strong> siglas, qualGT Lexicografia, Termi<strong>no</strong>logia e Lexicologia 7


consi<strong>de</strong>rar a forma canônica e qual consi<strong>de</strong>rar a variante, o tratamento aosestrangeirismos 4 . Segundo Isquerdo e Krieger (2004), <strong>de</strong>limitar as unida<strong>de</strong>s léxicas<strong>de</strong>ntro dos contextos discursivos e eleger os lemas que constituirão as entradas é umatarefa que se mostra extremamente difícil.Miranda (2004/2005) e Farias (2007) apontam para a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> asinformações <strong>no</strong>s dicionários serem discretas e discriminantes em seu estudo so<strong>br</strong>edicionários mo<strong>no</strong>língües <strong>de</strong> português e em vários dicionários escolares: Miniaurélio,Michaelis Escolar, Minidiconário Houaiss, Minidicionário Luft e Minidiconário Escolarda Língua <strong>Portuguesa</strong>. A informação é discreta quando ela é <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong> e relevantepara o consulente e discriminante quando a informação é <strong>de</strong> proveito para o consulente.Conforme os autores, é preciso respeitar esses princípios para que a o<strong>br</strong>a lexicográficaseja <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>.3. Uma pesquisa entre professoresComo os professores fazem uso dos dicionários ou instruem os alu<strong>no</strong>s para suautilização? Em uma pesquisa preliminar 5 com 30 profissionais do ensi<strong>no</strong>, levantamosalguns dados que <strong>no</strong>s possibilitaram verificar fatores relacionados à prática pedagógicacom o uso <strong>de</strong> dicionário e à consulta <strong>de</strong>sse material pelos próprios professores. Asfiguras 4 a 7, a seguir, referem-se ao perfil dos professores envolvidos na pesquisa, querespon<strong>de</strong>ram por escrito a um questionário 6 .Primeiramente, referimo-<strong>no</strong>s ao tipo <strong>de</strong> escola em que lecionam os professores,conforme a figura 4. Po<strong>de</strong>-se perceber que gran<strong>de</strong> parte dos entrevistados trabalha emescolas públicas, sejam municipais ou estaduais. Há, <strong>no</strong> entanto, um grupo <strong>de</strong> 27% dosentrevistados que não especificou o tipo <strong>de</strong> escola em que trabalha.Outra particularida<strong>de</strong> é que 100% dos professores entrevistados são do sexofemini<strong>no</strong>.TIPO DE ESCOLA% DE RESPOSTAS40302010-MUNICIPALESTADUALPRIVADANÃOESPECIFICADASFigura 4. Tipo <strong>de</strong> escola em que lecionam os professores entrevistados.Fonte: Elaborado pelas autoras.Todos os professores que respon<strong>de</strong>ram ao <strong>no</strong>sso questionário concluíram agraduação. A figura 5 permite-<strong>no</strong>s avaliar que, em sua gran<strong>de</strong> maioria, além <strong>de</strong> serem4 Para uma análise da inserção dos estrangeirismos <strong>no</strong>s dois dicionários mais importantes do país, oHouaiss e o Aurélio, ver Prado (2005).5 Levantamento realizado em Caxias do Sul – RS –, <strong>no</strong> mês <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2008.6 Diferenças nas totalizações das informações obtidas <strong>de</strong>vem-se ao fato <strong>de</strong> os professores não teremfornecido resposta a algumas questões.GT Lexicografia, Termi<strong>no</strong>logia e Lexicologia 8


professores da re<strong>de</strong> pública <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>, concluíram seus estudos <strong>de</strong> graduação entre 1980e 1995.ANO DE CONCLUSÃO DA GRADUAÇÃO252015105-1980-19851986-19901991-19951996-20002001-20052006-2008NÃOESPEC% DE RESPOSTASANOFigura 5. A<strong>no</strong> em que os professores concluíram a graduação.Fonte: Elaborado pelas autoras.Quanto ao tempo <strong>de</strong> docência, alguns professores (10%) preferiram nãoespecificá-lo, mas se po<strong>de</strong> perceber que os resultados mostrados na figura 6 sãocoerentes com o <strong>de</strong>scrito na figura anterior. Assim como a graduação foi concluída, p<strong>org</strong>ran<strong>de</strong> parte dos professores, entre 28 e 13 a<strong>no</strong>s atrás, o tempo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> docente quemais se so<strong>br</strong>essai correspon<strong>de</strong> à