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Relatório Perfil do Trabalho Decente no Brasil - OIT

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Copyright © Organização Internacional <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 2012Primeira edição: 2012As publicações da Organização Internacional <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> gozam de proteção de direitos depropriedade intelectual em virtude <strong>do</strong> Protocolo 2 da Convenção Universal sobre Direitos Autorais.No entanto, peque<strong>no</strong>s trechos dessas publicações podem ser reproduzi<strong>do</strong>s sem autorização,desde que a fonte seja mencionada. Para obter direitos de reprodução ou de tradução, solicitaçõespara esses fins devem ser apresentadas ao Departamento de Publicações da <strong>OIT</strong> (Direitos epermissões), International Labour Office, CH-1211 Geneva 22, Suíça, ou por correio eletrônico:pubdroit@ilo.org. Solicitações dessa natureza serão bem-vindas.As bibliotecas, instituições e outros usuários registra<strong>do</strong>s em uma organização de direitos dereprodução podem fazer cópias, de acor<strong>do</strong> com as licenças emitidas para este fim. A instituição dedireitos de reprodução <strong>do</strong> seu país pode ser encontrada <strong>no</strong> site www.ifrro.orgGUIMARÃES, José Ribeiro Soares.<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: um olhar sobre as Unidades da Federação. / José RibeiroSoares Guimarães. Brasília: <strong>OIT</strong>, 2012. 376 p.ISBN: 978-92-2-826464-7 (web pdf)Organização Internacional <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>; Escritório <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.<strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>, oportunidade de emprego, condições de trabalho, seguridade social, diálogosocial,/ <strong>Brasil</strong>.13.01.1Da<strong>do</strong>s de catalogação da <strong>OIT</strong>As de<strong>no</strong>minações empregadas e a forma na qual da<strong>do</strong>s são apresenta<strong>do</strong>s nas publicações da<strong>OIT</strong>, segun<strong>do</strong> a praxe a<strong>do</strong>tada pelas Nações Unidas, não implicam nenhum julgamento por parteda Organização Internacional <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> sobre a condição jurídica de nenhum país, zona outerritório cita<strong>do</strong> ou de suas autoridades e tampouco sobre a delimitação de suas fronteiras.A responsabilidade pelas opiniões expressadas <strong>no</strong>s artigos, estu<strong>do</strong>s e outras colaborações assina<strong>do</strong>scabe exclusivamente aos seus autores e sua publicação não significa que a <strong>OIT</strong> as en<strong>do</strong>sse.Referências a empresas ou a processos ou produtos comerciais não implicam aprovação porparte da Organização Internacional <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> e o fato de não serem mencionadas empresas ouprocessos ou produtos comerciais não implica nenhuma desaprovação.As publicações e produtos eletrônicos da <strong>OIT</strong> podem ser obti<strong>do</strong>s nas principais livrarias ou <strong>no</strong>Escritório da <strong>OIT</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Setor de Embaixadas Norte, Lote 35, Brasília - DF, 70800-400, tel.:(61) 2106-4600, ou <strong>no</strong> International Labour Office, CH-1211. Geneva 22, Suíça. Catálogos oulistas de <strong>no</strong>vas publicações estão disponíveis gratuitamente <strong>no</strong>s endereços acima ou por e-mail:vendas@oitbrasil.org.brImpresso <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>


Organização Internacional <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> (<strong>OIT</strong>)Diretora <strong>do</strong> Escritório <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>Laís Wendel AbramoDiretor <strong>do</strong> Departamento de Integração de PolíticasStephen PurseyProjeto Monitoran<strong>do</strong> e Avalian<strong>do</strong> o Progresso <strong>no</strong><strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> (MAP)Coordena<strong>do</strong>ra InternacionalNaima PagesCoordena<strong>do</strong>r Nacional <strong>do</strong> Projeto <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>José Ribeiro Soares GuimarãesElaboração e Coordenação <strong>do</strong> <strong>Relatório</strong> <strong>Perfil</strong> <strong>do</strong><strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: um olhar sobre as Unidadesda FederaçãoJosé Ribeiro Soares GuimarãesConsultoresDanielle FulyEdmun<strong>do</strong> FigueiroaGabriela SoutoJéssica SouzaTiago OliveiraSupervisão TécnicaLaís AbramoProjeto GráficoJúlio Cesar Leitão


PrefácioEm 1999 a <strong>OIT</strong> formalizou o conceito de <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> como uma síntese da sua missão históricade promover oportunidades para que homens e mulheres obtenham um trabalho produtivo e dequalidade, em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade humanas. O <strong>Trabalho</strong><strong>Decente</strong> é o ponto de convergência <strong>do</strong>s quatro objetivos estratégicos da <strong>OIT</strong> (o respeito aosdireitos <strong>no</strong> trabalho, a promoção <strong>do</strong> emprego, a extensão da proteção social e o fortalecimento <strong>do</strong>diálogo social), e condição fundamental para a superação da pobreza, a redução das desigualdadessociais, a garantia da governabilidade democrática e o desenvolvimento sustentável.Os Gover<strong>no</strong>s e os Esta<strong>do</strong>s-membros da <strong>OIT</strong>, assim como as organizações de emprega<strong>do</strong>rese trabalha<strong>do</strong>res, reconheceram a importância de monitorar o progresso <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>,e, em 2008, a 97ª Reunião da Conferência Internacional <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, a<strong>do</strong>tou a Declaraçãosobre Justiça Social para uma Globalização Equitativa (2008), que recomenda, entre outrasmedidas, que os Esta<strong>do</strong>s-membros considerem “o estabelecimento de indica<strong>do</strong>res ou estatísticasapropriadas, se necessário com a assistência técnica da <strong>OIT</strong>, para monitorar e avaliar o progressofeito [em matéria de <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>]”. 1Em setembro de 2008, uma Reunião Tripartite de Peritos em medição <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>forneceu as diretrizes para que o Escritório da <strong>OIT</strong> compilasse um conjunto de indica<strong>do</strong>res,distribuí<strong>do</strong>s em dez áreas temáticas: oportunidades de emprego; rendimentos adequa<strong>do</strong>s etrabalho produtivo; jornada de <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>; conciliação entre o trabalho, vida pessoal efamiliar; trabalho a ser aboli<strong>do</strong>; estabilidade e segurança <strong>no</strong> trabalho; igualdade de oportunidadese de tratamento <strong>no</strong> emprego; ambiente de trabalho seguro; seguridade social; e diálogo sociale representação de trabalha<strong>do</strong>res e emprega<strong>do</strong>res. Também é objeto de análise o contextoeconômico e social que condiciona o <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>. Além de da<strong>do</strong>s estatísticos, também seapontou a necessidade de incluir informação qualitativa sobre direitos <strong>do</strong> trabalho e o marco legale institucional para o <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>.Em <strong>no</strong>vembro de 2008, o Conselho de Administração da <strong>OIT</strong> decidiu desenvolver uma experiênciapiloto de aplicação dessa meto<strong>do</strong>logia em um número limita<strong>do</strong> de países. O Gover<strong>no</strong> brasileiromanifestou interesse em colaborar com essa iniciativa e sugeriu que o país integrasse essaexperiência piloto, juntamente com a Áustria, Malásia, Tanzânia e Ucrânia. O Gover<strong>no</strong> brasileirojá vinha compilan<strong>do</strong> uma lista de indica<strong>do</strong>res para avaliar seu progresso <strong>no</strong> alcance das metas daAgenda Nacional <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, lançada em maio de 2006.Em fevereiro de 2009 teve início o Projeto <strong>OIT</strong>/CE “Monitoran<strong>do</strong> e Avalian<strong>do</strong> o Progresso <strong>do</strong><strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>” (MAP), financia<strong>do</strong> pela União Europeia, com objetivo de apoiar esse esforçoda <strong>OIT</strong> de desenvolver experiências piloto de medição <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> em dez países emdiferentes regiões <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. O <strong>Brasil</strong> foi seleciona<strong>do</strong> como um desses países, e as atividades <strong>do</strong>projeto MAP se iniciaram <strong>no</strong> país em julho de 2009.Em dezembro desse mesmo a<strong>no</strong>, o Escritório da <strong>OIT</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> lançou o relatório sobre o <strong>Perfil</strong> <strong>do</strong><strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, que avalia o progresso em matéria de <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> entre 1992 e2007. Além de representar uma primeira tentativa sistematizada de medir esse progresso a partirdas diretrizes propostas em 2008, o objetivo é que esse modelo de relatório possa se constituirnum instrumento de monitoramento e avaliação periódica a ser coloca<strong>do</strong> à disposição <strong>do</strong> País.A elaboração desse primeiro relatório foi precedida por um processo de consulta tripartite. Emagosto de 2009, o Escritório da <strong>OIT</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> organizou uma Oficina Tripartite de Indica<strong>do</strong>res de<strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>, com o intuito de avaliar um conjunto de indica<strong>do</strong>res propostos para o <strong>Brasil</strong>,além de considerar a possibilidade de incluir outros, levan<strong>do</strong>-se em conta a disponibilidade de1 Vide Parágrafo II.B. ii) da Declaração sobre Justiça Social para uma Globalização Equitativa, a<strong>do</strong>tada pela ConferênciaInternacional <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> na 97ª Sessão em Genebra <strong>no</strong> 10 de junho de 2008, e disponível <strong>no</strong> link: http://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---dgreports/cabinet/<strong>do</strong>cuments/publication/wcms_099766.pdf


informações e o conjunto de indica<strong>do</strong>res principais já homologa<strong>do</strong>s <strong>no</strong> âmbito da <strong>OIT</strong> durante ajá mencionada Reunião Tripartite de Peritos em medição <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>. A Oficina contoucom a participação de representantes <strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> e Emprego, organizações deemprega<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>res, IBGE, IPEA e academia. Além de propor indica<strong>do</strong>res adicionais,discutiram-se as fontes estatísticas que poderiam ser usadas para medir o progresso <strong>no</strong> <strong>Trabalho</strong><strong>Decente</strong> <strong>no</strong> país, assim como alguns resulta<strong>do</strong>s preliminares. Vários <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res propostos <strong>no</strong>âmbito dessa Oficina foram incorpora<strong>do</strong>s ao primeiro relatório, lança<strong>do</strong> em dezembro de 2009.O presente relatório constitui a segunda edição <strong>do</strong> <strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. Ele serefere pre<strong>do</strong>minantemente à segunda metade <strong>do</strong>s a<strong>no</strong>s 2000 e incorpora um conjunto muito maisamplo de indica<strong>do</strong>res <strong>do</strong> que os contempla<strong>do</strong>s na primeira edição. Adicionalmente, acrescentaum capítulo pioneiro sobre as empresas e o <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>. Além de apresentar um conjuntode indica<strong>do</strong>res e análises relativos às empresas, que podem ajudar a definir políticas e açõesrelativas à promoção <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>, visa contribuir também para o desenvolvimento eo aperfeiçoamento da meto<strong>do</strong>logia de medição <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>. Trata-se de um primeiroesforço meto<strong>do</strong>lógico que deverá ser aperfeiçoa<strong>do</strong> em futuras edições deste relatório, porintermédio de <strong>no</strong>vas contribuições oriundas de oficinas de consulta tripartite <strong>no</strong> âmbito damedição <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>.O relatório inclui também, de forma inédita <strong>no</strong> âmbito internacional <strong>do</strong> Projeto MAP, uma sérieimportante de da<strong>do</strong>s relativos às 27 Unidades da Federação, com o objetivo de analisar a grandeheterogeneidade e diversidade de situações existente ao longo <strong>do</strong> território nacional em todas asdimensões <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>. Essa desagregação <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s por UF, além da sua importânciaanalítica, tem grande relevância para o desenho das políticas públicas.A elaboração desse segun<strong>do</strong> relatório, de responsabilidade <strong>do</strong> Escritório da <strong>OIT</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>,também foi precedida de um processo de consulta com os constituintes tripartites da <strong>OIT</strong> <strong>no</strong> País.Em junho de 2011, em parceria com o IBGE, foi realizada uma Oficina Técnica de Construçãode uma Pesquisa Suplementar Domiciliar em Temas de <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>, com a presençade representantes de gover<strong>no</strong>s (federal e <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s que possuíam naquela ocasião agendasde <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>), emprega<strong>do</strong>res, trabalha<strong>do</strong>res e academia. Entre julho e agosto de 2011esse processo de consulta e discussão foi significativamente amplia<strong>do</strong>, com a realização de seisoficinas regionais de capacitação em construção e análise de indica<strong>do</strong>res de <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>,que contaram com a presença de 155 técnicos representan<strong>do</strong> gover<strong>no</strong>s (federal e estaduais),organizações de emprega<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>res, a academia e outras organizações da sociedadecivil de 25 das 27 Unidades da Federação. Essas oficinas foram realizadas <strong>no</strong> contexto de umtermo de cooperação assina<strong>do</strong> em 2009 entre a <strong>OIT</strong> e o FONSET (Fórum Nacional de Secretarias<strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>), a partir de uma solicitação desse organismo, e como parte <strong>do</strong> processo de assistênciatécnica da <strong>OIT</strong> à realização das Conferências Estaduais de Emprego e <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>,preparatórias à I Conferência Nacional de Emprego e <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>, que será realizada emBrasília, em agosto de 2012. Nessas oficinas foram apresenta<strong>do</strong>s e discuti<strong>do</strong>s vários <strong>do</strong>s <strong>no</strong>vosindica<strong>do</strong>res que compõem o presente relatório.Finalmente, em maio de 2012, foi realizada <strong>no</strong>va Oficina de consulta tripartite, na qual foramapresenta<strong>do</strong>s e discuti<strong>do</strong>s tanto a meto<strong>do</strong>logia quanto os resulta<strong>do</strong>s preliminares deste <strong>Relatório</strong>,além de possíveis des<strong>do</strong>bramentos em termos de políticas de promoção <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>.Este <strong>Relatório</strong> foi elabora<strong>do</strong> por José Ribeiro Soares Guimarães, coordena<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Projeto MAP <strong>no</strong><strong>Brasil</strong>, a quem agradeço profundamente pela sua capacidade técnica, empenho e compromissoem relação à coordenação e execução de um trabalho dessa magnitude, e em grande parte inédito,que, esperamos, contribua para o avanço da promoção <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.Laís AbramoDiretora <strong>do</strong> Escritório País da <strong>OIT</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>


AgradecimentosO <strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: um olhar sobre as Unidades da Federação foielabora<strong>do</strong> pelo Escritório da Organização Internacional <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> (<strong>OIT</strong>) <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.Gostaríamos de agradecer a cooperação técnica <strong>do</strong> IBGE, o apoio <strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>e Emprego, <strong>do</strong> Fórum Nacional de Secretarias <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> (FONSET) e a colaboração <strong>do</strong>Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e de diversos ministérios que forneceramassistência técnica quan<strong>do</strong> solicitada.Agradecemos também aos representantes das organizações de emprega<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>resbrasileiros, pela importante e ampla participação nas oficinas técnicas tripartite de consulta epelo espírito colaborativo, ao longo de to<strong>do</strong> o processo de elaboração deste relatórioSomos particularmente gratos a Janine Berg, especialista de emprego da <strong>OIT</strong>, pela inestimávelcolaboração prestada ao longo da sua permanência como supervisora técnica <strong>do</strong> Projeto“Monitoramento e Avaliação <strong>do</strong> Progresso <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>” (MAP), durante o perío<strong>do</strong>de julho de 2009 a julho de 2011.Também agradecemos aos colegas <strong>do</strong> Escritório da <strong>OIT</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> que colaboraram dediversas maneiras com a elaboração deste relatório: Adalgisa Soares, Ana Lúcia Monteiro,Andrea Araújo, Andréa Bolzon, Andréa Melo, Fernanda Carvalho, Josélia Oliveira, LarissaLamera, Luiz Macha<strong>do</strong>, Marcia Prates, Marcia Vasconcelos, Maria Cláudia Falcão, MônicaCabañas, Natanael Lopes, Paulo Muçouçah, Rafaela Egg, Renato Mendes, Severi<strong>no</strong> Goes,Si<strong>no</strong>mar Fonseca, Sonia Levi, Stanley Gacek, Thaís Faria e Welma Batista.Os <strong>no</strong>ssos sinceros agradecimentos à equipe de Administração, Recursos Huma<strong>no</strong>s eFinanças, <strong>do</strong> Escritório da <strong>OIT</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.Agradecemos também aos colegas da <strong>OIT</strong> Stephen Pursey, Rafael Diez de Medina, MonicaCastillo, David Glejberman, Miguel Del Cid, Margaret Mottaz, Sharon Dubois, Niamh Hogan,Eduard Serra e Helmut Schwarzer pelo importante apoio presta<strong>do</strong>.Por fim, gostaríamos de agradecer à União Européia por financiar este relatório <strong>no</strong> âmbito <strong>do</strong>Projeto <strong>OIT</strong>/CE “Monitoramento e Avaliação <strong>do</strong> Progresso <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>” (MAP) e àcoordena<strong>do</strong>ra internacional <strong>do</strong> projeto pela <strong>OIT</strong>, Naima Pages, pelo apoio presta<strong>do</strong>.O conteú<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> não necessariamente reflete as posiçõesdas instituições mencionadas acima. Quaisquer erros e eventuais omissões são de inteiraresponsabilidade <strong>do</strong> Escritório da Organização Internacional <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>.


Notas TécnicasA construção e análise <strong>do</strong>s Indica<strong>do</strong>res de <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> foram baseadas em fontes deestatísticas oficiais, oriundas das mais diversas instituições integrantes <strong>do</strong> Sistema EstatísticoNacional.Até o a<strong>no</strong> de 2003, a abrangência geográfica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios(PNAD) <strong>do</strong> IBGE não abarcava a Região Norte <strong>do</strong> país, a exceção da Unidade da Federação <strong>do</strong>Tocantins. Em 2004, a PNAD foi implantada nas áreas rurais de Rondônia, Acre, Amazonas,Roraima, Pará e Amapá e alcançou a cobertura completa <strong>do</strong> território nacional. Diante destecontexto, com o intuito de garantir a comparabilidade das informações provenientes daPNAD e a cobertura para to<strong>do</strong> o território nacional, os indica<strong>do</strong>res de <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>,basea<strong>do</strong>s na mesma, se referem ao perío<strong>do</strong> 2004/2009.Alguns indica<strong>do</strong>res são referentes aos a<strong>no</strong>s de 2010 e 2011, apresentan<strong>do</strong> como fontesprincipais o Censo Demográfico 2010 <strong>do</strong> IBGE e registros administrativos <strong>do</strong>s mais diversosministérios.No caso <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res por cor ou raça basea<strong>do</strong>s na PNAD, a categoria negros inclui apopulação autodeclarada de pretos, par<strong>do</strong>s e indígenas e a categoria brancos inclui apopulação de brancos e amarelos. Em 2009, a composição da população brasileira por raçae cor apresentava a seguinte distribuição: brancos (48,2%), par<strong>do</strong>s (44,2%), pretos (6,9%) eamarelos ou indígenas (0,7%).Com o intuito de aprofundar as análises de gênero e raça, foram construí<strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>resdesagrega<strong>do</strong>s por <strong>no</strong>vas categorias de sexo e cor ou raça – homens brancos, mulheres brancas,homens negros e mulheres negras, além das categorias utilizadas na edição anterior: total,homens, mulheres, brancos e negros.Na grande maioria <strong>do</strong>s capítulos <strong>do</strong> presente relatório são mencionadas diversas NormasInternacionais <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, sob a forma de convenções, recomendações, resoluções edeclarações. To<strong>do</strong>s estes instrumentos são a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s pela Conferência Internacional <strong>do</strong><strong>Trabalho</strong>, órgão máximo de decisão da <strong>OIT</strong>, que se reúne uma vez por a<strong>no</strong>.As convenções da <strong>OIT</strong> são trata<strong>do</strong>s internacionais que definem padrões mínimos a seremobserva<strong>do</strong>s por to<strong>do</strong>s os países que as ratificam. A ratificação de uma convenção da <strong>OIT</strong>por qualquer de seus Esta<strong>do</strong>s-Membros é um ato sobera<strong>no</strong> e implica sua incorporação aosistema jurídico, legislativo, executivo e administrativo <strong>do</strong> país em questão, ten<strong>do</strong>, portanto,um caráter vinculante.As recomendações, por sua vez, não têm caráter vinculante em termos legais e jurídicos.Frequentemente uma recomendação complementa uma convenção, propon<strong>do</strong> princípiosreitores mais defini<strong>do</strong>s sobre a forma como esta poderia ser aplicada. Existem tambémrecomendações autô<strong>no</strong>mas, que não estão associadas a nenhuma convenção, e que podemservir como guias para a legislação e as políticas públicas <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s-Membros.


As resoluções representam pautas destinadas a orientar os Esta<strong>do</strong>s-Membros e a própria<strong>OIT</strong> em matérias específicas, e as declarações contribuem para a criação de princípios geraisde direito internacional. Ainda que não tenham o mesmo caráter vinculante das convenções,os Esta<strong>do</strong>s-Membros devem responder à <strong>OIT</strong> quanto às iniciativas e medidas tomadas parapromover e implementar os fins e os princípios das declarações.Objetivan<strong>do</strong> informar ao leitor que opte por ler capítulos específicos <strong>do</strong> relatório, algumasdefinições de conceitos, fontes de da<strong>do</strong>s, indica<strong>do</strong>res e termos se repetem em distintoscapítulos.Por fim, a versão impressa (a ser divulgada) apresentará adicionalmente o conjunto <strong>do</strong>sIndica<strong>do</strong>res Normativos 1 , abarcan<strong>do</strong> as dimensões de medição <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>.Tais indica<strong>do</strong>res apresentam a descrição sucinta da legislação nacional relacionada aosprincípios fundamentais <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>, informação sobre os trabalha<strong>do</strong>res cobertospela legislação, políticas existentes, informação sobre a ratificação das convenções da <strong>OIT</strong>,entre outras.Na referida versão impressa, também serão disponibiliza<strong>do</strong>s os números absolutos referentesao total de trabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>ras ocupa<strong>do</strong>s/as por sexo e cor ou raça para o conjunto<strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades da Federação.1 São exemplos de Indica<strong>do</strong>res Normativos: Duração Máxima <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>; Licença-Maternidade, <strong>Trabalho</strong> Infantil, Legislaçãosobre a Proteção <strong>do</strong> Emprego, Igualdade de Remuneração para <strong>Trabalho</strong> de Igual Valor, Auxílio-Doença Acidentário, Inspeção<strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>.


12<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoLista de Tabelastabela 1 Programa de Aceleração <strong>do</strong> Crescimento (PAC) - investimentos programa<strong>do</strong>s, 2007 a 2010tabela 2 Participação Percentual das Grandes Regiões <strong>no</strong> PIB <strong>Brasil</strong> e Grandes Regiões, 2004 e 2009tabela 3 Produto Inter<strong>no</strong> Bruto (PIB) e posição <strong>no</strong> ranking nacional, Unidades da Federação, 2004 e 2009tabela 4 Produto Inter<strong>no</strong> Bruto (PIB) per capita e ranking nacional, Unidades da Federação, 2004 e 2009tabela 5 Produtividade <strong>do</strong> trabalho por macrosetores e variação média anual, <strong>Brasil</strong>, 2000 – 2009tabela 6 Índice de Gini da distribuição da renda <strong>do</strong>miciliar per capita, <strong>Brasil</strong> e Grandes Regiões, 2004-2009tabela 7 Proporção da renda total apropriada pelos 10% mais pobres e 10% mais ricos da distribuiçãosegun<strong>do</strong> a renda <strong>do</strong>miciliar per capita e razão entre os 10% mais ricos e 10% mais pobres, <strong>Brasil</strong> eUnidades da Federação, 2004 e 2009tabela 8 Distribuição percentual das pessoas ocupadas de 16 a<strong>no</strong>s ou mais de idade por agrupamentos deatividade <strong>do</strong> trabalho principal, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades da Federação, 2004 e 2009tabela 9 Taxa de frequência líquida a estabelecimento de ensi<strong>no</strong> da população de 06 a 17 a<strong>no</strong>s de idade, porgrupo de idade e nível de ensi<strong>no</strong>, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades da Federação, 2004 e 2009tabela 10 Taxa de alfabetização das pessoas de 15 a<strong>no</strong>s ou mais de idade, por sexo, cor ou raça e situação de<strong>do</strong>micílio, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades da Federação, 2004 e 2009tabela 11 Taxa de analfabetismo funcional das pessoas de 15 a<strong>no</strong>s ou mais de idade por sexo, cor ou raça esituação de <strong>do</strong>micílio, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades da Federação, 2004 e 2009tabela 12 Número médio de a<strong>no</strong>s de estu<strong>do</strong> das pessoas de 15 a<strong>no</strong>s ou mais de idade por sexo, cor ou raça esituação de <strong>do</strong>micílio, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades da Federação, 2004 e 2009tabela 13 Número médio de a<strong>no</strong>s de estu<strong>do</strong> das pessoas ocupadas de 16 a<strong>no</strong>s ou mais de idade por sexo, corou raça e situação de <strong>do</strong>micílio, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades da Federação, 2004 e 2009tabela 14 Número de casos de AIDS e Taxa de Incidência por 100.000 habitantes em jovens de 15 a 24 a<strong>no</strong>sde idade segun<strong>do</strong> área geográfica de residência, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades da Federação,2004/2010tabela 15 Taxa de participação da população ocupada de 16 a 64 a<strong>no</strong>s de idade por sexo, cor ou raça e situaçãode <strong>do</strong>micílio, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades da Federação, 2004 e 2009tabela 16 Nível de ocupação da população de 16 a 64 a<strong>no</strong>s de idade por sexo, cor ou raça e situação de<strong>do</strong>micílio, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades da Federação, 2004 e 2009tabela 17 Taxa de desocupação da população de 16 a 64 a<strong>no</strong>s de idade por sexo, cor ou raça e situação de<strong>do</strong>micílio, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades da Federação, 2004 e 2009tabela 18 Taxa de desocupação de jovens de 15 a 24 a<strong>no</strong>s de idade por sexo, cor ou raça e situação de <strong>do</strong>micílio,<strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades da Federação, 2004 e 2009tabela 19 Proporção de jovens de 15 a 24 a<strong>no</strong>s de idade que não estudam e nem trabalham em relação ao totalde jovens de 15 a 24 a<strong>no</strong>s de idade, por sexo e cor ou raça, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades daFederação, 2004 e 2009tabela 20 Número de contrato de aprendizagem, <strong>Brasil</strong> e Unidades da Federação, 2005/2010tabela 21 Número de empregos formais em 31 de dezembro e variação, variação acumulada – absoluta erelativa, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades da Federação, 2002 e 2010tabela 22 Taxa de formalidade da população de 16 a 64 a<strong>no</strong>s de idade por sexo, cor ou raça e situação de<strong>do</strong>mícilio, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades da Federação, 2004 e 2009tabela 23 Índice de Desenvolvimento da Família (IDF), Unidades da Federação, 2010tabela 24 Número de empregos verdes segun<strong>do</strong> grandes categorias de agrupamento de atividadeseconômicas, <strong>Brasil</strong>, 2006 e 2010tabela 25 Número de empregos verdes <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> formal de trabalho, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades daFederação, 2006 e 2010tabela 26 Distribuição percentual <strong>do</strong> rendimento total e variação patrimonial médio mensal familiar por tiposde origem <strong>do</strong>s rendimentos, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades da Federação, 2008 e 2009tabela 27 Rendimento médio real <strong>do</strong> trabalho principal das pessoas de 16 a<strong>no</strong>s ou mais de idade, por sexo ecor ou raça, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades da Federação, 2004/2009tabela 28 Remuneração média <strong>do</strong> emprego formal, em dezembro, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades daFederação, 2009 e 2010tabela 29 Índice de Gini <strong>do</strong> rendimento <strong>do</strong> trabalho principal das pessoas de 16 a<strong>no</strong>s ou mais de idadeocupadas, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades da Federação, 2004 e 2009tabela 30 Percentual de pessoas ocupadas de 16 a<strong>no</strong>s ou mais de idade que vive em <strong>do</strong>micílios particularespermanentes com rendimento <strong>do</strong>miciliar per capita de até ¼ <strong>do</strong> salário mínimo, na populaçãoocupada com 16 a<strong>no</strong>s ou mais de idade, por sexo e cor, segun<strong>do</strong> a situação <strong>do</strong> <strong>do</strong>micílio, <strong>Brasil</strong>,Grandes Regiões e Unidades da Federação, 2004 e 2009313233343638414446485051535659616568717579828692939699100102104


14<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federaçãotabela 59 Crianças com me<strong>no</strong>s de 14 a<strong>no</strong>s de idade ocupadas em estabelecimentos agropecuários por tipo deagricultura e participação percentual da mão de obra infantil <strong>no</strong> total da ocupação <strong>do</strong> setor, <strong>Brasil</strong>,Grandes Regiões e Unidades da Federação, 2006tabela 60 Capacidade de atendimento <strong>do</strong> Programa de Erradicação <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> Infantil (PETI) e número demunicípios que aderiram ao programa, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades da Federação, abril de 2012tabela 61 Tempo médio de permanência <strong>no</strong> trabalho principal, em a<strong>no</strong>s, das pessoas ocupadas de 16 a<strong>no</strong>s oumais de idade, por sexo e cor ou raça, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades da Federação, 2004 e2009tabela 62 Proporção de pessoas ocupadas de 16 a<strong>no</strong>s ou mais de idade com tempo de permanência <strong>no</strong>trabalho principal inferior a 1 a<strong>no</strong>, por sexo e cor ou raça, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades daFederação, 2004 e 2009tabela 63 Proporção de pessoas ocupadas de 16 a<strong>no</strong>s ou mais de idade com tempo de permanência <strong>no</strong>trabalho principal superior a 5 a<strong>no</strong>s, por sexo e cor ou raça, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades daFederação, 2004 e 2009tabela 64 Participação percentual <strong>do</strong>s grupos ocupacionais de trabalha<strong>do</strong>res da produção de bens e serviçose de reparação e manutenção e <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s serviços na estrutura ocupacional, por sexo,<strong>Brasil</strong> e Unidades da Federação, 2004 e 2009tabela 65 Índice de dissimilaridade de Duncan referente à distribuição de homens e mulheres entre gruposocupacionais, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades da Federação, 2004 e 2009tabela 66 Valor <strong>do</strong> rendimento médio mensal <strong>do</strong> trabalho principal das pessoas ocupadas de 16 a<strong>no</strong>s ou maisde idade e percentual <strong>do</strong> rendimento médio das mulheres em relação ao <strong>do</strong>s homens, <strong>Brasil</strong>, GrandesRegiões e Unidades da Federação, 2004 e 2009tabela 67 Percentual <strong>do</strong> rendimento médio <strong>no</strong> trabalho principal das mulheres de 16 a<strong>no</strong>s ou mais de idade emrelação ao <strong>do</strong>s homens, com e sem ajuste pelo número de horas trabalhadas, total e segun<strong>do</strong> a<strong>no</strong>s deestu<strong>do</strong>, <strong>Brasil</strong>, 1999 e 2009tabela 68 Valor <strong>do</strong> rendimento médio mensal <strong>do</strong> trabalho principal das pessoas ocupadas de 16 a<strong>no</strong>s ou maisde idade e percentual <strong>do</strong> rendimento médio das pessoas ocupadas negras em relação às brancas<strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades da Federação, 2004 e 2009tabela 69 Valor <strong>do</strong> rendimento médio mensal <strong>do</strong> trabalho principal das pessoas ocupadas de 16 a<strong>no</strong>s oumais de idade e percentual <strong>do</strong> rendimento médio das mulheres negras em relação ao <strong>do</strong>s homensbrancos, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades da Federação, 2004 e 2009tabela 70 Percentual de pessoas de 15 a<strong>no</strong>s ou mais de idade, por áreas de inter-relação social em que a corou raça influencia a vida das pessoas <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, Unidades da Federação selecionadas integrantes dapesquisa, 2008tabela 71 Percentual de pessoas de 15 a<strong>no</strong>s ou mais de idade, por áreas de inter-relação social em que a corou raça influencia a vida das pessoas <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, segun<strong>do</strong> classes de rendimento <strong>do</strong>miciliar per capita egrupos de a<strong>no</strong>s de estu<strong>do</strong> total, das Unidades da Federação selecionadas integrantes da pesquisa, 2008tabela 72 Distribuição das vagas ofertadas pelo Sistema Nacional de Emprego (SINE) segun<strong>do</strong> requisito de sexopara seu preenchimento, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades da Federação, 2007 e 2010tabela 73 Distribuição das vagas ofertadas pelo SINE segun<strong>do</strong> possibilidade de concorrência por sexo a partir<strong>do</strong> requisito de sexo para seu preenchimento, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades da Federação,2007 e 2010tabela 74 Proporção de mulheres inscritas <strong>no</strong> SINE em relação ao total de pessoas inscritas, <strong>Brasil</strong>, GrandesRegiões e Unidades da Federação, 2007-2010tabela 75 Proporção de mulheres colocadas pelo SINE em relação ao total de pessoas colocadas, <strong>Brasil</strong>, GrandesRegiões e Unidades da Federação, 2007-2010tabela 76 Proporção de trabalha<strong>do</strong>ras e trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong>mésticos de 16 e 64 a<strong>no</strong>s de idade ocupa<strong>do</strong>s/as comcarteira de trabalho assinada, em relação ao total de trabalha<strong>do</strong>ras e trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong>mésticos de 16 a64 a<strong>no</strong>s de idade, por sexo e cor ou raça, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades da Federação, 2004 e 2009tabela 77 Proporção de trabalha<strong>do</strong>ras e trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong>mésticos de 16 e 64 a<strong>no</strong>s de idade ocupa<strong>do</strong>s/as contribuintes para a previdência social, em relação ao total de trabalha<strong>do</strong>ras e trabalha<strong>do</strong>res<strong>do</strong>mésticos de 16 a 64 a<strong>no</strong>s de idade, por sexo e cor ou raça, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades daFederação, 2004 e 2009tabela 78 Número de autorizações concedidas a estrangeiros, <strong>Brasil</strong>, 2008-2011tabela 79 Número de autorizações concedidas a estrangeiros, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades da Federação,2010-2011tabela 80 Número percentual de emigrantes internacionais, por sexo, segun<strong>do</strong> as Grandes Regiões e as Unidadesda Federação de residência das pessoas com quem residiram antes de emigrarem, <strong>Brasil</strong>, 2010tabela 81 Número percentual de emigrantes internacionais, por sexo, segun<strong>do</strong> os continentes e os paísesestrangeiros de desti<strong>no</strong>, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades da Federação, 2010tabela 82 Número de imigrantes, emigrantes e sal<strong>do</strong> migratório, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades daFederação, perío<strong>do</strong>s 1995/2000 e 2005/2010tabela 83 Número de imigrantes de retor<strong>no</strong> e participação relativa <strong>no</strong> total de imigrantes, <strong>Brasil</strong>, GrandesRegiões e Unidades da Federação, 1995/2000 e 2005/2010tabela 84 População total e população com pelo me<strong>no</strong>s uma das deficiências investigadas e percentual dapopulação com pelo me<strong>no</strong>s uma deficiência, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades da Federação, 2010173178180181183189191193195196197199200210212213215219221226228230232236238241


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 15tabela 85 Número de pessoas com deficiência severa e percentual de incidência na população, <strong>Brasil</strong>, GrandesRegiões e Unidades da Federação, 2010tabela 86 Número de empregos em 31 de dezembro das pessoas com deficiência inseridas <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> formalde trabalho, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades da Federação, 2007 e 2010tabela 87 Número de empregos em 31 de dezembro das pessoas com deficiência inseridas <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> formalde trabalho e percentual sobre o número total de empregos, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades daFederação, 2007 e 2010tabela 88 Distribuição percentual das vagas ofertadas pelo SINE, segun<strong>do</strong> a possibilidade de colocação <strong>do</strong>trabalha<strong>do</strong>r com deficiência, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades da Federação, 2007 e 2010tabela 89 Número de municípios com programas ou ações de geração de trabalho e renda para pessoas comdeficiência e com conselho municipal de direitos da pessoa com deficiência, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiõese Unidades da Federação, 2009tabela 90 Quantidade de acidentes <strong>do</strong> trabalho por situação de registro e motivo, <strong>Brasil</strong>, 2008-2010tabela 91 Quantidade de acidentes <strong>do</strong> trabalho por situação de registro e motivo, Unidades da Federação,2008-2010tabela 92 Quantidade de acidentes <strong>do</strong> trabalho liquida<strong>do</strong>s por consequência, <strong>Brasil</strong>, 2008-2010tabela 93 Quantidade de acidentes <strong>do</strong> trabalho liquida<strong>do</strong>s por consequência, Unidades da Federação, 2008-2010tabela 94 Taxas de Incidência e de Mortalidade por acidentes <strong>do</strong> trabalho, <strong>Brasil</strong> e Unidades da Federação,2008-2010tabela 95 Distribuição <strong>do</strong>s CERESTS, conforme portaria gm/ms nº 2.437/05 e nº 2.728/09, <strong>Brasil</strong>, GrandesRegiões e Unidades da Federação, 2010tabela 96 Número de CERESTS habilita<strong>do</strong>s, população ocupada de 10 a<strong>no</strong>s ou mais de idade e média depopulação ocupada por CEREST, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades da Federação, 2010tabela 97 Da<strong>do</strong>s da inspeção em segurança e saúde <strong>no</strong> trabalho, <strong>Brasil</strong>, 2004 e 2011tabela 98 Número de auditores fiscais <strong>do</strong> trabalho em exercício, população ocupada de 10 a<strong>no</strong>s ou mais deidade e numéro médio de auditores fiscais <strong>do</strong> trabalho por 10 mil ocupa<strong>do</strong>s, <strong>Brasil</strong>, 2004-2009tabela 99 Número de auditores fiscais <strong>do</strong> trabalho em exercício, população ocupada de 10 a<strong>no</strong>s ou mais deidade e número médio de auditores fiscais <strong>do</strong> trabalho por 10 mil pessoas ocupadas, <strong>Brasil</strong>, GrandesRegiões e Unidades da Federação, 2009tabela 100 Proporção de pessoas ocupadas de 16 a<strong>no</strong>s ou mais de idade que contribuem para a previdênciasocial, por sexo e cor ou raça, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades da Federação, 2004 e 2009tabela 101 Número de famílias beneficiadas pelo programa Bolsa Família, valor anual repassa<strong>do</strong> e valor médio<strong>do</strong> repasse por família em dezembro de 2011, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades da Federação,2004 e 2011tabela 102 Número de pessoas beneficiadas pelo Benefício de Prestação Continuada (BPC), <strong>Brasil</strong>, GrandesRegiões e Unidades da Federação, 2004 e 2011tabela 103 Valor anual repassa<strong>do</strong> <strong>do</strong> Benefício de Prestação Continuada (BPC), <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões eUnidades da Federação, 2011tabela 104 População ocupada de 16 a<strong>no</strong>s ou mais de idade que possui pla<strong>no</strong> de saúde, <strong>Brasil</strong> e Unidades daFederação, 2008tabela 105 Trajetória <strong>do</strong> gasto social federal em seguridade social, em % <strong>do</strong> PIB, <strong>Brasil</strong>, 1995/2009tabela 106 População em situação de extrema pobreza e % de incidência por situação <strong>do</strong> <strong>do</strong>micílio, <strong>Brasil</strong>,Grandes Regiões e Unidades da Federação, 2010tabela 107 Taxa de sindicalização da população ocupada de 16 a<strong>no</strong>s ou mais de idade, por sexo e cor ou raça,<strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades da Federação, 2004 e 2009tabela 108 Taxa de sindicalização da população ocupada de 16 a<strong>no</strong>s ou mais de idade por setor de atividadeeconômica, <strong>Brasil</strong>, 2004 e 2009tabela 109 Distribuição das pessoas de 18 a<strong>no</strong>s ou mais de idade que tiveram situação de conflito <strong>no</strong> perío<strong>do</strong>de referência de 5 a<strong>no</strong>s, por área de situação de conflito mais grave em que se envolveram, <strong>Brasil</strong> eUnidades da Federação, 2009tabela 110 Empresas e outras organizações, pessoal ocupa<strong>do</strong> total e assalaria<strong>do</strong> e outras remunerações segun<strong>do</strong>a natureza jurídica, <strong>Brasil</strong>, 2009tabela 111 Empresas e outras organizações, pessoal ocupa<strong>do</strong> total e assalaria<strong>do</strong> e salário médio mensal,segun<strong>do</strong> as faixas de pessoal ocupa<strong>do</strong> total, <strong>Brasil</strong>, 2008 e 2009tabela 112 Pessoal ocupa<strong>do</strong> assalaria<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> seções da Classificação Nacional de Atividades Econômicas(CNAE) 2.0, <strong>Brasil</strong>, 2008 e 2009tabela 113 Pessoal ocupa<strong>do</strong> assalaria<strong>do</strong> nas empresas, participação relativa, taxa de crescimento e contribuiçãoà formação da taxa, <strong>Brasil</strong>, 2008 e 2009tabela 114 Empresas e outras organizações, pessoal ocupa<strong>do</strong> total em 31 de dezembro, participação relativa ecrescimento por Unidade da Federação, <strong>Brasil</strong> e Unidade da Federação, 2008 e 2009tabela 115 Número de empresas, pessoal ocupa<strong>do</strong> total e assalaria<strong>do</strong> e salários e outras remunerações erespectiva distribuição segun<strong>do</strong> o tipo de evento demográfico, <strong>Brasil</strong>, 2008243245247249251269271e 272274276 e 277280285287291291293297300302303305306310321322330336337337338340342


16<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federaçãotabela 116 Número de unidades locais total e distribuição percentual segun<strong>do</strong> o tipo de evento demográfico,<strong>Brasil</strong> e Grandes Regiões, 2008tabela 117 Número de unidades locais por tipo de evento demográfico, <strong>Brasil</strong> e Unidades da Federação, 2008tabela 118 Mobilidade das empresas de alto crescimento entre os portes das empresas, <strong>Brasil</strong>, 2005-2008tabela 119 Números de empresas, total e de alto crescimento e taxa intrasetorial segun<strong>do</strong> os setores de atividadeeconômica e as respectivas seções da CNAE 2.0, <strong>Brasil</strong>, 2008tabela 120 Empresas de alto crescimento, pessoal ocupa<strong>do</strong> assalaria<strong>do</strong> e outras remunerações, total e participaçãorelativa das empresas gazelas, segun<strong>do</strong> faixas de pessoal ocupa<strong>do</strong> assalaria<strong>do</strong>, <strong>Brasil</strong>, 2008tabela 121 Unidades locais de empresas de alto crescimento e de empresa gazelas total e distribuição percentual,com indicação da proporção de empresas gazelas <strong>no</strong> total das unidades locais de alto crescimento.<strong>Brasil</strong> e Unidades da Federação, 2008tabela 122 Número de empresas industriais i<strong>no</strong>va<strong>do</strong>ras e taxa de i<strong>no</strong>vação <strong>no</strong> setor industrial, <strong>Brasil</strong>,1998-2000/2006-2008tabela 123 Número de empresas i<strong>no</strong>vativas na indústria e dispêndio realiza<strong>do</strong>, Unidades da Federação, 2008tabela 124 Número e distribuição percentual de empregos formais por porte <strong>do</strong> estabelecimento, <strong>Brasil</strong>, GrandesRegiões e Unidades da Federação, 2010tabela 125 Distribuição percentual de empregos nas micro e pequenas empresas por setor de atividadeeconômica, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades da Federação, 2010tabela 126 Valor da remuneração média <strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>s em R$ e distribuição percentual da massa deremuneração por porte de estabelecimento, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades da Federação, 2010tabela 127 Número e distribuição de empregos formais nas micro e pequenas empresas por localidade – capitale interior, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades da Federação, 2010tabela 128 Distribuição percentual de empregos formais por sexo e porte <strong>do</strong> estabelecimento, <strong>Brasil</strong>, 2010tabela 129 Distribuição percentual de empregos formais por porte <strong>do</strong> estabelecimento segun<strong>do</strong> a faixa etária egrau de instrução <strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>s, <strong>Brasil</strong>, 2010TABELA 130 Valor da remuneração média <strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>s por sexo e porte <strong>do</strong> estabelecimento, <strong>Brasil</strong>, 2010343344345346347348350351356359361364365366367


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 17Lista de GráficosGRÁFICO 1 Crescimento mundial <strong>do</strong> Produto Inter<strong>no</strong> Bruto (PIB), grupos seleciona<strong>do</strong>s de países, 2005 a 2010GRÁFICO 2 Crescimento acumula<strong>do</strong> <strong>do</strong> Produto Inter<strong>no</strong> Bruto (PIB), <strong>Brasil</strong>, 2005 a 2010GRÁFICO 3Desempenho das exportações, <strong>Brasil</strong>, janeiro/2008 a dezembro/2010GRÁFICO 4 Taxas médias anuais de câmbio – R$/US$ - comercial/venda, <strong>Brasil</strong>, 2005 a 2010GRÁFICO 5 Taxa básica de juros – SELIC, fixada pelo Banco Central, <strong>Brasil</strong>, 2005 a 2010GRÁFICO 6 Variação <strong>do</strong> Índice de Preços ao Consumi<strong>do</strong>r Amplo - (IPCA), <strong>Brasil</strong>, 2005 a 2010GRÁFICO 7 Taxa de Investimento da eco<strong>no</strong>mia brasileira, <strong>Brasil</strong>, 2005 a 2010GRÁFICO 8 Crescimento acumula<strong>do</strong> <strong>do</strong> Produto Inter<strong>no</strong> Bruto (PIB), <strong>Brasil</strong> e Grandes Regiões, 2004 a 2009GRÁFICO 9 Evolução da produtividade média <strong>do</strong> trabalho por macrosetores, <strong>Brasil</strong>, 2000-2009GRÁFICO 10 Variação média anual da produtividade <strong>do</strong> trabalho por macrosetores, <strong>Brasil</strong>, 2000-2009GRÁFICO 11 Distribuição funcional da renda, <strong>Brasil</strong>, 2005-2008GRÁFICO 12 Índice de Gini da distribuição da renda <strong>do</strong>miciliar per capita, <strong>Brasil</strong> e Grandes Regiões, 2004-2009GRÁFICO 13 Distribuição percentual das pessoas ocupadas de 16 a<strong>no</strong>s ou mais de idade por agrupamentos deatividade econômica <strong>do</strong> trabalho principal, <strong>Brasil</strong>, 2004 e 2009GRÁFICO 14 Número de contratos de aprendizagem, <strong>Brasil</strong>, 2005-2010GRÁFICO 15 Índice de Gini <strong>do</strong> rendimento <strong>do</strong> trabalho principal das pessoas de 16 a<strong>no</strong>s ou mais de idade ocupadascom rendimento, <strong>Brasil</strong>, 2004-2009GRÁFICO 16 Percentual de prevalência de aleitamento mater<strong>no</strong> exclusivo entre crianças me<strong>no</strong>res de seis meses deidade segun<strong>do</strong> a situação <strong>do</strong> trabalho mater<strong>no</strong>, conjunto das capitais brasileiras e Distrito Federal, 2008GRÁFICO 17 Taxa de frequência escolar das crianças de 00 a 05 a<strong>no</strong>s de idade por quintos de rendimento mensalfamiliar per capita, <strong>Brasil</strong>, 2009GRÁFICO 18 Percentual de famílias com pessoa responsável pela família <strong>do</strong> sexo femini<strong>no</strong> que não possuem bensduráveis, por tipo de bem, <strong>Brasil</strong>, 2008-2009GRÁFICO 19 Distribuição percentual de arranjos familiares segun<strong>do</strong> o tipo de arranjo, <strong>Brasil</strong>, 1996 e 2009GRÁFICO 20 Percentual de crianças de 05 a 17 a<strong>no</strong>s de idade ocupadas, segun<strong>do</strong> grupos etários, <strong>Brasil</strong>, 2004-2009GRÁFICO 21 Percentual de pessoas que frequentavam ou frequentaram anteriormente curso de educaçãoprofissional, na população de 10 a<strong>no</strong>s ou mais de idade, por sexo e cor ou raça, <strong>Brasil</strong>, 2007GRÁFICO 22 Percentual de pessoas que frequentavam ou frequentaram anteriormente curso de educaçãoprofissional, na população de 10 a<strong>no</strong>s ou mais de idade, <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades daFederação, 2007GRÁFICO 23 Distribuição percentual das pessoas de 10 a<strong>no</strong>s ou mais de idade que concluíram o curso de educaçãoprofissional que frequentaram anteriormente, por natureza da instituição de realização <strong>do</strong> curso,segun<strong>do</strong> o sexo, <strong>Brasil</strong>, 2007GRÁFICO 24 Distribuição percentual, por sexo, das pessoas que frequentam ou frequentaram curso de qualificaçãoprofissional segun<strong>do</strong> a área profissional <strong>do</strong> curso, <strong>Brasil</strong>, 2007GRÁFICO 25 Principais resulta<strong>do</strong>s da intermediação de mão de obra (SINE), segun<strong>do</strong> o sexo, <strong>Brasil</strong>, 2010GRÁFICO 26 Principais resulta<strong>do</strong>s da intermediação de mão de obra (SINE), segun<strong>do</strong> o sexo, Alagoas, 2010GRÁFICO 27 Taxa de Incidência de acidentes <strong>do</strong> trabalho, <strong>Brasil</strong>, 2008 a 2010GRÁFICO 28 Taxa de Mortalidade por acidentes <strong>do</strong> trabalho, <strong>Brasil</strong>, 2008 a 2010GRÁFICO 29 Pontos percentuais de redução de pobreza em função das transferências previdenciárias, <strong>Brasil</strong> eUnidades da FederaçãoGRÁFICO 30 Participação percentual da população por cor ou raça na população total em situação de extremapobreza e incidência de extrema pobreza por cor ou raça, <strong>Brasil</strong>, 2010GRÁFICO 31 Distribuição percentual das Médias e Grandes Empresas (MGEs) por setor de atividade econômica,<strong>Brasil</strong>, 2010GRÁFICO 32 Remuneração <strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>s por setor de atividade econômica segun<strong>do</strong> o porte <strong>do</strong> estabelecimento,<strong>Brasil</strong>, 20102526272828293032363738394273101119124130137161203204207208214216278279308311357362


18<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoLista de QuadrosQUADRO 1 Preceitos da Convenção nº 81 sobre inspeção <strong>do</strong> trabalho (1947)QUADRO 2 Número de magistra<strong>do</strong>s e média de magistra<strong>do</strong>s por cem mil habitantes, Tribunais Regionais <strong>do</strong><strong>Trabalho</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>, 2010QUADRO 3 Perspectivas tradicionais das empresas e o enfoque das empresas sustentáveisQUADRO 4 Principais impactos das i<strong>no</strong>vações aponta<strong>do</strong>s pelas empresas (em %) atividades da indústria,<strong>do</strong>s serviços relaciona<strong>do</strong>s e de P&D, <strong>Brasil</strong>, 2008QUADRO 5 Problemas e obstáculos aponta<strong>do</strong>s pelas empresas que implementaram i<strong>no</strong>vações (em %)atividades da indústria, <strong>do</strong>s serviços relaciona<strong>do</strong>s e de P&D, <strong>Brasil</strong>, 2008QUADRO 6 Classificação <strong>do</strong>s estabelecimentos segun<strong>do</strong> porte288327334352353354Lista de FigurasFIGURA 1 Quantidade de unidades sentinela por esta<strong>do</strong>FIGURA 2 Acidentes de trabalho com crianças e a<strong>do</strong>lescentes segun<strong>do</strong> UF de residência, <strong>Brasil</strong>, 2007- 2011175176Mapamapa 1 Municípios com presença cigana, <strong>Brasil</strong>, 2009/2011 263Esquemaesquema 1Riscos e modalidades adaptativas estratificadas ante a crise de cuida<strong>do</strong> e a dupla demanda <strong>do</strong>trabalho remunera<strong>do</strong> e não remunera<strong>do</strong> sobre a mulher 139


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 19Lista de siglas e abreviaçõesACNUDHAFTAGECOPAAIDSANTDJBBBACENBNDESBPCCadÚnicoCAGEDCATCDESCEBRAPCEMPRECEN AIDSCEPALCERESTCGTBCIDCIMT/OEACIPACISCITCLTCNAECNESCNETDCNIgCNJCMNCNPCNPJCNPPCNPSCODEFATCOFINSCONAETECONAETICONATRAECOPOMCRASCRBCREASCRPDCRTCSLLAlto Comissaria<strong>do</strong> das Nações Unidas para os Direitos Huma<strong>no</strong>sAuditor Fiscal <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>Agência Executora das Obras da Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> <strong>no</strong> PantanalSíndrome da Imu<strong>no</strong>deficiência AdquiridaAgenda Nacional de <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> para a JuventudeBanco <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>Banco Central <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e SocialBenefício de Prestação ContinuadaCadastro Único para Programas SociaisCadastro Geral de Emprega<strong>do</strong>s e Desemprega<strong>do</strong>sComunicação de Acidente de <strong>Trabalho</strong>Conselho de Desenvolvimento Econômico e SocialCentro <strong>Brasil</strong>eiro de Análise e PlanejamentoCadastro Central de EmpresasConselho Empresarial Nacional para a Prevenção <strong>do</strong> HIV/AidsComissão Econômica para América Latina e CaribeCentro de Referência em Saúde <strong>do</strong> Trabalha<strong>do</strong>rCentral Geral de Trabalha<strong>do</strong>res <strong>Brasil</strong>eirosClassificação Internacional de DoençasConferência Interamericana de Ministros <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> da Organização de Esta<strong>do</strong>s America<strong>no</strong>sComissão Interna de Prevenção de AcidentesCommunity I<strong>no</strong>vation SurveyConferência Internacional <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>Consolidação das Leis <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>Classificação Nacional de Atividades EconômicasConselho Nacional de Eco<strong>no</strong>mia SolidáriaConferencia Nacional de Emprego e <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>Conselho Nacional de ImigraçãoConselho Nacional de JustiçaConselho Monetário NacionalComissão Nacional PortuáriaCadastro Nacional de Pessoas JurídicasComissão Nacional Permanente PortuáriaConselho Nacional de Previdência SocialConselho Deliberativo <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> de Amparo ao Trabalha<strong>do</strong>rContribuição para o Financiamento da Seguridade SocialCoordena<strong>do</strong>ria Nacional de Combate ao <strong>Trabalho</strong> EscravoComissão Nacional de Erradicação <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> InfantilComissão Nacional de Erradicação <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> EscravoComitê de Política MonetáriaCentro de Referência da Assistência SocialCommodity Research BureauCentro de Referência Especializa<strong>do</strong> de Assistência SocialConvenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com DeficiênciaConselho de Relações <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>Contribuição Social sobre o Lucro Líqui<strong>do</strong>


20<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoCTBCTIOCTPATCTPPCTRICTSSTCUTDAESDENATRANDIEESEDORTDSSTEACECAEUROSTATFAPFATFEBRABANFENATRADFIFAFGTSFMIFNASFNTTAAFONSETGEFMGTS-ICCGTS-TRCHIVIASERJIATURIBGEICMSIDFIILSINCRAINEPINPCINSSIOFIPCAIPEAIPECIPIIRPFJTLERLOASMERCOSULMDACentral <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res <strong>Brasil</strong>eirosComissão Tripartite de Igualdade de Oportunidades e Tratamento de Gênero e Raça <strong>no</strong> <strong>Trabalho</strong>Comissão Tripartite <strong>do</strong> Programa de Alimentação <strong>do</strong> Trabalha<strong>do</strong>rComissão Tripartite Paritária PermanenteComissão Tripartite de Relações InternacionaisComissão Tripartite de Saúde e Segurança <strong>no</strong> <strong>Trabalho</strong>Central Única de Trabalha<strong>do</strong>resDepartamento das Nações Unidas para Assuntos Econômicos e SociaisDepartamento Nacional de TrânsitoDepartamento Intersindical de Estatística e Estu<strong>do</strong>s SocioeconômicosDistúrbios Osteomusculares Relaciona<strong>do</strong>s ao <strong>Trabalho</strong>Departamento de Segurança e Saúde <strong>no</strong> <strong>Trabalho</strong>Empresa de Alto CrescimentoEstatuto da Criança e <strong>do</strong> A<strong>do</strong>lescenteStatistical Office of European CommunitiesFator Acidentário de PrevençãoFun<strong>do</strong> de Amparo ao Trabalha<strong>do</strong>rFederação <strong>Brasil</strong>eira de BancosFederação Nacional das Trabalha<strong>do</strong>ras DomésticasFederação Internacional de FutebolFun<strong>do</strong> de Garantia por Tempo de ServiçoFun<strong>do</strong> Monetário InternacionalFun<strong>do</strong> Nacional de Assistência SocialFederação Nacional de Trabalha<strong>do</strong>res em Transportes Aquaviários e AfinsFórum Nacional de Secretarias <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>Grupo Especial de Fiscalização MóvelGrupo de <strong>Trabalho</strong> Setorial – Indústria da Construção CivilGrupo de <strong>Trabalho</strong> Setorial – Transporte Ro<strong>do</strong>viário de CargasVírus da Imu<strong>no</strong>deficiência HumanaInstituto de Assistência <strong>do</strong>s Servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de JaneiroInternational Association for Time-Use ResearchInstituto <strong>Brasil</strong>eiro de Geografia e EstatísticaImposto sobre Circulação de Merca<strong>do</strong>riasÍndice de Desenvolvimento da FamíliaInstituto Internacional de Estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>Instituto Nacional de Colonização e Reforma AgráriaInstituto Nacional de Estu<strong>do</strong>s e Pesquisas EducacionaisÍndice Nacional de Preços ao Consumi<strong>do</strong>rInstituto Nacional <strong>do</strong> Seguro SocialImposto Sobre Operações FinanceirasÍndice de Preços ao Consumi<strong>do</strong>r AmploInstituto de Pesquisa Econômica AplicadaPrograma Internacional para Eliminação <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> InfantilImposto sobre Produtos Industrializa<strong>do</strong>sImposto de Renda da Pessoa FísicaJustiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>Lesão por Esforço RepetitivoLei Orgânica de Assistência SocialMerca<strong>do</strong> Comum <strong>do</strong> SulMinistério <strong>do</strong> Desenvolvimento Agrário


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 23CONTEXTOECONÔMICO E SOCIAL1A Crise Financeira InternacionalO contexto econômico e social durante o perío<strong>do</strong> em análise, ou seja, a segunda metade<strong>do</strong>s a<strong>no</strong>s 2000, foi bastante afeta<strong>do</strong> pela crise financeira internacional que eclodiu <strong>no</strong>dia 14 de setembro de 2008, com o anúncio da falência <strong>do</strong> Lehman Brothers – quartomaior banco de negócios <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s. Ainda que os efeitos mais nefastos da crisetenham se manifesta<strong>do</strong> mais fortemente <strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e na Europa, rapidamentetambém se refletiram entre os países emergentes.O <strong>Brasil</strong> não ficou incólume à retração econômica mundial, e <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009 o paísapresentou contração <strong>do</strong> nível de produção (-0,3%), desaceleração <strong>no</strong> ritmo de criaçãode emprego e, consequentemente, aumento <strong>do</strong> nível de desemprego. Entretanto, diversasmedidas anticíclicas foram implementadas pelo gover<strong>no</strong> brasileiro, na tentativa de reduziros impactos de um processo recessivo que, em geral, tende a se alastrar em eco<strong>no</strong>miasque operam em um cenário complexo e com características globalizadas. Conforme serádemonstra<strong>do</strong> a seguir, o conjunto destas e outras medidas fizeram com que rapidamenteo país se recuperasse <strong>do</strong>s efeitos mais imediatos da crise e retomasse a sua trajetória decrescimento da produção e <strong>do</strong> emprego.O ritmo da recuperação <strong>do</strong>s níveis de produção e emprego e o sucesso em mitigar os efeitosda crise se devem a uma série de fatores, destaca<strong>do</strong>s pelo Estu<strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>: uma estratégiai<strong>no</strong>va<strong>do</strong>ra alavancada pela renda desenvolvi<strong>do</strong> pela <strong>OIT</strong> (2011), realiza<strong>do</strong> pelo InstitutoInternacional de Estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 1 (IILS) e o Escritório da <strong>OIT</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>:A experiência durante o perío<strong>do</strong> pré-crise e as condições iniciais: Após a crise de 1999, o<strong>Brasil</strong> fortaleceu seus fundamentos macroeconômicos e continuou a melhorar o seu sistemade proteção social. Em particular, o <strong>Brasil</strong> introduziu um <strong>no</strong>vo regime macroeconômicoorienta<strong>do</strong> para a redução da vulnerabilidade externa e para a obtenção de superávitsfiscais. O gover<strong>no</strong> também estabeleceu desde 2003 uma política de valorização <strong>do</strong>salário mínimo, e, a partir de 2007 – em cooperação com atores sociais – estabeleceu ummecanismo permanente para o reajuste <strong>do</strong> mesmo, conforme será aborda<strong>do</strong> <strong>no</strong> capítuloRendimentos Adequa<strong>do</strong>s e <strong>Trabalho</strong> Produtivo. Como resulta<strong>do</strong>, após o efeito-contágioda crise, o Gover<strong>no</strong> foi capaz de responder rapidamente, por meio da a<strong>do</strong>ção de uma sériede medidas anticíclicas e de aperfeiçoamentos <strong>no</strong> regime de proteção social existente,iniciativas que foram possíveis devi<strong>do</strong> à situação fiscal mais robusta.As origens da crise: A crise financeira afetou significativamente o merca<strong>do</strong> de crédito<strong>do</strong>méstico. O gover<strong>no</strong> reagiu de forma decisiva para restaurar os fluxos de crédito <strong>no</strong> sistema1 O Instituto Internacional de Estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> (IILS) foi criada em 1960 como entidade autô<strong>no</strong>ma daOrganização Internacional <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> (<strong>OIT</strong>). Seu mandato é promover a política de investigação e debate públicosobre questões de interesse para a <strong>OIT</strong> e seus membros: gover<strong>no</strong>s, emprega<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>res.


24<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federaçãobancário, seja para as famílias, seja para as empresas. Entre as medidas a<strong>do</strong>tadas, pode-secitar: (i) a redução da meta da taxa de juros em cinco pontos percentuais entre janeiro esetembro de 2009 (de 13,75% em janeiro de 2009 para 8,75% em setembro de 2009); (ii)introdução de linhas de crédito para setores-chave da eco<strong>no</strong>mia, incluin<strong>do</strong> Pequenas e Médiasempresas (PMEs), e aumento da concessão de crédito pelas três instituições financeiraspúblicas; e (iii) uma série de iniciativas <strong>do</strong> Banco Central para atenuar a volatilidade cambiale assegurar a liquidez em dólares (US$) para empresas, bancos e exporta<strong>do</strong>res.Estímulo da demanda interna em setores intensivos em emprego: O gover<strong>no</strong> tambéma<strong>do</strong>tou uma série de medidas para estimular setores gera<strong>do</strong>res de empregos: (i) expansão<strong>do</strong> Programa de Aceleração <strong>do</strong> Crescimento (PAC), sen<strong>do</strong> a maior parte <strong>do</strong>s recursosdirecionada aos investimentos em infraestrutura que impulsionaram a criação deempregos; este programa representou mais de 40,0% <strong>do</strong> pacote de estímulo; (ii) a criação<strong>do</strong> programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, que teve como objetivo construirhum milhão de <strong>no</strong>vas casas em 2009 e 2010 para estimular o crescimento e o emprego <strong>no</strong>setor de construção civil, que foi fortemente afeta<strong>do</strong> pela crise; (iii) redução <strong>do</strong> Impostosobre Produtos Industrializa<strong>do</strong>s (IPI) sobre automóveis e outros produtos (alguns <strong>do</strong>squais se destinavam a promover o consumo ecológico).Estímulo à demanda e proteção às famílias mais vulneráveis por meio de aperfeiçoamentosna proteção social: embora relativamente pequenas em comparação com outras medidas,foram introduzidas mudanças em duas áreas-chave de proteção social, a saber, o ProgramaBolsa-Família e o sistema de seguro-desemprego: (i) o Ministério <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> e Empregoprolongou a duração <strong>do</strong>s benefícios <strong>do</strong> seguro-desemprego por <strong>do</strong>is meses para trabalha<strong>do</strong>rescujos setores de atividade econômica foram gravemente afeta<strong>do</strong>s pela recessão (como, porexemplo, os setores de mineração e siderurgia); (ii) o gover<strong>no</strong> reiterou seu compromisso como Bolsa Família, aumentan<strong>do</strong> os valores <strong>do</strong>s benefícios e amplian<strong>do</strong> sua cobertura. O custodessas duas medidas foi de apenas 0,026% <strong>do</strong> PIB. Ainda assim, a extensão da cobertura<strong>do</strong> Bolsa Família permitiu que 1,3 milhão de famílias adicionais recebessem os benefícios <strong>do</strong>programa; e estima-se que 310 mil trabalha<strong>do</strong>res puderam receber um apoio adicional naforma de seguro-desemprego. Ademais, embora não seja considera<strong>do</strong> como parte <strong>do</strong> pacotede estímulo, o gover<strong>no</strong> manteve os aumentos previstos <strong>do</strong> salário mínimo em fevereiro de2009 e janeiro de 2010. Mais de 20,0% da população foi beneficiada, uma vez que o saláriomínimo serve como referência para o cálculo de uma série de benefícios sociais.Garantir que a oferta responda à demanda de incentivos: o Gover<strong>no</strong> assegurou ascondições para que a eco<strong>no</strong>mia pudesse responder às medidas de estímulo e às políticassociais. Em primeiro lugar, o investimento das empresas foi apoia<strong>do</strong> pela disponibilidadede crédito <strong>do</strong>s três bancos públicos, em um momento em que os bancos priva<strong>do</strong>s estavamreceosos em emprestar. As políticas de crédito não só facilitaram os investimentos dasgrandes indústrias, mas também das pequenas e médias empresas, devi<strong>do</strong> às linhas decrédito especiais que foram desenvolvidas para este segmento de negócio. Em segun<strong>do</strong>lugar, um ambiente de negócios estável foi estabeleci<strong>do</strong> através de um diálogo social quedeu prioridade à consulta com as empresas e os dirigentes sindicais na elaboração depolíticas, especialmente em matéria de redução de impostos. Terceiro, os merca<strong>do</strong>s deprodutos foram os mais sensíveis aos <strong>no</strong>vos incentivos, através da redução de impostose <strong>do</strong> aumento <strong>do</strong> rendimento disponível, que permitiu que famílias de baixa e médiarenda pudessem aumentar seu poder de compra, ajudan<strong>do</strong> as eco<strong>no</strong>mias <strong>do</strong>s peque<strong>no</strong>smunicípios rurais. Finalmente, <strong>no</strong> início da crise, a taxa de câmbio era competitiva, o queaju<strong>do</strong>u a impulsionar o consumo de bens e serviços produzi<strong>do</strong>s internamente.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 25Por fim, o referi<strong>do</strong> estu<strong>do</strong> enfatiza que a principal lição da experiência <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> é a de que as medidasde proteção social e as políticas macroeconômicas, se bem desenhadas, podem contribuirpara o crescimento econômico, a criação de emprego e a equidade. Além disso, chama a atençãopara o fato de que a eficácia <strong>do</strong>s programas não demanda que os mesmos sejam custosos.Essa experiência, conforme visto anteriormente, foi decisiva para que o país revertesse osefeitos negativos imediatos da crise sobre a produção e o emprego e rapidamente retomassea dinâmica de criação de <strong>no</strong>vas oportunidades de trabalho e emprego com proteção social,que é uma das condições indispensáveis para a promoção <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>.O Desempenho da Eco<strong>no</strong>mia <strong>Brasil</strong>eiraA eco<strong>no</strong>mia brasileira apresentou, em 2010 2 , um Produto Inter<strong>no</strong> Bruto (PIB) de R$ 3,67trilhões, figuran<strong>do</strong> como a 7ª maior eco<strong>no</strong>mia <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> e ostentan<strong>do</strong> um PIB per capitade R$ 18.670,00. Essa cifra reflete um crescimento sistemático que, de 2005 a 2010,atingiu um percentual acumula<strong>do</strong> da ordem de 28,0%. Esse desempenho foi amplamenteimpulsiona<strong>do</strong>, em quase to<strong>do</strong> o cita<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>, por expressivos crescimentos da eco<strong>no</strong>miamundial. No âmbito das políticas macroeconômicas foram também fundamentais aoavanço da eco<strong>no</strong>mia brasileira as políticas de transferência de renda e valorização <strong>do</strong>salário mínimo, as de estímulo e ampliação <strong>do</strong> crédito, assim como a alocação de recursospara diversos investimentos. A conjugação <strong>do</strong>s cita<strong>do</strong>s fatores possibilitou o aumento dademanda interna e a recuperação <strong>do</strong> emprego e da renda, mesmo diante de um cenário decrise internacional, conforme menciona<strong>do</strong> anteriormente.O Gráfico 1 a seguir, explicita os crescimentos <strong>do</strong>s grupos de países e destaca, entre eles,o desempenho <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>.GRÁFICO 1CRESCIMENTO MUNDIAL DO PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB)GRUPOS SELECIONADOS DE PAÍSES, 2005 A 2010Fonte: FMI2Durante a elaboração deste trabalho, o a<strong>no</strong> 2010 foi aquele em que estava disponibilizada grande parte das maisrecentes informações utilizadas.


26<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoA trajetória <strong>do</strong> PIB brasileiro revelou um crescimento bastante consistente durantequase to<strong>do</strong>s os pontos da série analisada, revelan<strong>do</strong> uma inflexão em 2009, fruto da criseinternacional. Entretanto, em 2010, a eco<strong>no</strong>mia voltou a evoluir, obten<strong>do</strong> uma taxa anualde crescimento estimada em 7,5% que possibilitou um substantivo valor acumula<strong>do</strong> <strong>no</strong>final <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> (28,4%), como pode ser visualiza<strong>do</strong> <strong>no</strong> Gráfico 2.GRÁFICO 2CRESCIMENTO ACUMULADO DO PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB)BRASIL, 2005 A 2010Fonte: FMIOs diversos indica<strong>do</strong>res que expressam os resulta<strong>do</strong>s alcança<strong>do</strong>s pela eco<strong>no</strong>mia nacionaltambém apresentaram um bom desempenho, sinalizan<strong>do</strong> haver consistência <strong>no</strong> seucrescimento. O relatório de 2010, elabora<strong>do</strong> pelo Banco Central <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>, assim descrevea evolução da eco<strong>no</strong>mia brasileira:O PIB cresceu 7,5% em 2010, segun<strong>do</strong> as Contas Nacionais Trimestrais <strong>do</strong> Instituto <strong>Brasil</strong>eiro deGeografia e Estatística (IBGE), registran<strong>do</strong>-se, <strong>no</strong> âmbito da demanda, contribuições de 10,3 p.p. <strong>do</strong>componente <strong>do</strong>méstico e de -2,8 p.p <strong>do</strong> setor exter<strong>no</strong>. Sob a ótica da oferta, ocorreram aumentos anuais<strong>no</strong> valor adiciona<strong>do</strong> <strong>do</strong>s três setores da eco<strong>no</strong>mia, atingin<strong>do</strong> 10,1% <strong>no</strong> segmento secundário, 6,5% <strong>no</strong>primário e 5,4% <strong>no</strong> de serviços.O resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> setor agropecuário é consistente com a expansão anual de 11,6% da safra de grãos e com osaumentos respectivos de 8,5%, 7,7% e 3,8% <strong>no</strong>s abates de bovi<strong>no</strong>s, aves e suí<strong>no</strong>s, em relação a igual intervalo<strong>do</strong> a<strong>no</strong> anterior. O desempenho <strong>do</strong> setor industrial refletiu, em especial, as elevações nas indústrias extrativa(15,7%), da construção civil (11,6%) e de transformação (9,7%). A evolução anual <strong>do</strong> setor de serviçosfoi impulsionada, fundamentalmente, pelo dinamismo <strong>do</strong>s segmentos comércio (10,7%), transportearmazenagem e correio (8,9%) e intermediação financeira, seguros, previdência e serviços relativos (10,7%),estan<strong>do</strong> os <strong>do</strong>is primeiros relaciona<strong>do</strong>s aos resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s setores industrial e agropecuário.Considerada a ótica da demanda, os investimentos, em linha com o desempenho da construção civile da absorção de bens de capital, cresceram 21,8% em 2010, enquanto o consumo das famílias,refletin<strong>do</strong> o crescimento da massa salarial e das operações de crédito, aumentou 7%. A contribuiçãonegativa <strong>do</strong> setor exter<strong>no</strong> traduziu as elevações anuais registradas nas importações (36,2%), e nas exportações(11,5%), diferencial associa<strong>do</strong> ao ritmo distinto de crescimento da eco<strong>no</strong>mia internacionale brasileira.Os investimentos, excluídas as variações de estoques, aumentaram 21,9% em 2010, de acor<strong>do</strong> com asContas Nacionais Trimestrais <strong>do</strong> IBGE. A taxa média de crescimento desta variável entre 2008 e 2010atingiu 4,5%, ante a expansão média de 3,3% <strong>do</strong> PIB, indican<strong>do</strong> ampliação da capacidade de oferta daeco<strong>no</strong>mia <strong>no</strong> perío<strong>do</strong> (BACEN, <strong>Relatório</strong> Anual, 2010).


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 27Em relação às exportações brasileiras, a expansão alcançada foi propiciada, principalmente,pela expressiva remessa de suas principais commodities para países importa<strong>do</strong>res,sobretu<strong>do</strong> a China, cuja eco<strong>no</strong>mia cresceu 10,4% em 2010 3 . No perío<strong>do</strong> 2005 a 2010 osavanços foram expressivos, interrompi<strong>do</strong>s, apenas, pela forte retração ocorrida em finaisde 2008 e em grande parte <strong>do</strong> a<strong>no</strong> 2009, <strong>no</strong> qual, em face à crise internacional, ocorreusignificativo declínio <strong>no</strong> comércio mundial. O Gráfico 3, a seguir, espelha os movimentosde ascensão e inflexão das exportações brasileiras <strong>no</strong> perío<strong>do</strong>.GRÁFICO 3DESEMPENHO (*) DAS EXPORTAÇÕESBRASIL, JAN/2008 A DEZ/2010Fonte: MDIC-SECEX* Variação em relação ao valor das exportações de igual mês <strong>do</strong> a<strong>no</strong> anteriorA taxa de câmbio <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> foi regulamentada em 2005 pela resolução nº 3.265 <strong>do</strong>Conselho Monetário Nacional que unificou o Merca<strong>do</strong> de Câmbio de Taxas Livres (câmbiocomercial) e o Merca<strong>do</strong> de Câmbio de Taxas Flutuantes (câmbio turismo), passan<strong>do</strong> aexistir um único merca<strong>do</strong> de câmbio legal <strong>no</strong> País. Nesse senti<strong>do</strong>, as suas flutuaçõesrefletiram os movimentos ocorri<strong>do</strong>s <strong>no</strong>s fluxos e presença de dólares <strong>no</strong> País.Desde a citada data, a apreciação <strong>do</strong> Real vem se apresentan<strong>do</strong> como uma tendência quenão difere muito <strong>do</strong> que também vem ocorren<strong>do</strong> com as divisas de diversos países. Asemissões <strong>do</strong> gover<strong>no</strong> <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s da América, aliadas à conjuntura internacional,têm-se apresenta<strong>do</strong> como um fator decisivo de desvalorização <strong>do</strong> dólar america<strong>no</strong>. No<strong>Brasil</strong> a taxa de câmbio vem atingin<strong>do</strong> patamares que preocupam os exporta<strong>do</strong>res, pelaperda de competitividade de seus produtos <strong>no</strong> merca<strong>do</strong>. De 2005 a 2010, somente foiregistrada uma pequena elevação <strong>no</strong> a<strong>no</strong> 2009, como reflexo da crise e em face dasintervenções <strong>do</strong> Banco Central, aumentan<strong>do</strong> a taxa básica de juros e adquirin<strong>do</strong> dólarescom o objetivo de evitar uma maior desvalorização da moeda americana. O Gráfico 4, aseguir, evidencia a trajetória das taxas de câmbio.3Segun<strong>do</strong> o relatório <strong>do</strong> Banco Mundial, a China cresceu 10,4% em 2010 e acumula um PIB de US$ 5,9 trilhões.


28<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoGRÁFICO 4TAXAS MÉDIAS ANUAIS DE CAMBIO – R$/US$ - COMERCIAL/VENDABRASIL, 2005 A 2010Fonte: BacenO controle da taxa básica de juros vem sen<strong>do</strong> administra<strong>do</strong> pelo Comitê de PolíticaMonetária <strong>do</strong> Banco Central (COPOM), visan<strong>do</strong> ajustar o crescimento da demandaagregada e, por conseguinte, monitorar e controlar as oscilações da inflação, ao tempo emque altera a remuneração de aplicações estrangeiras <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, especialmente a presençade capitais de curto prazo. A taxa overnight <strong>do</strong> Sistema Especial de Liquidação e Custódia(SELIC), expressa na forma anual, é a taxa média ponderada pelo volume das operaçõesde financiamento por um dia, lastreadas em títulos públicos federais e realizadas <strong>no</strong>SELIC, na forma de operações compromissadas. É a taxa básica utilizada como referênciapela política monetária.O patamar da taxa de juros brasileira, embora ainda expressivamente eleva<strong>do</strong>, vem apresentan<strong>do</strong>uma tendência à redução ao longo <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong>, conforme o Gráfico 5.GRÁFICO 5TAXA BÁSICA DE JUROS – SELIC, FIXADA PELO BANCO CENTRALBRASIL, 2005 a 2010Fonte: Bacen(*) Taxa fixada na sua expressão anualDatas das últimas reuniões anuais <strong>do</strong> COPOM


30<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federaçãode Sustentação de Investimentos (PSI) 4 <strong>do</strong> Banco Nacional de Desenvolvimento Econômicoe Social (BNDES). Associam-se, também, a esse movimento, as alocações de recursosrealiza<strong>do</strong>s pelos gover<strong>no</strong>s, principalmente em infraestrutura. O Gráfico 7 mostra os níveis deinvestimento alcança<strong>do</strong> pela eco<strong>no</strong>mia brasileira <strong>no</strong> perío<strong>do</strong>.GRÁFICO 7TAXA DE INVESTIMENTO DA ECONOMIA BRASILEIRABRASIL, 2005 A 2010Fonte: ibgeInvestimento Produtivo – O Programa de Aceleração <strong>do</strong>Crescimento (PAC)Objetivan<strong>do</strong> aumentar a infraestrutura <strong>do</strong> País e ampliar as bases para um crescimentocompatível com o avanço da demanda agregada, o gover<strong>no</strong> federal elaborou o Programade Aceleração <strong>do</strong> Crescimento (PAC). O PAC foi lança<strong>do</strong> em 28 de janeiro de 2007, eprevia a execução de recurso de investimentos de 503,9 bilhões de reais até o a<strong>no</strong> de 2010,conforme a Tabela 1.Trata-se de um pla<strong>no</strong> <strong>do</strong> gover<strong>no</strong> federal que visa estimular o crescimento da eco<strong>no</strong>miabrasileira por meio de investimentos estruturantes em portos, ro<strong>do</strong>vias, geração de energia,ferrovias e infraestrutura social, entre outros 5 . Tais recursos, pela sua magnitude, deverãoaumentar a Formação Bruta de Capital Fixo da Eco<strong>no</strong>mia e, portanto, proporcionar taxasde investimento mais elevadas para a eco<strong>no</strong>mia brasileira.4Programa cria<strong>do</strong> com o objetivo de estimular a produção, aquisição e exportação de bens de capital e a i<strong>no</strong>vaçãotec<strong>no</strong>lógica.5A segunda etapa <strong>do</strong> Programa de Aceleração <strong>do</strong> Crescimento (PAC 2) tem como foco programas como: CidadeMelhor, Comunidade Cidadão, Minha casa Minha vida, Água e Luz para to<strong>do</strong>s, Transportes e Energia.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 31tabela 1Programa de Aceleração <strong>do</strong> Crescimento (PAC)Investimentos Programa<strong>do</strong>s - De 2007 a 2010Infraestrutura e Origem <strong>do</strong>s RecursosR$ bilhõesLogística 58,3Orçamento Fiscal e da Seguridade 33,0Estatais Federais e Demais Fontes 25,3Energia 274,8Orçamento Fiscal e da Seguridade -Estatais Federais e Demais Esta<strong>do</strong>s 274,8Infraestrutura Social 170,8Orçamento Fiscal e da Seguridade 34,8Estatais Federais e Demais Fontes 136,0Total <strong>do</strong> PAC 503,9Orçamento Fiscal e da Seguridade 67,8Estatais Federais e Demais Fontes 436,1Fonte: Ministério <strong>do</strong> Planejamento, Orçamento e GestãoEm fevereiro de 2009, o gover<strong>no</strong> federal anunciou um aporte de mais R$142 bilhões paraas obras <strong>do</strong> PAC. Em março de 2010, objetivan<strong>do</strong> ampliar ainda mais o volume de recursosaloca<strong>do</strong>s, especialmente em ações de infraestrutura social e urbana, o gover<strong>no</strong> federallançou o PAC-2, que prevê um montante de R$ 1,59 trilhão a ser aplica<strong>do</strong> em segmentostais como transportes, energia, cultura, meio ambiente, saúde, área social e habitação. Osinvestimentos serão aplica<strong>do</strong>s, basicamente, em seis áreas: Cidade Melhor, ComunidadeCidadã, Minha Casa, Minha Vida, Água e Luz para To<strong>do</strong>s, Transportes e Energia. Estesrecursos extras visam ampliar a infraestrutura, gerar mais empregos <strong>no</strong> país, reduzirproblemas sociais e diminuir possíveis impactos da crise mundial na eco<strong>no</strong>mia brasileira.A Eco<strong>no</strong>mia <strong>Brasil</strong>eira Regionalizada pela Ótica <strong>do</strong> PIBCom base <strong>no</strong>s últimos resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Sistema de Contas Regionais, divulga<strong>do</strong>s pelo IBGE,pode-se ter uma visão <strong>no</strong> âmbito nacional das grandezas <strong>do</strong> Produto Inter<strong>no</strong> Bruto detodas as Unidades da Federação, de maneira regionalizada, assim como as suas respectivasevoluções ao longo de um determina<strong>do</strong> horizonte temporal que, neste segmento <strong>do</strong>trabalho, foi delimita<strong>do</strong> entre os a<strong>no</strong>s 2004 e 2009 6 .O recorte de regionalização realiza<strong>do</strong> pelas chamadas grandes regiões <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> possibilitaa leitura de evoluções diferenciadas da eco<strong>no</strong>mia brasileira, em consonância com osfatores que as impulsionaram com diferentes intensidades.Analisan<strong>do</strong> as taxas de crescimento acumuladas entre 2004 e 2009, observa-se que,embora todas as regiões tenham amplia<strong>do</strong> as suas eco<strong>no</strong>mias, a região Centro-Oestefoi a que mais avançou em termos de crescimento real <strong>do</strong> seu Produto Inter<strong>no</strong> Bruto,alcançan<strong>do</strong>, <strong>no</strong> final <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> um percentual acumula<strong>do</strong> de 24,9%, fican<strong>do</strong> 5,9 pontos6Últimas informações disponíveis quan<strong>do</strong> <strong>do</strong> fechamento deste trabalho.