faixa <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> 11 a 30 a<strong>no</strong>s. Do mesmo modo, osegundo dado maior na figura 5 (14% concluintes da graduação <strong>no</strong> período 2001-2005)correspon<strong>de</strong> à segunda maior informação da figura 6, que mostra 23% dos entrevistadoscom 6 a 10 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> docência.TEMPO DE ATIVIDADE DOCENTE% DE RESPOSTAS252015105-0 A 56 A 1011 A 1516 A 2021 A 2526 A 30NÃOESPECIFANOSFigura 6. Tempo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> docente.Fonte: Elaborado pelas autoras.A figura 7 mostra a distribuição dos professores entrevistados <strong>de</strong> acordo com asdisciplinas que informaram ministrar: língua portuguesa, história, religião, geografia,currículo por ativida<strong>de</strong>s, séries iniciais do ensi<strong>no</strong> fundamental, literatura, ou nenhumainformada. A escolha dos entrevistados foi aleatória e <strong>de</strong>veu-se à facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso aGT Lexicografia, Termi<strong>no</strong>logia e Lexicologia 9


esses profissionais. Percebe-se um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> professores <strong>de</strong> língua portuguesa(54%) 7 .DISCIPLINAS MINISTRADAS60% DE RESPOSTAS5040302010-PORTUGUÊSHISTÓRIARELIGIÃOGEOGRAFIACURRÍCULOSÉRIES INICLITERATURANENHUMAFigura 7. Disciplinas ministradas pelos professores.Fonte: Elaborado pelas autoras.Ainda, a figura 8 traz informações so<strong>br</strong>e as séries em que trabalham osprofessores pesquisados, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da disciplina, já mostrada na figuraanterior. A maioria <strong>de</strong>sses profissionais ficou concentrada nas séries 5ª a 8ª do Ensi<strong>no</strong>Fundamental regular.ATUAÇÃO DOS PROFESSORESPESQUISADOS% DE RESPOSTAS605040302010-1° A 4°ENSINOFUNDAMENTALENSINOMÉDIOSEMRESPOSTAFigura 8. Séries em que atuam os professores.Fonte: Elaborado pelas autoras.7 Salientamos que, como esta pesquisa foi uma prévia para verificarmos possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> respostas às<strong>no</strong>ssas indagações, é muito provável que uma seleção mais criteriosa <strong>de</strong> professores, principalmente emrelação à sua distribuição quanto à disciplina que ministra, po<strong>de</strong>ria ter trazido respostas diferentes aotrabalho.GT Lexicografia, Termi<strong>no</strong>logia e Lexicologia 10


O outro bloco <strong>de</strong> perguntas <strong>de</strong> <strong>no</strong>sso questionário diz respeito a característicasdo professor em relação ao seu trabalho com dicionários em sala <strong>de</strong> aula. Inicialmente,perguntamos: você solicita que seus alu<strong>no</strong>s utilizem o dicionário em sala <strong>de</strong> aula? Afigura 9, a seguir, traz as respostas que obtivemos. Todos os professores solicitam e/ouestimulam, em diferentes graus, o uso do dicionário em sala <strong>de</strong> aula.ESTÍMULO AO USO DO DICIONÁRIO% DE RESPOSTAS10080604020-SIMNÃOÀSVEZESFigura 9. Estímulo dos professores para que os alu<strong>no</strong>s usem o dicionário em sala <strong>de</strong> aula.Fonte: Elaborado pelas autoras.Preocupamo-<strong>no</strong>s em saber, também, quais são as o<strong>br</strong>as escolhidas para esse tipo<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que todos afirmam fazer uso em algum grau. Deixamos a possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> resposta aberta, e obtivemos as mais variadas respostas, como se po<strong>de</strong>ria esperar;além disso, praticamente todos os professores indicaram mais <strong>de</strong> um título nessa mesmaresposta. O maior percentual recaiu so<strong>br</strong>e as o<strong>br</strong>as “Dicionário Aurélio” e “DicionárioLuft”, que somam 49%, como se po<strong>de</strong> ver na figura 10.DICIONÁRIO UTILIZADO EM AULA% DE RESPOSTAS5040302010-AURÉLIOLUFTDISPONÍVELNA ESCOLAA CRITÉRIODO ALUNOFigura 10. Dicionário solicitado pelos professores para uso em sala <strong>de</strong> aula.Fonte: Elaborado pelas autoras.O que se pô<strong>de</strong> verificar, quando perguntamos quais são os dicionáriosdisponíveis na escola para a utilização pelos alu<strong>no</strong>s, é que as escolas dispõem dosdicionários recomendados pelo MEC, que os professores reconhecem como os que ogover<strong>no</strong> manda para a escola, além do Aurélio e do Luft como a maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>indicações nas respostas. Esses dados são mostrados na figura 11:GT Lexicografia, Termi<strong>no</strong>logia e Lexicologia 11