32<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federaçãopercentuais acima <strong>do</strong> desempenho obti<strong>do</strong> pelo país (19,3%). O resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Centro-Oeste foi propicia<strong>do</strong>, principalmente, pelo avanço na produção agrícola de commodities,basicamente as derivadas da cultura da soja, cujos preços favoráveis aumentaram ocomércio internacional <strong>do</strong> produto e favoreceram o aumento <strong>do</strong> PIB da região.Em contrapartida, a região Sul não revelou o mesmo avanço econômico. Ela foiespecialmente influenciada pelos segmentos agrícolas <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s que a compõem, que, emgeral, apresentaram desempenhos regionais insatisfatórios, principalmente relaciona<strong>do</strong>sa questões climáticas. Os percentuais de crescimento registra<strong>do</strong>s foram pouco expressivose se refletiram de maneira substantiva na performance regional. O Gráfico 8 expressa osdesempenhos das regiões <strong>no</strong> perío<strong>do</strong> 2004 a 2009.GRÁFICO 8CRESCIMENTO ACUMULADO DO PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB)BRASIL E GRANDES REGIÕES, 2004 a 2009Fonte: IBGE – Contas RegionaisCom tais desempenhos, a participação relativa <strong>do</strong> produto se alterou, reposicionan<strong>do</strong>as eco<strong>no</strong>mias regionais e propician<strong>do</strong>, com mais ênfase, a ampliação da participação <strong>do</strong>Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Mesmo assim, as eco<strong>no</strong>mias <strong>do</strong> Sul e <strong>do</strong> Sudeste, juntas,ainda respondem por 71,8% <strong>do</strong> PIB nacional, conforme a Tabela 2.tabela 2PARTICIPAÇÃO PERCENTUAL DAS GRANDES REGIÕES NO PIBBRASIL E GRANDES REGIÕES, 2004 E 2009Grandes Regiões 2004 2009Norte 4,9 5,0Nordeste 12,7 13,5Sudeste 55,8 55,3Sul 17,4 16,5Centro-Oeste 9,1 9,6<strong>Brasil</strong> 100,0 100,0Fonte: IBGE


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 33As diferentes intensidades <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s de cada uma das Unidades da Federaçãopropiciaram mudanças <strong>no</strong> ranking <strong>no</strong> qual são elencadas as eco<strong>no</strong>mias regionais, emface das magnitudes alcançadas pelas mesmas. Nele percebe-se que, dada a persistenteconcentração econômica <strong>do</strong> país, os cinco maiores esta<strong>do</strong>s se mantêm na dianteira e, em2009, representavam 65,8% de toda a riqueza produzida <strong>no</strong> país. Por outro la<strong>do</strong>, vê-se quecinco esta<strong>do</strong>s – Piauí, Tocantins, Amapá, Acre e Roraima - ostentam as me<strong>no</strong>res posiçõesna classificação das eco<strong>no</strong>mias regionais brasileiras e, juntos, representam apenas 1,7%.A Tabela 3 expressa as grandezas das eco<strong>no</strong>mias estaduais, assim como as respectivasposições <strong>no</strong> ranking.tabela 3PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) E POSIÇÃO NO RANKING NACIONALUNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2004 E 2009R$ MilhãoUnidades da Federação 2004 Ranking 2004 2009 Ranking 2009São PauloRio de JaneiroMinas GeraisRio Grande <strong>do</strong> SulParanáBahiaDistrito FederalSanta CatarinaGoiásPernambucoEspírito SantoCearáParáMato GrossoAmazonasMaranhãoMato Grosso <strong>do</strong> SulParaíbaRio Grande <strong>do</strong> NorteAlagoasRondôniaSergipePiauíTocantinsAmapáAcreRoraima643.487222.945177.325137.831122.43479.08370.72477.39348.02144.01140.21736.86635.56336.96130.31421.60521.10515.02215.58012.89111.26012.1679.8178.2783.8463.9402.8111º2º3º4º5º6º8º7º9º10º11º13º14º12º15º16º17º19º18º20º22º21º23º24º26º25º27º1.084.353353.878287.055215.864189.992137.075131.487129.80685.61578.42866.76365.70458.40257.29449.61439.85536.36828.71927.90521.23520.23619.76719.03314.5717.4047.3865.5931º2º3º4º5º6º7º8º9º10º11º12º13º14º15º16º17º18º19º20º21º22º23º24º25º26º27ºFonte: IBGE – Contas Regionais


34<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoEm termos de PIB per capita, entretanto, o ranking sofre uma substantiva alteração 7 . ODistrito Federal (DF) lidera o ranking basea<strong>do</strong> nesse conceito. A forte concentração de serviços,principalmente os serviços públicos, impulsiona o DF para a primeira posição, sen<strong>do</strong> segui<strong>do</strong>pelas eco<strong>no</strong>mias de São Paulo e Rio de Janeiro. Em posições opostas, os dez últimos lugares dareferida classificação pertencem, preponderantemente, aos esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Nordeste, com exceção<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Pará, que pertence à região Norte, mas, que também se incorpora aos de me<strong>no</strong>resPIB per capita. Vale ressaltar, que os três últimos postos estão ocupa<strong>do</strong>s pelos esta<strong>do</strong>s deAlagoas, Maranhão e Piauí. A Tabela 4 mostra as posições estaduais <strong>no</strong> ranking econômico eas respectivas alterações ocorridas nas classificações, <strong>no</strong> início e <strong>no</strong> final <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> em análise.Unidades da FederaçãoDistrito FederalSão PauloRio de JaneiroSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulEspírito SantoMato GrossoParanáMato Grosso <strong>do</strong> SulAmazonasGoiásMinas GeraisRondôniaRoraimaAmapáTocantinsAcreSergipeBahiaPernambucoRio Grande <strong>do</strong> NorteParáCearáParaíbaAlagoasMaranhãoPiauíFonte: IBGE - Contas RegionaisTABELA 4PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) PER CAPITA E RANKING NACIONALUNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2004 E 20092004 2009R$ RankingR$Ranking30.99116.15814.66413.40312.85011.99813.44512.0809.4619.6588.7189.3367.2097.3617.0266.5566.2516.2895.7805.2875.2605.1924.6224.2104.3243.5883.2971º2º3º5º6º8º4º7º10º9º12º11º14º13º15º16º18º17º19º20º21º22º23º25º24º26º27º50.43826.20222.10321.21519.77819.14519.08717.77915.40714.62114.44714.32913.45613.27011.81711.27810.6879.7879.3658.9028.8947.8597.6877.6186.7286.2596.0511º2º3º5º6º8º4º7º10º9º12º11º14º13º15º16º18º17º19º20º21º22º23º25º24º26º27º7O PIB per capita resulta da divisão da riqueza gerada, em determina<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>, em uma eco<strong>no</strong>mia, pela suapopulação residente.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 35O Desempenho da Produtividade <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>Ao tratar <strong>do</strong> tema Produtividade <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> se faz necessária uma breve abordagem sobreos seus principais elementos conceituais. Nesse senti<strong>do</strong>, na mesma linha preconizada nasreferências <strong>do</strong>s diversos e clássicos manuais de eco<strong>no</strong>mia, toma-se como definição aquelautilizada pela <strong>OIT</strong> <strong>no</strong> seu Guia sobre os <strong>no</strong>vos Indica<strong>do</strong>res de Emprego <strong>do</strong>s Objetivos deDesenvolvimento <strong>do</strong> Milênio: inclui o conjunto completo <strong>do</strong>s Indica<strong>do</strong>res de <strong>Trabalho</strong><strong>Decente</strong>. Nesse Guia, a produtividade <strong>do</strong> trabalho 8 , de forma direta, está definida como:“uma representação da quantidade de produto obti<strong>do</strong> por unidade <strong>do</strong> fator trabalho”.(<strong>OIT</strong>, 2009a).A produtividade <strong>do</strong> trabalho, calculada com base <strong>no</strong>s agrega<strong>do</strong>s macroeconômicos, referese,mais precisamente, aos valores <strong>do</strong> Produto Inter<strong>no</strong> Bruto (PIB) de uma dada eco<strong>no</strong>mia,para um determina<strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de tempo, relativiza<strong>do</strong>s pelo pessoal ocupa<strong>do</strong> <strong>no</strong> mesmoperío<strong>do</strong>. Quan<strong>do</strong> expresso de maneira setorial, o indica<strong>do</strong>r corresponde ao quocienteentre os valores adiciona<strong>do</strong>s setoriais, a preços básicos, ten<strong>do</strong> como de<strong>no</strong>mina<strong>do</strong>r opessoal ocupa<strong>do</strong> <strong>no</strong>s respectivos setores.Nesse senti<strong>do</strong>, as diversas performances setoriais poderão ser influenciadas por um conjuntode fatores, entre os quais estão as melhorias na educação e na formação profissional, melhoriasna infraestrutura, o nível de integração econômica aos merca<strong>do</strong>s mundiais, a i<strong>no</strong>vação ecapacidade de absorção de <strong>no</strong>vas tec<strong>no</strong>logias, além da eficiência na gestão empresarial,objetivan<strong>do</strong> aumentos na escala de produção de maneira sustentável. Tais fatores, quan<strong>do</strong>otimiza<strong>do</strong>s, tendem a propiciar acréscimos reais <strong>do</strong> PIB superiores à necessidade de absorçãode mão de obra, resultan<strong>do</strong> em ampliação da produtividade <strong>do</strong> trabalho.Os resulta<strong>do</strong>s setoriais buscam dar uma visão da contribuição <strong>do</strong> fator trabalho nasquantidades produzidas pela eco<strong>no</strong>mia, poden<strong>do</strong> ser desagrega<strong>do</strong>s, também, porsegmento de atividade econômica, sempre que as citadas variáveis estiverem disponíveise apresentarem consistência.Em estu<strong>do</strong> recente - Produtividade <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s 2000-2009: análise das ContasNacionais - o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) fez uma análise <strong>do</strong>desempenho da produtividade <strong>do</strong> trabalho <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, utilizan<strong>do</strong> como fonte de informaçõesos resulta<strong>do</strong>s das Contas Nacionais divulgadas pelo Instituto <strong>Brasil</strong>eiro de Geografia eEstatística (IBGE).O estu<strong>do</strong> faz diversas constatações acerca <strong>do</strong>s avanços e retrações da produtividade <strong>do</strong>trabalho, por macrosetores de atividade. Os resulta<strong>do</strong>s divulga<strong>do</strong>s, para que pudessem tercomparabilidade, foram obti<strong>do</strong>s ten<strong>do</strong> como referência um determina<strong>do</strong> a<strong>no</strong>-base. Nessecaso foi escolhi<strong>do</strong> o a<strong>no</strong> 2000, fican<strong>do</strong>, portanto, to<strong>do</strong>s os valores a preços <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> a<strong>no</strong> 9 .8A produtividade laboral refere se ao montante de produção gerada por unidade de fator de trabalho. Para esteefeito, a produção é medida como o produto inter<strong>no</strong> bruto nacional ou PIB, uma medida que advém das contasnacionais de um país, a qual representa o valor total de produção nacional deduzin<strong>do</strong> o valor <strong>do</strong>s bens intermédios,tais como, matérias-primas, produtos semi-acaba<strong>do</strong>s, serviços compra<strong>do</strong>s, e fontes energéticas. O PIB para aeco<strong>no</strong>mia agregada é <strong>no</strong>rmalmente expresso em termos de preços de merca<strong>do</strong>, o que reflete o valor de merca<strong>do</strong><strong>do</strong>s produtos finais. O fator trabalho é medi<strong>do</strong> como o número de pessoas empregadas, ou o total de emprego(ocupação) (<strong>OIT</strong>, 2009a: p.16).9Objetivan<strong>do</strong> a obtenção <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> crescimento real <strong>do</strong>s setores econômicos foi necessária a utilização <strong>do</strong>sDeflatores Implícitos das Contas Nacionais, acumula<strong>do</strong>s, <strong>no</strong> perío<strong>do</strong>, por setor de atividade, para tornar a sériecomparável com o a<strong>no</strong>-base.


36<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoAs respectivas produtividades <strong>do</strong> trabalho por macrosetores da eco<strong>no</strong>mia foram organizadasna Tabela 5, a seguir apresentada.TABELA 5PRODUTIVIDADE DO TRABALHO POR MACROSETORES E VARIAÇÃO MÉDIA ANUALBRASIL, 2000 A 2009Macrosetorde AtividadeEconômicaAgropecuáriaIndústriaExtrativaTransformaçãoOutrosindustriais2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 20073,318,469,018,516,13,618,470,818,915,43,718,174,918,714,73,918,276,918,415,13,718,473,218,615,63,717,779,417,615,34,018,283,917,915,84,418,380,518,215,820084,818,083,518,115,220094,717,481,117,115,3VariaçãoMédiaAnual (%)4,00-0,601,80-0,90-0,60ServiçosTotal14,812,914,713,014,512,914,412,914,513,014,713,014,513,114,913,615,414,115,514,00,500,90Fonte: Contas Nacionais <strong>do</strong> IBGE. Elaboração Ipea.Com base <strong>no</strong>s resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s podem ser observa<strong>do</strong>s os desempenhos setoriais e totalda eco<strong>no</strong>mia, <strong>no</strong> que tange à produtividade <strong>do</strong> fator trabalho, conforme ilustra<strong>do</strong> <strong>no</strong>Gráfico 9. Nela, são perceptíveis os maiores acréscimos de produtividade alcança<strong>do</strong>s pelaagropecuária <strong>no</strong> perío<strong>do</strong>, assim como a retração da indústria, principalmente por contada crise econômica.GRÁFICO 9EVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE MÉDIA DO TRABALHO POR MACROSETORESBRASIL, 2000-2009Fonte: IPEA, 2012(1) A preços constantes <strong>do</strong> a<strong>no</strong> 2.000Elaboração PrópriaO desempenho medi<strong>do</strong> pela variação média anual da produtividade <strong>do</strong> trabalho <strong>no</strong> perío<strong>do</strong>estuda<strong>do</strong> pelo IPEA permitiu concluir que a eco<strong>no</strong>mia brasileira apresentou um baixodinamismo, conforme a seguinte leitura:


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 37De maneira mais agregada, observa-se que a eco<strong>no</strong>mia brasileira demonstrou baixo dinamismo emtermos de produtividade <strong>do</strong> trabalho entre 2000 e 2009, haja vista que a produtividade para o conjuntodas atividades da eco<strong>no</strong>mia cresceu apenas 0,9% a. a. em média. Este resulta<strong>do</strong> positivo decorreu,sobretu<strong>do</strong>, <strong>do</strong> desempenho da agropecuária, sen<strong>do</strong> que o setor de serviços apresentou uma taxa de crescimentoligeiramente positiva e a produtividade industrial decresceu 0,6% a.a em média, (IPEA, 2012).As variações médias da produtividade <strong>do</strong> trabalho obtidas ao longo <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> 2000 a2009 estão dispostas <strong>no</strong> Gráfico 10.GRÁFICO 10VARIAÇÃO 1 MEDIA ANUAL DA PRODUTIVIDADE DO TRABALHOPOR MACROSETORESBRASIL, 2000 A 2009Fonte: IPEA, 2012(1) A preços constantes <strong>do</strong> a<strong>no</strong> 2.000O Comportamento da Distribuição da Renda- A Distribuição Funcional da Renda e a Participação <strong>do</strong> Fator <strong>Trabalho</strong>No Sistema de Contas Nacionais (SCN), a leitura <strong>do</strong> Produto Inter<strong>no</strong> Bruto pode serrealizada pela ótica da renda, a qual permite a observação da distribuição funcionalda renda. Focan<strong>do</strong>-se apenas <strong>no</strong>s seus principais componentes, têm-se a remuneração<strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>s, a qual, segun<strong>do</strong> o SCN, corresponde aos ordena<strong>do</strong>s, salários e ascontribuições sociais <strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>res realizadas a favor de seus emprega<strong>do</strong>s. Percebese,ao longo <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> 2005 a 2008, um avanço sistemático da participação dessa rubrica<strong>no</strong> PIB, passan<strong>do</strong> de 40,1% para 41,8%. Tal ampliação é, em grande parte, reflexo daevolução positiva da renda e, também, fruto da inserção de maior contingente de pessoas<strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho.Em senti<strong>do</strong> inverso, o excedente bruto de exploração, rubrica que congrega os rendimentos<strong>do</strong> capital (lucros, rendas e juros) e outros rendimentos de propriedade pagos pelasempresas produtoras, não avançou a ponto de alterar a trajetória descendente ao longo<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>, passan<strong>do</strong> de 35,2% para 33,2%, conforme pode ser observa<strong>do</strong> <strong>no</strong> Gráfico11.


38<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoGRÁFICO 11DISTRIBUIÇÃO FUNCIONAL DA RENDABRASIL, 2005 A 2008Fonte: IBGE- A Distribuição da Renda Domiciliar Segun<strong>do</strong> o Índice de GiniO nível de concentração de renda, medida pelo Índice de Gini 10 referente à distribuição darenda <strong>do</strong>miciliar per capita, vem declinan<strong>do</strong> sucessivamente a cada a<strong>no</strong> desde 2003. Comefeito, o valor desse Índice, que era de 0,572 em 2004, diminui para 0,569 em 2005, para0,556 em 2007 e finalmente para 0,543 em 2009, refletin<strong>do</strong> uma melhoria <strong>no</strong> processodistributivo, conforme Tabela 6.TABELA 6ÍNDICE DE GINI DA DISTRIBUIÇÃO DA RENDA DOMICILIAR PER CAPITABRASIL E GRANDES REGIÕES, 2004-2009Área Geográfica<strong>Brasil</strong>NorteNordesteSudesteSulCentro-Oeste2004 2005 2006 2007 2008 20090,5720,5390,5830,5420,5220,5730,5690,5290,5710,5430,5150,5770,5630,5210,5730,5380,5060,5630,5560,5330,5660,5240,5050,5740,5480,5090,5580,5180,4950,5680,5430,5230,5580,5110,4910,560Fonte: IPEADATA a partir <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> IBGE - PNADA diminuição da desigualdade da renda <strong>do</strong>miciliar guarda relação direta com o aumentoda renda e da melhoria das condições de vida da população, sobretu<strong>do</strong> entre as camadasme<strong>no</strong>s abastadas 11 . Dessa forma, dentre os fatores que explicam essa evolução positiva,destacam-se a significativa ampliação <strong>do</strong>s programas de transferência de rendacondicionada – principalmente o Programa Bolsa Família (PBF) – o crescimento <strong>do</strong>10Este índice mensura a desigualdade de uma distribuição, varian<strong>do</strong> de 0 (a perfeita igualdade) até 1 (concentraçãoabsoluta ou desigualdade máxima).11A temática da redução da pobreza será abordada em tópico específico <strong>no</strong> capítulo referente à dimensão SeguridadeSocial.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 39emprego formal e da ocupação de um mo<strong>do</strong> geral, o aumento real <strong>do</strong> salário mínimo e aampliação da cobertura da previdência e da assistência social.A tendência de diminuição da desigualdade de renda <strong>no</strong> perío<strong>do</strong> 2004-2009 se manifestaem todas as grandes regiões, conforme pode ser observa<strong>do</strong> <strong>no</strong> Gráfico 12. Entretanto, aanálise <strong>do</strong> comportamento anual reflete algumas particularidades que merecem destaque.Na região Norte o Índice de Gini decli<strong>no</strong>u entre 2004 e 2006, e aumentou em 2007. Entre2007 e 2008, voltou a diminuir, sen<strong>do</strong> que em 2009 observou-se um <strong>no</strong>vo aumento,segun<strong>do</strong> Gráfico 12. Vale ressaltar que entre 2008 e 2009, a região Norte foi a única naqual se verificou expansão da concentração.GRÀFICO 12ÍNDICE DE GINI DA DISTRIBUIÇÃO DA RENDA DOMICILIAR PER CAPITABRASIL E GRANDES REGIÕES, 2004-2009Fonte: IPEADATA a partir <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> IBGE - PNADAo final da década de 2000, merecia destaque o fato de a região Sul ser a única <strong>do</strong> paísa apresentar valor de Índice de Gini abaixo de 0,500 e, consequentemente, possuiro me<strong>no</strong>r nível de concentração <strong>do</strong> país em 2009. Por outro la<strong>do</strong>, nesse mesmo a<strong>no</strong>, asregiões Norte e Nordeste eram aquelas que possuíam os maiores níveis de concentraçãoda renda <strong>do</strong>miciliar <strong>do</strong> país e as únicas a também figurarem acima da média nacional.Vale ressaltar que a situação é ainda mais inquietante pelo fato de a população dessasregiões apresentarem os maiores níveis de pobreza e de déficit de <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>do</strong>país, conforme será demonstra<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong>s demais capítulos <strong>do</strong> presente relatório.- Decis de Apropriação da Renda DomiciliarA partir <strong>do</strong>s decis extremos da apropriação da renda <strong>do</strong>miciliar per capita (10% mais pobrese 10% mais ricos da distribuição) torna-se possível analisar a tendência <strong>do</strong> processodistributivo entre os segmentos mais pauperiza<strong>do</strong>s e mais aquinhoa<strong>do</strong>s.


40<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoConforme já observa<strong>do</strong> anteriormente pelo Índice de Gini, os decis também confirmam amelhoria <strong>no</strong> processo de distribuição da renda <strong>no</strong> país, inclusive <strong>no</strong>s extremos da distribuição.Com efeito, a proporção da renda apropriada pelos 10% mais pobres aumentou de 0,9%para 1,0% entre 2004 e 2009, enquanto que a proporção apropriada pelos 10% mais ricosdecli<strong>no</strong>u de 52,7% para 44,7% durante o mesmo perío<strong>do</strong> (vide Tabela 7).Apesar desta melhoria, em 2009 a parcela apropriada pelos mais ricos era 44,7 vezessuperior àquela correspondente aos mais pobres (em 2004, tal relação era de 52,7 vezes).Em um conjunto de 17 das 27 UFs, observou-se um aumento da participação <strong>do</strong>s 10%mais pobres na composição da renda. Nas dez UFs nas quais essa participação diminuiu,figuram cinco esta<strong>do</strong>s <strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong>s, três da região Norte e <strong>do</strong>is <strong>do</strong> Centro-Oeste <strong>do</strong> país.Sen<strong>do</strong> assim, em todas as UFs <strong>do</strong> Sul e <strong>do</strong> Sudeste, os 10% mais pobres ampliaram suaparticipação.Chama a atenção o caso de Rondônia, <strong>no</strong> qual os 10% mais pobres reduziram suarepresentatividade de 1,5% para 1,1% entre 2004 e 2009. Por outro la<strong>do</strong>, em Roraima, aparcela apropriada pelos mais pobres evoluiu significativamente de 0,3% para 1,1% que,conjugada à redução da fatia detida pelos 10% mais ricos (de 44,2% para 39,6%) propiciouum declínio expressivo <strong>do</strong> número de vezes em que a parcela da renda apropriada pelosmais aquinhoa<strong>do</strong>s era maior <strong>do</strong> que a correspondente aos mais pobres (de 156,8 vezes em2004 para 35,7 vezes em 2009).Em 2009, em oito unidades federativas os 10% mais ricos se apropriavam de mais de40,0% da renda e, simultaneamente, os 10% mais pobres participavam com me<strong>no</strong>s de1,0% e, em cinco UFs, a parcela apropriada pelos mais ricos era mais <strong>do</strong> que 50 vezessuperior a <strong>do</strong>s mais pobres: Acre (75,3 vezes), Distrito Federal (65,1), Alagoas (63 vezes),Pernambuco (53,5) e Maranhão (52,4 vezes), segun<strong>do</strong> Tabela 7.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 41TABELA 7PROPORÇÃO DA RENDA TOTAL APROPRIADA PELOS 10% MAIS POBRES E 10% MAIS RICOS DA DISTRIBUIÇÃO SEGUNDO A RENDADOMICILIAR PER CAPITA E RAZÃO ENTRE OS 10% MAIS RICOS E 10% MAIS POBRESBRASIL E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2004 E 2009Unidades da Federação<strong>Brasil</strong>RondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal10% Mais Pobres (A) 10% Mais Ricos (B) Razão (B/A)2004 20092004 2009 2004 20090,91,50,91,10,31,41,11,10,70,91,01,01,00,81,01,11,01,21,11,01,21,11,51,11,21,31,40,61,01,10,71,31,11,31,31,10,81,11,01,10,90,80,70,90,91,31,21,21,41,31,61,31,41,21,30,745,342,148,442,144,243,341,744,250,649,647,846,250,251,447,544,845,343,842,743,741,343,835,641,543,441,744,348,542,839,149,940,439,640,540,441,242,344,744,046,249,844,746,147,044,941,041,944,038,339,035,939,242,039,641,348,352,728,552,539,7156,831,637,941,670,554,545,646,950,064,449,641,043,337,439,341,935,839,723,338,536,533,332,086,644,735,075,331,335,731,130,338,052,440,644,143,455,253,563,050,048,332,235,637,627,830,422,430,029,734,331,765,1Fonte: IPEADATA a partir <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> IBGE - PNADA Estrutura Ocupacional por Setores EconômicosDurante a segunda metade da década de 2000, a proporção de trabalha<strong>do</strong>res ocupa<strong>do</strong>s<strong>no</strong> setor agrícola seguiu a sua trajetória de declínio observada <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s 1990 ao passar de20,0% para 16,4% entre 2004 e 2009, conforme Gráfico 13.A indústria de transformação manteve sua representatividade ao absorver 14,8% damão de obra tanto em 2004 quanto em 2009. Por outro la<strong>do</strong>, cresceu a participação da


42<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federaçãoconstrução civil na estrutura ocupacional cuja proporção aumentou de 6,5% em 2004para 7,5% em 2009. Esse desempenho guarda relação com as obras <strong>do</strong> Programa deAceleração <strong>do</strong> Crescimento (PAC) nas áreas de saneamento, habitação e infra-estrutura,além de outras inversões <strong>do</strong> setor público, assim como com o surgimento de diversos<strong>no</strong>vos negócios e empreendimentos imobiliários da iniciativa privada.O setor terciário ampliou sua representatividade na ocupação, uma vez que os serviçosaumentaram sua participação de 41,1% para 43,3% entre 2004 e 2009, assim como aatividade de comércio e reparação – de 17,3% para 17,7%, durante o mesmo perío<strong>do</strong>.A ampliação da participação <strong>do</strong> setor de comércio e reparação na estrutura ocupacionalguarda relação direta com a manutenção da política de valorização <strong>do</strong> salário mínimoe das políticas de transferência direta de renda - a exemplo <strong>do</strong> Programa Bolsa Família- que, inclusive, ampliou sua cobertura e reajustou os valores <strong>do</strong>s benefícios duranteo perío<strong>do</strong> pós-crise. Como já foi assinala<strong>do</strong>, essas medidas, juntamente com outras decaráter fiscal (isenção de impostos) e de crédito asseguraram a manutenção <strong>do</strong> consumoe, conseqüentemente, o dinamismo na geração de empregos, sobretu<strong>do</strong> <strong>no</strong> comérciovarejista. Com efeito, com base nas informações da RAIS, foram cria<strong>do</strong>s 2,1 milhões de<strong>no</strong>vos empregos formais <strong>no</strong> setor de comércio entre 2004 e 2009.GRÁFICO 13DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DAS PESSOAS OCUPADAS DE 16 ANOS OU MAIS DE IDADEPOR AGRUPAMENTOS DE ATIVIDADE ECONÔMICA DO TRABALHO PRINCIPALBRASIL, 2004 E 2009Fonte: IBGE – PNADO setor agrícola reduziu sua participação na estrutura ocupacional em todas as grandesregiões <strong>do</strong> país entre 2004 e 2009. Apesar desse declínio, em 2009, o setor ainda eramuito importante na absorção de mão de obra nas regiões Nordeste (28,6% <strong>do</strong> total) eNorte (19,2%), conforme Tabela 8.Por sua vez, seguin<strong>do</strong> tendência nacional, a atividade agrícola diminuiu sua participaçãorelativa em 26 das 27 Unidades da Federação, a exceção <strong>do</strong> Distrito Federal, cujaparticipação, que era bastante exígua (0,6%) em 2004, se elevou para 1,2% em 2009. Nagrande maioria das UFs <strong>no</strong>rdestinas, mesmo diante da redução experimentada durantea segunda metade da década, a representatividade <strong>do</strong> setor agrícola continuava bastante


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 43expressiva em 2009, com destaque para o Piauí (40,7% <strong>do</strong> total), Maranhão (33,5%),Alagoas (33,1%) e Bahia (31,8%).Em consonância com a tendência nacional, em todas as grandes regiões o percentual depessoas ocupadas na indústria de transformação apresentou relativa estabilidade <strong>no</strong>perío<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong>, sofren<strong>do</strong> ínfimas oscilações que variavam de -0,2 ponto percentualna região Sudeste até 1,0 ponto percentual na região Centro-Oeste. Em 2009, a atividadeindustrial absorvia uma proporção mais expressiva de trabalha<strong>do</strong>res nas regiões Sul(18,8%) e Sudeste (17,6%), sen<strong>do</strong> me<strong>no</strong>s representativa na região Nordeste (9,5%). Osesta<strong>do</strong>s de Santa Catarina (22,4%), São Paulo (20,7%) e Rio Grande <strong>do</strong> Sul (18,8%)apresentavam as maiores proporções de trabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>ras ocupa<strong>do</strong>s/as naindústria de transformação.Valen<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> crescimento econômico, <strong>do</strong> incremento <strong>do</strong> emprego e da renda, dasgrandes obras de infraestrutura e <strong>do</strong>s <strong>no</strong>vos empreendimentos imobiliários públicos epriva<strong>do</strong>s, o setor de construção ampliou sua participação na estrutura ocupacional emtodas as grandes regiões <strong>do</strong> país e 25 das 27 unidades federativas – as exceções ocorreramna manutenção da participação <strong>no</strong> Rio de Janeiro (8,2% <strong>do</strong> total de ocupa<strong>do</strong>s/as) e <strong>no</strong>leve declínio (-0,3 ponto percentual) observa<strong>do</strong> <strong>no</strong> Mato Grosso <strong>do</strong> Sul, cuja proporçãoreduziu-se de 8,6% para 8,3% entre 2004 e 2009. Em duas UFs (localizadas na regiãoNorte), a construção civil respondia por cerca de 10,0% da ocupação em 2009: Acre eAmapá (ambas com 10,1%).


44<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTABELA 8DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DAS PESSOAS OCUPADAS DE 16 ANOS OU MAIS DE IDADEPOR AGRUPAMENTOS DE ATIVIDADE DO TRABALHO PRINCIPALBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2004 E 200920042009Área GeográficaTotalAgrícolaIndústriaConstruçãoComércio eReparaçãoServiçosTotalAgrícolaIndústriaConstruçãoComércio eReparaçãoServiços<strong>Brasil</strong>Região NorteRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsRegião NordesteMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaRegião SudesteMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloRegião SulParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulRegião Centro-OesteMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,020,026,533,128,619,822,027,67,633,834,841,047,530,024,330,229,640,223,438,39,721,122,82,35,621,419,919,424,016,817,529,316,20,614,811,812,75,415,37,212,18,97,19,56,97,415,711,610,99,15,910,27,717,816,213,512,621,018,815,723,819,110,810,99,813,06,16,56,86,57,86,66,86,69,06,85,65,34,25,27,16,35,25,15,96,07,06,76,88,26,85,96,26,05,47,48,66,57,86,317,317,515,013,118,517,518,619,314,915,616,112,915,916,814,417,314,319,314,818,216,016,018,619,317,118,517,015,718,820,218,818,917,241,136,732,745,139,646,633,955,237,534,230,727,633,140,138,038,034,441,132,947,039,940,957,347,336,639,633,735,546,242,935,644,169,7100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,016,419,227,019,415,214,918,35,029,828,633,540,724,620,023,824,033,120,731,88,619,219,91,64,717,014,916,519,414,816,123,515,41,214,811,69,05,914,26,313,08,87,99,56,56,515,511,011,59,36,411,27,417,615,713,412,820,718,816,522,418,811,812,910,314,85,37,58,28,810,18,59,27,810,17,47,08,85,16,57,57,86,56,37,07,27,88,18,78,27,56,97,66,46,48,28,37,19,27,117,719,118,416,017,516,821,121,615,117,017,815,417,320,616,118,514,318,615,817,816,215,918,418,617,918,818,916,418,219,618,217,618,643,341,136,848,644,552,838,454,739,937,533,332,235,941,040,740,339,942,337,548,140,842,058,648,539,442,135,738,946,943,040,942,967,9Fonte: IBGE - PNAD


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 45Direcionan<strong>do</strong>-se a análise para o setor terciário (que envolve as atividades de comércioe reparação e de serviços), os indica<strong>do</strong>res apontam que as atividades integrantes dessesetor eram diretamente responsáveis por mais da metade da ocupação em praticamentetodas as UFs <strong>do</strong> país em 2009, a exceção <strong>do</strong> Piauí (cuja representatividade era de 47,5%,bem próxima da metade).A participação relativa <strong>do</strong> segmento de comércio e reparação na composição ocupacionalse expandiu nas regiões Norte, Nordeste e Sul entre 2004 e 2009, e observou-se levedeclínio <strong>no</strong> Centro-Oeste (-0,6 ponto percentual) e Sudeste (-0,4 ponto percentual). Em2009, a maior representatividade <strong>do</strong> setor na absorção da mão de obra se dava <strong>no</strong>s esta<strong>do</strong>s<strong>do</strong> Amapá (21,6%), Pará (21,1%) e Rio Grande <strong>do</strong> Norte (20,6%).O setor de serviços, por sua vez, aumentou sua representatividade na estrutura ocupacionalem todas as grandes regiões e em 24 das 27 UFs; as exceções ocorreram <strong>no</strong> Amapá, Goiás eDistrito Federal. Em 2009, os serviços respondiam por pelo me<strong>no</strong>s um terço da ocupaçãoem todas as unidades federativas. No Distrito Federal, alcançava expressivos 67,9% emfunção, sobretu<strong>do</strong>, <strong>do</strong> peso da administração pública federal e também respondia pelaabsorção de mais da metade <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res <strong>no</strong> Rio de Janeiro (58,6%), Amapá (54,7%)e Roraima (52,8%).A Evolução <strong>do</strong>s Níveis de Escolaridade da População e<strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res- Taxa de Freqüência à Escola das Crianças e A<strong>do</strong>lescentesA freqüência à escola por parte das crianças e a<strong>do</strong>lescentes será analisada por intermédioda Taxa de Frequência Líquida a estabelecimentos de ensi<strong>no</strong>, que permite identificara proporção de pessoas de uma determinada faixa etária que freqüenta escola na sérieadequada, conforme a adequação série-idade <strong>do</strong> sistema educacional brasileiro, emrelação ao total de pessoas na mesma faixa etária.Conforme pode ser observa<strong>do</strong> na Tabela 9, 91,1% das crianças de 06 a 14 a<strong>no</strong>s de idadeestavam freqüentan<strong>do</strong> escola <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009 e estudavam <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> fundamental. Astaxas eram ligeiramente mais elevadas nas regiões Sul e Sudeste (em tor<strong>no</strong> de 92,5%),comparativamente às regiões Norte (88,9%) e Nordeste (89,4%).Entre as unidades federativas, as taxas de freqüência escolar das crianças de 06 a 14eram mais elevadas <strong>no</strong> Mato Grosso <strong>do</strong> Sul (94,4%), Ceará (93,5%), São Paulo e MinasGerais (93,4%). Já as me<strong>no</strong>res taxas, eram observadas <strong>no</strong> Pará (87,2%), Sergipe (87,3%),Pernambuco (87,6%) e Bahia (88,2%).


46<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTABELA 9TAXA DE FREQUÊNCIA LÍQUIDA A ESTABELECIMENTO DE ENSINO DA POPULAÇÃO DE06 A 17 ANOS DE IDADE, POR GRUPOS DE IDADE E NÍVEL DE ENSINOBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2004 E 2009Área Geográfica<strong>Brasil</strong>Região NorteRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsRegião NordesteMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaRegião SudesteMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloRegião SulParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulRegião Centro-OesteMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal06 a 14 a<strong>no</strong>s (%)Ensi<strong>no</strong> Fundamental200991,188,990,789,589,289,987,291,393,289,488,791,193,590,488,787,689,387,388,292,493,488,389,293,492,792,992,692,691,594,490,990,591,615 a 17 a<strong>no</strong>s (%)Ensi<strong>no</strong> Médio2004200944,450,927,539,135,645,727,751,328,239,638,350,322,531,641,754,533,555,227,939,225,540,222,434,434,049,636,239,924,337,727,238,220,533,329,636,527,436,158,060,549,754,450,354,446,749,166,568,853,457,452,359,558,360,951,653,144,954,740,247,743,753,345,654,549,564,1Fonte: IBGE - PNAD (Síntese de Indica<strong>do</strong>res Sociais 2005 e 2010)


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 47Por sua vez, a Taxa de Frequência Líquida entre os a<strong>do</strong>lescentes de 15 a 17 a<strong>no</strong>s de idadereflete a persistência de um e<strong>no</strong>rme desafio para o sistema educacional brasileiro. Apesarda significativa expansão observada entre 2004 e 2009 – de 44,4% para 50,9% - ao finalda década de 2000 apenas a metade desses a<strong>do</strong>lescentes estavam estudan<strong>do</strong> <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong>médio, que é o nível de ensi<strong>no</strong> adequa<strong>do</strong> a essa faixa etária.A baixa taxa de escolarização entre os a<strong>do</strong>lescentes de 15 a 17 a<strong>no</strong>s de idade é decorrente<strong>do</strong> atraso escolar ainda existente entre os egressos <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> fundamental. Com efeito, em2009, a média de a<strong>no</strong>s de estu<strong>do</strong> das pessoas com 14 a<strong>no</strong>s de idade era de apenas 5,8,quan<strong>do</strong> deveria ser de pelo me<strong>no</strong>s 8,0 a<strong>no</strong>s completos em função da adequação série-idade.Apesar <strong>do</strong> avanço generaliza<strong>do</strong> verifica<strong>do</strong> em todas as grandes regiões e unidadesfederativas <strong>do</strong> país <strong>no</strong> perío<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong>, em diversos esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> país a taxa de escolarização<strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> médio ainda figurava bastante abaixo da já reduzida média nacional em 2009:Pará (31,6%), Alagoas (33,3%), Piauí (34,4%), Bahia (36,1%) e Sergipe (36,5%).A referida taxa era bem mais elevada em São Paulo (68,8%), <strong>no</strong> Distrito Federal (64,1%)e Santa Catarina (60,9%).É necessário chamar a atenção para o fato de que esse contundente atraso escolarcompromete o futuro laboral dessa geração de a<strong>do</strong>lescentes, na medida em que a conclusão<strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> médio é uma credencial educacional de suma importância para ascender a umposto de trabalho formal, conforme será demonstra<strong>do</strong> <strong>no</strong> próximo capítulo.- Taxa de Alfabetização da População em Idade AtivaOs avanços na taxa de alfabetização da população brasileira, observa<strong>do</strong>s desde a décadade 1990 continuam <strong>no</strong> perío<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong>: entre a população de 15 a<strong>no</strong>s ou mais de idade,ela aumentou de 88,5% para 90,3% entre 2004 e 2009, conforme Tabela 10. Apesar disso,persistem significativas desigualdades raciais e de local de residência.A proporção de alfabetiza<strong>do</strong>s <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009 era ligeiramente maior entre as mulheres(90,4%) que entre os homens (90,2%) e 7,5 pontos percentuais superior entre os brancos(94,1%) em relação aos negros (86,6%).Um <strong>do</strong>s principais traços estruturais <strong>do</strong>s índices de alfabetização <strong>no</strong> país é a magnitude dasdiferenças das taxas prevalecentes na área rural (77,2%), que ainda era muito inferior emcomparação com a urbana (92,6%) <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009, apesar da evolução comparativamenteao a<strong>no</strong> de 2004, quan<strong>do</strong> a taxa era de 74,1%.Apesar da melhoria generalizada em todas as regiões, os níveis de alfabetização aindarefletiam contundentes desigualdades regionais <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009, varian<strong>do</strong> de 81,3% <strong>no</strong>Nordeste até aproximadamente 94,5% nas regiões Sul e Sudeste <strong>do</strong> país.


48<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTABELA 10TAXA DE ALFABETIZAÇÃO DAS PESSOAS DE 15 ANOS OU MAIS DE IDADE,POR SEXO, COR OU RAÇA E SITUAÇÃO DO DOMICÍLIOBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2004 E 2009Área GeográficaTotalHomens2004 2009Mulheres Brancos Negros Total Homens MulheresBrancosNegros<strong>Brasil</strong>Área UrbanaÁrea RuralRegião NorteRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsRegião NordesteMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaRegião SudesteMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloRegião SulParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulRegião Centro-OesteMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal88,591,374,187,389,582,791,389,785,791,782,877,676,972,778,277,774,778,770,580,679,793,490,190,595,194,593,792,095,294,590,890,589,989,395,888,3--86,589,781,090,588,384,793,181,775,473,669,675,174,570,277,468,477,779,294,390,991,495,895,694,493,495,594,790,391,189,588,595,588,7--88,189,384,592,191,286,890,483,979,579,975,681,080,878,879,872,483,380,192,689,489,794,693,593,190,794,894,391,389,990,390,196,192,8--91,693,087,694,091,690,993,887,282,082,277,983,583,379,681,578,285,983,395,192,993,596,395,494,994,095,895,193,593,594,491,697,083,7--85,887,581,490,389,184,491,181,275,675,171,075,574,471,777,065,878,378,690,687,488,193,592,087,885,990,090,388,787,687,087,594,890,392,677,289,590,284,693,093,387,997,286,581,380,976,681,481,978,482,475,483,783,394,391,591,596,095,394,593,395,195,492,091,389,891,496,690,2--88,691,182,292,992,586,497,785,179,678,673,478,779,475,081,773,582,582,895,192,091,796,796,295,094,095,695,792,491,890,192,096,790,4--90,389,286,993,094,089,396,787,982,983,179,683,984,381,483,077,184,883,893,791,091,395,494,594,192,794,695,291,790,989,690,896,594,1--92,893,089,595,595,291,496,592,285,884,583,086,487,784,787,581,688,085,496,094,393,797,096,495,695,095,796,094,193,392,993,397,786,6--88,588,782,892,392,686,997,484,779,579,874,779,378,774,979,573,182,082,692,089,189,894,793,290,588,991,092,590,589,387,890,195,8Fonte: IBGE – PNAD


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 49Vale a pena chamar a atenção para o fato de que entre as UFs, as diferenças entre as taxasde alfabetização chegavam a alcançar 20,0 pontos percentuais. Com efeito, em 2009,enquanto que a referida taxa era de apenas 75,4% em Alagoas e de 76,6% <strong>no</strong> Piauí, giravaem tor<strong>no</strong> de 95,0 a 97,0% <strong>no</strong> Distrito Federal, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande <strong>do</strong>Sul e Santa Catarina. Quan<strong>do</strong> comparadas as taxas de alfabetização entre a populaçãonegra de Alagoas (73,1%) e a população branca <strong>do</strong> Distrito Federal (97,7%) o diferencialse aproxima aos 25,0 pontos percentuais.Em que pesem os avanços em curso, esses indica<strong>do</strong>res revelam que o analfabetismo aindaé bastante eleva<strong>do</strong> em algumas camadas da população e áreas geográficas <strong>do</strong> país.- Taxa de Analfabetismo Funcional da População em Idade AtivaA alfabetização passou a ser definida de forma mais exigente <strong>no</strong>s debates acerca <strong>do</strong>tema realiza<strong>do</strong>s <strong>no</strong> início da década de 1990 <strong>no</strong>s países avança<strong>do</strong>s. Na América Latina,a UNESCO ressalta que o processo de alfabetização somente se consolida de fato entreas pessoas que completaram a 4 a série, em razão das elevadas taxas de regressão aoanalfabetismo entre os não concluintes desse ciclo de ensi<strong>no</strong>. Diante deste contexto, surgeo conceito de analfabetismo funcional, que operacionalmente considera os indivíduoscom 15 a<strong>no</strong>s ou mais de idade que possuíam me<strong>no</strong>s de quatro a<strong>no</strong>s completos de estu<strong>do</strong>.Quan<strong>do</strong> o analfabetismo é analisa<strong>do</strong> sob essa perspectiva, percebe-se que, obviamente, asituação é mais preocupante <strong>do</strong> que aquela revelada pelo indica<strong>do</strong>r tradicional. No País,segun<strong>do</strong> os indica<strong>do</strong>res da Tabela 11, em 2009, a taxa de analfabetismo funcional totalainda era de 20,3%, sen<strong>do</strong> de 40,7% na zona rural e de 16,7% na urbana, mesmo diante <strong>do</strong>declínio em relação ao a<strong>no</strong> de 2004.A incidência <strong>do</strong> analfabetismo funcional diminuiu em todas as grandes regiões entre 2004e 2009. Na região Nordeste, detentora da taxa mais elevada, a mesma contraiu de 37,4%para 30,8% durante o perío<strong>do</strong> em análise. Ainda assim, essa taxa correspondia ao <strong>do</strong>brodaquela observada nas regiões Sudeste (15,2%) e Sul (15,5%), onde as taxas, ainda quesignificativamente inferiores, ainda expressavam uma realidade bastante preocupante.O analfabetismo funcional diminuiu em todas as UFs durante a segunda metade da décadade 2000. Entretanto, a variabilidade da sua incidência <strong>no</strong> território nacional era aindamais contundente <strong>do</strong> que o indica<strong>do</strong>r tradicional de analfabetismo. De fato, em 2009,enquanto que a proporção de analfabetos/as funcionais era de 8,8% <strong>no</strong> Distrito Federal,girava em tor<strong>no</strong> de 37,0% <strong>no</strong> Piauí e em Alagoas. Já entre a população negra piauiense, aincidência era de 40,3%.


50<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTABELA 11TAXA DE ANALFABETISMO FUNCIONAL DAS PESSOAS DE 15 ANOS OU MAIS DE IDADEPOR SEXO, COR OU RAÇA E SITUAÇÃO DO DOMICÍLIOBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2004 E 2009Área Geográfica2004 2009Total Homens Mulheres Brancos Negros Total Homens Mulheres<strong>Brasil</strong>Área UrbanaÁrea RuralRegião NorteRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsRegião NordesteMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaRegião SudesteMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloRegião SulParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulRegião Centro-OesteMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal24,420,047,428,826,733,821,323,632,519,632,637,440,042,336,034,340,333,245,332,137,718,023,520,916,216,018,421,516,016,721,925,224,323,611,825,0--31,027,136,622,726,035,419,535,040,744,446,239,138,944,135,348,535,840,617,123,420,214,814,617,520,315,016,123,125,225,125,412,323,8--26,626,331,019,921,029,619,630,034,436,038,733,230,136,931,442,428,834,918,923,621,517,317,219,222,616,917,320,825,323,422,011,418,1--21,221,626,214,020,924,412,726,131,633,735,829,728,334,129,337,223,133,514,918,917,213,313,916,318,514,715,517,719,618,020,68,631,4--31,329,635,924,124,434,721,734,840,042,144,439,337,844,235,550,136,338,923,428,023,920,421,328,830,827,825,625,230,628,326,114,420,316,740,723,023,626,117,815,925,616,125,230,831,737,529,528,033,427,836,528,630,615,219,620,014,113,215,518,014,014,018,421,521,919,78,820,9--25,123,828,619,218,928,315,827,733,735,242,533,031,238,129,439,331,032,814,419,420,212,912,114,917,213,113,819,021,422,720,58,819,8--21,123,423,716,513,123,016,422,728,228,432,926,425,029,226,434,026,428,615,919,719,815,014,116,118,714,914,317,921,621,218,98,8Fonte: IBGE – PNADBrancos14,9--17,720,119,612,910,919,415,617,524,926,628,423,421,424,821,528,723,128,412,215,417,211,511,113,815,513,212,715,018,117,516,36,2Negros25,6--24,725,528,519,217,727,316,227,733,233,340,332,231,738,231,439,530,931,319,523,022,117,517,422,224,618,620,221,025,024,922,010,7- Média de A<strong>no</strong>s de Estu<strong>do</strong> da População em Idade AtivaA média de a<strong>no</strong>s de estu<strong>do</strong> da população de 15 a<strong>no</strong>s ou mais de idade aumentou de 6,8para 7,5 a<strong>no</strong>s entre 2004 e 2009, revelan<strong>do</strong> um ganho de 0,7 a<strong>no</strong>. O nível de escolaridadedas mulheres (7,7 a<strong>no</strong>s em 2009) era ligeiramente superior ao <strong>do</strong>s homens (7,4 a<strong>no</strong>s). Noentanto, ainda eram muito significativas as diferenças entre brancos (8,4) e negros (6,7) eentre a população residente em áreas urbanas (8,0) e rurais (4,8 a<strong>no</strong>s), segun<strong>do</strong> Tabela 12.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 51Ainda que esse indica<strong>do</strong>r tenha melhora<strong>do</strong> em todas as UFs, o nível médio de instrução dapopulação em idade ativa de 15 a<strong>no</strong>s ou mais ainda continuava muito baixo em diversosesta<strong>do</strong>s brasileiros ao final <strong>do</strong>s a<strong>no</strong>s 2000. Em Alagoas (5,7 a<strong>no</strong>s) e <strong>no</strong> Piauí (5,8 a<strong>no</strong>s)a média de a<strong>no</strong>s de estu<strong>do</strong> nem sequer alcançava 6,0 a<strong>no</strong>s em 2009. Por outro la<strong>do</strong>, <strong>no</strong>Distrito Federal (9,6 a<strong>no</strong>s), São Paulo (8,5 a<strong>no</strong>s) e Rio de Janeiro (8,4) essa média erabem mais elevada.TABELA 12NÚMERO MÉDIO DE ANOS DE ESTUDO DAS PESSOAS DE 15 ANOS OU MAIS DE IDADEPOR SEXO, COR OU RAÇA E SITUAÇÃO DO DOMICÍLIOBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2004 E 2009Área Geográfica2004 2009Total Homens Mulheres Brancos Negros Total Homens Mulheres<strong>Brasil</strong>Área UrbanaÁrea RuralRegião NorteRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsRegião NordesteMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaRegião SudesteMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloRegião SulParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulRegião Centro-OesteMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal6,87,44,06,26,25,97,06,95,97,36,15,55,35,05,65,85,25,84,76,15,57,56,77,17,97,97,37,27,47,37,16,76,76,78,86,7--6,06,05,56,96,65,57,25,75,14,84,65,35,44,85,64,35,75,17,66,56,97,98,07,27,27,47,26,86,66,46,58,77,0--6,56,46,27,27,36,27,46,45,85,75,36,06,25,66,15,06,55,87,56,87,27,87,87,37,27,47,47,36,87,07,08,97,7--7,47,07,08,47,56,98,37,06,36,05,96,66,66,26,65,87,26,18,27,47,88,58,37,67,77,67,57,97,67,67,49,95,8--5,95,75,56,56,75,67,05,75,15,04,75,25,34,65,44,05,65,36,55,96,56,96,75,85,85,66,06,45,96,16,27,97,58,04,87,17,07,37,78,26,78,27,36,36,25,86,56,56,16,65,76,76,38,27,47,68,48,57,97,98,27,87,97,37,47,59,67,4--6,86,86,97,47,76,38,06,86,05,85,26,16,25,66,35,36,36,08,27,27,48,58,67,97,88,27,77,67,27,27,29,57,7--7,57,37,67,98,77,18,57,86,76,66,36,96,96,56,96,07,16,78,27,57,78,48,58,07,98,17,98,17,57,77,89,7Fonte: IBGE – PNADBrancos8,4--8,17,58,58,99,37,68,78,67,36,97,17,57,47,37,66,87,76,98,98,28,29,19,08,28,48,48,18,68,18,38,210,6Negros6,7--6,86,86,87,37,86,58,16,86,05,95,46,16,05,56,15,26,36,27,26,77,07,57,56,76,67,06,77,36,66,87,08,9


52<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação- Média de A<strong>no</strong>s de Estu<strong>do</strong> da População OcupadaConsideran<strong>do</strong> a média de a<strong>no</strong>s de estu<strong>do</strong> da população ocupada, observam-se duasimportantes particularidades. Primeiramente, que esse indica<strong>do</strong>r em 2009 era de 8,2a<strong>no</strong>s, 0,7 a<strong>no</strong> superior, portanto, à média correspondente ao conjunto da população emidade ativa (7,5 a<strong>no</strong>s, conforme visto anteriormente).Em segun<strong>do</strong> lugar, observa-se que o ganho de a<strong>no</strong>s de estu<strong>do</strong> da população ocupadaentre 2004 e 2009, foi de 0,9 a<strong>no</strong> (ao passar de 7,3 para 8,2), maior <strong>do</strong> que o incrementoocorri<strong>do</strong> entre a população em idade ativa (0,7 a<strong>no</strong>) <strong>no</strong> mesmo perío<strong>do</strong>, apesar da maiormédia já existente entre a população ocupada desde o a<strong>no</strong> de 2004.Essas duas particularidades refletem a seletividade <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho <strong>no</strong> concernenteao nível de escolaridade <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>ras. Por esse motivo, os baixosníveis de escolaridade da população trabalha<strong>do</strong>ra ainda vigentes em 2009 causam grandepreocupação.Conforme se observa na Tabela 13, apenas <strong>no</strong> Distrito Federal (10,3) a média de a<strong>no</strong>sde estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s ocupa<strong>do</strong>s/as ultrapassava dez a<strong>no</strong>s em 2009. Ademais, em 15 das 27unidades federativas, essa cifra nem sequer alcançava os oito a<strong>no</strong>s de estu<strong>do</strong>, o queseria correspondente ao ensi<strong>no</strong> fundamental completo. Trata-se de um traço estrutural<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho brasileiro bastante inquietante, uma vez que – conforme seráaborda<strong>do</strong> <strong>no</strong> capítulo a seguir referente à dimensão Oportunidades de Emprego – o ensi<strong>no</strong>médio completo (correspondente a 12 a<strong>no</strong>s de estu<strong>do</strong>) corresponde, metaforicamente,ao divisor de águas (leia-se credencial) para que trabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>ras possamascender à grande maioria <strong>do</strong>s empregos formais que estão sen<strong>do</strong> gera<strong>do</strong>s <strong>no</strong> país.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 53TABELA 13NÚMERO MÉDIO DE ANOS DE ESTUDO DAS PESSOAS OCUPADAS DE 16 ANOS OU MAIS DE IDADEPOR SEXO, COR OU RAÇA E SITUAÇÃO DO DOMICÍLIOBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2004 E 2009Área GeográficaTotalHomens2004 2009Mulheres Brancos Negros Total Homens MulheresBrancosNegros<strong>Brasil</strong>Área UrbanaÁrea RuralRegião NorteRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsRegião NordesteMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaRegião SudesteMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloRegião SulParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulRegião Centro-OesteMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal7,38,13,96,56,55,97,47,26,07,86,45,75,34,95,86,35,56,24,96,45,68,27,17,58,68,77,77,77,97,77,57,27,07,29,56,9--6,06,15,47,06,65,57,35,95,14,84,45,25,54,75,74,45,85,17,96,77,28,38,47,57,57,67,47,06,86,56,79,17,9--7,27,16,78,18,46,78,47,36,56,05,66,77,36,67,05,87,16,48,77,78,09,19,18,18,18,28,08,37,87,87,910,08,3--7,87,57,48,97,67,29,17,56,76,25,96,97,26,57,06,37,86,39,08,08,39,49,38,08,28,17,88,58,18,17,910,76,1--6,06,05,56,87,15,77,36,15,35,04,65,35,74,95,74,15,85,47,06,36,87,67,36,26,25,86,46,86,36,46,68,48,28,94,97,67,47,78,28,67,28,86,86,65,96,87,16,77,26,37,26,89,07,98,19,39,48,68,68,98,48,48,07,98,110,37,7--7,07,07,17,77,96,58,36,15,95,26,26,45,96,65,66,56,28,67,57,89,09,18,28,28,78,07,97,67,47,59,98,8--8,48,08,58,99,68,29,67,77,56,77,68,18,08,27,38,17,69,48,48,69,69,89,09,09,28,89,18,58,68,810,89,2--8,77,99,39,79,78,39,67,97,57,37,98,18,08,57,78,57,59,88,88,810,110,18,99,19,18,69,38,78,98,911,47,2--7,27,17,17,88,26,98,56,36,35,56,46,56,06,65,76,76,67,87,27,68,28,37,37,27,67,27,87,27,27,59,5Fonte: IBGE – PNAD


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 55Em to<strong>do</strong>s os esta<strong>do</strong>s <strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong>s a taxa se expandiu entre 2004 e 2010, com destaquepara o Rio Grande <strong>do</strong> Norte – onde ela praticamente triplicou, ao passar de 2,5 para 7,3por 100 mil em apenas seis a<strong>no</strong>s. Em 2010, a taxa mais elevada da região era observadaem Pernambuco (9,2) e a me<strong>no</strong>r em Sergipe (4,5).À exceção <strong>do</strong> Rio de Janeiro e <strong>do</strong> Paraná, em to<strong>do</strong>s os esta<strong>do</strong>s das regiões Sul e Sudestea taxa de incidência de aids juvenil decli<strong>no</strong>u entre 2004 e 2010. Apesar dessa tendênciapre<strong>do</strong>minante de declínio, a taxa ainda era muito elevada em alguns esta<strong>do</strong>s <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de2010: Rio Grande <strong>do</strong> Sul (18,8 por 100 mil, a segunda maior <strong>do</strong> país), Rio de Janeiro (16,2por 100 mil, a terceira mais elevada <strong>do</strong> país).Em 2010, os me<strong>no</strong>res níveis de incidência de casos de aids entre os jovens eram observa<strong>do</strong>s<strong>no</strong> Tocantins (3,3 por 100 mil), Acre (4,1), Sergipe (4,5) e Paraíba (4,6 por 100 miljovens).


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 572OPORTUNIDADESDE EMPREGOA promoção de oportunidades de acesso ao <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> para homens e mulheresé um eixo central da estratégia necessária para que o <strong>Brasil</strong> possa avançar na superaçãoda pobreza, da fome e da desigualdade social. O trabalho é um <strong>do</strong>s principais vínculosentre o desenvolvimento econômico e o social, uma vez que representa um <strong>do</strong>s principaismecanismos por intermédio <strong>do</strong>s quais os seus benefícios podem efetivamente chegar àspessoas e, portanto, serem mais bem distribuí<strong>do</strong>s.No <strong>Brasil</strong>, segun<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009<strong>do</strong> IBGE, cerca de 61,0% da renda familiar é proveniente <strong>do</strong> trabalho. Isso significa quegrande parte <strong>do</strong>s rendimentos familiares e, por conseguinte, das condições de vida daspessoas, depende primordialmente <strong>do</strong>s rendimentos gera<strong>do</strong>s <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho.Além da remuneração adequada, o <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> também supõe o acesso aos direitosassocia<strong>do</strong>s ao trabalho e à proteção social e, quan<strong>do</strong> combina<strong>do</strong> com aumentos deprodutividade e igualdade de oportunidades e de tratamento <strong>no</strong> emprego, tem o potencialde diminuir exponencialmente a pobreza extrema e a fome por meio <strong>do</strong> aumento emelhor distribuição da renda. Trata-se, portanto, de avançar <strong>no</strong> combate a pobreza e adesigualdade mediante a promoção <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> 13 .As oportunidades de emprego e de trabalho representam, portanto, um <strong>do</strong>s principaispilares para a promoção <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>. Os principais indica<strong>do</strong>res utiliza<strong>do</strong>s paraanalisar as oportunidades de emprego, <strong>no</strong> âmbito deste relatório, são as taxas de participação,o nível de ocupação, a taxa de formalidade, indica<strong>do</strong>res referentes aos jovens e ataxa de desemprego.O COMPORTAMENTO DA PARTICIPAÇÃO NO MERCADO DETRABALHO E A EVOLUÇÃO DO NÍVEL DE OCUPAÇÃODe mo<strong>do</strong> geral, a oferta laboral é determinada pelo tamanho da população (resultantedas taxas anteriores de crescimento vegetativo e migração líquida), pela estrutura da populaçãopor idade e sexo, determinada pela interação entre fecundidade, mortalidade emigração e pelo comportamento das taxas de participação (proporção das pessoas eco<strong>no</strong>micamenteativas em relação às pessoas em idade ativa) por idade e sexo que, por sua vez,são influenciadas por fatores econômicos, sociais e culturais.Tradicionalmente, as mulheres participam me<strong>no</strong>s que os homens <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho,entre outros fatores devi<strong>do</strong> a barreiras culturais que ainda persistem, e a uma divisão13Ver Superar la pobreza mediante ele trabajo. Memoria del Director General, Conferencia Internacional delTrabajo, 91ª Reunión, Oficina Internacional del Trabajo, 2003, Ginebra.


58<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federaçãosexual <strong>do</strong> trabalho que lhes atribui as funções de cuida<strong>do</strong> e reprodução social na esfera<strong>do</strong>méstica, que não são consideradas trabalho, subtrain<strong>do</strong> assim tempo para a inserção<strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho.Além disso, é importante ressaltar o fato de que, em geral, o conceito de trabalho é basea<strong>do</strong>em uma definição de atividade econômica que não abarca um conjunto de atividades maiscomumente realizadas pelas mulheres, muitas das quais contribuem para o rendimentoe o bem estar pessoal ou familiar. Sen<strong>do</strong> assim, várias trabalha<strong>do</strong>ras são enquadradasna condição de eco<strong>no</strong>micamente “inativas”. Em virtude dessa “invisibilidade <strong>do</strong> trabalhofemini<strong>no</strong>”, um significativo aporte laboral e produtivo das mulheres é subestima<strong>do</strong> e nãose reflete na taxa de participação. Com base nas informações da PNAD é possível constatara real dimensão deste processo de subestimação <strong>do</strong> efetivo trabalho femini<strong>no</strong>. No <strong>Brasil</strong>,em 2009, <strong>do</strong> contingente total de 23,1 milhões de mulheres definidas como “inativas”,entre 16 e 64 a<strong>no</strong>s de idade, cerca de 92,0% (21,2 milhões de pessoas) realizavamafazeres <strong>do</strong>mésticos 14 . Já entre os homens inativos, tal proporção era de apenas 48,6%.Esta invisibilidade <strong>do</strong> trabalho femini<strong>no</strong> fica ainda mais evidente ao se constatar queas mulheres brasileiras “inativas” eco<strong>no</strong>micamente dedicavam em média 33,3 horassemanais de trabalho com os afazeres <strong>do</strong>mésticos.Apesar disso, as taxas de participação femininas 15 vêm crescen<strong>do</strong> a um ritmo bastantesuperior às masculinas. Com efeito, segun<strong>do</strong> a Tabela 15, a participação feminina <strong>no</strong>merca<strong>do</strong> de trabalho, que girava em tor<strong>no</strong> de 57,0% em 1992, aumentou para 62,9% em2004 e para 64,8% em 2009. Por outro la<strong>do</strong>, a participação masculina decli<strong>no</strong>u, ao passarde cerca de 90,0% em 1992 para 86,8% em 2004, manten<strong>do</strong>-se praticamente estável em2009 (86,7%).Como resulta<strong>do</strong> dessas tendências opostas, diminuiu o diferencial de participação entrehomens e mulheres (de 24,0 pontos percentuais em 2004 para 21,9 pontos percentuaisem 2009) e a taxa de participação total apresentou um peque<strong>no</strong> crescimento, ao passar deaproximadamente 73,0% em 1992 para 74,4% em 2004 e 75,3% em 2009. Em decorrênciada maior incorporação ao merca<strong>do</strong> de trabalho, as mulheres passaram a representar44,5% da PEA nacional em 2009, contra 40,0% em 1992.Nas áreas urbanas, a taxa se expandiu de 73,3% para 74,9% entre 2004 e 2009, sen<strong>do</strong> quenas áreas classificadas como rurais reduziu-se de 80,6% para 77,8% durante o mesmoperío<strong>do</strong>.Entre as grandes regiões, observou-se expansão da taxa nas regiões Sudeste – de 2,1pontos percentuais (p.p.) – e <strong>no</strong> Centro-Oeste (1,5 p.p.). Por outro la<strong>do</strong>, observou-seligeiro declínio <strong>no</strong> Norte (-1,1 p.p.) e Nordeste (-0,2 p.p.) e estabilidade na Região Sul. Em2009, a taxa de participação variava de um mínimo de 72,4% <strong>no</strong> Nordeste até 78,7% <strong>no</strong>sul <strong>do</strong> país (Tabela 15).14Afazeres <strong>do</strong>mésticos englobam a realização, <strong>no</strong> <strong>do</strong>micílio de residência, de tarefas não econômicas (ou seja, quenão atendem as condições estabelecidas <strong>no</strong> conceito de trabalho), de: arrumar ou limpar a moradia, cozinhar,lavar roupa, cuidar de filhos ou de me<strong>no</strong>res de idade, orientar ou dirigir trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong>mésticos etc.15Corresponde a percentagem da População Eco<strong>no</strong>micamente Ativa (PEA) de 16 a 64 a<strong>no</strong>s de idade em relação àPopulação em Idade Ativa (PIA) da mesma faixa etária.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 59Área Geográfica<strong>Brasil</strong>Área UrbanaÁrea RuralGrandes RegiõesNorteNordesteSudesteSulCentro-OesteUnidades da FederaçãoRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito FederalFonte: IBGE – PNAD74,772,673,978,775,776,976,772,767,474,769,280,074,279,173,466,469,369,866,276,974,875,476,771,273,978,179,079,176,277,875,473,388,686,185,889,488,790,288,886,281,389,481,592,486,390,386,580,183,685,083,289,087,686,488,683,986,089,889,788,889,691,289,383,2TABELA 15TAXA DE PARTICIPAÇÃO DA POPULAÇÃO OCUPADA DE 16 A 64 ANOS DE IDADEPOR SEXO E COR OU RAÇA E SITUAÇÃO DO DOMICÍLIOBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2004 E 20092004 2009Total Homens Mulheres Brancos Negros Total Homens Mulheres74,473,380,686,885,593,162,962,266,774,473,481,774,573,279,975,374,977,886,785,990,864,865,063,460,860,062,968,563,563,864,559,552,460,057,567,163,368,161,353,556,056,350,665,862,365,165,460,362,766,868,869,963,964,662,165,174,971,473,178,875,275,778,874,972,773,968,879,873,078,073,266,568,669,864,675,173,974,678,371,073,078,079,279,475,777,174,973,374,673,175,178,076,177,676,271,965,774,969,480,074,679,573,566,469,769,867,177,675,076,375,471,676,278,378,177,376,778,375,873,473,672,476,078,777,276,876,072,574,472,269,480,770,277,974,372,865,568,365,573,476,677,878,171,976,578,179,778,878,676,877,975,086,885,886,288,388,889,888,285,185,386,980,090,186,388,886,786,281,783,582,184,487,887,187,883,686,689,288,687,289,689,689,685,260,960,066,469,666,464,464,260,664,458,259,071,255,368,163,059,650,454,850,663,266,069,068,961,666,967,770,970,868,464,166,966,1Brancos75,475,078,673,571,075,278,876,576,476,171,976,172,566,778,468,577,473,873,265,366,565,272,975,576,778,471,275,878,279,578,877,977,676,673,7Negros75,274,877,373,673,077,078,577,777,075,972,773,772,070,481,570,778,174,672,565,669,365,673,676,978,677,972,877,777,781,278,579,376,278,776,0Consideran<strong>do</strong> o conjunto das 27 Unidades da Federação (UFs) que integram o país, osindica<strong>do</strong>res demonstram que, em 15 delas, a taxa de participação se expandiu entre 2004e 2009, com destaque para Roraima (de 67,4% para 74,4%) e Rio Grande <strong>do</strong> Norte (de66,4% para 72,8%).Dentre aquelas entre as quais a participação laboral decli<strong>no</strong>u, chamava à atenção a reduçãoobservada <strong>no</strong> Maranhão (de 74,2% para 70,2%) e Pará (de 74,7% para 72,2%).