ACERVO DA ESCOLA% DE RESPOSTAS5040302010-AURÉLIOLUFTRECOMENDADOS PELO MECOUTROSFigura 11. Dicionário disponível <strong>no</strong> acervo da escola para uso pelos alu<strong>no</strong>s.Fonte: Elaborado pelas autoras.Outra pergunta que fizemos, cujas respostas se apresentam na figura 12 a seguir,é: para que tipo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> você costuma solicitar o uso do dicionário? O foco dosdados refere-se a ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> interpretação <strong>de</strong> textos e <strong>de</strong> trabalho com vocabulário(conceito, si<strong>no</strong>nímia, antonímia) durante a leitura.TIPO DE ATIVIDADE COM O USO DODICIONÁRIO% DE RESPOSTAS3530252015105-INTERPRETAÇÃO DETEXTOVOCABULÁRIOORTOGRAFIAREDAÇÃOCLASSIFICAÇÃO DEPALAVRASSILABAÇÃOFigura 12. Tipo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvida pelos professores para uso do dicionário em sala <strong>de</strong> aula.Fonte: Elaborado pelas autoras.Um último questionamento, nesse bloco, aos professores entrevistados fezreferência à dificulda<strong>de</strong> dos alu<strong>no</strong>s ao usarem o dicionário. A percepção dosprofissionais quanto a esse assunto aponta que a gran<strong>de</strong> maioria dos consulentes emida<strong>de</strong> escolar tem dificulda<strong>de</strong> quanto à localização das palavras na o<strong>br</strong>a, o que refere aoconhecimento da or<strong>de</strong>m alfabética e, por conseqüência, da <strong>org</strong>anização do dicionário.Despertou <strong>no</strong>ssa atenção, também, o fato <strong>de</strong> 18% das respostas apontarem que os alu<strong>no</strong>snão têm dificulda<strong>de</strong> alguma para utilizar o dicionário. São dois pontos extremos <strong>de</strong>resposta, como se po<strong>de</strong> ver na figura 13:GT Lexicografia, Termi<strong>no</strong>logia e Lexicologia 12


DIFICULDADE DO ALUNO COM ODICIONÁRIO% DE RESPOSTAS5040302010-LOCALIZAÇÃODE PALAVRASFALTACLAREZA DODICIONÁRIOCOMPREENSÃOFALTA DEINTERESSENÃO HÁFigura 13. Tipo <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> que os alu<strong>no</strong>s apresentam para a utilização do dicionário.Fonte: Elaborado pelas autoras.A terceira e última parte <strong>de</strong> <strong>no</strong>ssas perguntas fez referência ao professorenquanto consulente <strong>de</strong> dicionários. Nossa intenção era verificar se o discurso doprofissional entrevistado apresentava correlação com a sua fala quanto à sua posturafrente aos alu<strong>no</strong>s e ao uso do dicionário em sala <strong>de</strong> aula. Algo que pu<strong>de</strong>mos verificarcom a <strong>no</strong>va seqüência <strong>de</strong> perguntas é que esses professores não têm, em geral,conhecimento dos critérios do MEC para a indicação <strong>de</strong> o<strong>br</strong>as dicionarísticas para otrabalho nas escolas, conforme a figura 14. Nesse sentido, preocupou-<strong>no</strong>s o fato <strong>de</strong>,muito provavelmente, os professores não disporem, do mesmo modo, <strong>de</strong> critérios para aseleção das o<strong>br</strong>as a indicar aos alu<strong>no</strong>s.CONHECIMENTO DA INDICAÇÃO DE DICIONÁRIOS PELOMEC% DE RESPOSTAS80604020-NENHUMPARTESIMNÃORESPONDEUFigura 14. Conhecimento dos professores dos critérios do MEC para a indicação <strong>de</strong> dicionáriospara as escolas.Fonte: Elaborado pelas autoras.Ainda, pu<strong>de</strong>mos verificar que esses mesmos professores, na sua maioria, nãotiveram formação acadêmica para o uso pedagógico do dicionário. Essa lacunaGT Lexicografia, Termi<strong>no</strong>logia e Lexicologia 13