60<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoEm 2009, as maiores taxas eram observadas <strong>no</strong> Tocantins (80,7%) e Santa Catarina(79,7%), e as me<strong>no</strong>res em Alagoas e na Paraíba (ambas com 65,5%).As maiores taxas de participação feminina em 2009 eram encontradas <strong>no</strong> Tocantins(71,2%) e <strong>no</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul e Santa Catarina – ambas ao re<strong>do</strong>r de 71,0%. Em senti<strong>do</strong>contrário, a incorporação feminina ao merca<strong>do</strong> de trabalho era bem me<strong>no</strong>s expressiva naParaíba (50,4%) e Alagoas (50,6%) – esta<strong>do</strong>s <strong>no</strong>s quais apenas a metade das mulheres emidade ativa participavam <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> laboral.A análise <strong>do</strong> nível de ocupação 16 total demonstra que a taxa nacional evoluiu de 67,8% para69,0% entre 2004 e 2009, segun<strong>do</strong> Tabela 16. Mas o ritmo de crescimento foi diferencia<strong>do</strong>para homens e mulheres. O crescimento <strong>do</strong> nível de ocupação das mulheres (de 55,5%para 57,5%) foi mais intenso <strong>do</strong> que o da ocupação masculina (de 80,9% para 81,3%). Emconsequência, o diferencial entre os níveis de ocupação de homens e mulheres reduziu-se1,6 ponto percentual nesse perío<strong>do</strong>: passou de 25,4 para 23,8 pontos percentuais entre2004 e 2009, ou seja, reduziu a diferença.Tratan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> atributo cor/raça, observa-se que o nível de ocupação aumentou de formaindistinta. Entretanto, em 2009, a taxa entre as mulheres brancas (59,3%) era 3,5 pontospercentuais superior à correspondente às mulheres negras (55,8%).Entre as grandes regiões, o nível de ocupação apresentou uma expansão significativa de3,1 pontos p.p. na região Sudeste (ao passar de 66,2% para 69,3% entre 2004 e 2009) euma ampliação mais moderada na região Centro-Oeste (de 1,7 p.p.). Já na região Norte,ocorreu um declínio de (-2,1 p.p.) uma vez que o nível de ocupação diminuiu de 69,3%para 67,2%. Nas regiões Sul e Nordeste verificaram-se uma relativa estabilidade.Em função dessas tendências, em 2009, o nível de ocupação variava de 65,7% (regiãoNordeste) a 74,0% (região Sul).No que se refere à situação <strong>do</strong> <strong>do</strong>micílio, observaram-se tendências opostas <strong>no</strong> comparativoentre os a<strong>no</strong>s de 2004 e 2009. Enquanto que o nível de ocupação aumentou de 65,8%para 67,9% na área urbana, verificou-se redução de 78,3% para 75,1% na área rural. Essesresulta<strong>do</strong>s foram influencia<strong>do</strong>s pela expansão de 3,1 p.p. e de 1,7 p.p. <strong>no</strong> nível ocupacionaldas regiões Sudeste e Centro-Oeste respectivamente, conforme visto anteriormente visa vis declínio de 1,6 p.p. na região Norte e estabilidade na região Nordeste. Uma vez queas regiões Sudeste (com 92,2% em 2009) e Centro-Oeste (87,9%) apresentavam taxas deurbanização bem mais elevadas em comparação ao Norte (77,9%) e Nordeste (72,8%),essas tendências contribuíram para a expansão <strong>do</strong> nível de ocupação na área urbana ediminuição na rural.Entre as UFs, o comportamento <strong>do</strong> nível de ocupação entre 2004 e 2009 foi bastantedividi<strong>do</strong>, já que em 14 delas ocorreu redução e em 13 observou-se aumento. Entre asvariações positivas os destaques ficaram por conta de Roraima (+5,6 p.p.), Rio Grande <strong>do</strong>Norte (+4,7 p.p.) e Distrito Federal (+3,7 p.p.).Tratan<strong>do</strong>-se das variações negativas, as maiores intensidades foram observadas <strong>no</strong> Maranhão(-4,2 p.p.), Sergipe (-4,0 p.p.) e Pará (-3,8 p.p,).16Número de ocupa<strong>do</strong>s de 16 a 64 a<strong>no</strong>s de idade sobre a População em Idade Ativa (PIA) da mesma faixa etária,multiplica<strong>do</strong> por 100.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 61Vale ressaltar que, conforme menciona<strong>do</strong> <strong>no</strong> capítulo anterior referente ao contexto econômicoe social, os da<strong>do</strong>s da PNAD 2009 refletiram o efeito da crise econômica internacionalsobre o merca<strong>do</strong> de trabalho que, por sua vez, se manifestaram de forma mais evidentepor intermédio <strong>do</strong> declínio <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res referentes ao nível de ocupação e taxade desocupação em algumas áreas geográficas <strong>do</strong> país. Entretanto, a PNAD de 2011 deverádemonstrar a reversão desse declínio. Com efeito, outras estatísticas laborais (a exemploda PME e da RAIS e o CAGED) indicam que o merca<strong>do</strong> de trabalhou se recuperou e até seexpandiu em comparação ao perío<strong>do</strong> pré-crise, conforme será demonstra<strong>do</strong> <strong>no</strong> tópico aseguir <strong>do</strong> presente capítulo. Essas considerações devem ser levadas em conta <strong>no</strong> tópico aseguir referente à análise <strong>do</strong> comportamento <strong>do</strong> desemprego.Área Geográfica<strong>Brasil</strong>Área UrbanaÁrea RuralGrandes RegiõesNorteNordesteSudesteSulCentro-OesteUnidades da FederaçãoRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal69,365,866,274,269,673,671,465,161,769,859,976,569,075,867,460,663,061,759,868,866,668,971,163,165,773,375,574,371,073,670,063,084,679,978,885,483,787,884,180,976,985,873,190,282,087,980,873,877,677,277,182,580,680,683,676,478,585,486,684,984,988,284,674,6TABELA 16NÍVEL DE OCUPAÇÃO DA POPULAÇÃO DE 16 A 64 ANOS DE IDADE POR SEXO, COR OU RAÇAE SITUAÇÃO DO DOMICÍLIO BRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2004 E 20092004 2009Total Homens Mulheres Brancos Negros Total Homens Mulheres Brancos67,865,878,380,978,791,555,554,163,668,466,979,567,064,577,569,067,975,181,379,988,757,557,160,269,969,176,254,152,654,663,456,559,558,449,645,354,047,462,357,364,055,148,149,448,043,956,352,857,859,251,753,961,864,764,258,159,256,053,469,065,466,374,670,073,374,265,467,768,360,276,068,575,467,961,262,762,658,167,367,268,773,863,665,973,675,874,871,173,570,065,269,466,066,172,069,473,770,665,059,770,259,976,769,175,967,260,263,261,260,869,666,469,068,962,565,172,672,770,570,973,670,061,267,265,769,374,071,371,671,364,967,366,060,175,864,874,469,065,360,059,758,664,869,272,172,065,369,273,375,673,973,372,272,066,781,480,080,684,383,985,784,178,681,381,472,486,681,486,081,979,176,576,275,376,981,882,482,978,380,484,985,383,185,085,884,978,353,652,658,764,359,558,059,051,954,551,347,964,749,663,957,351,744,645,143,653,657,362,461,753,758,762,566,165,162,358,860,056,667,665,169,274,471,571,971,264,369,566,856,074,764,673,968,265,059,858,959,366,970,172,273,565,669,273,675,974,373,574,471,266,8Em %Negros68,266,874,567,166,069,472,571,171,471,465,166,565,961,576,264,974,669,465,460,160,258,463,969,072,171,064,969,472,573,572,173,170,872,666,7Fonte: IBGE – PNAD


62<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoO COMPORTAMENTO DO DESEMPREGONo <strong>Brasil</strong>, durante a primeira metade da década de 2000, a taxa de desemprego permaneceuelevada, chegan<strong>do</strong> a quase <strong>do</strong>is dígitos. Além das baixas taxas de incremento <strong>do</strong> PIB, odesemprego foi também impulsiona<strong>do</strong> pela maior oferta de trabalha<strong>do</strong>res <strong>no</strong> merca<strong>do</strong>de trabalho durante esse perío<strong>do</strong>, apesar da redução <strong>do</strong> ritmo médio de crescimento dapopulação em idade ativa em comparação com a década de 1990.Mediante a aceleração <strong>do</strong> crescimento da eco<strong>no</strong>mia a partir de 2005, aliada a umamaior elasticidade produto-emprego e aos sucessivos incrementos <strong>do</strong> emprego formal, odesemprego volta a diminuir. De fato, a Taxa de Desocupação, que era de 9,0% em 2004,declina para 8,5% em 2006 e posteriormente acelera o seu ritmo de redução para 7,2% em2008. Em 2009, como conseqüência direta da crise financeira internacional, a trajetóriade declínio <strong>do</strong> desemprego foi interrompida e a taxa aferida com base <strong>no</strong>s da<strong>do</strong>s da PNADse elevou em 1,2 ponto percentual, alcançan<strong>do</strong> 8,4% 17 .Segun<strong>do</strong> enfatiza a <strong>OIT</strong> (2011a), e conforme já analisa<strong>do</strong> <strong>no</strong> capítulo de Contexto Econômicoe Social deste relatório, o <strong>Brasil</strong> não ficou imune aos impactos da crise e foi atingi<strong>do</strong>principalmente por três mecanismos de transmissão: (i) a queda <strong>do</strong> valor das exportações,devi<strong>do</strong> ao colapso da demanda externa e à diminuição <strong>do</strong>s preços das commodities;(ii) a forte contração <strong>do</strong> crédito e da liquidez nas eco<strong>no</strong>mias avançadas e <strong>no</strong> merca<strong>do</strong>financeiro internacional, que resultou na retração das linhas de crédito externas (inclusiveas destinadas ao comércio) e na saída de investimentos estrangeiros de portfólio; (iii) aacentuada redução da oferta <strong>do</strong>méstica de crédito. A eco<strong>no</strong>mia, que vinha crescen<strong>do</strong> emum ritmo anual de 7,0% <strong>no</strong> terceiro trimestre de 2008, contraiu-se dramaticamente parauma taxa anualizada de 2,0% <strong>no</strong> primeiro trimestre de 2009. A produção industrial foia que mais sofreu, com impactos particularmente agu<strong>do</strong>s <strong>no</strong>s setores mais dependentes<strong>do</strong> crédito, como os bens de consumo duráveis. De fato, a produção <strong>do</strong> setor industrialrecuou cerca de 20,0% <strong>no</strong> último trimestre de 2008 e <strong>no</strong> primeiro trimestre de 2009. Omerca<strong>do</strong> de trabalho também foi afeta<strong>do</strong> de forma significativa:Em <strong>no</strong>vembro e dezembro de 2008, cerca de 700 mil empregos formais foramperdi<strong>do</strong>s – as perdas foram 3,6 vezes maiores <strong>do</strong> que <strong>no</strong>s mesmos meses <strong>do</strong> a<strong>no</strong>anterior.Nas seis maiores regiões metropolitanas <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>, 594 mil empregos (ou 2,8% <strong>do</strong>total) foram perdi<strong>do</strong>s entre dezembro de 2008 e abril de 2009. Conseqüentemente,a taxa de desemprego 18 , segun<strong>do</strong> a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) <strong>do</strong> IBGE,aumentou para 9,0% em março de 2009 (0,4 ponto percentual acima <strong>do</strong> nível emmarço de 2008).O impacto sobre o setor industrial foi particularmente agu<strong>do</strong>: entre <strong>no</strong>vembro de 2009e março de 2010, meio milhão de empregos formais na indústria foram perdi<strong>do</strong>s.17A crise financeira internacional eclodiu <strong>no</strong> dia 14 de setembro de 2008, com o anúncio da falência <strong>do</strong> LehmanBrothers – quarto maior banco de negócios <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s. Como de costume, o mês de referência daPNAD 2008 foi setembro. Por sua vez, a semana de referência da pesquisa – para a qual foi calculada a Taxa deDesocupação - foi de 21 a 27 de setembro de 2008. Diante dessa situação, as informações da PNAD referentes aoa<strong>no</strong> de 2008 ainda não refletiam os efeitos mais imediatos da crise sobre o merca<strong>do</strong> de trabalho.18Referente as seis regiões metropolitanas investigadas pela PME: Recife, Salva<strong>do</strong>r, Belo Horizonte, Rio de Janeiro,São Paulo e Porto Alegre.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 63As informações da PNAD demonstram que a crise afetou tanto os homens (cuja Taxa deDesocupação evoluiu de 5,2% em 2008 para 6,2% em 2009) quanto as mulheres (de 9,7%para 11,1%, durante o mesmo perío<strong>do</strong>). Entre os trabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>ras de cor ouraça branca, a desocupação aumentou de 6,3% para 7,3% e entre os/as negros/as de 7,9%para 9,4%. Entre as mulheres negras – que já apresentavam uma elevada taxa de 10,9%em 2008 – a desocupação se elevou para 12,8% em 2009.O conjunto destes indica<strong>do</strong>res refletia a situação <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho em setembro de2009. Entretanto, conforme será demonstra<strong>do</strong> a seguir, o país rapidamente se recuperou<strong>do</strong>s efeitos nefastos da crise e os níveis de produção e de geração de emprego rapidamenteretornaram aos <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> pré-crise, propician<strong>do</strong> a retomada da trajetória <strong>do</strong> declínio <strong>do</strong>desemprego, que vigorava durante a segunda metade da década. Devi<strong>do</strong> a não realizaçãoda PNAD durante o a<strong>no</strong> de 2010 por conta da realização <strong>do</strong> censo demográfico, a análise<strong>do</strong> comportamento <strong>do</strong> desemprego imediatamente após a crise será feita com base nasinformações provenientes da PME.A recessão econômica <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> durou apenas <strong>do</strong>is trimestres – a eco<strong>no</strong>mia cresceu4,2% <strong>no</strong> quarto trimestre de 2009 e o PIB se expandiu em 7,5% durante o a<strong>no</strong> de 2010,ritmo que ultrapassou, inclusive, os níveis pré-crise. Diferentemente de outros países, arecuperação <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> teve início antes da própria recuperação<strong>do</strong> PIB, o que aju<strong>do</strong>u a estimular a demanda agregada e a reduzir a maioria das perdassofridas em decorrência da crise.O emprego voltou a crescer já em fevereiro de 2009 e, ao final <strong>do</strong> a<strong>no</strong>, o <strong>Brasil</strong> havia cria<strong>do</strong>1,76 milhão de <strong>no</strong>vos postos formais de trabalho. O emprego continuou crescen<strong>do</strong> numritmo acelera<strong>do</strong> em 2010, mediante a criação de 2,86 milhões de vínculos empregatíciosformaliza<strong>do</strong>s ao longo <strong>do</strong> a<strong>no</strong> – geração recorde na série histórica. Esse desempenhorepresentou uma expansão de 6,94% em relação ao estoque de vínculos existente emdezembro de 2009.A taxa de desemprego nas seis maiores regiões metropolitanas <strong>do</strong> país começou a recuarem abril de 2009 e continuou diminuin<strong>do</strong> fortemente ao longo de 2009, atingin<strong>do</strong> 6,8%em dezembro e encerran<strong>do</strong> o a<strong>no</strong> com uma taxa média de 8,4% - ainda num patamarsuperior ao observa<strong>do</strong> em 2008 (7,2%).Embora a taxa tenha subi<strong>do</strong> <strong>no</strong> início de 2010, – uma vez que mais pessoas entraram<strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho em busca de emprego – já em setembro de 2010 a taxa haviacaí<strong>do</strong> para 6,2% – bem abaixo <strong>do</strong> nível pré-crise, de 7,6% em setembro de 2008, aferi<strong>do</strong>pela PME – e encerrou o a<strong>no</strong> com uma taxa média anual de 6,7%, a me<strong>no</strong>r <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>2003/2010. Em 2011, foi mantida a trajetória e a taxa decli<strong>no</strong>u para 6,0%.O desempenho mais fraco da indústria de transformação foi em parte compensa<strong>do</strong> pelocrescimento mais robusto <strong>do</strong> emprego <strong>no</strong> setor de serviços, onde o merca<strong>do</strong> de trabalhopraticamente não sentiu o impacto da crise e o emprego sustentou sua trajetória expansiva,quase sem interrupção, durante to<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong>.Além disso, o <strong>Brasil</strong> também conseguiu evitar o crescimento <strong>do</strong> emprego informal –medi<strong>do</strong> por meio <strong>do</strong> número de trabalha<strong>do</strong>res sem contrato de trabalho. Durante perío<strong>do</strong>sde crise, os trabalha<strong>do</strong>res muitas vezes recorrem a esse tipo de ocupação para compensara perda de renda. A experiência mostra que, em geral, é difícil reverter essas tendênciasapós um perío<strong>do</strong> prolonga<strong>do</strong>. Todavia, <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, o aumento na taxa de emprego informal


64<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federaçãodurou pouco tempo e, rapidamente, a informalidade <strong>no</strong> emprego retomou a tendênciadescendente apresentada <strong>no</strong> perío<strong>do</strong> pré-crise. Por exemplo, nas seis principais regiõesmetropolitanas, o número de emprega<strong>do</strong>s sem contrato de trabalho diminuiu em cerca de280 mil (ou 6,5%) entre agosto de 2008 e agosto de 2010 (<strong>OIT</strong>, 2011a).Em síntese, a taxa de desocupação em 2009, medida pela PNAD <strong>no</strong> mês de setembro(9,0%), mesmo com o já assinala<strong>do</strong> aumento temporário <strong>no</strong>s primeiros meses desse a<strong>no</strong>,era 0,6 p.p. inferior àquela registrada em 2004 (8,4%), como pode ser visto na Tabela 17.A taxa de desocupação observada em 2009 na área urbana (9,3%) era bastante superior àda área rural (3,4%), apesar <strong>do</strong> ligeiro declínio de -1,0 p.p. observa<strong>do</strong> na primeira e da leveexpansão (0,5 p.p.) nas áreas classificadas como rurais.Consideran<strong>do</strong> as grandes regiões verificou-se entre 2004 e 2009 o declínio da taxa dedesocupação <strong>no</strong> Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste, um ligeiro aumento <strong>no</strong> Sul e umcrescimento de 1,5 ponto percentual <strong>no</strong> Norte. Em 2009, a maior taxa era observada naregião Nordeste (9,2%) e a me<strong>no</strong>r <strong>no</strong> Sul (6,0%).Entre as unidades federativas, as taxas aumentaram de forma mais significativa emRondônia (+2,6 p.p.) e Pará (+2.1 p.p.), e se reduziram mais expressivamente <strong>no</strong> DistritoFederal (-3,0 p.p.) e Rio de Janeiro (-2,1 p.p.). Em 2009, os maiores níveis de desocupaçãose registravam <strong>no</strong> Amapá (13,5%), Pernambuco (12,5%) e Sergipe (11,7%), e as me<strong>no</strong>restaxas eram observadas <strong>no</strong> Piauí (4,6%) e Santa Catarina (5,2%).Em todas as 27 UFs, a taxa de desocupação feminina era superior à masculina, chegan<strong>do</strong>a alcançar 10,7 pontos percentuais de diferença em Roraima <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009 (sen<strong>do</strong> de15,4% entre as mulheres e de 4,7% entre os homens). O referi<strong>do</strong> diferencial tambémera expressivo <strong>no</strong> Amapá (9,3 p.p.) e em Pernambuco (9,0 p.p.). Nessas duas UFs,constatavam-se as maiores taxas de desemprego entre as trabalha<strong>do</strong>ras: 18,8% <strong>no</strong> Amapáe 17,7% em Pernambuco.A maior taxa de desemprego entre as mulheres – em que pese os maiores níveis de escolaridadeda população ocupada feminina 19 – guarda relação direta com o acesso maislimita<strong>do</strong> a determina<strong>do</strong>s tipos de ocupação em função <strong>do</strong>s estereótipos e desigualdades degênero, assim como com as dificuldades em assumir determina<strong>do</strong>s postos de trabalho emfunção da necessidade de conciliação entre trabalho e família, uma vez que as responsabilidadesfamiliares ainda recaem pre<strong>do</strong>minantemente entre as mulheres 20 .A desocupação era maior entre a população trabalha<strong>do</strong>ra negra (9,4%) comparativamente àbranca (7,3%). Entre as mulheres negras, assumia um valor ainda mais expressivo (12,8%),sobretu<strong>do</strong> se compara<strong>do</strong> à taxa correspondente aos homens brancos (5,5%). Entre as trabalha<strong>do</strong>rasnegras sergipanas a taxa de desocupação alcançava significativos 17,6%.19Em 2009, enquanto as mulheres trabalha<strong>do</strong>ras possuíam, em média, 8,8 a<strong>no</strong>s de estu<strong>do</strong>, entre os homenstrabalha<strong>do</strong>res a média era de 7,7 a<strong>no</strong>s.20Vide Capítulo referente à dimensão Conciliação entre <strong>Trabalho</strong>, Vida Pessoal e Familiar.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 65TABELA 17TAXA DE DESOCUPAÇÃO DA POPULAÇÃO DE 16 A 64 ANOS DE IDADE POR SEXO E COR OU RAÇAE SITUAÇÃO DO DOMICÍLIOBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2004 E 2009Área GeográficaTotalHomens2004 2009Mulheres Brancos Negros Total Homens MulheresBrancosNegros<strong>Brasil</strong>Área UrbanaÁrea RuralGrandes RegiõesNorteNordesteSudesteSulCentro-OesteUnidades da FederaçãoRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal9,010,32,97,29,410,45,88,04,37,010,58,56,513,44,37,04,28,18,89,111,69,710,511,08,77,311,411,16,14,56,16,95,57,214,16,88,01,74,57,18,24,45,72,75,36,15,44,110,32,45,02,86,57,87,29,27,47,27,96,75,78,98,85,03,44,45,23,35,310,411,813,14,611,112,413,27,411,06,79,416,713,610,117,77,19,56,110,210,211,814,813,214,415,211,29,414,414,17,55,98,29,18,49,818,08,08,82,77,98,49,45,46,93,15,712,76,97,712,54,86,13,47,28,08,710,310,010,59,17,85,710,49,85,64,35,86,04,76,611,010,112,03,07,09,812,17,78,85,07,39,69,16,213,84,27,34,58,69,39,412,39,510,411,59,68,612,714,57,46,98,87,65,97,716,68,49,33,48,79,28,86,07,76,96,110,59,58,613,56,27,64,67,210,38,412,510,511,79,67,37,89,39,56,15,26,36,85,97,611,16,27,02,36,26,86,54,65,54,64,77,64,76,49,53,95,83,25,68,26,48,78,38,96,85,45,66,47,14,93,84,75,14,25,38,211,112,15,212,112,411,67,610,59,98,014,415,411,718,89,110,46,29,113,311,517,713,815,213,29,610,412,712,47,76,98,08,98,210,414,47,37,93,18,18,48,05,56,65,96,610,68,77,816,14,75,84,67,611,28,311,49,18,37,26,06,27,98,75,94,55,85,74,17,09,39,410,73,68,89,69,97,78,57,45,910,59,88,612,66,68,24,67,09,88,413,111,013,110,38,38,910,910,76,89,48,27,87,17,812,2Fonte: IBGE – PNAD


66<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoJUVENTUDE E <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>O Desemprego JuvenilO <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> é um direito das jovens gerações, sen<strong>do</strong> fundamental para garantiroportunidades de ocupação de qualidade para a juventude <strong>no</strong> presente, tornan<strong>do</strong> tambémfactível a construção de melhores trajetórias ocupacionais futuras. O trabalho tem intensapresença na vida <strong>do</strong>s e das jovens brasileiros/as. Com efeito, mesmo consideran<strong>do</strong> adiminuição das taxas de participação <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho <strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s, cercade 21 milhões de a<strong>do</strong>lescentes e jovens entre 15 e 24 a<strong>no</strong>s trabalhavam ou procuravamtrabalho <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009, de acor<strong>do</strong> com os da<strong>do</strong>s da PNAD.Um <strong>do</strong>s principais traços estruturais <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho <strong>do</strong>s e das jovens <strong>no</strong><strong>Brasil</strong> (assim como em diversos outros países) é a prevalência de taxas de desempregosignificativamente mais elevadas <strong>do</strong> que àquelas correspondentes à população adulta.Com efeito, em 2009, enquanto a taxa total de desemprego (referente aos trabalha<strong>do</strong>resde 16 a 64 a<strong>no</strong>s de idade) era de 8,4%, entre os jovens (15 a 24 a<strong>no</strong>s de idade) essa cifraalcançava 17,8%, ou seja, era mais <strong>do</strong> que duas vezes superior.A magnitude da taxa de desemprego juvenil também contribui – juntamente com arepresentatividade estrutural <strong>do</strong>s jovens na PEA - para que seja expressivo o númerode jovens entre o contingente total de desemprega<strong>do</strong>s. De fato, em 2009, 46,3% (3,7milhões) <strong>do</strong> total de 8 milhões de trabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>ras desemprega<strong>do</strong>s existente<strong>no</strong> país eram jovens (tinham entre 15 e 24 a<strong>no</strong>s de idade).A taxa de desemprego entre os jovens decli<strong>no</strong>u de 18,1% para 15,5% entre 2004 e 2008(o correspondente a 2,6 p.p.), acompanhan<strong>do</strong> a mesma tendência observada para a taxacorrespondente à população de 16 a 64 a<strong>no</strong>s de idade (que diminuiu de 9,0% para 7,2%durante o mesmo perío<strong>do</strong>). A desocupação caiu tanto entre os jovens quanto entre osadultos em função <strong>do</strong>s níveis de crescimento econômico e <strong>do</strong> conseqüente desempenhofavorável <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> formal de trabalho, conforme já menciona<strong>do</strong>.Em decorrência <strong>do</strong>s efeitos imediatos da crise financeira internacional sobre a produçãoe o merca<strong>do</strong> de trabalho, a taxa de desocupação juvenil, que era de 15,5% em 2008aumentou para 17,8% em 2009, significan<strong>do</strong> um aumento de 2,3 p.p. em apenas um a<strong>no</strong>.O mesmo comportamento foi observa<strong>do</strong> entre o conjunto <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res, uma vez quea taxa total de desemprego oscilou de 7,2% para 8,4% (incremento de 1,2 p.p.) <strong>no</strong> perío<strong>do</strong>,conforme já observa<strong>do</strong> anteriormente.A tendência de crescimento <strong>do</strong> desemprego juvenil <strong>no</strong> contexto da crise financeirafoi observada também <strong>no</strong> contexto internacional. O <strong>Relatório</strong> da <strong>OIT</strong> TendênciasMundiais de Emprego para a Juventude 2010 demonstrou que a taxa de desemprego<strong>do</strong>s jovens de 15 a 24 a<strong>no</strong>s aumentou de 11,9% em 2007 para 13,0% em 2009, elevan<strong>do</strong>para 81 milhões o contingente de jovens desemprega<strong>do</strong>s - o número mais eleva<strong>do</strong> járegistra<strong>do</strong>.A magnitude <strong>do</strong> desemprego entre os jovens guarda relação direta com aspectos denatureza demográfica e estruturais associa<strong>do</strong>s ao merca<strong>do</strong> de trabalho. Pelo la<strong>do</strong> da


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 67oferta, a pressão de origem demográfica ainda se faz presente, fruto, sobretu<strong>do</strong>, da ondajovem, que vem geran<strong>do</strong> efeitos de caráter dura<strong>do</strong>uro 21 .Esse processo irá manter-se, embora com uma intensidade cada vez me<strong>no</strong>r, até o finalda próxima década. Ou seja, pelo la<strong>do</strong> da oferta, o desafio será o de conviver com umapressão por <strong>no</strong>vos empregos de origem demográfica, provocada pela onda jovem, pelome<strong>no</strong>s até 2020, apesar desse fenôme<strong>no</strong> já ter começa<strong>do</strong> a se atenuar na segunda metadeda atual década. De fato, os da<strong>do</strong>s da PNAD demonstram que, em 2006, pela primeiravez ao longo das últimas décadas, reduz-se simultaneamente o número absoluto e opercentual de participação de jovens na estrutura da população, já anuncian<strong>do</strong> a inflexãoda chamada onda jovem. Em que pese essa inflexão, e mesmo diante <strong>do</strong> franco processode envelhecimento em curso, aproximadamente 17,5% da população brasileira ainda eracomposta por a<strong>do</strong>lescentes e jovens de 15 a 24 a<strong>no</strong>s de idade <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009.A análise da desocupação juvenil mediante uma perspectiva de gênero, raça/cor esituação <strong>do</strong> <strong>do</strong>micílio (urbana e rural) permite constatar que a intensidade <strong>do</strong> mesmoassume grande heterogeneidade. No a<strong>no</strong> de 2009, a taxa de desemprego das mulheresjovens (23,1%) era bastante superior (9,2 p.p.) à <strong>do</strong>s homens jovens (13,9%), diferencialque era praticamente o mesmo registra<strong>do</strong> em 2004 (9,1 p.p.), segun<strong>do</strong> as informaçõesdispostas na Tabela 18 .Os níveis de desocupação <strong>do</strong>s/as jovens negros/as (18,8%), também eram mais eleva<strong>do</strong>sque o/a <strong>do</strong>s/as brancos/as (16,6%) em 2009, sen<strong>do</strong> que essa diferença aumentouligeiramente entre 2004 e 2009 (de 1,7 para 2,2 p.p.). A desigualdade é ainda maisexpressiva entre as jovens negras, cuja taxa de desocupação (25,3%) chegava a ser 12,2p.p. superior a <strong>do</strong>s jovens brancos <strong>do</strong> sexo masculi<strong>no</strong> (13,1%).Tratan<strong>do</strong>-se da situação <strong>do</strong> <strong>do</strong>micílio, observa-se que, em 2009, nas áreas classificadascomo urbanas 19,7% <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res jovens estavam desocupa<strong>do</strong>s, enquanto quenas áreas rurais essa taxa era expressivamente me<strong>no</strong>r (7,9%). Merece destaque ofato de que, apesar <strong>do</strong> me<strong>no</strong>r nível de desemprego entre a juventude rural, a taxaaumentou ao longo <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong>, ao passar de 5,8% para 7,9% entre 2004 e2009, enquanto que entre a juventude urbana a taxa decli<strong>no</strong>u de 20,9% para 19,7% <strong>no</strong>mesmo perío<strong>do</strong>.Entre as grandes regiões, o desemprego juvenil se ampliou em quatro delas entre 2004e 2009, sen<strong>do</strong> a variação mais expressiva (3,1 pontos percentuais) observada na regiãoNorte – de 14,2% para 17,3%. Apenas <strong>no</strong> Sudeste ocorreu declínio na taxa – de 21,7%para 19,6%.21Isto ocorreu porque o crescimento da PIA e da PEA foi bastante condiciona<strong>do</strong> pelos eleva<strong>do</strong>s níveis de fecundidadevivencia<strong>do</strong>s <strong>no</strong> passa<strong>do</strong>


68<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTABELA 18TAXA DESOCUPAÇÃO DE JOVENS DE 15 A 24 ANOS DE IDADE, POR SEXO E COR OU RAÇAE SITUAÇÃO DO DOMICÍLIOBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2004 E 2009Área GeográficaTotalHomens2004 2009Mulheres Brancos Negros Total Homens MulheresBrancosNegros<strong>Brasil</strong>Área UrbanaÁrea RuralGrandes RegiõesNorteNordesteSudesteSulCentro-OesteUnidades da FederaçãoRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal18,120,95,814,217,221,712,616,59,114,023,612,911,827,08,613,68,215,418,617,120,415,321,919,418,315,624,523,113,69,013,915,010,914,630,114,217,13,59,013,218,29,911,76,211,313,47,17,721,05,09,55,512,217,312,216,310,116,515,114,814,021,219,510,97,210,49,88,39,725,423,325,710,222,823,225,916,322,712,718,438,422,719,136,514,719,312,520,020,625,226,725,228,726,322,917,828,827,217,311,318,322,214,621,334,517,218,96,417,816,720,012,215,48,811,731,412,514,728,79,015,3...14,618,115,719,618,223,617,617,913,122,120,613,18,713,613,111,614,325,118,922,95,513,217,424,014,617,29,214,720,613,011,126,68,513,19,015,818,917,920,814,021,219,918,617,527,428,415,111,415,216,610,614,733,317,819,77,917,317,919,613,517,213,914,320,417,217,127,013,516,09,814,221,715,522,419,524,118,915,916,921,920,914,511,513,915,912,616,525,513,915,95,013,413,815,310,713,29,89,416,910,513,819,79,611,86,610,718,212,516,317,719,614,411,513,716,716,812,19,410,313,310,111,422,123,124,513,523,124,025,017,022,519,822,025,327,222,334,919,322,414,118,827,120,731,722,529,825,321,421,228,726,117,414,318,419,416,323,529,216,617,97,817,617,718,213,015,613,417,721,620,517,928,99,313,413,715,526,817,021,320,714,216,414,212,819,019,614,510,613,515,49,016,022,718,821,37,816,918,021,115,318,114,213,220,116,016,326,414,716,78,613,618,814,823,019,028,019,517,119,525,122,914,616,915,716,214,816,726,8Fonte: IBGE – PNADA taxa de desemprego entre os jovens aumentou entre 2004 e 2009 em 17 das 27 Unidadesda Federação, diminuiu em oito e apresentou estabilidade em duas (Amapá, com 27,0% eRio Grande <strong>do</strong> Sul, com 13,9%).As variações mais expressivas das taxas, em pontos percentuais, foram constatadas <strong>no</strong>Pará (+5,3), Tocantins (+4,9), Roraima (+4,3) – to<strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s localiza<strong>do</strong>s na região Norte.Em Alagoas, a expansão também foi significativa, da<strong>do</strong> que a taxa foi incrementada em4,2 p.p., ao passar de 15,3% para 19,5% entre 2004 e 2009.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 69Por outro la<strong>do</strong>, as diminuições mais significativas da taxa de desemprego juvenil durantea segunda metade da década de 2000 registraram-se <strong>no</strong> Distrito Federal (-4,6 p.p.),Amazonas (-3,2 p.p.) e Rio de Janeiro (-2,6 p.p.).Como resulta<strong>do</strong> desse conjunto de tendências, observa-se, ao final de 2009, umasignificativa variabilidade na magnitude <strong>do</strong> desemprego entre os jovens ao longo <strong>do</strong>território nacional. Com efeito, as taxas variavam desde 9,8% <strong>no</strong> Piauí até 27,0% <strong>no</strong>Amapá, isto é, quase o triplo entre os extremos.Entre as mulheres jovens as taxas alcançavam 34,9% <strong>no</strong> Amapá e 29,8% em Sergipe.Ademais, nesse mesmo a<strong>no</strong>, em um grupo de dez UFs a taxa de desemprego juvenilfeminina era o <strong>do</strong>bro da masculina, a exemplo de Goiás (23,5% versus 11,4%), Acre (9,4%e 22,0%, respectivamente) e Piauí (6,6% e 14,1%, respectivamente), conforme Tabela 18.O conjunto destes indica<strong>do</strong>res revela que os jovens estão mais sujeitos ao desemprego,que, mesmo em situações de crescimento econômico, permanece mais eleva<strong>do</strong> emrelação ao desemprego <strong>do</strong>s adultos. Isso significa que, embora seja condição necessária,o crescimento econômico não resolve necessariamente o problema <strong>do</strong> desemprego entreos jovens, particularmente entre os de baixa renda, as mulheres e os negros de ambos ossexos, além <strong>do</strong>s jovens mora<strong>do</strong>res de áreas metropolitanas e grandes centros urba<strong>no</strong>s.Jovens que não Estudam nem Trabalham 22Em 2009, um expressivo contingente de 6,2 milhões de jovens (18,4% <strong>do</strong> total) não estudavanem trabalhava. Isso significa que praticamente 1 de cada 5 jovens brasileiros de 15 a 24 a<strong>no</strong>sde idade encontrava-se nessa situação. Apesar de o percentual ter diminuí<strong>do</strong> levementeem comparação com o a<strong>no</strong> de 2004 (quan<strong>do</strong> a cifra era de 18,7%), ainda é muito eleva<strong>do</strong>.Ademais, a referida proporção vem apresentan<strong>do</strong> grande resistência em diminuir, mesmonum contexto de maior crescimento econômico, aumento <strong>do</strong> emprego formal e <strong>do</strong>s níveisde escolaridade, já que se manteve praticamente inalterada entre 2004 e 2009.A análise deste indica<strong>do</strong>r segun<strong>do</strong> uma perspectiva de gênero e cor/raça revela umaface ainda mais preocupante da situação juvenil. Em 2009, a proporção de mulheresa<strong>do</strong>lescentes e jovens que não estudavam nem trabalhavam (24,8%) era o <strong>do</strong>bro daproporção de homens na mesma situação (12,1%), segun<strong>do</strong> Tabela 19. Vale ressaltar que,em 2004, esse diferencial era um pouco maior: 25,9% para as mulheres e 11,4% para oshomens. Observa-se, portanto, que entre 2004 e 2009 a proporção diminuiu entre asmulheres e aumentou entre os homens.A diferença percentual também era mais elevada (em tor<strong>no</strong> de 4,3 p.p.) entre a juventudenegra em comparação com a branca (20,4% contra 16,1% em 2009) e foi amplia<strong>do</strong> ao longo<strong>do</strong> perío<strong>do</strong> em análise, já que <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2004 os diferenciais giravam ao re<strong>do</strong>r de 3,8 p.p.Outro aspecto que merece destaque é que, ao se entrelaçarem as dimensões de gênero e raça,as desigualdades ficam ainda mais evidentes: <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009, entre as jovens mulheresnegras a proporção daquelas que não estudavam nem trabalhavam era de 28,2% e se situavanum patamar de aproximadamente 7,0 p.p. acima das jovens brancas (21,1%) e era cerca de2,5 vezes superior a <strong>do</strong>s jovens brancos <strong>do</strong> sexo masculi<strong>no</strong> (10,8%).22Refere-se ao conjunto <strong>do</strong>s jovens de 15 a 24 a<strong>no</strong>s que não estavam estudan<strong>do</strong> nem ocupa<strong>do</strong>s <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho.


70<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoO expressivo diferencial entre a proporção de jovens homens e mulheres que não estudame nem trabalham é bastante condiciona<strong>do</strong> pelas relações de gênero e pelos estereótiposque delas são elementos constitutivos, que atribuem às mulheres a responsabilidadeprincipal pelas atividades <strong>do</strong>mésticas, o que se soma à ausência de políticas de conciliaçãoe co-responsabilidade, <strong>no</strong> âmbito <strong>do</strong> trabalho e da família. Devi<strong>do</strong> a isso, apesar de possuirmaiores níveis de escolaridade, as jovens apresentam maiores taxas de desemprego e deinatividade e me<strong>no</strong>res taxas de participação.O afastamento das jovens da escola e <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho num percentual bastantesuperior ao <strong>do</strong>s homens é fortemente condiciona<strong>do</strong> pela magnitude da dedicação dasmesmas aos afazeres <strong>do</strong>mésticos e às responsabilidades relacionadas à maternidade,sobretu<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> a gestação ocorre durante a a<strong>do</strong>lescência. De fato, em 2009, entre asmulheres jovens definidas como eco<strong>no</strong>micamente inativas e que não estudavam, mais dametade (53,5%) já eram mães e dedicavam, em média, 32,5 horas semanais aos afazeres<strong>do</strong>mésticos. Por outro la<strong>do</strong>, entre as eco<strong>no</strong>micamente inativas que freqüentavam a escola,apenas 5,0% eram mães.Esses números são uma eloqüente evidência das dificuldades que enfrentam as jovensmulheres, em especial as negras, para conciliar trabalho, estu<strong>do</strong>s e vida familiar.Em âmbito territorial, a proporção de jovens que não estudavam nem trabalhavamdiminuiu na área urbana entre 2004 e 2009, ao passar de 19,2% para 18,6%, enquantoque aumentou na área rural, ao evoluir de 15,9% para 17,4% (Tabela 19).Entre as grandes regiões, observou-se declínio da referida proporção <strong>no</strong> Centro-Oeste (-2,1p.p.) e <strong>no</strong> Sudeste (-1,5 p.p.) e aumento nas demais. Como conseqüência dessa tendência,as regiões Nordeste e Norte seguiam em 2009 com os maiores percentuais de jovens semestudar e sem trabalhar – 21,4% e 21,1%, respectivamente.Por sua vez, em 14 das 27 UFs, o percentual de população juvenil sem estudar nemtrabalhar diminuiu <strong>no</strong> perío<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong>, com destaque para Roraima (-4,8 p.p.), DistritoFederal (-4,5 p.p.) e Mato Grosso <strong>do</strong> Sul (-2,5 p.p.). Em senti<strong>do</strong> contrário, dentre as 13UFs com aumento <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> percentual, as variações mais expressivas ocorreram emSergipe (+5,9 p.p.), Pernambuco (+2,9 p.p.) e Maranhão (2,7 p.p.).


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 71TABELA 19PROPORÇÃO DE JOVENS DE 15 A 24 ANOS DE IDADE QUE NÃO ESTUDAM E NEM TRABALHAMEM RELAÇÃO AO TOTAL DE JOVENS DE 15 A 24 ANOS DE IDADE, POR SEXO E COR OU RAÇABRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2004 E 2009Área GeográficaTotalHomens2004 2009Mulheres Brancos Negros Total Homens MulheresBrancosNegros<strong>Brasil</strong>Área UrbanaÁrea RuralGrandes RegiõesNorteNordesteSudesteSulCentro-OesteUnidades da FederaçãoRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal18,719,215,920,120,018,814,118,617,718,422,224,720,223,815,019,712,419,624,621,222,823,516,019,017,119,718,719,614,111,715,619,215,818,222,411,412,66,09,812,012,48,910,09,07,912,616,48,716,75,910,35,512,117,812,514,812,59,811,211,111,412,613,19,06,210,38,96,49,317,125,925,727,330,728,125,119,627,126,129,031,833,632,230,925,028,119,727,031,530,330,634,421,727,323,327,824,725,919,417,421,029,325,127,326,916,716,915,520,319,317,013,217,117,815,821,420,021,023,818,620,310,518,022,221,022,124,414,316,915,915,516,217,712,910,815,017,515,516,619,420,521,616,120,120,321,418,219,717,719,222,526,020,023,913,919,513,020,426,121,323,223,016,819,518,222,621,923,917,419,419,220,716,019,324,518,418,617,421,121,417,314,316,717,520,821,419,922,724,612,822,414,019,523,923,325,725,021,919,015,919,219,017,316,611,014,116,715,716,617,812,113,07,612,513,712,19,310,010,011,215,38,812,220,77,814,06,612,316,817,015,916,416,312,010,413,513,312,410,96,59,69,79,38,913,624,824,228,429,529,022,719,523,325,030,227,431,633,028,518,330,320,826,731,129,735,232,827,526,321,324,924,822,422,116,018,823,422,224,521,716,116,016,520,120,515,413,215,817,124,222,121,020,727,79,619,112,419,522,423,625,322,915,117,813,917,116,215,515,810,012,916,413,616,715,820,421,017,821,221,719,618,417,217,719,621,219,522,923,613,623,514,519,624,723,225,925,724,619,317,220,522,320,218,716,618,917,017,016,519,0Fonte: IBGE – PNADEm 2009, em três esta<strong>do</strong>s a proporção de jovens que não estudavam nem trabalhavamsituava-se em tor<strong>no</strong> de 25,0%, significan<strong>do</strong> que de cada quatro jovens um se encontravanessa situação: Pernambuco (25,7%), Alagoas (25,0%) e Amapá (24,6%). As me<strong>no</strong>resproporções eram observadas em Santa Catarina (11,0%) e <strong>no</strong> Piauí (14,0%).Entre todas as 27 UFs, a proporção das jovens sem estudar e sem trabalhar era superioràquela correspondente a juventude masculina. Em 23 UFs, esse diferencial superava osdez pontos percentuais, sen<strong>do</strong> que em duas delas (Roraima e Pará) alcançava mais de20,0 pontos percentuais.


72<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoNum grupo de sete esta<strong>do</strong>s pertencentes às regiões Norte e Nordeste, a proporção demulheres jovens que não estavam estudan<strong>do</strong> nem ocupadas <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalhosuperava o preocupante patamar de 30,0% <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009: Pernambuco (35,2%), Pará(33,0%), Alagoas (32,8%), Roraima (31,6%), Rio Grande <strong>do</strong> Norte (31,1%), Maranhão(30,3%) e Acre (30,2%), segun<strong>do</strong> Tabela 19.Tratan<strong>do</strong>-se das jovens negras, a situação era ainda mais inquietante, já que opercentual daquelas que nem estudavam nem estavam ocupadas era de 28,2%. Nosesta<strong>do</strong>s de Pernambuco (36,7%), Rio Grande <strong>do</strong> Norte (36,0%), Alagoas (34,9%), Pará(33,7%) e Roraima (33,2%) o referi<strong>do</strong> percentual alcançava pelo me<strong>no</strong>s um terço dasjovens negras.A AprendizagemApesar de a Constituição da República de 1988 proibir o trabalho aos me<strong>no</strong>res de 16a<strong>no</strong>s, foi estabelecida a possibilidade de ingresso <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho na condição deaprendiz a partir <strong>do</strong>s 14 a<strong>no</strong>s. O Estatuto da Criança e <strong>do</strong> A<strong>do</strong>lescente (ECA), aprova<strong>do</strong>pela Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, também prevê, <strong>no</strong>s seus arts. 60 a 69, o direito àaprendizagem, dan<strong>do</strong>-lhe tratamento alinha<strong>do</strong> ao princípio da proteção integral à criançae ao a<strong>do</strong>lescente.No <strong>Brasil</strong>, historicamente, a aprendizagem é regulada pela Consolidação das Leis <strong>do</strong><strong>Trabalho</strong> (CLT) e passou por um processo de modernização com a promulgação das Leisnº 10.097, de 19 de dezembro de 2000, 11.180, de 23 de setembro de 2005, e 11.788, de25 de setembro de 2008.O Artigo 62 <strong>do</strong> ECA define que a aprendizagem é a formação técnico-profissionalministrada ao a<strong>do</strong>lescente ou jovem segun<strong>do</strong> as diretrizes e bases da legislação deeducação em vigor, implementada por meio de um contrato de aprendizagem, queconsiste num contrato de trabalho especial, ajusta<strong>do</strong> por escrito e de prazo determina<strong>do</strong>,com duração máxima, em regra, de <strong>do</strong>is a<strong>no</strong>s. O emprega<strong>do</strong>r se compromete, nessecontrato, a assegurar ao a<strong>do</strong>lescente/jovem com idade entre 14 e 24 a<strong>no</strong>s (não se aplica olimite de 24 a<strong>no</strong>s para o jovem com deficiência), inscrito em programa de aprendizagem,uma formação técnico-profissional metódica, compatível com seu desenvolvimentofísico, moral e psicológico. O aprendiz, por sua vez, se compromete a executar, comzelo e diligência, as tarefas necessárias a essa formação (art. 428 da CLT). O programade aprendizagem será desenvolvi<strong>do</strong> por entidade qualificada para esse fim. O contratodeverá conter, expressamente, a especificação <strong>do</strong> curso, a jornada diária e semanal, adefinição da quantidade de horas teóricas e práticas, a remuneração mensal e o termoinicial e final <strong>do</strong> contrato, que devem coincidir com o início e térmi<strong>no</strong> <strong>do</strong> curso deaprendizagem, previsto <strong>no</strong> respectivo programa (MTE, 2010a).O Ministério <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> e Emprego (2010a) enfatiza que a aprendizagem é um institutoque cria oportunidades tanto para o aprendiz quanto para as empresas, pois prepara ojovem para desempenhar atividades profissionais e ter capacidade de discernimento paralidar com diferentes situações <strong>no</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho e, ao mesmo tempo, permite àsempresas formarem mão-de-obra qualificada, cada vez mais necessária em um cenárioeconômico em permanente evolução tec<strong>no</strong>lógica.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 73Segun<strong>do</strong> as informações da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS 23 ), desde o a<strong>no</strong>de 2005 – quan<strong>do</strong> se passou a registrar os contratos de Aprendizagem – o número deaprendizes vem crescen<strong>do</strong> sucessivamente, conforme pode ser observa<strong>do</strong> <strong>no</strong> Gráfico 14.Durante a segunda metade da década, o contingente de aprendizes contrata<strong>do</strong>s mais <strong>do</strong>que <strong>do</strong>brou, ao passar de 59,3 mil em 2005 para cerca de 193,0 mil em 2010. Ao longodesse perío<strong>do</strong>, o número total de contratos foi de 738,6 mil.GRÁFICO 14NÚMERO DE CONTRATOS DE APRENDIZAGEMBRASIL, 2005-2010Fonte: MTE - RAISApesar dessa evolução positiva, o número de contratos de Aprendizagem continua muitoaquém daquele estabeleci<strong>do</strong> em lei 24 . Segun<strong>do</strong> cálculos elabora<strong>do</strong>s pelo Observatório <strong>do</strong>Merca<strong>do</strong> de <strong>Trabalho</strong> Nacional <strong>do</strong> MTE, o potencial de vagas de Aprendizagem, ou seja, aquantidade mínima de vagas que deveriam ser ocupadas por aprendizes nas empresas <strong>no</strong>a<strong>no</strong> de 2009 era de 1,22 milhão. Entretanto, nesse mesmo a<strong>no</strong>, o número de aprendizescontrata<strong>do</strong>s foi de 155 mil, isto é, o correspondente a apenas 12,7% da demanda potencialestabelecida com base na legislação.Nas Unidades da Federação (UFs) observa-se a mesma tendência nacional de ampliação<strong>do</strong>s contratos de aprendizagem ao longo da segunda metade da década de 2000, mascom ritmos bastante diferencia<strong>do</strong>s. Na maioria daquelas que possuíam um peque<strong>no</strong>contingente de contratos em 2005, a expansão relativa até o a<strong>no</strong> de 2010 foi maisacentuada, a exemplo <strong>do</strong> Tocantins, Sergipe e Santa Catarina, conforme Tabela 20. Já emSão Paulo, que contava com 24 mil contratos em 2005, o crescimento relativo (134,7%)situou-se abaixo da média nacional (225,0%) entre 2005 e 2010. Apesar desse ritmo23A RAIS é um Registro Administrativo, de periodicidade anual, criada com a finalidade de suprir as necessidades decontrole, de estatísticas e de informações às entidades governamentais da área social. Constitui um instrumentoimprescindível para o cumprimento das <strong>no</strong>rmas legais, como também é de fundamental importância para oacompanhamento e a caracterização <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho formal.24De acor<strong>do</strong> com a legislação vigente, a cota de aprendizes está fixada entre 5%, <strong>no</strong> mínimo, e 15%, <strong>no</strong> máximo,por estabelecimento, calculada sobre o total de emprega<strong>do</strong>s cujas funções demandem formação profissional,caben<strong>do</strong> ao emprega<strong>do</strong>r, dentro <strong>do</strong>s limites fixa<strong>do</strong>s, contratar o número de aprendizes que melhor atender às suasnecessidades. As frações de unidade darão lugar à admissão de um aprendiz (art. 429, caput e § 1º da CLT). Asfunções gerenciais, as de nível superior e de nível técnico são retiradas da base de cálculo.


74<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federaçãome<strong>no</strong>r de expansão, São Paulo contabilizava 56,3 mil vagas de aprendizagem em 2010 erespondia por 29,2% <strong>do</strong> contingente total nacional.Já em Rondônia e <strong>no</strong> Maranhão, observava-se um percentual de crescimento abaixo damédia nacional <strong>no</strong> mesmo perío<strong>do</strong> e a prevalência de um peque<strong>no</strong> número de contratosao final da década – 1,20 mil e 1,23 mil, respectivamente.A me<strong>no</strong>r expansão relativa ocorreu em Goiás, uma vez que o contingente de aprendizesevoluiu apenas 36,3%, ao passar de 6,19 mil em 2005 para 8,43 mil em 2010.Em função tanto <strong>do</strong> peque<strong>no</strong> contingente quanto <strong>do</strong> baixo crescimento durante asegunda metade da década de 2000, diversas UFs apresentavam exíguos percentuais deaprendizes em comparação à demanda potencial estabelecida pela já referida legislação.Em um conjunto de <strong>no</strong>ve UFs, o número de vagas de aprendizagem existentes em2009 não chegava sequer a 10,0% <strong>do</strong> quantitativo potencialmente estabeleci<strong>do</strong> pelalegislação: Paraíba (3,4%), Maranhão (5,0%), Tocantins (5,2%), Pernambuco (5,4%),Santa Catarina (6,1%), Alagoas (7,3%), Pará (8,5%), Rondônia (9,3%) e Bahia (9,4%). Àexceção de Santa Catarina, todas as demais UFs desse conjunto pertenciam as regiõesNorte e Nordeste <strong>do</strong> país.Apesar de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro contarem com os maiores efetivosde contratos de aprendizes em 2009, essas UFs cumpriam apenas 13,1%, 13,2% e 11,9%respectivamente, das quotas delimitadas pela lei.Ainda que longe <strong>do</strong> que estabelece a legislação, os maiores percentuais das quotas deaprendizagem eram observa<strong>do</strong>s <strong>no</strong> Espírito Santo (28,3%), Goiás (23,9%), Ceará (21,3%),Amazonas (21,1%) e Distrito Federal (19,8%).


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 75TABELA 20NÚMERO DE CONTRATOS DE APRENDIZAGEMBRASIL E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2005/2010Unidades daFederaçãoNúmero de Contratos de Aprendizagem2005 20092010Variação %2005/2010Potencial deVagas (2009)ParticipaçãoEfetiva %(dez/2009)<strong>Brasil</strong>RondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal59.3744211381.244601.050125584192861.1255981517833722001.4015.0803.0143.68924.0022.6784963.0256187826.1901.369155.1638614693.5701592.2593193888351.0947.4252.2735032.2431.0531.0025.78115.3636.79013.39748.4188.7223.33411.1281.6441.9208.5745.639192.9591.2024644.2102093.2175634761.2301.2658.9392.6377652.7861.5241.7298.03219.2807.25017.60856.33611.4495.18515.6491.8123.0268.4377.679225,0185,5236,2238,4248,3206,4350,4720,7193,6342,3694,6341,0406,6255,8309,7764,5473,3279,5140,5377,3134,7327,5945,4417,3193,2287,036,3460,91.220.6289.3022.95016.9521.56726.6102.7147.43016.85610.66734.90916.28214.95041.32814.5059.86461.284116.56124.032112.396370.27574.86555.05380.12315.50119.26335.84128.54816,19,315,921,110,18,511,85,25,010,321,314,03,45,47,310,29,413,228,311,913,111,76,113,910,610,023,919,8Fonte: MTE - RAISElaboração: CGET/DES/SPPE/MTEConsideran<strong>do</strong>-se o conjunto <strong>do</strong>s 348 mil aprendizes contrata<strong>do</strong>s durante os a<strong>no</strong>s de2009 e 2010, observa-se um ligeiro pre<strong>do</strong>mínio de homens (54,6% <strong>do</strong> total) em relaçãoàs mulheres (45,4%). Tratan<strong>do</strong>-se da faixa etária, as informações da RAIS apontavam queera pre<strong>do</strong>minante o preenchimento de vagas de aprendizagem por me<strong>no</strong>res de 17 a<strong>no</strong>s(65,5% <strong>do</strong> total), segui<strong>do</strong> pelos jovens de 18 a 24 a<strong>no</strong>s de idade (34,3%). O percentual de0,2% restante se refere às vagas de aprendizagem que foram ocupadas por pessoas comdeficiência.O setor de serviços respondeu pela metade (cerca de 52,0%) <strong>do</strong>s contratos de aprendizagemfirma<strong>do</strong>s durante os a<strong>no</strong>s de 2009 e 2010. Em seguida, figuravam o comércio (21,0%), aindústria de transformação (20,5%) e a construção civil (3,7%). A administração públicarespondeu apenas por 0,4% das vagas preenchidas.Frente ao contexto <strong>do</strong> ainda reduzi<strong>do</strong> número de aprendizes contrata<strong>do</strong>s, o MTE vemdesenvolven<strong>do</strong> – em parceria com os mais varia<strong>do</strong>s segmentos da sociedade – diversas


76<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federaçãoiniciativas com o intuito de ampliar o número de contratos e de aperfeiçoar a aprendizagemprofissional. Por intermédio da Portaria nº 615/2007, o MTE criou o Cadastro Nacionalde Aprendizagem, destina<strong>do</strong> à inscrição das entidades qualificadas em formação técnicoprofissionalmetódica, buscan<strong>do</strong> promover a qualidade técnico-profissional <strong>do</strong>s programas ecursos de aprendizagem, principalmente em relação à sua qualidade pedagógica e efetividadesocial. Em dezembro de 2008, a Portaria nº 1.003 alterou importantes artigos da portarianº 615/2007, e acrescentou diretrizes que visam atender às <strong>no</strong>vas demandas da qualificaçãoprofissional.Em <strong>no</strong>vembro de 2008, foi realizada a I Conferência Nacional da AprendizagemProfissional. Durante a Conferência, a Portaria nº 983 instituiu o Fórum Nacional deAprendizagem Profissional, que tem como principais objetivos:Promover o contínuo debate entre instituições forma<strong>do</strong>ras, órgãos de fiscalização erepresentação de emprega<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>res;Desenvolver, apoiar e propor ações de mobilização pelo cumprimento de contrataçãode aprendizes, conforme disposto na CLT;Monitorar e avaliar o alcance das metas de contratação e efetividade na oferta deprogramas de aprendizagem profissional.Fruto de debates e acor<strong>do</strong>s firma<strong>do</strong>s durante a Conferência, a Portaria nº 990 <strong>do</strong> MTEde 27 de <strong>no</strong>vembro de 2008, criou o Selo de Responsabilidade Social de<strong>no</strong>mina<strong>do</strong>“Parceiros da Aprendizagem”, que poderá ser concedi<strong>do</strong> às entidades sociais, empresas,entidades governamentais e outras instituições que atuarem em parceria com o MTE <strong>no</strong>desenvolvimento de ações que envolvam a formação, qualificação, preparação e inserçãode a<strong>do</strong>lescentes, jovens e pessoas com deficiência <strong>no</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho.A Agenda Nacional de <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> para a Juventude 25O Decreto Presidencial de 04 de junho de 2009, que instituiu o Comitê Executivo Interministerialresponsável pela implementação da Agenda Nacional <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> e pela elaboração<strong>do</strong> Pla<strong>no</strong> Nacional de <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>, criou também um Subcomitê para promoveruma agenda nacional de <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> específica para a juventude. O decreto previatambém a instalação de um Grupo de <strong>Trabalho</strong> Consultivo da Agenda Nacional de <strong>Trabalho</strong><strong>Decente</strong> para a Juventude (ANTDJ), uma instância específica composta pelas confederaçõesempresariais - Confederação Nacional da Indústria, Confederação da Agricultura e Pecuária<strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>, Confederação Nacional <strong>do</strong> Transporte e Confederação Nacional <strong>do</strong> Comércio, deBens, Serviços e Turismo -, e pelas Centrais Sindicais – Central Única <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res,União Geral <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res, Nova Central Sindical de Trabalha<strong>do</strong>res e Força Sindical.O Subcomitê e o GT Consultivo construíram de forma tripartite um <strong>do</strong>cumento totalmenteconsensua<strong>do</strong>, a Agenda Nacional <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> para a Juventude (ANTDJ),finaliza<strong>do</strong> em outubro de 2010.O foco da Agenda são os jovens entre 15 e 29 a<strong>no</strong>s, respeitan<strong>do</strong> o grupo etário atualmenteconsidera<strong>do</strong> jovem <strong>no</strong> país (Emenda Constitucional nº 65, de 13 de julho de 2010)25Tópico basea<strong>do</strong> em Agenda Nacional de <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> para a Juventude. (MTE, 2011a).


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 77e consideran<strong>do</strong> as orientações já estabelecidas pelo Pla<strong>no</strong> Nacional de Erradicação <strong>do</strong><strong>Trabalho</strong> Infantil e de Proteção ao A<strong>do</strong>lescente Trabalha<strong>do</strong>r. Parte-se <strong>do</strong> pressuposto –estabeleci<strong>do</strong> pela legislação nacional, em conformidade com a Convenção sobre a IdadeMínima para Admissão e Emprego, 1973 (nº 138) da Organização Internacional <strong>do</strong><strong>Trabalho</strong> (<strong>OIT</strong>), ratificada pelo <strong>Brasil</strong> em 28/6/2001 – de que os 16 a<strong>no</strong>s constituem aidade mínima para o trabalho <strong>no</strong> país. Isso significa que qualquer tipo de inserção <strong>no</strong>merca<strong>do</strong> de trabalho antes dessa idade deve ser erradicada, com exceção das situações deaprendizagem estabelecidas pela Lei da Aprendizagem (Lei 10.097/2000), já mencionadaanteriormente. A defesa de oportunidades de <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> para os a<strong>do</strong>lescentes (apartir <strong>do</strong>s 15 a<strong>no</strong>s) abordada nessa proposta se faz dentro desse quadro <strong>no</strong>rmativo e selimita às situações de aprendizagem protegidas por lei. 26A elaboração e aprovação, por consenso tripartite, da ANTDJ representou um avançoimportante na definição de um marco comum entre o Gover<strong>no</strong> Federal e as organizaçõesde emprega<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>res para enfrentar esses temas e avançar na ampliaçãodas oportunidades de construção de trajetórias de <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> para a juventudebrasileira. O desafio até 2015 é disseminar essa Agenda, ampliar as iniciativas e osprocessos de diálogo social em tor<strong>no</strong> a ela em to<strong>do</strong> o território nacional, assim comoelaborar um Pla<strong>no</strong> Nacional de Emprego e <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> para a Juventude e a suaimplementação de acor<strong>do</strong> com as seguintes prioridades, definidas na ANTDJ:1) Mais e Melhor Educação: elevação <strong>do</strong> acesso e qualidade em to<strong>do</strong>s os níveis deensi<strong>no</strong> para os/as jovens, com igualdade de oportunidades e tratamento de gênero eraça, elevação da escolaridade, melhor ensi<strong>no</strong> médio profissionalizante e tec<strong>no</strong>lógico,ampliação <strong>do</strong> acesso ao ensi<strong>no</strong> superior, mais e melhor acesso ao patrimônio culturalbrasileiro; implementação de políticas públicas para garantir a observância efetiva daidade mínima de ingresso <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho conforme legislação brasileira vigente,e implementação da política pública de educação <strong>do</strong>, <strong>no</strong> e para o campo.2) Conciliação de Estu<strong>do</strong>s, <strong>Trabalho</strong> e Vida Familiar: ampliar as oportunidades epossibilidades de conciliação entre os espaços <strong>do</strong> trabalho, <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s e da vida familiare em sociedade para os/as jovens trabalha<strong>do</strong>res e estudantes, de forma que o trabalho nãose sobreponha ou prejudique as trajetórias educacionais e de integração social.3) Inserção Ativa e Digna <strong>no</strong> Mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>: mais e melhores empregos eoutras oportunidades de trabalho para os/as jovens com igualdade de tratamento e deoportunidades: a) ampliação das oportunidades de emprego assalaria<strong>do</strong> e melhoria desua qualidade; igualdade de oportunidades e de tratamento; promoção da saúde <strong>do</strong>/atrabalha<strong>do</strong>r/a; combate às causas da rotatividade; acesso à terra, trabalho e renda <strong>no</strong>campo; b) melhorias na qualidade <strong>do</strong>s empregos, com ampliação das oportunidades<strong>no</strong> campo <strong>do</strong>s “empregos verdes”; c) geração de trabalho e renda através da eco<strong>no</strong>miapopular e solidária, associativismo rural e <strong>do</strong> empreende<strong>do</strong>rismo.26Cabe mencionar que o trabalho de me<strong>no</strong>res de 18 a<strong>no</strong>s também é proibi<strong>do</strong> nas piores formas de trabalho infantil,em conformidade com a Convenção sobre a Proibição das Piores Formas de <strong>Trabalho</strong> Infantil e a Ação Imediatapara a sua Eliminação, 1999 (nº 182) da <strong>OIT</strong>, ratificada pelo <strong>Brasil</strong> em 02/02/2000. Segun<strong>do</strong> esta mesmaConvenção, são consideradas piores formas de trabalho infantil todas as formas de escravidão ou práticas análogasà escravidão, tais como a venda e tráfico de crianças, a servidão por dívidas e a condição de servo, e o trabalhoforça<strong>do</strong> ou obrigatório, inclusive o recrutamento força<strong>do</strong> ou obrigatório de crianças para serem utilizadas emconflitos arma<strong>do</strong>s, as atividades ilícitas (tais como tráfico de drogas), a exploração sexual comercial de criançase a<strong>do</strong>lescentes e o trabalho em atividades perigosas, insalubres e degradantes. O Decreto 6481, de 12/6/2008,regulamenta os artigos 3º e 4º da Convenção nº182 <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, detalhan<strong>do</strong> atividades e tipos de trabalho incluí<strong>do</strong>sdentre as piores formas.


78<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação4) Diálogo Social: ampliar e fortalecer o debate sobre as alternativas e condicionantes paraa melhor inserção juvenil <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho; estimular as condições de participaçãojuvenil urbana e rural <strong>no</strong>s instrumentos de defesa de direitos <strong>do</strong> trabalho, na organizaçãosindical e nas negociações coletivas.A ANTDJ representa uma referência fundamental para o debate e para o avanço daspolíticas públicas de educação, trabalho e renda dirigidas aos jovens <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.EVOLUÇÃO DO EMPREGO FORMAL E OCOMPORTAMENTO DA TAXA DE FORMALIDADEUma dimensão fundamental da qualidade <strong>do</strong>s postos de trabalho é a disseminação <strong>do</strong>scontratos regulares, isto é, aqueles defini<strong>do</strong>s segun<strong>do</strong> a legislação vigente e que propiciamacesso à proteção social. A redução da informalidade é, portanto, um elemento centralpara a promoção <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>.Como analisa<strong>do</strong> em publicação anterior (<strong>OIT</strong>, 2009), a informalidade aumentou <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>durante a década de 1990 27 , em função das transformações ocorridas na esfera produtivae seus respectivos des<strong>do</strong>bramentos <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho.Essa tendência foi revertida durante a década de 2000. Os níveis de formalidade passama crescer sistematicamente a partir de 2002, com maior intensidade a partir da segundametade da década. Com efeito, a Taxa de Formalidade 28 , aumentou de 48,4% para 50,6%entre 2004 e 2006, a<strong>no</strong> em que pela primeira vez, mais da metade <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res etrabalha<strong>do</strong>ras passou a ocupar um posto formal de trabalho. A tendência de crescimentoda taxa se manteve durante os a<strong>no</strong>s subsequentes e alcançou 54,3% <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009, nãosen<strong>do</strong> nem sequer afetada pela crise financeira internacional.Tal desempenho esteve diretamente associa<strong>do</strong> ao ritmo de expansão <strong>do</strong> emprego formal.Segun<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s da RAIS <strong>do</strong> MTE, entre 2003 e 2010 foram gera<strong>do</strong>s <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> 15,38milhões de postos formais de trabalho. Diante de tal desempenho, o país encerrou oa<strong>no</strong> de 2010 com um contingente de 44,07 milhões de trabalha<strong>do</strong>ras e trabalha<strong>do</strong>resemprega<strong>do</strong>s/as em postos formais, configuran<strong>do</strong> um aumento acumula<strong>do</strong> de 53,6% emum perío<strong>do</strong> de oito a<strong>no</strong>s.Este ritmo de crescimento foi equivalente a um crescimento médio anual de 5,51%, inéditona história <strong>do</strong> emprego formal para um perío<strong>do</strong> de oito a<strong>no</strong>s sucessivos, demonstran<strong>do</strong>a continuidade <strong>do</strong> processo de formalização da força de trabalho brasileira <strong>no</strong>s últimosa<strong>no</strong>s. No mesmo perío<strong>do</strong>, o crescimento médio anual <strong>do</strong> PIB foi de 4,32%, o que refleteuma relação emprego formal/produto amplamente favorável (MTE, 2010b).Vale enfatizar que a expansão <strong>do</strong> emprego formal se deu de forma generalizada emtodas as cinco Grandes Regiões e 27 Unidades da Federação <strong>do</strong> país, conforme osda<strong>do</strong>s da RAIS <strong>do</strong> MTE. É interessante chamar a atenção para o fato de que os vínculos27Ver <strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> (<strong>OIT</strong>, 2009b).28Corresponde à participação <strong>do</strong> somatório <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res com carteira assinada, inclusive os trabalha<strong>do</strong>res<strong>do</strong>mésticos, <strong>do</strong>s militares e funcionários públicos estatutários, <strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>res e <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res por contaprópria que contribuem para a previdência social, na estrutura ocupacional total.


80<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoApesar dessa evolução extremamente positiva <strong>do</strong> emprego formal, é necessário enfatizarque a informalidade ainda era uma realidade em 2009 para quase a metade <strong>do</strong>strabalha<strong>do</strong>res brasileiros, sen<strong>do</strong> ainda mais acentuada entre mulheres, negros e algumascategorias de posição na ocupação. Com efeito, mesmo diante <strong>do</strong> incremento de 5,5 p.p.entre 2004 e 2009, a Taxa de Formalidade feminina (50,7%) ainda era 6,3 p.p. inferior àmasculina (57,0%). Mesmo diante da evolução de 39,6% para 46,8% entre 2004 e 2009– que contribuiu para a redução da desigualdade por cor ou raça - a Taxa de Formalidade<strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res negros ainda era cerca de 15,0 p.p. inferior à <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res brancos(61,9%), com base nas informações da Tabela 22.Levan<strong>do</strong>-se em conta, simultaneamente, os atributos de sexo e cor ou raça, a desigualdadeentre os trabalha<strong>do</strong>res em relação a esse tema se manifesta de forma ainda maisveemente. Apesar de ter aumenta<strong>do</strong> de 35,7% para 42,5% entre 2004 e 2009, a Taxa deFormalidade das trabalha<strong>do</strong>ras negras ao final da década de 2000 era 22,3 p.p. inferioràquela correspondente aos ocupa<strong>do</strong>s <strong>do</strong> sexo masculi<strong>no</strong> de cor ou raça branca (64,8%).Ademais, em 2009, essa taxa, entre as trabalha<strong>do</strong>ras brancas (58,4%) era superior em 8,6p.p. à <strong>do</strong>s ocupa<strong>do</strong>s negros <strong>do</strong> sexo masculi<strong>no</strong> (49,8%).A proteção social associada ao contrato de trabalho, ou a contribuição previdenciária,ainda apresentava expressivos diferenciais também segun<strong>do</strong> a situação <strong>do</strong> <strong>do</strong>micílio deresidência <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>ras. Na área urbana, a Taxa de Formalidadeevoluiu de 54,8% em 2004 para 59,9% em 2009, perfazen<strong>do</strong> um incremento de 5,1 pontospercentuais ao longo de cinco a<strong>no</strong>s. Já na área rural, a taxa cresceu com maior intensidade,ao passar de 19,4% para 25,2% durante o referi<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>, corresponden<strong>do</strong> a um aumentode 5,8 pontos percentuais.Mesmo diante dessa evolução mais intensa, o nível de formalidade laboral na zonarural (25,2%) ainda era 2,4 vezes inferior ao da zona urbana (59,9%) <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009. Éimportante ressaltar que o baixo nível de formalidade nas relações de trabalho <strong>no</strong> meiorural não significa necessariamente, por extensão, baixo acesso à proteção social. Comefeito, em 2009, cerca de 7,2 milhões de pessoas figuravam na condição de segura<strong>do</strong>sespeciais rurais 29 .Vale destacar que nas regiões Norte e Nordeste a Taxa de Formalidade assumia valoresainda me<strong>no</strong>res <strong>do</strong> que a média nacional – 40,0% e 36,7%, respectivamente. Entre asmulheres negras <strong>no</strong>rdestinas, era de apenas 11,1%.A análise da formalidade por posição na ocupação 30 revela que a taxa entre as trabalha<strong>do</strong>rase trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong>mésticos evoluiu de 29,0% para 32,3% entre 2004 e 2009. Em que pesea expansão de 3,3 p.p., observa-se que apenas cerca de um terço dessa categoria contava29O Segura<strong>do</strong> Especial é defini<strong>do</strong> como o trabalha<strong>do</strong>r rural que atua com sua família em atividade indispensávelà sua subsistência, ou em condições de mútua dependência e colaboração. Nesta categoria estão incluí<strong>do</strong>s oprodutor, parceiro, meeiro e o arrendatário rurais, o garimpeiro e o pesca<strong>do</strong>r artesanal, bem como os respectivoscônjuges que exerçam suas atividades em regime de eco<strong>no</strong>mia familiar, sem emprega<strong>do</strong>s permanentes. Essesegura<strong>do</strong> está obriga<strong>do</strong> a recolher uma contribuição de 2,1% sobre a receita bruta decorrente da comercializaçãoda sua produção. É importante destacar que a Previdência Social não utiliza o conceito geográfico de residência dapopulação para identificar seus segura<strong>do</strong>s rurais. Para ela, o trabalha<strong>do</strong>r rural é aquele que desempenha atividadeprópria <strong>do</strong> meio rural, independentemente <strong>do</strong> lugar onde a atividade é desenvolvida. A partir desse conceito podeseencontrar trabalha<strong>do</strong>res que residam em área urbana, mas que ocupacionalmente sejam segura<strong>do</strong>s rurais e, damesma forma, pode se verificar o contrário.30Corresponde a proporção <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res de cada categoria de posição na ocupação que tem carteira assinadaou que contribui para a previdência social.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 81com proteção social. Em função da grande hegemonia feminina <strong>no</strong> trabalho <strong>do</strong>méstico(93,5% <strong>do</strong> total), a Taxa de Formalidade das trabalha<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>mésticas (31,0% <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de2009) era praticamente a mesma daquela referente ao conjunto total de trabalha<strong>do</strong>resdesta categoria (32,3%).Mesmo tratan<strong>do</strong>-se de uma posição na ocupação de amplo pre<strong>do</strong>mínio de mulheres, aTaxa de Formalidade masculina (51,3%) ainda era bastante superior à feminina (31,0%)em 2009. O baixo grau de formalidade nas relações de trabalho das <strong>do</strong>mésticas, associa<strong>do</strong>ao fato de que essa posição na ocupação responde por cerca de 20,0% da ocupação totalfeminina <strong>no</strong> país, contribui decisivamente para que a Taxa de Formalidade total dastrabalha<strong>do</strong>ras seja inferior a <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res, conforme analisa<strong>do</strong> anteriormente.Tratan<strong>do</strong>-se das trabalha<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>mésticas negras, o nível de informalidade nas relaçõesde trabalho era ainda mais inquietante. Em que pese a evolução da Taxa de Formalidade de25,0% para 28,6% entre 2004 e 2009, a mesma se situava 6,2 p.p. abaixo das <strong>do</strong>mésticasbrancas (34,8%), sen<strong>do</strong> de 20,0 p.p. inferior à <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong>mésticos negros(48,5%) e 27,0 p.p inferior à <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong>mésticos brancos (55,7%).Essa desigualdade se torna ainda mais preocupante em decorrência <strong>do</strong> fato de que asmulheres negras representavam 57,6% de toda a categoria de trabalha<strong>do</strong>ras e trabalha<strong>do</strong>res<strong>do</strong>mésticos <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009.Entre a população ocupada por conta própria apenas 17,2% contribuía para a previdênciasocial em 2009, ainda que essa cifra fosse 2,9 p.p. superior à observada em 2004 (14,3%).Tal proporção era me<strong>no</strong>r entre as mulheres (15,1%) em relação os homens (18,1%) eprincipalmente entre os negros (9,3%) em comparação com os brancos (25,4%). Opercentual de contribuintes entre os trabalha<strong>do</strong>res por conta própria de cor ou raçabranca <strong>do</strong> sexo masculi<strong>no</strong> (27,4%) era mais <strong>do</strong> que três vezes superior em comparaçãocom as trabalha<strong>do</strong>ras negras da mesma categoria de ocupação (8,5%).Consideran<strong>do</strong>-se as Unidades da Federação (UFs), os indica<strong>do</strong>res da Tabela 22 apontamque a Taxa de Formalidade aumentou em todas as 27 UFs entre 2004 e 2099. Algunsesta<strong>do</strong>s da região Norte apresentaram níveis de expansão da taxa bastante significativos,com destaque para o Amapá (de 33,6% para 48,0%) mediante variação de 14,3 pontospercentuais (p.p.) em apenas cinco a<strong>no</strong>s, segui<strong>do</strong> pelo Amazonas (de 37,6% para 43,9%)com cerca de 12,2 p.p., Rondônia (+11,0 p.p.) e Roraima (+10,1 p.p.).As me<strong>no</strong>res variações de crescimento da taxa foram observadas <strong>no</strong> Distrito Federal (+2,4p.p), Piauí (+3,8 p.p.) e Sergipe (+4,3 p.p.).Apesar <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> extremamente positivo de crescimento da formalidade durante asegunda metade <strong>do</strong>s a<strong>no</strong>s 2000, ainda persistiam contundentes desigualdades territoriais<strong>no</strong> país. Com efeito, em 2009, enquanto que a taxa de formalidade chegava próximo aos70,0% entre a população trabalha<strong>do</strong>ra de São Paulo (69,1%), Distrito Federal (69,0%)e Santa Catarina (68,8%), era, por outro la<strong>do</strong>, de apenas 25,9% <strong>no</strong> Piauí e de 29,9% <strong>no</strong>Maranhão (vide Tabela 22).Mesmo entre os esta<strong>do</strong>s <strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong>s de maior porte e dinamismo econômico, a formalidadelaboral ainda figurava bastante abaixo da média nacional em 2009, giran<strong>do</strong> em tor<strong>no</strong>de pouco mais de um terço <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> Ceará (35,4%) e Bahia(36,3%), sen<strong>do</strong> um pouco mais elevada entre a população ocupada de Pernambuco (41,8%).


82<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTABELA 22TAXA DE FORMALIDADE DA POPULAÇÃO DE 16 A 64 ANOS DE IDADEPOR SEXO, COR OU RAÇA E SITUAÇÃO DO DOMICÍLIOBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2004 E 2009Área GeográficaTotalHomens2004 2009Mulheres Brancos Negros Total Homens MulheresBrancosNegros<strong>Brasil</strong>Área UrbanaÁrea RuralGrandes RegiõesNorteNordesteSudesteSulCentro-OesteUnidades da FederaçãoRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal48,454,819,433,330,259,255,849,139,033,537,634,230,633,630,721,422,129,737,130,935,033,838,830,051,549,059,963,653,661,554,549,442,245,666,650,757,422,835,330,962,858,951,940,032,838,930,734,033,431,622,922,730,236,631,137,334,739,829,955,752,863,267,056,764,757,853,045,249,567,545,251,314,030,229,154,451,745,137,434,635,640,625,234,029,319,321,429,037,830,631,832,337,530,346,044,055,759,149,557,550,344,637,940,165,656,261,424,741,535,463,157,153,745,440,349,439,137,137,036,826,124,734,939,636,539,440,948,733,156,852,263,265,756,462,254,752,747,449,771,739,646,515,630,628,052,848,945,435,531,733,032,428,932,428,619,821,327,035,627,632,529,734,629,246,546,455,358,345,255,153,346,338,842,562,254,359,925,240,036,764,262,055,350,045,743,944,335,148,036,429,925,935,443,638,641,840,843,236,356,054,964,369,159,968,860,055,150,952,069,057,063,128,742,138,367,865,858,752,846,245,743,238,045,538,131,527,937,244,339,243,241,245,238,359,859,768,472,363,372,564,160,655,055,370,350,756,019,537,034,359,757,450,946,045,141,345,830,851,634,227,423,433,042,537,739,640,140,533,751,348,858,965,155,664,155,148,045,047,667,561,966,332,148,642,968,063,259,351,755,155,053,242,659,548,036,836,340,949,245,848,148,947,639,261,055,168,271,161,269,261,157,757,554,873,446,853,120,737,334,259,157,552,549,142,440,940,833,044,332,827,722,733,040,534,938,437,741,335,452,054,759,265,456,366,355,252,446,350,165,9Fonte: IBGE – PNADO conjunto <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res revela que os maiores níveis de informalidade vivencia<strong>do</strong>spelas mulheres e pelas trabalha<strong>do</strong>ras e trabalha<strong>do</strong>res negros guardam relação direta coma sobre-representação <strong>do</strong>s mesmos nas ocupações mais precárias e sem proteção social.Além da geração <strong>do</strong> emprego formal, a formalidade também vem se amplian<strong>do</strong> por conta dacriação de várias medidas de incentivo à inclusão previdenciária direcionadas aos mais diversossegmentos de trabalha<strong>do</strong>res situa<strong>do</strong>s na informalidade, dentre as quais se destacam 31 :31Destaques: ações e programas <strong>do</strong> Gover<strong>no</strong> Federal (<strong>Brasil</strong>, 2010).


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 83Microempreende<strong>do</strong>r Individual (MEI) – cria<strong>do</strong> em 2009, seu objetivo é ampliar aformalização, de forma simplificada, <strong>do</strong>s peque<strong>no</strong>s empresários que trabalham nainformalidade (a exemplo de camelôs, feirantes, vende<strong>do</strong>res autô<strong>no</strong>mos e peque<strong>no</strong>sempresários), bem como de emprega<strong>do</strong> por ele contrata<strong>do</strong>.O Empreende<strong>do</strong>r Individual é a pessoa que trabalha por conta própria e que se legalizacomo peque<strong>no</strong> empresário. Dentre as condições necessárias para enquadramento, énecessário possuir faturamento de <strong>no</strong> máximo até R$ 60 mil por a<strong>no</strong>, não ter participaçãoem outra empresa como sócio ou titular e ter um emprega<strong>do</strong> contrata<strong>do</strong> que receba osalário mínimo ou o piso da categoria.A Lei Complementar nº 128, de 19/12/2008, criou condições especiais para que o trabalha<strong>do</strong>rconheci<strong>do</strong> como informal possa se tornar um Empreende<strong>do</strong>r Individual legaliza<strong>do</strong>.Entre as vantagens oferecidas por essa lei está o registro <strong>no</strong> Cadastro Nacional de PessoasJurídicas (CNPJ), o que facilita a abertura de conta bancária, o pedi<strong>do</strong> de empréstimos e aemissão de <strong>no</strong>tas fiscais. Além disso, o Empreende<strong>do</strong>r Individual é enquadra<strong>do</strong> <strong>no</strong> SimplesNacional e se torna isento <strong>do</strong>s tributos federais (Imposto de Renda, PIS, Cofins, IPI e CSLL).A contribuição atual (em 2012) é um valor fixo mensal de R$ 31,10 correspondente a 5,0%<strong>do</strong> valor <strong>do</strong> salário mínimo nacional mais R$ 1,00 de ICMS, caso seja <strong>do</strong> setor industrialou comercial, e R$ 5,00 se for <strong>do</strong> setor de serviços. Essas quantias serão atualizadasanualmente, de acor<strong>do</strong> com a variação <strong>do</strong> salário mínimo. Mediante tais contribuições,o Empreende<strong>do</strong>r Individual passa a ter acesso a benefícios como auxílio maternidade,auxílio <strong>do</strong>ença, aposenta<strong>do</strong>ria, entre outros, o que lhe assegura proteção social.O Empreende<strong>do</strong>r Individual também pode registrar até 1 emprega<strong>do</strong>, com baixo custo –3,0% Previdência e 8,0% FGTS <strong>do</strong> salário mínimo por mês, perfazen<strong>do</strong> um valor total deR$ 68,50. O emprega<strong>do</strong> contribui com 8% <strong>do</strong> seu salário para a Previdência.Segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s divulga<strong>do</strong>s pelo Portal <strong>do</strong> Empreende<strong>do</strong>r, ao final <strong>do</strong> a<strong>no</strong> de 2011, o paíscontava com 1,87 milhão de empreende<strong>do</strong>res individuais cadastra<strong>do</strong>s. Cerca de 45,0%desse contingente é composto por mulheres e aproximadamente 1/3 por jovens de 16 a 29a<strong>no</strong>s de idade. Por outro la<strong>do</strong>, 12,4% possuem mais de 50 a<strong>no</strong>s de idade.As atividades econômicas mais procuradas em 2011 para registro e formalização deempreende<strong>do</strong>res individuais foram: comércio varejista de vestuário e acessórios; serviços decabeleireiros; lanchonetes, casas de chá, de sucos e similiares; minimerca<strong>do</strong>s, mercearias earmazéns; confecção sob medida, de peças <strong>do</strong> vestuário, exceto roupas íntimas; bares; obras dealvenaria; reparação e manutenção de computa<strong>do</strong>res; fornecimento de alimentos prepara<strong>do</strong>spreponderantemente para consumo <strong>do</strong>miciliar; e serviços ambulantes de alimentação.Ao final de 2011, as unidades federativas com maior número de empreende<strong>do</strong>resindividuais formaliza<strong>do</strong>s eram São Paulo (438 mil), Rio de Janeiro (239,5 mil), MinasGerais (184 mil), Bahia (151 mil) e Rio Grande <strong>do</strong> Sul (101,6 mil).Além <strong>do</strong> Empreende<strong>do</strong>r Individual, o país vem a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> diversas outras iniciativas para aformalização <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res e/ou inclusão previdenciária, dentre as quais se destacam: Contribuinte individual – desde 2003 os trabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>ras que prestamserviços a empresas, como autô<strong>no</strong>mos sem vínculos de emprego, têm a contribuiçãode 11,0% da sua remuneração retida pela empresa, que passou a ser responsávelpelo recolhimento, juntamente com a cota patronal.


84<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTrabalha<strong>do</strong>r <strong>do</strong>méstico – desde 2006, o/a emprega<strong>do</strong>r/a <strong>do</strong>méstico/a pode abater<strong>no</strong> Imposto de Renda de Pessoas Física (IRPF), a parte patronal da contribuiçãoprevidenciária (12,0%) sobre um/a emprega<strong>do</strong>/a e um salário mínimo.Pla<strong>no</strong> Simplifica<strong>do</strong> da Previdência Social – desde dezembro de 2006 atende atrabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>ras da eco<strong>no</strong>mia informal, presta<strong>do</strong>res de serviços semvínculo empregatício, peque<strong>no</strong>s empresários e pessoas sem renda, a exemplo de<strong>do</strong>nas de casa e estudantes. O valor pago corresponde à alíquota reduzida de 11,0%<strong>do</strong> salário mínimo. Mediante o acesso a esse Pla<strong>no</strong>, asseguram-se as aposenta<strong>do</strong>riaspor idade e invalidez, a pensão por morte, o auxílio-reclusão, o salário maternidadee o auxílio <strong>do</strong>ença.Segura<strong>do</strong> Facultativo sem Renda Própria – desde outubro de 2011, com base na Lei12.470/2011, as pessoas que se dedicam exclusivamente aos afazeres <strong>do</strong>mésticosnas famílias de baixa renda 32 podem contribuir para a Previdência Social, pagan<strong>do</strong>uma alíquota especial de 5,0% sobre o valor <strong>do</strong> salário mínimo (R$ 31,10). Parater direito à alíquota diferenciada, a pessoa deve se dedicar exclusivamenteaos afazeres <strong>do</strong>mésticos em sua residência, a família deve possuir renda de, <strong>no</strong>máximo, <strong>do</strong>is salários mínimos e estar inscrita <strong>no</strong> Cadastro Único para ProgramasSociais (CadÚnico). As pessoas seguradas têm direito aos seguintes benefícios daPrevidência Social: aposenta<strong>do</strong>ria por idade, aposenta<strong>do</strong>ria por invalidez, auxílio<strong>do</strong>ença,salário-maternidade, pensão por morte e auxílio-reclusão.Essa iniciativa beneficia diretamente as chamadas “<strong>do</strong>nas de casa”, uma vez queo trabalho de dedicação exclusiva aos afazeres <strong>do</strong>mésticos é pre<strong>do</strong>minantementeexecuta<strong>do</strong> por mulheres, conforme será aborda<strong>do</strong> <strong>no</strong> Capítulo referente à dimensãoConciliação entre <strong>Trabalho</strong>, Vida Pessoal e Vida Familiar.Segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s da Secretaria de Políticas de Previdência Social (SPSS), <strong>do</strong> contingenteaproxima<strong>do</strong> de 6 milhões de <strong>do</strong>nas de casa de famílias de baixa renda residentes<strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> 33 , apenas 5,5 mil estavam inscritas na Previdência Social até outubrode 2011. Em dezembro de 2011, apenas <strong>do</strong>is meses após a redução da alíquota, onúmero de pessoas inscritas cresceu significativamente para 52,0 mil.A IMPORTÂNCIA DO <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>NO COMBATE À POBREZAEm junho de 2011, a presidenta <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>, Dilma Rousseff, lançou o Pla<strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> semMiséria, direciona<strong>do</strong> à erradicação da pobreza extrema <strong>no</strong> país. Trata-se de um conjuntode políticas e ações voltadas a aperfeiçoar a recente estratégia e experiência brasileirade combate à pobreza e às desigualdades sociais, que vem logran<strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>s bastantesignificativos ao longo <strong>do</strong>s últimos a<strong>no</strong>s. Com efeito, entre 2003 e 2009, a pobrezareduziu-se em 36,5% – o correspondente a uma diminuição de 27,9 milhões de pobresem relação ao a<strong>no</strong> de 2003 (pessoas viven<strong>do</strong> em famílias com renda abaixo de 1/2 saláriomínimo mensal per capita). A fome, com base <strong>no</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> suplemento da PNAD <strong>do</strong>32Caso a pessoa não pertença à família de baixa renda, também poderá contribuir para a Previdência Social comosegurada facultativa. Neste caso o valor da contribuição é de, <strong>no</strong> mínimo, 11% sobre o salário mínimo, conformemenciona<strong>do</strong> na modalidade Pla<strong>no</strong> Simplifica<strong>do</strong> da Previdência Social.33A estimativa considerou as mulheres de 18 a 59 a<strong>no</strong>s de idades residentes em famílias de baixa renda e comdedicação exclusiva aos afazeres <strong>do</strong>mésticos, segun<strong>do</strong> a PNAD de 2009.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 85IBGE sobre Segurança Alimentar, foi reduzida em cerca de um quarto entre os a<strong>no</strong>s de2005 e 2009. Durante esse perío<strong>do</strong>, o número de pessoas em situação de insegurançaalimentar grave 34 diminuiu de 14,9 milhões para 11,2 milhões de pessoas.Mesmo com a significativa redução da pobreza e da desigualdade <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> ocorrida<strong>no</strong> perío<strong>do</strong> recente, a extrema pobreza <strong>no</strong> país ainda afeta 16,27 milhões de pessoas, ocorrespondente a 8,5% da população total <strong>do</strong> país, segun<strong>do</strong> estimativa elaborada peloIBGE com base <strong>no</strong>s resulta<strong>do</strong>s preliminares <strong>do</strong> Censo 2010. Entretanto, ainda persistemcontundentes desigualdades regionais, de gênero e de raça.No caso brasileiro, conforme demonstra<strong>do</strong> anteriormente, o aumento <strong>do</strong> emprego e darenda foi expressivo ao longo <strong>do</strong>s últimos a<strong>no</strong>s e contribuíram significativamente naredução da pobreza extrema e da fome. Ademais, os efeitos nefastos da crise financeirainternacional – deflagrada a partir de setembro de 2008 – demonstraram a importânciadas políticas macroeconômicas de emprego e renda na promoção da justiça social, naredução das desigualdades e na promoção <strong>do</strong> desenvolvimento sustentável.Conforme menciona<strong>do</strong> na introdução <strong>do</strong> presente capítulo referente à dimensão oportunidadesde emprego, os rendimentos oriun<strong>do</strong>s <strong>do</strong> trabalho representam a maior parcelada renda das famílias e, portanto, desempenham um papel estratégico para a superaçãoda pobreza. Conforme destacam Abramo e Guimarães (2011), além da remuneração adequada,o <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> também garante o acesso aos direitos associa<strong>do</strong>s ao trabalhoe à proteção social e, quan<strong>do</strong> combina<strong>do</strong> com aumentos de produtividade e igualdade deoportunidades e de tratamento <strong>no</strong> emprego, tem o potencial de diminuir exponencialmentea pobreza extrema e a fome por meio <strong>do</strong> aumento e melhor distribuição da renda.O acesso a um <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> permite às pessoas obter uma quantidade de bens e serviçospor meio de seus rendimentos. Ao mesmo tempo, oferece a oportunidade de proverum serviço produtivo à sociedade e expandir habilidades e talentos. Também proporcionasegurança para tomar decisões que não tenham impacto negativo sobre o desenvolvimentohuma<strong>no</strong>, evitan<strong>do</strong>, por exemplo, os efeitos <strong>do</strong> desemprego de homens e mulheres sobrea educação e alimentação <strong>do</strong>s filhos ou <strong>no</strong> estímulo ao trabalho infantil. O crescimentoeconômico tem potencial de expandir as capacidades humanas, mas, para isso, ele deveser equitativo e aumentar as oportunidades que permitam às pessoas tomar decisões sobrecomo viver uma vida que elas valorizem. Todas as oportunidades que constituem o desenvolvimentohuma<strong>no</strong> são importantes – liberdade para ir e vir e liberdade de expressão,oportunidade de acesso a serviços básicos de educação e saúde, oportunidade de acesso àmoradia digna, com água potável e saneamento, entre outras. Porém, só o acesso ao <strong>Trabalho</strong><strong>Decente</strong> pode converter o crescimento econômico em desenvolvimento huma<strong>no</strong> 35 .As informações <strong>do</strong> Índice de Desenvolvimento da Família (IDF) ratificam a importância dapromoção <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> como estratégia de combate à pobreza. O IDF mede o graude desenvolvimento e vulnerabilidade das famílias integrantes <strong>do</strong> Cadastro Único para ProgramasSociais (CAdÚnico), <strong>do</strong> gover<strong>no</strong> federal – cadastro que deve ser obrigatoriamenteutiliza<strong>do</strong> para seleção de beneficiários e integração de programas sociais <strong>do</strong> gover<strong>no</strong> federal,34Corresponde à redução quantitativa de alimentos entre as crianças e/ou ruptura <strong>no</strong>s padrões de alimentaçãoresultante da falta de alimentos entre as crianças; fome (quan<strong>do</strong> alguém fica o dia inteiro sem comer por falta dedinheiro para comprar alimentos).35CEPAL/PNUD/<strong>OIT</strong> (2008). Emprego, desenvolvimento huma<strong>no</strong> e <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>: a experiência brasileirarecente. Brasília, 2008.


86<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federaçãocomo o Bolsa Família. O IDF varia entre 0 e 1, e quanto melhores as condições da família,mais próximo de 1 será o seu indica<strong>do</strong>r. A composição <strong>do</strong> IDF em seis distintas dimensões(vulnerabilidade, acesso ao conhecimento, acesso ao trabalho, disponibilidade de recursos,desenvolvimento infantil e condições habitacionais) permite abarcar o caráter multidimensionalda pobreza e visualizar as áreas mais suscetíveis para a intervenção social e econômicaem prol da melhoria das condições de vida das famílias em situação de vulnerabilidade social.Tratan<strong>do</strong>-se da dimensão acesso ao trabalho – que além da inserção <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho,leva em conta a qualidade <strong>do</strong> posto de trabalho e o rendimento –, as informações referentesao a<strong>no</strong> de 2010 apontavam baixíssimos valores de IDF, que variavam de um mínimo de 0,17(<strong>no</strong> Acre) a um máximo de apenas 0,26 (em São Paulo) entre as 27 unidades da Federação,segun<strong>do</strong> Tabela 23. Vale enfatizar que essa dimensão é aquela a apresentar, de longe, osme<strong>no</strong>res valores de IDF entre as seis que compõem o índice. Tais informações demonstramainda mais a importância da via da inclusão produtiva por intermédio <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>como um <strong>do</strong>s principais mecanismos de superação da pobreza.TABELA 23ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO DA FAMÍLIA (IDF)UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2010Unidades daFederaçãoIDFTOTALIDFVulnerabilidadeIDFAcesso aoConhecimentoIDFAcesso ao<strong>Trabalho</strong>IDFDisponibilidade deRecursosIDFDesenvolvimentoInfantilIDFAcesso aoConhecimentoAcreParaíbaAmazonasBahiaRio Grande <strong>do</strong> NorteRondôniaTocantinsAlagoasAmapáPernambucoSergipePiauíCearáMaranhãoParáMinas GeraisGoiásMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoRoraimaEspírito SantoDistrito FederalRio de JaneiroRio Grande <strong>do</strong> SulParanáSanta CatarinaSão Paulo0,510,550,520,550,570,540,560,540,530,560,560,540,560,520,520,600,590,590,580,560,600,580,590,600,610,610,610,640,710,620,690,710,670,680,680,600,700,690,710,700,660,640,700,670,660,670,640,680,680,640,690,690,690,660,330,320,390,350,360,380,380,300,400,360,340,330,370,340,380,400,420,400,400,440,420,360,450,450,410,430,450,170,170,180,180,180,180,180,190,190,190,190,200,210,210,210,220,230,230,230,230,240,250,250,250,260,260,260,390,390,400,400,440,440,470,400,390,400,410,390,420,370,390,500,510,530,520,400,520,510,460,500,560,570,550,920,950,930,950,950,930,940,930,920,950,940,950,950,940,930,940,940,940,940,940,950,880,930,930,940,940,940,580,740,610,730,770,620,730,710,650,740,760,680,730,620,590,810,770,770,730,710,780,810,790,800,790,770,80Fonte: MDS - Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 87Cabe também ao <strong>Brasil</strong> aproveitar as oportunidades criadas pelo momentum demográficocomo forma de erradicar a pobreza mediante uma inserção laboral digna. Durante as últimasdécadas o país vem passan<strong>do</strong> por significativas transformações sociodemográficas,dentre as quais se destacam o arrefecimento <strong>do</strong> ritmo de crescimento demográfico, fruto<strong>do</strong> expressivo declínio da fecundidade, a continuidade <strong>do</strong> processo de urbanização e orápi<strong>do</strong> processo de envelhecimento populacional.O comportamento da Razão de Dependência (RD) 36 , que reflete, em linhas gerais,o peso das crianças e <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos sobre o segmento que, em princípio, poderia estarexercen<strong>do</strong> alguma atividade produtiva, permite visualizar as oportunidades em curso.A queda da fecundidade propicia um rápi<strong>do</strong> declínio na proporção de crianças de 0a 14 a<strong>no</strong>s, um leve incremento na população com 65 a<strong>no</strong>s ou mais e uma acentuadaexpansão da população potencialmente ativa (15 a 64 a<strong>no</strong>s de idade), fazen<strong>do</strong> comque a razão de dependência apresente tendência de redução. Em uma fase posterior, aproporção de crianças tende a se estabilizar enquanto o percentual de i<strong>do</strong>sos aumentasignificativamente, trazen<strong>do</strong> como consequência o aumento gradativo da razão de dependência.O perío<strong>do</strong> de transição demográfica <strong>no</strong> qual figura uma me<strong>no</strong>r proporçãorelativa de população infantil, mas sem que o percentual de i<strong>do</strong>sos seja muito eleva<strong>do</strong>,apresentan<strong>do</strong>, portanto, uma etapa intermediária na qual são maiores os percentuaisde população potencialmente ativa, é intitula<strong>do</strong> de Janela de Oportunidades ouBônus Demográfico. Durante esse perío<strong>do</strong>, são me<strong>no</strong>res as razões de dependência(me<strong>no</strong>s crianças e i<strong>do</strong>sos e mais pessoas em idade produtiva) e se cria uma conjunturafavorável para se investir na melhoria das condições de vida da população jovem epara planejar os desafios que virão com o posterior aprofundamento <strong>do</strong> processo deenvelhecimento populacional.A Razão de Dependência Total, <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, que já se reduziu de 73,2% em 1980 para 54,4%em 2000 e para 45,9% em 2010, será de aproximadamente 42,0% em 2030; ou seja, paracada 100 brasileiros em idade ativa existirão cerca de 42 crianças e i<strong>do</strong>sos. Durante operío<strong>do</strong> <strong>do</strong> bônus demográfico a força de trabalho crescerá mais rapidamente que a populaçãodependente e com isso surgirá uma janela de oportunidades para direcionar maisrecursos para o investimento <strong>no</strong> bem-estar das famílias e da eco<strong>no</strong>mia. Tal conjunturaé extremamente favorável para o aumento da produtividade econômica, já que tambémestão crescen<strong>do</strong> os níveis de escolaridade da população e aumentan<strong>do</strong> a participação dasmulheres <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho.Entretanto, as condições demográficas por si só não garantem o aproveitamento <strong>do</strong>bônus demográfico. É preciso assegurar a existência de políticas adequadas para viabilizaressa oportunidade. Diante da cobertura quase universal <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> fundamentale redução da evasão escolar, as políticas educacionais devem aproveitar o me<strong>no</strong>rnúmero de crianças a escolarizar (fruto da redução da fecundidade) para melhorara qualidade <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> e elevar o nível de escolaridade da mão de obra. É necessárioampliar, diversificar e melhorar a qualidade das políticas de qualificação profissional;além disso, elas devem caminhar em consonância com as políticas educacionais, como intuito de promover o emprego para os jovens e evitar que os grupos populacionais<strong>no</strong> auge da idade produtiva tornem-se desemprega<strong>do</strong>s ou desalenta<strong>do</strong>s sem formaçãopara o mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho.36Razão entre a população considerada potencialmente inativa (0 a 14 a<strong>no</strong>s e 65 a<strong>no</strong>s ou mais de idade) e a populaçãopotencialmente ativa (15 a 64 a<strong>no</strong>s de idade).


88<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoAs políticas de elevação da escolaridade e de educação profissional desempenham,efetivamente, um papel estratégico <strong>no</strong> combate à pobreza e às desigualdades sociais. Osda<strong>do</strong>s da RAIS <strong>do</strong> MTE demonstram que, ao longo <strong>do</strong>s últimos a<strong>no</strong>s, enquanto diminuiuo número de vínculos empregatícios formaliza<strong>do</strong>s para os trabalha<strong>do</strong>res analfabetos ouque possuem até sete a<strong>no</strong>s completos de estu<strong>do</strong> (ensi<strong>no</strong> fundamental incompleto), cercade 90,0% <strong>do</strong>s <strong>no</strong>vos empregos surgi<strong>do</strong>s exigiam pelo me<strong>no</strong>s o ensi<strong>no</strong> médio completo. Poroutro la<strong>do</strong>, os da<strong>do</strong>s da PNAD 2009 demonstravam que cerca de 40,0% <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>resque compõem a PEA nacional não tinham sequer completa<strong>do</strong> o ensi<strong>no</strong> fundamental, e que16,0% enquadravam-se na condição de analfabetos funcionais (tinham me<strong>no</strong>s de quatroa<strong>no</strong>s de estu<strong>do</strong>). Ademais, a dimensão acesso ao conhecimento – que abarca a presençade analfabetismo e os níveis de escolaridade <strong>do</strong>s membros das famílias cadastradas <strong>no</strong>CadÚnico – <strong>do</strong> Índice de Desenvolvimento da Família (IDF) demonstrava que, <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de2010, o valor <strong>do</strong> índice variava de 0,33 a 0,45 entre o conjunto das unidades da Federação<strong>do</strong> país. Esses indica<strong>do</strong>res demonstram que o combate ao analfabetismo, a elevação daescolaridade, a qualificação profissional e o acesso a um <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> são estratégicospara a superação da pobreza <strong>no</strong> país.A mobilização nacional e as políticas que serão desenvolvidas <strong>no</strong> contexto <strong>do</strong> Pla<strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>sem Miséria – que possui uma forte vertente na área da inclusão produtiva – assim comoas estratégias e diretrizes que serão definidas <strong>no</strong> âmbito da I Conferência Nacional deEmprego e <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> senti<strong>do</strong> da construção de uma política nacional deemprego e <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>, representam excelentes oportunidades para a consolidação<strong>no</strong> país de uma efetiva estratégia de combate à pobreza e às desigualdades sociais lastreadana promoção <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>.EMPREGOS VERDES: ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO DEOPORTUNIDADES DE EMPREGO, <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> ESUSTENTABILIDADE AMBIENTALAs recentes mudanças climáticas e a crise financeira internacional deflagrada em2008, são evidências inequívocas da insustentabilidade econômica e ecológica <strong>do</strong>smodelos produtivos prevalecentes na maior parte <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Frente a esse contexto,os empregos verdes assumem grande importância socioeconômica e ambiental, namedida em que representam benefícios tanto para o meio ambiente quanto para omerca<strong>do</strong> de trabalho.A preservação/valorização <strong>do</strong> meio ambiente e o desenvolvimento econômico não são,necessariamente, excludentes. Ademais, podem e devem caminhar juntos. O fomento àsatividades econômicas que reduzam o impacto ambiental e que proporcionem benefíciosà sociedade de forma sustentável é uma possível forma de aliar a sustentabilidade como processo de desenvolvimento econômico. O conceito de emprego verde se refere aoduplo desafio de preservar o meio ambiente para gerações futuras – por intermédio<strong>do</strong> enfrentamento à degradação ambiental e às mudanças climáticas – e promovero <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> para as gerações presentes, ao incorporar as pessoas excluídas <strong>do</strong>desenvolvimento econômico e social. (CAGALA y SCAGLIONI, 2011).Enquanto agência especializada <strong>do</strong> Sistema das Nações Unidas voltada para otratamento das questões relativas ao mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho, a <strong>OIT</strong> não poderia se furtar


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 89a este desafio. Nas palavras <strong>do</strong> seu Diretor Geral, “adaptar-se à mudança climáticae atenuá-la requer um ajuste a <strong>no</strong>vos modelos de uso e conservação <strong>do</strong>s recursosnaturais. As organizações de emprega<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>res e os gover<strong>no</strong>s mandantesda <strong>OIT</strong> aceitam este desafio e estão determina<strong>do</strong>s a participar, mediante o reforçoda <strong>no</strong>ssa capacidade para antecipar as mudanças, a preparar e posteriormente porem prática um processo de adaptação eficiente e justo. Por isso criamos a IniciativaEmpregos Verdes. A Iniciativa Empregos Verdes da <strong>OIT</strong> tem por objetivo aportar adimensão vital <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> à ação das Nações Unidas com vistas a aplicaruma estratégia integral sobre a mudança climática.” (Juan Somavia, em discursopronuncia<strong>do</strong> perante a Reunião de Alto Nível das Nações Unidas sobre MudançaClimática, setembro de 2007).O Programa Empregos Verdes da <strong>OIT</strong>, divulga<strong>do</strong> durante a 98ª Reunião da ConferênciaInternacional <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> em junho de 2009, enfatiza que, “para a <strong>OIT</strong>, o conceitode empregos verdes resume as transformações das eco<strong>no</strong>mias, das empresas, <strong>do</strong>sambientes de trabalho e <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s laborais rumo a uma eco<strong>no</strong>mia sustentável, queproporciona um <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> com baixo consumo de carbo<strong>no</strong>”.Segun<strong>do</strong> Muçouçah (2009), essa definição da <strong>OIT</strong> faz com que os conceitos de empregosverdes e de <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> encontrem-se intimamente vincula<strong>do</strong>s, a ponto da presença<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> se constituir em condição de existência <strong>do</strong> primeiro. Mais <strong>do</strong> que isso, ambosfiguram igualmente como atributos daquilo que seria uma eco<strong>no</strong>mia sustentável, combaixas emissões de carbo<strong>no</strong>.Além de não poder estar dissociada da <strong>no</strong>ção de um <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>, a geração deempregos verdes deve ser vista como um elemento central <strong>do</strong> processo de criação econsolidação das empresas sustentáveis. Da mesma forma que vem sen<strong>do</strong> assumida poralguns países como parte da resposta à crise econômica internacional que eclodiu emsetembro de 2008, essa proposta deve estar cada vez mais <strong>no</strong> centro das estratégias epolíticas de recuperação econômica, tal como proposto <strong>no</strong> Pacto Mundial de Empregoaprova<strong>do</strong> pelos constituintes tripartites da <strong>OIT</strong> durante a 98ª Reunião da ConferênciaInternacional <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, realizada em Genebra em junho de 2009. Nesse senti<strong>do</strong>, podeseprever que essa perspectiva tenderá também a ser incorporada de forma crescentenas agendas e pla<strong>no</strong>s nacionais, estaduais e locais de <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> que vem seconstituin<strong>do</strong> e consolidan<strong>do</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> e em vários outros países e regiões <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, apartir da iniciativa de gover<strong>no</strong>s, emprega<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>res e com o apoio técnico einstitucional da <strong>OIT</strong>. (MUÇOUÇAH, 2009).Com o intuito de demonstrar a importância e o potencial <strong>do</strong>s empregos verdes <strong>no</strong> país, oEscritório da <strong>OIT</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> começou a desenvolver – com o apoio da Embaixada Britânica<strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> – <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009 uma meto<strong>do</strong>logia voltada para a mensuração e identificação<strong>do</strong>s empregos verdes <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. A primeira aproximação meto<strong>do</strong>lógica culmi<strong>no</strong>u napublicação <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> Empregos verdes <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: quantos são, onde estão e comoevoluirão <strong>no</strong>s próximos a<strong>no</strong>s, divulga<strong>do</strong> em dezembro de 2009.Uma particularidade da definição <strong>do</strong> conceito de empregos verdes a<strong>do</strong>tada nestameto<strong>do</strong>logia é que ela se refere a postos de trabalho inseri<strong>do</strong>s em determinadas atividadeseconômicas e não a ocupações específicas. O que atribui o caráter “verde” aos postosde trabalho que esse conceito pretende designar são, antes de mais nada, os impactosambientais concretos das atividades econômicas que lhes dão origem, independentementedas funções exercidas ou <strong>do</strong> perfil profissional <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res que os ocupam.


90<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoUm <strong>do</strong>s pressupostos meto<strong>do</strong>lógicos <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> é que os postos de trabalho que seencontram sob o abrigo de um contrato formal devidamente registra<strong>do</strong> apresentam umamaior probabilidade de cumprirem os requisitos que definem o <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>do</strong>que aqueles que não estão cobertos pelos diversos dispositivos de proteção <strong>do</strong> trabalhoassalaria<strong>do</strong> conti<strong>do</strong>s na legislação trabalhista brasileira. Frente a esse contexto, a análisese concentrou <strong>no</strong>s da<strong>do</strong>s relativos ao emprego formal <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho brasileiro.Muçouçah (2009) chama a atenção para o fato de que, ao priorizar as fontes de informaçõessobre o trabalho assalaria<strong>do</strong> devidamente registra<strong>do</strong>, excluem-se desse levantamento asoutras situações de ocupação que, embora exercidas sem carteira assinada, poderiameventualmente vir a se enquadrar nas definições tanto de <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> como deempregos verdes. Este é o caso, por exemplo, de alguns postos de trabalho autô<strong>no</strong>moque contribuem para a melhoria da qualidade ambiental ao mesmo tempo em queproporcionam uma vida digna para os trabalha<strong>do</strong>res que os ocupam. Por outro la<strong>do</strong>, essamesma opção meto<strong>do</strong>lógica implicou também na exclusão, dentre outros, de um grandecontingente de cata<strong>do</strong>res de materiais recicláveis que exercem a sua atividade de maneiratotalmente informal, sem qualquer forma de proteção social, na maioria das vezes emcondições extremamente insalubres e em troca de uma baixíssima remuneração.Por fim, a escolha das atividades econômicas gera<strong>do</strong>ras de empregos verdes levou emconta a contribuição significativa para a redução das emissões de carbo<strong>no</strong> ou para amelhoria/conservação da qualidade ambiental, por intermédio de uma análise de cunhoeminentemente qualitativo. Para tanto, a análise considerou seis grandes eixos, levan<strong>do</strong>em conta inclusive as particularidades da eco<strong>no</strong>mia brasileira:a) maximização da eficiência energética e substituição de combustíveis fósseis porfontes re<strong>no</strong>váveis;b) valorização, racionalização <strong>do</strong> uso e preservação <strong>do</strong>s recursos naturais e <strong>do</strong>s ativosambientais;c) aumento da durabilidade e reparabilidade <strong>do</strong>s produtos e instrumentos de produção;d) redução da geração, recuperação e reciclagem de resíduos e materiais de to<strong>do</strong>s os tipos;e) prevenção e controle de riscos ambientais e da poluição visual, so<strong>no</strong>ra, <strong>do</strong> ar, daágua e <strong>do</strong> solo; ef) diminuição <strong>do</strong>s deslocamentos espaciais de pessoas e cargas.As atividades econômicas cujos produtos finais contribuem objetivamente para aincorporação de pelo me<strong>no</strong>s uma dessas características ao modelo vigente de produção econsumo estão prestan<strong>do</strong>, sem sombra de dúvida, um relevante serviço ao meio ambiente.Se, ao mesmo tempo, os postos de trabalho que elas oferecem apresentam as condições queconfiguram um <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> é, possível, então, classificá-los como empregos verdes.Com base nesses critérios para a identificação <strong>do</strong>s empregos o referi<strong>do</strong> estu<strong>do</strong> da <strong>OIT</strong>considerou como fonte de informação mais aderente 37 , a RAIS <strong>do</strong> MTE.Toman<strong>do</strong> como referência as características <strong>do</strong>s <strong>no</strong>vos padrões de produção e consumoque vem sen<strong>do</strong> associa<strong>do</strong>s à transição para uma eco<strong>no</strong>mia de baixas emissões de carbo<strong>no</strong>,foram analisadas cada uma das 675 classes de atividades econômicas da ClassificaçãoNacional de Atividades Econômicas (CNAE), versão 2.0, que constituem o nível mais37Com a divulgação <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s de <strong>Trabalho</strong> e Rendimento da Amostra <strong>do</strong> Censo 2010, a meto<strong>do</strong>logia demensuração <strong>do</strong>s empregos verdes <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> poderá ser aprimorada.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 91aprofunda<strong>do</strong> de desagregação das informações da RAIS. Essa análise objetivou identificaras atividades cujos produtos finais contribuem objetivamente, de maneira direta ouindireta, para a mudança <strong>do</strong>s padrões <strong>do</strong>minantes de produção e consumo na direção depelo me<strong>no</strong>s um <strong>do</strong>s atributos <strong>do</strong>s padrões alternativos. O resulta<strong>do</strong> culmi<strong>no</strong>u na seleçãode 76 classes de atividades econômicas, que foram posteriormente reagrupadas em tor<strong>no</strong>de seis grandes categorias.Produção e manejo florestalGeração e distribuição de energias re<strong>no</strong>váveisSaneamento, gestão de resíduos e de riscos ambientaisManutenção, reparação e recuperação de produtos e materiaisTransportes coletivos e alternativos ao ro<strong>do</strong>viário e aeroviárioTelecomunicações e tele-atendimentoCom base na aplicação desta meto<strong>do</strong>logia, estimou-se em 2,29 milhões o contingente deempregos verdes formais existentes em 31 de dezembro de 2006, o correspondente a 6,5%<strong>do</strong> estoque total de empregos existentes <strong>no</strong> país.Atualizan<strong>do</strong>-se a estimativa com base <strong>no</strong>s da<strong>do</strong>s da RAIS de 2010, o número de empregosverdes evoluiu para 2,90 milhões e correspondia a 6,6% <strong>do</strong> total de vínculos empregatíciosexistentes <strong>no</strong> país.Entre 2006 e 2010 foram gera<strong>do</strong>s 613 mil <strong>no</strong>vos empregos verdes, o correspondente a umaexpansão de 26,7% em apenas quatro a<strong>no</strong>s. Durante o mesmo perío<strong>do</strong>, o estoque totalde vínculos empregatícios formaliza<strong>do</strong>s se expandiu em 25,4%. Frente a esse contexto,observa-se que o ritmo de crescimento <strong>do</strong>s empregos verdes é ligeiramente superior emcomparação àquele observa<strong>do</strong> para o conjunto <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> formal de trabalho.Dentre as seis grandes categorias nas quais são agrupadas as atividades econômicasverdes, a de telecomunicações e tele-atendimento foi aquela que apresentou o maiorcrescimento absoluto (cerca de 180 mil <strong>no</strong>vos empregos) e relativo (expansão de 58,9%)entre os a<strong>no</strong>s de 2006 e 2010, de acor<strong>do</strong> com a Tabela 24.Em seguida, figuravam as categorias de manutenção, reparação e recuperação deprodutos e materiais (com 137 mil <strong>no</strong>vas vagas e incremento de 37,9% entre 2006 e 2010)e de saneamento, gestão de resíduos e de riscos ambientais (59 mil postos e aumentode 21,4%). A categoria de geração e distribuição de energias re<strong>no</strong>váveis apresentoutambém um desempenho significativo ao gerar cerca de 100 mil <strong>no</strong>vos empregos verdes(crescimento de 20,7%) durante o perío<strong>do</strong> em análise.


92<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTABELA 24NÚMERO DE EMPREGOS VERDES SEGUNDO GRANDES CATEGORIAS DEAGRUPAMENTO DE ATIVIDADES ECONÔMICASBRASIL, 2006 E 2010Grandes Categorias deAgrupamento de Atividades EconômicasProdução e manejo florestalGeração e distribuição de energias re<strong>no</strong>váveisSaneamento, gestão de resíduos ede riscos ambientaisManutenção, reparação e recuperaçãode produtos e materiaisTransportes coletivos e alternativosao ro<strong>do</strong>viário e aeroviárioTelecomunicações e tele-atendimentoTotalFonte: RAIS - Ministério <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> e EmpregoElaboração: Escritório da <strong>OIT</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>Nº de Empregos Verdes20062010133.313149.010480.497580.155276.736335.825361.819498.810735.641857.316305.499485.4632.293.505 2.906.579Variação 2006/2010Absoluta %15.69711,899.65820,759.08921,4136.99137,9121.67516,5179.96458,9613.07426,7No concernente a participação de cada categoria <strong>no</strong> contingente total de empregos verdes, oagrupamento de atividades econômicas de transportes coletivos e alternativos ao ro<strong>do</strong>viárioe aeroviário abrigava 857 mil vínculos e respondia por 29,5% <strong>do</strong> total de empregos verdes<strong>no</strong> país ao final <strong>do</strong> a<strong>no</strong> de 2010. Em seguida, com cerca de 580 mil postos (20,0% <strong>do</strong> total),se destacava a categoria de geração e distribuição de energias re<strong>no</strong>váveis.Conforme pode ser observa<strong>do</strong> na Tabela 25, a região Sudeste respondia <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2010por mais da metade (56,8%) <strong>do</strong>s empregos verdes gera<strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>, seguida pelas regiõesNordeste (16,4%) e Sul (14,4%). Com aproximadamente 879 mil vínculos empregatícios,São Paulo abrigava 30,2% <strong>do</strong> contingente nacional. As unidades federativas <strong>do</strong> Rio deJaneiro (com 368 mil ou 12,7% <strong>do</strong> total), Minas Gerais (332 mil ou 4,4%) e Paraná (177mil ou 6,1%) também se destacavam <strong>no</strong> cenário nacional.No Nordeste, Pernambuco (127,5 mil) e Bahia (125 mil) apresentavam em 2010 os maiorescontingentes de empregos verdes <strong>no</strong> contexto regional. Nas regiões Norte e Centro-Oeste,se destacavam o Pará (com cerca de 50 mil vínculos) e Mato Grosso <strong>do</strong> Sul (48 mil),respectivamente.Acompanhan<strong>do</strong> a tendência nacional, os empregos verdes apresentaram expansão em todasas Grandes Regiões entre os a<strong>no</strong>s de 2006 e 2010, sen<strong>do</strong> que <strong>no</strong> Centro-Oeste (43,7%) e <strong>no</strong>Norte (40,1%), os percentuais de expansão superaram a média nacional (26,7%).Em 25 das 27 Unidades da Federação (UFs), os empregos verdes se expandiram durante asegunda metade <strong>do</strong>s a<strong>no</strong>s 2000. Apenas <strong>no</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Norte (-4,6%) e Acre (-0,6%),observou-se declínio. Um conjunto de 11 UFs apresentou percentual de expansão acimada média nacional, com destaque para Rondônia (225,0%), Mato Grosso <strong>do</strong> Sul (69,1%),Sergipe (57,6%) e Goiás (40,8%).


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 93TABELA 25NÚMERO DE EMPREGOS VERDES NO MERCADO FORMAL DE TRABALHOBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2006 E 2010Unidades daFederaçãoNúmero de Empregos Verdes20062010Variação entre 2006 e 2010Absoluta %Participação %<strong>no</strong> Total Nacional2006 2010<strong>Brasil</strong>Região NorteRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsRegião NordesteMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaRegião SudesteMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloRegião SulParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulRegião Centro-OesteMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal2.293.50595.2408.7353.85325.7462.70241.2443.7479.213380.89231.09814.26643.62626.46632.14291.13922.79416.124103.2371.302.782248.28557.556306.087690.854355.910158.13279.906117.872158.68128.44930.00762.94037.2852.906.579133.42028.3903.83031.5303.36849.9454.85811.499475.40142.03017.84852.96825.35434.851127.57524.10925.416125.2501.650.734332.33771.063368.497878.837419.003177.42193.527148.055228.02248.09940.93388.64450.346613.07438.18019.655-235.7846668.7011.1112.28694.50910.9323.5829.342-1.1122.70936.4361.3159.29222.013347.95284.05213.50762.410187.98363.09319.28913.62130.18369.34119.65010.92625.70413.06153,685,792,977,197,6179,474,193,379,464,993,059,367,180,354,362,851,154,463,348,552,556,039,649,648,953,659,438,356,260,473,268,135,2100,04,20,40,21,10,11,80,20,416,61,40,61,91,21,44,01,00,74,556,810,82,513,330,115,56,93,55,16,91,21,32,71,6100,04,61,00,11,10,11,70,20,416,41,40,61,80,91,24,40,80,94,356,811,42,412,730,214,46,13,25,17,81,71,43,01,7Fonte: MTE - RAISMesmo ainda consistin<strong>do</strong> numa primeira aproximação meto<strong>do</strong>lógica, o conjunto das informaçõesdemonstra a importância e a potencialidade <strong>do</strong>s empregos verdes como viade promoção <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> e da sustentabilidade ambiental. A <strong>OIT</strong> continuaráenvidan<strong>do</strong> esforços em parceria com as instituições integrantes <strong>do</strong> Sistema EstatísticoNacional e com os seus constituintes, objetivan<strong>do</strong> aprimorar a identificação <strong>do</strong>s empregosverdes e, conseqüentemente, colaborar com a promoção <strong>do</strong>s mesmos.


94<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação3RENDIMENTOSADEQUADOS ETRABALHO PRODUTIVONas sociedades contemporâneas, a satisfação das necessidades da grande maioria da populaçãoestá intimamente ligada à obtenção <strong>do</strong>s rendimentos provenientes <strong>do</strong> trabalho. Épor meio deste que o trabalha<strong>do</strong>r pode ter acesso aos bens e serviços disponibiliza<strong>do</strong>s <strong>no</strong>merca<strong>do</strong> e, assim, ampliar o seu bem-estar. Essa dependência se acentua a medida queuma determinada sociedade não conta, ou conta de forma insuficiente, com políticas deproteção social e de garantia de renda.A Importância <strong>do</strong>s Rendimentos <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> naComposição da Renda FamiliarA análise da composição da renda das famílias brasileiras evidencia a importância <strong>do</strong>srendimentos oriun<strong>do</strong>s <strong>do</strong> trabalho <strong>no</strong> orçamento familiar e, consequentemente, nascondições de vida da população. Segun<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s da Pesquisa de Orçamentos Familiares(POF) 2008-2009 <strong>do</strong> IBGE, os rendimentos <strong>do</strong> trabalho correspondiam a 61,1% <strong>do</strong>rendimento total e variação patrimonial 38 das famílias. Frente a esse contexto, umasignificativa proporção das famílias brasileiras depende primordialmente <strong>do</strong>s rendimentosgera<strong>do</strong>s <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho.Tal proporção era mais expressiva em áreas urbanas (61,8%) em comparação com asrurais (53,6%), em função, sobretu<strong>do</strong>, da maior representatividade <strong>do</strong> rendimento nãomonetário<strong>no</strong> campo, conforme Tabela 26.Consideran<strong>do</strong>-se a estrutura <strong>do</strong> rendimento <strong>do</strong> trabalho, 70,7% eram referentes arecebimentos provenientes de emprega<strong>do</strong>s, enquanto que 20,2% eram provenientes deremunerações de trabalha<strong>do</strong>res por conta-própria.O rendimento <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>r participava com 9,1% <strong>do</strong> total <strong>do</strong> rendimento total e variaçãopatrimonial das famílias.A análise comparada entre os da<strong>do</strong>s da POF 2002-2003 e POF 2008-2009 indica algumasmodificações na composição da renda <strong>do</strong> trabalho. Enquanto que houve aumento daparticipação <strong>do</strong>s rendimentos oriun<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>s (de 68,5% para 70,7%) e <strong>do</strong>strabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>ras por conta-própria (de 19,9% para 20,2%), a participação<strong>do</strong> rendimento proveniente <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>r diminuiu em 2,6 pontos percentuais (de 11,7%para 9,1%).38A variação patrimonial compreende vendas de imóveis, recebimentos de heranças e o sal<strong>do</strong> positivo damovimentação financeira (depósitos e retiradas de aplicações financeiras como, por exemplo, poupança e cotas defun<strong>do</strong>s de investimento).


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 95A estrutura da composição da renda familiar variava ao longo <strong>do</strong> território nacional. Nasgrandes regiões, os rendimentos <strong>do</strong> trabalho assumiam uma maior representatividade <strong>no</strong>Centro-Oeste (66,4%) e <strong>no</strong> Norte (65,6%) em 2008-2009. No Nordeste, os rendimentos<strong>do</strong> trabalho apresentavam a me<strong>no</strong>r participação (57,8%), em função, sobretu<strong>do</strong>, da maiorparticipação das transferências 39 (22,5%) <strong>no</strong> conjunto da renda familiar.Consideran<strong>do</strong>-se as unidades da federação, as maiores participações <strong>do</strong>s rendimentosprovenientes <strong>do</strong> trabalho eram observadas <strong>no</strong> Amapá (72,8%), Amazonas (70,3%) e MatoGrosso (70,1%), segun<strong>do</strong> as informações dispostas na Tabela 26.As me<strong>no</strong>res participações se davam em cinco unidades federativas <strong>no</strong>rdestinas: Paraíba(54,9%), Piauí (55,1%), Ceará (55,7%), Rio Grande Norte (55,8%) e Pernambuco (56,5%).Acompanhan<strong>do</strong> a mesma situação já constatada para o conjunto da região Nordeste, ame<strong>no</strong>r participação <strong>do</strong>s rendimentos laborais na composição da renda das famílias residente<strong>no</strong> conjunto desses cinco esta<strong>do</strong>s era bastante influenciada pela representatividade dastransferências, que variavam de um mínimo de 24,1% em Pernambuco até significativos28,7% na Paraíba, que era exatamente o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> país a apresentar, simultaneamente,a maior participação oriunda de transferências e a me<strong>no</strong>r de rendimento <strong>do</strong> trabalho,conforme já menciona<strong>do</strong>.39Incluem as aposenta<strong>do</strong>rias e pensões pública e privada, programas sociais de transferência de renda e bolsas deestu<strong>do</strong>.


96<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTABELA 26DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DO RENDIMENTO TOTAL E VARIAÇÃO PATRIMONIAL MÉDIO MENSAL FAMILIARPOR TIPOS DE ORIGEM DOS RENDIMENTOSBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2008-2009Área Geográfica<strong>Brasil</strong>Área UrbanaÁrea RuralGrandes RegiõesNorteNordesteSudesteSulCentro-OesteUnidades da FederaçãoRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito FederalTotal100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0Distribuição <strong>do</strong> Rendimento Total e Variação Patrimonial Médio Mensal Familiar (%)Tipos de Origem <strong>do</strong>s RendimentosRendimentoTotal95,695,596,196,197,195,494,296,792,594,598,897,896,499,093,597,896,397,396,797,696,997,795,297,197,094,894,895,095,393,393,895,897,495,898,1Rendimento<strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>61,161,853,665,657,861,260,366,465,559,670,364,364,072,862,460,455,155,755,854,956,559,259,459,859,759,959,562,460,861,559,064,670,166,265,6Transferência18,518,320,513,322,518,517,116,110,89,512,814,014,512,814,220,525,425,824,928,724,125,220,518,221,919,922,515,717,114,118,814,711,215,720,2Rendimentode Aluguel e deOutras Rendas3,33,23,32,83,23,14,02,94,13,60,70,73,41,33,33,32,32,93,51,53,11,62,24,33,02,91,53,74,04,93,33,82,43,42,2RendimentonãoMonetário12,812,218,714,513,612,512,911,212,221,915,018,814,412,213,513,713,512,912,512,513,211,813,114,812,312,111,313,113,312,812,612,613,710,410,1VariaçãoPatrimonial4,44,53,93,92,94,65,83,37,55,51,22,23,61,06,52,23,72,73,32,43,12,34,82,93,05,25,25,04,76,76,24,22,64,21,9Fonte: IBGE - Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 97A Evolução <strong>do</strong> Rendimento LaboralNo <strong>Brasil</strong>, os últimos a<strong>no</strong>s foram marca<strong>do</strong>s por uma aceleração <strong>do</strong> crescimento econômico,que, por sua vez, ancorou-se, em grande medida, <strong>no</strong> fortalecimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> inter<strong>no</strong> deconsumo. Por um la<strong>do</strong>, implementou-se uma política de valorização <strong>do</strong> salário mínimo que foiimportante para a elevação <strong>do</strong>s salários <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res, bem como para o estreitamento<strong>do</strong> leque salarial - entre abril de 2003 e janeiro de 2010, o aumento real acumula<strong>do</strong> <strong>do</strong> saláriomínimo foi de 53,7%. Por outro la<strong>do</strong>, avançou-se na complementação da matriz de proteçãosocial <strong>do</strong> país, ao serem promovidas a unificação e o aumento <strong>do</strong> número de beneficiários e <strong>do</strong>valor <strong>do</strong>s benefícios <strong>do</strong>s programas de transferência de renda <strong>do</strong> gover<strong>no</strong> federal.Para as categorias mais organizadas <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res, o ambiente econômico favorávelpropiciou um crescimento expressivo <strong>do</strong> percentual de acor<strong>do</strong>s e negociações coletivasque estipulavam um reajuste real <strong>do</strong>s salários (ver capítulo referente à Dimensão DiálogoSocial e Representação de Trabalha<strong>do</strong>res e Emprega<strong>do</strong>res). Além disso, o perío<strong>do</strong>registrou uma intensificação <strong>do</strong> processo de formalização das relações de trabalho,abrin<strong>do</strong> a oportunidade para uma parcela <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res transitarem para umainserção ocupacional protegida e de rendimentos mais eleva<strong>do</strong>s.Por isso mesmo, e em sintonia com outras medidas de estímulo à demanda e de proteçãosocial 40 , a crise econômico-financeira internacional, iniciada em fins de 2008, assumiu,<strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, dimensões bem distintas <strong>do</strong> que as vivenciadas pelos países desenvolvi<strong>do</strong>s, tantoem termos de intensidade, quanto de duração <strong>do</strong>s seus efeitos 41 .Dentro desse contexto, de acor<strong>do</strong> com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios(PNAD), entre 2004 e 2009, o rendimento médio real <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res de 16 a<strong>no</strong>s oumais assinalou um crescimento contínuo, passan<strong>do</strong> de R$ 896 para R$ 1.071, o que perfazum aumento de 19,5%, não obstante a forte desaceleração econômica ocorrida em 2009,fruto da crise internacional.Entretanto, a elevação <strong>do</strong> rendimento médio real ocorreu de forma diferenciada <strong>no</strong>sdiversos estratos que compõem a população trabalha<strong>do</strong>ra. Importante destacar queindependentemente <strong>do</strong> aspecto analisa<strong>do</strong>, houve, <strong>no</strong> intervalo de tempo em questão, umadiminuição das desigualdades de renda, ainda que pequena.Sob a ótica de gênero, entre 2004 e 2009, observa-se um crescimento um pouco mais rápi<strong>do</strong> <strong>do</strong>rendimento médio das mulheres <strong>do</strong> que o <strong>do</strong>s homens: 21,6% contra 19,4%, respectivamente.Ainda assim, as mulheres auferem rendimentos inferiores aos <strong>do</strong>s homens. Em 2009, enquantoque o rendimento médio femini<strong>no</strong> mensal era de R$ 861, o <strong>do</strong>s homens foi estima<strong>do</strong> emR$ 1.218, ou seja, as mulheres recebiam, em média, 70,6% <strong>do</strong> rendimento médio masculi<strong>no</strong>.Muitos fatores explicam essas desigualdades. Entre eles, a distribuição desigual das tarefas<strong>do</strong>mésticas, que penaliza sobremaneira a inserção produtiva das mulheres, a persistência dasegmentação ocupacional por sexo e de práticas discriminatórias <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho 42 .40Com destaque para a ampliação <strong>do</strong>s investimentos <strong>do</strong> Programa de Aceleração <strong>do</strong> Crescimento – PAC, olançamento <strong>do</strong> programa de construção de moradias populares Minha Casa, Minha Vida, a redução <strong>do</strong> Impostosobre Produtos Industrializa<strong>do</strong>s – IPI para produtos seleciona<strong>do</strong>s e ampliação <strong>do</strong> seguro desemprego para ostrabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s setores mais afeta<strong>do</strong>s pela crise.41Organização Internacional <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> (<strong>OIT</strong>). <strong>Brasil</strong>: Uma Estratégia I<strong>no</strong>va<strong>do</strong>ra Alavancada pela Renda. Genebra:<strong>OIT</strong>, 2011a.42Esta questão será aprofundada <strong>no</strong> Capítulo referente à dimensão Igualdade de Oportunidades e de Tratamento<strong>no</strong> Emprego.


98<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoPor sua vez, <strong>no</strong> perío<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong>, o rendimento médio real <strong>do</strong>s negros passou de R$ 607para R$ 788 (crescimento de 29,8%), ao passo que o <strong>do</strong>s brancos variou de R$ 1.143 paraR$ 1.352 (aumento de 18,3%), conforme Tabela 27. Dessa forma, reduziu-se o diferencialde renda entre trabalha<strong>do</strong>res brancos e negros em parte devi<strong>do</strong> à ampliação <strong>do</strong> grau deescolaridade <strong>do</strong>s últimos. Enquanto que em 2004 os negros recebiam cerca de 53,0% <strong>do</strong>rendimento <strong>do</strong>s brancos, em 2009 essa relação era de aproximadamente 58,0%.É importante evidenciar que a redução <strong>do</strong>s diferenciais de rendimento tanto em termos<strong>do</strong> atributo sexo quanto de cor ou raça, foi bastante condicionada pelo processo devalorização real <strong>do</strong> salário mínimo, que aumenta mais expressivamente os rendimentosna base da pirâmide, ou seja, entre a população ocupada que recebe salário mínimo que,por sua vez, é significativamente representada por mulheres e negros.Nesse senti<strong>do</strong>, consideran<strong>do</strong> simultaneamente os atributos pessoais de gênero e raça/cor, é possível definir como extremos da escala de rendimentos <strong>do</strong> trabalho os homensbrancos e as mulheres negras. Em 2009, os homens brancos auferiam um rendimento 2,5vezes superior ao das mulheres negras (R$ 1.567 contra R$ 632), ou, dito de outro mo<strong>do</strong>,as trabalha<strong>do</strong>ras negras recebiam 40,3% <strong>do</strong> rendimento <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res brancos. Taldiferencial era um pouco maior em 2004, quan<strong>do</strong> os primeiros recebiam R$ 1.328 e asúltimas R$ 486, ou seja, apenas 35,6% em comparação aos trabalha<strong>do</strong>res brancos.As desigualdades de renda também são expressivas quan<strong>do</strong> analisadas sob o ponto devista <strong>do</strong> local de residência <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r, ainda que apresentem uma tendência de queda<strong>no</strong> perío<strong>do</strong> em análise. Entre 2004 e 2009, o rendimento médio real <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>resurba<strong>no</strong>s aumentou de R$ 962 para R$ 1.141 (elevação de 18,6%) e o <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>resrurais de R$ 489 para R$ 603 (expansão de 23,3%).Da análise <strong>do</strong> comportamento <strong>do</strong> rendimento médio real, observa-se que, entre 2004e 2009, o crescimento da renda foi mais intenso nas regiões Nordeste (34,4%) e Norte(27,4%) <strong>do</strong> que <strong>no</strong> Sudeste (16,8%), Centro-Oeste (22,8%) e Sul (23,4%), regiões de rendaper capita mais elevada. Dessa forma, o diferencial de rendimento entre a região deme<strong>no</strong>r renda (o Nordeste) e a de maior renda (o Sudeste) diminuiu de 2,2 para 1,9 vezes.Entre as Unidades da Federação, os maiores crescimentos <strong>do</strong> rendimento médio real foramregistra<strong>do</strong>s em Alagoas (50,7%), Acre (49,5%) e Paraíba (43,3%). Por outro la<strong>do</strong>, a elevação darenda foi mais modesta em São Paulo (12,4%), Mato Grosso (13,6%), Pernambuco (15,0%) eParaná (15,1%). Entre 2004 e 2009, diminuiu de 4,3 para 3,8 vezes a diferença de rendimentosentre o Distrito Federal, a Unidade da Federação de maior renda, e o Piauí, a de me<strong>no</strong>r renda.Em 13 das 27 Unidades da Federação o aumento <strong>do</strong> rendimento médio real das mulheresfoi superior ao <strong>do</strong>s homens. No Paraná, a expansão <strong>do</strong> rendimento femini<strong>no</strong> foi quase o<strong>do</strong>bro <strong>do</strong> masculi<strong>no</strong> (24,2% contra 12,8%). Contu<strong>do</strong>, em 2009, o rendimento médio realdas mulheres era inferior ao <strong>do</strong>s homens em todas as Unidades da Federação, sen<strong>do</strong> adiferença mais expressiva <strong>no</strong> Mato Grosso <strong>do</strong> Sul, onde o rendimento femini<strong>no</strong> equivaliaa 60,3% <strong>do</strong> masculi<strong>no</strong>.Um conjunto de 17 Unidades da Federação assinalou recuo na desigualdade de renda entrebrancos e negros, sen<strong>do</strong> o mais significativo verifica<strong>do</strong> <strong>no</strong> Maranhão, onde o rendimentodestes últimos cresceu quase três vezes mais <strong>do</strong> que o <strong>do</strong>s brancos. Apesar disso, a rendamédia <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res negros ainda era significativamente inferior aos <strong>do</strong>s brancos emtodas as Unidades da Federação, varian<strong>do</strong>, em 2009, de 67,3% <strong>no</strong> Amapá a 22,9% <strong>no</strong> Piauí.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 99TABELA 27RENDIMENTO MÉDIO REAL DO TRABALHO PRINCIPAL DAS PESSOAS DE 16 ANOS OU MAIS DE IDADE, POR SEXO E COR OU RAÇABRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2004 e2009Em R$Área GeográficaTotalHomens2004 2009Mulheres Brancos Negros Total Homens MulheresBrancosNegros<strong>Brasil</strong>Área UrbanaÁrea RuralGrandes RegiõesNorteNordesteSudesteSulCentro-OesteUnidades da FederaçãoRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal8969624896304511.0008939788547897917556668296995274125075835376254856325477838391.0701.1791.0311.0071.0018559728751.7561.0201.1225367325231.1871.1111.1499328308487727508877635984185466305716885117115929139551.2421.3851.2311.1821.1459841.1201.0341.9427087423434693477506127397027216897255097375924173994465074755194335094655906608508987337507796637096191.5371.1431.2036478976251.2079551.2861.1279891.1127999221.0899587895506877206988296477967771.0131.0721.2931.3371.1671.0431.0461.0.761.3261.0702.4106076563725423786595747377017336577395987456074373674135024355023855604835606467607846216886656457337231.1981.0711.1416038026061.1671.1021.2011.0661.1809309907821.0368866995676557697697187317767139649971.3051.3261.1871.3341.1681.1141.1041.0532.1771.2181.3286479176911.3771.3471.4131.2111.2551.0081.0568631.1319697856157138528327727638587741.1101.1431.5181.5461.3891.5711.3681.3351.2611.2332.4478618964826334858977969208121.0668118956458907585504935706346576296756596177627851.0271.0389111.0018958058557951.8491.3521.4158011.0888391.4001.1871.5391.3751.6041.2891.3171.0021.2731.2109168458581.0019749691.0329821.0471.2101.2481.6021.4981.3261.3971.2511.3831.4551.2892.9217888464697135158537709679041.0228348577189597766314775686396535796076916177608109271.0008229507968428618981.653Fonte: IBGE – PNADTratan<strong>do</strong>-se exclusivamente da evolução recente <strong>do</strong>s rendimentos <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> formal detrabalho, as informações da RAIS apontam que, entre 2009 e 2010, a remuneração médianacional apresentou crescimento real 43 de 2,6% (ao passar de R$ 1.698 para R$ 1.742),indican<strong>do</strong> que se manteve a tendência de incremento real <strong>do</strong>s salários, <strong>no</strong> perío<strong>do</strong> póscrise financeira internacional.43A preços de dezembro de 2010 pelo INPC.


100<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoNesse perío<strong>do</strong>, os salários médios apresentaram aumentos reais mais expressivos e acimada média nacional nas regiões Norte (4,6%), Nordeste e Sul (3,4%), sen<strong>do</strong> mais módicos<strong>no</strong> Centro-Oeste (1,7%) e <strong>no</strong> Sudeste (2,2%), segun<strong>do</strong> Tabela 28.Entre as unidades da federação, os da<strong>do</strong>s indicam que num grupo de <strong>no</strong>ve a expansão daremuneração média real situou-se abaixo daquela correspondente ao conjunto <strong>do</strong> país(2,6%), sen<strong>do</strong> que as me<strong>no</strong>res variações ocorreram <strong>no</strong> Amazonas (0,7%), Piauí (1,0%),Distrito Federal (1,3%) e São Paulo (1,5%).Os maiores níveis de crescimento <strong>do</strong>s salários foram observa<strong>do</strong>s na Paraíba (8,4%), Pará(7,5%), Rio Grande <strong>do</strong> Norte (6,2%), Mato Grosso (6,1%) e Acre (6,0%).TABELA 28REMUNERAÇÃO MÉDIA DO EMPREGO FORMAL, EM DEZEMBROBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2009 E 2010Área Geográfica<strong>Brasil</strong>Grandes RegiõesNorteNordesteSudesteSulCentro-OesteUnidades da FederaçãoRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito FederalFonte: RAIS - MTE.Elaboração: CGET/DES/SPPE/MTE* A preços de dez/10 pelo INPCValores em R$*200920101.698 1.7421.552 1.6241.3161.3611.824 1.8651.5591.6122.1372.1731.542 1.6241.6411.7381.7001.7121.901 1.9491.390 1.4952.047 2.1381.466 1.5281.3031.3411.2981.3121.207 1.2291.350 1.4341.203 1.3051.3241.3701.251 1.2851.5111.5791.387 1.4261.402 1.4661.5261.5971.971 2.0161.951 1.9791.527 1.5861.5071.5701.628 1.6661.554 1.6091.4451.5331.3931.4273.6683.714Variação %2009/20102,64,63,42,23,41,75,36,00,72,57,54,44,22,91,01,96,28,43,42,74,52,84,64,72,31,53,84,22,43,66,12,41,3


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 101O Comportamento da Concentração <strong>do</strong>s RendimentosAo longo <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> em análise observou-se uma expressiva diminuição da desigualdadede renda medida pelo Índice de Gini 44 , que passou de 0,536 para 0,506 entre 2004 e2009, conforme pode ser observa<strong>do</strong> <strong>no</strong> Gráfico 15.Gráfico 15Índice de Gini <strong>do</strong> rendimento <strong>do</strong> trabalho principaldas pessoas 16 a<strong>no</strong>s ou mais de idade ocupadas com rendimento<strong>Brasil</strong>, 2004-2009Fonte: IBGE - PNADContribuíram para essa melhoria <strong>do</strong> processo distributivo durante a segunda metadeda década de 2000, o comportamento favorável da eco<strong>no</strong>mia e <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho,sobretu<strong>do</strong> <strong>no</strong> âmbito da geração de emprego formal, e o aumento real <strong>do</strong> salário mínimo.Acompanhan<strong>do</strong> a tendência nacional, o Índice de Gini <strong>do</strong> rendimento <strong>do</strong> trabalho diminuiuem todas as grandes regiões entre 2004 e 2009, sen<strong>do</strong> que nas regiões Sul e Sudeste esseprocesso ocorreu com maior intensidade. Apesar desta melhoria <strong>no</strong> processo distributivo,as regiões Centro-Oeste e Nordeste ainda apresentavam valores <strong>do</strong> índice superiores a0,500 <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009 – 0,528 e 0,526, respectivamente, conforme Tabela 29.No âmbito das Unidades da Federação, em 20 das 27 a desigualdade <strong>no</strong>s rendimentos <strong>do</strong>trabalho diminuiu ao longo da segunda metade da década de 2000. A concentração somentenão diminuiu <strong>no</strong> Acre, Roraima e Sergipe – UFs na quais o Índice de Gini praticamenteficou estagna<strong>do</strong> – e em Alagoas, Santa Catarina, Mato Grosso <strong>do</strong> Sul e Bahia, esta<strong>do</strong>s <strong>no</strong>squais se verificou um ligeiro aumento <strong>do</strong>s níveis de concentração entre 2004 e 2009.Os maiores ritmos de redução da desigualdade <strong>no</strong> perío<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong> – traduzi<strong>do</strong>s pela intensidade<strong>do</strong> declínio <strong>do</strong> Índice de Gini – foram observa<strong>do</strong>s <strong>no</strong> Maranhão (de 0,609 para 0,511),Paraná (de 0,536 para 0,475), Pernambuco (de 0,568 para 0,509) e Espírito Santo (0,470).Frente a esse conjunto de mudanças <strong>no</strong> processo distributivo, em 2009 os níveis deconcentração <strong>do</strong>s rendimentos <strong>do</strong> trabalho ainda apresentavam bastante heterogeneidadeao longo <strong>do</strong> território nacional, varian<strong>do</strong> de um valor mínimo de 0,447 (Amapá) até omáximo de 0,587 (Piauí).44Este índice mensura a desigualdade de uma distribuição, varian<strong>do</strong> de 0 (a perfeita igualdade) até 1 (concentraçãoabsoluta ou desigualdade máxima).


102<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTABELA 29ÍNDICE DE GINI DO RENDIMENTO DO TRABALHO PRINCIPALDAS PESSOAS DE 16 ANOS OU MAIS DE IDADE OCUPADAS*BRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2004 E 2009Área Geográfica<strong>Brasil</strong>Grandes RegiõesNorteNordesteSudesteSulCentro-OesteUnidades da FederaçãoRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito FederalFonte: IBGE - PNAD* Com rendimentoÍndice de Gini20040,5360,4930,5530,5120,5030,5460,4870,5550,4590,4730,4930,4750,5340,6090,6040,5520,5380,5590,5680,4940,5210,5190,5200,5220,5080,4960,5360,4450,5010,4990,4950,5220,58420090,5060,4720,5260,4840,4710,5280,4660,5550,4510,4740,4620,4470,4930,5110,5870,5350,5140,5300,5090,5070,5220,5250,4820,4700,5030,4680,4750,4540,4760,5060,4680,4840,575É importante ressaltar que o Acre – uma das unidades federativas cuja desigualdade derendimento não diminuiu entre 2004 e 2009 – apresentava o terceiro maior nível deconcentração (0,555) dentre as 27 UFs, <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009.Na ultima parte <strong>do</strong> presente capítulo será apresentada uma aproximação de medição daproporção de trabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>ras que se encontram em pior situação em termosde seus rendimentos. Para tanto, considerou-se como trabalha<strong>do</strong>res pobres a proporçãode trabalha<strong>do</strong>ras e trabalha<strong>do</strong>res ocupa<strong>do</strong>s que viviam em <strong>do</strong>micílios cuja renda familiarper capita mensal era de até 1/4 <strong>do</strong> salário mínimo.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 103Trabalha<strong>do</strong>res PobresEntre os a<strong>no</strong>s de 2004 e 2009, reduziu-se de 7,6% para 6,6% a proporção de trabalha<strong>do</strong>respobres <strong>no</strong> país, ou seja, pessoas ocupadas que viviam em <strong>do</strong>micílios com rendimento<strong>do</strong>miciliar per capita mensal de até 1/4 <strong>do</strong> salário mínimo. A redução foi de 0,9 pontopercentual tanto entre os homens (de 7,9% para 7,0%) quanto entre as mulheres (de 7,1%para 6,2%).Tratan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> atributo cor ou raça, o declínio da proporção de trabalha<strong>do</strong>res foi maiorentre a população ocupada negra (2,0 pontos percentuais entre 2004 e 2009) <strong>do</strong> queentre a branca (0,4 ponto percentual). Entretanto, <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009, o percentual detrabalha<strong>do</strong>res pobres negros (9,8%) era quase que três vezes superior em comparação aosbrancos (3,4%).A redução da pobreza entre os trabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>ras esteve diretamente associadaao aumento real <strong>do</strong>s rendimentos laborais, sobretu<strong>do</strong> <strong>do</strong> salário mínimo, a ampliação dacobertura <strong>do</strong>s programas de transferência de renda e de previdência e assistência social –que contribuíram para o aumento <strong>do</strong> rendimento <strong>do</strong>miciliar – e também pelo incrementoda ocupação, principalmente <strong>do</strong> emprego formal.Como menciona<strong>do</strong> anteriormente, a política de valorização <strong>do</strong> salário mínimo, em vigordesde 2007 45 , serviu como um importante indutor <strong>do</strong> crescimento <strong>do</strong>s rendimentos<strong>do</strong> trabalho, da diminuição das desigualdades de renda e da dinamização da demandaagregada, uma vez que os principais beneficiários de tal política possuem uma altapropensão marginal a consumir, ou seja, ganhos adicionais de renda são prioritariamentecanaliza<strong>do</strong>s para o consumo. Entretanto, é importante ressaltar que o salário mínimoreal vem crescen<strong>do</strong> desde 1996, ainda que <strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s os ganhos reais tenham seacentua<strong>do</strong> consideravelmente.Apesar da diminuição observada durante a segunda metade da década de 2000, aproporção de trabalha<strong>do</strong>res pobres continuava bastante mais elevada entre a área rural(20,0% em 2009) comparativamente à urbana (3,9%).A exceção da região Centro-Oeste, o percentual de trabalha<strong>do</strong>res pobres decli<strong>no</strong>u em todasas demais entre 2004 e 2009. Essa redução foi de 2,6 pontos percentuais na região Nordeste(ao passar de 19,1% para 16,5%), aquela que apresentava o maior percentual <strong>do</strong> país. Apesarda relevância desta redução em apenas cinco a<strong>no</strong>s, as desigualdades regionais ainda eramcontundentes <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009, uma vez que a proporção de trabalha<strong>do</strong>res pobres era inferiora 3,0% nas regiões Sudeste (2,3%), Sul (2,4%) e Centro-Oeste (2,8%) enquanto assumiavalores eleva<strong>do</strong>s nas regiões Nordeste (16,5%) e Norte (9,6%), conforme Tabela 30.Em 20 das 27 unidades federativas a proporção de trabalha<strong>do</strong>res pobres decli<strong>no</strong>u entre osa<strong>no</strong>s de 2004 e 2009, sen<strong>do</strong> que as variações mais intensas foram observadas exatamentenas regiões Norte e Nordeste, que apresentavam maior incidência de população em situaçãode extrema pobreza, conforme será evidencia<strong>do</strong> <strong>no</strong> capítulo de Seguridade Social.45Na verdade, a valorização <strong>do</strong> salário mínimo tor<strong>no</strong>u-se objeto de campanha das centrais sindicais brasileiras em2004. No entanto, somente após três a<strong>no</strong>s uma regra permanente de recuperação <strong>do</strong> poder de compra <strong>do</strong> saláriomínimo foi institucionalizada e posta em prática. Tal política baseia-se na reposição inflacionária <strong>do</strong> a<strong>no</strong> anterior,com base <strong>no</strong> Índice Nacional de Preços ao Consumi<strong>do</strong>r – INPC, acrescida da variação <strong>do</strong> PIB de <strong>do</strong>is a<strong>no</strong>s antes.


104<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoA proporção de trabalha<strong>do</strong>res pobres <strong>no</strong> conjunto da população ocupada variavasignificativamente <strong>no</strong> território nacional. No a<strong>no</strong> de 2009, em quatro unidades federativasessa proporção era inferior a 2,0%: Santa Catarina (1,1%), São Paulo (1,3%), Distrito Federal(1,4%) e Rio de Janeiro (1,7%). Por outro la<strong>do</strong>, e mesmo diante <strong>do</strong> declínio menciona<strong>do</strong>durante a segunda metade da década, os esta<strong>do</strong>s <strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong>s ainda contavam compercentuais expressivos de trabalha<strong>do</strong>res pobres <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009, sobretu<strong>do</strong> em Alagoas(21,5%), Piauí (19,8%) e Maranhão (19,7%). Vale ressaltar que entre os trabalha<strong>do</strong>resnegros de Alagoas essa proporção alcançava 24,1%.TABELA 30PERCENTUAL DE PESSOAS OCUPADAS DE 16 ANOS OU MAIS DE IDADE QUE VIVE EM DOMICÍLIOS PARTICULARESPERMANENTES COM RENDIMENTO DOMICILIAR PER CAPITA DE ATÉ 1/4 DO SALÁRIO MÍNIMO, NA POPULAÇÃOOCUPADA COM 16 ANOS OU MAIS DE IDADE, POR SEXO E COR, SEGUNDO A SITUAÇÃO DO DOMICÍLIOBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO - 2004 e 2009Área GeográficaTotalHomens2004 2009Mulheres Brancos Negros Total Homens MulheresBrancosNegros<strong>Brasil</strong>Área UrbanaÁrea RuralGrandes RegiõesNorteNordesteSudesteSulCentro-OesteUnidades da FederaçãoRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal7,64,421,010,019,12,53,02,84,214,610,115,710,39,112,128,423,719,614,417,017,625,110,816,04,94,61,71,43,41,43,63,23,62,42,07,94,620,710,619,72,53,03,04,415,210,718,410,99,912,428,925,020,415,418,517,926,311,316,34,84,91,71,33,61,33,53,44,02,52,17,14,121,59,018,22,63,02,53,813,59,010,69,47,811,727,822,018,613,014,717,223,210,115,75,14,11,71,53,11,63,63,03,02,21,93,82,113,56,114,41,52,51,53,110,66,113,46,46,26,723,017,915,012,912,014,815,16,211,23,03,71,10,92,41,23,31,81,41,51,311,87,326,411,321,14,25,83,74,815,611,716,511,410,014,030,225,622,015,319,919,230,812,717,46,75,32,62,66,23,65,84,65,03,12,66,63,920,09,616,52,32,42,86,912,58,26,311,46,67,919,719,816,811,215,215,321,514,615,64,34,21,71,32,81,12,82,83,92,81,47,04,020,010,217,12,32,42,87,013,39,36,411,87,48,320,820,117,212,216,516,022,915,215,94,33,91,81,32,71,12,82,83,82,71,66,23,719,98,715,52,32,52,86,811,56,76,010,75,37,417,919,516,39,713,214,219,113,915,14,44,51,61,33,01,12,82,74,02,91,23,41,912,85,313,01,41,92,05,27,74,32,76,05,73,817,715,913,98,310,710,314,511,114,02,83,41,00,92,40,82,12,42,42,00,99,86,024,710,917,83,54,53,47,814,39,37,612,96,99,220,321,018,112,817,618,024,116,116,15,64,82,72,03,73,16,23,14,93,31,8Fonte: IBGE – PNAD


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 1054JORNADA DE<strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>A regulação da jornada de trabalho requer uma conciliação de interesses, <strong>no</strong>rmalmentedivergentes, entre os atores sociais que participam da atividade produtiva, ou seja,trabalha<strong>do</strong>res e emprega<strong>do</strong>res. Nesse aspecto, o Esta<strong>do</strong> tem um importante papelde media<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s conflitos e de defini<strong>do</strong>r de um arcabouço legal que regule as relaçõese condições de trabalho. Adicionalmente, <strong>no</strong>s países democráticos os acor<strong>do</strong>s e asconvenções coletivas, frutos da negociação entre emprega<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>res, podemversar sobre o tempo de trabalho de categorias profissionais específicas.A primeira convenção da <strong>OIT</strong>, de 1919, tratou justamente da jornada de trabalho,limitan<strong>do</strong>-a a oito horas diárias e a 48 horas semanais para os trabalha<strong>do</strong>res da indústria.Onze a<strong>no</strong>s mais tarde, a convenção de número 30 estendeu tais recomendações aostrabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> comércio. A jornada de trabalho de 40 horas foi objeto, em umprimeiro momento, da Convenção sobre as Quarenta Horas, 1935 (nº 47) e, em seguida,da Convenção sobre a Revisão <strong>do</strong>s Artigos Finais, 1961 (nº 116). Não obstante, somente<strong>no</strong>s tempos atuais as legislações que regulamentam as jornadas de trabalho <strong>no</strong> mun<strong>do</strong>parecem convergir para um padrão de 40 horas semanais 46 .No <strong>Brasil</strong>, a limitação legal da jornada de trabalho remonta a 1932, quan<strong>do</strong> o Decreto n° 21.365estipulou uma jornada de oito horas diárias ou 48 horas semanais para os trabalha<strong>do</strong>res daindústria. Tal Decreto, porém, previa a possibilidade de jornadas de até 10 horas diárias ou 60horas semanais. Excepcionalmente, uma jornada de 12 horas por dia também era permitida.Em 1934, a Constituição determi<strong>no</strong>u uma jornada de oito horas por dia ou 48 horassemanais, sen<strong>do</strong> faculta<strong>do</strong> ao emprega<strong>do</strong>r a sua extensão por meio de horas extraordinárias.Com o advento da Consolidação das Leis <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> (CLT) as horas extraordináriasforam limitadas a duas horas diárias e estipulou-se que a sua remuneração deveria ser20% superior à remuneração das demais horas de trabalho.Com a Constituição de 1988, a jornada de trabalho máxima <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> passou a ser de 44horas semanais, enquanto que o valor <strong>do</strong> adicional de hora extra foi eleva<strong>do</strong> para 50,0%.Mais recentemente, em 1998, ampliou-se o prazo para compensação das horas extras deuma semana para um a<strong>no</strong>, instituin<strong>do</strong> o chama<strong>do</strong> banco de horas.Para além da regulamentação legal da jornada de trabalho, é importante pontuar que nasúltimas décadas a linha divisória entre tempo de trabalho e tempo dedica<strong>do</strong> à vida pessoaltem se torna<strong>do</strong> cada vez mais tênue, em um contexto de intensa revolução tec<strong>no</strong>lógica e deexacerbação das pressões competitivas decorrentes da globalização econômico-financeira,o que dificulta sobremaneira a sua mensuração efetiva.46LEE, Sangheon; MCCANN, Deirdre; MESSENGER, Jon. Duração <strong>do</strong> trabalho em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>: tendências dejornadas de trabalho, legislação e políticas numa perspectiva global comparada. Brasília: <strong>OIT</strong>, 2009.


106<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoMédia de Horas Semanais TrabalhadasDe acor<strong>do</strong> com a PNAD, entre 2004 e 2009 o tempo médio de trabalho <strong>do</strong>s ocupa<strong>do</strong>s<strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> manteve-se estável em 40 horas semanais. Entretanto, observa-se também areprodução, ao longo desse perío<strong>do</strong>, de diferenças significativas das jornadas de trabalhoremunera<strong>do</strong> cumpridas por homens e mulheres (43 horas contra 36 horas, em 2009) e entreos trabalha<strong>do</strong>res residentes nas zonas urbana e rural (41 horas e 36 horas respectivamente,em 2009), segun<strong>do</strong> Tabela 31. No que toca ao quesito raça/cor, não são observadasdiferenças substanciais entre as jornadas de trabalho de brancos (40 horas) e negros (39horas) <strong>no</strong> a<strong>no</strong> em questão.TABELA 31MÉDIA DE HORAS SEMANAIS TRABALHADAS PELAS PESSOAS OCUPADAS DE 16 ANOS OU MAIS DE IDADE, POR SEXO E COR OU RAÇABRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2004 E 2009Área GeográficaTotalHomens2004 2009Mulheres Brancos Negros Total Homens MulheresBrancosNegros<strong>Brasil</strong>Área UrbanaÁrea RuralGrandes RegiõesNorteNordesteSudesteSulCentro-OesteUnidades da FederaçãoRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal4041374038424142403841394041393932383836393939384040424241424142424341444443434245454644424341444344443742424042424241454545454545454747474336372734323736363332383534383132253333313335343234353839363836353537394141384038424142403940394141384032383937394038374140424241424142434341404135403841414240374139404139383238383639393938404142434143414241434140413639384140404039393839393739323838383938373739394142404240394041404343414241444444434341414241424237424241424140414343444443444343444542363727343337363634343635343631342634333435343333343537393638363435363840413739384140404039393940393839343839393938383739394142404240394041403940353938414041403939383839373931383838393937383939414240423940404140Fonte: IBGE - PNAD


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 107No tocante ao trabalho femini<strong>no</strong>, é importante lembrar que as mulheres ainda são asmaiores responsáveis pela realização das tarefas <strong>do</strong>mésticas e familiares. Além dessasatividades ainda não serem socialmente reconhecidas como eco<strong>no</strong>micamente produtivas,o peso de tais responsabilidades muitas vezes as obrigam a se submeterem a contratosde trabalho em tempo parcial e, portanto, a jornadas de trabalho remunera<strong>do</strong> de me<strong>no</strong>rduração (A esse respeito, ver capítulo referente à dimensão Conciliação entre <strong>Trabalho</strong>,Vida Pessoal e Vida Familiar).Entre 2004 e 2009, a jornada de trabalho semanal média recuou na maioria das regiõesbrasileiras: <strong>no</strong> Norte variou de 40 para 39 horas; <strong>no</strong> Sudeste de 42 para 41 horas; <strong>no</strong> Sul de41 para 40 horas e <strong>no</strong> Centro-Oeste de 42 para 40 horas. A única exceção ficou por conta<strong>do</strong> Nordeste, onde a jornada de trabalho semanal média permaneceu estável (38 horas) .Entre as Unidades da Federação, as reduções mais expressivas da jornada de trabalhosemanal média foram registradas <strong>no</strong> Mato Grosso <strong>do</strong> Sul (me<strong>no</strong>s 3 horas) e, em me<strong>no</strong>rmedida, <strong>no</strong> Amazonas, Amapá, Tocantins, Sergipe, Mato Grosso e Goiás, com umadiminuição de duas horas cada uma. Por outro la<strong>do</strong>, a jornada de trabalho semanalaumentou na Paraíba (2 horas) e <strong>no</strong> Acre (uma hora). Em 2009, São Paulo e Santa Catarinaostentavam as maiores jornadas de trabalho entre as Unidades da Federação brasileira,ambas com 42 horas semanais. Já o Piauí detinha a me<strong>no</strong>r jornada: 32 horas semanais.Em termos de gênero, verifica-se que a jornada de trabalho semanal média masculinarecuou, entre 2004 e 2009, em 19 das 27 Unidades da Federação, e a das mulheressomente em oito. Ainda assim, a jornada de trabalho <strong>do</strong>s homens é sensivelmentesuperior à das mulheres em todas as Unidades da Federação, sen<strong>do</strong> tal diferença maisexpressiva <strong>no</strong> Tocantins e <strong>no</strong> Piauí (onde a jornada masculina é superior à femininaem 11 horas) e mais comedida <strong>no</strong> Distrito Federal (onde a masculina supera a femininaem 4 horas semanais).As diferenças de jornadas de trabalho entre brancos e negros são me<strong>no</strong>s acentuadas.Nesse senti<strong>do</strong>, é importante destacar que em 16 Unidades da Federação elas são idênticas,enquanto que em oito a <strong>do</strong>s brancos supera a <strong>do</strong>s negros e em três ocorre o inverso. Noperío<strong>do</strong> em análise, a jornada <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res brancos diminuiu em 14 e a <strong>do</strong>s negrosem 18 Unidades da Federação.As jornadas de trabalho também oscilam de forma acentuada quan<strong>do</strong> analisadas sobo ponto de vista <strong>do</strong>s setores de atividade econômica. Nesse senti<strong>do</strong>, têm-se, de umla<strong>do</strong>, setores como o de transporte, armazenagem e comunicação e o de alojamento ealimentação que, em 2009, assinalaram uma jornada semanal média de 46 e 45 horas,respectivamente; de outro, <strong>no</strong>tabilizam-se pela presença de jornadas de trabalho me<strong>no</strong>resas atividades mal definidas (34 horas), agrícola (35 horas) e de educação, saúde e serviçossociais (35 horas). (Tabela 32).Mesmo ainda apresentan<strong>do</strong> a segunda maior média de horas semanais trabalhadas em2009, é importante ressaltar que o setor de alojamento e alimentação, figurava entreaqueles que apresentaram, em números absolutos, a maior redução da jornada laboral emcomparação ao a<strong>no</strong> de 2004 – de 46 para 44 horas. Os outros setores que apresentaramredução de duas horas na jornada média semanal foram: serviços <strong>do</strong>mésticos (de 38para 36 horas) e atividades mal definidas (onde a redução foi de três horas: de 37 para34 horas).


108<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTABELA 32MÉDIA DE HORAS SEMANAIS TRABALHADAS PELAS PESSOAS OCUPADASDE 16 ANOS OU MAIS DE IDADE POR SETOR DE ATIVIDADE ECONÔMICABRASIL, 2004 E 2009Setores deAtividade EconômicaTotalAgrícolaOutras atividades industriaisIndústria de transformaçãoConstruçãoComércio e reparaçãoAlojamento e alimentaçãoTransporte, armazenagem e comunicaçãoAdministração públicaEducação, saúde e serviços sociaisServiços <strong>do</strong>mésticosOutros serviços coletivos, sociais e pessoaisOutras atividadesAtividades mal definidasMédia de Horas Semanais2004200940403635444342424443444347454746393935353836373641413734Fonte: IBGE – PNADContu<strong>do</strong>, a interpretação das médias aritméticas deve ser feita com cautela, uma vez que não épossível por meio deste indica<strong>do</strong>r ter uma dimensão exata da dispersão <strong>do</strong>s valores analisa<strong>do</strong>s.É importante destacar que, embora em tendência declinante, ainda é significativo o percentualde trabalha<strong>do</strong>res que exercem uma jornada de trabalho superior a 44 horas semanais assimcomo não é desprezível o percentual <strong>do</strong>s que cumprem jornadas de trabalho superiores a 48horas semanais, conforme será analisa<strong>do</strong> <strong>no</strong> tópico a seguir.Trabalha<strong>do</strong>res e Trabalha<strong>do</strong>ras com Jornada de<strong>Trabalho</strong> Semanal Superior a 44 horas e 48 horasEntre 2004 e 2009 observou-se uma significativa redução da proporção de pessoasocupadas com jornada de trabalho semanal superior a 44 horas, que corresponde ao atuallimite estabeleci<strong>do</strong> pela legislação brasileira – de 36,4% para 29,8%.Da análise desagregada por sexo, constata-se que os homens tendem a se submeter deforma mais freqüente a jornadas de trabalho de maior duração: <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009, 36,6% e19,7% <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> sexo masculi<strong>no</strong> exerciam uma jornada de trabalho semanalmédia superior a 44 e a 48 horas, respectivamente. As diferenças, embora existam, sãome<strong>no</strong>s representativas <strong>no</strong> que diz respeito aos quesitos raça/cor e local de residência.Na totalidade das regiões brasileiras houve, nesse perío<strong>do</strong>, uma diminuição da proporçãoda população ocupada com 16 a<strong>no</strong>s ou mais de idade com jornada de trabalho semanalsuperior a 44 horas: 11,3 pontos percentuais <strong>no</strong> Centro-Oeste; 9,0 p.p. <strong>no</strong> Norte; 7,9 p.p.<strong>no</strong> Nordeste; 7,6 p.p. <strong>no</strong> Sudeste e 3,5 p.p <strong>no</strong> Sul. Os recuos mais expressivos foramassinala<strong>do</strong>s <strong>no</strong> Mato Grosso (18,6 p.p.), Mato Grosso <strong>do</strong> Sul (13,9 p.p.), Amapá (13,5p.p.), Goiás (10,8 p.p.) e Minas Gerais (10,7 p.p.). As únicas Unidades da Federação quenão contabilizaram uma redução da proporção de ocupa<strong>do</strong>s com jornada acima de 44horas semanais foram Roraima (crescimento de 0,9 p.p.) e Acre (elevação de 0,2 p.p.).


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 109Em 2009, o percentual de trabalha<strong>do</strong>res submeti<strong>do</strong>s a jornadas superiores a 44 horassemanais variava de 16,9% <strong>no</strong> Piauí a 34,6% em Goiás.Sob a ótica de gênero, constata-se que as reduções <strong>do</strong> percentual de ocupa<strong>do</strong>s que trabalhamacima de 44 horas por semana foram mais significativas entre os homens <strong>do</strong> queentre as mulheres. Por exemplo, <strong>no</strong> Mato Grosso, esse percentual se reduziu de 61,2%,para 37,2% entre 2004 e 2009, segun<strong>do</strong> Tabela 33. Quedas expressivas também foramverificadas <strong>no</strong> Mato Grosso <strong>do</strong> Sul (16,8 p.p.) e <strong>no</strong> Amapá (14,2 p.p.). Entre as mulheres,estas mesmas Unidades da Federação se destacam: reduções de 12,4 p.p. <strong>no</strong> Amapá, de10,3 p.p. <strong>no</strong> Mato Grosso e de 9,4 p.p. <strong>no</strong> Mato Grosso <strong>do</strong> Sul.TABELA 33PROPORÇÃO DA POPULAÇÃO OCUPADA DE 16 ANOS OU MAIS DE IDADE COM JORNADA DE TRABALHOSEMANAL ACIMA DE 44 HORAS, POR SEXO E COR OU RAÇABRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2004 E 2009Área GeográficaTotalHomens2004 2009Mulheres Brancos Negros Total Homens MulheresBrancosNegros<strong>Brasil</strong>Área UrbanaÁrea RuralGrandes RegiõesNorteNordesteSudesteSulCentro-OesteUnidades da FederaçãoRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal36,437,232,838,536,538,332,441,933,732,337,127,339,635,935,937,420,533,434,028,434,737,430,030,139,040,241,037,435,234,633,842,748,045,429,744,844,944,446,343,146,140,151,544,141,443,333,048,840,947,946,526,340,141,434,042,044,037,637,149,351,448,644,944,743,442,853,861,256,935,724,927,114,226,827,528,122,629,118,518,827,016,625,028,417,525,612,824,223,020,124,026,719,71 9,625,325,231,027,322,723,122,327,428,228,522,735,835,537,235,435,036,931,739,732,033,530,724,040,430,634,538,319,133,136,230,733,338,225,428,738,836,939,836,034,533,933,741,348,243,525,637,139,429,639,637,240,835,743,834,732,039,628,539,437,636,437,121,033,532,627,135,537,031,930,539,143,042,641,137,341,234,643,947,846,933,329,830,327,429,528,630,728,930,628,932,530,128,230,522,426,232,916,931,829,826,030,631,727,926,728,331,431,131,727,530,629,328,829,434,624,336,636,636,536,134,637,636,338,636,441,335,234,236,926,735,740,421,537,636,530,035,638,035,032,736,339,637,738,134,837,437,137,037,243,230,120,722,112,620,020,121,719,720,017,920,422,720,021,016,013,221,111,324,119,619,523,221,918,518,318,320,622,523,318,321,819,818,017,923,017,229,429,131,429,727,730,228,828,929,333,630,926,431,418,723,833,219,730,329,325,828,330,027,024,729,130,931,230,227,230,229,327,628,532,622,230,231,524,829,529,031,329,531,928,632,129,828,930,223,627,032,716,032,430,126,131,932,428,327,327,731,730,934,428,433,129,629,929,935,925,8Fonte: IBGE - PNAD


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 111Essa mesma tendência de redução era observada na grande maioria das UFs, com trêsexceções: Acre (cujo percentual de população ocupada que trabalhava mais de 48 horaspor semana aumentou de 13,6% para 19,6%) e <strong>no</strong>s esta<strong>do</strong>s da Bahia e Roraima, cujopercentual ficou estagna<strong>do</strong> ao re<strong>do</strong>r de 14,0% ao longo <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> em análise.As UFs com maior intensidade de redução – em tor<strong>no</strong> de 9,0 pontos percentuais – foramAmapá, Mato Grosso <strong>do</strong> Sul e Mato Grosso.Mediante esse conjunto de tendências, ao final da década de 2000 os esta<strong>do</strong>s com maioresproporções de população ocupada com jornada superior a 48 horas eram: Santa Catarina(19,9%), Alagoas (19,5%) e Acre e Goiás (19,0%). As me<strong>no</strong>res proporções eram observadasPiauí (7,7%) e Amapá (8,1%).Área Geográfica<strong>Brasil</strong>Área UrbanaÁrea RuralGrandes RegiõesNorteNordesteSudesteSulCentro-OesteUnidades da FederaçãoRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito FederalFonte: IBGE18,116,818,921,324,418,413,614,714,120,117,818,023,010,016,317,617,018,824,215,213,919,119,518,918,820,721,321,924,327,227,014,022,120,423,928,331,925,216,717,617,023,722,123,528,312,119,121,720,022,528,119,917,125,125,722,923,527,828,328,832,036,134,817,0TABELA 35PROPORÇÃO DA POPULAÇÃO DE 16 ANOS OU MAIS DE IDADE OCUPADA COMJORNADA DE TRABALHO SEMANAL ACIMA DE 48 HORAS, POR SEXO E COR OU RAÇABRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2004 E 20092004 2009Total Homens Mulheres Brancos Negros Total Homens Mulheres19,119,119,124,123,725,812,213,18,219,718,824,418,519,515,215,615,814,919,719,620,110,210,96,311,811,812,312,213,98,58,910,08,514,311,59,616,17,212,511,412,413,417,89,09,011,311,213,712,411,212,113,213,713,815,610,317,817,719,121,124,415,916,411,812,922,118,618,124,59,016,517,319,419,826,712,213,720,620,419,218,420,220,622,025,127,926,714,018,216,518,722,624,419,712,815,814,519,617,718,022,510,316,217,715,518,222,716,513,917,718,818,519,622,327,221,123,626,727,214,014,314,815,417,916,716,019,011,914,214,68,115,817,17,715,616,414,715,619,512,413,814,314,214,916,216,519,917,915,118,219,010,817,717,919,523,421,621,525,014,217,017,510,321,620,610,217,820,916,418,223,215,817,319,118,118,620,121,625,624,020,223,324,214,29,210,510,110,910,18,010,68,710,310,24,77,911,74,712,89,711,911,813,87,99,18,39,110,211,110,012,710,68,410,712,06,7Brancos16,215,818,615,114,515,818,216,216,319,113,515,415,95,513,816,88,416,016,115,014,316,713,213,015,415,215,715,916,819,818,514,917,918,410,8Negros15,115,812,414,014,914,916,317,015,818,911,513,714,28,916,417,27,515,516,614,516,420,612,114,113,413,414,016,715,720,715,315,318,319,410,8


112<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoCONCILIAÇÃO ENTRETRABALHO, VIDA PESSOAL5E VIDA FAMILIARA conciliação entre o trabalho e a vida pessoal e familiar está intrinsecamente relacionadaao conceito de <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>, principalmente <strong>no</strong> que tange à liberdade, inexistênciade discriminação e capacidade de assegurar uma vida digna a todas as pessoas que vivemde seu trabalho. É uma dimensão central de uma estratégia de promoção da igualdade degênero <strong>no</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho e exige a articulação de ações <strong>no</strong>s mais diversos âmbitos -político, social, governamental, empresarial e individual – que possam conduzir a uma<strong>no</strong>va organização <strong>do</strong> trabalho e da vida familiar.Nesse contexto, é necessário avançar <strong>no</strong> rompimento <strong>do</strong>s mecanismos tradicionais de divisãoentre o trabalho produtivo e reprodutivo que perpetuam desigualdades e discriminaçõesde gênero, fazen<strong>do</strong> com que o maior peso das responsabilidades familiares recaiafundamentalmente sobre as mulheres, com consequências negativas em relação às suasoportunidades de acesso a um <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>, assim como sobre a vida familiar.Apesar de constituir-se como dimensão de suma importância para o <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>,o processo de definição <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res para monitorar a temática ainda está em construção.O presente Capítulo faz um <strong>no</strong>vo esforço de abordagem desse tema, incluin<strong>do</strong> osindica<strong>do</strong>res utiliza<strong>do</strong>s <strong>no</strong> <strong>Relatório</strong> <strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, lança<strong>do</strong> em dezembrode 2009, além de outros, oriun<strong>do</strong>s de sugestões da Oficina de Consulta Tripartiteem Indica<strong>do</strong>res de <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>, realizada em Brasília-DF, em agosto de 2009.As Responsabilidades Familiares e o Peso da DuplaJornada de <strong>Trabalho</strong> das MulheresO equilíbrio entre o trabalho e as responsabilidades familiares constitui um grande desafio.<strong>Trabalho</strong> e família são esferas da vida social regidas por lógicas diferentes – umapública e outra privada – mas que se afetam mutuamente. As pessoas precisam trabalhare gerar renda para satisfazer suas necessidades econômicas (pessoais e de suas famílias) e,ao mesmo tempo, cuidar da família e desempenhar tarefas <strong>do</strong>mésticas não remuneradasem seus lares. O uso <strong>do</strong> tempo, um bem escasso, torna tensa a relação entre essas esferas.A insegurança e a instabilidade <strong>no</strong> trabalho aumentaram <strong>no</strong>s dias atuais e as jornadas detrabalho se tornaram me<strong>no</strong>s previsíveis e mais intensas. (<strong>OIT</strong> 2011b). Essa tensão afetaparticularmente as mulheres, já que a responsabilidade sobre as tarefas <strong>do</strong>mésticas e asatividades de cuida<strong>do</strong> geralmente recai sobre elas, conforme será demonstra<strong>do</strong> a seguir.Essa realidade está na base da situação de desvantagem que as mulheres enfrentam parater acesso ao merca<strong>do</strong> de trabalho, nele se manter e progredir, e tem efeitos importantespara a reprodução da pobreza e da desigualdade de gênero.