formativa po<strong>de</strong>, em parte, explicar o <strong>de</strong>sconhecimento do trabalho do MEC para aavaliação e indicação <strong>de</strong> dicionários para o uso escolar. A figura 15 permite-<strong>no</strong>sperceber que quase 60% <strong>de</strong>sses profissionais admitem a falta <strong>de</strong> conhecimentoinstrucional so<strong>br</strong>e o assunto, mas o valor po<strong>de</strong> aumentar, se consi<strong>de</strong>rarmos que os quecolocam a escola como instrução provavelmente esqueceram <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar que, nesseespaço, receberam instrução <strong>de</strong> uso do dicionário enquanto consulentes, não comoprofissionais do ensi<strong>no</strong>. Há também professores que se puseram em dúvida quanto à suaformação, ao afirmarem que “achavam” que tinham recebido informações quanto ao usopedagógico <strong>de</strong> o<strong>br</strong>as dicionarísticas.FORMAÇÃO ACADÊMICA PARA USO PEDAGÓGICO DODICIONÁRIO60% DE RESPOSTAS5040302010-NÃOSIMNAESCOLAACHOQUE SIMFigura 15. Formação acadêmica dos professores para o uso pedagógico dos dicionários.Fonte: Elaborado pelas autoras.Quanto ao uso propriamente dito do dicionário, agora pensando o professorenquanto sujeito consulente da o<strong>br</strong>a, esse é um aspecto que, <strong>de</strong> acordo com o ponto <strong>de</strong>vista dos entrevistados, não lhes traz dificulda<strong>de</strong>s. A figura 16 apresenta a tabulação dosdados para as respostas a essa pergunta: praticamente a totalida<strong>de</strong> dos professores diz-seà vonta<strong>de</strong> para usar o material, sem qualquer dificulda<strong>de</strong>. Apenas um professor (o queequivale a 6% do corpus) acusou dificulda<strong>de</strong>s quanto ao reconhecimento dasa<strong>br</strong>eviaturas e quanto à estruturação “complicada” do dicionário. Essa resposta isolada<strong>no</strong>s levou a pensar que, se o professor está <strong>de</strong>spreparado enquanto consulente, <strong>de</strong> igualforma não conseguirá orientar seus alu<strong>no</strong>s para serem melhores usuários <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong>material <strong>de</strong> pesquisa.GT Lexicografia, Termi<strong>no</strong>logia e Lexicologia 14


DIFICULDADES PARA USAR O DICIONÁRIO10080604020-NENHUMACOMABREVIATURASDICIONÁRIOCOMPLICADO% DE RESPOSTASFigura 16. Dificulda<strong>de</strong>s dos professores para a consulta ao dicionário.Fonte: Elaborado pelas autoras.Perguntamos ainda quais os dicionários <strong>de</strong> que os professores dispunham parauso particular, ao que pu<strong>de</strong>mos perceber, conforme a figura 17, que gran<strong>de</strong> parte dasrespostas coinci<strong>de</strong> com a indicação <strong>de</strong>sses professores para o uso em sala <strong>de</strong> aula: oAurélio e o Luft. Esse dado <strong>no</strong>s leva a pensar que, restringindo a indicação à o<strong>br</strong>a queele mesmo utiliza, o professor não leva em conta o fato básico <strong>de</strong> que existem diferenteso<strong>br</strong>as para distintos consulentes.DICIONÁRIOS QUE OS PROFESSORES POSSUEM EMCASA% DE RESPOSTAS30252015105-LUFTAURÉLIOMINIDICIONÁRIOSACCONIVÁRIOSOUTROSFigura 17. O<strong>br</strong>as <strong>de</strong> que os professores dispõem para a consulta particular.Fonte: Elaborado pelas autoras.A última <strong>de</strong> <strong>no</strong>ssas perguntas aos entrevistados tinha por objetivo saber em quaissituações o professor utilizava particularmente o dicionário. As respostas a essequestionamento estão apresentadas na figura 18. Percebemos que as situações <strong>de</strong> uso doGT Lexicografia, Termi<strong>no</strong>logia e Lexicologia 15


dicionário pelo professor são muito semelhantes ao que ele, <strong>de</strong>pois, pedirá como tarefaaos alu<strong>no</strong>s: o conhecimento <strong>de</strong> vocabulário e <strong>de</strong> ortografia.SITUAÇÕES DE USO DO DICIONÁRIO40% DE RESPOSTAS302010-CORREÇÃODEPRODUÇÃOTEXTUALVOCABULÁRIOORTOGRAFIACLASSEGRAMATICALGÊNEROPREPARAÇÃODE AULASQUANDO HÁDÚVIDASFigura 18. Situações em que os professores usam o dicionário.Fonte: Elaborado pelas autoras.Tendo em vista essas <strong>de</strong>scobertas junto aos professores na re<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong> epensando <strong>no</strong> que tais profissionais <strong>de</strong>veriam dispor <strong>de</strong> conhecimento para o usopedagógico do dicionário (e do <strong>verbete</strong> enquanto sua constituição fundamental),propusemo-<strong>no</strong>s a <strong>de</strong>senvolver ativida<strong>de</strong>s formativas