114<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoEsses da<strong>do</strong>s permitem aprofundar a discussão sobre as desigualdades de gênero tanto na vidalaboral quanto na vida privada e a imperiosa necessidade de medidas de conciliação entre ambas.Com efeito, ao conjugarem-se as informações relativas às horas de trabalho dedicadas às tarefas<strong>do</strong>mésticas e de cuida<strong>do</strong> (reprodução social) com aquelas referentes à jornada exercida <strong>no</strong>merca<strong>do</strong> de trabalho (produção econômica), constata-se que, apesar da jornada semanal médiadas mulheres <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho ser inferior a <strong>do</strong>s homens (36,0 contra 43,4 horas), aocomputar-se o tempo de trabalho dedica<strong>do</strong> aos afazeres <strong>do</strong>mésticos, a jornada média semanaltotal feminina alcançava 58,0 horas e ultrapassava em 5,0 horas a masculina (52,9 horas).TABELA 36NÚMERO MÉDIO DE HORAS SEMANAIS DEDICADAS AO MERCADO DE TRABALHO E AOS AFAZERES DOMÉSTICOSDA POPULAÇÃO OCUPADA DE 16 ANOS OU MAIS DE IDADE EM TODOS OS TRABALHOSBRASIL, 2009Sexo/Cor ou RaçaMédia de Horas Semanais<strong>no</strong> Merca<strong>do</strong> de <strong>Trabalho</strong>(A)Média de Horas SemanaisGastas c/ Afazeres Domésticos(B)Jornada SemanalTotal(A + B)HomensMulheresHomens BrancosMulheres BrancasHomens NegrosMulheres Negras43,436,043,837,043,034,99,522,09,220,99,923,052,958,053,057,952,957,9Fonte: IBGE – Microda<strong>do</strong>s da PNADElaboração: Escritório da <strong>OIT</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>Os indica<strong>do</strong>res da Tabela 36 também revelam que, independentemente da cor ou raça, asdiferenças entre as jornadas de homens e mulheres <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho e na esfera<strong>do</strong>méstica permaneciam praticamente inalteradas. Por outro la<strong>do</strong>, consideran<strong>do</strong>-seo comparativo entre as pessoas <strong>do</strong> mesmo sexo e cor ou raça, observavam-se algumasparticularidades que merecem destaque. Apesar de, <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009, a jornada semanaltotal das trabalha<strong>do</strong>ras negras ser exatamente a mesma das brancas (57,9 horas), asmulheres negras dedicavam, em média, 2,1 horas semanais a mais <strong>do</strong> que as brancas nasatividades relacionadas aos afazeres <strong>do</strong>mésticos – 23,0 e 20,9 horas, respectivamente.Consequentemente, a jornada semanal laboral das trabalha<strong>do</strong>ras brancas (37,0 horas) eraigualmente superior em comparação àquela das negras (34,9 horas).Direcionan<strong>do</strong>-se a análise para as grandes regiões e o conjunto das unidades federativas,constata-se que as desigualdades eram ainda mais contundentes em alguns espaçossubnacionais. Na região Nordeste, o diferencial da jornada dedicada aos afazeres<strong>do</strong>mésticos entre os trabalha<strong>do</strong>res e as trabalha<strong>do</strong>ras alcançava 14,5 horas (10,3 horaspara eles e 24,9 horas – ou seja, 2,5 vezes mais - para elas, respectivamente) e figuravana condição de mais eleva<strong>do</strong> <strong>do</strong> país. Em três esta<strong>do</strong>s <strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong>s o referi<strong>do</strong> diferencialsuperava 15 horas – Piauí e Ceará (15,8 horas) e Maranhão (15,3 horas).Em função, sobretu<strong>do</strong>, dessa sobrecarga de afazeres <strong>do</strong>mésticos, em todas as 27 unidadesfederativas a jornada semanal total (que, além <strong>do</strong>s afazeres <strong>do</strong>mésticos, também leva emconta o número médio de horas dispendi<strong>do</strong> <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho) era sempre maiorentre as mulheres. Na Paraíba e em Pernambuco, a jornada semanal total feminina (60,0e 61,1 horas, respectivamente) era mais <strong>do</strong> que 8 horas superior à masculina – 51,2 e 52,8horas, respectivamente, conforme Tabela 37. Além dessas duas UFs, a jornada semanaltotal das mulheres era também superior a 60,0 horas semanais <strong>no</strong> Maranhão (62,0 horas),Ceará (60,6 horas) e Santa Catarina (60,2 horas).


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 115É importante chamar a atenção para o fato de que a me<strong>no</strong>r jornada média semanal femininaexercida <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho era observada <strong>no</strong> Piauí (27,2 horas), exatamenteum <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s <strong>no</strong>s quais era mais eleva<strong>do</strong> o tempo médio dedica<strong>do</strong> pelas mulheres trabalha<strong>do</strong>rasaos afazeres <strong>do</strong>mésticos (25,9 horas). O Piauí era também um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is esta<strong>do</strong>s aapresentar o maior diferencial de jornada (15,8 horas) que homens e mulheres dedicavamàs tarefas <strong>do</strong>mésticas.TABELA 37NÚMERO MÉDIO DE HORAS SEMANAIS DEDICADAS AO MERCADO DE TRABALHO EAOS AFAZERES DOMÉSTICOS DA POPULAÇÃO OCUPADA DE 16 ANOS OU MAIS DE IDADE EM TODOS OS TRABALHOSBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2009Área GeográficaMédia de Horas Semanais<strong>no</strong> Merca<strong>do</strong> de <strong>Trabalho</strong>(A)Média de Horas SemanaisGastas c/ Afazeres Domésticos(B)Jornada SemanalTotal(A + B)HomensMulheresHomensMulheresHomensMulheres<strong>Brasil</strong>Grandes RegiõesNorteNordesteSudesteSulCentro-OesteUnidades da FederaçãoRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal43,442,541,644,144,044,143,944,142,341,242,041,343,143,940,741,941,940,341,840,941,041,343,544,643,944,343,645,043,943,943,445,043,036,034,133,437,436,936,034,334,236,236,633,635,831,134,527,233,833,833,935,634,033,833,234,435,537,839,036,338,836,534,634,836,138,59,59,510,39,48,99,510,39,59,513,18,815,19,412,210,111,010,710,911,010,79,49,39,08,711,09,18,79,39,07,910,39,710,022,020,524,821,320,520,823,521,017,521,020,223,023,427,525,926,823,626,125,523,923,422,622,621,322,020,320,221,420,218,820,921,919,952,952,051,953,552,953,654,253,651,854,350,856,452,556,150,852,952,651,252,851,650,450,652,553,354,953,452,354,352,951,853,754,753,058,054,658,258,757,456,857,855,253,757,653,858,854,562,053,160,657,460,061,157,957,255,857,056,859,859,356,560,256,753,455,758,058,4Fonte: IBGE – Microda<strong>do</strong>s da PNADElaboração: Escritório da <strong>OIT</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>


116<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoO conjunto das análises anteriores evidencia que a massiva incorporação das mulheres aomerca<strong>do</strong> de trabalho não vem sen<strong>do</strong> acompanhada de um satisfatório processo de redefiniçãodas relações de gênero com relação à divisão sexual <strong>do</strong> trabalho, tanto <strong>no</strong> âmbito davida privada, quanto <strong>no</strong> processo de formulação de políticas públicas e de ações por partede empresas e sindicatos, especialmente <strong>no</strong> concernente as responsabilidades <strong>do</strong>mésticase familiares. Em outras palavras, a incorporação das mulheres ao merca<strong>do</strong> de trabalhovem ocorren<strong>do</strong> de forma expressiva sem que tenha ocorri<strong>do</strong> uma <strong>no</strong>va pactuação em relaçãoà responsabilidade pelo trabalho de reprodução social, que continua sen<strong>do</strong> assumida,exclusiva ou principalmente, pelas mulheres.Diante desse contexto, as mulheres tendem a “ajustar” sua inserção <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalhoe a concentrar-se em ocupações precárias e informais, porque estas usualmente nãoenvolvem horários e locais de trabalho fixos, facilitan<strong>do</strong> assim certas estratégias de fazerfrente à responsabilidade familiares, que, <strong>no</strong> entanto, envolvem eleva<strong>do</strong>s custos para asmulheres trabalha<strong>do</strong>ras e suas famílias (<strong>OIT</strong>, 2011b). Assim, as mulheres estão particularmentesobrerrepresentadas em trabalhos me<strong>no</strong>s produtivos e precários, com poucoacesso a uma remuneração adequada e justa, à proteção social e a direitos fundamentais<strong>no</strong> trabalho, ou seja, possuem me<strong>no</strong>res chances de ascender a um <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>, conformese evidencia em to<strong>do</strong>s os capítulos <strong>do</strong> presente relatório.A Importância da Proteção à Maternidade e PaternidadeA proteção à maternidade é uma questão central para a <strong>OIT</strong> desde a sua criação, em 1919.O objetivo dessa proteção é resguardar a saúde da mãe e de seu filho ou filha, bem comoproteger a trabalha<strong>do</strong>ra de qualquer discriminação baseada na maternidade. (<strong>OIT</strong>, 2011c).A proteção à maternidade contribui para a consecução de três Objetivos de Desenvolvimento<strong>do</strong> Milênio (ODM), a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s pelos países-membros das Nações Unidas: ODM 3,sobre a promoção da igualdade de gênero e a auto<strong>no</strong>mia das mulheres; ODM 4, relativo àredução da mortalidade infantil; e ODM 5, relativo a melhorias na saúde materna.A <strong>OIT</strong> a<strong>do</strong>tou três convenções sobre a proteção da maternidade: Convenção Relativa aoEmprego das Mulheres Antes e Depois <strong>do</strong> Parto (Proteção à Maternidade), 1919 (nº 3);Convenção sobre Amparo à Maternidade (Revista), 1952 (nº 103) e Convenção sobre Proteçãoà Maternidade, 2000 (nº 183). Além disso, a Convenção sobre Seguridade Social(<strong>no</strong>rma mínima), 1952 (nº 102) reconhece as prestações de maternidade como uma das<strong>no</strong>ve áreas da proteção social. Sua Parte VIII, referente às prestações de maternidade,prevê assistência médica e pagamentos periódicos para compensar a suspensão de ganhosde mães trabalha<strong>do</strong>ras. Desde que a primeira Convenção <strong>no</strong> tema foi a<strong>do</strong>tada, seuâmbito de aplicação foi amplia<strong>do</strong> para abranger todas as mulheres trabalha<strong>do</strong>ras. Assim,a Convenção nº 183 e sua Recomendação (nº 191) estendem a cobertura da proteção àmaternidade a todas as mulheres ocupadas, independentemente da sua ocupação ou <strong>do</strong>tipo de estabelecimento, inclusive às que desempenham formas atípicas de trabalho efreqüentemente não gozam de nenhuma proteção (<strong>OIT</strong>, 2011c).Até setembro de 2009, 71 países haviam ratifica<strong>do</strong> pelo me<strong>no</strong>s uma convenção sobre aproteção da maternidade ou a Parte VIII da Convenção nº 102, incluin<strong>do</strong> 17 países daAmérica Latina e Caribe. O <strong>Brasil</strong> ratificou as Convenções nº 102 e nº103. A importânciaatribuída internacionalmente à proteção à maternidade se reflete também na existênciade disposições sobre o tema nas legislações de praticamente to<strong>do</strong>s os países.


PErFIL DO TrABALhO DECENTE NO BrASIL: UM OLHAR SOBRE AS UNIDADES DA FEDERAçÃO 117A existência de mecanismos e dispositivos legais que assegurem aos trabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>rasas licenças maternidade e paternidade desempenha um papel fundamentalpara a combinação entre trabalho e vida pessoal e familiar.No <strong>Brasil</strong>, a Constituição Federal concede à gestante licença de 120 dias sem prejuízo <strong>do</strong>emprego e <strong>do</strong> salário, além de proibir a dispensa arbitrária ou sem justa causa da empregadagestante desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto. Ademais, uma<strong>no</strong>va Lei de 2008 (Lei 11.770), que criou o Programa Empresa Cidadã, passou a produzirefeitos a partir de 2010, prorrogan<strong>do</strong> por mais 60 dias a duração da licença-maternidadepara as empresas que aderirem ao Programa. A Lei estipula que os <strong>do</strong>is meses de prorrogaçãoda licença serão pagos pelo emprega<strong>do</strong>r, que pode deduzir o gasto total <strong>do</strong> impostode renda devi<strong>do</strong>. Esta prorrogação também já é efetiva na administração pública federal.A ampliação da licença maternidade a todas as trabalha<strong>do</strong>ras, da administração pública e<strong>do</strong> setor priva<strong>do</strong>, está na pauta de discussão <strong>do</strong> Congresso Nacional. A Proposta de EmendaConstitucional (PEC 64/07), que amplia a licença maternidade para 180 dias, já foiaprovada pelo Sena<strong>do</strong> Federal em agosto de 2010. A PEC altera a redação <strong>do</strong> inciso XVIII<strong>do</strong> artigo 7º da Constituição Federal <strong>Brasil</strong>eira, estenden<strong>do</strong> a todas as trabalha<strong>do</strong>ras obenefício concedi<strong>do</strong> às funcionárias das empresas que aderissem ao Programa EmpresaCidadã. Atualmente, a PEC encontra-se aguardan<strong>do</strong> aprovação pela Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s.Alguns esta<strong>do</strong>s, municípios e empresas <strong>do</strong> setor público também ampliaram paraseis meses a licença de suas servi<strong>do</strong>ras gestantes, o que passará a ser obrigatório em nívelnacional caso a Câmara confirme a decisão <strong>do</strong> Sena<strong>do</strong>.A Constituição concede ainda licença-paternidade pelo perío<strong>do</strong> de cinco dias (PL <strong>no</strong>3.935/2008). Atualmente tramita <strong>no</strong> Congresso Nacional um Projeto de Lei que objetivaestender a licença-paternidade de 5 para 15 dias .A importância da ampliação da licença paternidade para apromoção da igualdade de gênero <strong>no</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalhoA realidade social brasileira ainda é profundamente marcada pela divisão sexual <strong>do</strong> trabalho,que define as mulheres como responsáveis exclusivas ou principais pelas atividades <strong>do</strong>mésticase de cuida<strong>do</strong>, ou seja, pelo trabalho reprodutivo. Esta lógica tem impactos significativos na inserção,permanência e progressão das mulheres <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho. A compreensão de quemulheres e homens são igualmente responsáveis pelo trabalho reprodutivo e o fortalecimentode mecanismos que protejam trabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>res com reponsabilidades familiaresde todas as formas de discriminação <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho são passos fundamentais parapromover o equilíbrio entre trabalho e família e a igualdade de gênero <strong>no</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho.A licença paternidade é uma medida que compõe este esforço. Sua ampliação, bem como o desenvolvimentode inciativas que incentivem os homens trabalha<strong>do</strong>res a gozá-la plenamente, sãoelementos que dão uma contribuição central para este processo, pois fortalecem a <strong>no</strong>ção de queos trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> sexo masculi<strong>no</strong> são igualmente responsáveis pelos cuida<strong>do</strong>s de seus filhose filhas e que devem ser sujeitos <strong>do</strong>s direitos e benefícios associa<strong>do</strong>s a esta reponsabilidade.A licença-maternidade de seis meses é, de fato, um elemento de fundamental importância<strong>no</strong> âmbito da proteção da maternidade. Nesse contexto, conforme será demonstra<strong>do</strong>, aamamentação assume um papel vital.


118<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoA Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o aleitamento mater<strong>no</strong> exclusivo 49até os 6 meses de vida, e a amamentação complementada até os 24 meses (<strong>do</strong>is a<strong>no</strong>s) oumais de idade. Ademais, a OMS também estabelece parâmetros para classificar a situação<strong>do</strong> aleitamento em função <strong>do</strong> percentual de crianças lactentes com aleitamento mater<strong>no</strong>exclusivo. Para os me<strong>no</strong>res de 6 meses de vida, os parâmetros são os seguintes:Muito ruim – de 0,0 a 11,0%Ruim – de 12,0 a 49,0%Bom – de 50,0% a 89,0%Muito bom – de 90,0% a 100,0%Segun<strong>do</strong> as informações da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher2006 (PNDS-2006) realizada pelo Ministério da Saúde em parceria com o Centro <strong>Brasil</strong>eirode Análise e Planejamento (CEBRAP), apenas a metade (cerca de 49,0%) das crianças com atéquatro meses de idade eram exclusivamente amamentadas (ver Tabela 38).A partir <strong>do</strong> 4º mês de vida da criança - perío<strong>do</strong> que à época da pesquisa coincidia com otérmi<strong>no</strong> da licença-maternidade – reduzia-se drasticamente o percentual de crianças exclusivamenteamamentadas. Com efeito, entre o 4º e 6º mês de vida a proporção <strong>do</strong>s lactentescom aleitamento mater<strong>no</strong> exclusivo decrescia significativamente para 15,3%, ou seja, cercade 34 pontos percentuais a me<strong>no</strong>s que os 49,0% observa<strong>do</strong>s até o 4º mês de vida.Consideran<strong>do</strong>-se o percentual de aleitamento exclusivo até os 6 meses de vida (39,8%)<strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2006, o <strong>Brasil</strong> se enquadrava em situação ruim de acor<strong>do</strong> com os parâmetrosestabeleci<strong>do</strong>s pela OMS.TABELA 38PERCENTUAL DE CRIANÇAS (ÚLTIMO FILHO VIVO) MENORES DE 12 MESES PORCONDIÇÕES DA AMAMENTAÇÃO, SEGUNDO FAIXA DE IDADE EM MESESBRASIL, 2006Idade emMesesNão EstavamSen<strong>do</strong>Amamentadas*ExclusivoTipo de Aleitamento (%)Pre<strong>do</strong>minante (1) 49,3TotalComplementa<strong>do</strong> (2) 98,50|-22|-44|-60|-66|-88|-1010|-121,54,322,38,227,943,733,449,248,815,339,82,20,50,515,116,28,213,62,20,80,646,962,452,069,955,866,195,777,791,872,156,366,6Fonte: Ministério da Saúde / CEBRAP - PNDS 2006* Inclui as crianças nunca amamentadas(1)Aleitamento mais água, chá, suco e/ou outros líqui<strong>do</strong>s(2)Aleitamento mater<strong>no</strong> me<strong>no</strong>s aleitamento exclusivoAs informações oriundas da II Pesquisa de Prevalência <strong>do</strong> Aleitamento Mater<strong>no</strong> nasCapitais <strong>Brasil</strong>eiras e Distrito Federal, realizada pelo Ministério da Saúde <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de2008, ratificam, inclusive com maior clareza, a importância da licença-maternidade paraa prevalência <strong>do</strong> aleitamento mater<strong>no</strong> exclusivo.Entre as mulheres que gozavam da licença-maternidade <strong>no</strong> momento da pesquisa, a prevalência<strong>do</strong> aleitamento mater<strong>no</strong> exclusivo alcançava mais da metade (53,4%) <strong>do</strong> total de49Quan<strong>do</strong> a criança é a alimentada exclusivamente com leite huma<strong>no</strong>, diretamente <strong>do</strong> peito ou ordenha<strong>do</strong>.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 119crianças me<strong>no</strong>res de 6 meses, conforme Gráfico 16. Já entre as mulheres cuja situação detrabalho mater<strong>no</strong> era de trabalha fora a prevalência <strong>do</strong> aleitamento mater<strong>no</strong> exclusivoera de apenas 26,8%, ou seja, a metade daquela observada entre as mães trabalha<strong>do</strong>rasque estavam gozan<strong>do</strong> da licença-maternidade.GRÁFICO 16PERCENTUAL DE PREVALÊNCIA DE ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVOENTRE CRIANÇAS MENORES DE SEIS MESES DE IDADESEGUNDO A SITUAÇÃO DO TRABALHO MATERNOCONJUNTO DAS CAPITAIS BRASILEIRAS E DISTRITO FEDERAL, 2008Fonte: Ministério da Saúde – II Pesquisa de Prevalência de Aleitamento Mater<strong>no</strong> nas Capitais <strong>Brasil</strong>eiras e Distrito FederalAlém desta importante evidência, a própria situação geral da prevalência <strong>do</strong> aleitamentomater<strong>no</strong> exclusivo nas capitais brasileiras e <strong>no</strong> Distrito Federal ratifica ainda mais a importânciada licença-maternidade. Com efeito, a prevalência <strong>do</strong> aleitamento mater<strong>no</strong> exclusivo emcrianças me<strong>no</strong>res de 6 meses <strong>no</strong> conjunto dessas áreas geográficas foi de 41,0%, varian<strong>do</strong> deum mínimo de 27,1% em Cuiabá-MT a um máximo de 56,1% em Belém-PA. Com base na jámencionada classificação da OMS, 23 capitais ainda se encontravam na situação ruim, ou seja,com prevalência de aleitamento mater<strong>no</strong> exclusivo entre 12,0% e 49,0%, e apenas três capitaisse enquadravam num parâmetro bom (de 50,0% a 89,0%) – Belém-PA (56,1%), Florianópolis(52,4%) e Campo Grande-MS (50,1%) – juntamente com o Distrito Federal (50,0%).Os benefícios da amamentação não se limitam diretamente à saúde da mãe e dacriança, uma vez que também reduzem a demanda por serviços de saúde e aumentam aprodutividade, em decorrência da manutenção de uma força de trabalho saudável.Com aleitamento mater<strong>no</strong>, o bebê tem me<strong>no</strong>s chances de ter diarréia, pneumonia – <strong>do</strong>ençasresponsáveis por boa parte da mortalidade infantil, principalmente em regiões maiscarentes – diabetes, câncer ou de desenvolver alergias. De acor<strong>do</strong> com a área técnica deSaúde da Criança e Aleitamento Mater<strong>no</strong> <strong>do</strong> Ministério da Saúde 50 , a estimativa é de que oaleitamento evita 13,0% das mortes em crianças me<strong>no</strong>res de cinco a<strong>no</strong>s em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>.50Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/22_08_licenca_maternidade.pdf. Acesso em16/02/2012.


120<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoA chance de uma criança não amamentada ser internada por pneumonia <strong>no</strong>s primeiros trêsmeses de vida é 61 vezes maior que aquela alimentada exclusivamente com leite mater<strong>no</strong>.O risco de hospitalização por bronquite é sete vezes maior entre os bebês amamenta<strong>do</strong>spor me<strong>no</strong>s de um mês. Ademais, cerca de sete mil mortes de recém-nasci<strong>do</strong>s <strong>no</strong> primeiroa<strong>no</strong> de vida poderiam ser evitadas com a amamentação na primeira hora <strong>do</strong> parto.A ampliação <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de aleitamento mater<strong>no</strong> exclusivo também propicia uma significativaredução <strong>no</strong>s gastos <strong>do</strong> Sistema Único de Saúde (SUS) com internações de crianças até <strong>do</strong>isa<strong>no</strong>s de idade, motivadas por diarréia e pneumonia. De acor<strong>do</strong> com levantamento <strong>do</strong> Ministérioda Saúde, apenas <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2007, ocorreram cerca de 180 mil internações por diarréiae outras 321 mil por pneumonia, que perfizeram um gasto da ordem de R$ 246,8 milhões.O aleitamento mater<strong>no</strong>, por reduzir a morbimortalidade, e contribuir fortemente <strong>no</strong> desenvolvimentode indivíduos física e emocionalmente saudáveis é um fator importante naeco<strong>no</strong>mia da saúde, pois reduz gastos com atendimento ambulatorial e hospitalar.Por fim, é importante destacar que a importância da presença materna – e paterna – duranteos primeiros meses de vida da criança não se resume à amamentação. Há tambémoutros cuida<strong>do</strong>s associa<strong>do</strong>s à saúde, ao estímulo e socialização da criança, aos aspectospsicológicos e outras dimensões que implicam em tempo e dedicação exclusiva <strong>do</strong>s paispara o ple<strong>no</strong> desenvolvimento da criança.O direito de amamentar filhos e filhas após o retor<strong>no</strong> ao trabalho é outro elemento importanteda proteção da maternidade. Quan<strong>do</strong> a licença-maternidade dura me<strong>no</strong>s de seis meses, éfundamental a implementação de medidas para que as mulheres possam continuar amamentan<strong>do</strong>seu/sua filho/a ou armazenar seu leite após seu retor<strong>no</strong> ao trabalho (<strong>OIT</strong>, 2011c).De acor<strong>do</strong> com a Convenção nº 183 da <strong>OIT</strong>, a mulher tem direito a uma ou várias interrupçõespor dia ou a uma redução diária na sua jornada de trabalho para poder amamentarseu/sua filho/a. Essas interrupções devem ser contabilizadas como parte da jornadade trabalho e, portanto, devem ser remuneradas. O número e a duração das interrupçõesserão fixa<strong>do</strong>s pela legislação e pelas práticas nacionais (Art. 10).No <strong>Brasil</strong>, o Artigo 396 da Consolidação das Leis <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> (CLT) determina que, apóso parto, a mulher terá <strong>do</strong>is perío<strong>do</strong>s de descanso para amamentação durante a jornadade trabalho, cada um com 30 minutos de duração, até que a criança complete 6 meses. Alei também prevê que o perío<strong>do</strong> de seis meses poderá ser amplia<strong>do</strong> a critério da autoridadecompetente, em razão de questões de saúde <strong>do</strong> filho ou filha. Além disso, conformeparágrafo 1º <strong>do</strong> Artigo 389 da CLT, que trata das obrigações das empresas, “os estabelecimentosem que trabalharem pelo me<strong>no</strong>s 30 mulheres com mais de 16 a<strong>no</strong>s de idadeterão local apropria<strong>do</strong> onde seja permiti<strong>do</strong> às empregadas guardar sob vigilância eassistência os seus filhos <strong>no</strong> perío<strong>do</strong> da amamentação”. (<strong>OIT</strong>, 2011c).Apesar da importância da licença-maternidade, um expressivo contingente de mãestrabalha<strong>do</strong>ras não consegue desfrutá-la. No levantamento <strong>do</strong>miciliar de 2008, a PNADinvestigou a ocorrência de filho nasci<strong>do</strong> vivo 51 durante o a<strong>no</strong> de referência da pesquisa 52 .51Filho nasci<strong>do</strong> vivo é a criança que, após a expulsão ou extração completa <strong>do</strong> corpo da mãe, independente <strong>do</strong> tempode gravidez, manifestar qualquer sinal de vida, como: respiração, choro, movimentos de músculos de contraçãovoluntária, batimento cardíaco, pulsão <strong>do</strong> cordão umbilical etc., ainda que tenha faleci<strong>do</strong> logo a seguir.52Compreendi<strong>do</strong> pelo perío<strong>do</strong> de 28 de setembro de 2007 a 27 de setembro de 2008.


122<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoEm outras UFs, além <strong>do</strong> eleva<strong>do</strong> percentual de mães ocupadas que não contribuíam paraa previdência ser eleva<strong>do</strong>, a proporção daquelas que tiveram filhos <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de referênciaera bastante superior à média nacional (de 2,7%), a exemplo de Roraima, onde 5,4% detrabalha<strong>do</strong>ras tiveram filhos, sen<strong>do</strong> que 59,6% não eram contribuintes da previdência e,portanto, não tinham acesso à licença maternidade.Os me<strong>no</strong>res percentuais de mães trabalha<strong>do</strong>ras que não contribuíam eram observa<strong>do</strong>s <strong>no</strong> Riode Janeiro (25,9%) e Distrito Federal (28,3%). Vale ressaltar que essas UFs também figuravamentre aquelas com as me<strong>no</strong>res proporções de mulheres ocupadas que tiveram filhos durante operío<strong>do</strong> de referência da pesquisa – 1,6% <strong>no</strong> caso <strong>do</strong> Rio de Janeiro e 1,9% <strong>no</strong> Distrito Federal.Cláusulas Coletivas de Proteção à Maternidade, àPaternidade e à AmamentaçãoNo estu<strong>do</strong> Negociação de Cláusulas de <strong>Trabalho</strong> Relativas à Igualdade de Gênero e Raça2007-2009, realiza<strong>do</strong> pela <strong>OIT</strong> em parceria com o DIEESE, divulga<strong>do</strong> em 2011, foramanalisadas as garantias relacionadas à igualdade de gênero e raça nas contratações coletivasde trabalho. A partir da análise dessas cláusulas é possível identificar importantesconquistas <strong>no</strong> âmbito da conciliação entre trabalho e família 53 .A base utilizada para a realização <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> foi o Sistema de Acompanhamento de ContrataçõesColetivas <strong>do</strong> DIEESE (SACC-DIEESE). Para a realizaçào da pesquisa, o painel deunidades de negociação <strong>do</strong> SACC-DIEESE foi depara<strong>do</strong> em <strong>do</strong>is: SACC Original, restrito a90 unidades de negociação, e SACC Amplia<strong>do</strong>, composto por 130 unidades de negociação.Ao analisar as cláusulas sobre o trabalho da mulher ou sobre a igualdade de gênero, oestu<strong>do</strong> constatou que <strong>do</strong> painel composto por 90 contratações coletivas acompanhadasdesde 1993, 87 negociaram alguma garantia sobre o tema. É interessante observar tambémque o número de cláusulas negociadas sobre este tema aumentaram ao longo <strong>do</strong>perío<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong> (1993-2009). O tema Maternidade/Paternidade continua sen<strong>do</strong> aqueleque concentra o maior número de cláusulas, concentração esta verificada em to<strong>do</strong>s osestu<strong>do</strong>s da série. No perío<strong>do</strong> 2007-2009, esse tema agregou metade de todas as cláusulasnegociadas, disseminadas em 80 unidades de negociação. Merece destaque também o aumentodas cláusulas sobre Responsabilidades Familiares, altamente disseminadas entreas unidades de negociação estudadas.Observaram-se importantes avanços em relação à licença maternidade e à licença paternidade,bem como a outros tipos de licença e benefícios, que garantem um maior equilíbrioentre trabalho e a vida familiar.A negociação coletiva tem si<strong>do</strong> um importante espaço para reafirmação e fortalecimento<strong>do</strong>s direitos já garanti<strong>do</strong>s em legislação, e de promoção de avanços em alguns aspectos:◊Licença maternidadeHá registros de cláusulas que extendem a licença maternidade para 130 dias e deaplicação da Lei 11.770, que amplia licença maternidade para 180 dias.53Este é o quarto estu<strong>do</strong> consecutivo acerca da promoção da igualdade de gênero <strong>no</strong> âmbito das negociaçõescoletivas, e completa, portanto, 16 a<strong>no</strong>s de acompanhamento da negociação coletiva sobre o tema de gênero <strong>no</strong><strong>Brasil</strong>. Os três últimos estu<strong>do</strong>s foram realiza<strong>do</strong> em parceria com a <strong>OIT</strong>. A partir <strong>do</strong> terceiro estu<strong>do</strong>, que cobriu operío<strong>do</strong> 2001 a 2006, incluiu-se também o levantamento das cláusulas referentes à igualdade racial.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 123◊◊◊◊◊◊Licença paternidadeHá registros de cláusulas que definem o perío<strong>do</strong> de licença paternidade além <strong>do</strong>perío<strong>do</strong> garanti<strong>do</strong> pela legislação, varian<strong>do</strong> entre 5 dias úteis até 8 dias corri<strong>do</strong>s.Estabilidade para o paiNão há legislação que garanta este direito. Há registros de cláusulas negociadascom o objetivo de garatir a estabilidade para o pai, observan<strong>do</strong>-se uma variação <strong>no</strong>perío<strong>do</strong> defini<strong>do</strong>: 30, 60 ou 90 dias após o nascimento <strong>do</strong> filho ou filha.Acompanhamento <strong>do</strong>s filhos e filhasHá registros de cláusulas que garantem o abo<strong>no</strong> de falta para o acompanhamentode filhos e filhas a consultas e tratamentos médicos e <strong>no</strong> caso de internações. Emalguns casos não são defini<strong>do</strong>s limites para as faltas, em outros, este limite é fixa<strong>do</strong>por critérios diversos (dias, horas, jornada, etc.). Em sua grande maioria, estasgarantias são fixadas sem distinção por sexo. Muito mais raras são as cláusulas quegarantem o abo<strong>no</strong> de faltas para o acompanhamento de filhos e filhas em atividadesescolares. Porém, estas já são observadas em alguns casos.Garantias para trabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>ras com dependentes deficientesHá registros de cláusulas que garantem: a extensão <strong>do</strong> auxílio creche, auxílio paraeducação especializada, auxílio para os gastos com medicamentos e flexibilizaçãoda jornada de trabalho.Garantias para mães e pais a<strong>do</strong>tantesA única garantia <strong>no</strong> caso de a<strong>do</strong>ção que tem respal<strong>do</strong> na legislação é a licençamaternidade, cujo perío<strong>do</strong> varia de acor<strong>do</strong> com a idade das crianças (pode ser de120, 60 ou 30 dias). Nos processos de negociação coletiva observa-se a existênciasde cláusulas que reafirmam este direito e que vão além da legislação, garantin<strong>do</strong>inclusive, em algumas unidades de negociação, a ampliação da licença maternidadepara 180 dias. Observa-se também a garantia <strong>do</strong> direito à licença paternidadepara pais a<strong>do</strong>tantes, com duração de 5 dias, incluin<strong>do</strong> os casos em que a licença ésolicitada por trabalha<strong>do</strong>res em união civil com pessoa <strong>do</strong> mesmo sexo. Há aindaresgistros de cláusulas que garantem a estabilidade para a<strong>do</strong>tantes, ora apenaspara a mãe e ora para pai e mãe. Os perío<strong>do</strong>s variam de 30 dias após a a<strong>do</strong>ção até180 dias após a licença a<strong>do</strong>ção. E, por fim, registra-se a existência de cláusulasque garantem aos filhos e filhas a<strong>do</strong>tivos os mesmo direitos à creche que os filhose filhas biológicos.Destacam-se, ainda, as garantias relativas à gestação, ou seja, as medidas negociadaspara garantir condições de trabalho compatíveis com a gestação, bem comoaquelas necessárias ao seu acompanhamento e desenvolvimento satisfatório.Estabilidade à gestantePermanece como o tema mais difundi<strong>do</strong> com relação às garantias relativas à gestação.No perío<strong>do</strong> de 2007 a 2009, cláusulas sobre estabilidade à gestante foramnegociadas em 68 das 90 unidades de negociação que compõem este painel. Umterço das cláusulas negociadas neste tema assegura a estabilidade à gestante peloperío<strong>do</strong> fixa<strong>do</strong> em lei, ou seja, 5 meses após o parto. Pouco mais de 65% das cláusulasampliam o perío<strong>do</strong> de estabilidade. Esta ampliação varia entre 60 e 122 dias.No perío<strong>do</strong> de 2007 a 2009 também foram negociadas cláusulas sobre a garantiade mudança de função da trabalha<strong>do</strong>ra gestante, desde que ofereça riscos; garantiade horário ou jornada de trabalho diferenciada; e o abo<strong>no</strong> de faltas para consultasmédicas dedicadas a exame pré-natal.


124<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoO Acesso Restrito a Serviços Essenciais: Creche e Pré-EscolaUm fator-chave para facilitar a incorporação das mulheres ao merca<strong>do</strong> de trabalho e tambémaliviar a tensão vivenciada tanto por elas como pelos homens com responsabilidadesfamiliares e dupla jornada é a disponibilidade de serviços acessíveis de assistência acrianças, sobretu<strong>do</strong> em idade pré-escolar.Os da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Censo Escolar 2011, realiza<strong>do</strong> pelo Instituto Nacional de Estu<strong>do</strong>s e PesquisasEducacionais Anísio Teixeira (INEP), indicam que o número de matrículas em crechemantém a trajetória de crescimento, constituin<strong>do</strong>-se na etapa de ensi<strong>no</strong> com maior ritmode expansão da educação básica. Entre 2010 e 2011 foram registradas 234 mil <strong>no</strong>vasmatrículas, o correspondente a um crescimento de 11,3%. Entre 2002 e 2011 o número dematrículas <strong>do</strong>brou, ao passar de 1,15 milhão para cerca de 2,3 milhões.Já na pré-escola, foi mantida a tendência recente de peque<strong>no</strong> declínio <strong>no</strong> número dematrículas, mediante uma ligeira contração de -0,2%, ao passar de 4,69 milhões em 2010para 4,68 milhões em 2011. A diminuição da matrícula na pré-escola guarda relaçãodireta com o processo de implantação <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> fundamental em um ciclo de <strong>no</strong>ve a<strong>no</strong>s,fazen<strong>do</strong> com que a matrícula das crianças com 6 a<strong>no</strong>s de idade passasse a integrar o ensi<strong>no</strong>fundamental e não mais a pré-escola.Apesar da ampliação expressiva <strong>do</strong> número de matrículas da creche, o acesso das criançasà creche e à pré-escola ainda é restrito e bastante condiciona<strong>do</strong> pelo nível de rendimentodas famílias. No a<strong>no</strong> de 2009, entre as crianças de 00 a 05 a<strong>no</strong>s de idade residentes nasfamílias situadas entre as 20,0% mais pobres (1º quinto da distribuição), me<strong>no</strong>s de umterço (30,9%) freqüentavam creche ou pré-escola. O percentual de freqüência aumentaconforme cresce o rendimento familiar per capita, até alcançar 55,2% entre as criançasresidentes nas famílias 20,0% mais ricas (5º quinto da distribuição), conforme Gráfico 17.%GRÁFICO 17TAXA DE FREQUÊNCIA ESCOLAR DAS CRIANÇAS DE 00 A 05 ANOS DE IDADEPOR QUINTOS DE RENDIMENTO MENSAL FAMILIAR PER CAPITABRASIL, 2009Fonte: IBGE – PNAD (Síntese de Indica<strong>do</strong>res Sociais 2010)


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 125Ciente desta necessidade, <strong>no</strong> âmbito <strong>do</strong> eixo Comunidade Cidadã <strong>do</strong> Programa deAceleração <strong>do</strong> Crescimento (PAC) 2, o gover<strong>no</strong> federal pretende investir R$ 7,6bilhões para construir, até o a<strong>no</strong> de 2014, seis mil <strong>no</strong>vas unidades de creches e préescolasem to<strong>do</strong> o país, com o intuito de ampliar a oferta de educação para criançasde até cinco a<strong>no</strong>s de idade e reduzir o deficit de atendimento na educação para estafaixa etária.Com base <strong>no</strong> 2º Balanço <strong>do</strong> PAC 2, apresenta<strong>do</strong> em dezembro de 2011, foram selecionadaspara construção 1.484 unidades físicas, que deverão beneficiar 1.040 municípios em 26unidades da federação, mediante investimentos de aproximadamente R$ 1,5 bilhão (de19,7% <strong>do</strong> total até 2014). Até o final <strong>do</strong> mês de outubro de 2011, um contingente de 1.343unidades já tinha si<strong>do</strong> contrata<strong>do</strong> para início das obras, perfazen<strong>do</strong> um investimento deR$ 1,3 bilhão.Além da baixa freqüência das crianças à creche e pré-escola, essa ampliação <strong>do</strong> númerode estabelecimentos e das vagas na educação infantil também se faz necessária pelo fatode a rede privada 54 responder por mais de um terço (36,0%) das matrículas em creche <strong>no</strong>a<strong>no</strong> de 2011 – o correspondente a 828 mil crianças. A rede municipal de ensi<strong>no</strong> respondiapor 63,5% das matrículas. As redes estadual e federal participavam conjuntamente comapenas 0,5% das vagas.Os indica<strong>do</strong>res que relacionam o trabalho femini<strong>no</strong> e o acesso à creche são bastantesintomáticos da imperiosa necessidade de medidas que promovam o equilíbrio entretrabalho e família. Segun<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s da PNAD, 11,5% das mulheres ocupadas de 16a<strong>no</strong>s ou mais de idade tinham filhas e filhos de 00 a 03 a<strong>no</strong>s de idade <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009,sen<strong>do</strong> que uma significativa proporção de 73,3% dessas crianças não frequentava creche.(Tabela 40)Entre as mulheres negras era ainda maior a proporção de trabalha<strong>do</strong>ras com filhas efilhos (12,7%) e o percentual dessas crianças que não tinha acesso a creche (76,2%).Na região Norte <strong>do</strong> país, tais proporções eram mais expressivas – 16,0% e 87,7%,respectivamente.O me<strong>no</strong>r percentual de trabalha<strong>do</strong>ras (9,5%) que tinham filhas e filhos de 00 a 03a<strong>no</strong>s de idade era observa<strong>do</strong> entre as mulheres brancas da região Sudeste, sen<strong>do</strong> que amaior proporção de crianças fequentan<strong>do</strong> creche (35,5%) era verificada entre as mãestrabalha<strong>do</strong>ras brancas da região Sul.54Segun<strong>do</strong> informações <strong>do</strong> MEC/INEP (2011), cerca de metade das matrículas computadas na rede privada sãoparcialmente financiadas com recursos públicos, por meio de convênios <strong>do</strong>s municípios com as escolas privadas.


126<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTABELA 40PROPORÇÃO DE MULHERES OCUPADAS DE 16 ANOS OU MAIS DE IDADE COM FILHOS DE 00 A 03 ANOS DE IDADE,EM RELAÇÃO AO TOTAL DE MULHERES OCUPADAS POR COR OU RAÇA E SITUAÇÃO DE FREQUÊNCIA À CRECHEBRASIL E GRANDES REGIÕES, 2009Área Geográficae Cor ou Raça% de MulheresOcupadas com Filhosde 00 a 03 A<strong>no</strong>sDistribuição % por Situação de Frequência à CrecheNenhum FilhoFrequenta Creche (1)To<strong>do</strong>s ou Alguns FilhosFrequentam Creche (2)Total(1) + (2)<strong>Brasil</strong>TotalBrancasNegrasRegião NorteTotalBrancasNegrasRegião NordesteTotalBrancasNegrasRegião SudesteTotalBrancasNegrasRegião SulTotalBrancasNegrasRegião Centro-OesteTotalBrancasNegras11,510,512,715,614,216,013,012,613,210,29,511,310,710,312,612,512,012,973,370,076,286,683,087,778,478,278,568,367,569,265,764,570,078,577,279,426,730,023,813,417,012,321,621,821,531,732,530,834,335,530,021,522,820,6100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0Fonte: IBGE - PNADNo conjunto das unidades federativas, o percentual de mulheres ocupadas que tinhamfilhas e filhos de até 03 a<strong>no</strong>s de idade em 2009 variava de 8,6% <strong>no</strong> Rio de Janeiro até20,0% <strong>no</strong> Acre, conforme Tabela 41.É importante ressaltar que a dificuldade de conciliação entre trabalho e família, <strong>do</strong>ponto de vista <strong>do</strong>s cuida<strong>do</strong>s e educação das crianças das mulheres ocupadas, era maiscontundente exatamente <strong>no</strong>s esta<strong>do</strong>s com maiores proporções de mães trabalha<strong>do</strong>ras.Com efeito, <strong>no</strong> Acre e <strong>no</strong> Amapá, que apresentavam os maiores percentuais de ocupadascom filhos me<strong>no</strong>res – 20,0% e 16,4%, respectivamente – eram mais elevadas asproporções de filhos me<strong>no</strong>res que não freqüentavam creche (90,3% <strong>no</strong> caso <strong>do</strong> Acre e90,0% <strong>no</strong> caso <strong>do</strong> Amapá).As unidades federativas com maiores níveis de freqüência à creche de filhos e filhas dastrabalha<strong>do</strong>ras eram Santa Catarina (43,9%) e São Paulo (38,5%). Apesar desses níveismais eleva<strong>do</strong>s de freqüência, eles não chegavam sequer à metade <strong>do</strong> total de mulheresocupadas com crianças de até 03 a<strong>no</strong>s de idade.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 127TABELA 41PROPORÇÃO DE MULHERES OCUPADAS DE 16 ANOS OU MAIS DE IDADE COM FILHOS DE 00 A 03 ANOS DE IDADE,EM RELAÇÃO AO TOTAL DE MULHERES OCUPADAS E SITUAÇÃO DE FREQUÊNCIA À CRECHEBRASIL E GRANDES REGIÕES, 2009Área Geográfica% de Ocupadascom Filhos de00 a 03 A<strong>no</strong>sDistribuição % por Situação de Freqüência à CrecheNenhum FilhoFrequenta Creche (1)To<strong>do</strong>s ou Alguns FilhosFrequentam Creche (2)Total(1) + (2)<strong>Brasil</strong>Unidades da FederaçãoRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal11,514,120,016,314,415,116,415,714,513,613,913,313,111,112,615,812,210,611,48,610,510,711,410,313,214,111,911,473,387,990,387,370,587,090,082,886,978,574,767,576,077,784,780,579,277,771,873,361,568,456,169,167,176,986,074,926,712,19,712,729,513,010,017,213,121,525,332,524,022,315,319,520,822,328,226,738,531,643,930,932,923,114,025,1100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0Fonte: IBGE - PNADDirecionan<strong>do</strong>-se a análise para as crianças de 04 a 06 a<strong>no</strong>s de idade, a proporção detrabalha<strong>do</strong>ras com filhas e filhos nesta faixa etária era de 10,8% em 2009, sen<strong>do</strong> maiselevada entre as negras (12,3%) comparativamente às brancas (9,5%).Entre as grandes regiões, tal proporção variava de 9,7% na região Sudeste até 14,0% naregião Norte, conforme Tabela 42.A proporção destas crianças de 04 a 06 a<strong>no</strong>s de idade, filhos e filhas de mães trabalha<strong>do</strong>ras,que não freqüentava creche ou escola em 2009 (14,2%) era bem me<strong>no</strong>r comparativamenteàs de 00 a 03 a<strong>no</strong>s (73,3%).Vale ressaltar que entre as trabalha<strong>do</strong>ras negras da região Sul, o percentual <strong>do</strong>s filhos efilhas que não freqüentava creche ou escola, era mais <strong>do</strong> que duas vezes superior (29,4%)ao correspondente ao conjunto <strong>do</strong> país.


128<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTABELA 42PROPORÇÃO DE MULHERES OCUPADAS DE 16 ANOS OU MAIS COM FILHOS DE 04 A 06 ANOS DE IDADE, EM RELAÇÃO AOTOTAL DE MULHERES OCUPADAS POR COR OU RAÇA E SITUAÇÃO DE FREQUÊNCIA À CRECHE OU ESCOLABRASIL E GRANDES REGIÕES, 2009Área Geográficae Cor ou Raça<strong>Brasil</strong>TotalBrancasNegrasRegião NorteTotalBrancasNegrasRegião NordesteTotalBrancasNegrasRegião SudesteTotalBrancasNegrasRegião SulTotalBrancasNegrasRegião Centro-OesteTotalBrancasNegrasFonte: IBGE - PNAD% de Ocupadascom Filhos de04 a 06 A<strong>no</strong>s10,89,512,314,012,514,612,010,612,69,78,711,110,49,713,011,610,312,5Distribuição % por Situação de Frequência à Creche ou EscolaNenhum FilhoFrequenta Crecheou Escola (1)14,212,915,421,019,421,59,08,29,311,58,215,023,221,329,421,017,523,2To<strong>do</strong>s ou Alguns FilhosFrequentam Creche ouEscola (2)85,887,184,679,080,678,591,091,890,788,591,885,076,878,770,679,082,576,8Total(1) + (2)100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0O conjunto dessas análises revela a já conhecida associação entre desenvolvimento socioeconômicoe acesso a serviços públicos e/ou priva<strong>do</strong>s. Diante desse contexto, medidas deconciliação em prol <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> das crianças exercem um impacto positivo e mais expressivoentre as trabalha<strong>do</strong>ras e trabalha<strong>do</strong>res em situação de maior vulnerabilidade social.Ocupação da Pessoa de Referência e Presença de CriançasOutra informação relevante é a condição de ocupação <strong>do</strong>s responsáveis pelas crianças,entendi<strong>do</strong>s aqui como a pessoa de referência da família e respectivo cônjuge/ companheiro(a).Em 65,0% das famílias com crianças até 14 a<strong>no</strong>s de idade, ambos estavam ocupa<strong>do</strong>s e em15,9%, somente a pessoa de referência estava ocupada, conforme Tabela 43.A análise da condição de ocupação <strong>do</strong>s responsáveis mais diretos pelo cuida<strong>do</strong> das crianças– pessoa de referência da família e respectivo cônjuge/ companheiro(a) – tambémfornece importantes elementos para o planejamento de políticas de conciliação entretrabalho e família. Com base <strong>no</strong>s da<strong>do</strong>s da PNAD de 2009, em 65,0% das famílias comcrianças até 14 a<strong>no</strong>s de idade, tanto a pessoa de referência da família quanto o cônjuge/companheiro(a) estavam ocupa<strong>do</strong>s. Na região Sul <strong>do</strong> país, essa proporção era de 70,6%,sen<strong>do</strong> que em Santa Catarina alcançava 75,2%.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 129TABELA 43DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DAS FAMÍLIAS COM CRIANÇAS DE 00 A 14 ANOS DE IDADEPOR CONDIÇÃO DE OCUPAÇÃO DA PESSOA DE REFERÊNCIA E CÔNJUGEBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2009Área GeográficaDistribuição percentual das famílias com pessoas de 00 a 14 a<strong>no</strong>s de idade residentes em<strong>do</strong>micílios particulares, por condição de ocupação da pessoa de referência e cônjuge (%)Pessoa dereferência ocupadaCônjugeocupa<strong>do</strong>Chefe e cônjugeocupa<strong>do</strong>sNem chefe e nemcônjuge ocupa<strong>do</strong>s<strong>Brasil</strong>NorteRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsNordesteMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaSudesteMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloSulParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulCentro-OesteMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal15,916,914,515,617,618,916,816,818,915,515,419,617,313,312,213,511,118,516,616,316,918,117,015,514,114,211,615,417,718,018,516,319,96,06,66,26,87,87,96,16,65,75,03,63,65,34,64,75,24,96,05,76,64,95,25,77,95,95,06,06,76,13,27,85,58,165,062,467,464,859,858,962,956,963,562,963,466,563,263,663,061,262,561,462,765,165,364,264,365,570,671,075,267,565,369,362,667,459,813,114,111,912,814,914,314,119,711,916,617,610,414,218,420,020,121,614,014,912,012,812,413,011,19,49,87,110,410,99,511,110,812,2Fonte: IBGE - PNAD (Síntese de Indica<strong>do</strong>res Sociais 2010)Esta significativa proporção de famílias com crianças nas quais a pessoa de referênciae o cônjuge estavam trabalhan<strong>do</strong> indica a magnitude da demanda por políticas de conciliaçãoentre trabalho e família. Mas há também outro indica<strong>do</strong>r que chama a atenção ecausa inquietação: em 13,1% das famílias com crianças de 00 a 14 a<strong>no</strong>s, tanto a pessoa dereferência quanto o cônjuge, encontravam-se desocupa<strong>do</strong>s. Em três esta<strong>do</strong>s <strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong>stal proporção chegava a 20,0%: Alagoas (21,6%), Pernambuco (20,1%) e Paraíba (20,0%).


130<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoNo a<strong>no</strong> de 2010, a <strong>OIT</strong> lançou uma publicação específica 55 que aborda a temática <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong>infantil <strong>no</strong> local de trabalho. Dentre as medidas relacionadas com as condições detrabalho que podem auxiliar os trabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>ras a melhor equilibrarem suasresponsabilidades familiares com relação ao cuida<strong>do</strong> de filhos e filhas e sua inserção <strong>no</strong>merca<strong>do</strong> de trabalho, destacam-se:Licença maternidade/paternidade, licença a ambos os pais (incluída na legislaçãotrabalhista, ainda que o emprega<strong>do</strong>r possa ampliá-la além das disposições legais);Licença por emergência ou por enfermidade para cuidar <strong>do</strong>s filhos <strong>do</strong>entes (ou deoutros parentes);Redução de jornadas de trabalho prolongadas e das horas extras para to<strong>do</strong>s os trabalha<strong>do</strong>rese trabalha<strong>do</strong>ras:Opções de jornada de trabalho flexível que permitam relativa possibilidade de escolhadas horas de entrada e saída <strong>do</strong> trabalho;Possibilidade de trocar provisoriamente o horário integral para tempo parcial oureduzi<strong>do</strong>;Jornada semanal de trabalho reduzida;Possibilidade de trocar o tur<strong>no</strong> <strong>do</strong> trabalhoTeletrabalhoO Alívio de Parte da Carga pela Posse de Bens Duráveis eEletro<strong>do</strong>mésticosAs tarefas <strong>do</strong>mésticas podem ser particularmente árduas <strong>no</strong>s países em desenvolvimento,pois o acesso a equipamentos que poupam trabalho e reduzem o tempo necessário paracozinhar, limpar e lavar é relativamente baixo, especialmente <strong>no</strong>s lares afeta<strong>do</strong>s pelapobreza. Medidas que aliviassem o tempo emprega<strong>do</strong> nestas tarefas <strong>do</strong>mésticas poderiamfacilitar o trabalho remunera<strong>do</strong> das pessoas, na maior parte das vezes mulheres, a cargodestas tarefas. (<strong>OIT</strong>, 2011d).A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009 investigou a existência de umleque mais amplo de bens duráveis em comparação ao conjunto de bens <strong>no</strong>rmalmenteinvestiga<strong>do</strong> nas PNADs e <strong>no</strong>s censos demográficos. Com base nessas informações, épossível constatar que, entre as famílias urbanas chefiadas por mulheres, o acesso a estesbens duráveis ainda é bastante restrito.Segun<strong>do</strong> o Gráfico 18, apesar da generalização de alguns bens mais tradicionais ao longodas últimas décadas, 5,4% das famílias urbanas sob responsabilidade feminina ainda nãopossuíam geladeira e 1,3% não contavam com fogão <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009. Já a máquina delavar roupa não estava presente em mais da metade (53,2%) desse tipo de família.55<strong>OIT</strong> (2010). Soluciones para el cuida<strong>do</strong> infantil en el lugar de trabajo. Ginebra, 2010. Colección Informes <strong>OIT</strong> (Núm. 85)


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 131GRÁFICO 18PERCENTUAL DE FAMÍLIAS COM PESSOA RESPONSÁVEL PELA FAMÍLIA DO SEXO FEMININOQUE NÃO POSSUEM BENS DURÁVEIS, POR TIPO DE BEMBRASIL, 2008-2009Fonte: IBGE – Microda<strong>do</strong>s da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009Elaboração: Escritório da <strong>OIT</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>As informações da POF demonstravam ainda que diversos eletro<strong>do</strong>mésticos e outros bensduráveis essenciais para reduzir o tempo de afazeres <strong>do</strong>mésticos não remunera<strong>do</strong>, nãoestavam disponíveis na grande maioria <strong>do</strong>s lares urba<strong>no</strong>s chefia<strong>do</strong>s por mulheres: for<strong>no</strong>de microondas (inexistente em 71,3% das famílias), processa<strong>do</strong>r de alimentos (93,9%),grill (88,0%) e freezer (89,7%).É importante enfatizar que, segun<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s da PNAD, mais da metade (59,0%) dasmulheres responsáveis por famílias estavam na condição de eco<strong>no</strong>micamente ativas <strong>no</strong>a<strong>no</strong> de 2009, sen<strong>do</strong> que 53,0% estavam trabalhan<strong>do</strong>.A Crise <strong>do</strong> Cuida<strong>do</strong> e a Imperiosa Necessidade dePromover o Equilíbrio entre <strong>Trabalho</strong>-FamíliaComo destaca<strong>do</strong> pela <strong>OIT</strong> em seu relatório <strong>Trabalho</strong> e Família: rumo a <strong>no</strong>vas formasde conciliação com co-responsabilidade social (2009), atualmente a América Latinaestá enfrentan<strong>do</strong> a chamada crise <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong>, que revela a necessidade de reorganizarsimultaneamente o trabalho assalaria<strong>do</strong>-remunera<strong>do</strong> e o <strong>do</strong>méstico não remunera<strong>do</strong>,superan<strong>do</strong> a rígida divisão sexual <strong>do</strong> trabalho e a segregação ocupacional por sexo <strong>no</strong>merca<strong>do</strong> de trabalho. Esta crise se coloca em um cenário de profundas transformaçõespromovidas pela crescente entrada das mulheres <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho e pelastensões causadas pela persistência da <strong>no</strong>ção tradicional de que as mulheres são asresponsáveis exclusivas ou principais pelas atividades de cuida<strong>do</strong>. Esta <strong>no</strong>ção se refletena organização das famílias, com a manutenção de um modelo <strong>no</strong> qual uma maiorresponsabilidade <strong>do</strong>s homens pelas atividades de cuida<strong>do</strong>s não se concretiza. Refletese,ainda, na organização <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho e <strong>no</strong>s processos de formulação depolíticas públicas de forma que mecanismos estatais e de merca<strong>do</strong> volta<strong>do</strong>s para oapoio aos cuida<strong>do</strong>s – na forma de serviços, equipamentos públicos e <strong>no</strong>vos modelosde gestão <strong>do</strong> tempo de trabalho – sejam insuficientes.


132PErFIL DO TrABALhO DECENTE NO BrASIL: UM OLHAR SOBRE AS UNIDADES DA FEDERAçÃOA crise <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> tende a agravar-se em função <strong>do</strong> aumento da população que demandacuida<strong>do</strong>s, como resulta<strong>do</strong> das transformações sociodemográficas em curso. Nesse contexto,destacam-se os <strong>no</strong>vos arranjos familiares, o envelhecimento da população, o aumentoda quantidade de pessoas com <strong>do</strong>enças crônicas, com deficiência, a crescente participaçãofeminina <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho e a existência de um número eleva<strong>do</strong> de crianças, apesar<strong>do</strong> declínio da fecundidade.O Cuida<strong>do</strong> <strong>no</strong> Marco Normativo InternacionalA Convenção sobre os Direitos da Criança (1989) estabelece, <strong>no</strong> artigo 18, incisos 1, 2 e 3, queo Esta<strong>do</strong> deve garantir “o reconhecimento <strong>do</strong> princípio que ambos os pais possuem obrigaçõescomuns <strong>no</strong> que diz respeito ao desenvolvimento da criança”. Afirma-se que os Esta<strong>do</strong>sprestarão assistência aos pais e representantes legais, para o desempenho de suas funçõesem relação à criação da criança e serão responsáveis pela criação de instituições, instalaçõese serviços para o cuida<strong>do</strong>. Além disso, “a<strong>do</strong>tarão todas as medidas necessárias para que ascrianças cujos pais trabalhem tenham direito a beneficiarem-se de serviços e instalações deacolhimento”.A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher(1979) explicita que os direitos das trabalha<strong>do</strong>ras devem ser protegi<strong>do</strong>s de potenciais discriminaçõesoriginadas da maternidade: os Esta<strong>do</strong>s devem proibir e coibir to<strong>do</strong> tipo de práticasdiscriminatórias, assim como implementar licenças remuneradas e outras medidas que permitamconciliar as responsabilidades familiares e <strong>do</strong> trabalho <strong>do</strong>s pais. A Convenção assinalaque homens e mulheres devem compartilhar as responsabilidades <strong>do</strong>mésticas e de criação<strong>do</strong>s filhos. (artigo 11, inciso 2).O Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (PIDESC) estabelece, <strong>no</strong>artigo 10, que os Esta<strong>do</strong>s devem oferecer proteção e assistência às famílias para o cuida<strong>do</strong> eeducação <strong>do</strong>s filhos.Fonte: Pautassi e Rico, 2011.As três últimas décadas foram marcadas por expressivas mudanças sociodemográficas<strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. Dentre as principais, destacam-se o arrefecimento <strong>do</strong> ritmo de crescimento demográfico,fruto <strong>do</strong> significativo declínio da fecundidade, a continuidade <strong>do</strong> processo deurbanização e o envelhecimento populacional.O processo de envelhecimento da população assume visibilidade e se manifesta através <strong>do</strong>aumento da participação relativa das pessoas i<strong>do</strong>sas (com mais de 60 a<strong>no</strong>s de idade) napopulação total e pelo aumento da longevidade. Os seus principais fatores determinantessão a queda da fecundidade e o aumento da esperança de vida. Com efeito, segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s<strong>do</strong>s censos demográficos, a taxa de fecundidade <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> que era de 6,3 filhos/mulher em1960, decli<strong>no</strong>u para 2,6 filhos/mulher em 1991, e posteriormente reduziu para 1,86 filho/mulher em 2010 – abaixo da taxa correspondente ao nível de reposição da população. Aesperança de vida experimentou um acréscimo de quase 11,0 a<strong>no</strong>s, ao passar de 62,6 a<strong>no</strong>sem 1980 para 73,5 a<strong>no</strong>s em 2010.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 133Observa-se, portanto, significativas mudanças na estrutura etária da população: redução<strong>do</strong> contingente de crianças de 00 a 14 a<strong>no</strong>s de idade, crescimento da população potencialmenteem idade de trabalhar (15 a 59 a<strong>no</strong>s) e aumento da população i<strong>do</strong>sa (60 a<strong>no</strong>s emais). Segun<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Censo 2010, nesse a<strong>no</strong> o contingente de i<strong>do</strong>sos <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> jáalcançava 20,6 milhões e correspondia a 10,8% da população total.O processo de envelhecimento populacional <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> se tornará ainda mais intensoa partir das próximas décadas. Segun<strong>do</strong> as projeções elaboradas pelo IBGE, aproporção de pessoas com 60 a<strong>no</strong>s e mais aumentará para 18,7% em 2020 e subseqüentementepara cerca de 29,7% <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2050, ocasião na qual a população i<strong>do</strong>sachegará a 64 milhões de pessoas – efetivo superior em 4 milhões ao somatório <strong>do</strong>scontingentes populacionais de São Paulo e Minas Gerais (esta<strong>do</strong>s mais populosos <strong>do</strong>país) <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2010.Da<strong>do</strong> que a capacidade física e biológica <strong>do</strong> ser huma<strong>no</strong> diminui naturalmente com opassar <strong>do</strong>s a<strong>no</strong>s, as pessoas i<strong>do</strong>sas tornam-se mais suscetíveis ao risco de a<strong>do</strong>ecerem.Na composição da morbidade deste grupo figura uma alta proporção de <strong>do</strong>ençascrônicodegenerativas, dentre as quais se destacam as <strong>do</strong>enças <strong>do</strong> aparelho circulatório(com especial incidência de <strong>do</strong>enças cérebrovasculares e isquêmicas <strong>do</strong> coração),assim como neoplasias e diabetes, que, por serem agravos associa<strong>do</strong>s tanto a fatoresinerentes à própria constituição <strong>do</strong> indivíduo como ao estilo de vida da população,são de difícil tratamento preventivo. Esse processo implica em uma diminuiçãoprogressiva das capacidades funcionais e da auto<strong>no</strong>mia para executar atividadesespecíficas que são essenciais para o cuida<strong>do</strong> pessoal e tem como consequência aprogressiva dependência da pessoa i<strong>do</strong>sa com relação à ajuda de outras pessoas parao seu bem-estar. (SAAD, 2005).Os da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Suplemento de Saúde da PNAD 2008 são bastante ilustrativos <strong>do</strong> aumentoda incidência de <strong>do</strong>enças crônicas na população, em função, sobretu<strong>do</strong>, <strong>do</strong> processo deenvelhecimento e também refletem a maior incidência dessas <strong>do</strong>enças e da incapacidadefuncional entre a população i<strong>do</strong>sa.Segun<strong>do</strong> o Suplemento de Saúde da PNAD, o percentual da população brasileira que tinha<strong>do</strong>ença crônica aumentou de 29,9% <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2003 para 31,5% em 2008, perfazen<strong>do</strong> umincremento de 1,6 ponto percentual. É importante destacar que, em termos absolutos essaexpansão significou uma ampliação de 6,2 milhões <strong>no</strong> número de pessoas com <strong>do</strong>ençacrônica <strong>no</strong> país em apenas cinco a<strong>no</strong>s: de 52,6 para 58,8 milhões. Já entre os i<strong>do</strong>sos com60 a<strong>no</strong>s e mais de idade, a proporção que possuía pelo me<strong>no</strong>s uma <strong>do</strong>ença crônica era de77,4% em 2008.Tratan<strong>do</strong>-se das dificuldades em realizar atividades <strong>do</strong> cotidia<strong>no</strong> que caracterizamincapacidade funcional, 13,6% das pessoas i<strong>do</strong>sas não conseguiam ou tinham grandedificuldade em se deslocar numa distância de 100 metros – tal proporção era maiselevada entre as i<strong>do</strong>sas (15,7%) em comparação aos i<strong>do</strong>sos (10,9%). Outra proporçãode 6,9% não conseguia ou tinha grande dificuldade em alimentar-se, tomar banho ouir ao banheiro.


134PErFIL DO TrABALhO DECENTE NO BrASIL: UM OLHAR SOBRE AS UNIDADES DA FEDERAçÃOAs Convenções da <strong>OIT</strong> sobre a proteção àmaternidade e as responsabilidades familiaresDesde sua fundação, a <strong>OIT</strong> tem demonstra<strong>do</strong> uma constante preocupação com a proteçãoà maternidade. Em sua sessão inaugural, realizada em 1919, a Conferência Internacional <strong>do</strong><strong>Trabalho</strong> a<strong>do</strong>tou a Convenção sobre a Proteção à Maternidade, 1919 (nº 3). Esta Convençãofoi revisada em 1952, a partir da aprovação da Convenção nº 103 sobre o mesmo tema. EstaConvenção introduziu a maternidade como bem jurídico tutela<strong>do</strong> e ampliou a proteção a todasas mulheres ocupadas em atividades industriais, não industriais e agrícolas, assim como àsocupadas <strong>no</strong> trabalho <strong>do</strong>méstico e <strong>no</strong> trabalho a <strong>do</strong>micílio.No final da década de <strong>no</strong>venta, iniciou-se a segunda revisão da Convenção sobre a Proteçãoà Maternidade. Este processo foi finaliza<strong>do</strong> com a a<strong>do</strong>ção, pela Conferência Internacional<strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, em 2000, da Convenção nº 183 sobre o mesmo tema. A Convenção nº 183 faz referênciaa um conjunto de convenções internacionais orientadas para a igualdade de oportunidadese de tratamento para trabalha<strong>do</strong>ras e trabalha<strong>do</strong>res e considera que a proteção àgravidez é uma responsabilidade compartilhada <strong>do</strong>s gover<strong>no</strong>s e das sociedades, e deve serconcretizada a partir de cinco componentes: licença maternidade, proteção <strong>do</strong> emprego,benefícios pecuniários e médicos, proteção à saúde (com relação aos trabalhos prejudiciaisà saúde das mulheres e <strong>do</strong>s bebês) e amamentação. A Convenção determina uma licençade, <strong>no</strong> mínimo, 14 semanas e um perío<strong>do</strong> de seis semanas de licença obrigatório após o parto.Além disso, prevê que os benefícios em dinheiro pagos durante a licença devem ser de,<strong>no</strong> mínimo, <strong>do</strong>is terços <strong>do</strong>s rendimentos anteriores das mulheres e devem ser financia<strong>do</strong>smediante um seguro social obrigatório ou devem ficar a cargo de fun<strong>do</strong>s públicos. Proíbe,ainda, a demissão de mulheres grávidas durante a licença ou depois de sua reintegraçãoao trabalho, exceto por razões que não estejam relacionadas com a gravidez. Garante àsmulheres o direito de retornar ao mesmo posto de trabalho ou a um posto equivalente coma mesma remuneração. Além disso, proíbe a discriminação em função da maternidade eproíbe a exigência de teste de gravidez.A Convenção da <strong>OIT</strong> sobre Trabalha<strong>do</strong>res e Trabalha<strong>do</strong>ras com Responsabilidades Familiares,1981 (nº 156) reconhece a responsabilidade de homens e mulheres pelo trabalho de cuida<strong>do</strong> etem como principal objetivo assegurar que to<strong>do</strong>s os trabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>ras com responsabilidadesfamiliares tenham garanti<strong>do</strong> seu direito à igualdade de oportunidades e tratamento<strong>no</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho, e de não serem discrimina<strong>do</strong>s em razão de suas responsabilidades familiares.Esta Convenção estabelece, ainda, a obrigação <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s de incluir, entre os objetivosde sua política nacional, implementação de medidas que permitam a livre escolha <strong>do</strong> emprego,que facilitem o acesso à formação que garantam a integração e permanência de trabalha<strong>do</strong>res etrabalha<strong>do</strong>ras com responsabilidades familiares ao merca<strong>do</strong> de trabalho.Fonte: <strong>OIT</strong>, 2009


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 135A demanda por cuida<strong>do</strong> entre a população i<strong>do</strong>sa será cada vez mais intensa e complexa,devi<strong>do</strong> a outra particularidade <strong>do</strong> processo em curso: o envelhecimento que se observa<strong>no</strong> interior da própria população i<strong>do</strong>sa, com destaque para o grupo composto pelaspessoas de 80 a<strong>no</strong>s e mais. Se, <strong>no</strong> a<strong>no</strong> 2000, uma em cada dez pessoas com 60 a<strong>no</strong>s emais pertencia ao grupo de 80 a<strong>no</strong>s e mais, na metade <strong>do</strong> atual século esta relação será deuma em cada cinco. Entre 2000 e 2050, o número de i<strong>do</strong>sos com 80 a<strong>no</strong>s e mais cresceráexpressivamente ao passar de 1,2 milhão para 13,7 milhões.Indubitavelmente, a incidência de <strong>do</strong>enças crônicas e a perda da capacidade funcional sãoainda mais expressivas entre os mais i<strong>do</strong>sos e i<strong>do</strong>sas. Com efeito, entre as pessoas com 80a<strong>no</strong>s e mais de idade, a prevalência de <strong>do</strong>enças crônicas se eleva para 81,0% e a proporçãoque não consegue ou tem grande dificuldade de caminhar 100 metros aumenta para 27,5%.Entre as pessoas com mais de 80 a<strong>no</strong>s, a proporção que não conseguia ou tinha grandedificuldade em alimentar-se, tomar banho ou ir ao banheiro aumenta expressivamentepara 20,1%, enquanto que entre a população i<strong>do</strong>sa de 60 a<strong>no</strong>s ou mais era cerca de trêsvezes me<strong>no</strong>r (6,9%), conforme menciona<strong>do</strong> anteriormente.A necessidade de cuida<strong>do</strong> para a população i<strong>do</strong>sa <strong>no</strong> âmbito da família é tambémimperiosa, devi<strong>do</strong> à sua dificuldade de acesso aos serviços de saúde. Ainda que o <strong>Brasil</strong>conte com o SUS, o sistema ainda não está devidamente prepara<strong>do</strong> para atender asdemandas específicas desse já volumoso segmento populacional. Ademais, segun<strong>do</strong> aPNAD de 2008, mais da metade (51,3%) <strong>do</strong>s <strong>do</strong>micílios com pessoas i<strong>do</strong>sas não estavamcadastra<strong>do</strong>s <strong>no</strong> Programa Saúde da Família e 70,3% da população i<strong>do</strong>sa (cerca de 15milhões) não possuía pla<strong>no</strong> de saúde.Se, por um la<strong>do</strong>, são crescentes as demandas de cuida<strong>do</strong> para a população i<strong>do</strong>sa, poroutro, as transformações sociodemográficas em curso estão reduzin<strong>do</strong>, cada vez mais, acapacidade da família como prove<strong>do</strong>ra de cuida<strong>do</strong>s e amparo ao i<strong>do</strong>so. Com a reduçãoda fecundidade, diminui o número de filhos e, conseqüentemente, a disponibilidade <strong>do</strong>smesmos para cuidar <strong>do</strong>s seus pais i<strong>do</strong>sos. Com efeito, segun<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s da Tabela 44,que apresenta a composição <strong>do</strong>s arranjos <strong>do</strong>miciliares <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos, constata-se que, <strong>no</strong>a<strong>no</strong> de 2009, 13,8% das pessoas com 60 a<strong>no</strong>s ou mais de idade viviam sozinhas (arranjounipessoal) e 23,8% conformavam o arranjo casal sem filhos, ou seja, uma significativaproporção de 37,6% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos ou moravam sozinhos ou somente com o seu cônjuge.É importante ressaltar que, nas regiões Sul e Sudeste, tal proporção já alcançava 45,5%e 41,0% respectivamente, em função, sobretu<strong>do</strong>, <strong>do</strong> estágio mais avança<strong>do</strong> da transiçãodemográfica.


136<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTABELA 44PESSOAS DE 60 ANOS OU MAIS DE IDADE, RESIDENTES EM DOMICÍLIOS PARTICULARES, TOTALE RESPECTIVA DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL POR TIPO DE ARRANJO DOMICILIARBRASIL E GRANDES REGIÕES, 2009Pessoas de 60 a<strong>no</strong>s ou mais de idade, residentes em <strong>do</strong>micílios particularesDistribuição percentual, por tipo de arranjo <strong>do</strong>miciliar (%)ÁreaGeográficaTotal(1.000pessoas)(1)Unipessoal(2)Casalsemfilhos(3)Moran<strong>do</strong>sem filhose comoutros (4)Moran<strong>do</strong> com filhose/ou com outros (5)Com filhosme<strong>no</strong>res de25 a<strong>no</strong>s (6)To<strong>do</strong>s osfilhos com 25a<strong>no</strong>s ou maisOutros(7)<strong>Brasil</strong>NorteNordesteSudesteSulCentro-Oeste21.6981.1325.63710.2103.3951.32413,810,011,915,014,913,723,817,216,826,030,625,710,512,513,09,38,911,112,519,618,29,89,710,830,730,932,431,326,129,98,79,97,88,69,88,8Fonte: IBGE - PNAD (Síntese de Indica<strong>do</strong>res Sociais 2010)(1) Exclusive pensionistas, emprega<strong>do</strong>s <strong>do</strong>mésticos ou parentes <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong> <strong>do</strong>méstico. (2) Domicílio com pessoasde 60 a<strong>no</strong>s ou Mais de idade moran<strong>do</strong> sem cônjuge, filhos, outros parentes e agrega<strong>do</strong>s. (3) Domicílio com pessoaresponsável e cônjuge, ten<strong>do</strong> ao me<strong>no</strong>s uma de 60 a<strong>no</strong>s ou mais de idade, sem filhos, outros parentes e agrega<strong>do</strong>s. (4)Domicílio com pessoa responsável com ou sem cônjuge, ten<strong>do</strong> ao me<strong>no</strong>s uma de 60 a<strong>no</strong>s ou mais de idade, moran<strong>do</strong>com outros parentes e/ou agrega<strong>do</strong>s de qualquer idade e sem Filhos. (5) Domicílio com pessoa responsável com ousem cônjuge, ten<strong>do</strong> ao me<strong>no</strong>s uma de 60 a<strong>no</strong>s ou mais de idade, moran<strong>do</strong> com Filhos e/ou com outros parentes e/ouagrega<strong>do</strong>s, de qualquer idade. (6) Domicílio com ao me<strong>no</strong>s um filho com me<strong>no</strong>s de 25 a<strong>no</strong>s de Idade. (7) Domicíliocom pessoas de 60 a<strong>no</strong>s ou mais de idade somente na condição de outro parente e/ou agrega<strong>do</strong>.Uma outra significativa proporção de i<strong>do</strong>sos (30,7%), residia em famílias nas quais to<strong>do</strong>sos filhos possuíam 25 a<strong>no</strong>s ou mais de idade, ou seja, estavam situa<strong>do</strong>s na faixa etáriapotencialmente produtiva, o que também obstaculiza a disponibilidade para o cuida<strong>do</strong>,em função da inserção deste grupo <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho e da ausência de medidas deequilíbrio entre trabalho família que garantam uma melhor conciliação entre as atividadesde cuida<strong>do</strong> e as responsabilidades profissionais.A composição destes arranjos entre a população i<strong>do</strong>sa já é reflexo das significativastransformações que vêm ocorren<strong>do</strong> <strong>no</strong>s arranjos familiares ao longo das últimas décadas.Segun<strong>do</strong> o Gráfico 19, o arranjo casal com filhos que respondia por mais da metade(57,5%) <strong>do</strong> total de arranjos familiares <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 1996, contraiu para 47,3% em2009, representan<strong>do</strong> uma redução de dez pontos percentuais em apenas 13 a<strong>no</strong>s. Alémda redução da fecundidade, a postergação <strong>do</strong> casamento e <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de opção em ter oprimeiro filho ou filha – sobretu<strong>do</strong> em função da maior inserção das mulheres <strong>no</strong> merca<strong>do</strong>de trabalho – tem contribuí<strong>do</strong> para a redução da participação deste arranjo familiar.Durante o mesmo perío<strong>do</strong> (1996 a 2009), aumenta a proporção de famílias <strong>do</strong> tipo casalsem filhos (de 13,1% para 17,4%), em função <strong>do</strong>s motivos cita<strong>do</strong>s anteriormente e tambémdevi<strong>do</strong> a opções individuais.Outra mudança estrutural é o aumento da proporção <strong>do</strong> arranjo unipessoal (pessoasviven<strong>do</strong> sozinhas) <strong>no</strong> mesmo perío<strong>do</strong>: de 8,0% para 11,0%. Esse crescimento é resultantede um conjunto de fatores sociodemográficos, como o aumento da expectativa de vida, ocrescimento <strong>do</strong> número de separações conjugais e avanço <strong>no</strong> processo de urbanização,que proporciona alternativas mais propícias a este tipo de arranjo.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 137GRÁFICO 19DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DE ARRANJOS FAMILIARES SEGUNDO O TIPO DE ARRANJOBRASIL, 1996 E 2009Fonte: IBGE – Síntese de Indica<strong>do</strong>res Sociais 2007 e 2010Observa-se também o aumento das famílias mo<strong>no</strong>parentais, sobretu<strong>do</strong> daquelas nas quaisa mulher é a pessoa de referência 56 . O arranjo mulher sem cônjuge com filhos incrementasua participação de 15,8% para 17,4% entre 1996 e 2009.Diante <strong>do</strong> exposto, evidencia-se que, durante as próximas décadas, a disponibilidadede filhos e filhas para o cuida<strong>do</strong> de seus pais i<strong>do</strong>sos estará ainda mais comprometida,uma vez que as gerações futuras de i<strong>do</strong>sos pertencerão a famílias ainda me<strong>no</strong>res.Paralelamente, o contínuo processo de inserção das mulheres <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalhotambém afetará as possibilidades de amparo familiar para a população i<strong>do</strong>sa, na medidaem que tradicionalmente – em função das desigualdades de gênero <strong>no</strong> âmbito dasresponsabilidades <strong>do</strong>mésticas - tal função de cuida<strong>do</strong>s básicos aos i<strong>do</strong>sos e de outraspessoas dependentes tem si<strong>do</strong> delegada pre<strong>do</strong>minantemente às mulheres.Nesse contexto, conforme chama a atenção a <strong>OIT</strong> (2011e), as mulheres adultas continuamatuan<strong>do</strong> como responsáveis exclusivas ou principais pelas atividades de cuida<strong>do</strong> de pessoasi<strong>do</strong>sas e outras pessoas dependentes o que, soma<strong>do</strong> à sua participação <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> detrabalho, pressupõe uma altíssima carga de trabalho. Além de gerar altos níveis de estresse,esta situação pode impedir ou restringir sua inserção laboral. Portanto, o envelhecimentopopulacional incide diretamente sobre a demanda por cuida<strong>do</strong>s e sobre o tipo e quantidadede trabalho <strong>do</strong>méstico não remunera<strong>do</strong> que as mulheres realizam em seus lares.Apesar de que a presença de i<strong>do</strong>sos pode aumentar a carga das mulheres em relação aocuida<strong>do</strong>, muitas vezes se dá o processo inverso, já que esses i<strong>do</strong>sos podem ajudar nastarefas <strong>do</strong> lar, diminuin<strong>do</strong> o tempo que as mulheres devem destinar às tarefas <strong>do</strong>mésticas.56Esta questão será aprofundada <strong>no</strong> Capítulo referente à dimensão Igualdade de Oportunidades e de Tratamento<strong>no</strong> Emprego.


138<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoNos <strong>do</strong>micílios mais pobres, é comum que as avós fiquem a cargo <strong>do</strong>s/as netos/as, mesmoque, às vezes, o cuida<strong>do</strong> se torne circular: formalmente, as avós estão a cargo das netas,mas cotidianamente muitas netas assumem tarefas de cuida<strong>do</strong> e companhia (<strong>OIT</strong>, 2011e).Entre os i<strong>do</strong>sos, o cuida<strong>do</strong> <strong>do</strong> companheiro/companheira é uma tarefa que recaigeralmente sobre as mulheres, já que elas comumente são mais <strong>no</strong>vas e tendem a vivermais que seu companheiro, em função <strong>do</strong> significativo diferencial de longevidade – em2010, a esperança de vida das mulheres (77,3 a<strong>no</strong>s) era 7,6 a<strong>no</strong>s superior à <strong>do</strong>s homens(69,7 a<strong>no</strong>s). A maior parte das esposas que assumem o papel de cuida<strong>do</strong>ra principal sãotambém pessoas i<strong>do</strong>sas ou próximas à velhice. Entretanto, elas devem enfrentar a altacarga de trabalho que o cuida<strong>do</strong> de pessoas com algum tipo de dependência pressupõe, oque inclusive pode acelerar o seu próprio processo de envelhecimento.A magnitude das pessoas com deficiência representa mais um desafio <strong>no</strong> âmbito <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong>.Segun<strong>do</strong> os Resulta<strong>do</strong>s Gerais da Amostra <strong>do</strong> Censo 2010, <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, aproximadamente45,6 milhões de pessoas (cerca de 24,0% da população total) possuía pelo me<strong>no</strong>s uma dasdeficiências investigadas 57 .Consideran<strong>do</strong>-se a população com deficiência severa 58 – exatamente aquela que demandamais cuida<strong>do</strong>s – o contingente era de 12,7 milhões pessoas, o equivalente a 6,7% dapopulação total. A deficiência visual severa era a que mais incidia sobre a população: em2010, 3,5% das pessoas declararam possuir grande dificuldade ou nenhuma capacidade deenxergar. Em seguida, apareceu a deficiência motora severa, atingin<strong>do</strong> 2,3% das pessoas.O percentual de pessoas que declararam possuir deficiência auditiva severa foi de 1,1% e odas que declararam ter deficiência mental foi de 1,4%.As informações <strong>do</strong> contingente de pessoas que faziam jus ao Benefício de PrestaçãoContinuada (BPC) também são ilustrativas da magnitude da população com deficiênciaque se encontra em situação de vulnerabilidade social e que, por conseguinte, tambémdemanda cuida<strong>do</strong>s. Ao final <strong>do</strong> a<strong>no</strong> de 2011, cerca de 1,90 milhão de pessoas comdeficiência recebiam o BPC.Diante desse complexo e multifaceta<strong>do</strong> contexto, adquirem caráter central os temas <strong>do</strong>cuida<strong>do</strong>, a desigualdade de gênero e a solidariedade intergeracional. Na medida em que asmulheres ingressam em forma cada vez mais massiva <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho, a populaçãoenvelhece e os arranjos familiares mudam, tensionam-se os contratos de gênero e geração.Quan<strong>do</strong> os regimes de bem-estar enfrentam estes problemas, existem quatro âmbitos derespostas: soluções de cuida<strong>do</strong> e proteção <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>; soluções de cuida<strong>do</strong> e proteçãoprovidas pelo Esta<strong>do</strong>; redistribuição da carga <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> e proteção entre homens e mulherese entre as distintas gerações nas famílias; e soluções coletivas não estatais (terceiro setore formas comunitárias). Nesta topografia complexa, porém, as próprias soluções providaspelo Esta<strong>do</strong> (políticas estatais vinculadas à família e proteção social) por sua vez afetam assoluções dentro das famílias, as <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> e as ações comunitárias. Tais políticas não sãoinócuas na redistribuição das responsabilidades de cuida<strong>do</strong> e proteção dentro da família,bem como na capacidade das famílias para prover esse cuida<strong>do</strong> e proteção (CEPAL, 2010).57Visual, auditiva, motora e mental.58O Censo investigou, <strong>no</strong> questionário da amostra, o grau de severidade das deficiências visual, auditiva e motora,conforme a seguinte classificação: alguma dificuldade, grande dificuldade e não consegue de mo<strong>do</strong> algum. Aspessoas agrupadas na categoria deficiência severa são as que declararam, para um tipo ou mais de deficiência, asopções “grande dificuldade” ou “não consegue de mo<strong>do</strong> algum”, além daquelas que possuíam deficiência mental.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 139Ao apresentar e discutir os riscos e modalidades adaptativas estratificadas ante a crise <strong>do</strong>cuida<strong>do</strong> e a dupla demanda <strong>do</strong> trabalho remunera<strong>do</strong> e não remunera<strong>do</strong> sobre a mulher(conforme Esquema 1, abaixo), a CEPAL (2010) alerta para o fato de que a retirada damulher <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho <strong>no</strong>s setores de média baixa e de baixa renda, a diminuiçãoda fecundidade (não por opção, mas por incompatibilidade) <strong>no</strong>s setores de média e altarenda ou o acesso a serviços baratos, mas de baixa qualidade, por parte <strong>do</strong>s setores maispobres, não são modalidades de solução desejáveis.Esquema 1Riscos e modadalidade adaptativas estratificadas ante a crise de cuida<strong>do</strong> e a dupla demanda <strong>do</strong> trabalhoremunera<strong>do</strong> e não remunera<strong>do</strong> sobre a mulherVulnerabilidade por discriminaçãoda mulher; vínculo precário damulher com o merca<strong>do</strong> de trabalhoRisco de população que requertrabalho não remunera<strong>do</strong> e cuida<strong>do</strong>sMe<strong>no</strong>r produtividade agregada eintertemporalReprodução ampliada dadesigualdade (estratificação nainserção da mulher <strong>no</strong> merca<strong>do</strong>de trabalho e custo diferencial <strong>do</strong>déficit de cuida<strong>do</strong>)Me<strong>no</strong>r convergência dafecundidade entre estratos porincentivos diferenciaisADAPTAÇÕES POTENCIAIS- Redistribuição da carga detrabalho não remunera<strong>do</strong> eremunera<strong>do</strong> entre homens emulheres- Diminuição da carga decuida<strong>do</strong> por controle defecundidade- Retirada da mulherda esfera <strong>do</strong> trabalhoremunera<strong>do</strong>- Compra de serviços <strong>no</strong>merca<strong>do</strong>- Uso de serviços públicos decuida<strong>do</strong>Setores médios altos e altos:compra de serviços de cuida<strong>do</strong> <strong>no</strong>merca<strong>do</strong>, ajuste da fecundidade,maior incorporação ao merca<strong>do</strong>de trabalhoSetores médios e médios baixos:ajuste da fecundidade para baixoe/ou retirada parcial <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>de trabalho, formas comunitáriase intergeracionais de apoio acuida<strong>do</strong> ou compra de serviçosem merca<strong>do</strong> de me<strong>no</strong>r qualidade.Setores populares: retirada <strong>do</strong>merca<strong>do</strong> de trabalho, formascomunitárias e intergeracionaisde cuida<strong>do</strong> ou serviços informaisde merca<strong>do</strong> de muito baixaqualidade.Fonte: CEPAL – Pa<strong>no</strong>rama Social da América Latina 2009A CEPAL (2010) assevera que para promover o equilíbrio entre trabalho e responsabilidadesfamiliares, as estratégias a<strong>do</strong>tadas devem incluir fórmulas concretas que impliquem aconciliação entre o trabalho remunera<strong>do</strong> e não remunera<strong>do</strong> não só para as mulheres, maspara to<strong>do</strong>s os trabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>ras que têm responsabilidades familiares. Emoutras palavras, a crise de cuida<strong>do</strong> não pode ser resolvida sem uma efetiva redefinição dacarga de trabalho remunera<strong>do</strong> e uma redistribuição das responsabilidades pelo trabalhonão remunera<strong>do</strong> e <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong>. Isto deve ter lugar dentro das famílias, mas também deveser feito e incentiva<strong>do</strong> a partir de ações estatais regula<strong>do</strong>ras, fiscais e de provisão deserviços sociais.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 141Medidas que promovam o equilíbrio entre trabalho e família podem gerar grandes benefícios:Diminuição <strong>do</strong> stress, devi<strong>do</strong> à redução <strong>do</strong>s conflitos entre trabalho, família e vidapessoal.Um ambiente de trabalho mais saudável <strong>no</strong> qual cada pessoa se sente apoiada,valorizada e necessária, o que contribui para a qualidade <strong>do</strong> trabalho em equipe epara uma maior eficiência.Aumento na satisfação <strong>do</strong> pessoal da empresa, o que se reflete em um aumento <strong>do</strong>compromisso, da lealdade, da produtividade e da i<strong>no</strong>vação.Aumento da capacidade da empresa para atrair e reter os/as melhores trabalha<strong>do</strong>rese trabalha<strong>do</strong>ras em um merca<strong>do</strong> cada vez mais competitivo.Redução da rotatividade de pessoal, o que permite diminuir os custos derecrutamento, bem como os custos com atividades de indução e capacitaçãoassocia<strong>do</strong>s à substituição de trabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>ras.Redução <strong>do</strong> absenteísmo e <strong>do</strong>s atrasos.Melhora <strong>no</strong> desempenho e motivação <strong>do</strong> pessoal da empresa e, consequentemente,aumento na produtividade.Criação de uma imagem de empresa associada à vanguarda e à i<strong>no</strong>vação, o que podeser um diferencial de competitividade.<strong>Trabalho</strong> Doméstico e a Demanda Recorrente porMedidas de ConciliaçãoConforme aborda<strong>do</strong> anteriormente, a cadeia de cuida<strong>do</strong> está atualmente baseada quaseinteiramente sobre o trabalho das mulheres. Nesse contexto, as trabalha<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>mésticasdesempenham um papel de suma importância, na medida em que o trabalho dessa categoriaé estratégico para que outras mulheres trabalha<strong>do</strong>ras possam se inserir <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> laboral.Vale enfatizar que essa categoria é pre<strong>do</strong>minantemente composta por mulheres (93,0% <strong>do</strong>total) e negras (62,0%), e responde por cerca de 17,0% da ocupação feminina <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.Entretanto, se por um la<strong>do</strong>, o trabalho <strong>do</strong>méstico figura na ponta da cadeia de cuida<strong>do</strong>,de outro, representa o elo mais fraco nessa cadeia, pois essa ocupação carece de proteçãosocial e condições de trabalho adequadas. Com efeito, pouco mais de um quarto (28,6%)das/os trabalha<strong>do</strong>ras/es <strong>do</strong>mésticas/os possuía carteira de trabalho assinada. Emsetembro de 2009, o rendimento médio mensal era de R$ 408,00 e se situava abaixo <strong>do</strong>salário mínimo vigente na época (R$ 465,00), corresponden<strong>do</strong> a apenas 87,7% <strong>do</strong> mesmo.Apenas 2,2% estavam associa<strong>do</strong>s/as a sindicato.A jornada de trabalho é bastante extensa e a esmaga<strong>do</strong>ra maioria dessas mulheresainda dedica diversas horas diárias aos afazeres <strong>do</strong>mésticos em suas próprias moradias.Praticamente não podem investir na aquisição de bens e serviços que apoiem a execuçãodas atividades <strong>do</strong>mésticas e de cuida<strong>do</strong> e geralmente residem em locais com precariedadede oferta de serviços públicos nesta área, a exemplo de creches. Ademais, se trata de umaocupação na qual a não observância <strong>do</strong>s direitos huma<strong>no</strong>s e <strong>do</strong>s direitos fundamentais <strong>no</strong>trabalho é marcante. Comumente as/os trabalha<strong>do</strong>ras/es <strong>do</strong>mésticas/os têm seus direitostrabalhistas viola<strong>do</strong>s e são vítimas de diversas formas de discriminação e de assédio morale sexual.


142<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoEsse ambiente e entor<strong>no</strong> de trabalho precários é um <strong>no</strong>tório exemplo da tensão esobrecarga psíquica exercida sobre as mulheres <strong>no</strong> âmbito das dificuldades de conciliaçãoentre trabalho e família. Segun<strong>do</strong> o Suplemento de Saúde da PNAD de 2008, a incidênciade depressão 59 entre as trabalha<strong>do</strong>ras e trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s serviços <strong>do</strong>mésticos alcançava6,5%, situan<strong>do</strong>-se bastante acima da média correspondente ao conjunto da populaçãoocupada (3,9%), além de ser a mais elevada dentre todas as categorias de posição naocupação, conforme Tabela 45.Vale a pena chamar a atenção para o fato de que a incidência de depressão era ainda maiorentre o trabalho <strong>do</strong>méstico sem carteira assinada (6,7%) e também entre as trabalha<strong>do</strong>ras<strong>do</strong>mésticas (6,8%).TABELA 45PERCENTUAL DE POPULAÇÃO OCUPADA COM DEPRESSÃO SEGUNDO A POSIÇÃO NA OCUPAÇÃOBRASIL, 2008Posição na OcupaçãoEmprega<strong>do</strong> com carteira assinadaFuncionário público estatutárioEmprega<strong>do</strong>s sem carteiraTrabalha<strong>do</strong>r <strong>do</strong>mésticoTrabalha<strong>do</strong>r <strong>do</strong>méstico com carteira assinadaTrabalha<strong>do</strong>r <strong>do</strong>méstico sem carteira assinadaConta-própriaEmprega<strong>do</strong>rTrabalha<strong>do</strong>r na produção para o próprio consumoTrabalha<strong>do</strong>r na construção para o próprio usoNão remunera<strong>do</strong>TotalFonte: IBGE - Microda<strong>do</strong>s da PNADElaboração: Escritório da <strong>OIT</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>% de Trabalha<strong>do</strong>res com Depressão2,96,02,86,55,76,74,74,16,05,94,33,9A magnitude <strong>do</strong> transtor<strong>no</strong> depressivo entre as trabalha<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>mésticas parece estardiretamente associada à precariedade das condições de trabalho e, por conseguinte, devida, das pessoas integrantes dessa categoria ocupacional. Cerca de 430 mil trabalha<strong>do</strong>rase trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong>mésticos apresentavam transtor<strong>no</strong> depressivo, o equivalente a 5,5% <strong>do</strong>total de pessoas com depressão <strong>no</strong> país, além de ser a categoria ocupacional com maiorcontingente absoluto com esse transtor<strong>no</strong>.A inclusão das trabalha<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>mésticas em todas as dimensões da proteção social, inclusivena proteção à maternidade e também <strong>no</strong>s cuida<strong>do</strong>s à primeira infância são medidasindispensáveis de conciliação entre trabalho e família para garantir a estas trabalha<strong>do</strong>rase a suas filhas e filhos seus direitos essenciais como cidadãs e cidadãos.59As informações se referem às pessoas com depressão diag<strong>no</strong>sticada e de forma auto-referida. Objetivan<strong>do</strong>assegurar a qualidade da informação, o IBGE considerou a existência de <strong>do</strong>ença crônica, <strong>no</strong> caso a depressão,quan<strong>do</strong> a pessoa entrevistada declarou que a enfermidade foi diag<strong>no</strong>sticada por médico ou profissional de saúde.Considerou-se como depressão: problema de diminuição da atividade por causa de esta<strong>do</strong> emocional, apatia,abatimento moral com letargia, falta de coragem ou ânimo para enfrentar a vida.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 143Tempo de Deslocamento Casa-<strong>Trabalho</strong>O tempo gasto para a mobilidade de trabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>ras entre a residência e olocal de trabalho também representa um importante aspecto a ser considera<strong>do</strong> <strong>no</strong> tocanteàs condições de trabalho e, conseqüentemente, ao <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>. Além das questõesdiretamente relacionadas à conciliação entre trabalho e família e à qualidade de vida emgeral, o tempo de deslocamento entre a residência e o trabalho também pode acarretarsignificativos custos financeiros para os trabalha<strong>do</strong>res e os emprega<strong>do</strong>res.Segun<strong>do</strong> as informações da PNAD 60 , <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2004, <strong>no</strong> país como um to<strong>do</strong>, 68,7% <strong>do</strong>strabalha<strong>do</strong>res gastava até 30 minutos com o deslocamento entre a casa e o trabalho.Pouco me<strong>no</strong>s de um quarto <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res (22,8%) dispendiam mais de 30 minutosaté 1 hora e 7,1% gastavam entre mais de 1 até 2 horas. Apenas 1,5% consumiam um temposuperior a 2 horas para deslocar-se entre a residência e o local de trabalho 61 . Já <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de2009, observava-se um aumento <strong>do</strong> tempo dispendi<strong>do</strong>, na medida em que as proporçõesda população ocupada que gastavam mais de 1 até 2 horas e mais de 2 horas, se elevarampara 7,7% e 1,8%, respectivamente, de acor<strong>do</strong> com a Tabela 46.No âmbito das Unidades da Federação (UFs), o tempo de deslocamento casa-trabalhoassumia grande variabilidade. Em 2009, em cinco UFs mais de 10,0% <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>rese trabalha<strong>do</strong>ras gastavam mais de 1 hora para realizar o trajeto casa-trabalho: Rio deJaneiro (17,6%), São Paulo (13,6%), Goiás (12,3%), Distrito Federal (11,5%) e Amazonas(10,9%).60A PNAD investigou a existência de deslocamento direto da residência para o local por trabalho por pessoa que, nasemana de referência, tinha trabalho, remunera<strong>do</strong> ou não remunera<strong>do</strong>, e não residia <strong>no</strong> mesmo terre<strong>no</strong> ou área <strong>do</strong>estabelecimento em que trabalhava. Excluem-se <strong>do</strong> trajeto direto pessoa que: por conveniência ou natureza <strong>do</strong> seutrabalho costumava <strong>do</strong>rmir <strong>no</strong> local de trabalho ou em suas proximidades; antes de ir para o trabalho, deixava o filhoem escola, creche ou casa de parente; antes de ir para o trabalho, cumpria alguma atividade, tal como freqüentar umcurso ou trabalhar em outro empreendimento; tinha que tomar um trem e, depois, um ônibus para chegar ao seutrabalho; e permanecia <strong>no</strong> local de trabalho de 2ª à 6ª feira e só retornava à sua residência <strong>no</strong> sába<strong>do</strong>.61Vale ressaltar que as informações levantadas pela PNAD captam apenas o tempo gasto com deslocamento emapenas um trecho <strong>do</strong> percurso, ou seja, não considera o tempo total de ida e volta da residência ao trabalho.


144<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTABELA 46DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DO TEMPO DE DESLOCAMENTO CASA-TRABALHO DA POPULAÇÃO DE 16 ANOSOU MAIS DE IDADE QUE SE DESLOCA DE CASA PARA O TRABALHO, POR CLASSES DE TEMPOBRASIL E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2004 E 200920042009Área GeográficaAté30 minMais de30 minaté 1hMaisde 1haté 2hMaisde 2 hTotalAté30 minMais de30 minaté 1hMaisde 1haté 2hMaisde 2 hTotal<strong>Brasil</strong>Unidades da FederaçãoRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal68,782,478,956,575,275,472,683,169,978,968,875,074,468,667,369,072,372,773,451,562,974,783,379,179,079,369,357,122,813,216,635,216,518,621,713,520,615,223,421,018,623,428,624,021,720,717,934,024,719,614,117,216,415,020,735,37,12,82,56,97,04,23,22,66,74,86,23,14,86,93,66,34,95,87,112,410,34,82,13,23,43,68,47,41,51,62,01,41,31,92,50,82,81,11,61,02,21,10,60,71,10,81,62,22,20,90,60,51,22,11,60,2100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,068,184,579,453,674,971,978,881,171,580,073,674,677,965,367,670,171,473,170,850,661,074,383,979,578,581,968,851,422,411,616,235,520,520,219,713,418,716,118,920,015,925,724,523,421,020,419,831,925,419,613,217,115,613,818,837,27,72,72,38,82,75,40,93,57,02,86,34,74,47,75,95,66,25,57,114,611,05,22,32,94,02,510,611,01,81,22,12,11,92,50,62,02,81,11,20,71,81,32,10,91,41,02,33,02,60,90,60,51,81,91,70,5100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0Fonte: IBGE - PNADOs indica<strong>do</strong>res referentes ao conjunto <strong>do</strong> país e até mesmo em nível de unidade federativanão permitem observar algumas importantes particularidades que merecem destaque.Consideran<strong>do</strong>-se o conjunto das <strong>no</strong>ve regiões metropolitanas 62 investigadas pela PNAD,é possível constatar que o tempo gasto com o deslocamento para o trabalho assume uma<strong>no</strong>va dimensão. Enquanto que <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> como um to<strong>do</strong>, em 2009, 9,5% <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>resgastavam mais de 1 hora para se deslocarem entre a residência e o trabalho, <strong>no</strong> conjunto dasmetrópoles esse percentual chegava a 17,5%, conforme Tabela 47. Ademais, tal proporçãovem crescen<strong>do</strong> sistematicamente nas regiões metropolitanas, já que, <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2004 essaproporção era de 15,5%, isto é, aumentou 2,0 pontos percentuais em cinco a<strong>no</strong>s.Vale ainda ressaltar que nas metrópoles brasileiras de maior porte demográfico eeconômico a mobilidade <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res exige ainda mais tempo: a proporção de62Belém, Fortaleza, Recife, Salva<strong>do</strong>r, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 145trabalha<strong>do</strong>res que dispendia mais de 1 hora para realizar o deslocamento casa-trabalho seelevava para 23,2% em São Paulo e para 22,0% <strong>no</strong> Rio de Janeiro.TABELA 47DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DO TEMPO DE DESLOCAMENTO CASA-TRABALHO DA POPULAÇÃO DE 16 ANOSOU MAIS DE IDADE QUE SE DESLOCA DE CASA PARA O TRABALHO, POR CLASSES DE TEMPOBRASIL, TOTAL DAS REGIÕES METROPOLITANAS E METRÓPOLES DE SÃO PAULO E DO RIO DE JANEIRO, 2004 E 200920042009Área GeográficaAté30 minMais de30 minaté 1hMaisde 1haté 2hMaisde 2 hTotalAté30 minMais de30 minaté 1hMaisde 1haté 2hMaisde 2 hTotal<strong>Brasil</strong>Total das Reg. Metrop.Reg. Metrop. São PauloReg. Metrop. Rio deJaneiro68,752,548,042,922,832,131,039,17,113,417,515,71,52,13,62,2100,0100,0100,0100,068,150,744,243,822,431,832,734,27,714,818,818,61,82,74,43,4100,0100,0100,0100,0Fonte: IBGE - PNADNos grandes centros urba<strong>no</strong>s as dificuldades de locomoção assumem maior magnitudee afetam de forma mais contundente os trabalha<strong>do</strong>res de baixa renda, que costumamresidir em áreas periféricas, comumente distantes das regiões de maior dinamismo econômicoe oferta de emprego, trabalho e renda. Esses trabalha<strong>do</strong>res necessitam, muitasvezes, utilizar diferentes linhas ou modalidades de transporte (ônibus e metrô ou trem,por exemplo), o que também impacta o orçamento <strong>do</strong>méstico.Além deste motivo, o gasto de tempo com a mobilidade da residência para o local detrabalho também aumenta em decorrência <strong>do</strong> exponencial crescimento da frota de veículos,que não vem sen<strong>do</strong> acompanhada, na mesma proporção, de intervenções na infra--estrutura urbana e nem na a<strong>do</strong>ção de soluções adequadas de engenharia de tráfego. Deacor<strong>do</strong> com as informações <strong>do</strong> Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN), a frotade automóveis <strong>do</strong> município de São Paulo, por exemplo, cresceu de 3,48 milhões de unidadesem 2004 para 4,48 milhões em 2009 (um incremento de 1,0 milhão de veículos emapenas cinco a<strong>no</strong>s). Já a frota de motocicletas aumentou de 319 mil para 652 mil unidadesdurante o mesmo perío<strong>do</strong> (crescimento de 104,3% ou de 333 mil unidades).A análise referente ao deslocamento <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res segun<strong>do</strong> o sexo não revela diferençassignificativas de tempo gasto por homens e mulheres. No entanto, mediante umaperspectiva de gênero, é importante ressaltar que o maior tempo dispendi<strong>do</strong> entre o deslocamentoda residência ao local de trabalho tende a afetar mais a qualidade de vida dasmulheres em função da sua dupla jornada de trabalho, conforme visto anteriormente.Outro da<strong>do</strong> importante para aprofundar a análise da temática <strong>do</strong> deslocamento casa-trabalhoé forneci<strong>do</strong> pelo Suplemento de Saúde da PNAD-2008, que investigou a prática deatividade física entre a população: aproximadamente um terço (33,4%) <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>rese trabalha<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> país ia para o trabalho a pé ou de bicicleta nesse a<strong>no</strong>.Seria plausível supor que a opção por deslocar-se a pé ou de bicicleta para o trabalhoestivesse bastante associada à proximidade existente entre a residência e o local de trabalho.De fato, a metade <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res (50,8% <strong>do</strong> total) que se deslocavam a pé oude bicicleta gastava até 19 minutos para realizar esse deslocamento. Por outro la<strong>do</strong>, entreos 10,3% <strong>do</strong>s ocupa<strong>do</strong>s que gastavam 60 minutos (uma hora) ou mais para chegar ao


146<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federaçãotrabalho caminhan<strong>do</strong> ou de bicicleta, a restrição orçamentária e/ou o custo <strong>do</strong> transportepodiam exercer grande influência na definição dessa forma de deslocamento. Com efeito,enquanto que entre aqueles que residiam em <strong>do</strong>micílios cujo rendimento <strong>do</strong>miciliar percapita era inferior a ¼ <strong>do</strong> salário mínimo, o percentual <strong>do</strong>s que iam a pé ou de bicicletapara o trabalho foi estima<strong>do</strong> em 57,5%. Já para a faixa acima de 5 salários mínimos, opercentual era de 10,8%, ou seja, bastante inferior.Entre as grandes regiões <strong>do</strong> país, conforme pode ser observa<strong>do</strong> na Tabela 48, a proporçãoda população ocupada que se dirigia ao local de trabalho a pé ou de bicicleta assumiaexpressiva variabilidade, sen<strong>do</strong> mais elevada <strong>no</strong> Nordeste (43,9%), Norte (37,5%) e Sul(35,0%) e me<strong>no</strong>s intensa nas regiões Centro-Oeste (26,1%) e Sudeste (27,0%).TABELA 48PERCENTUAL DOS OCUPADOS QUE SE LOCOMOVEM A PÉ OU DE BICICLETAENTRE O PERCURSO CASA-TRABALHO, DENTRE O TOTAL DE OCUPADOSBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2008Área Geográfica<strong>Brasil</strong>Região NorteRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsRegião NordesteMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaRegião SudesteMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloRegião SulParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulRegião Centro-OesteMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito FederalFonte: IBGE - PNADTotal de Ocupa<strong>do</strong>s89.666.9346.571.765703.854291.6451.326.650183.9583.167.433247.625650.60023.434.3272.669.0991.600.3983.873.6151.409.2881.570.9503.594.3641.194.775881.3936.640.44538.705.6409.917.9981.702.0617.068.37820.017.20314.238.3165.405.4403.197.1925.635.6846.716.8861.162.2561.463.6562.895.0281.195.946Vai a pé ou de bicicleta% <strong>do</strong> TotalNº Absoluto33,429.913.24437,52.465.16243,7307.72744,2128.96126,7354.01224,945.77139,61.253.23737,191.79643,6283.65843,910.276.29845,81.223.44153,3853.44044,61.726.60837,9534.65642,7671.06842,41.525.36143,1514.70333,8297.53244,12.929.48927,010.436.06640,13.976.65738,5655.54720,81.469.65221,74.334.21035,04.984.18131,91.722.16538,71.236.83835,92.025.17826,11.751.53732,5377.65029,8435.61528,2816.60510,2121.667


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 147Já entre as Unidades da Federação, destaca-se o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Piauí, onde mais da metade (53,3%)<strong>do</strong>s ocupa<strong>do</strong>s e ocupadas se deslocavam para o trabalho caminhan<strong>do</strong> ou de bicicleta, segui<strong>do</strong>pelo Maranhão (45,8%), Acre (44,2%) e Bahia (44,1%). É importante ressaltar que os esta<strong>do</strong>s<strong>do</strong> Maranhão e <strong>do</strong> Piauí também apresentavam os maiores percentuais de população ocupadaque gastavam 60 minutos (1 hora) ou mais para chegar ao trabalho a pé ou de bicicleta –21,9% e 16,7%, respectivamente. No Esta<strong>do</strong> da Bahia, esse percentual também era expressivona medida em que 12,3% <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res dispendiam 60 minutos (1 hora) ou mais.Algumas outras UFs apresentavam, simultaneamente, significativas proporções detrabalha<strong>do</strong>res que se dirigiam ao trabalho a pé ou de bicicleta e que gastavam 60minutos (1 hora) ou mais para realizar esse deslocamento: Pernambuco (42,4% e 13,9%,respectivamente) e Alagoas (43,1% e 11,7%, respectivamente).Por fim, o Distrito Federal era a UF que apresentava a me<strong>no</strong>r proporção (10,2%) de pessoasocupadas que iam ao trabalho caminhan<strong>do</strong> ou de bicicleta, situan<strong>do</strong>-se bastante abaixoda média nacional (33,4%).Existência de Auxílio para Transporte entre a PopulaçãoTrabalha<strong>do</strong>raO auxílio para transporte é um mecanismo que colabora decisivamente para o deslocamento<strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>ras da sua residência ao local de trabalho, sobretu<strong>do</strong>entre aqueles/as de baixa renda. A PNAD investiga para os ocupa<strong>do</strong>s na condição deemprega<strong>do</strong> ou de trabalha<strong>do</strong>r/a <strong>do</strong>méstico/a 63 a existência de auxílio para transporte 64como benefício <strong>do</strong> trabalho.Entre 2004 e 2009 aumenta de 37,1% para 40,5% a proporção de emprega<strong>do</strong>s e trabalha<strong>do</strong>res<strong>do</strong>mésticos que recebiam algum tipo de auxílio para transporte, segun<strong>do</strong> Tabela 49.Em termos regionais, a referida proporção expandiu-se entre todas as regiões, e em 2009variava de um mínimo de 33,0% <strong>no</strong> Norte <strong>do</strong> País, até o máximo de 48,4% na regiãoSudeste. Nesse a<strong>no</strong>, a região Nordeste apresentava a me<strong>no</strong>r proporção <strong>do</strong> país (29,6%).Acompanhan<strong>do</strong> a tendência nacional, o percentual de emprega<strong>do</strong>s e trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong>mésticosque recebiam algum tipo de auxílio para transporte aumentou em 22 das 27UFs entre 2004 e 2009. Em Sergipe (de 29,0% para 36,8%), <strong>no</strong> Amazonas (de 51,1% para58,4%) e <strong>no</strong> Mato Grosso Sul (de 26,6% para 33,6%), a expansão situou-se na casa <strong>do</strong>ssete pontos percentuais.Nas três UFs em que ocorreu declínio entre 2004 e 2009, a maior variação em pontospercentuais foi observada em Alagoas (de 24,9% para 19,5%), seguida pelo Acre (de24,7% para 22,3%) e Paraíba (de 22,1% para 19,7%). Vale ressaltar que essas UFs queapresentaram declínio, já possuíam baixas proporções de emprega<strong>do</strong>s e trabalha<strong>do</strong>res<strong>do</strong>mésticos que recebiam auxílio transporte, figuran<strong>do</strong> entre aquelas mais baixas <strong>do</strong> país.63Para a pessoa ocupada como trabalha<strong>do</strong>ra <strong>do</strong>méstica em mais de uma unidade <strong>do</strong>miciliar, investiga-se orecebimento de auxílio para transporte em, pelo me<strong>no</strong>s, um de seus serviços <strong>do</strong>mésticos remunera<strong>do</strong>s.64Segun<strong>do</strong> a definição a<strong>do</strong>tada pela PNAD, entende-se como auxílio para transporte: o pagamento, total ou parcial, peloemprega<strong>do</strong>r, <strong>do</strong> custo <strong>do</strong> vale ou tíquete transporte; o pagamento ou reembolso, total ou parcial, pelo emprega<strong>do</strong>r,da despesa com qualquer tipo de transporte (ônibus, trem, táxi, animal, etc.) ou combustível para transporte; ou acessão de veículo para transporte. Não se considerou como auxílio transporte o pagamento de qualquer despesa comtransporte, ou cessão de veículo, pelo emprega<strong>do</strong>r, para o exercício <strong>do</strong> trabalho <strong>do</strong> empreendimento.


148<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoEm outras duas UFs, a referida proporção apresentou relativa estabilidade, na medidaem que as oscilações foram ínfimas durante o perío<strong>do</strong> em análise: Paraná (de 36,6% para36,5%) e Amapá (de 30,6% para 30,4%).Área Geográfica<strong>Brasil</strong>Grandes RegiõesNorteNordesteSudesteSulCentro-OesteUnidades da FederaçãoRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito FederalFonte: IBGE - PNAD968.7903.016.85210.946.6952.992.5581.451.29567.37636.261360.21914.559406.00937.16747.199238.035116.363449.051191.838183.429607.497148.348149.566932.7251.974.780364.2422.581.1136.026.5601.189.891571.6491.231.018185.832182.560586.937495.966TABELA 49NÚMERO ABSOLUTO E PROPORÇÃO DE EMPREGADOS E TRABALHADORES DOMÉSTICOSDE 16 ANOS OU MAIS DE IDADE QUE RECEBEM AUXÍLIO-TRANSPORTEBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2004 E 20092004Nº Absoluto% em Relaçãoao Total19.376.19037,129,026,843,735,735,117,524,751,116,026,230,613,621,620,524,827,722,131,924,929,028,733,433,954,545,136,629,838,326,620,733,761,2Nº Absoluto24.636.0871.333.8494.008.98513.964.8743.502.1241.826.25587.07644.754517.23522.165542.93554.98664.698328.700164.873643.442282.797183.703739.665140.909215.5441.309.3522.497.613450.3203.097.5307.919.4111.352.904648.3661.500.854260.738231.549715.828618.1402009% em Relaçãoao Total40,533,029,648,436,738,119,022,358,417,830,330,415,925,122,027,732,619,735,419,536,833,136,137,957,551,536,528,941,733,622,735,563,3Apesar da evolução positiva geral, diversas UFs ainda apresentavam pequenas proporçõesde emprega<strong>do</strong>s e trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong>mésticos que recebiam auxílio transporte em 2009:Tocantins (15,9%), Roraima (17,8%), Rondônia (19,0%) e Paraíba (19,7%).O Distrito Federal (63,3%), o Amazonas (58,4%), Rio de Janeiro (57,5%) e São Paulo (51,5%)eram as únicas UFs na quais, em 2009, mais da metade <strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>s/as e trabalha<strong>do</strong>res/as<strong>do</strong>mésticos/as recebiam algum tipo de auxilio transporte para o deslocamento casa-trabalho.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 149TRABALHO A SER6ABOLIDOTRABALHO FORÇADOA definição da <strong>OIT</strong> de trabalho força<strong>do</strong> é composta por <strong>do</strong>is elementos básicos: trabalhoou serviço imposto sob ameaça de punição e executa<strong>do</strong> involuntariamente, conformedefini<strong>do</strong> em duas Convenções relativas ao tema: Convenção sobre o <strong>Trabalho</strong> Força<strong>do</strong> ouObrigatório, 1930 (nº 29) e a Convenção sobre a Abolição <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> Força<strong>do</strong>, 1957 (nº105), ambas ratificadas pelo <strong>Brasil</strong> <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s de 1957 e 1965, respectivamente. Essas duasconvenções foram definidas como fundamentais pela Declaração sobre os Princípios eDireitos Fundamentais <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> e seu Seguimento, <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 1998.É importante ressaltar que a ameaça a que as convenções da <strong>OIT</strong> se referem pode assumirmúltiplas formas. A mais extrema delas implica violência, confinamento ou mesmoameaças de morte à vítima ou a seus familiares. Também são formas extremas aquelasque se valem da indefensão de uma criança, tal como prevê o Artigo 3 da Convençãosobre a Proibição das Piores Formas de <strong>Trabalho</strong> Infantil e a Ação Imediata para a suaEliminação, 1999 (nº 182).Pode haver também formas mais sutis de ameaça, às vezes de natureza psicológica. Outraspunições podem ser de natureza financeira, como penas econômicas ligadas a dívidas,não-pagamento ou perda de salários com ameaça de demissão, quan<strong>do</strong> o trabalha<strong>do</strong>r serecusa a fazer mais horas extras além <strong>do</strong> estipula<strong>do</strong> em seus contratos ou na legislaçãonacional. Há casos também em que a coação se faz por intermédio da retenção de <strong>do</strong>cumentospessoais ou <strong>do</strong> aliciamento afetivo de pessoa em fase de desenvolvimento como acriança e o a<strong>do</strong>lescente.O Código Penal <strong>Brasil</strong>eiro, por sua vez, <strong>no</strong> seu art. 149 define o conceito de trabalho emcondição análoga à de escravo, descreven<strong>do</strong> as quatro condutas que configuram o crimede submeter alguém a essa condição. São elas:I. Submeter trabalha<strong>do</strong>r a trabalhos força<strong>do</strong>s;II. Submeter trabalha<strong>do</strong>r a jornada exaustiva;III. Sujeitar o trabalha<strong>do</strong>r a condições degradantes;IV. Restringir por qualquer meio a locomoção <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r em razão de dívida paracom o emprega<strong>do</strong>r ou preposto (“servidão por dívida”).Em 5 de outubro de 2011, a Secretaria de Inspeção <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> (SIT) <strong>do</strong> MTE editou aInstrução Normativa N.º 91, que dispõe sobre a fiscalização para a erradicação <strong>do</strong> trabalhoem condição análoga à de escravo e dá outras providências. O art. 3º desse instrumento


150<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federaçãoestabelece que, para os fins previstos na referida Instrução Normativa, considera-setrabalho realiza<strong>do</strong> em condição análoga à de escravo a que resulte das seguintes situações,quer em conjunto, quer isoladamente:I. A submissão de trabalha<strong>do</strong>r a trabalhos força<strong>do</strong>s 65 ;II. A submissão de trabalha<strong>do</strong>r a jornada exaustiva 66 ;III. A sujeição de trabalha<strong>do</strong>r a condições degradantes de trabalho 67 ;IV. A restrição da locomoção <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r 68 , seja em razão de dívida contraída, sejapor meio <strong>do</strong> cerceamento <strong>do</strong> uso de qualquer meio de transporte por parte <strong>do</strong>trabalha<strong>do</strong>r, ou por qualquer outro meio com o fim de retê-lo <strong>no</strong> local de trabalho 69 ;V. A vigilância ostensiva <strong>no</strong> local de trabalho por parte <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>r ou seupreposto, com o fim de retê-lo <strong>no</strong> local de trabalho 70 ;VI. A posse de <strong>do</strong>cumentos ou objetos pessoais <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r por parte <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>r ou seu preposto, com o fim de retê-lo <strong>no</strong> local de trabalho 71 .Número Total de Trabalha<strong>do</strong>res Resgata<strong>do</strong>s <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> de1995 a 2011Por se tratar de um grave crime previsto <strong>no</strong> Código Penal <strong>Brasil</strong>eiro, além de se constituirnuma severa violação não apenas à legislação trabalhista como também aos direitoshuma<strong>no</strong>s e aos direitos fundamentais <strong>no</strong> trabalho, há grande dificuldade de se obterestatísticas regulares acerca <strong>do</strong> número de trabalha<strong>do</strong>res submeti<strong>do</strong>s a condições análogasà escravidão e, conseqüentemente, construir indica<strong>do</strong>res sobre trabalho força<strong>do</strong>.Uma informação disponível, e que permite fazer uma aproximação <strong>do</strong> problema, é aquelareferente ao número de trabalha<strong>do</strong>res resgata<strong>do</strong>s 72 pelo Grupo Especial de Fiscalização65Todas as formas de trabalho ou de serviço exigidas de uma pessoa sob a ameaça de sanção e para o qual não setenha ofereci<strong>do</strong> espontaneamente, assim como aquele exigi<strong>do</strong> como medida de coerção, de educação política, depunição por ter ou expressar opiniões políticas ou pontos de vista ideologicamente opostos ao sistema político, sociale econômico vigente, como méto<strong>do</strong> de mobilização e de utilização da mão-de-obra para fins de desenvolvimentoeconômico, como meio para disciplinar a mão-de-obra, como punição por participação em greves ou como medidade discriminação racial, social, nacional ou religiosa (Instrução Normativa N.º 91 de 5 de outubro de 2011;66Toda jornada de trabalho de natureza física ou mental que, por sua extensão ou intensidade, cause esgotamentodas capacidades corpóreas e produtivas da pessoa <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r, ainda que transitória e temporalmente,acarretan<strong>do</strong>, em consequência, riscos a sua segurança e/ou a sua saúde (Idem).67Todas as formas de desrespeito à dignidade humana pelo descumprimento aos direitos fundamentais da pessoa<strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r, <strong>no</strong>tadamente em matéria de segurança e saúde e que, em virtude <strong>do</strong> trabalho, venha a ser tratadapelo emprega<strong>do</strong>r, por preposto ou mesmo por terceiros, como coisa e não como pessoa (Ibidem);68A restrição da locomoção <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r abarca to<strong>do</strong> tipo de limitação imposta ao trabalha<strong>do</strong>r a seu direitofundamental de ir e vir ou de dispor de sua força de trabalho, inclusive o de encerrar a prestação <strong>do</strong> trabalho, emrazão de dívida, por meios diretos ou indiretos, por meio de e coerção física ou moral, fraude ou outro meio ilícitode submissão (Ibidem);69O cerceamento <strong>do</strong> uso de qualquer meio de transporte com o objetivo de reter o trabalha<strong>do</strong>r consiste em todaforma de limitação <strong>do</strong> uso de transporte, particular ou público, utiliza<strong>do</strong> pelo trabalha<strong>do</strong>r para se locomover <strong>do</strong>trabalho para outros locais situa<strong>do</strong>s fora <strong>do</strong>s <strong>do</strong>mínios patronais, incluin<strong>do</strong> sua residência, e vice-versa(Ibidem);;70To<strong>do</strong> tipo ou medida de controle empresarial exercida sobre a pessoa <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r, com o objetivo de retê-lo <strong>no</strong>local de trabalho(Ibidem);;71Toda forma de apoderamento ilícito de <strong>do</strong>cumentos ou objetos pessoais <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r, com o objetivo de retê-lo<strong>no</strong> local de trabalho(Ibidem).72Refere-se ao/à trabalha<strong>do</strong>r/a encontra<strong>do</strong>/a em situação análoga a de escravo incurso em uma ou mais hipóteses<strong>do</strong> artigo 149 <strong>do</strong> Código Penal. São elas: trabalho força<strong>do</strong>, servidão por dívida, jornada exaustiva e/ou trabalhodegradante.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 151Móvel 73 (GEFM) e de outras operações de fiscalização, cujas ações são organizadas pelaSecretaria de Inspeção <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> (SIT) <strong>do</strong> MTE. Entre 1995 e 2011 cerca de 41.608pessoas foram libertadas de situações de trabalho análogo ao de escravo, sen<strong>do</strong> que 85,8%deste contingente (35.715 pessoas) foi liberta<strong>do</strong> durante o perío<strong>do</strong> de 2003 a 2011.Vale ressaltar que o GEFM é constituí<strong>do</strong> por Auditores-Fiscais <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> (AFTs) esuas operações contam com o apoio de outras instituições. Cada equipe possui um/acoordena<strong>do</strong>r/a e um/a sub-coordena<strong>do</strong>r/a, ambos/as AFTs de dedicação exclusiva aoGEFM. Os demais integrantes têm suas atividades <strong>no</strong>rmais nas localidades onde sãolota<strong>do</strong>s e são convoca<strong>do</strong>s para as operações específicas. Conforme destaca a <strong>OIT</strong> (2010a),as seguintes instituições têm participação em operações <strong>do</strong> grupo:Ministério Público <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>: 1 procura<strong>do</strong>r(a) <strong>do</strong> trabalho (membroda Coordena<strong>do</strong>ria Nacional de Combate ao <strong>Trabalho</strong> Escravo (CONAETE) ouvoluntário(a) substituto(a));Polícia Federal ou Polícia Ro<strong>do</strong>viária Federal: em geral 6 policiais da PolíciaFederal ou da Polícia Ro<strong>do</strong>viária Federal;Ministério Público Federal: em situações específicas, a equipe conta tambémcom um(a) representante da Procura<strong>do</strong>ria da República (ou Ministério PúblicoFederal - MPF).Número Total de Trabalha<strong>do</strong>res Resgata<strong>do</strong>s nasUnidades Federativas de 2008 a 2011Com base <strong>no</strong>s da<strong>do</strong>s disponibiliza<strong>do</strong>s pela SIT <strong>do</strong> MTE, cerca de 13.841 trabalha<strong>do</strong>resforam resgata<strong>do</strong>s de situações de trabalho análogo ao de escravo, entre 2008 e 2011. Omaior número de pessoas libertadas (3.592) foi observa<strong>do</strong> na região Centro-Oeste, querespondia por 26,0% <strong>do</strong> total nacional. (vide Tabela 50).A exceção da região Sul (com 1.193 pessoas e 8,6% <strong>do</strong> total) o restante <strong>do</strong> contingente detrabalha<strong>do</strong>res resgata<strong>do</strong>s se dividia quase que equitativamente entre as demais regiões(cerca de 3.000 em cada), sen<strong>do</strong> que cada uma delas respondia por aproximadamente22,0% <strong>do</strong> total de pessoas resgatadas <strong>no</strong> país.No âmbito das Unidades da Federação (UFs), quatro delas concentravam quase a metade(6.454 ou 46,6%) <strong>do</strong> total de pessoas libertadas:Pará – 1.929 (13,9%)Goiás – 1.848 (13,4%)Minas Gerais – 1.578 (11,4%)Mato Grosso – 1.099 (7,9%)73O GEFM foi constituí<strong>do</strong> em 1995 pelo gover<strong>no</strong> brasileiro, frente a reiteradas denúncias feitas principalmente pelaComissão Pastoral da Terra e por sindicatos rurais quanto à existência de trabalha<strong>do</strong>res submeti<strong>do</strong>s a condiçõesanálogas ao trabalho escravo. Vide CEPAL/PNUD/<strong>OIT</strong>, Emprego, Desenvolvimento Huma<strong>no</strong> e <strong>Trabalho</strong><strong>Decente</strong>: A Experiência <strong>Brasil</strong>eira Recente, (Brasília, CEPAL/PNUD/<strong>OIT</strong>, 2008).


152<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTABELA 50NÚMERO TOTAL ACUMULADO DE TRABALHADORES RESGATADOS DACONDIÇÃO DE TRABALHO ANÁLOGA À DE ESCRAVOBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2008 A 2011Área Geográfica<strong>Brasil</strong>Região NorteRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsRegião NordesteMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaRegião SudesteMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloRegião SulParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulRegião Centro-OesteMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito FederalNúmero Total deTrabalha<strong>do</strong>res Resgata<strong>do</strong>s13.8413.01621945168261.92906292.94648617721277282770706023.0941.5783177364631.193521598743.5926451.0991.8480Participação % <strong>no</strong>Total Nacional100,021,81,60,31,20,213,90,04,521,33,51,31,50,15,30,25,10,04,322,411,42,35,33,38,63,84,30,526,04,77,913,40,0Fonte: MTE - Secretaria de Inspeção <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> / DETRAEO Cadastro de Emprega<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>e Emprego (MTE)Em 2004, por intermédio da Portaria MTE nº. 540/2004, o MTE criou um Cadastrode Emprega<strong>do</strong>res - forma<strong>do</strong> por emprega<strong>do</strong>res e empresas flagra<strong>do</strong>s pelo GEFMsubmeten<strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>res a condições análogas à escravidão. Atualmente, esse cadastro éregulamenta<strong>do</strong> pela Portaria Interministerial n°2 de 12 de maio de 2011, pois a Secretariade Direitos Huma<strong>no</strong>s da Presidência da República passou a tutelar o referi<strong>do</strong> cadastro. Noperío<strong>do</strong> em que estão com o <strong>no</strong>me <strong>no</strong> cadastro, os emprega<strong>do</strong>res ficam sujeitos às sançõesexternas oriundas de resoluções e medidas a<strong>do</strong>tadas por órgãos públicos e priva<strong>do</strong>s quevisam a eliminação <strong>do</strong> trabalho escravo nas cadeias produtivas.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 153O Cadastro é atualiza<strong>do</strong> semestralmente e consiste na inclusão de emprega<strong>do</strong>res cujosautos de infração não estejam mais sujeitos aos recursos na esfera administrativa (decisãodefinitiva pela subsistência) e da exclusão daqueles que, ao longo de <strong>do</strong>is a<strong>no</strong>s, conta<strong>do</strong>sde sua inclusão <strong>no</strong> Cadastro, logram êxito em sanar irregularidades identificadas pelainspeção <strong>do</strong> trabalho, bem como atendem aos requisitos previstos na retro <strong>no</strong>minadaPortaria Interministerial.Como subsídio para proceder às exclusões procede-se à análise de informações obtidaspor monitoramento direto e indireto daquelas propriedades rurais, por intermédio deverificação “in loco” e por meio das informações <strong>do</strong>s órgãos/instituições governamentaise não governamentais, além das informações colhidas junto à Coordenação Geral deRecursos da Secretaria de Inspeção <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>.O Ministério da Integração Nacional recomenda aos agentes financeiros oficiais queoperam recursos <strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s constitucionais de financiamento que não concedamfinanciamentos a pessoas físicas e jurídicas que explorem o trabalho análogo ao deescravo, desde que haja fiscalização e imposição de penalidade administrativa emcaráter definitivo, pelo MTE. O Ministério <strong>do</strong> Desenvolvimento Agrário (MDA) eInstituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) utilizam o Cadastropara identificar imóveis rurais autua<strong>do</strong>s por trabalho escravo para arrecadar terras emsituação irregular para projetos de reforma agrária. A resolução nº 3.876, de junho de2010, <strong>do</strong> Conselho Monetário Nacional, veda a concessão de crédito rural para pessoasfísicas ou jurídicas inscritas <strong>no</strong> Cadastro de Emprega<strong>do</strong>res. Algumas empresas a<strong>do</strong>tam,ainda, cláusulas contratuais em sua relação de compra e venda com fornece<strong>do</strong>res,estabelecen<strong>do</strong> a vedação comercial e o rompimento de eventuais contratos com aquelesque integram (ou passam a integrar) o Cadastro.Com base na última atualização <strong>do</strong> a<strong>no</strong> de 2011, realizada pelo MTE em 30 dedezembro de 2011, o Cadastro de Emprega<strong>do</strong>res contava com 294 infratores, entrepessoas físicas e jurídicas, distribuí<strong>do</strong>s em 20 unidades da federação das cincograndes regiões <strong>do</strong> país.A região Norte abrigava 101 infratores em dezembro de 2011, o correspondente a mais deum terço (34,4%) <strong>do</strong> total. No Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Pará, localizavam-se 69 infratores, o equivalentea cerca de um quarto (23,5%) <strong>do</strong> total existente <strong>no</strong> Cadastro de Emprega<strong>do</strong>res, segun<strong>do</strong>Tabela 51.Em seguida, figurava a região Centro-Oeste, com 79 infratores (26,9% <strong>do</strong> total nacional),distribuí<strong>do</strong>s entre o Mato Grosso (33 ou 11,2% <strong>do</strong> total), Goiás (25 ou 8,5% <strong>do</strong> total) eMato Grosso <strong>do</strong> Sul (21 ou 7,1%).Os Esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Maranhão e <strong>do</strong> Tocantins abrigavam 23 infratores em cada um <strong>do</strong>s seusterritórios, sen<strong>do</strong> que, individualmente, correspondia a 7,8% <strong>do</strong> total <strong>do</strong> país.O grupo das sete unidades federativas que não possuíam infratores <strong>no</strong> Cadastro deEmprega<strong>do</strong>res era composto pelo Distrito Federal, Acre, Roraima, Amapá, Paraíba,Pernambuco e Sergipe.


154<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTABELA 51NÚMERO DE INFRATORES NO CADASTRO DE EMPREGADORES E DE MUNICÍPIOS COMINFRATORES E RESPECTIVAS PARTICIPAÇÕES PERCENTUAIS NO TOTAL NACIONALBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2011Área GeográficaNº de Infratores<strong>no</strong> CadastroParticip. % <strong>no</strong>Total NacionalNº de Municípiosc/ InfratoresNº Total deMunicípios% de Municípiosc/ Infratores<strong>Brasil</strong>Região NorteRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsRegião NordesteMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaRegião SudesteMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloRegião SulParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulRegião Centro-OesteMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal294101603069023492311410010928196123716165792133250100,034,42,00,01,00,023,50,07,816,77,83,71,40,30,00,00,30,03,19,56,52,00,30,712,65,45,41,726,97,111,28,50,020958402032020401794100108241651227101346016242005.56544952226215143161391.793217223184167223185102754171.66885378926451.1883992934964677914124613,812,97,70,03,20,022,40,014,42,27,84,02,20,60,00,01,00,01,91,41,96,41,10,32,32,54,40,812,820,317,08,10,0Fonte: MTE - Cadastro de Emprega<strong>do</strong>res (Atualização de 30 de dezembro de 2011)Elaboração: Escritório da <strong>OIT</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>O conjunto <strong>do</strong>s 294 infratores distribuía-se em 209 municípios <strong>do</strong> país, o correspondentea 3,8% <strong>do</strong> total nacional de 5.565 municípios.O percentual de municípios com infratores variava bastante entre as Grandes Regiões,desde 1,4% <strong>no</strong> Sudeste até cerca de 13,0% nas regiões Norte e Centro-Oeste. O Paráapresentava a maior proporção <strong>do</strong> país de municípios com emprega<strong>do</strong>res <strong>no</strong> Cadastro(22,4%), segui<strong>do</strong> pelo Mato Grosso <strong>do</strong> Sul (20,3%), Mato Grosso (17,0%) e Tocantins(14,4%).


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 155A Concertação Social em Prol da Erradicação <strong>do</strong><strong>Trabalho</strong> EscravoAo longo <strong>do</strong>s últimos a<strong>no</strong>s observou-se um amplo trabalho de concertação social em prolda erradicação <strong>do</strong> trabalho escravo <strong>no</strong> país. Neste contexto, merece destaque a atuação daComissão Nacional Para a Erradicação <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> Escravo (CONATRAE), órgão colegia<strong>do</strong>coordena<strong>do</strong> pela Secretaria <strong>do</strong>s Direitos Huma<strong>no</strong>s da Presidência da República, quetem a função primordial de monitorar a execução <strong>do</strong> Pla<strong>no</strong> Nacional para a Erradicação<strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> Escravo 74 .A atuação <strong>do</strong> empresaria<strong>do</strong> também vem sen<strong>do</strong> enérgica em prol da erradicação <strong>do</strong>trabalho força<strong>do</strong>. Desde maio de 2005, um grupo de aproximadamente 230 empresasnacionais e transnacionais integra o Pacto Nacional de Combate ao <strong>Trabalho</strong> Escravo,que prevê uma série de compromissos, dentre os quais a eliminação <strong>do</strong> trabalhoescravo em suas cadeias produtivas. Uma das principais ações é a de não adquirirprodutos e serviços oriun<strong>do</strong>s de fornece<strong>do</strong>res integrantes <strong>do</strong> Cadastro de Emprega<strong>do</strong>res,ou seja, que foram flagra<strong>do</strong>s submeten<strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>res a condições análogasa escravidão.Em dezembro de 2005, a Federação <strong>Brasil</strong>eira de Bancos (FEBRABAN) assi<strong>no</strong>u declaraçãode intenções em que se compromete a orientar suas associadas a a<strong>do</strong>tar restriçõescadastrais a empreendimentos onde o MTE constatou o uso de trabalho análogo ao deescravo.A participação de diversas organizações da sociedade civil também tem si<strong>do</strong> fundamentalna luta contra a escravidão contemporânea. A Comissão Pastoral da Terra, que denunciaa existência de trabalho escravo <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> desde os a<strong>no</strong>s 1970, continua a prestarserviços fundamentais, ao encaminhar denúncias ao MTE e ao acolher os trabalha<strong>do</strong>resresgata<strong>do</strong>s. Outras organizações trabalham na prevenção (a exemplo da Repórter<strong>Brasil</strong>, que capacita professores <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> fundamental das zonas de aliciamento detrabalha<strong>do</strong>res para abordar o tema com seus alu<strong>no</strong>s) e na reinserção de trabalha<strong>do</strong>resresgata<strong>do</strong>s.Principais Políticas e Ações RecentesDesde o mês de dezembro de 2002, mediante a publicação da Lei Nº 10.608, o trabalha<strong>do</strong>rresgata<strong>do</strong> da condição análoga à de escravo conquistou o direito de receber três parcelas<strong>do</strong> Seguro Desemprego Especial para Resgata<strong>do</strong>, <strong>no</strong> valor de um salário mínimo cada.Os auditores-fiscais <strong>do</strong> trabalho efetuam, <strong>no</strong> momento <strong>do</strong> resgate <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res, osprocedimentos formais requeri<strong>do</strong>s para a concessão <strong>do</strong> seguro-desemprego. O benefício éposteriormente saca<strong>do</strong> pelo próprio trabalha<strong>do</strong>r na rede bancária.Segun<strong>do</strong> informações disponibilizadas pelo MTE, desde o início da concessão, em 2003,até outubro de 2010, era de 23 mil o número de trabalha<strong>do</strong>res liberta<strong>do</strong>s beneficia<strong>do</strong>scom o seguro-desemprego.74Em setembro de 2008 foi lança<strong>do</strong> o 2º Pla<strong>no</strong> Nacional para Erradicação <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> Escravo, elabora<strong>do</strong> pelaConatrae – o primeiro foi lança<strong>do</strong> em 2003 com foco na fiscalização e repressão. Composto por 66 metas, a <strong>no</strong>vaversão <strong>do</strong> Pla<strong>no</strong> enfatiza - além das ações de fiscalização e repressão – as ações de prevenção e reinserção.


156<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTrabalha<strong>do</strong>res Resgata<strong>do</strong>s Beneficiários <strong>do</strong> ProgramaBolsa FamíliaCom o intuito de facilitar a reinserção social <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r liberta<strong>do</strong> e favorecer o resgatede sua cidadania, o MTE e o Ministério <strong>do</strong> Desenvolvimento Social e Combate àFome (MDS) firmaram, em dezembro de 2005, um acor<strong>do</strong> de cooperação técnica (deNº 03/2005) que prevê a inserção prioritária <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res resgata<strong>do</strong>s de condiçãoanáloga a de escravo <strong>no</strong> Programa Bolsa Família (PBF).Por intermédio dessa integração entre os <strong>do</strong>is ministérios, os da<strong>do</strong>s de identificação <strong>do</strong>strabalha<strong>do</strong>res liberta<strong>do</strong>s são transmiti<strong>do</strong>s pelo MTE ao MDS, que se encarrega de localizaros trabalha<strong>do</strong>res em seus municípios de <strong>do</strong>micílio, ten<strong>do</strong> como base o Cadastro Único deProgramas Sociais (CadÚnico). Caso atendam aos critérios de elegibilidade <strong>do</strong> programa,os resgata<strong>do</strong>s recebem <strong>do</strong> gover<strong>no</strong> federal uma renda mensal que lhes assegura condiçõesde sobrevivência.A Portaria GM/MDS nº 341 de 2008 estabeleceu em que termos as famílias das pessoasresgatadas da situação análoga a de trabalho escravo são prioritárias para a concessão <strong>do</strong>benefício <strong>do</strong> PBF. A prioridade se traduz na concessão de bolsas extra cota. Ou seja, mesmoque o limite de benefícios <strong>do</strong> município tenha si<strong>do</strong> alcança<strong>do</strong>, o trabalha<strong>do</strong>r resgata<strong>do</strong>irá ser inscrito <strong>no</strong> Programa e receber o benefício.A relação <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res que não se encontram <strong>no</strong> Cadastro Único é encaminhadaao Gestor <strong>do</strong> CadÚnico/PBF <strong>do</strong> município de residência <strong>do</strong>s mesmos para que sejamlocaliza<strong>do</strong>s e cadastra<strong>do</strong>s.Desde o início da parceria, o MTE remeteu ao MDS seis listas de trabalha<strong>do</strong>res resgata<strong>do</strong>s,com total de 19.599 indivíduos. To<strong>do</strong>s os liberta<strong>do</strong>s constantes das listas receberamo seguro-desemprego, constituin<strong>do</strong> o formulário de solicitação desse benefício a fonte dasinformações sobre os trabalha<strong>do</strong>res.Em dezembro de 2009, o MDS observou que, <strong>do</strong> total de trabalha<strong>do</strong>res constante na lista,um contingente de 13.375 (68,2%) não estava registra<strong>do</strong> <strong>no</strong> banco de da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> CadÚnico.Cabe observar que a inscrição <strong>no</strong> referi<strong>do</strong> cadastro é etapa necessária da avaliação para opossível ingresso <strong>no</strong> PBF. Do total de 6.224 liberta<strong>do</strong>s identifica<strong>do</strong>s <strong>no</strong> cadastro (31,8%),5.126 eram beneficiários <strong>do</strong> Bolsa Família.Informações mais recentes disponibilizadas pelo MDS indicavam que, em janeiro de2011, o contingente de trabalha<strong>do</strong>res resgata<strong>do</strong>s que era beneficiário <strong>do</strong> PBF era de6.155 pessoas.A região Nordeste abrigava mais da metade (57,3%) <strong>do</strong> total de beneficiários, sen<strong>do</strong> queo Maranhão (com 1.541 trabalha<strong>do</strong>res) respondia por 25,0% <strong>do</strong> contingente nacional,segun<strong>do</strong> as informações da Tabela 52.Em seguida, figurava a região Norte, que contava com 1.067 trabalha<strong>do</strong>res resgata<strong>do</strong>s queeram beneficiários <strong>do</strong> PBF, sen<strong>do</strong> que o Pará abrigava 609 pessoas – o correspondente a9,9% <strong>do</strong> total nacional.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 157TABELA 52NÚMERO DE TRABALHADORES RESGATADOS DA CONDIÇÃO DE TRABALHO ANÁLOGA À DE ESCRAVO,BENEFICIÁRIOS DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIABRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, JANEIRO DE 2011Área Geográfica<strong>Brasil</strong>Região NorteRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsRegião NordesteMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaRegião SudesteMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloRegião SulParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulRegião Centro-OesteMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito FederalFonte: MTE e MDSNº de Trabalha<strong>do</strong>res Resgata<strong>do</strong>sBeneficiários <strong>do</strong> Bolsa Família6.1551.0671194360964253.5251.541464121648940834684845494425693327018348397444222071141Participação %<strong>no</strong> Total Nacional100,017,30,20,10,10,09,90,16,957,325,07,52,01,01,46,65,60,17,98,97,20,11,10,54,43,00,80,612,16,93,41,90,0As demais unidades federativas que contavam com o maior número de trabalha<strong>do</strong>resbeneficiários eram a Bahia (484 pessoas), o Piauí (464), Minas Gerais (442) e Tocantins(425 indivíduos).Ações de Inserção <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res Resgata<strong>do</strong>sNo Esta<strong>do</strong> de Mato Grosso, vem sen<strong>do</strong> desenvolvida, desde maio de 2011, uma iniciativapioneira direcionada para o resgate da cidadania de trabalha<strong>do</strong>res que foram submeti<strong>do</strong>sa condições análogas à escravidão.


158<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoUm contingente de 25 trabalha<strong>do</strong>res resgata<strong>do</strong>s foi contrata<strong>do</strong> e capacita<strong>do</strong> para atuarnas obras da Arena Cuiabá, o estádio que está sen<strong>do</strong> construí<strong>do</strong> para abrigar os jogos defutebol da Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> 2014 da FIFA. A iniciativa integra o projeto Ação Integradapela Qualificação e Inserção Social <strong>do</strong>s Egressos de <strong>Trabalho</strong> Escravo.O projeto de Responsabilidade Social é conduzi<strong>do</strong> pela Superintendência Regional<strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> e Emprego (SERT) <strong>do</strong> Mato Grosso e pelo Ministério Público <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>e conta com o apoio da Agência Executora das Obras da Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> <strong>no</strong>Pantanal (AGECOPA), sen<strong>do</strong> executa<strong>do</strong> pelo consórcio priva<strong>do</strong> responsável pelaconstrução da Arena.Os trabalha<strong>do</strong>res estão receben<strong>do</strong> aulas de alfabetização e de formação profissional emespaços construí<strong>do</strong>s para esta finalidade <strong>no</strong> canteiro de obras. Para que possam desempenharsuas funções, terão direito a moradia e a três refeições diárias até o térmi<strong>no</strong> dasobras, oferecidas pela construtora. A expectativa é a de que, após a construção da Arena,os 25 trabalha<strong>do</strong>res continuem inseri<strong>do</strong>s <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho, uma vez que receberamtreinamento, ganharam experiência e tiveram a carteira de trabalho assinada.Existência de Políticas ou Ações <strong>no</strong>s MunicípiosCom base na Pesquisa de Informações Básicas Municipais (MUNIC) <strong>do</strong> IBGE, referenteao a<strong>no</strong> de 2009, é possível dispor de informações acerca da existência depolíticas, programas ou ações em direitos huma<strong>no</strong>s por temas específicos, <strong>no</strong>s municípiosbrasileiros.A MUNIC se define como pesquisa institucional e de registros administrativos da gestãopública municipal e se insere entre as demais pesquisas sociais e estu<strong>do</strong>s empíricos <strong>no</strong>âmbito municipal. Trata-se, basicamente, de um levantamento porme<strong>no</strong>riza<strong>do</strong> de informaçõessobre a estrutura, dinâmica e funcionamento das instituições públicas municipais,em especial a prefeitura, compreenden<strong>do</strong> também diferentes políticas e setores queenvolvem o gover<strong>no</strong> municipal e a municipalidade.A necessidade da atuação da administração pública municipal na promoção e garantia<strong>do</strong>s direitos huma<strong>no</strong>s é reconhecida na Constituição Federal de 1988. A MUNIC 2009inquiriu sobre as ações empreendidas pelos municípios <strong>no</strong> senti<strong>do</strong> de garantir os direitoshuma<strong>no</strong>s elenca<strong>do</strong>s sob sua responsabilidade. Deve-se ressaltar que, em alguns casos, aresponsabilidade da execução de medidas voltadas a garantir a realização de algum direitoespecífico não é exclusiva <strong>do</strong> município (IBGE, 2010a).Segun<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s da pesquisa, um contingente de 897 municípios brasileiros possuíapolíticas ou ações de combate ao trabalho força<strong>do</strong> <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009, o correspondentea 16,1% <strong>do</strong> total (Tabela 53). A existência desse tipo de política ou ação era significativamentemais freqüente entre os municípios das regiões Nordeste (24,7% <strong>do</strong> total)e Norte (21,6%) comparativamente às demais regiões – Sudeste (9,4%), Sul (10,4%) eCentro-Oeste (16,3%).Em termos absolutos, a região Nordeste abrigava isoladamente cerca da metade <strong>do</strong>s municípios(444 ou 49,5% <strong>do</strong> total) que contavam com políticas ou ações de combate ao trabalhoforça<strong>do</strong>. Deste contingente, 252 municípios (cerca de 57,0% <strong>do</strong> total) apresentavampopulação de 10 a 50 mil habitantes.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 159TABELA 53NÚMERO E PERCENTUAL DE MUNICÍPIOS COM POLÍTICAS OU AÇÕES DE COMBATEAO TRABALHO FORÇADO EM RELAÇÃO AO TOTAL DE MUNICÍPIOSBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2009Área GeográficaNúmero Total deMunicípiosNª de Municípios com Políticasou Ações de Combate ao<strong>Trabalho</strong> Força<strong>do</strong>% de Municípios com Políticaou Ações de Combate ao<strong>Trabalho</strong> Força<strong>do</strong><strong>Brasil</strong>Região NorteRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsRegião NordesteMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaRegião SudesteMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloRegião SulParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulRegião Centro-OesteMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal5.56544952226215143161391.794217224184167223185102754171.66885378926451.18839929349646678141246189797171317317-304445262442859722117891576517165912350393476192631116,121,632,759,127,420,011,9-21,624,724,027,723,916,826,538,920,622,721,39,47,621,817,49,110,412,513,36,916,324,418,412,6100,0Fonte: IBGE - Pesquisa de Informações Básicas Municipais (MUNIC)No âmbito das Unidades da Federação (UFs), as informações da MUNIC apontavamque as maiores proporções de municípios que possuíam políticas ou ações de combateao trabalho força<strong>do</strong> eram o Acre (59,1%), Pernambuco (38,9%) e Rondônia (32,7%). Poroutro la<strong>do</strong>, as me<strong>no</strong>res proporções eram observadas <strong>no</strong> Amapá (UF na qual nenhum <strong>do</strong>s16 municípios contava com esse tipo de política ou ação), Rio Grande <strong>do</strong> Sul (6,9%) eMinas Gerais (7,6%).É importante ressaltar que, além de Minas Gerais, em algumas UFs nas quais eramexpressivos os contingentes de pessoas libertadas de situações de trabalho força<strong>do</strong>, seconstatavam pequenas proporções de municípios com políticas ou ações de combate, aexemplo <strong>do</strong> Pará (11,9%), Goiás (12,6%) e Mato Grosso (18,4%).


160<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTRABALHO INFANTILEm 17 de junho de 1999 a Conferência Internacional <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> (CIT) aprovou porunanimidade a Convenção sobre a Proibição das Piores Formas de <strong>Trabalho</strong> Infantil e aAção Imediata para a sua Eliminação, 1999 (nº 182). Até março de 2012, um expressivocontingente de 174 países (isto é, aproximadamente 95% <strong>do</strong>s 183 Esta<strong>do</strong>s-Membrosda <strong>OIT</strong> à época) tinha ratifica<strong>do</strong> a referida Convenção, proporção sem precedentes <strong>no</strong>smais de 90 a<strong>no</strong>s de história da Organização. O <strong>Brasil</strong> ratificou a Convenção 182 em 02 defevereiro de 2000.A Convenção nº 182 se aplica às pessoas me<strong>no</strong>res de 18 a<strong>no</strong>s de idade e define que aspiores formas de trabalho infantil abarcam a escravidão e práticas análogas, incluin<strong>do</strong>o trabalho força<strong>do</strong> e o recrutamento para fins de conflitos arma<strong>do</strong>s; a utilização,recrutamento ou oferta de crianças para a realização de atividades ilícitas, exploraçãosexual ou atividades para fins por<strong>no</strong>gráficos e formas de trabalho que, por sua naturezaou condição em que se realizem, sejam susceptíveis de prejudicar a saúde, segurançae a moralidade das crianças. A prevenção e eliminação <strong>do</strong> trabalho infantil é um <strong>do</strong>sprincípios e direitos fundamentais <strong>do</strong> trabalho e, portanto, se constitui num aspectocentral para a promoção <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>.O <strong>Brasil</strong> também ratificou, em 28 de junho de 2001, a Convenção sobre a Idade Mínimapara Admissão a Emprego, 1973 (nº 138) e estabeleceu na legislação nacional a proibição<strong>do</strong> trabalho infantil até os 16 a<strong>no</strong>s, exceto na condição de aprendiz a partir <strong>do</strong>s 14 a<strong>no</strong>s.Esta Convenção, a<strong>do</strong>tada pela <strong>OIT</strong> em 28 de junho de 1973, foi ratificada por 161 paises<strong>do</strong>s seus 183 Esta<strong>do</strong>s-Membros.A admissão para aprendizagem a partir <strong>do</strong>s 14 a<strong>no</strong>s e para o trabalho ou emprego dea<strong>do</strong>lescentes entre 16 e 17 a<strong>no</strong>s é permitida desde que não haja conflito com os demaisdireitos das pessoas dessa faixa etária, em harmonia com os critérios <strong>no</strong>rmativos queregulamenta a Convenção nº 182, quais sejam os trabalhos perigosos lista<strong>do</strong>s <strong>no</strong> Decreto6.481 de 12 de junho de 2008. As atividades listadas <strong>no</strong> supracita<strong>do</strong> Decreto estãoproibidas para me<strong>no</strong>res de 18 a<strong>no</strong>s e somente em casos excepcionais, com autorizaçãoda autoridade competente, e após o lau<strong>do</strong> técnico definir que as condições de saúdee segurança <strong>do</strong> a<strong>do</strong>lescente estão garantidas, é possível conceder uma autorizaçãoexcepcional e temporária de trabalho, que deverá ser monitorada e avaliada com frequênciapara garantir que as condições de proteção integral estão se efetivan<strong>do</strong>.Com o objetivo de prestar cooperação com o <strong>Brasil</strong> e assim contribuir para a efetivaimplementação de suas convenções, desde 1992 o Programa Internacional para aEliminação <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> Infantil (IPEC) da <strong>OIT</strong> iniciou <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> um processo dearticulação, mobilização e fortalecimento de iniciativas nacionais para a prevenção eeliminação <strong>do</strong> trabalho infantil.A experiência brasileira de prevenção e erradicação <strong>do</strong> trabalho infantil é hoje reconhecidainternacionalmente e tem si<strong>do</strong> compartilhada com outros países em desenvolvimentoatravés da Cooperação Sul-Sul. O tema é uma das prioridades da Agenda Nacional de<strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> (lançada em 2006), <strong>do</strong> Programa Nacional de Emprego e <strong>Trabalho</strong><strong>Decente</strong> (2010), da Agenda e <strong>do</strong> Programa Bahia de <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> (2007 e 2011) e daAgenda Mato Grosso pelo <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> (2009).


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 161Comportamento Recente <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> InfantilDesde o início da década de 1990, o Esta<strong>do</strong> e a sociedade brasileiros têm desenvolvi<strong>do</strong>importantes ações voltadas à prevenção e eliminação <strong>do</strong> trabalho infantil. Os resulta<strong>do</strong>salcança<strong>do</strong>s são expressivos e durante a segunda metade da década de 2000 foi mantida atrajetória de declínio experimentada desde os a<strong>no</strong>s 1990 75 .Segun<strong>do</strong> a PNAD, o número de crianças e a<strong>do</strong>lescentes ocupa<strong>do</strong>s, entre 05 e 17 a<strong>no</strong>s deidade, reduziu-se em 1,05 milhão entre 2004 e 2009, passan<strong>do</strong> de 5,30 milhões para 4,25milhões nesses cinco a<strong>no</strong>s. Como consequência, o percentual de crianças e a<strong>do</strong>lescentestrabalhan<strong>do</strong> (nível de ocupação) neste grupo etário reduziu-se nesse perío<strong>do</strong> de 11,8%para 9,8%, situan<strong>do</strong>-se abaixo de <strong>do</strong>is dígitos desde 2009.O trabalho infantil diminuiu em to<strong>do</strong>s os grupos etários, conforme pode ser observa<strong>do</strong> <strong>no</strong>Gráfico 20. Na faixa de 05 a 09 a<strong>no</strong>s, a proporção de crianças ocupadas diminuiu de 1,4%para 0,8%, significan<strong>do</strong> que o país está cada vez mais próximo de eliminar o trabalho entreas crianças dessa faixa etária. Apesar desse declínio, e <strong>do</strong> nível de ocupação ser inferiora 1,0%, um contingente de 123 mil meni<strong>no</strong>s e meninas de 05 a 09 a<strong>no</strong>s de idade aindaestava trabalhan<strong>do</strong> <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009. A região Nordeste abriga 46,3% desse contingente(o correspondente a 57 mil crianças), seguida pelas regiões Sudeste (24 mil ou 19,5% <strong>do</strong>total) e Norte (20 mil ou 16,2% <strong>do</strong> total). Além de responder pelo maior número absolutode crianças dessa faixa etária trabalhan<strong>do</strong>, em termos <strong>do</strong> nível de ocupação (1,2%), oNordeste também superava a média nacional.GRÁFICO 20PERCENTUAL DE CRIANÇAS DE 05 A 17 ANOS DE IDADE OCUPADAS, SEGUNDO GRUPOS ETÁRIOSBRASIL, 2004-2009Fonte: IBGE - Microda<strong>do</strong>s da PNAD75O número de crianças e a<strong>do</strong>lescentes ocupa<strong>do</strong>s, entre 05 e 17 a<strong>no</strong>s de idade, reduziu-se de 8,42 milhões (19,6%<strong>do</strong> total) para 4,85 milhões (10,8%) entre 1992 e 2007, significan<strong>do</strong> uma diminuição de cerca de 3,57 milhões depessoas dessa faixa etária inseridas <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho, segun<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s da PNAD (exclusive a área rural daregião Norte a exceção <strong>do</strong> Tocantins). Ver <strong>OIT</strong> (2009), <strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.