para alu<strong>no</strong>s <strong>de</strong> licenciatura <strong>no</strong>scursos oferecidos pela Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Caxias do Sul. Duas <strong>de</strong>ssas ativida<strong>de</strong>s sãoapresentadas a seguir.4. Duas propostas <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>Se os conhecimentos que apresentamos acima são fundamentais para aquele que seocupa da produção <strong>de</strong> dicionários, uma visão, ainda que parcial, do processo <strong>de</strong>construção <strong>de</strong>ssas o<strong>br</strong>as po<strong>de</strong> auxiliar o professor em seu trabalho, já que talconhecimento po<strong>de</strong> lhe ofertar ferramentas tanto para a seleção do material maisa<strong>de</strong>quado para o grupo <strong>de</strong> alu<strong>no</strong>s com que trabalha quanto aquelas necessárias paraexplorar os <strong>verbete</strong>s em toda sua potencialida<strong>de</strong>. Por isso insistirmos que falar so<strong>br</strong>e olugar do dicionário em sala <strong>de</strong> aula, como um elemento do processo <strong>de</strong> leitura, leva-<strong>no</strong>s,como vimos anteriormente, à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer o gênero para explorar as suaspotencialida<strong>de</strong>s. Trabalhar diferentes ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conceituação envolvidas naelaboração <strong>de</strong> um <strong>verbete</strong> é uma forma <strong>de</strong> construirmos um caminho que leve o alu<strong>no</strong> ase mover entre os textos, e os termos que os compõem e os <strong>verbete</strong>s que lhe sãoapresentados como instrumentos <strong>de</strong> leitura. Pensando nesse caminho, ou melhor, <strong>no</strong>smúltiplos caminhos por meio dos quais po<strong>de</strong>mos estabelecer esse trânsito foi queesboçamos algumas propostas <strong>de</strong> trabalho com os <strong>verbete</strong>s em ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> leitura eprodução textual. Antes <strong>de</strong> partirmos para a <strong>de</strong>scrição das ativida<strong>de</strong>s, entretanto, énecessário lem<strong>br</strong>ar que elas são apenas exemplos do que se po<strong>de</strong> fazer a partir <strong>de</strong> umGT Lexicografia, Termi<strong>no</strong>logia e Lexicologia 16


estudo do <strong>verbete</strong> em sala <strong>de</strong> aula, <strong>de</strong>vendo ser, toda e qualquer ativida<strong>de</strong>, adaptada àsnecessida<strong>de</strong>s e aos objetivos do grupo com que trabalhamos.4.1. Do <strong>verbete</strong> à produção textualUma das possibilida<strong>de</strong>s que temos ao trabalhar com a análise <strong>de</strong> <strong>verbete</strong>s é partir dacomparação <strong>de</strong> <strong>de</strong>finições para a produção <strong>de</strong> um gênero textual. A proposta queelaboramos visa a mostrar aos licenciandos como o uso <strong>de</strong> dicionários po<strong>de</strong> subsidiar aprodução <strong>de</strong> fábulas. Sugere-se partir <strong>de</strong> uma análise dos conhecimentos prévios doalu<strong>no</strong> so<strong>br</strong>e esse gênero em comparação com as informações encontradas emdicionários.Para a realização da ativida<strong>de</strong>, orienta-se o licenciando a questionar, porexemplo, o que o alu<strong>no</strong> enten<strong>de</strong> por fábula, se conhece algum texto do gênero, se po<strong>de</strong>contar uma fábula para a turma ou mesmo o que esperaria encontrar em um dicionárioao buscar a <strong>de</strong>finição do termo fábula. Esse passo inicial <strong>de</strong>ve ser complementado poruma pesquisa, em diferentes dicionários. Cada alu<strong>no</strong>, ou grupo, seleciona um dicionárioe vai buscar nele a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> fábula que lhe é ofertada. O objetivo é que, uma vezselecionado o <strong>verbete</strong>, o alu<strong>no</strong> seja capaz <strong>de</strong> analisar as informações nele contidas,levando o estudante a pensar, por exemplo, que acepções do termo fábula encontramosnesses <strong>verbete</strong>s; a que público-alvo se <strong>de</strong>stina cada um dos <strong>verbete</strong>s; se o <strong>verbete</strong> estáa<strong>de</strong>quado às necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sse público-alvo e o que há <strong>de</strong> lacunar nas <strong>de</strong>finiçõesanalisadas, entre outros elementos que interessem ao professor.Nesse momento o objetivo não é classificatório, ou seja, o licenciando não <strong>de</strong>vepreten<strong>de</strong>r que o alu<strong>no</strong> <strong>no</strong>meie o tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição que está sendo utilizada nessa o<strong>br</strong>a,mas que, compreen<strong>de</strong>ndo suas características, <strong>de</strong>preenda sentido e a<strong>br</strong>angência <strong>de</strong> tal<strong>verbete</strong>, sendo capaz <strong>de</strong> verificar as diferenças existentes entre as o<strong>br</strong>as consultadas,instrumentalizando-se para selecionar, entre todas as informações encontradas, aquelasque lhe serão úteis para a ativida<strong>de</strong> a ser realizada. Uma vez analisados os <strong>verbete</strong>s, asugestão é compartilhar com a turma os conhecimentos adquiridos e mapear aquelasinformações consi<strong>de</strong>radas essenciais para a construção do conhecimento acerca dogênero fábula.Em seguida o grupo po<strong>de</strong> ser levado a ler fábulas <strong>de</strong> épocas e autores diferentes,analisando o modo como são construídas essas o<strong>br</strong>as e que recorrências encontramos<strong>no</strong>s textos estudados. Nesse momento se po<strong>de</strong>, então, retomar as <strong>de</strong>finições encontradase propor que os alu<strong>no</strong>s produzam a sua própria <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> fábula, sempre levando emconta os objetivos estabelecidos para a ativida<strong>de</strong>. Nesse caso, <strong>no</strong>sso principal objetivoera produzir uma <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> fábula que pu<strong>de</strong>sse auxiliar alu<strong>no</strong>s a produzir fábulas,sendo, portanto, essencial que em sua <strong>de</strong>finição constassem informações esclarecedorasacerca do modo como se constitui esse gênero textual, sua estrutura e função.4.2. O <strong>verbete</strong> <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> leituraUma outra possibilida<strong>de</strong> é trabalharmos o <strong>verbete</strong> como parte do processo <strong>de</strong> leituracom o intuito <strong>de</strong> levar o alu<strong>no</strong> a pensar não so<strong>br</strong>e a fixi<strong>de</strong>z dos sentidos, mas so<strong>br</strong>e seucaráter movente. Po<strong>de</strong>-se fazer isso por meio <strong>de</strong> uma ativida<strong>de</strong> muito simples, como aseleção <strong>de</strong> textos <strong>no</strong>s quais possamos encontrar termos que sofreram mudanças <strong>de</strong>sentido em vista <strong>de</strong>: (1) terem migrado <strong>de</strong> uma área <strong>de</strong> conhecimento para outra (ou <strong>de</strong>GT Lexicografia, Termi<strong>no</strong>logia e Lexicologia 17


uma teoria para outra) ou (2) estarem sendo usados em períodos históricos distintos,entre outras situações 8 .Uma vez selecionados os textos a serem trabalhados, sugere-se a <strong>org</strong>anização <strong>de</strong>uma ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> leitura que leve os alu<strong>no</strong>s a analisar e discutir os textos em questão emtoda a sua amplitu<strong>de</strong>, <strong>de</strong>stacando-se, em seguida, a questão vocabular a ser analisada.Os termos <strong>de</strong>stacados, que <strong>de</strong>vem aparecer <strong>no</strong>s diferentes textos ou fragmentos <strong>de</strong> texto,passam a ser, então, o objeto da pesquisa. Cada <strong>de</strong>finição será analisada em separado,com vistas a que o alu<strong>no</strong> verifique a a<strong>de</strong>quação dos sentidos indicados pelo <strong>verbete</strong> lidoà situação <strong>de</strong> uso do termo <strong>no</strong> texto estudado e, em seguida, comparam-se os <strong>verbete</strong>sentre si, com o objetivo <strong>de</strong> levar os alu<strong>no</strong>s a i<strong>de</strong>ntificar recorrências e diferenças entre aso<strong>br</strong>as consultadas, <strong>de</strong> modo que possa retornar ao seu texto e produzir a <strong>de</strong>finição