162<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoPor sua vez, a proporção de crianças de 10 a 13 a<strong>no</strong>s que trabalhavam reduziu-se de 8,4%para 5,7% entre 2004 e 2009 (2,7 pontos percentuais). Mesmo diante dessa redução expressiva,perdura o desafio de retirar <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho cerca de 785 mil criançasdessa faixa etária. O nível de ocupação das crianças dessa faixa etária nas regiões Nordestee Norte (respectivamente 8,9% e 7,4%) superava em 2009, a média <strong>do</strong> país. Na área rural,a redução foi extremamente significativa (quase de dez pontos percentuais) ao passar de25,1% em 2004 para 15,6% em 2009, conforme Tabela 54. Tratan<strong>do</strong>-se da área urbana,cuja incidência <strong>do</strong> trabalho nessa faixa etária é bem me<strong>no</strong>r, o declínio também ocorreuuma vez que o nível de ocupação passou de 4,2% para 3,4% durante o referi<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>.TABELA 54PERCENTUAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES OCUPADOS NA SEMANA DE REFERÊNCIA, POR GRUPOS ETÁRIOSBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2004 E 2009Percentual de Crianças e A<strong>do</strong>lescentes Ocupa<strong>do</strong>s por Grupos Etários (%)Área Geográfica5 a 9a<strong>no</strong>s10 a 13a<strong>no</strong>s14 e 15a<strong>no</strong>s2004 200916 e 17a<strong>no</strong>s10 a 17a<strong>no</strong>s5 a 9a<strong>no</strong>s10 a 13a<strong>no</strong>s14 e 15a<strong>no</strong>s16 e 17a<strong>no</strong>s10 a 17a<strong>no</strong>s<strong>Brasil</strong>Área UrbanaÁrea RuralRegião NorteRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsRegião NordesteMaranhãoPiauíCearáRio G, <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaRegião SudesteMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloRegião SulParanáSanta CatarinaRio G. <strong>do</strong> SulRegião Centro-OesteMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal1,40,64,81,93,71,21,1...2,2......2,62,85,92,12,41,72,53,0...2,50,41,10,8......1,71,80,72,20,91,21,40,8...8,44,225,112,215,014,98,27,514,62,710,513,217,619,612,37,115,111,910,65,013,53,36,28,11,12,010,69,810,511,46,06,29,76,20,519,913,944,225,130,523,914,616,030,36,130,224,826,335,926,217,125,020,718,318,927,012,917,323,97,611,625,324,226,625,519,618,429,322,32,435,130,157,837,642,538,824,623,841,820,750,436,942,847,137,727,336,133,532,634,036,829,237,438,417,228,445,843,852,943,736,941,747,238,716,218,213,437,721,525,922,413,613,925,07,725,322,426,731,122,415,423,119,618,016,323,012,517,019,66,811,622,921,724,922,817,517,924,318,85,30,80,32,71,22,72,51,0-...0,1...1,2...2,01,31,2...1,0......1,50,40,90,9......0,70,8...0,80,6......1,3...5,73,415,67,413,410,04,7...7,21,412,88,98,112,89,88,43,97,97,45,610,33,05,85,40,92,05,24,36,25,65,33,46,67,01,316,112,630,617,423,020,212,69,317,012,328,320,421,921,524,019,014,715,716,015,223,411,418,911,15,79,317,016,921,314,417,714,221,422,43,932,128,747,128,636,733,322,230,728,111,644,231,832,042,435,029,023,325,626,426,236,529,635,533,918,130,540,539,448,336,933,135,635,139,314,714,812,027,014,922,017,610,89,414,56,724,217,617,321,819,916,611,614,414,613,720,111,516,313,56,310,717,416,421,616,015,714,218,319,15,5Fonte: IBGE - PNADObs: (...) Significa inexistência ou número de casos insignificantes na amostra.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 163O percentual de crianças e a<strong>do</strong>lescentes com 14 e 15 a<strong>no</strong>s de idade que trabalhava diminuiude 19,9% para 16,1% entre 2004 e 2009. Entretanto, cerca de 1,15 milhão de pessoas nessasidades ainda estavam ocupadas <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009.Vale ressaltar que esse eleva<strong>do</strong> percentual de crianças e a<strong>do</strong>lescentes de 14 e 15 a<strong>no</strong>socupadas (16,1% em 2009) não pode ser atribuí<strong>do</strong> ao trabalho vincula<strong>do</strong> à aprendizagem,o qual é permiti<strong>do</strong> por lei para essa faixa etária, conforme será demonstra<strong>do</strong> em tópicoespecífico a seguir; e sim a ocupações ou condições de trabalho proibidas para esta faixaetária.Por fim, a proporção de a<strong>do</strong>lescentes de 16 e 17 a<strong>no</strong>s de idade ocupa<strong>do</strong>s diminuiu de 35,1%para 32,1% durante o perío<strong>do</strong> em análise. Em 2009, o contingente total de a<strong>do</strong>lescentesocupa<strong>do</strong>s nesse grupo etário era de 2,19 milhões, o correspondente a mais da metade(51,5%) <strong>do</strong> contingente total de crianças de 05 a 17 a<strong>no</strong>s de idade que estavam trabalhan<strong>do</strong>.Esses da<strong>do</strong>s demandam uma análise mais aprofundada. A legislação brasileira permiteo trabalho de a<strong>do</strong>lescentes de 16 e 17 a<strong>no</strong>s de idade com as garantias trabalhistas eprevidenciárias e a assinatura da carteira de trabalho, desde que a atividade laboral nãoseja exercida em jornadas extensas e nem em condições perigosas ou insalubres. O Decretonº 6.481, de 12 de junho de 2008, que regulamentou o literal d) <strong>do</strong> artigo 3º da Convenção182, da <strong>OIT</strong>, ratificada pelo <strong>Brasil</strong>, atualizou a lista de atividades consideradas insalubres eperigosas que sejam susceptíveis de prejudicar a integridade física, mental, social, moral eo desenvolvimento de pessoas abaixo de 18 a<strong>no</strong>s. Pelo Decreto, fica proibi<strong>do</strong> o trabalho <strong>do</strong>me<strong>no</strong>r de 18 a<strong>no</strong>s - por força de dispositivo da Constituição Federal (art. 7º, XXXIII) - em94 tipos de atividades, entre elas, a exploração sexual, trabalhos prejudiciais à moralidadee o trabalho <strong>do</strong>méstico.As informações da PNAD dispostas na Tabela 55 indicam que a inserção das pessoas de16 e 17 a<strong>no</strong>s de idade <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> laboral era marcada pela precariedade e até mesmopor situações de trabalho não permitidas para pessoas abaixo <strong>do</strong>s 18 a<strong>no</strong>s. Pouco maisda metade (50,7%) <strong>do</strong>s 2,19 milhões de ocupa<strong>do</strong>s nessa faixa etária <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009trabalhava na condição de emprega<strong>do</strong> sem carteira de trabalho assinada, 18,8% como nãoremunera<strong>do</strong>, 5,0% na condição de trabalha<strong>do</strong>r na produção para o próprio consumo e7,5% por conta-própria.Um significativo contingente de 182 mil a<strong>do</strong>lescentes de 16 e 17 a<strong>no</strong>s de idade estavaocupa<strong>do</strong> na condição de trabalha<strong>do</strong>r <strong>do</strong>méstico sem carteira, o que corresponde auma situação ilegal de trabalho para 8,3% <strong>do</strong> total de a<strong>do</strong>lescentes que trabalhavam nareferida faixa etária, já que, como menciona<strong>do</strong> anteriormente, o trabalho <strong>do</strong>méstico sópode ser exerci<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong>s 18 a<strong>no</strong>s de idade. Vale ressaltar que a maioria das pessoasentre 16 e 17 a<strong>no</strong>s ocupadas <strong>no</strong> trabalho <strong>do</strong>méstico é essencialmente <strong>do</strong> sexo femini<strong>no</strong>.Estas a<strong>do</strong>lescentes estão expostas a esforços físicos intensos, isolamento, abuso físico,psicológico e sexual; longas jornadas de trabalho; trabalho <strong>no</strong>tur<strong>no</strong>; calor e exposiçãoao fogo, posições antiergonômicas e movimentos repetitivos, poden<strong>do</strong> comprometerdecisivamente o seu processo de formação social e psicológica. As a<strong>do</strong>lescentes são asmais vulneráveis, na medida em que representam cerca de 95,0% <strong>do</strong>s/as ocupa<strong>do</strong>s/as de16 e 17 a<strong>no</strong>s de idade que estavam inseri<strong>do</strong>s/as na condição de trabalha<strong>do</strong>r (a) <strong>do</strong>méstico.Por fim, apenas 9,5% <strong>do</strong>s a<strong>do</strong>lescentes trabalhavam na condição de emprega<strong>do</strong> comcarteira.


164<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTABELA 55PESSOAS DE 16 E 17 ANOS DE IDADE OCUPADAS POR POSIÇÃO NA OCUPAÇÃOBRASIL, 2009Posição na OcupaçãoEmprega<strong>do</strong> com carteiraOutros Emprega<strong>do</strong>s sem carteiraTrabalha<strong>do</strong>r <strong>do</strong>méstico sem carteiraConta-própriaEmprega<strong>do</strong>rTrabalha<strong>do</strong>r na produção para o próprio consumoTrabalha<strong>do</strong>r na construção para o próprio usoNão remunera<strong>do</strong>TotalNúmero de Ocupa<strong>do</strong>s207.0341.111.005181.912164.923X108.778X412.3242.189.898%9,550,78,37,5X5,0X18,8100,0Fonte: IBGE - Microda<strong>do</strong>s da PNADOBS. X - Da<strong>do</strong> não divulga<strong>do</strong> pelo IBGE em função <strong>do</strong> número peque<strong>no</strong> de ocorrênciasElaboração: Escritório da <strong>OIT</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>Diante desse quadro de precariedade na inserção laboral, apenas 15,8% desses a<strong>do</strong>lescentesde 16 e 17 a<strong>no</strong>s de idade contribuíam para a previdência social.Em termos absolutos e relativos, existem mais meni<strong>no</strong>s (2,8 milhões) <strong>do</strong> que meninas(1,45 milhão) em situação de trabalho infantil. Aproximadamente 66,0% <strong>do</strong> número decrianças e a<strong>do</strong>lescentes trabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>ras com idades compreendidas entre05 e 17 a<strong>no</strong>s, são <strong>do</strong> sexo masculi<strong>no</strong>. Apesar das meninas estarem em me<strong>no</strong>r número,elas estão sobre representadas em algumas categorias, em especial <strong>no</strong> trabalho infantil<strong>do</strong>méstico.Cerca de <strong>do</strong>is terços (65,8%) das crianças e a<strong>do</strong>lescentes de 05 a 17 a<strong>no</strong>s que estavamtrabalhan<strong>do</strong> <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009 residiam em áreas urbanas e 34,2% moravam em áreas rurais.Independentemente <strong>do</strong> grupo etário, a incidência <strong>do</strong> trabalho entre crianças ea<strong>do</strong>lescentes é bastante mais acentuada entre aqueles que tem <strong>do</strong>micilio na área rural.Apesar da redução experimentada entre 2004 e 2009, nesse último a<strong>no</strong> a proporçãode crianças de 05 a 09 a<strong>no</strong>s de idade em situação de trabalho e residentes em árearurais (2,7%) era bastante superior àquela equivalente às áreas urbanas (0,3%). Entre ascrianças e a<strong>do</strong>lescentes de 10 a 17 a<strong>no</strong>s de idade, tais proporções eram de 27,0% e 12,0%respectivamente, <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009.No âmbito da atividade <strong>no</strong> trabalho principal, pouco mais de um terço das pessoasocupadas (34,6%) exerciam atividades agrícolas, enquanto que o trabalho infantilera pre<strong>do</strong>minantemente desempenha<strong>do</strong> em atividades não agrícolas. A atividade <strong>no</strong>trabalho principal ocupa uma proporção de 65,4% <strong>do</strong>s meni<strong>no</strong>s e meninas de 05 a 17a<strong>no</strong>s em 2009. Vale ressaltar que a atividade principal assumia variabilidade conformea faixa etária das crianças e a<strong>do</strong>lescentes ocupadas. Entre as crianças de 05 a 09 a<strong>no</strong>s deidade, 74,2% trabalhavam em atividades agrícolas. Já <strong>no</strong> grupo de 10 a 14 a<strong>no</strong>s de idade,havia um relativo equilíbrio (50,4% em atividades não agrícolas e 49,6% em atividadesagrícolas), enquanto entre os a<strong>do</strong>lescentes de 15 a 17 a<strong>no</strong>s de idade pre<strong>do</strong>minavam asatividades não agrícolas (73,6%).


166<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTABELA 56PERCENTUAL DE CRIANÇAS DE 10 A 17 ANOS OCUPADAS NA SEMANA DE REFERÊNCIA POR SEXO E RAÇA OU CORBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2004 E 2009Área GeográficaTotalHomens2004 2009Mulheres Brancos Negros Total Homens MulheresBrancosNegros<strong>Brasil</strong>Área UrbanaÁrea RuralRegião NorteRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsRegião NordesteMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaRegião SudesteMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloRegião SulParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulRegião Centro-OesteMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal18,213,437,721,525,922,413,613,925,07,725,322,426,731,122,415,423,119,618,016,323,012,517,019,66,811,622,921,724,922,817,517,924,318,85,323,616,949,729,431,930,720,320,533,511,435,630,134,544,629,821,033,027,325,721,829,715,621,125,69,014,028,427,330,528,322,522,532,123,96,312,79,924,413,218,514,86,77,815,94,515,114,518,317,615,39,511,512,410,410,815,99,412,513,54,69,117,316,219,017,412,513,116,313,64,416,412,637,519,219,323,412,714,523,26,021,919,320,426,520,913,922,418,114,510,420,411,615,518,95,811,522,920,325,323,717,118,220,220,34,319,914,337,922,129,322,213,813,825,47,826,223,528,632,423,116,323,520,319,618,423,513,818,220,18,011,822,825,522,417,517,817,726,517,86,014,812,027,014,922,017,610,89,414,56,724,217,617,321,819,916,611,614,414,613,720,111,516,313,56,310,717,416,421,616,015,714,218,319,15,519,114,637,319,830,823,912,98,920,07,432,123,823,931,825,322,616,620,120,318,926,714,220,217,78,012,920,820,024,019,919,717,722,224,66,710,49,315,49,713,211,08,59,98,76,115,211,19,912,114,610,46,78,49,08,412,88,712,29,14,68,213,812,718,911,811,410,414,013,44,313,611,227,412,823,314,29,67,89,76,222,115,817,216,518,912,59,812,611,315,420,010,615,612,76,010,117,516,221,416,413,913,215,217,74,115,812,726,915,421,418,711,09,915,76,924,818,217,323,420,318,712,715,415,513,120,112,516,713,86,711,617,016,822,414,616,715,119,819,96,4Fonte: IBGE – PNADApesar da importância da análise agregada <strong>do</strong> trabalho infantil referente à faixa etária de10 a 17 a<strong>no</strong>s de idade, faz-se necessário considerar também algumas especificidades <strong>do</strong>sindica<strong>do</strong>res referentes aos grupos etários desagrega<strong>do</strong>s, sobretu<strong>do</strong> de 10 a 13 a<strong>no</strong>s e de14 e 15 a<strong>no</strong>s, em função das especificidades <strong>do</strong> marco <strong>no</strong>rmativo nacional sobre a idademínima para o trabalho.Consideran<strong>do</strong>-se a faixa etária de 10 a 13 a<strong>no</strong>s, cujo trabalho é proibi<strong>do</strong> por lei, seguin<strong>do</strong>a tendência nacional, observou-se declínio em 21 das 27 UFs, sen<strong>do</strong> bastante significativoem algumas delas. Na Paraíba, o nível de ocupação decli<strong>no</strong>u de 15,1% em 2004 para3,9% em 2009, perfazen<strong>do</strong> uma redução de 11,2 pontos percentuais (p.p) em apenas cincoa<strong>no</strong>s. O declínio também foi significativo <strong>no</strong> Maranhão (-9,5 p.p.), Pará (-7,4% p.p), Piauí(-6,8% p.p) e Rio Grande <strong>do</strong> Sul (-5,8 p.p.).


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 167Em cinco UFs, o nível de ocupação das crianças de 10 a 13 a<strong>no</strong>s de idade aumentouligeiramente entre 2004 e 2009: Tocantins (de 10,5% para 12,8%), Rio Grande <strong>do</strong> Norte(de 7,1% para 8,4%), Goiás (de 6,2% para 7,0%), Sergipe (de 5,0% para 5,6%) e DistritoFederal (de 0,5% para 1,3%). Por fim, em São Paulo, o nível de ocupação permaneceuestável em 2,0%.Tratan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> grupo etário compreendi<strong>do</strong> por a<strong>do</strong>lescentes de 14 e 15 a<strong>no</strong>s de idade – <strong>no</strong>qual é permitida a aprendizagem – observou-se declínio em 22 UFs entre 2004 e 2009,sen<strong>do</strong> que em cinco delas o mesmo foi superior a dez pontos percentuais:Piauí (-14,4 p.p.) ao diminuir de 35,9% para 21,5%Pará (-13,3 p.p.) ao diminuir de 30,3% para 17,0%Espírito Santo (-12,8% p.p.) ao declinar de 23,9% para 11,1%Rio Grande <strong>do</strong> Sul (-11,1 p.p.) ao reduzir de 25,5% para 14,4%Paraíba (-10,4%) ao reduzir de 25,0% para 14,7%Já em cinco UFs, o nível de ocupação aumentou, com destaque para o Amapá cuja proporçãode a<strong>do</strong>lescentes de 14 e 15 a<strong>no</strong>s de idade trabalhan<strong>do</strong> <strong>do</strong>brou em apenas cinco a<strong>no</strong>s, aopassar de 6,1% para 12,3% entre 2004 e 2009. Nas demais UFs – Minas Gerais, Rio Grande<strong>do</strong> Norte, Goiás e Distrito Federal – o aumento <strong>do</strong> nível de ocupação foi me<strong>no</strong>s expressivo.Vale destacar que nas UFs de Goiás e <strong>do</strong> Distrito Federal, o nível de ocupação aumentouentre 2004 e 2009 tanto entre as crianças de 10 a 13 a<strong>no</strong>s de idade, como entre osa<strong>do</strong>lescentes de 14 e 15 a<strong>no</strong>s de idade.O Número e Representatividade <strong>do</strong>s A<strong>do</strong>lescentesAprendizes de 14 e 15 A<strong>no</strong>s de Idade em Relação àPopulação Ocupada nessa Faixa EtáriaDe um mo<strong>do</strong> geral, quan<strong>do</strong> da divulgação <strong>do</strong> número e percentual de pessoas entre 14 e15 a<strong>no</strong>s de idade ocupadas, sempre há o comentário de que nessa faixa etária é permitidapela legislação nacional a ocupação na condição de aprendiz e que, portanto, determina<strong>do</strong>segmento desse contingente de a<strong>do</strong>lescentes ocupa<strong>do</strong>s/as, não estaria propriamente exercen<strong>do</strong>trabalho proibi<strong>do</strong> pela legislação, uma vez que se inseria nessa condição.Com o intuito de mensurar a parcela de ocupa<strong>do</strong>s com 14 e 15 a<strong>no</strong>s de idade que correspondiaa aprendiz, serão combina<strong>do</strong>s os da<strong>do</strong>s da PNAD com os microda<strong>do</strong>s da RAIS <strong>do</strong>MTE referentes ao número de aprendizes informa<strong>do</strong>s pelos estabelecimentos declarantes.Segun<strong>do</strong> as informações da PNAD, <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009, um contingente de 1,15 milhão dea<strong>do</strong>lescentes de 14 e 15 a<strong>no</strong>s de idade estava trabalhan<strong>do</strong> <strong>no</strong> país, o correspondente a 16,1%<strong>do</strong> total de pessoas nessa faixa etária. Nesse mesmo a<strong>no</strong>, a RAIS registrava 18,6 mil contratosde aprendizes entre a<strong>do</strong>lescentes de 14 e 15 a<strong>no</strong>s de idade, conforme Tabela 57. Em frente aesse contexto, constata-se que apenas 1,6% da população ocupada nesta faixa etária estavainserida na condição de aprendiz. Tal percentual era ainda me<strong>no</strong>r nas regiões Nordeste(0,3%) e Norte (0,7%) <strong>do</strong> país, exatamente naquelas em que se observavam elevadasproporções de a<strong>do</strong>lescentes ocupa<strong>do</strong>s nessa faixa etária - 20,4% e 17,4%, respectivamente -sen<strong>do</strong> que essa proporção da região Nordeste era a mais elevada <strong>do</strong> país.


168<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoEntre as Unidades da Federação (UFs), 16 das 27 apresentavam um percentual de aprendizesde 14 e 15 a<strong>no</strong>s de idade em relação ao total de ocupa<strong>do</strong>s na mesma faixa etária, abaixoda média nacional de 1,6% em 2009, sen<strong>do</strong> que em <strong>no</strong>ve delas o referi<strong>do</strong> percentual nãoalcançava sequer 1,0% - todas essas se localizavam nas regiões Norte e Nordeste <strong>do</strong> país.Vale destacar que os três esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> país com maiores proporções de ocupa<strong>do</strong>s com 14 e 15a<strong>no</strong>s de idade em 2009 – Tocantins (28,3%), Ceará (24,0%) e Bahia (23,4%) – figuravamentre aqueles com me<strong>no</strong>res percentuais de aprendizes nessa faixa etária – 0,2%, 0,1% e0,2%, respectivamente.Área Geográfica<strong>Brasil</strong>Grandes RegiõesNorteNordesteSudesteSulCentro-OesteUnidades da FederaçãoRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito FederalNúmero de Ocupa<strong>do</strong>s de14 e 15 a<strong>no</strong>s1.152.841115.402463.708305.447174.77293.51215.5226.61418.6881.75353.0583.31116.45659.10730.57693.71024.95423.09053.21023.03813.259142.764139.06214.07228.286124.02772.41749.55452.80113.17624.50152.4693.366Fonte: IBGE - Microda<strong>do</strong>s da PNAD e MTE - RAISElaboração: Escritório da <strong>OIT</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>TABELA 57NÚMERO DE ADOLESCENTES OCUPADOS E DE APRENDIZES DE 14 E 15 ANOS DE IDADE E PERCENTUALDE APRENDIZES EM RELAÇÃO AO TOTAL DE OCUPADOS DE 14 E 15 ANOS DE IDADEBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 20092009Número de Aprendizesde 14 e 15 a<strong>no</strong>s18.6318241.3269.8644.0832.5341727227231205333945247128127161142001453041.3642.2571.1745.0691.5079861.5902353931.130776% de Aprendizesentre os Ocupa<strong>do</strong>s1,60,70,33,22,32,71,11,11,51,80,41,00,20,10,80,10,50,10,20,91,10,21,016,04,24,12,12,03,01,81,62,223,1


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 169As maiores proporções de aprendizes a<strong>do</strong>lescentes com 14 e 15 a<strong>no</strong>s de idade em relaçãoao total de ocupa<strong>do</strong>s nesse grupo etário em 2009 eram observadas <strong>no</strong> Distrito Federal(23,1%), Espírito Santo (16,0%), Rio de Janeiro (4,2%) e São Paulo (4,1%).Algumas Políticas, Programas e Ações que Contribuem àPrevenção e Eliminação <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> InfantilCrianças e A<strong>do</strong>lescentes Resgatadas de Situação de <strong>Trabalho</strong>A Secretaria de Inspeção <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> (SIT) <strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> e Emprego (MTE)desenvolve ações de fiscalização <strong>do</strong> trabalho, articulação e mobilização social destinadas àprevenção e eliminação <strong>do</strong> trabalho infantil <strong>no</strong> país. Com base nas informações oriundas<strong>do</strong> Sistema de Informações sobre Focos de <strong>Trabalho</strong> Infantil (SITI), foram realizadas emto<strong>do</strong> o país cerca de 6.650 ações de fiscalização entre 2007 e 2010, que redundaram naretirada de aproximadamente 22,5 mil crianças e a<strong>do</strong>lescentes de situações irregulares detrabalho infantil.Apesar da redução <strong>do</strong> número de crianças e a<strong>do</strong>lescentes encontradas em situação de trabalhoilegal, via fiscalização <strong>do</strong> trabalho – em consonância com a redução <strong>do</strong> trabalho infantilapontada pelas pesquisas <strong>do</strong>miciliares – vem crescen<strong>do</strong> o número de ações fiscais realizadaspelos Auditores Fiscais <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> (AFTs). Este crescimento reflete duas decisões políticasdesse Ministério: o fortalecimento da Seção de Inspeção <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> Infantil, tanto <strong>no</strong>âmbito nacional quanto regional e o aperfeiçoamento <strong>do</strong> protocolo de inspeção <strong>do</strong> trabalho,onde o tema <strong>do</strong> trabalho infantil ganha destaque especial e prioridade. Com efeito, ao passoem que o contingente de crianças e a<strong>do</strong>lescentes afastadas <strong>do</strong> trabalho diminuiu de 6,2 mil<strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2007 para 5,6 mil em 2010, o número de ações fiscais mais <strong>do</strong> que triplicou, aocrescer de 981 para 3.284 durante o mesmo perío<strong>do</strong>. Esses da<strong>do</strong>s e tendências revelam asdimensões atuante, vigilante e preventiva da fiscalização, nas iniciativas contra o trabalhoinfantil. Evidenciam também que, chegar ao núcleo duro <strong>do</strong> trabalho infantil, mais invisível,difuso e disperso, requer uma a intensificação das ações de fiscalização.A região Nordeste respondia por 61,5% (13,8 mil pessoas) de to<strong>do</strong> o contingente de criançase a<strong>do</strong>lescentes afasta<strong>do</strong>s durante as ações de fiscalização entre 2007 e 2010. O Ceará(com 4,8 mil crianças e a<strong>do</strong>lescentes), Bahia (4,1 mil), Mato Grosso <strong>do</strong> Sul (1,4 mil) eMaranhão (1,1 mil) apresentavam os maiores contingentes de crianças e a<strong>do</strong>lescentesafasta<strong>do</strong>s de situação irregular de trabalho. Por outro la<strong>do</strong>, Roraima e Rondônia possuíamos me<strong>no</strong>res contingentes – 21 e 105 pessoas, respectivamente.Conforme pode ser observa<strong>do</strong> na Tabela 58, em diversas UFs é muito pequena a proporçãode municípios <strong>no</strong>s quais foram realizadas ações fiscais da área de inspeção <strong>do</strong> trabalho.Vale ressaltar que essa pequena proporção figura inclusive em UFs cuja incidência(absoluta e/ou relativa) de trabalho infantil ainda é elevada.No Esta<strong>do</strong> da Bahia, de acor<strong>do</strong> com a PNAD, por exemplo, que apresentava em 2009 umaproporção de 20,1% de crianças e a<strong>do</strong>lescentes de 10 a 17 a<strong>no</strong>s de idade trabalhan<strong>do</strong> (o equivalentea 467 mil pessoas), em apenas 77 <strong>do</strong>s 417 municípios (18,5% <strong>do</strong> total) foram realizadasações fiscais entre os a<strong>no</strong>s de 2007 e 2010, segun<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> SITI. A mesma situaçãode baixa proporção de municípios fiscaliza<strong>do</strong>s pode ser constatada em Pernambuco (4,3%),Maranhão (10,6%), Minas Gerais (12,8%), Rio Grande <strong>do</strong> Sul (12,5%) e Piauí (15,6%).


170<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoNo quadro abaixo se pode <strong>no</strong>tar que, apesar de que a incidência <strong>do</strong> trabalho infantil <strong>no</strong>s trêsesta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> sul é alta, sen<strong>do</strong> superior inclusive que a região <strong>no</strong>rdeste, em especial entre criançase a<strong>do</strong>lescentes com <strong>do</strong>micilio nas áreas rurais e em atividades agrícolas, o número de criançasafastadas pela ação da fiscalização não observou a mesma tendência das demais regiões.Área GeográficaRegião NorteRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsRegião NordesteMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaRegião SudesteMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloRegião SulParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulRegião Centro-OesteMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito FederalTotal <strong>Brasil</strong>49820434585168221151.861498964534133261521795541.398342394235949962066141761.8965533235224986.649Fonte: IBGE - Microda<strong>do</strong>s da PNAD e MTE - RAISElaboração: Escritório da <strong>OIT</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>Fiscaliza<strong>do</strong>sTABELA 58NÚMERO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES AFASTADAS DE SITUAÇÃO IRREGULAR DE TRABALHO INFANTIL ENÚMERO DE AÇÕES FISCAIS E DE MUNICÍPIOS FISCALIZADOSBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, ACUMULADO DE 2007 A 2010Número deAções FiscaisRealizadas1391213101443103731923354519468303677273109144610420871756215953436211.098Número de MunicípiosTotal44952226215143161391.794217224184167223185102754171.66885378926451.1883992934964667814124615.565% Fiscaliza<strong>do</strong>312359169330632718111624112142948181613185016181826133468302510019,7Número Total deCrianças e A<strong>do</strong>lescentesAfastadas <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>1.9031051792492155719559713.8711.1023064.8185943251.5318112734.1112.4651.2882904724151.4894964075862.8221.42250362027722.550Por sua vez, cerca de 17,3 mil crianças e a<strong>do</strong>lescentes afastadas (77,0% <strong>do</strong> total) entre 2007 e2010 pertenciam ao sexo masculi<strong>no</strong>, enquanto que 5,2 mil (23,0% <strong>do</strong> total) ao femini<strong>no</strong>.No concernente à composição por faixa etária, 260 crianças (1,2% <strong>do</strong> total) tinham até 04a<strong>no</strong>s de idade e 2,6 mil (11,5%) de 05 a 09 a<strong>no</strong>s. O maior contingente de crianças afastadasse encontrava <strong>no</strong> grupo etário de 10 a 15 a<strong>no</strong>s de idade – 15,0 mil ou <strong>do</strong>is terços <strong>do</strong> total(66,6%). Por fim, cerca de 4,7 a<strong>do</strong>lescentes (20,7% <strong>do</strong> total) tinham 16 ou 17 a<strong>no</strong>s de idade.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 171Autorizações JudiciaisNo senti<strong>do</strong> contrario às ações <strong>do</strong> MTE, registrou-se <strong>no</strong> país, entre 2005 e 2009, 27.752autorizações judiciais para o trabalho de crianças e a<strong>do</strong>lescentes com me<strong>no</strong>s de 16 a<strong>no</strong>s,sen<strong>do</strong> que 1.098 delas foram emitidas para crianças e a<strong>do</strong>lescentes com me<strong>no</strong>s de 14 a<strong>no</strong>s.Sen<strong>do</strong> assim, foram emitidas em média 462 autorizações por mês ou 15 autorizações pordia para crianças e a<strong>do</strong>lescentes abaixo da idade para admissão ao trabalho ou ao empregoe, dentre estas autorizações, a cada <strong>do</strong>is dias foi emitida uma autorização para criança ea<strong>do</strong>lescente abaixo <strong>do</strong>s 14 a<strong>no</strong>s.A região Sudeste participou com 55,0% dessas autorizações, seguida da região Sul (25,0%)e Centro Oeste (8,0%). Em 2009 os esta<strong>do</strong>s de São Paulo, Rio Grande <strong>do</strong> Sul, MinasGerais, Paraná e Santa Catarina, nessa ordem, foram os que mais produziram autorizaçõesjudiciais para trabalho de crianças e a<strong>do</strong>lescentes abaixo da idade mínima para admissãoao trabalho ou ao emprego.O <strong>Trabalho</strong> Infantil <strong>no</strong> Setor Agropecuário: agricultura familiar e não familiarO Censo Agropecuário 2006, realiza<strong>do</strong> pelo IBGE, pela primeira vez incorporou umlevantamento específico sobre a agricultura familiar <strong>no</strong> país, preenchen<strong>do</strong> uma importantelacuna de informações oficiais sobre o tema. No módulo <strong>do</strong> questionário referente àinvestigação <strong>do</strong> total de pessoas ocupadas 76 <strong>no</strong> setor agropecuário, é possível identificaros contingentes de ocupa<strong>do</strong>s com idade superior e inferior a 14 a<strong>no</strong>s de idade.Dessa forma, o Censo Agropecuário 2006 torna possível identificar, pela primeira vez, porintermédio de um levantamento censitário, o trabalho infantil em atividades agropecuáriassob a perspectiva da agricultura familiar e não familiar.O conceito de agricultura familiar a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pelo Censo Agropecuário 2006 é o mesmoestabeleci<strong>do</strong> pela Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006, que estabelece as diretrizes para aformulação da Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos FamiliaresRurais 77 .76Foram considera<strong>do</strong>s como pessoal ocupa<strong>do</strong> <strong>no</strong> estabelecimento todas as pessoas que trabalharam em atividadesagropecuárias ou em atividades não-agropecuárias de apoio às atividades agropecuárias, como motoristas decaminhão, cozinheiro, mecânico, conta<strong>do</strong>r e outros, bem como os produtores ou administra<strong>do</strong>res de exploraçõescomunitárias, juntamente com as pessoas que tinham laços de parentesco com eles e que estiveram trabalhan<strong>do</strong><strong>no</strong> estabelecimento, <strong>no</strong> perío<strong>do</strong> de referência. (IBGE, 2009a).77Art. 3º Para os efeitos desta Lei, considera-se agricultor familiar e empreende<strong>do</strong>r familiar rural aquele que praticaatividades <strong>no</strong> meio rural, atenden<strong>do</strong>, simultaneamente, aos seguintes requisitos: I - não detenha, a qualquer título,área maior <strong>do</strong> que 4 (quatro) módulos fiscais; II - utilize pre<strong>do</strong>minantemente mão de obra da própria família nasatividades econômicas <strong>do</strong> seu estabelecimento ou empreendimento; III - tenha renda familiar pre<strong>do</strong>minantementeoriginada de atividades econômicas vinculadas ao próprio estabelecimento ou empreendimento; IV - dirijaseu estabelecimento ou empreendimento com sua família. § 1º O disposto <strong>no</strong> inciso I <strong>do</strong> caput deste artigo nãose aplica quan<strong>do</strong> se tratar de con<strong>do</strong>mínio rural ou outras formas coletivas de propriedade, desde que a fraçãoideal por proprietário não ultrapasse 4 (quatro) módulos fiscais. § 2º São também beneficiários desta Lei: I -silvicultores que atendam simultaneamente a to<strong>do</strong>s os requisitos de que trata o caput deste artigo, cultivemflorestas nativas ou exóticas e que promovam o manejo sustentável daqueles ambientes; II - aquicultores queatendam simultaneamente a to<strong>do</strong>s os requisitos de que trata o caput deste artigo e explorem reservatórios hídricoscom superfície total de até 2 ha (<strong>do</strong>is hectares) ou ocupem até 500m³ (quinhentos metros cúbicos) de água,quan<strong>do</strong> a exploração se efetivar em tanques-rede; III - extrativistas que atendam simultaneamente aos requisitosprevistos <strong>no</strong>s incisos II, III e IV <strong>do</strong> caput deste artigo e exerçam essa atividade artesanalmente <strong>no</strong> meio rural,excluí<strong>do</strong>s os garimpeiros e faisca<strong>do</strong>res; IV - pesca<strong>do</strong>res que atendam simultaneamente aos requisitos previstos<strong>no</strong>s incisos I, II, III e IV <strong>do</strong> caput deste artigo e exerçam a atividade pesqueira artesanalmente. Para delimitara “agricultura familiar“ <strong>no</strong> censo agropecuário segun<strong>do</strong> o princípio legal acima, O IBGE utilizou o méto<strong>do</strong> deexclusão sucessivas e complementares, ou seja, para o estabelecimento ser classifica<strong>do</strong> como de “agriculturafamiliar“ precisava atender simultaneamente a todas as condições estabelecidas. (IBGE, 2009a).


172<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoDo ponto de vista da ocupação 78 , o censo agropecuário registrou 12,3 milhões de pessoastrabalhan<strong>do</strong> vinculadas à agricultura familiar, o correspondente a 74,5% <strong>do</strong> pessoalocupa<strong>do</strong> ao final de dezembro de 2006 (cerca de 16,5 milhões de trabalha<strong>do</strong>res). Aagricultura não familiar abrigava 4,2 milhões de trabalha<strong>do</strong>res, o correspondente a 25,5%<strong>do</strong> total de ocupa<strong>do</strong>s em estabelecimentos agropecuários.Os da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> censo evidenciavam um contingente de 1,06 milhão de crianças com me<strong>no</strong>sde 14 a<strong>no</strong>s de idade trabalhan<strong>do</strong> <strong>no</strong> conjunto <strong>do</strong>s estabelecimentos agropecuáriosrecensea<strong>do</strong> em to<strong>do</strong> o país, o que corresponde a 6,4% <strong>do</strong> total das pessoas ocupadas,conforme Tabela 59. Consideran<strong>do</strong>-se a composição por sexo, observava-se um ligeiropre<strong>do</strong>mínio de meni<strong>no</strong>s trabalhan<strong>do</strong> (596 mil, ou 56,0% <strong>do</strong> total) em comparação com asmeninas (466 mil, ou 44,0% <strong>do</strong> total). Fazen<strong>do</strong> as análises das tendências, percebe-se quea conjugação de quatro elementos, <strong>do</strong>micilio, ocupação, sexo e idade, permite identificarque as meninas com me<strong>no</strong>s de 14 a<strong>no</strong>s viven<strong>do</strong> em áreas rurais estão mais propensas aotrabalho infantil <strong>do</strong> que meni<strong>no</strong>s e meninas das áreas urbanas.As regiões Norte (com 19,9% <strong>do</strong> total) e Nordeste (com 45,7% <strong>do</strong> total) respondiam juntas por65,6% <strong>do</strong> total de crianças ocupadas em atividades agropecuárias <strong>no</strong> país. Na região Norte, otrabalho infantil representava 12,8% da mão de obra <strong>no</strong> setor – percentual situa<strong>do</strong> bastanteacima daquele equivalente à média nacional (6,4%, conforme menciona<strong>do</strong> anteriormente).Com aproximadamente 910 mil crianças ocupadas, a agricultura familiar respondia por85,6% <strong>do</strong> total de pessoas com idade inferior a 14 a<strong>no</strong>s que estavam trabalhan<strong>do</strong> emestabelecimentos agropecuários. Já na agricultura não familiar, havia 152 mil criançasocupadas (14,4% <strong>do</strong> total). Entre as Grandes Regiões <strong>do</strong> País, a participação da agriculturafamiliar <strong>no</strong> trabalho infantil era mais representativa <strong>no</strong> Norte e Nordeste (cerca de 89,0%<strong>do</strong> total), enquanto a agricultura não familiar era mais significativa nas regiões Centro-Oeste e Sudeste – ao abrigar 30,1% e 26,4% das crianças que estavam trabalhan<strong>do</strong> <strong>no</strong>setor agropecuário em dezembro de 2006.A organização das relações de trabalho nestas regiões corrobora o entendimento destastendências: enquanto <strong>no</strong> Centro-Oeste e Sudeste o agronegócio está mais desenvolvi<strong>do</strong>e com me<strong>no</strong>s envolvimento de crianças e a<strong>do</strong>lescentes, nas regiões Norte e Nordeste, aprodução agrícola depende mais <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> de produção familiar ou de peque<strong>no</strong> porte comum maior envolvimento de pessoas me<strong>no</strong>res de 18 a<strong>no</strong>s.Merece destaque o fato de que as maiores participações de trabalho infantil na composição daocupação <strong>do</strong> setor agropecuário eram observadas <strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s da região Norte <strong>do</strong> país. Comefeito, <strong>no</strong> Acre, o trabalho infantil representava 18,6% da mão de obra <strong>no</strong> setor, sen<strong>do</strong> que talproporção era igualmente elevada <strong>no</strong> Amazonas (16,0%), Roraima (15,8%), Rondônia (12,5%),Pará e Tocantins (ambos com 11,3%), situan<strong>do</strong>-se bastante acima da média nacional (6,4%).Em termos absolutos, os maiores contingentes de crianças trabalhan<strong>do</strong> <strong>no</strong> setoragropecuário eram encontra<strong>do</strong>s na Bahia (132 mil ou 12,4% <strong>do</strong> total), Pará (cerca de 90 milou 8,4% <strong>do</strong> total) e Minas Gerais (cerca de 82 mil ou 7,7% <strong>do</strong> total). Nessas três unidadesfederativas, o trabalho infantil pre<strong>do</strong>minava amplamente na agricultura familiar – 77,9%em Minas Gerais, 89,7% <strong>no</strong> Pará e 87,2% na Bahia.78A população ocupada na agricultura familiar se distribuía em 4,3 milhões de estabelecimentos agropecuários, ocorrespondente a 84,4% <strong>do</strong> total de estabelecimentos existentes <strong>no</strong> país <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2006. Tratan<strong>do</strong>-se da área ocupada,a agricultura familiar respondia por cerca de um quarto (24,3%) <strong>do</strong> total. Sen<strong>do</strong> assim, 15,6% <strong>do</strong>s estabelecimentospertenciam à agricultura não familiar e a área ocupada pela mesma representava 75,7% <strong>do</strong> total.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 173TABELA 59CRIANÇAS COM MENOS DE 14 ANOS DE IDADE OCUPADAS EM ESTABELECIMENTOS AGROPECUÁRIOS POR TIPO DEAGRICULTURA E PARTICIPAÇÃO PERCENTUAL DA MÃO DE OBRA INFANTIL NO TOTAL DA OCUPAÇÃO DO SETORBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2006Área GeográficaPessoal Ocupa<strong>do</strong> em Estabelecimentos AgropecuáriosTodas as PessoasTotalDistribuição %AgriculturaNãoFamiliarFamiliarTotalCrianças com me<strong>no</strong>sde 14 a<strong>no</strong>s de IdadeNãoFamiliarAgriculturaFamiliarParticipação% deCrianças<strong>no</strong> Total deOcupa<strong>do</strong>s<strong>no</strong> SetorAgropecuárioDistribuição % dasCrianças Ocupadas <strong>no</strong>Setor AgropecuárioNãoFamiliarAgriculturaFamiliar<strong>Brasil</strong>Grandes RegiõesNorteNordesteSudesteSulCentro-OesteUnidades da FederaçãoRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal16.567.5441.655.6457.698.6313.282.9622.920.4201.009.886277.75699.578266.66729.509792.20913.095176.831991.593831.8271.145.985247.507490.287944.907451.742268.7992.325.9841.896.924317.559157.674910.8051.117.084571.5161.231.820211.191358.321418.05022.32474,483,682,754,876,752,784,083,291,484,584,079,269,586,586,884,677,483,882,672,284,180,962,163,758,336,069,982,080,546,160,050,929,025,616,417,345,223,347,316,016,88,615,516,020,830,513,513,215,422,616,217,427,815,919,137,936,341,764,030,118,019,553,940,049,171,01.062.301211.346485.687116.535178.18970.54434.64318.48842.7934.65389.5781.26719.92476.83063.61280.69212.63326.65259.47121.99211.577132.22881.80215.8773.42115.43565.14638.76574.27813.32829.52827.247441152.66623.56052.34630.79724.74521.2184.3482.5762.1264399.2281324.7116.9066.7337.9292.1572.9225.7321.8111.16716.98918.0724.9479496.82911.6404.2008.9055.0395.90310.042234909.635187.786433.34185.738153.44449.32630.29515.91240.6674.21480.3501.13515.21369.92456.87972.76310.47623.73053.73920.18110.410115.23963.73010.9302.4728.60653.50634.56565.3738.28923.62517.2052076,412,86,33,56,17,012,518,616,015,811,39,711,37,77,67,05,15,46,34,94,35,74,35,02,21,75,86,86,06,38,26,52,014,411,110,826,413,930,112,613,95,09,410,310,423,69,010,69,817,111,09,68,210,112,822,131,227,744,217,910,812,037,820,036,953,185,688,989,273,686,169,987,486,195,090,689,789,676,491,089,490,282,989,090,491,889,987,277,968,872,355,882,189,288,062,280,063,146,9Fonte: IBGE - Censo Agropecuário 2006Elaboração: Escritório da <strong>OIT</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>


174<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoEm algumas unidades federativas, a agricultura não familiar era responsável pelaabsorção de uma proporção significativa de crianças para o desenvolvimento <strong>do</strong> trabalhonas atividades agropecuárias, a exemplo <strong>do</strong> Distrito Federal (53,1% <strong>do</strong> total), São Paulo(44,2%) e Mato Grosso <strong>do</strong> Sul (37,8%).<strong>Trabalho</strong> Infantil e a Saúde das CriançasO suplemento de aspectos complementares <strong>do</strong> trabalho, aplica<strong>do</strong> <strong>no</strong> levantamentoda PNAD referente ao a<strong>no</strong> de 2006, permite constatar os sérios riscos que o trabalhoinfantil proporciona à saúde das crianças. Com efeito, 5,3% das crianças e a<strong>do</strong>lescentesque estavam trabalhan<strong>do</strong> durante a semana de referência da pesquisa sofreram acidentede trabalho ou apresentaram <strong>do</strong>ença laboral 79 . Esse da<strong>do</strong> causa inquietação, pois entre ostrabalha<strong>do</strong>res adultos com carteira assinada a proporção de acidenta<strong>do</strong>s <strong>no</strong> mesmo a<strong>no</strong>foi bastante inferior (2,0%) 80 . De fato, as crianças estão muito mais expostas aos riscos<strong>no</strong> trabalho <strong>do</strong> que os adultos, uma vez que, devi<strong>do</strong> às características de seu particularprocesso de desenvolvimento, suas capacidades ainda estão em formação e a naturezae as condições em que as atividades laborais ocorrem são freqüentemente insalubrese inadequadas <strong>do</strong> ponto de vista ergonômico, proporcionan<strong>do</strong> não só acidentes, mastambém <strong>do</strong>enças osteomusculares, já que os instrumentos não são dimensiona<strong>do</strong>s paraelas. Estes <strong>do</strong>is elementos: processo físico, cognitivo, emocional e a natureza ou condiçãoem que a atividade é realizada, quan<strong>do</strong> conjuga<strong>do</strong>s <strong>no</strong> trabalho infantil impedem o realexercício da cidadania. Não é a toa que entre as crianças e a<strong>do</strong>lescentes acidenta<strong>do</strong>s, oprincipal tipo de acidente foi corte (50,0% <strong>do</strong>s casos), segui<strong>do</strong> pela fratura ou entorse(14,0%) e <strong>do</strong>r muscular, cansaço, fadiga, insônia ou agitação (9,7%).O trabalho infantil é um grande obstáculo ao <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> e ao desenvolvimentohuma<strong>no</strong>, não só por seus efeitos imediatos, mas também por seus reflexos <strong>no</strong> futuro.Um estu<strong>do</strong> elabora<strong>do</strong> pela IPEC da <strong>OIT</strong> <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2005, com base <strong>no</strong>s da<strong>do</strong>s da PNAD,deixa claro que a incidência <strong>do</strong> trabalho infantil em geral resulta em me<strong>no</strong>r renda naidade adulta - tanto mais quanto mais prematura é a inserção <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho. Apesquisa indica que pessoas que começaram a trabalhar antes <strong>do</strong>s 14 a<strong>no</strong>s de idade têmuma probabilidade muito baixa de obter rendimentos superiores aos R$ 1.000 mensaisao longo da vida. A maioria daquelas que entraram <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> antes <strong>do</strong>s <strong>no</strong>ve a<strong>no</strong>s tembaixa probabilidade de receber rendimentos superiores a R$ 500 mensais 81 . Em média,quem começou a trabalhar entre 15 e 17 a<strong>no</strong>s não chega aos 30 a<strong>no</strong>s com uma rendamuito diferente de quem ingressou com 18 ou 19 a<strong>no</strong>s. Entretanto, à medida que a pessoaenvelhece, há maior probabilidade de que, se começou a trabalhar entre os 18 ou 19 a<strong>no</strong>s,consiga melhor renda <strong>do</strong> que quem começou a trabalhar entre 15 e 17 a<strong>no</strong>s. As possibilidadesde obter rendimentos superiores ao longo da vida laboral são maiores para aquelesque começam a trabalhar depois <strong>do</strong>s 20 a<strong>no</strong>s. Um <strong>do</strong>s fatores que podem explicar essarelação é a probabilidade de que essas pessoas tenham níveis superiores de escolaridadee qualificação 82 .79O perío<strong>do</strong> de referência considera<strong>do</strong> para a ocorrência de acidentes foi de 365 dias.80IPEC/<strong>OIT</strong> O <strong>Brasil</strong> sem trabalho infantil! Quan<strong>do</strong>? Projeção de estimativas de erradicação <strong>do</strong> trabalho infantil,2005 cita<strong>do</strong> <strong>no</strong> CEPAL/PNUD/<strong>OIT</strong>, Emprego, Desenvolvimento Huma<strong>no</strong> e <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>: a Experiência<strong>Brasil</strong>eira Recente, (Brasília, CEPAL/PNUD/<strong>OIT</strong>,2008).81Da<strong>do</strong>s em valores <strong>no</strong>minais de 2005.82CEPAL/PNUD/<strong>OIT</strong> (2008), idem.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 175Após a implementação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde de Crianças eA<strong>do</strong>lescentes Eco<strong>no</strong>micamente Ativos <strong>do</strong> Ministério da Saúde, por meio <strong>do</strong>s 190 Centrosde Referência de Saúde <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> (CEREST’s) em to<strong>do</strong> o território nacional, integra<strong>do</strong>sao Sistema Nacional de Agravos de Notificação, que permite a vigilância epidemiológica, épossível constatar que o nível de acidentabilidade <strong>no</strong> trabalho entre crianças e a<strong>do</strong>lescentes,como já assinala<strong>do</strong>, é duas vezes superior ao de adultos.As 3.517 Unidades Sentinelas espalhadas pelo território nacional (Figura 1) registraramentre 2007 e agosto de 2011, 5.353 casos de acidentes graves envolven<strong>do</strong> crianças e a<strong>do</strong>lescentes,<strong>do</strong>s quais 4.366 casos ocorreram com meni<strong>no</strong>s. No perío<strong>do</strong> monitora<strong>do</strong>, o paísregistrou uma média de 2,99 acidentes graves por dia envolven<strong>do</strong> crianças e a<strong>do</strong>lescentes.FIGURA 1Fonte: Ministério da Saúde, 2011.Os da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Ministério da Saúde, também permitem identificar que os Esta<strong>do</strong>s de SãoPaulo, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina detêm o maior número absoluto de registrosde acidentes.No a<strong>no</strong> de 2010, registrou-se uma média de aproximadamente 3,03 acidentes graves pordia envolven<strong>do</strong> crianças e a<strong>do</strong>lescentes. Nos oito primeiros meses de 2011 registraram-se2,58 acidentes graves por dia para este mesmo grupo de população ocupada.


176<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoFIGURA 2ACIDENTES DE TRABALHO COM CRIANÇAS E ADOLESCENTESSEGUNDO UF DE RESIDÊNCIA, BRASIL, 2007- 2011 83Fonte: Ministério da Saúde, 2011.Entre as atividades, de acor<strong>do</strong> à Classificação Nacional das Atividades Econômicas(CNAE), as que mais registraram acidentes graves em ordem de maior frequência, foram:fabricação de calça<strong>do</strong>s de qualquer espécie, cantinas (serviços de alimentação privativos),comércio varejista, comércio atacadista de hortifrutigranjeiros, lanchonetes e similares,comércio a varejo e por ataca<strong>do</strong> de peças e acessórios de veículos, comércio varejista deatacadista em geral, com pre<strong>do</strong>minância de produtos alimentícios, comércio de balas,bombons e similares, comércio atacadista de teci<strong>do</strong>s, fios e armarinhos, comercio debebidas, fabricação de vidro, fabricação de filmes cinematográficos, usinas de açúcar,atividades de organizações sindicais, comércio atacadista de produtos químicos, obrasviárias, trabalho <strong>do</strong>méstico, transporte aquaviário, transporte ro<strong>do</strong>viário e agricultura,entre outros.Ao organizar as atividades da CNAE por setores, comércio, serviços urba<strong>no</strong>s, agricultura,trabalho <strong>do</strong>méstico e reciclagem são os que têm a maior frequência de acidentes gravescom crianças e a<strong>do</strong>lescentes trabalha<strong>do</strong>res.Ante este quadro preocupante de acidentes graves, neste mesmo perío<strong>do</strong>, o país registrou 58acidentes fatais envolven<strong>do</strong> crianças e a<strong>do</strong>lescentes. Dos óbitos relaciona<strong>do</strong>s ao trabalho,os meni<strong>no</strong>s a<strong>do</strong>lescentes, foram as maiores vítimas, com 51 casos, principalmente entreduas faixas etárias: 16 e 17 a<strong>no</strong>s e 14 e 15 a<strong>no</strong>s, respectivamente.83Ministério da Saúde. Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde <strong>do</strong> Trabalha<strong>do</strong>r. Análise deSituação em Saúde Ambiental e Saúde <strong>do</strong> Trabalha<strong>do</strong>r. <strong>Perfil</strong> Epidemiológico <strong>do</strong>s Acidentes de <strong>Trabalho</strong> emA<strong>do</strong>lescentes e Jovens <strong>Brasil</strong>, Núcleo de Epidemiologia.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 177Os Esta<strong>do</strong>s de São Paulo e Paraná registraram o maior número de óbitos, segui<strong>do</strong>spela Unidade da Federação que, de forma contraditória tem a me<strong>no</strong>r taxa de trabalhoinfantil: o Distrito Federal. Juntas estas três unidades registraram 80,0% <strong>do</strong>s óbitoscom crianças e a<strong>do</strong>lescentes trabalha<strong>do</strong>res <strong>no</strong> país. Ao finalizar este estu<strong>do</strong> em 2012, seregistrou a morte de um a<strong>do</strong>lescente em situação de aprendizagem em uma escolinhade futebol.As famílias brasileiras perderam quase uma criança por mês <strong>no</strong>s últimos cinco a<strong>no</strong>s pormotivos relaciona<strong>do</strong>s ao trabalho infantil.Entre os mesmos a<strong>no</strong>s, soma<strong>do</strong> a estes acidentes graves e fatais de trabalho, o sistemaregistrou 1.588 agravos à saúde da criança e <strong>do</strong> a<strong>do</strong>lescente relaciona<strong>do</strong>s com o trabalho,isto é 0,87 casos (quase um caso) por dia. Entre os agravos registra<strong>do</strong>s mais frequentementeestão a intoxicação, exposição à material biológico, LER/DORT, pneumoconioses,transtor<strong>no</strong> mental e câncer.Os Esta<strong>do</strong>s com maior frequência de agravos relaciona<strong>do</strong>s a intoxicações são Paraná,Alagoas, Pernambuco, São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina. Na mesma medida, sãoregistra<strong>do</strong>s nestes esta<strong>do</strong>s agravos por exposição biológica. O esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Ceará registroucasos de câncer.Soma<strong>do</strong>s os agravos, os acidentes graves e os acidentes fatais entre crianças e a<strong>do</strong>lescentestrabalha<strong>do</strong>res, nas 27 unidades da federação registraram-se 6.999 casos. Sen<strong>do</strong> assim, oSUS atendeu 3,94 casos de acidentes graves e fatais e de agravos à saúde da criança e <strong>do</strong>a<strong>do</strong>lescente em situação de trabalho por dia.Programa de Erradicação <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> Infantil – PETIEm 1996, o gover<strong>no</strong> brasileiro criou o Programa de Erradicação <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> Infantil,o PETI. Resulta<strong>do</strong> da mobilização da sociedade, atualmente o programa articula umconjunto de ações visan<strong>do</strong> à retirada de crianças e a<strong>do</strong>lescentes de até 16 a<strong>no</strong>s das práticasde trabalho infantil, exceto na condição de aprendiz a partir de 14 a<strong>no</strong>s. Desde o a<strong>no</strong>de 2005, o PETI compõe o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e tem três eixosbásicos: transferência direta de renda a famílias com crianças ou a<strong>do</strong>lescentes em situaçãode trabalho, serviços e atividades de convivência e fortalecimento de vínculos paracrianças e a<strong>do</strong>lescentes abaixo de 16 a<strong>no</strong>s de idade e acompanhamento familiar através <strong>do</strong>Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e Centro de Referência Especializa<strong>do</strong>de Assistência Social (CREAS).Em abril de 2012, a capacidade de atendimento <strong>do</strong> PETI incluía 3.597 <strong>do</strong>s 5.565municípios brasileiros (64,6% <strong>do</strong> total), que aderiram ao programa, almejan<strong>do</strong> atenderaproximadamente 853 mil crianças e a<strong>do</strong>lescentes, de acor<strong>do</strong> com a Tabela 60.O maior contingente de crianças e a<strong>do</strong>lescentes a ser atendida pelo PETI (cerca de 540mil) se encontrava na Região Nordeste, que abarcava cerca de 63,0% da capacidadede atendimento para o território nacional. A Bahia (124 mil), Pernambuco (110 mil) eMaranhão (98 mil) eram as UFs que contavam com o maior número crianças e a<strong>do</strong>lescentesa serem atendi<strong>do</strong>s pelo PETI.


178<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTABELA 60CAPACIDADE DE ATENDIMENTO DO PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL - PETI E NÚMERO DE MUNICÍPIOS QUEADERIRAM AO PROGRAMA - BRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, ABRIL DE 2012Área GeográficaRegião NorteRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsRegião NordesteMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaRegião SudesteMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloRegião SulParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulRegião Centro-OesteMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito FederalTotal <strong>Brasil</strong>Fonte: MDS - Matriz de Informação SocialElaboração: Escritório da <strong>OIT</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>Número de Municípiosc/ Adesãoao PETITotal % Adesão428 44995,3495294,22222100,0606296,81515100,0143143100,01616100,012313988,51.593 1.794 88,821021796,822322499,616018487,016216797,021322395,518318598,9102102100,07575100,026541763,5612 1.66836,732985338,6757896,2639268,514564522,5559 1.18847,122139955,420229368,913649627,4405 46686,9767897,49214165,223624695,911100,03.597 5.565 64,6Capacidade deAtendimento de Criançase A<strong>do</strong>lescentes pelo PETI78.2365.8318.87115.5636.81329.1702.6209.368539.34598.12734.93629.39839.08853.984110.40823.93625.138124.33089.34348.2649.22117.17114.68761.43830.54020.58510.31385.39615.08314.51455.184615853.758


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 1797ESTABILIDADE ESEGURANÇA NOTRABALHOO grau de flexibilidade na contratação e demissão, usualmente expresso pelo tempo médiode permanência <strong>no</strong> emprego da força de trabalho ocupada, de<strong>no</strong>ta o nível de auto<strong>no</strong>miaque as empresas possuem para ajustarem o número de trabalha<strong>do</strong>res aos cicloseconômicos. Em geral, a legislação trabalhista vigente em um país e os acor<strong>do</strong>s e convençõescoletivas que regulam as relações de trabalho em empresas ou setores específicosdeterminam, em maior ou me<strong>no</strong>r medida, as regras que devem <strong>no</strong>rtear o processo decontratação/demissão.Vale lembrar que uma alta rotatividade <strong>do</strong>s postos de trabalho <strong>no</strong>rmalmente é associadaa me<strong>no</strong>res investimentos em qualificação profissional, a níveis de produtividade mais baixose a me<strong>no</strong>res níveis de remuneração.No <strong>Brasil</strong>, a rotatividade <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho ampliou-se consideravelmente com ofim da estabilidade <strong>no</strong> emprego, adquirida após dez a<strong>no</strong>s de trabalho em uma mesmaempresa, e a instituição <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), em 1966.Naquele momento, o FGTS foi concebi<strong>do</strong> como um instrumento de proteção da renda <strong>do</strong>/atrabalha<strong>do</strong>r/a demiti<strong>do</strong>/a sem justa causa, uma vez que o país ainda não contava com umprograma de Seguro-Desemprego. Atualmente, além <strong>do</strong> acesso aos recursos deposita<strong>do</strong>s<strong>no</strong> Fun<strong>do</strong>, a demissão sem justa causa enseja um aviso prévio de 30 dias e um pagamento,a título de multa, de 40% sobre o FGTS.Tempo de Permanência <strong>no</strong> <strong>Trabalho</strong>Em 2009, de acor<strong>do</strong> com a PNAD, o tempo médio de permanência <strong>no</strong> trabalho principalera de 7,8 a<strong>no</strong>s. Importante frisar que houve uma relativa estabilidade deste indica<strong>do</strong>rentre os a<strong>no</strong>s de 2004 e 2009.No entanto, observa-se uma diferença significativa nesse indica<strong>do</strong>r em termos de gênero.Em 2009, o tempo médio de permanência das mulheres <strong>no</strong> emprego (7,1 a<strong>no</strong>s) era 1,3a<strong>no</strong>s me<strong>no</strong>r que o <strong>do</strong>s homens (8,4 a<strong>no</strong>s). Nesse aspecto, a incidência <strong>do</strong> fator racial éme<strong>no</strong>r: o tempo de permanência <strong>do</strong>s negros <strong>no</strong> emprego (7,6 a<strong>no</strong>s) era 6 meses inferiorao <strong>do</strong>s brancos (8,0 a<strong>no</strong>s), conforme Tabela 61. A combinação desses <strong>do</strong>is fatores umavez mais evidencia a situação de desvantagem das trabalha<strong>do</strong>ras negras, cujo tempo depermanência <strong>no</strong> emprego (7,0 a<strong>no</strong>s) era 1,7 a<strong>no</strong> inferior ao <strong>do</strong>s homens brancos (8,7 a<strong>no</strong>s).


180<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTABELA 61TEMPO MÉDIO DE PERMANÊNCIA NO TRABALHO PRINCIPAL, EM ANOS, DAS PESSOAS OCUPADASDE 16 ANOS OU MAIS DE IDADE, POR SEXO E COR OU RAÇABRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2004 E2009Área GeográficaTotalHomens2004 2009Mulheres Brancos Negros Total Homens MulheresBrancosNegros<strong>Brasil</strong>Área UrbanaÁrea RuralGrandes RegiõesNorteNordesteSudesteSulCentro-OesteUnidades da FederaçãoRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal7,66,611,66,99,26,77,96,96,67,76,24,97,15,78,310,110,49,68,48,68,49,58,89,16,77,47,26,47,47,68,46,56,97,26,68,07,111,67,39,57,28,37,47,17,76,84,97,46,18,610,610,610,18,48,58,69,69,09,36,97,67,87,08,08,18,87,07,47,67,17,06,611,76,48,96,07,36,25,97,75,35,16,75,27,89,510,18,98,48,78,29,48,68,86,37,16,55,66,77,18,05,86,06,56,17,76,912,16,99,37,18,17,37,17,56,45,36,86,18,09,710,79,48,28,59,19,08,49,87,38,87,66,87,67,88,77,16,87,87,37,46,311,36,99,25,96,56,56,47,76,14,87,25,78,310,210,39,78,58,68,09,89,09,06,16,26,75,46,85,86,45,96,96,76,17,86,912,17,09,47,18,06,87,27,66,85,67,15,97,89,610,39,68,58,98,69,99,79,57,77,17,66,77,57,88,76,26,27,27,28,47,512,37,49,87,78,77,37,57,67,36,07,56,38,010,610,710,38,79,08,910,010,19,98,27,58,27,38,28,59,36,86,67,57,87,16,311,96,58,76,47,26,26,77,56,15,06,45,27,67,99,88,88,28,78,29,89,18,87,16,76,75,96,66,97,85,65,56,76,48,07,312,57,29,57,68,47,37,67,66,75,67,36,17,39,410,79,58,19,18,79,99,010,38,28,88,27,17,98,09,17,16,67,77,47,66,511,97,09,36,56,56,46,97,56,85,67,05,88,09,610,29,78,78,78,69,910,09,27,35,96,85,86,56,46,55,45,96,97,0Fonte: IBGE – PNADDe acor<strong>do</strong> com o local de residência, verifica-se que, em 2009, os trabalha<strong>do</strong>res da zonarural possuíam relações de trabalho mais dura<strong>do</strong>uras (12,1 a<strong>no</strong>s) <strong>do</strong> que os trabalha<strong>do</strong>resurba<strong>no</strong>s (6,9 a<strong>no</strong>s), reflexo <strong>do</strong> tipo de relações de trabalho que são constituídas <strong>no</strong> âmbitoda agricultura familiar.A flexibilidade de contratação/demissão da força de trabalho também pode ser visualizadamediante a incidência <strong>do</strong>s vínculos trabalhistas com duração inferior a um a<strong>no</strong>. Em 2009,18,6% <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res brasileiros encontravam-se nessa situação, mesmo percentualverifica<strong>do</strong> em 2004.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 181As diferenças de incidência <strong>do</strong>s vínculos trabalhistas inferiores a um a<strong>no</strong> são pequenasem termos de gênero e raça. Em 2009, 17,7% <strong>do</strong>s homens e 19,9% das mulheres e 16,7%<strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res brancos e 20,6% <strong>do</strong>s negros assinalavam um tempo de permanência <strong>no</strong>trabalho me<strong>no</strong>r que um a<strong>no</strong>, de acor<strong>do</strong> com a Tabela 62. No entanto, quan<strong>do</strong> combinadasessas características, as diferenças tendem a ser mais acentuadas: 21,9% <strong>no</strong> caso das trabalha<strong>do</strong>rase 15,6% <strong>no</strong> caso <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res brancos.TABELA 62PROPORÇÃO DE PESSOAS OCUPADAS DE 16 ANOS OU MAIS DE IDADE COM TEMPO DE PERMANÊNCIANO TRABALHO PRINCIPAL INFERIOR A 1 ANO, POR SEXO E COR OU RAÇABRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2004 E 2009Área GeográficaTotalHomens2004 2009Mulheres Brancos Negros Total Homens MulheresBrancosNegros<strong>Brasil</strong>Área UrbanaÁrea RuralGrandes RegiõesNorteNordesteSudesteSulCentro-OesteUnidades da FederaçãoRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal18,620,211,517,516,520,017,920,117,216,712,427,919,115,718,417,817,015,117,115,618,216,712,516,424,320,814,020,019,316,317,322,319,619,719,717,819,211,816,316,319,016,819,215,25,010,825,618,413,217,716,716,814,718,515,218,417,612,316,024,719,613,018,317,715,416,822,318,018,918,719,721,511,019,216,821,319,421,420,219,315,032,320,119,519,419,217,315,815,116,217,815,312,817,023,622,415,322,321,418,817,922,222,020,921,017,118,310,516,314,717,917,117,813,616,911,232,218,815,518,416,515,113,616,314,116,513,911,613,721,517,212,518,318,416,316,519,118,617,216,920,222,612,217,817,323,522,522,019,316,712,916,419,215,918,418,217,616,017,616,519,118,312,917,216,923,916,024,522,121,823,525,320,221,622,218,619,813,018,918,518,418,221,321,619,016,922,218,617,121,717,614,320,120,217,617,618,418,519,121,021,113,618,620,016,917,222,820,222,019,417,718,713,117,717,617,616,820,521,617,614,720,617,416,321,515,813,218,619,718,017,220,318,017,920,320,612,417,818,615,316,022,719,921,017,719,921,212,820,719,719,519,922,421,621,020,024,420,418,322,120,415,722,220,917,018,315,519,120,821,921,815,219,621,719,018,722,820,823,421,516,717,511,717,817,016,216,819,218,520,116,619,217,014,921,915,510,718,919,818,416,516,418,916,417,916,612,016,818,515,816,020,717,519,818,320,622,313,819,319,021,523,522,823,218,617,023,319,017,821,718,215,520,620,417,218,219,218,319,923,624,615,721,923,823,922,924,922,123,420,2Fonte: IBGE – PNAD


182<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoPor outro la<strong>do</strong>, me<strong>no</strong>s da metade <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res brasileiros permaneciam <strong>no</strong> empregopor mais de cinco a<strong>no</strong>s, situação que pouco se alterou entre 2004 e 2009. A porcentagemde homens nessa situação (49,5% em 2009) era maior que a de mulheres (43,7%), a detrabalha<strong>do</strong>res brancos (48,6%) maior que a de negros (45,5%), sobretu<strong>do</strong> em relação àsmulheres negras (42,5%), assim como a <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res rurais comparativamente aosurba<strong>no</strong>s (62,4% e 43,9%, respectivamente). (Tabela 63).O tempo médio de permanência <strong>no</strong> trabalho principal apresentou pequenas variaçõesregionais entre os a<strong>no</strong>s de 2004 e 2009: <strong>no</strong> Norte, variou de 6,9 para 7,0 a<strong>no</strong>s; <strong>no</strong>Nordeste, de 9,2 para 9,4 a<strong>no</strong>s; <strong>no</strong> Sudeste, de 6,7 para 7,1 a<strong>no</strong>s; <strong>no</strong> Sul, de 7,9 para 8,0a<strong>no</strong>s e <strong>no</strong> Centro-Oeste, de 6,9 para 6,8 a<strong>no</strong>s.Entre as Unidades da Federação, 17 apresentaram aumento <strong>no</strong> tempo médio de permanência<strong>no</strong> trabalho, com destaque para Minas Gerias (de 6,7 para 7,7 a<strong>no</strong>s), Sergipe (de8,8 para 9,7 a<strong>no</strong>s) e Roraima (de 4,9 para 5,6 a<strong>no</strong>s). Por outro la<strong>do</strong>, sete assinalaram ummovimento de queda, sen<strong>do</strong> o mais expressivo verifica<strong>do</strong> <strong>no</strong> Mato Grosso (de 6,9 para6,2 a<strong>no</strong>s). Goiás, Ceará e Pará, por sua vez, não assinalaram alterações deste indica<strong>do</strong>r<strong>no</strong> perío<strong>do</strong> em análise. Vale ressaltar que, em 2009, o maior tempo de permanência <strong>no</strong>trabalho foi o registra<strong>do</strong> <strong>no</strong> Piauí (10,3 a<strong>no</strong>s) e o me<strong>no</strong>r em Roraima (5,6 a<strong>no</strong>s).Nesse perío<strong>do</strong>, os homens assinalaram uma expansão <strong>do</strong> tempo médio de permanência<strong>no</strong> trabalho em 20 Unidades da Federação, contra <strong>no</strong>ve das mulheres, e uma redução emseis, contra 14 das mulheres. Em 2009, o tempo de permanência <strong>no</strong> trabalho masculi<strong>no</strong>era superior ao femini<strong>no</strong> em todas as Unidades da Federação, sen<strong>do</strong> a diferença maissignificativa a registrada <strong>no</strong> Maranhão (10,6 e 7,9 a<strong>no</strong>s, respectivamente).Por sua vez, a porcentagem de ocupa<strong>do</strong>s com tempo de permanência <strong>no</strong> trabalho inferiora um a<strong>no</strong> aumentou em todas as regiões <strong>do</strong> país entre 2004 e 2009: <strong>no</strong> Norte, passou de17,5% para 18,9%; <strong>no</strong> Nordeste, de 16,5% para 18,5%; <strong>no</strong> Sul, de 17,9% para 18,2% e <strong>no</strong>Centro-Oeste, de 20,1% para 21,3%. A única exceção foi a região Sudeste, que assinalou,nesse mesmo intervalo de tempo, uma redução de 20,0% para 18,4%.Entre as Unidades da Federação, 16 registraram um aumento deste indica<strong>do</strong>r, comdestaque para Sergipe (6,0 pontos percentuais) e Ceará (5,0 p.p.). Em senti<strong>do</strong> contrário,houve uma redução na proporção de ocupa<strong>do</strong>s com tempo de permanência <strong>no</strong> trabalhoinferior a um a<strong>no</strong> em dez Unidades da Federação, sen<strong>do</strong> as mais expressivas em Roraima(5,7 pontos percentuais) e em Minas Gerais (3,3 p.p.).Em termos de gênero, observa-se que 16 Unidades da Federação registraram uma ampliação<strong>do</strong> percentual de homens com tempo de permanência <strong>no</strong> trabalho me<strong>no</strong>r que uma<strong>no</strong>. Já entre as mulheres, o aumento foi verifica<strong>do</strong> em 18 unidades federativas. Em 2009,apenas na Paraíba e em Alagoas o percentual de homens com tempo de permanência <strong>no</strong>trabalho inferior a um a<strong>no</strong> era superior ao das mulheres.No quesito raça ou cor, 14 Unidades da Federação assinalaram um aumento de trabalha<strong>do</strong>resbrancos com tempo de permanência <strong>no</strong> trabalho inferior a um a<strong>no</strong>. Entreos negros, o mesmo movimento foi verifica<strong>do</strong> em dezesseis Unidades da Federação. Éimportante ressaltar que, em 2009, em 23 das 27 unidades federativas os negros superavamos brancos <strong>no</strong> contingente de ocupa<strong>do</strong>s com tempo de permanência <strong>no</strong> trabalhome<strong>no</strong>r que um a<strong>no</strong>.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 183TABELA 63PROPORÇÃO DE PESSOAS OCUPADAS DE 16 ANOS OU MAIS DE IDADE COM TEMPO DE PERMANÊNCIANO TRABALHO PRINCIPAL SUPERIOR A 5 ANOS, POR SEXO E COR OU RAÇABRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2004 E 2009Área GeográficaTotalHomens2004 2009Mulheres Brancos Negros Total Homens MulheresBrancosNegros<strong>Brasil</strong>Área UrbanaÁrea RuralGrandes RegiõesNorteNordesteSudesteSulCentro-OesteUnidades da FederaçãoRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal46,442,862,345,552,442,947,743,345,150,845,137,345,739,847,554,057,053,049,054,249,851,453,452,041,344,146,542,446,646,749,341,143,743,544,348,445,062,147,653,345,250,246,048,551,349,337,347,142,148,356,257,854,948,554,150,050,854,852,942,245,649,245,349,250,251,243,747,245,847,243,739,862,642,351,239,944,439,540,149,938,237,443,636,446,351,056,050,549,654,249,652,251,450,640,242,143,038,443,242,146,937,638,440,240,947,544,763,145,953,045,448,746,049,049,247,738,243,942,946,154,057,953,049,554,351,451,351,554,444,350,748,244,747,947,450,244,744,546,647,845,340,361,745,452,138,942,341,142,951,244,037,046,239,048,054,056,853,048,654,148,951,454,251,338,438,444,236,442,840,242,337,743,141,141,247,043,962,444,951,845,047,742,845,550,845,440,844,043,046,452,956,850,349,652,250,955,351,351,545,343,249,443,446,147,349,440,442,443,045,049,546,662,647,253,847,650,745,047,152,148,944,546,244,847,357,558,252,650,653,252,254,653,253,647,245,353,146,049,450,652,042,944,544,948,143,740,562,141,549,041,643,939,843,248,940,235,740,540,345,245,754,947,348,050,548,856,548,748,743,040,444,540,041,843,046,237,339,240,541,348,646,363,445,952,947,449,545,447,249,746,141,646,242,542,851,357,851,049,952,851,556,951,755,247,749,952,045,848,148,751,245,244,545,546,445,541,461,744,551,441,740,440,944,651,145,140,543,343,147,653,356,450,049,451,850,554,751,150,443,437,945,938,840,638,740,735,740,941,444,1Fonte: IBGE – PNAD


184<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoA Rotatividade <strong>no</strong> Emprego FormalRestringin<strong>do</strong> a análise ao merca<strong>do</strong> de trabalho formal, é possível constatar, com base nasinformações da RAIS 84 , que o percentual de vínculos trabalhistas interrompi<strong>do</strong>s antesde completar seis meses de duração aumentou de 42,7% a 44,0% entre 2004 e 2009. Nooutro extremo, nesse mesmo intervalo de tempo, me<strong>no</strong>s de 10% <strong>do</strong>s vínculos possuíamcinco a<strong>no</strong>s ou mais de duração.Essa intensa movimentação de trabalha<strong>do</strong>res <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho formal brasileiroresultou, em 2009, em um tempo médio de permanência <strong>no</strong> emprego de cinco a<strong>no</strong>s,inferior ao assinala<strong>do</strong> <strong>no</strong> a<strong>no</strong> 2000, que era de 5,5 a<strong>no</strong>s.Interessante <strong>no</strong>tar que, <strong>no</strong> triênio 2007-2009, as principais causas para a interrupção<strong>do</strong>s vínculos trabalhistas foram as rescisões sem justa causa por iniciativa <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>r(aproximadamente 50,0%), o térmi<strong>no</strong> <strong>do</strong> contrato de trabalho por tempo determina<strong>do</strong>(cerca de 20,0%) e as rescisões sem justa causa por iniciativa <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong> ou exoneraçãoa pedi<strong>do</strong> (também em tor<strong>no</strong> de 20,0%).A relação entre o salário médio <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res admiti<strong>do</strong>s e desliga<strong>do</strong>s apresentou umapequena redução em 2009 e alcançou o patamar de 0,89, após seis a<strong>no</strong>s consecutivos decrescimento contínuo (entre 2002 e 2008 houve um aumento de 0,84 para 0,92). Tal reduçãomuito provavelmente deve-se aos impactos da crise internacional sobre a eco<strong>no</strong>mia brasileira.A elevada movimentação contratual <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho formal brasileiro tambémpode ser vista sob a ótica da taxa de rotatividade 85 . Entre os a<strong>no</strong>s de 2007 e 2008, a taxa derotatividade <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> oscilou de 34,3% para 37,5%, recuan<strong>do</strong>, em 2009, para 36,0%. Doissetores se destacam por possuir taxas de rotatividade muito superiores à média (da<strong>do</strong>spara 2009): construção civil (86,2%) e agricultura (74,4%). Outros três apresentamtaxas inferiores à média: administração pública (10,6%), serviços industriais de utilidadepública (17,2%) e indústria extrativa mineral (20,0%). A indústria de transformação(36,8%), os serviços (37,7%) e o comércio (41,6%), por seu tur<strong>no</strong>, assinalam taxas maispróximas, ainda que ligeiramente superiores, à da media nacional.Na indústria de transformação, os subsetores que apresentam as taxas de rotatividademais elevadas são a indústria de calça<strong>do</strong>s (46,4% em 2009) e a de produtos alimentícios,bebidas e álcool etílico (44,1%). No outro extremo, têm-se a indústria de material detransporte (23,5%), a de papel, papelão, editorial e gráfica (27,9%) e a de química deprodutos farmacêuticos, veterinários, perfumarias, etc. (28,5%).No âmbito <strong>do</strong> comércio, observam-se taxas de rotatividade similares entre os subsetoresvarejista (42,0% em 2009) e atacadista (39,1%). No setor de serviços, por sua vez, édig<strong>no</strong> de <strong>no</strong>ta a alta rotatividade <strong>no</strong> subsetor de comercialização e administração deimóveis (58,9%), em contraposição aos segmentos das instituições de crédito, seguros ecapitalização (10,7%), <strong>do</strong>s serviços médicos e o<strong>do</strong>ntológicos (17,2%) e de ensi<strong>no</strong> (19,0%).84As informações aqui apresentadas estão disponíveis em “Movimentação Contratual <strong>no</strong> Merca<strong>do</strong> de <strong>Trabalho</strong>Formal e Rotatividade <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>”, estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> pelo Dieese e apresenta<strong>do</strong> ao Ministério <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> e Emprego– MTE, <strong>no</strong> âmbito <strong>do</strong> projeto Desenvolvimento de Meto<strong>do</strong>logia de Análise de Merca<strong>do</strong> de <strong>Trabalho</strong> Municipal eQualificação Social para Apoio à Gestão de Políticas Públicas de Emprego, <strong>Trabalho</strong> e Renda, 2010.85As taxas foram calculadas entre o mínimo de admiti<strong>do</strong>s ou desliga<strong>do</strong>s e dividi<strong>do</strong> pelo estoque médio (estoque <strong>do</strong>a<strong>no</strong>, soma<strong>do</strong> com estoque <strong>do</strong> a<strong>no</strong> anterior dividi<strong>do</strong> por <strong>do</strong>is), excluin<strong>do</strong>-se os desligamentos por transferências,aposenta<strong>do</strong>rias, falecimentos e demissão voluntária.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 185O Seguro-DesempregoFrente ao contexto analisa<strong>do</strong> anateriormente, o Seguro-Desemprego é um benefício defundamental importância, seja para sustentar uma parcela da renda <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r emsituação de desemprego, seja para, <strong>do</strong> ponto de vista macroeconômico, prover uma maiorestabilidade da demanda agregada da eco<strong>no</strong>mia.No <strong>Brasil</strong>, podem usufruir <strong>do</strong> Seguro-Desemprego, na modalidade formal, os trabalha<strong>do</strong>resdesemprega<strong>do</strong>s sem justa causa e que mantinham uma relação de assalariamentocom carteira de trabalho assinada por tempo indetermina<strong>do</strong>. Além disso, é preciso tertrabalha<strong>do</strong> <strong>no</strong>s últimos seis meses, de forma ininterrupta, a partir da data de dispensa. Aduração <strong>do</strong> benefício varia de 3 a 5 meses, de acor<strong>do</strong> com o tempo de trabalho <strong>no</strong>s últimos36 meses.Dessa forma, além das consequências negativas mencionadas anteriormente, uma altarotatividade <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho, característica presente <strong>no</strong> caso brasileiro, dificulta oacesso <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res ao benefício <strong>do</strong> Seguro-Desemprego, em especial de sua parcelamais vulnerável e precária.Ao longo <strong>do</strong>s a<strong>no</strong>s, porém, o Seguro-Desemprego passou a atender alguns segmentos detrabalha<strong>do</strong>res que não fazem parte <strong>do</strong> núcleo mais protegi<strong>do</strong> <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de trabalhobrasileiro, <strong>no</strong>tadamente os pesca<strong>do</strong>res artesanais durante o perío<strong>do</strong> de defeso e ostrabalha<strong>do</strong>res resgata<strong>do</strong>s de condições análogas à de escravos. A legislação brasileirapossibilita ainda o acesso ao benefício por parte das trabalha<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>mésticas. Contu<strong>do</strong>,fazem jus ao Seguro-Desemprego apenas aquelas trabalha<strong>do</strong>ras com carteira de trabalhoassinada e contribuição ao FGTS, efetuada a critério <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>r, o que restringeconsideravelmente a abrangência dessa modalidade <strong>do</strong> Seguro-Desemprego.Tambémtêm direito ao benefício, na modalidade Bolsa Qualificação, os trabalha<strong>do</strong>res comcontrato de trabalho suspenso e que participam de cursos de qualificação profissionalcustea<strong>do</strong>s pelo seu emprega<strong>do</strong>r.Em 2010, cerca de 7,6 milhões de trabalha<strong>do</strong>res demandaram o benefício <strong>do</strong> Seguro-Desemprego 86 , em sua modalidade formal, sen<strong>do</strong> que 65,4% <strong>do</strong> sexo masculi<strong>no</strong> e 34,6%<strong>do</strong> sexo femini<strong>no</strong>, o que em parte é reflexo da maior taxa de participação <strong>do</strong>s homens<strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho, da maior presença <strong>no</strong> emprego formal e maior tempo médio depermanência <strong>no</strong> emprego, conforme visto anteriormente.No a<strong>no</strong> em análise, o número de trabalha<strong>do</strong>res segura<strong>do</strong>s era de cerca de 7,5 milhões depessoas, em sua maioria pertencente ao sexo masculi<strong>no</strong> (65,3%), com idade entre 25 e 39a<strong>no</strong>s (51,2%) e com o ensi<strong>no</strong> médio completo ou incompleto (48,0%).As demais modalidades <strong>do</strong> Seguro-Desemprego, por sua vez, atendiam, em 2010, quase647 mil pessoas, distribuídas da seguinte forma: cinco mil trabalha<strong>do</strong>res na modalidadeBolsa Qualificação, 624 mil pesca<strong>do</strong>res artesanais, 15 mil empregadas/os <strong>do</strong>mésticas/os e<strong>do</strong>is mil trabalha<strong>do</strong>res resgata<strong>do</strong>s de condições análogas à escravidão.O programa <strong>do</strong> Seguro-Desemprego é avalia<strong>do</strong> positivamente pela maior parte <strong>do</strong>s seusbeneficiários. De acor<strong>do</strong> com a avaliação externa <strong>do</strong> Seguro-Desemprego realiza<strong>do</strong> pela86As informações referentes ao Seguro-Desemprego foram obtidas em: DIEESE. Anuário <strong>do</strong> Sistema Público deEmprego, <strong>Trabalho</strong> e Renda: Seguro-Desemprego. São Paulo: DIEESE, 2011.