maisa<strong>de</strong>quada ao uso do termo na o<strong>br</strong>a lida.Além disso, visa-se a instaurar entre os alu<strong>no</strong>s uma discussão acerca <strong>de</strong> comoum mesmo termo po<strong>de</strong> assumir diferentes sentidos, ou, ao me<strong>no</strong>s, co<strong>no</strong>tações diversas,<strong>de</strong> acordo com as condições <strong>de</strong> produção, seja do texto que se lê ou mesmo da próprialeitura. Assim, auxiliamos o alu<strong>no</strong> não só a ver o dicionário como um importanteinstrumento <strong>de</strong> leitura e a sala <strong>de</strong> aula como um espaço <strong>de</strong> pesquisa e análise, mastambém po<strong>de</strong>mos levá-lo a perceber e ser capaz <strong>de</strong> refletir so<strong>br</strong>e a natureza lacunar dossentidos e so<strong>br</strong>e o papel das condições <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> um discurso para a direção <strong>de</strong>sentidos que nele encontraremos.5. ConclusãoEmbora <strong>de</strong> forma ainda tímida, <strong>no</strong>sso grupo <strong>de</strong> estudos procurou subsidiar os alu<strong>no</strong>s docurso <strong>de</strong> licenciatura com conhecimentos so<strong>br</strong>e o dicionário e sua estrutura, através daspropostas <strong>de</strong> leitura e escrita apresentadas. Consi<strong>de</strong>ramos necessário o licenciandodispor <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> orientação em seu curso superior, para que possa, futuramente,fazer uso pedagógico do dicionário em sala <strong>de</strong> aula nas diversas disciplinas escolares.Enten<strong>de</strong>mos que esse tipo <strong>de</strong> trabalho po<strong>de</strong> <strong>no</strong>s levar, enquanto educadores, aconstruir espaços para o uso produtivo <strong>de</strong>ssas o<strong>br</strong>as em sala <strong>de</strong> aula. Defen<strong>de</strong>mos, assimcomo Krieger (2007), a inserção dos estudos lexicográficos <strong>no</strong>s currículos <strong>de</strong> formação<strong>de</strong> professores. Investigações <strong>de</strong>ssa natureza já são amplas <strong>no</strong> Brasil, mas ainda nãofizeram seu caminho para a sala <strong>de</strong> aula, apesar <strong>de</strong> alguns progressos como a instituiçãodo programa <strong>de</strong> avaliação dos dicionários <strong>de</strong> uso escolar pelo MEC através do PNLD.Tendo em vista que o dicionário está profundamente vinculado aos momentoshistóricos e à realida<strong>de</strong> social <strong>de</strong> um povo, sendo, <strong>de</strong>sse modo, um produto cultural,levar o estudante a conhecer melhor esse “<strong>de</strong>pósito do tesouro da língua” também étarefa <strong>de</strong> um valor educacional ímpar na formação <strong>de</strong> cidadãos mais capacitados ecríticos. É necessário continuar as discussões acerca do potencial pedagógico dodicionário, mas já se reitera a importância <strong>de</strong> rever práticas pedagógicas, principalmenteas que formam os futuros docentes.Não po<strong>de</strong>mos mais enten<strong>de</strong>r a escola e a universida<strong>de</strong> como espaços distantes,tampouco <strong>de</strong>ixar que se perpetue a idéia <strong>de</strong> que o conhecimento teórico e a prática <strong>de</strong>sala <strong>de</strong> aula po<strong>de</strong>m permanecer distanciados. Por isso, nesse trabalho, pensamos a8 Termos como humanismo, semitismo, resiliência, entre outros, exemplificam as possibilida<strong>de</strong>s quetemos nessa direção.GT Lexicografia, Termi<strong>no</strong>logia e Lexicologia 18


instrumentalização do alu<strong>no</strong> <strong>de</strong> licenciatura não como um processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvertarefas <strong>de</strong> leitura, mas procurando mostrar como o conhecimento teórico é fundamentalpara subsidiar práticas <strong>de</strong> sala <strong>de</strong> aula em que o professor seja capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar seusobjetivos e selecionar os recursos mais a<strong>de</strong>quados para alcançá-los.Por isso insistirmos na importância <strong>de</strong>sse trânsito entre o conhecimento teóricoe a ativida<strong>de</strong> com o dicionário, porque é justamente o primeiro que vai dar ao professora liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> construir as propostas mais a<strong>de</strong>quadas para os seus propósitos, porquedispõe do conhecimento necessário tanto para <strong>de</strong>senvolver seus projetos quanto paraorientar o alu<strong>no</strong> na execução das ativida<strong>de</strong>s. Além disso, alimentando o trabalho <strong>de</strong>pesquisa nas salas <strong>de</strong> aula dos cursos <strong>de</strong> licenciatura a<strong>br</strong>imos caminho para que essaprática seja levada também para a sala <strong>de</strong> aula do ensi<strong>no</strong> fundamental e médio, e emboraas propostas sejam apenas um exemplo e uma pequena parcela do que se possa fazer emtermos <strong>de</strong> pesquisa em sala <strong>de</strong> aula, o dicionário po<strong>de</strong> ser sim a semente <strong>de</strong> um trabalho<strong>de</strong> pesquisa que leve à auto<strong>no</strong>mia <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> leitura, ajudando-<strong>no</strong>s na tarefa <strong>de</strong>colocar o leitor na posição <strong>de</strong> um interlocutor efetivo dos textos com que trabalha e dosmateriais que manipula.Parece-<strong>no</strong>s que cabe, ainda, uma palavra so<strong>br</strong>e um certo <strong>de</strong>sprestígio dotrabalho com o léxico nas salas <strong>de</strong> aula, que talvez se explique por uma necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>svincular o processo <strong>de</strong> leitura à simples <strong>de</strong>codificação, como se trabalhar comquestões lexicais em ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> leitura e produção textual implicasse reduzir apotencialida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse trabalho. Enten<strong>de</strong>mos que se possa fazer justamente o contrário, ouseja, fazer do estudo do léxico um caminho interessante para se pensar na vida e <strong>no</strong> pesodas palavras e, conseqüentemente, <strong>no</strong> lugar que ocupam <strong>no</strong>s processos <strong>de</strong> leitura eprodução textual.Calvi<strong>no</strong> (1990), em Seis propostas para o próximo milênio, trabalha com o queele chama <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>s do texto e da vida, entre as quais está a exatidão. Para oescritor, há uma tendência, em <strong>no</strong>sso mundo atual, <strong>de</strong> que a linguagem seja sempreusada <strong>de</strong> forma aproximativa, traduzindo, talvez, um <strong>de</strong>scaso, um <strong>de</strong>sleixo com opróprio dizer, como se esquecêssemos que pela escritura criamos <strong>org</strong>anização eprecisão, ou, como já havia <strong>de</strong>clarado Bakhtin, é o enunciado que <strong>org</strong>aniza opensamento.Isso não quer dizer, segundo Calvi<strong>no</strong> (1990), que <strong>de</strong>vamos <strong>no</strong>s livrar do vago,do impreciso, porque também neles está o espaço da imaginação, mas que precisamosbuscar cada vez mais o exercício da exatidão, até mesmo como uma forma <strong>de</strong>estabelecer um espaço <strong>de</strong> in<strong>de</strong>terminação e <strong>de</strong> criação do <strong>no</strong>vo. Buscar a palavra exata,a justa expressão, mesmo reconhecendo a sua impossibilida<strong>de</strong>, é, portanto, aproximar apalavra <strong>de</strong> um exercício necessário a todos nós <strong>de</strong> darmos conta do aspecto sensível dascoisas. Buscar a palavra exata é tentar se aproximar das coisas, já que, como dizCalvi<strong>no</strong> (1990, p. 91), a o<strong>br</strong>a verda<strong>de</strong>ira consiste não em sua forma <strong>de</strong>finitiva mas nasérie <strong>de</strong> aproximações para atingi-la.Pensar nas palavras do Calvi<strong>no</strong> (1990) leva-<strong>no</strong>s a afirmar que um trabalho com apalavra que consi<strong>de</strong>re sua vida, sua história, suas máscaras e o modo como ela vai seressignificando com o tempo (ou as mudanças <strong>de</strong> tempo) é um exercício fundamentalpara o falante <strong>de</strong> uma língua, porque o coloca diante do trabalho, por vezes árduo, mascertamente instigante, que toda escritura implica.GT Lexicografia, Termi<strong>no</strong>logia e Lexicologia 19


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