186<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoUniversidade de Brasília – UnB por solicitação <strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> e Emprego 87– MTE, em 2009, 69% <strong>do</strong>s beneficiários <strong>do</strong> programa declararam estar satisfeitos (o queinclui os muito satisfeitos), enquanto que 31% relataram estar insatisfeitos (incluin<strong>do</strong>aqueles considera<strong>do</strong>s pouco satisfeitos).O grau de satisfação <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res atendi<strong>do</strong>s pelo programa <strong>do</strong> Seguro-Desempregoestá relaciona<strong>do</strong>, entre outros aspectos, com a qualidade <strong>do</strong> atendimento para requerero benefício. Em 2009, 92% <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res avaliaram o atendimento como bom ouótimo. No universo mi<strong>no</strong>ritário de trabalha<strong>do</strong>res insatisfeitos (8%), 69% apontaram ademora <strong>no</strong> atendimento e 26% o despreparo <strong>do</strong> atendente como as principais causas dainsatisfação.Entretanto, o valor <strong>do</strong> benefício <strong>do</strong> Seguro-Desemprego parece ser o principal problema <strong>do</strong>programa para a parcela majoritária <strong>do</strong>s beneficiários. Nesse senti<strong>do</strong>, 55% consideraramo valor <strong>do</strong> Seguro-Desemprego insuficiente e 10% declararam suficiente para viver, masnão para procurar trabalho. Os demais, 35%, afirmaram ser o valor suficiente para viver etambém para procurar trabalho.Consequentemente, quase 2/3 <strong>do</strong>s beneficiários <strong>do</strong> Seguro-Desemprego, maisprecisamente 64,7%, apontaram questões relacionadas ao valor <strong>do</strong> benefício como osprincipais pontos que precisam ser melhora<strong>do</strong>s. No entanto, 11,2% revelaram que oprograma <strong>do</strong> Seguro-Desemprego não necessita de nenhuma melhoria.Concluin<strong>do</strong>, é importante destacar que, <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, a cobertura <strong>do</strong> Seguro-Desempregoé insuficiente para contemplar adequadamente o conjunto <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>resdesemprega<strong>do</strong>s. Isso ocorre porque os critérios de elegibilidade a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s tornamsebastante restritivos quan<strong>do</strong> aplica<strong>do</strong>s em um merca<strong>do</strong> de trabalho ainda poucoestrutura<strong>do</strong> e com altas taxas de rotatividade, como é o caso <strong>do</strong> brasileiro. A títuloilustrativo, <strong>no</strong>te-se que, em 2008, 35,7% das rescisões sem justa causa registradas <strong>no</strong><strong>Brasil</strong> referiam-se a vínculos empregatícios com duração inferior a seis meses.Além disso, mostra-se insuficiente também, em um país onde o desemprego delonga duração ainda é uma realidade, a extensão <strong>do</strong> usufruto <strong>do</strong> benefício <strong>do</strong> Seguro-Desemprego, restrito a <strong>no</strong> máximo cinco meses, salvo prorrogações excepcionais, comoas verificadas em 2009 88 .87A avaliação <strong>do</strong> Seguro-Desemprego teve como público alvo os beneficiários <strong>do</strong> programa que reuniam <strong>no</strong>momento da entrevista os requisitos necessários para fazer jus ao benefício. A pesquisa teve como local prioritáriopara coleta de da<strong>do</strong>s as agências da Caixa Econômica Federal. De abrangência estadual, a avaliação definiu umaamostra independente para cada unidade da federação com meta de 800 beneficiários, o que resultaria em 21.600entrevistas em to<strong>do</strong> o país.88A ampliação <strong>do</strong> tempo de duração <strong>do</strong> seguro-desemprego restringiu-se a alguns setores econômicos, a exemplo<strong>do</strong>s segmentos de mineração e siderurgia, e insere-se <strong>no</strong> rol de medidas tomadas pelo gover<strong>no</strong> brasileiro <strong>no</strong>combate aos efeitos da crise internacional iniciada em 2008.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 1878IGUALDADE DEOPORTUNIDADES EDE TRATAMENTO NOEMPREGOUm <strong>do</strong>s quatro pilares básicos da promoção <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> é o respeito aos direitos <strong>no</strong>trabalho, em especial os expressos na Declaração <strong>do</strong>s Direitos e Princípios Fundamentais<strong>no</strong> <strong>Trabalho</strong> da <strong>OIT</strong>, a<strong>do</strong>tada em 1998, entre os quais se inscreve a eliminação de todas asformas de discriminação em matéria de emprego e ocupação.No presente capítulo serão aborda<strong>do</strong>s os temas da segregação ocupacional, disparidadede rendimentos por sexo e cor/raça, a influência da cor ou raça <strong>no</strong> trabalho, a gestãomunicipal e a estrutura e políticas de gênero na área <strong>do</strong> trabalho, educação profissional eintermediação de mão de obra, trabalha<strong>do</strong>ras e trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong>mésticos, trabalha<strong>do</strong>resmigrantes, pessoas com deficiência, pessoas viven<strong>do</strong> com HIV/Aids e a promoção daigualdade <strong>no</strong> mun<strong>do</strong> trabalho, além <strong>do</strong> tema <strong>do</strong>s povos e comunidades tradicionais.SEGREGAÇÃO OCUPACIONALA segregação ocupacional com base <strong>no</strong> sexo se manifesta em todas as latitudes, quaisquerque sejam os níveis de desenvolvimento econômico, sistemas políticos e entor<strong>no</strong>sreligiosos, sociais e culturais. É uma das características mais importantes e persistentes<strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s de trabalho em to<strong>do</strong>s os países. Há duas formas básicas de segregaçãoocupacional por sexo: uma horizontal e outra vertical. Segregação horizontal é a queestabelece barreiras de distintos tipos para que homens e mulheres se distribuam deforma mais equilibrada pela estrutura ocupacional. Segregação vertical é aquela queocorre dentro de uma mesma ocupação, quan<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s sexos tende a se situar em grausou níveis hierárquicos superiores em relação ao outro 89 .A existência e persistência da segregação ocupacional por sexo <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho estáfortemente relacionada aos estereótipos de gênero existentes na sociedade - um conjuntode características comumente atribuídas a homens e mulheres e suas presumíveis atitudes,comportamento e habilidades. As mulheres são comumente associadas característicasrelacionadas às atividades <strong>do</strong>mésticas, à afetividade e à <strong>do</strong>cilidade. Deste conjunto decaracterísticas deriva o entendimento de que as mulheres detêm uma maior destreza eexperiência nas atividades de cuida<strong>do</strong> e uma maior habilidade manual. Por outro la<strong>do</strong>,89ANKER, R. “La segregación profesional entre hombres y mujeres: Repaso de las teorias,” Revista Internacionaldel Trabajo. Genebra: <strong>OIT</strong>, v. 116, n.3, 1997.


188<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federaçãopossuiriam uma me<strong>no</strong>r aptidão para supervisionar o trabalho <strong>do</strong>s outros, para atividadesque exigem raciocínio lógico e para as ciências exatas – sen<strong>do</strong> estas característicaassociadas aos homens. Eles teriam maior disponibilidade para enfrentar riscos e maioraptidão para o coman<strong>do</strong>, enquanto elas apresentariam uma maior disposição para receberordens e para executar tarefas sem se queixarem. Aos trabalha<strong>do</strong>res homens é associadaa imagem de prove<strong>do</strong>r, ten<strong>do</strong> eles, por isso, uma maior necessidade de renda. Isso nãoocorreria com as trabalha<strong>do</strong>ras mulheres, comumente entendidas como primordialmenteresponsáveis pelas atividades de cuida<strong>do</strong> da família, sen<strong>do</strong> sua inserção <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> detrabalho instável e secundária, poden<strong>do</strong> ser interrompida a qualquer momento, ten<strong>do</strong>elas, portanto, uma me<strong>no</strong>r necessidade de renda. Estes elementos interferem de formabastante concreta na estruturação <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho, contribuin<strong>do</strong> para uma maiorconcentração de mulheres em um leque me<strong>no</strong>s diversifica<strong>do</strong> de ocupações: aquelasassociadas às atividades de cuida<strong>do</strong>. (ANKER, 1997 e ABRAMO, 2007).As informações da PNAD demonstram o quanto a segregação ocupacional por sexo aindase faz presente <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho brasileiro, e resiste a ser alterada. Em 2004, ogrupo ocupacional 90 de trabalha<strong>do</strong>res da produção de bens e serviços e de reparação emanutenção respondia por 33,1% da estrutura ocupacional masculina e por apenas 9,2%da feminina (vide Tabela 64). Em 2009, tais percentuais pouco se alteraram e eram de35,2% e 9,0%, respectivamente.Por outro la<strong>do</strong>, o grupo <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s serviços – <strong>do</strong> qual fazem parte os serviços<strong>do</strong>mésticos, de saúde e educação – respondia por 31,4% da ocupação das mulherese por apenas 11,6% <strong>no</strong> caso <strong>do</strong>s homens, percentuais que se mantiveram inaltera<strong>do</strong>s aocompararem-se os a<strong>no</strong>s de 2004 e 2009.No a<strong>no</strong> de 2009, as maiores participações percentuais <strong>do</strong> grupo ocupacional trabalha<strong>do</strong>resda produção de bens e serviços e de reparação e manutenção na estrutura ocupacionalfeminina eram observadas <strong>no</strong> Ceará (15,4%), Santa Catarina (14,6%) e Rio Grande <strong>do</strong>Sul (12,4%). Por outro la<strong>do</strong> esse percentual não alcançava sequer 5,0% <strong>no</strong> Distrito Federal(2,8%), Alagoas (3,3%), Acre (3,4%) e Roraima (3,8%).Em seis unidades federativas, o grupo <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s serviços respondia por maisde um terço da ocupação feminina em 2009, com destaque para o Amapá (44,0%) em função,sobretu<strong>do</strong>, da representatividade da administração pública na estrutura ocupacional<strong>no</strong> esta<strong>do</strong>.90Os grupos ocupacionais de trabalha<strong>do</strong>res da produção de bens e serviços e de reparação e manutenção etrabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s serviços foram seleciona<strong>do</strong>s pelo fato de, historicamente, serem pre<strong>do</strong>minantemente ocupa<strong>do</strong>spor homens e mulheres, respectivamente.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 189Área Geográfica<strong>Brasil</strong>Unidades da FederaçãoRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito FederalFonte: IBGE – PNADTABELA 64PARTICIPAÇÃO PERCENTUAL DOS GRUPOS OCUPACIONAIS DE TRABALHADORES DA PRODUÇÃODE BENS E SERVIÇOS E DE REPARAÇÃO E MANUTENÇÃO E DOS TRABALHADORESDOS SERVIÇOS NA ESTRUTURA OCUPACIONAL, POR SEXOBRASIL E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2004 E 2009Participação % <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res daProdução de Bens e Serviços e de Rep. eManutenção na Estrutura ocupacional2004 2009Homens Mulheres Homens Mulheres33,1 9,2 35,2 9,030,625,532,525,030,235,526,724,318,126,831,326,925,121,132,724,735,432,234,540,135,640,035,035,530,734,926,24,53,28,50,06,57,75,25,58,617,28,88,15,92,79,65,49,48,76,510,49,816,112,67,25,110,23,931,428,635,031,335,835,027,928,021,630,233,431,626,725,534,628,337,636,336,639,935,838,737,538,430,538,225,44,93,48,53,88,55,05,43,86,815,48,67,36,73,38,35,210,07,46,89,99,514,612,49,44,910,82,8Participação % <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong>sServiços na Estrutura Ocupacional2004 2009Homens Mulheres Homens Mulheres11,6 31,4 11,6 31,49,412,912,316,211,116,710,18,97,712,212,712,214,111,311,810,29,911,218,312,59,58,19,09,58,113,619,428,539,033,134,828,638,833,826,421,225,929,930,628,628,926,127,035,533,838,034,031,028,524,139,233,126,136,18,912,411,914,312,913,910,28,76,912,013,211,213,810,812,010,310,110,416,712,99,67,58,910,09,712,018,728,032,333,331,832,544,030,029,024,127,332,834,628,330,528,328,932,632,837,033,030,223,626,436,937,336,430,5


190<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoPor sua vez, o Índice de Dissimilaridade de Duncan permite medir e analisar astendências na segregação ocupacional entre homens e mulheres em diferentes gruposocupacionais. Esse indica<strong>do</strong>r de segregação ocupacional por sexo é interpreta<strong>do</strong> comoa proporção de homens ou mulheres que teriam de mudar de grupos de ocupação demo<strong>do</strong> que a razão de sexo de cada setor ou grupo ocupacional fosse igual à razão desexo da força de trabalho como um to<strong>do</strong>, ou seja, para eliminar a segregação. Os valoresassumi<strong>do</strong>s pelo Índice de Duncan variam de 0 (zero), quan<strong>do</strong> não existe diferença nasdistribuições setoriais e ocupacionais entre homens e mulheres, ou seja, quan<strong>do</strong> há umaintegração completa, a 100, quan<strong>do</strong> existe uma segregação completa. Este índice utilizaa definição implícita de integração como a situação na qual a representação proporcionalde cada sexo (ou outro atributo) em cada setor ou ocupação é a mesma da força detrabalho total 91 .Ao compararem-se as distribuições entre homens e mulheres ao longo <strong>do</strong>s gruposocupacionais, o Índice de Duncan aponta que, <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> em 2004, um contingente de34,4% de mulheres ou homens teria que mudar de grupos de ocupação para que a razãode sexo <strong>no</strong>s grupos ocupacionais fosse igual à razão de sexo da força de trabalho como umto<strong>do</strong>, eliminan<strong>do</strong> a segregação ocupacional por sexo. Este índice experimenta um ligeiroaumento em 2009, chegan<strong>do</strong> a 36,4% .O Índice de Duncan aumentou em todas as Grandes Regiões entre 2004 e 2009, àexceção da região Centro-Oeste. Em 2009, as regiões Norte e Centro-Oeste apresentavamos valores mais eleva<strong>do</strong>s para o referi<strong>do</strong> índice – 40,6% e 38,6%, respectivamente –evidencian<strong>do</strong>, portanto, uma maior segregação ocupacional, enquanto que os me<strong>no</strong>resvalores eram observa<strong>do</strong>s <strong>no</strong> Nordeste (35,1%) e Sul (35,3%), segun<strong>do</strong> Tabela 65.Por sua vez, o Índice de Duncan aumentou, <strong>no</strong> mesmo perío<strong>do</strong>, em 20 das 27 Unidadesda Federação, indican<strong>do</strong>, portanto, um aprofundamento da segregação na grande maioriadas UFs. Entretanto, cabe destacar que em cinco UFs esse crescimento foi ínfimo, nãoultrapassan<strong>do</strong> um ponto percentual sequer: Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo,Mato Grosso <strong>do</strong> Sul e Goiás.A maior variação foi observada <strong>no</strong> Maranhão, cujo índice aumentou de 31,3% para 45,2%entre 2004 e 2009, fazen<strong>do</strong> com que o esta<strong>do</strong> passasse a apresentar o maior valor <strong>do</strong> paísao final da década de 2000. Muito contribuiu para esse crescimento <strong>do</strong> índice o incrementode aproximadamente 100 mil trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> sexo masculi<strong>no</strong> <strong>no</strong> grupo ocupacionaltrabalha<strong>do</strong>res da produção de bens e serviços e de reparação e manutenção, vis a vis aredução de cerca de 20 mil trabalha<strong>do</strong>ras <strong>no</strong> mesmo grupo, aumentan<strong>do</strong> ainda mais (de85,1% para 91,9%) a participação de homens na sua composição.91Por exemplo, se as mulheres representassem 40% da força de trabalho, o índice seria 0 se cada setor de atividadeeconômica ou grupo de ocupação fosse 40% femini<strong>no</strong>. Neste senti<strong>do</strong>, não têm importância os números absolutosde homens e mulheres na força de trabalho, mas sim a distribuição percentual de homens e mulheres dentro <strong>do</strong>ssetores e ocupações.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 191TABELA 65ÍNDICE DE DISSIMILARIDADE DE DUNCAN REFERENTE À DISTRIBUIÇÃODE HOMENS E MULHERES ENTRE GRUPOS OCUPACIONAISBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2004 E 2009Área Geográfica<strong>Brasil</strong>Grandes RegiõesRegião NorteRegião NordesteRegião SudesteRegião SulRegião Centro-OesteUnidades da FederaçãoRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito FederalFonte: IBGE – PNADElaboração: Escritório da <strong>OIT</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>2004 200934,436,436,738,630,535,136,737,431,235,341,240,632,736,337,437,137,937,648,841,136,639,234,644,738,536,431,345,226,534,525,228,437,637,135,940,430,534,233,641,031,035,031,335,737,738,635,638,435,335,837,037,435,138,529,231,728,634,542,443,145,244,941,441,931,731,1Entre as sete unidades federativas com redução <strong>do</strong> índice, os destaques ficaram por contade Roraima (de 48,8% para 41,1%) e Tocantins (de 38,5% para 36,4%). Nas outras cincoUFs, o declínio foi inferior a um ponto percentual: Acre, Amazonas, Rio Grande <strong>do</strong> Norte,Mato Grosso e Distrito Federal.


192<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoDISPARIDADE DE RENDIMENTOSA <strong>OIT</strong> (2008) destaca que um grande número de estu<strong>do</strong>s, ao examinar as causas da diferençasalarial entre homens e mulheres, identificou <strong>do</strong>is grupos de fatores. O primeiro, serefere às características <strong>do</strong>s indivíduos e das organizações onde trabalham. Neste grupo,destacam-se os seguintes fatores:Nível de escolaridade e campo de estu<strong>do</strong>;Experiência <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho e tempo de trabalho na organização ou <strong>no</strong> cargoexerci<strong>do</strong>;Número de horas trabalhadas;Tamanho da organização e setor de atividade.Dessa forma, parte da diferença salarial existente poderia ser superada por meio de políticasdirecionadas a estes fatores, que, para serem efetivas, deveriam considerar a dimensãode gênero. Alguns exemplos são: o fortalecimento de políticas públicas de apoio aoscuida<strong>do</strong>s para evitar a inserção involuntária de mulheres em ocupações a tempo parciale para garantir sua maior permanência e constância <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho durante suafase reprodutiva; valorização de ocupações consideradas de baixo status social, em razãode sua associação com as tarefas de cuida<strong>do</strong> tradicionalmente consideradas de responsabilidadedas mulheres; a<strong>do</strong>ção de medidas de minimização da segregação ocupacional.No entanto, mesmo quan<strong>do</strong> estes fatores são leva<strong>do</strong>s em consideração, estu<strong>do</strong>s eco<strong>no</strong>métricosrepetidamente vêm demonstran<strong>do</strong> que há uma diferença residual não explicadaentre a média <strong>do</strong>s salários de mulheres e homens. De acor<strong>do</strong> com Gunderson (2006) apud<strong>OIT</strong> (2008), a diferença residual <strong>no</strong>rmalmente está em tor<strong>no</strong> de 5,0% a 15,0%. Dessemo<strong>do</strong>, se revela que uma proporção da desigualdade salarial observada entre homens emulheres, objeto da Convenção sobre Igualdade de Remuneração de Homens e MulheresTrabalha<strong>do</strong>res por <strong>Trabalho</strong> de Igual Valor, 1951 (nº 100), se deve à discriminação.A diferença residual reflete a discriminação salarial baseada <strong>no</strong> sexo é resultante de umsegun<strong>do</strong> grupo de fatores:DDEstereótipos e preconceitos com relação ao trabalho das mulheres;DDMéto<strong>do</strong>s tradicionais de avaliação <strong>do</strong>s postos de trabalho elabora<strong>do</strong>s com base <strong>no</strong>srequisitos de ocupações com pre<strong>do</strong>minância de homens;DD Poder de negociação mais fraco das trabalha<strong>do</strong>ras, que apresentam me<strong>no</strong>r participaçãosindical e estão sobre-representadas em trabalhos precários e informais.Ao mesmo tempo, parte desta diferença residual pode ser atribuída à discriminação diretaentre um homem e uma mulher desempenhan<strong>do</strong> o mesmo trabalho. Por exemplo, entre umespecialista e uma especialista em computa<strong>do</strong>res, ou entre um enfermeiro e uma enfermeira.Disparidade por SexoA partir <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s da PNAD, observa-se que os diferenciais de rendimentos <strong>do</strong> trabalhoprincipal entre homens e mulheres, apesar de continuarem eleva<strong>do</strong>s, diminuíram ao longo<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>: em 2004, as mulheres recebiam, em média, aproximadamente 69,5% <strong>do</strong>


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 193valor <strong>do</strong> rendimento auferi<strong>do</strong> pelos homens, proporção que aumentou para 70,7% em2009 92 (vide Tabela 66).TABELA 66VALOR DO RENDIMENTO MÉDIO MENSAL DO TRABALHO PRINCIPAL DAS PESSOAS OCUPADAS DE 16 ANOS OUMAIS DE IDADE E PERCENTUAL DO RENDIMENTO MÉDIO DAS MULHERES EM RELAÇÃO AO DOS HOMENSBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2004 E 2009Valor <strong>do</strong> Rendimento Médio Mensal (em R$) e% <strong>do</strong> Rendimento Médio das Mulheres em Relação aos HomensÁrea GeográficaHomens2004Mulheres(%) Mulheres /HomensHomens2009Mulheres(%) Mulheres /Homens<strong>Brasil</strong>Região NorteRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsRegião NordesteMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaRegião SudesteMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloRegião SulParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulRegião Centro-OesteMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal8056327366556696095927016024664723304314974515434035614679637217549801.0939369729339049367778848171.5335594745545695445724025824673673293153524003754103424023676364665216717095965795926156565235604891.21369,575,075,286,881,493,967,983,177,678,669,695,581,880,483,275,584,871,778,666,164,769,168,564,863,759,663,568,170,067,463,459,979,11.2189751.2111.2551.0081.0568631.1319697667866157138528327727638587741.4111.1101.1431.5191.5461.4231.3891.5711.3681.4621.3351.2611.2332.4478627498121.0668118956458907586045504935706346576296756596179577627851.0271.0389259111.0018951.0168058557951.84970,776,867,084,980,484,874,878,778,278,870,180,279,974,478,981,588,476,879,767,868,668,667,667,265,065,663,765,469,560,367,864,575,6Fonte: IBGE – PNADAcompanhan<strong>do</strong> a tendência nacional, o hiato de rendimento entre os sexos diminuiu entre2004 e 2009 em todas as Grandes Regiões. Em 2009, o me<strong>no</strong>r diferencial era observa<strong>do</strong> na regiãoNordeste, na qual o valor médio <strong>do</strong> rendimento das trabalha<strong>do</strong>ras correspondia a 78,8%da média masculina, sen<strong>do</strong> que o maior hiato se fazia presente na região Sul – as mulheresrecebiam, em média, 65,0% da remuneração <strong>do</strong>s homens.92É importante ressaltar que, consideran<strong>do</strong> a evolução desse indica<strong>do</strong>r nas duas últimas décadas, a redução dadisparidade de rendimento é bastante mais significativa, uma vez que <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 1992 as mulheres recebiam, emmédia, 61,5% <strong>do</strong> rendimento masculi<strong>no</strong>, ten<strong>do</strong> aumenta<strong>do</strong> para 70,9% em 2009.


194<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoO fato de a me<strong>no</strong>r disparidade de rendimentos entre homens e mulheres ser observada<strong>no</strong> Nordeste (região com maior incidência de pobreza), enquanto que o maior hiato sefazia presente na região Sul (uma das mais desenvolvidas <strong>do</strong> país), pode estar associa<strong>do</strong>a diversos fatores. Um primeiro aspecto guarda relação com a amplitude <strong>do</strong>s valores <strong>do</strong>srendimentos – na medida em que os níveis médios de remuneração são bem mais baixos<strong>no</strong> Nordeste em comparação as regiões Sul e Sudeste, independentemente <strong>do</strong> sexo, odiferencial entre trabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>ras tende a ser minimiza<strong>do</strong>. Em segun<strong>do</strong>lugar, o aumento real <strong>do</strong> salário mínimo apresenta um impacto maior na reduçãoda desigualdade de gênero nas regiões nas quais é mais significativa a proporção depopulação ocupada cuja remuneração é referenciada <strong>no</strong> mesmo, a exemplo <strong>do</strong> Nordeste,já que a valorização real <strong>do</strong> salário mínimo afeta mais positivamente as mulheres, queestão mais representadas na base da pirâmide salarial. Por fim, é importante destacarque, conforme já demonstra<strong>do</strong> em vários estu<strong>do</strong>s, quanto mais se eleva o nível deescolaridade e quanto mais se sobe na escala salarial, maior tende a ser a desigualdadede remunerações entre homens e mulheres, em função, entre outros fatores, da maiordificuldade de ascensão das mulheres nas carreiras profissionais - a possibilidade <strong>do</strong>shomens terem promoções e passarem a exercer cargos de direção e, portanto, aumentaros seus rendimentos, é muito maior que a das mulheres (situação mais presente nasregiões Sul e Sudeste <strong>do</strong> país).Conforme já menciona<strong>do</strong> anteriormente, o número de horas trabalhadas exerce influêncianas remunerações médias e, consequentemente, <strong>no</strong>s diferenciais de rendimento entretrabalha<strong>do</strong>ras e trabalha<strong>do</strong>res. Com efeito, a jornada média de trabalho das mulheres<strong>no</strong> merca<strong>do</strong> é mais curta, devi<strong>do</strong> a vários elementos: sua presença proporcionalmentemais elevada em trabalhos precários em tempo parcial e suas maiores dificuldades emfazer horas extras, exercer algumas atividades <strong>no</strong>turnas e trabalhar em revezamento detur<strong>no</strong>s, sobretu<strong>do</strong> em decorrência <strong>do</strong> peso da responsabilidades familiares que ainda nãoé devidamente compartilha<strong>do</strong> <strong>no</strong> interior das famílias e ainda recebem baixa coberturaem termos de políticas públicas e ações de empresas na área <strong>do</strong>s cuida<strong>do</strong>s.Com base na Tabela 67, que apresenta o percentual <strong>do</strong> rendimento médio femini<strong>no</strong>em relação ao <strong>do</strong>s homens com e sem ajuste de horas trabalhadas, observa-se que, em2009, as mulheres recebiam, em média, 70,7% <strong>do</strong> rendimento médio masculi<strong>no</strong> mensal.Entretanto, ao considerar-se o ajuste pelo número de horas trabalhadas o diferencialdiminui, uma vez que a remuneração média feminina por hora trabalhada passa arepresentar 82,7% da masculina.Apesar desta diminuição em função <strong>do</strong> ajuste de horas trabalhadas, mantinha-se entrehomens e mulheres uma diferença de remuneração de 17,3% em favor <strong>do</strong>s homens. Valeressaltar que esse percentual figura bem próximo ao limite superior da faixa de diferençaresidual de 5,0% a 15,0% mencionada anteriormente, que reflete a discriminação baseadaem questões de gênero em termos da remuneração.Confirman<strong>do</strong> o encontra<strong>do</strong> em estu<strong>do</strong>s anteriores, entre as trabalha<strong>do</strong>ras maisescolarizadas os diferenciais eram ainda mais expressivos. Com efeito, em 2009, asmulheres ocupadas com 12 a<strong>no</strong>s ou mais de estu<strong>do</strong> recebiam 57,7% <strong>do</strong> salário <strong>do</strong>strabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> sexo masculi<strong>no</strong> com o mesmo nível de instrução. Já com o ajuste pelonúmero de horas trabalhadas a disparidade diminui, mas ainda continuava expressiva,uma vez que as trabalha<strong>do</strong>ras com esse nível de escolaridade recebiam apenas 65,5% <strong>do</strong>rendimento <strong>do</strong>s homens ocupa<strong>do</strong>s.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 195TABELA 67PERCENTUAL DO RENDIMENTO MÉDIO NO TRABALHO PRINCIPAL DAS MULHERES DE 16 ANOS OU MAIS DE IDADE EM RELAÇÃOAO DOS HOMENS, COM E SEM AJUSTE PELO NÚMERO DE HORAS TRABALHADAS, TOTAL E SEGUNDO ANOS DE ESTUDOBRASIL, 1999 E 2009Indica<strong>do</strong>resTotalGrupos de a<strong>no</strong>s de estu<strong>do</strong>Me<strong>no</strong>s de 1 a<strong>no</strong>1 a 3 a<strong>no</strong>s4 a 7 a<strong>no</strong>s8 a<strong>no</strong>s9 e 10 a<strong>no</strong>s11 a<strong>no</strong>s12 a<strong>no</strong>s ou maisPercentual <strong>do</strong> rendimento médiodas mulheres em relação ao <strong>do</strong>shomens, sem ajuste pelo número dehoras trabalhadas1999 (1) 200968,668,458,453,155,955,754,654,170,769,761,958,157,861,460,257,7Percentual <strong>do</strong> rendimento médiodas mulheres em relação ao <strong>do</strong>shomens, com ajuste pelo número dehoras trabalhadas1999 (1) 200981,885,071,263,864,263,264,263,282,787,577,971,568,172,067,365,5Fonte: IBGE-PNAD. Elaboração: IBGE, Diretoria de Pesquisas - Textos para Discussão n.37.Indica<strong>do</strong>res sobre <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> - uma contribuição para o debate da desigualdade de gênero.Nota: Exclusive rendimento nulo e sem declaração de rendimento(1) Exclusive a população rural de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá.Disparidade por Cor ou RaçaConsideran<strong>do</strong>-se a cor ou raça <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>ras, observa-se que o nívelda desigualdade de rendimentos entre brancos e negros era significativamente superiorao nível observa<strong>do</strong> entre homens e mulheres, e se situava em um patamar ainda muitoeleva<strong>do</strong>: em 2009, os negros recebiam em média apenas 58,3% <strong>do</strong> que recebiam osbrancos. Por outro la<strong>do</strong>, a diminuição <strong>do</strong> hiato nesse perío<strong>do</strong> foi mais expressiva <strong>do</strong>que aquela ocorrida <strong>no</strong> atributo sexo, na medida em que a proporção <strong>do</strong>s rendimentosauferi<strong>do</strong>s pelos negros em relação aos valores recebi<strong>do</strong>s pelos brancos aumentou de 53,1%para 58,3% entre 2004 e 2009, o correspondente a 5,2 pontos percentuais, conformeTabela 68. Essa redução foi observada em 18 das 27 Unidades da Federação.No a<strong>no</strong> de 2009, as maiores disparidades eram observadas <strong>no</strong> Piauí, Distrito Federale Rio de Janeiro, unidades federativa nas quais a população ocupada negra recebia emmédia cerca de 57,0% <strong>do</strong> rendimento médio da população ocupada branca. As me<strong>no</strong>resdiferenças se faziam presentes <strong>no</strong>s esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Amapá e <strong>no</strong> Pará, <strong>no</strong>s quais a remuneraçãomédia da população ocupada negra alcançava 75,3% e 71,6% respectivamente.


196<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTABELA 68VALOR DO RENDIMENTO MÉDIO MENSAL DO TRABALHO PRINCIPAL DAS PESSOAS OCUPADAS DE 16 ANOS OU MAIS DEIDADE E PERCENTUAL DO RENDIMENTO MÉDIO DAS PESSOAS OCUPADAS NEGRAS EM RELAÇÃO ÀS BRANCASBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2004 E 2009Valor <strong>do</strong> Rendimento Médio Mensal (em R$) e% <strong>do</strong> Rendimento Médio <strong>do</strong>s Brancos em Relação aos NegrosÁrea GeográficaBrancos2004Negros(%) Negros /BrancosBrancos2009Negros(%) Negros /Brancos<strong>Brasil</strong>Região NorteRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsRegião NordesteMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaRegião SudesteMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloRegião SulParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulRegião Centro-OesteMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal9027978907818786317288607565856234345425685516545116286139938008461.0231.0558589218238261.0778491.0478451.90247950155357951958347258847936234529032639634339630444238154944251060061950749054352562650957957194653,162,962,174,159,192,364,868,463,461,955,366,760,269,862,260,659,670,462,255,355,260,358,658,659,153,265,963,658,159,955,267,649,71.3521.1871.3761.6041.2891.3181.0021.2731.2109619168458581.0019749691.0329821.0471.4521.2101.2481.6021.4981.3141.3261.3971.2511.6321.3831.4551.2892.9217887949041.0228348577189597766016314775686396535796086916178967608109271.0008308229517861.0208428618981.65358,366,965,763,764,765,071,675,364,162,668,956,466,263,867,159,758,870,458,961,762,864,957,866,863,262,068,062,862,560,959,269,756,6Fonte: IBGE – PNADDisparidade entre Categorias Selecionadas de Sexo e Corou Raça (Homens Brancos e Mulheres Negras)O entrecruzamento <strong>do</strong>s atributos de sexo e cor ou raça evidencia a magnitude dadesigualdade que afeta as mulheres negras em termos de rendimentos <strong>do</strong> trabalho. Em2004 elas recebiam, em média, pouco mais de um terço (36,7%) <strong>do</strong> rendimento <strong>do</strong>s homensbrancos, conforme pode ser observa<strong>do</strong> na Tabela 69. Essa proporção continua sen<strong>do</strong>bastante reduzida em 2009 (40,3%), apesar de ter havi<strong>do</strong> uma redução na disparidade de3,6 pontos percentuais em cinco a<strong>no</strong>s.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 197A redução dessa disparidade foi pre<strong>do</strong>minantemente decorrente <strong>do</strong> aumento mais expressivo<strong>do</strong> rendimento médio real das mulheres negras (+64,4%, ao passar de R$ 384 em 2004para R$ 632 em 2009) em comparação ao observa<strong>do</strong> entre os homens brancos (+49,5%, aoevoluir de R$ 1.048 para 1.567 durante o mesmo perío<strong>do</strong>). O crescimento mais expressivo<strong>do</strong> rendimento das trabalha<strong>do</strong>ras negras esteve diretamente associa<strong>do</strong> ao aumento real<strong>do</strong> salário mínimo ocorri<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>, uma vez que uma significativa proporçãodelas recebiam um salário mínimo ou possuíam o rendimento referencia<strong>do</strong> <strong>no</strong> mesmo.A disparidade de rendimentos entre mulheres negras e homens brancos reduziu entre2004 e 2009 em 19 das 27 unidades federativas. Entre as oito <strong>no</strong> qual observou-seexpansão da disparidade, seis pertenciam às regiões Norte e Nordeste: Rondônia, Acre,Roraima, Piauí, Rio Grande <strong>do</strong> Norte e Bahia.TABELA 69VALOR DO RENDIMENTO MÉDIO MENSAL DO TRABALHO PRINCIPAL DAS PESSOAS OCUPADAS DE 16 ANOS OU MAIS DE IDADE EPERCENTUAL DO RENDIMENTO MÉDIO DAS MULHERES NEGRAS EM RELAÇÃO AO DOS HOMENS BRANCOSBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2004 E 2009Valor <strong>do</strong> Rendimento Médio Mensal (em R$) e %<strong>do</strong> Rendimento Médio das Mulheres Negras em Relação aos Homens BrancosÁrea GeográficaHomensBrancosMulheresNegras2004(%) Mulheres Negras/Homens BrancosHomensBrancosMulheresNegras2009(%) Mulheres Negras/Homens Brancos<strong>Brasil</strong>Região NorteRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsRegião NordesteMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaRegião SudesteMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloRegião SulParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulRegião Centro-OesteMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal1.0488979957649676648501.0198236457444535906175867325637026581.1669379671.1951.2451.0121.1169699531.2399981.2561.0122.12638440745748744456335956139430628628528033628432726934432142232538647747639036037745649437646041180636,745,445,963,845,984,842,355,047,847,538,563,047,554,448,544,647,749,148,736,234,739,939,938,238,532,338,947,839,837,736,640,637,91.5671.3101.6041.7111.4491.4061.0871.4101.3041.0661.0649549421.1441.1011.0811.1191.1151.1171.6921.4131.4571.8841.7411.5521.5691.6601.4691.8841.6641.6671.5033.4096326507188677057485698356365105064214875195775025515685216895976397567336326247216078065956666541.45540,349,644,850,748,653,252,359,248,747,947,644,151,745,452,446,449,350,946,740,742,243,840,142,140,739,743,441,342,835,739,943,542,7Fonte: IBGE – PNAD


198<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoDiante da relação positiva entre escolaridade e rendimentos, o diferencial de remuneraçãoexistente entre trabalha<strong>do</strong>res negros e brancos <strong>no</strong> seu conjunto poderia, em parte,ser explica<strong>do</strong> pelos me<strong>no</strong>res níveis de instrução da população ocupada negra. Entretanto,quan<strong>do</strong> considera<strong>do</strong>s os indica<strong>do</strong>res de rendimentos por a<strong>no</strong>s de estu<strong>do</strong>, os diferenciaispraticamente não se alteram, independentemente de maiores níveis de escolaridade. Combase na Síntese de Indica<strong>do</strong>res Sociais <strong>do</strong> IBGE (2011), entre os trabalha<strong>do</strong>res com até 4a<strong>no</strong>s de estu<strong>do</strong>, os rendimentos-hora de pretos e par<strong>do</strong>s 93 representavam, respectivamente,78,7% e 72,1% <strong>do</strong> rendimento-hora <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res brancos. Entre a população ocupadacom 12 a<strong>no</strong>s ou mais de estu<strong>do</strong>, ou seja, com escolaridade mais elevada, os diferenciais sãoainda maiores <strong>do</strong> que aqueles observa<strong>do</strong>s entre os de me<strong>no</strong>r nível de instrução, já que orendimento-hora <strong>do</strong>s pretos equivalia a 69,8% <strong>do</strong>s brancos, sen<strong>do</strong> que permanecia praticamenteinaltera<strong>do</strong> <strong>no</strong> caso <strong>do</strong>s par<strong>do</strong>s de maior escolaridade (73,8%) em relação aos brancos.AS CARACTERÍSTICAS ÉTNICAS E RACIAIS DA POPULAÇÃO E AINFLUÊNCIA DA COR OU RAÇA NO TRABALHONo a<strong>no</strong> de 2008, o IBGE realizou a Pesquisa de Características Étnico-raciais da População(PCERP 2008), de objetivos múltiplos 94 , com o intuito de compreender melhor oatual sistema de classificação da cor ou raça utiliza<strong>do</strong> nas pesquisas <strong>do</strong>miciliares <strong>do</strong> IBGE,visan<strong>do</strong> o seu aprimoramento.A PCERP 2008 foi realizada por intermédio de um levantamento amostral, sen<strong>do</strong> apopulação-alvo constituída pelos mora<strong>do</strong>res de 15 ou mais a<strong>no</strong>s de idade residentes em<strong>do</strong>micílios particulares permanentes pertencentes à área de abrangência geográfica dapesquisa, constituída pelas seguintes Unidades da Federação: Amazonas, Paraíba, SãoPaulo, Rio Grande <strong>do</strong> Sul, Mato Grosso e Distrito Federal.Os resulta<strong>do</strong>s de um <strong>do</strong>s quesitos da PCERP 2008 fornecem importantes elementos paraampliar a base de conhecimento acerca da questão da cor ou raça e sua influência <strong>no</strong>âmbito da igualdade de oportunidades e de tratamento <strong>no</strong> emprego. A pesquisa levantoua opinião <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong> a respeito <strong>do</strong>s efeitos da categorização racial na vida das pessoas,em algumas áreas de inter-relação social: casamento, trabalho, escola, atendimento àsaúde e em repartições públicas, convívio social e relação com a justiça e a polícia.Segun<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s da PCERP, um significativo percentual de 63,7% das pessoas entrevistadasafirmou que a cor ou raça influencia a vida das pessoas. Entre as unidades da federaçãopesquisadas, o maior percentual de resposta afirmativa foi registra<strong>do</strong> <strong>no</strong> DistritoFederal (77,0%) e o me<strong>no</strong>r, <strong>no</strong> Amazonas (54,8%).93Em to<strong>do</strong> o restante <strong>do</strong> presente relatório, utiliza-se a categoria negros que inclui o somatório das pessoas quese declararam pretas e pardas. Neste caso específico, os da<strong>do</strong>s estão apresenta<strong>do</strong>s de forma desagregada, parapessoas pretas e pardas.94Ampliar o espectro de compreensão das categorias nas estatísticas oficiais em relação às questões étnico-raciais;fornecer <strong>no</strong>vos elementos de interpretação para possíveis alternativas de aprimoramento <strong>do</strong> atual sistema declassificação étnico-racial; construir uma base empírica que permita subsidiar estu<strong>do</strong>s e análises sobre o tema;levantar as de<strong>no</strong>minações correntes de cor, raça, etnia e origem de forma mais abrangente e completa, tanto <strong>do</strong>ponto de vista da composição étnica da população como das diversidades regionais; identificar as dimensões quedefinem a construção e o uso desta termi<strong>no</strong>logia; correlacionar os níveis de instrução e a posição na ocupação dapopulação entrevistada com os <strong>do</strong>s pais, segun<strong>do</strong> os grupos de cor ou raça. (IBGE, 2011a).


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 199Com relação às situações em que a cor ou raça influencia a vida das pessoas <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>,em primeiro lugar aparece “trabalho”, resposta mencionada por 71,0% das pessoas entrevistadas,conforme Tabela 70. Em seguida, figuravam a “relação com justiça/polícia”(68,3%), “convívio social” (65,0%), “escola” (59,3%) e “repartições públicas” (51,3%).TABELA 70PERCENTUAL DE PESSOAS DE 15 ANOS OU MAIS DE IDADE, POR ÁREAS DE INTER-RELAÇÃO SOCIALEM QUE A COR OU RAÇA INFLUENCIA A VIDA DAS PESSOAS NO BRASILUNIDADES DA FEDERAÇÃO SELECIONADAS INTEGRANTES DA PESQUISA, 2008Áreas de Inter-Relação Social em que a Cor ou Raça Influencia a Vida das Pessoas <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>Área GeográficaTotal*HomensMulheresAmazonasHomensMulheresParaíbaHomensMulheresSão PauloHomensMulheresRio Grande <strong>do</strong> SulHomensMulheresMato GrossoHomensMulheresDistrito FederalHomensMulheresCasamento <strong>Trabalho</strong> Escola38,436,440,233,835,132,449,547,951,037,836,339,235,632,738,239,234,344,248,141,054,771,067,973,954,055,652,471,769,374,072,669,375,665,661,869,171,767,076,486,285,886,559,356,062,446,846,747,060,961,760,261,357,964,451,045,456,262,458,666,371,470,472,3Atendimentoà Saúde44,141,446,644,644,045,252,651,953,343,440,745,939,335,742,651,646,756,754,252,156,2Fonte: IBGE - Pesquisa das Características Étnico-Raciais da População 2008* Corresponde ao conjunto das seis Unidades da Federação PesquisadasRepartiçõesPúblicas51,347,954,446,946,347,458,356,959,650,547,153,647,742,252,856,753,659,868,368,668,1ConvívioSocial65,061,668,250,750,950,465,463,567,265,862,368,962,959,765,765,460,370,678,170,685,2Relaçãocom Justiça/Polícia68,368,168,460,259,560,961,163,858,671,571,971,260,758,962,462,158,565,874,874,874,9Outros2,12,41,90,10,10,00,40,40,52,62,92,31,41,31,61,11,60,53,25,21,2É importante destacar que em cinco das seis unidades federativas pesquisadas, a percepçãoda influência da cor ou raça na situação “trabalho” aparecia em primeiro lugar – aexceção ficou por conta <strong>do</strong> Amazonas, unidade federativa na qual o “trabalho” figurava emsegun<strong>do</strong> lugar com 54,0%, atrás apenas de “relação com justiça/polícia”.No Distrito Federal, a existência de influência da cor ou raça <strong>no</strong> “trabalho” foi mencionadapor um expressivo percentual de 86,2% das pessoas entrevistadas. Ademais, além <strong>do</strong>“trabalho”, o Distrito Federal se destacava com os maiores percentuais de percepção dainfluência da cor ou raça em quase todas as outras situações citadas: “relação com justiça/polícia” (74,1%), “convívio social” (78,1%), “escola” (71,4%) e “repartições públicas”(68,3%). Apenas em “casamento”, a Paraíba ficou com 49,5% contra 48,1% <strong>do</strong> DF.As informações da PCERP 2008 demonstravam que o percentual de mulheres queconsiderava que a cor ou raça influenciava em situação de “trabalho” era maior <strong>do</strong> queo de homens: 73,9% delas contra 67,9% deles, ou seja, uma diferença de seis pontospercentuais. À exceção <strong>do</strong> Amazonas, em todas as outras cinco unidades federativas


200<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federaçãopesquisadas o referi<strong>do</strong> percentual era sempre maior entre as mulheres, sugerin<strong>do</strong> que osatributos sexo e cor ou raça se entrelaçam <strong>no</strong> concernente à influência em situações detrabalho, conforme já evidencia<strong>do</strong> em outros capítulos <strong>do</strong> presente relatório.Os da<strong>do</strong>s dispostos na Tabela 71 indicam que a percepção das pessoas entrevistadas acercada influência da cor ou raça em situação de “trabalho” variava em função <strong>do</strong> nível darenda familiar e <strong>do</strong>s grupos de a<strong>no</strong>s de estu<strong>do</strong>. Entre as pessoas residentes em famíliascom rendimento familiar per capita de até ½ salário mínimo mensal, uma proporção de67,8% afirmou que a cor ou raça exerce influência em situação de “trabalho”. Já entre ogrupo respondente que residia em famílias mais abastadas (com rendimento superior aquatro salários mínimos per capita) a referida proporção era ainda maior: 74,9%.TABELA 71PERCENTUAL DE PESSOAS DE 15 ANOS OU MAIS DE IDADE, POR ÁREAS DE INTER-RELAÇÃO SOCIALEM QUE A COR OU RAÇA INFLUENCIA A VIDA DAS PESSOAS NO BRASIL, SEGUNDO CLASSES DERENDIMENTO DOMICILIAR PER CAPITA E GRUPOS DE ANOS DE ESTUDOTOTAL* DAS UNIDADES DA FEDERAÇÃO SELECIONADAS INTEGRANTES DA PESQUISA, 2008Classes deRendimento Familiarper capita e Gruposde A<strong>no</strong>s de Estu<strong>do</strong>Classes de RendimentoFamiliar per CapitaAté 1/2 salário mínimoMais de 1/2 a 1salário mínimoMais de 1 a2 salários mínimosMais de 2 a4 salários mínimosMais de 4 saláriosmínimosGrupos de A<strong>no</strong>sde Estu<strong>do</strong>Até 4 a<strong>no</strong>s5 a 8 a<strong>no</strong>s9 a 11 a<strong>no</strong>s12 a<strong>no</strong>s ou maisÁreas de Inter-Relação Social em que a Cor ou Raça Influencia a Vida das Pessoas <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>Casamento <strong>Trabalho</strong> Escola37,937,935,241,847,436,935,838,145,267,870,071,275,174,962,468,276,277,458,259,059,862,458,654,257,264,259,8Atendimentoà Saúde45,742,344,344,944,441,542,545,846,8RepartiçõesPúblicas51,651,152,651,947,147,848,756,150,1ConvívioSocial60,062,564,871,971,654,761,571,372,9Relaçãocom Justiça/Polícia61,564,271,075,177,053,766,175,279,6Outros2,52,11,82,13,61,51,62,23,6Fonte: IBGE - Pesquisa das Características Étnico-Raciais da População 2008* Refere-se ao conjunto das Unidades da Federação Integrantes da Pesquisa: Amazonas, Paraíba, São Paulo, Rio Grande <strong>do</strong>Sul, Mato Grosso e Distrito Federal.Tratan<strong>do</strong>-se da escolaridade das pessoas entrevistadas, observava-se a mesma tendênciaquan<strong>do</strong> da análise <strong>do</strong> nível de rendimento. Com efeito, entre aquelas com até quatro a<strong>no</strong>sde estu<strong>do</strong> completos, o percentual que afirmou existência de influência da cor ou raça <strong>no</strong>“trabalho” foi de 62,4%, sen<strong>do</strong> que entre aquelas com maior escolaridade (12 a<strong>no</strong>s ou maisde estu<strong>do</strong>) o percentual alcançava 77,4%.Diante destes resulta<strong>do</strong>s, evidencia-se que entre as pessoas entrevistadas com maioresníveis de renda e escolaridade é mais elevada a percepção acerca <strong>do</strong>s impactos <strong>do</strong> atributocor ou raça em situações de trabalho. Tal evidencia pode estar associada fundamentalmentea uma maior consciência racial por parte destes grupos e a maiores ocorrênciasde atos de racismo e discriminação racial <strong>no</strong> momento em que os grupos racialmentediscrimina<strong>do</strong>s rompem a subalternidade, e passam a estar mais presentes em espaços depoder e de maior status social.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 201GESTÃO MUNICIPAL, ESTRUTURA E POLÍTICASDE GÊNERO NA ÁREA DO TRABALHOConforme destaca o IBGE (2010a), o caráter transversal da temática de gênero supõe nãoapenas a incorporação de ações voltadas para a promoção da igualdade entre homens emulheres nas agendas <strong>do</strong>s ministérios e secretarias <strong>do</strong> poder público federal, mas exige,simultaneamente, a ampliação da rede de parcerias estabelecidas <strong>no</strong>s âmbitos estadual emunicipal, instâncias de onde partem as demandas sociais e para onde efetivamente sãodirecionadas as políticas em prol das mulheres.Frente a esse contexto, a existência de estruturas responsáveis pelo tratamento dasquestões de gênero <strong>no</strong>s gover<strong>no</strong>s municipais constitui-se em um valioso instrumento parao processo de negociação e articulação de políticas na esfera governamental, inclusivedaquelas voltadas para a promoção da igualdade de oportunidades e de tratamento <strong>no</strong>emprego.Segun<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s da Pesquisa de Informações Básicas Municipais (MUNIC) <strong>do</strong> IBGE,existia <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, em 2009, um contingente de 1.043 municípios (18,7% <strong>do</strong> total) comalgum tipo de estrutura direcionada para a temática de gênero. É importante ressaltarque apenas um exíguo contingente de 68 municípios (6,5% <strong>do</strong> total que possuía algumaestrutura) contava com secretaria municipal exclusiva na área de gênero, sen<strong>do</strong> queem cerca de 70,0% <strong>do</strong>s municípios a institucionalidade se dava por intermédio de umaestrutura subordinada a alguma secretaria específica.É importante considerar que a existência de organismos de políticas para mulheres nãoassegura a existência de condições adequadas de desenvolvimento <strong>do</strong>s trabalhos, o que,por consequência, impacta na reduzida possibilidade de articulação com órgãos locais ede implementação direta de políticas e ações na área. Em geral, os mecanismos possuemescassez de recursos, sejam financeiros, sejam huma<strong>no</strong>s ou materiais. Exemplo dessasituação é a baixa proporção de municípios que destinam aos seus órgãos gestores dapolítica de gênero um orçamento próprio: 36,0% <strong>do</strong> total (IBGE, 2010a).A MUNIC também investigou a forma pela qual atuam esses órgãos. Pouco mais de umterço desses municípios (375 ou 36,0%) desenvolviam ações de capacitação na temáticade gênero para outros órgãos <strong>do</strong> gover<strong>no</strong> municipal.A articulação com outros órgãos municipais para que os mesmos incorporem a temáticade gênero na formulação e implementação de suas políticas, era uma realidade para 76,5%<strong>do</strong>s municípios que possuíam alguma estrutura com órgão gestor de política para asmulheres. Desse universo de 798 municípios, um contingente de 505 – o correspondentea 63,3% - promoviam articulação na área <strong>do</strong> trabalho.Por outro la<strong>do</strong>, 627 municípios (60,0%) executavam diretamente políticas para apromoção da igualdade de gênero ou em prol da auto<strong>no</strong>mia das mulheres, sen<strong>do</strong> que 423deles promoviam ações e políticas de forma direta na área <strong>do</strong> trabalho.Frente a esse conjunto de informações, constata-se que em apenas cerca de 1,0% <strong>do</strong>smunicípios brasileiros existia alguma estrutura de órgão gestor da política de gênero e quese articulava com outros órgãos e/ou executava ações diretas e políticas na área <strong>do</strong> trabalho.Vale ressaltar que a existência de estruturas gestoras desta natureza e suas respectivas ações


202<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federaçãode capacitação, articulação e formulação e implementação de políticas, desempenham umimportante papel <strong>no</strong> processo de transversalização da perspectiva de gênero e da promoçãoda igualdade de oportunidades e, conseqüentemente, <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>.EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E INTERMEDIAÇÃODE MÃO DE OBRAO sistema de educação básica e profissional está diretamente relaciona<strong>do</strong> aos padrõesde segregação ocupacional, poden<strong>do</strong> tanto reforçar essa segregação quanto contribuirà sua diminuição ou superação. Conforme destaca a <strong>OIT</strong> (2005), os sistemas formaise não formais de educação encaminham meni<strong>no</strong>s e meninas para áreas diferentes. Emgeral, as meninas tendem a ser encaminhadas para cursos que basicamente representamuma extensão das tarefas <strong>do</strong>mésticas e estão basea<strong>do</strong>s na <strong>no</strong>ção de que as habilidadesdas mulheres são aquelas relacionadas à execução de atividades associadas ao trabalhoreprodutivo (a exemplo de costura, elaboração de alimentos, nutrição e cuida<strong>do</strong>). Dessemo<strong>do</strong>, desde ce<strong>do</strong>, as meninas são encaminhadas para ocupações tradicionalmenteconsideradas femininas, com baixo status social,, com níveis mais baixos de remuneraçãoe me<strong>no</strong>s perspectivas de desenvolvimento profissional.Apesar <strong>do</strong> inequívoco e importante papel desempenha<strong>do</strong> pelas inúmeras políticas depromoção da igualdade de gênero a<strong>do</strong>tadas <strong>no</strong> país ao longo <strong>do</strong>s últimos a<strong>no</strong>s, tanto aeducação profissional como o sistema público de intermediação de mão de obra aindaplasmam e reproduzem estereótipos de gênero e os pilares da segregação ocupacionalentre os sexos, conforme será demonstra<strong>do</strong> a seguir.Frequência à Educação ProfissionalNo a<strong>no</strong> de 2007, a PNAD aplicou um bloco suplementar sobre aspectos complementaresda Educação de Jovens e Adultos e Educação Profissional. No âmbito desse levantamentoa educação profissional foi entendida como o conjunto de atividades educativas para aformação ou aperfeiçoamento profissional, poden<strong>do</strong> acontecer em escolas, empresas ouem qualquer outra instituição, sen<strong>do</strong> exigi<strong>do</strong> que, pelo me<strong>no</strong>s, um instrutor ou professorseja responsável pela formação <strong>do</strong>s alu<strong>no</strong>s. A educação profissional está organizada emtrês segmentos: qualificação profissional 95 ; curso técnico de nível médio 96 ; e curso degraduação tec<strong>no</strong>lógica 97 (IBGE, 2009b).95Curso de formação para o exercício de uma atividade profissional, também chama<strong>do</strong> de curso de formação iniciale continuada ou curso livre ou básico. Os cursos de qualificação profissional podem ser oferta<strong>do</strong>s em escola ououtro tipo de instituição, tal como: igreja, organização não governamental - ONG, sindicato, associação etc. Estescursos têm duração variável, conferem certifica<strong>do</strong> de participação, podem ser ofereci<strong>do</strong>s em to<strong>do</strong>s os níveisde escolaridade e, dependen<strong>do</strong> <strong>do</strong> tipo, realiza<strong>do</strong>s sem exigência de escolarização. Propõem-se a qualificar oprofissional para o trabalho, não ten<strong>do</strong> o objetivo de aumentar o seu nível de escolaridade. (IBGE, 2009b).96Curso de nível médio regi<strong>do</strong> por legislação própria e diretriz curricular específica, só poden<strong>do</strong> ser ministra<strong>do</strong>por escola devidamente credenciada pelo poder público. Confere diploma de técnico, sen<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> de formaintegrada ao ensi<strong>no</strong> médio ou após a sua conclusão. (IBGE, 2009b).97Curso de nível universitário regi<strong>do</strong> por legislação própria e diretriz curricular específica, só poden<strong>do</strong> ser ministra<strong>do</strong>por escola devidamente credenciada pelo poder público, e que tem como pré-requisito a conclusão <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong>médio, com ingresso via processo seletivo. Foca<strong>do</strong> em uma determinada área profissional, responde às demandas<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho e <strong>do</strong> desenvolvimento tec<strong>no</strong>lógico. Confere diploma de tecnólogo. (IBGE, 2009b).


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 203Segun<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> suplemento da PNAD referentes ao a<strong>no</strong> de 2007, consideran<strong>do</strong>-sea população de 10 a<strong>no</strong>s ou mais de idade, 3,8% frequentavam algum curso de educaçãoprofissional e 18,6% não estavam frequentan<strong>do</strong>, mas haviam frequenta<strong>do</strong> anteriormente.Sen<strong>do</strong> assim, pouco me<strong>no</strong>s de um quarto da população (22,4%) tinha passa<strong>do</strong> por algumcurso de educação profissional.Apesar de a proporção de pessoas que frequentavam ou haviam frequenta<strong>do</strong>anteriormente curso de educação profissional não apresentar significativasdiferenças entre homens (22,0%) e mulheres (22,7%), essa diferença era significativaentre brancos (24,8%) e negros (19,8%) - da ordem de cinco pontos percentuais,conforme Gráfico 21.Os diferenciais eram ainda mais significativos entre homens brancos (25,2%) e homensnegros (18,9%), sen<strong>do</strong> também expressivo entre mulheres brancas (24,4%) e mulheresnegras (20,7%), revelan<strong>do</strong> que a desigualdade racial era preponderante <strong>no</strong> acesso àeducação profissional.GRÁFICO 21PERCENTUAL DE PESSOAS QUE FREQUENTAVAM OU FREQUENTARAM ANTERIORMENTE CURSO DE EDUCAÇÃOPROFISSIONAL, NA POPULAÇÃO DE 10 ANOS OU MAIS DE IDADE, POR SEXO E COR OU RAÇABRASIL, 2007Fonte: IBGE - PNAD 2007, Suplemento de Educação ProfissionalElaboração: Escritório da <strong>OIT</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>Tratan<strong>do</strong>-se da disposição geográfica, as regiões Sul (28,2%), Sudeste (24,4%) e Centro-Oeste (23,6%) apresentavam os maiores percentuais de pessoas que frequentavam oufrequentaram anteriormente algum curso de educação profissional e situavam-se acima<strong>do</strong> percentual correspondente à média nacional (22,4%). Já nas regiões Nordeste (17,0%)e Norte (17,3%) eram observadas as me<strong>no</strong>res proporções – cinco pontos percentuaisabaixo da média nacional.Entre as Unidades da Federação, o percentual de pessoas que estava frequentan<strong>do</strong>ou havia frequenta<strong>do</strong> anteriormente algum curso de educação profissional variavade apenas 9,2% em Alagoas e 13,0% em Pernambuco até 33,7% <strong>no</strong> Distrito Federal,segun<strong>do</strong> Gráfico 22.


204<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoGRÁFICO 22PERCENTUAL DE PESSOAS QUE FREQUENTAVAM OU FREQUENTARAM ANTERIORMENTE CURSO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL, NAPOPULAÇÃO DE 10 ANOS OU MAIS DE IDADE, BRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2007Fonte: IBGE - PNAD 2007, Suplemento de Educação ProfissionalTratan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong>s segmentos da educação profissional, dentre os 3,8% da população quefrequentava, na ocasião <strong>do</strong> levantamento, algum curso de educação profissional, 80,9%estavam <strong>no</strong> segmento da qualificação profissional, 17,6% <strong>no</strong> segmento <strong>do</strong>s cursos técnicosde nível médio e apenas 1,5% na graduação tec<strong>no</strong>lógica.Consideran<strong>do</strong>-se os 18,6% que haviam frequenta<strong>do</strong> alguma modalidade de educaçãoprofissional anteriormente, as proporções eram relativamente próximas: 81,1% naqualificação profissional, 18,4% <strong>no</strong>s cursos técnicos de nível médio e 0,5% na graduaçãotec<strong>no</strong>lógica.Ciente <strong>do</strong> baixo percentual de população com acesso à educação profissional e dapouca representatividade <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> técnico de nível médio, o gover<strong>no</strong> brasileiro criou 98em outubro de 2011 o Programa Nacional de Acesso ao Ensi<strong>no</strong> Técnico e Emprego(PRONATEC) que tem como objetivo principal expandir, interiorizar e democratizar aoferta de cursos de educação profissional e tec<strong>no</strong>lógica para a população brasileira. OPRONATEC é composto por uma série de subprogramas, projetos e ações de assistênciatécnica e financeira que juntos oferecerão oito milhões de vagas aos diversos segmentosda população <strong>no</strong>s próximos quatro a<strong>no</strong>s.98Por intermédio da Lei nº 12.513/2011.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 205Educação Profissional, Estereótipos de Gênero eSegregação OcupacionalNumerosas pesquisas e programas implementa<strong>do</strong>s <strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s pela <strong>OIT</strong> na África,América Latina e Ásia identificaram claramente as barreiras que dificultam o acesso e aparticipação das mulheres na educação profissional. Essas barreiras podem ser de <strong>do</strong>istipos: externas e internas (<strong>OIT</strong>, 2005).Segun<strong>do</strong> a <strong>OIT</strong> (2005), algumas das principais barreiras externas aos sistemas de educaçãoprofissional, que afetam a formação das mulheres são:◊◊◊◊◊◊◊Estereótipos que definem papéis e tarefas segrega<strong>do</strong>s por gênero, inibin<strong>do</strong> e condicionan<strong>do</strong>as opções vocacionais e as atitudes <strong>do</strong>s pais, filhos e professores;Me<strong>no</strong>r disponibilidade de tempo das mulheres para a formação, dada a multiplicidadede papéis que assumem, bem como o peso das responsabilidades <strong>do</strong>mésticase familiares;Limitada gama de opções de emprego para as mulheres;Falta de políticas ativas de emprego que incorporem estratégias sobre igualdade deoportunidades, integran<strong>do</strong> informação, orientação, educação profissional e aspectostrabalhistas;Preconceitos <strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>res quanto aos papéis masculi<strong>no</strong>s e femini<strong>no</strong>s, às qualificaçõese aptidões de mulheres e homens;Falta de participação das organizações de mulheres e outras entidades na formulaçãoe execução <strong>do</strong>s programas de educação profissional, com o propósito de incorporaruma perspectiva de gênero;Escassez de modelos femini<strong>no</strong>s bem-sucedi<strong>do</strong>s em posições de direção e nas áreas técnicase tec<strong>no</strong>lógicas, o que não incentiva a escolha dessas carreiras pelas mulheres.As barreiras internas ao sistema de educação profissional são aquelas relacionadas aoconteú<strong>do</strong> e meto<strong>do</strong>logia da formação, dentre as quais se podem destacar:◊◊◊◊◊A falta de pertinência e de atualização <strong>do</strong>s cursos em relação ao merca<strong>do</strong> de trabalho;ainda que afete indistintamente a todas as pessoas, atinge especialmenteàs mulheres que requerem estímulos para ter acesso a setores i<strong>no</strong>va<strong>do</strong>res ou commaiores e melhores possibilidades de emprego;Há poucas mulheres em posições de decisões nas organizações e escolas profissionais;quan<strong>do</strong> mulheres ocupam esses postos, nem sempre têm consciência e preparopara atuar a partir de uma perspectiva de gênero;Pouco se incentiva a conscientização sobre os temas de gênero junto aos diretores,instrutores, professores e outros funcionários das escolas e centros de educação profissional,especialmente em relação a ocupações não-tradicionais para as mulheres;Faltam serviços individualiza<strong>do</strong>s, com perspectiva de gênero, em matéria de informaçãoe orientação profissional, assessoria trabalhista, intermediação e colocação<strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho;As disciplinas e o material didático <strong>do</strong>s cursos de educação profissional em geralrefletem os estereótipos de gênero que existem na educação básica e na sociedade;


206<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação◊◊◊◊◊◊◊◊Os horários e locais <strong>do</strong>s cursos nem sempre podem ser concilia<strong>do</strong>s com as obrigações<strong>do</strong>mésticas e familiares das mulheres, geran<strong>do</strong> também custos de transportese maior tempo de deslocamento, dependen<strong>do</strong> da distância em relação à residênciadas pessoas;Faltam serviços de cuida<strong>do</strong> infantil <strong>no</strong>s centros de formação;Os requisitos de acesso à vezes são muito eleva<strong>do</strong>s em relação ao nível de instruçãoda população;Formação em áreas que não têm nenhuma relação com as <strong>no</strong>vas tec<strong>no</strong>logias, ainfraestrutura, maquinaria e equipamento <strong>do</strong> setor produtivo <strong>no</strong> qual pretendeminserir-se;Faltam forma<strong>do</strong>ras e instrutoras que possam servir de referência e estímulo para asalunas, especialmente em áreas não-tradicionais;As meto<strong>do</strong>logias de ensi<strong>no</strong> em geral não consideram a perspectiva de gênero;As modalidades de formação nem sempre contemplam uma fase escolar e outra deprática profissional, o que serviria para consolidar a formação e ajudar na inserção dasmulheres <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho, contribuin<strong>do</strong> também para sua auto-afirmação edesenvolvimento profissional;Faltam acompanhamento de egressos/as e cursos de atualização após a formaçãoinicial.O conjunto dessas barreiras prejudicam todas as mulheres, mas afetam ainda mais as quevivem em situação de pobreza, limitan<strong>do</strong> suas possibilidades de acesso e permanência <strong>no</strong>sistema de educação profissional, bem como suas chances de obter empregos de qualidade(<strong>OIT</strong>, 2005).Conforme visto anteriormente, com base <strong>no</strong> Suplemento de Educação Profissional daPNAD 2007, o percentual de pessoas que frequentavam ou frequentaram anteriormentecurso de educação profissional apresentava relativo equilíbrio entre mulheres (22,7%) ehomens (22,0%).Apesar deste relativo equilíbrio por sexo, as mulheres continuavam enfrentan<strong>do</strong> barreiras<strong>no</strong> âmbito da educação profissional que dificultam o acesso à mesma e minimizamos efeitos positivos da empregabilidade após a realização <strong>do</strong>s cursos, conforme serádemonstra<strong>do</strong> a seguir.Acerca da natureza da instituição de realização <strong>do</strong> curso, as instituições de ensi<strong>no</strong> vinculadasao Sistema S foram responsáveis por atender 23,3% das pessoas que concluíram o cursode educação profissional que frequentaram anteriormente, conforme pode ser observa<strong>do</strong><strong>no</strong> Gráfico 23. As instituições de ensi<strong>no</strong> público respondiam por 21,6% das vagas e asinstituições de ensi<strong>no</strong> particular respondiam por 50,9% das vagas.Mediante uma perspectiva de gênero, observavam-se importantes diferenciais <strong>no</strong> tocanteà natureza da instituição de realização <strong>do</strong> curso. Enquanto 29,3% <strong>do</strong>s homens concluíramcurso de educação profissional <strong>no</strong> Sistema S, tal percentual era de apenas 17,6% entre asmulheres – cerca de 12,0 pontos percentuais a me<strong>no</strong>s.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 207GRÁFICO 23DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DAS PESSOAS DE 10 ANOS OU MAIS DE IDADE QUE CONCLUÍRAM O CURSODE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL QUE FREQUENTARAM ANTERIORMENTE, POR NATUREZA DA INSTITUIÇÃO DEREALIZAÇÃO DO CURSO, SEGUNDO O SEXOBRASIL, 2007Fonte: IBGE – PNAD 2007, Suplemento de Educação ProfissionalAs instituições de ensi<strong>no</strong> público eram bem mais representativas na formaçãoprofissional das mulheres (25,5% <strong>do</strong> total) em comparação aos homens (17,6%).Mesmo sen<strong>do</strong> elevada para ambos os sexos, as mulheres dependiam mais <strong>do</strong> acesso àsinstituições de ensi<strong>no</strong> particular (53,4%) para concluir um curso profissionalizante <strong>do</strong>que os homens (48,3%).Por sua vez, a análise da distribuição por sexo das pessoas que frequentavam oufrequentaram curso de qualificação profissional, segun<strong>do</strong> a área profissional <strong>do</strong> cursoé revela<strong>do</strong>ra <strong>do</strong>s já menciona<strong>do</strong>s estereótipos de gênero ainda vigentes na formaçãoprofissional e <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho.Entre as pessoas que frequentavam ou haviam frequenta<strong>do</strong> curso na área da construçãocivil, 93,8% eram <strong>do</strong> sexo masculi<strong>no</strong> e apenas 6,2% <strong>do</strong> sexo femini<strong>no</strong>, conforme Gráfico24. Na área da indústria e manutenção também se observava uma presença esmaga<strong>do</strong>ra<strong>do</strong>s homens (83,2%) em relação às mulheres (16,8%).Por outro la<strong>do</strong>, as mulheres pre<strong>do</strong>minavam de maneira bastante expressiva nas área <strong>do</strong>scursos considera<strong>do</strong>s como tipicamente femini<strong>no</strong>s: 91,0% em estética e imagem pessoal e76,6% na área da saúde e bem estar social.


208<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoGRÁFICO 24DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL, POR SEXO, DAS PESSOAS QUE FREQUENTAM OU FREQUENTARAMCURSO DE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL SEGUNDO A ÁREA PROFISSIONAL DO CURSOBRASIL, 2007Fonte: IBGE – PNAD 2007, Suplemento de Educação ProfissionalElaboração: Escritório da <strong>OIT</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>Em me<strong>no</strong>r proporção, as mulheres também pre<strong>do</strong>minavam <strong>no</strong>s cursos nas áreas decomércio e gestão (61,5%) e informática (55,7%), sen<strong>do</strong> a participação <strong>do</strong>s homens de38,5% e 44,3% respectivamente.Tratan<strong>do</strong>-se das pessoas que haviam frequenta<strong>do</strong> anteriormente e não concluíram cursode qualificação profissional, o principal motivo aponta<strong>do</strong> tanto para os homens (26,0%<strong>do</strong> total) quanto para as mulheres (24,6%) foi problemas financeiros. A primazia destemotivo pode estar diretamente associada ao fato de que a maioria (51%) das pessoas queconcluíram cursos de educação profissional frequentaram instituições particulares.Em seguida, figurava o motivo de insatisfação com o curso, menciona<strong>do</strong> por 21,0% <strong>do</strong>shomens e 18,6% das mulheres. A alegação de que não conseguia acompanhar as aulas foimencionada por 10,3% da população masculina e por 9,3% da feminina.O maior diferencial de participação relativa por sexo entre os motivos para não terconcluí<strong>do</strong> o curso de qualificação profissional era observa<strong>do</strong> <strong>no</strong>s problemas familiares –entre as mulheres o percentual (9,3%) era o <strong>do</strong>bro em relação aos homens (4,6%). Aindaque a pesquisa não tenha especifica<strong>do</strong> a tipologia desses problemas, é razoável suporque a maior incidência entre as mulheres está diretamente associada às dificuldades deconciliação entre a capacitação profissional (às vezes combinada com o trabalho) e asresponsabilidades familiares, em função das lacunas em termos de políticas públicasvoltadas para os cuida<strong>do</strong>s e de um redimensionamento das responsabilidades por estaesfera da vida a partir de uma <strong>no</strong>ção de co-responsabilidades social. Neste cenário, asmulheres se mantém como as responsáveis exclusivas ou principais pela atividades decuida<strong>do</strong>, conforme visto <strong>no</strong> capítulo referente à dimensão Conciliação entre <strong>Trabalho</strong>,Vida Pessoal e Familiar.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 209As Barreiras ainda Vigentes na Intermediação de Mão deObraCom base nas informações dispostas na Tabela 72, referentes à distribuição das vagasofertadas pelo Sistema Nacional de Emprego (SINE) segun<strong>do</strong> o requisito de sexo para oseu preenchimento, é possível constatar, desde esta etapa, a magnitude das dificuldadese barreiras enfrentadas pelas mulheres para se candidatar, disputar e obter uma vagaatravés <strong>do</strong> sistema de intermediação de mão de obra 99 <strong>no</strong> âmbito <strong>do</strong> Sistema Público deEmprego, <strong>Trabalho</strong> e Renda.Em 2007, um contingente de 2,07 milhões de vagas foram ofertadas pelo SINE. Destas,41,3% tinham como requisito o sexo masculi<strong>no</strong> e apenas 12,7% requisitavam mulheres.Em 46,0% delas, não havia requisito por sexo, ou seja, as vagas poderiam ser preenchidaspor ambos os sexos.Em 2010, 2,5 milhões de vagas foram oferecidas pelo SINE. Destas, uma proporção aindamaior que em 2007 (44,7%) tinha como requisito o sexo masculi<strong>no</strong> e diminuiu para 11,1%o percentual de vagas que tinha como requisito o sexo femini<strong>no</strong>; para 44,3% das vagasoferecidas não se fazia distinção de sexo.99Consiste <strong>no</strong> ato de realizar cruzamento da necessidade de preenchimento de um posto de trabalho com a de um/atrabalha<strong>do</strong>r/a que procura uma colocação <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho.


210<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoÁrea Geográfica<strong>Brasil</strong>Grandes RegiõesNorteNordesteSudesteSulCentro-OesteUnidades da FederaçãoRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito FederalNº de Vagas(Total)2.075.72358.463288.2021.111.243424.478193.3374.8853.8159.2562.7422.26910.17725.3198.4784.880105.70716.8164.93055.89915.2094.19472.089118.3006.898159.437826.608265.83067.29891.35028.98649.02189.40725.923Homens41,344,826,943,540,750,750,734,451,450,146,543,542,740,623,527,225,942,26,07,326,444,449,767,344,942,141,535,142,451,151,149,055,2TABELA 72DISTRIBUIÇÃO DAS VAGAS OFERTADAS PELO SISTEMA NACIONAL DE EMPREGO (SINE)SEGUNDO REQUISITO DE SEXO PARA SEU PREENCHIMENTOBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2007 E 20102007Distribuição %Mulheres12,715,48,612,015,615,217,629,210,021,912,122,111,717,75,210,713,113,52,33,48,49,411,514,19,612,513,120,019,810,217,815,913,6Indif.46,0Fonte: MTE - Coordenação <strong>do</strong> SineElaboração: DIEESE - Anuário <strong>do</strong> Sistema Público de Emprego, <strong>Trabalho</strong> e RendaNota: Para 2010: Roraima - da<strong>do</strong>s parciais até <strong>no</strong>vembro; Paraíba - da<strong>do</strong>s parciais até junho; Mato Grosso e Minas Gerais -da<strong>do</strong>s parciais até setembro; Mato Grosso <strong>do</strong> Sul e Rio Grande <strong>do</strong> Sul - da<strong>do</strong>s parciais até outubro* Devi<strong>do</strong> à migração <strong>do</strong>s Sistemas <strong>do</strong> MTE, os da<strong>do</strong>s são parciais.39,864,544,543,734,131,736,438,727,941,434,445,641,671,262,161,044,391,789,365,246,238,818,645,545,445,444,937,838,731,135,131,2Nº de Vagas(Total)2.507.097112.339428.8901.206.731483.696275.44134.3074.55031.5503.3824.6817.51226.35720.4454.711138.90617.4869.15080.07314.4143.685140.020250.68557.479189.432709.135237.856103.625142.21549.44842.957151.04831.9982010Distribuição %Homens Mulheres Indif.44,7 11,1 44,347,647,544,039,953,830,547,259,151,468,853,650,249,1-40,545,551,84,311,450,384,252,267,748,737,940,434,742,348,449,956,953,214,96,39,315,014,68,731,19,320,09,720,325,712,2-10,214,612,90,93,418,13,511,07,08,79,113,719,715,713,821,013,711,537,546,246,745,131,560,821,631,628,621,526,024,138,7100,049,339,935,394,885,231,612,336,725,342,653,045,945,642,137,829,029,435,3


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 211Ao reagruparem-se os da<strong>do</strong>s da Tabela 72 é possível dispor de um outro conjunto deinformações que demonstra, com maior clareza, as possibilidades efetivas de homens emulheres se candidatarem e concorrerem a um emprego a partir das vagas ofertadas peloSINE. Consideran<strong>do</strong>-se que os trabalha<strong>do</strong>res de cada sexo podem concorrer aos postosde trabalho cujo requisito é o seu próprio sexo ou naqueles <strong>no</strong>s quais esse requisito éindiferente (ou seja, que não exigem requisitos relaciona<strong>do</strong>s a esse atributo), constataseque, <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2007, enquanto os homens poderiam concorrer a 87,3% das vagasofertadas, as mulheres poderiam disputar apenas 58,7% das vagas. Em 2010, a situaçãoera ainda mais desfavorável, já que tal percentual era de 89,0% para trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong>sexo masculi<strong>no</strong> e de 55,4% para as trabalha<strong>do</strong>ras, conforme a Tabela 73.Em todas as Unidades da Federação (UFs), em 2010, as possibilidades de concorrência àsvagas eram sempre maiores entre os homens. Em um grupo de 12 UFs, as trabalha<strong>do</strong>ras nãopoderiam disputar nem a metade das vagas oferecidas pelo SINE. O me<strong>no</strong>r percentual eraobserva<strong>do</strong> na Bahia, na medida em que apenas 15,8% das vagas permitiam que mulheresfossem encaminhadas 100 para participar <strong>do</strong> processo seletivo, enquanto que os homenspoderiam ser encaminha<strong>do</strong>s para 96,5% das oportunidades de trabalho disponíveis. Essepercentual também era bastante reduzi<strong>do</strong> <strong>no</strong> Pará (31,2%), Espírito Santo (32,3%) eAmazonas (40,9%).Ainda que numa proporção inferior à masculina, as mulheres poderiam concorrer a ummaior percentual de vagas em Pernambuco (95,7%), Alagoas (88,6%), Rondônia (69,5%),Santa Catarina (62,5%) e São Paulo (62,1%).Em apenas cinco UFs a oferta de vagas sem requisito de sexo (indiferente) correspondiaa mais da metade <strong>do</strong> total <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2010: Piauí (100,0%), Pernambuco (94,8%), Alagoas(85,2%), Rondônia (60,8%) e São Paulo (53,0%).100Corresponde ao conjunto de trabalha<strong>do</strong>ras e trabalha<strong>do</strong>res seleciona<strong>do</strong>s, de acor<strong>do</strong> com o perfil das vagasdisponibilizadas, oriun<strong>do</strong>s das inscrições realizadas pelo SINE e que são encaminha<strong>do</strong>s/as para participarem <strong>do</strong>processo seletivo para ocupação das referidas vagas.


212<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação2007TABELA 73DISTRIBUIÇÃO DAS VAGAS OFERTADAS PELO SINESEGUNDO POSSIBILIDADE DE CONCORRÊNCIA POR SEXO A PARTIR DO REQUISITO DE SEXO PARA SEU PREENCHIMENTOBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2007 E 20102010Área Geográfica<strong>Brasil</strong>Grandes RegiõesNorteNordesteSudesteSulCentro-OesteUnidades da FederaçãoRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal% das Vagas com Possibilidadede ConcorrênciaHomens87,384,691,488,084,484,882,470,890,178,087,977,988,382,294,789,386,986,597,796,691,690,688,585,990,487,586,980,080,289,882,284,186,4Mulheres58,755,273,156,559,349,349,365,648,749,853,556,557,359,376,472,874,157,894,092,773,655,650,332,755,157,958,564,957,648,948,951,044,8% das Vagas com Possibilidadede ConcorrênciaHomens89,085,193,790,785,085,391,368,890,780,090,379,674,387,8-89,885,487,199,196,681,996,588,993,091,390,986,380,384,486,278,986,388,5Mulheres55,452,452,556,060,146,169,552,740,948,631,246,349,850,9-59,554,548,295,788,649,715,847,732,351,362,159,665,357,851,650,043,146,8Fonte: DIEESE a partir <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> MTE - Coordenação <strong>do</strong> SINE* Devi<strong>do</strong> à migração <strong>do</strong>s Sistemas <strong>do</strong> MTE, os da<strong>do</strong>s são parciais.Elaboração: Escritório da <strong>OIT</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>O conjunto destas barreiras impostas pela exigência de requisito por sexo cria inúmerosobstáculos para que as mulheres possam ser encaminhadas para participar <strong>do</strong>s processosseletivos e, consequentemente, obter uma colocação <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> por intermédio <strong>do</strong> SINE.As informações de intermediação de mão de obra <strong>do</strong> SINE evidenciam o descompassoexistente na participação percentual das mulheres entre as pessoas inscritas 101 e101To<strong>do</strong>s os trabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>ras que se cadastraram <strong>no</strong> SINE a procura de uma colocação <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 213colocadas 102 (que conseguiram emprego). Nos a<strong>no</strong>s de 2007 e 2010, as mulheres inscritas<strong>no</strong> SINE respondiam por praticamente a metade <strong>do</strong> número total (cerca de 46,7%) detrabalha<strong>do</strong>ras e trabalha<strong>do</strong>res inscritos. Entretanto, a participação percentual femininaentre o total de pessoas colocadas era bastante inferior – 36,2% em 2007 e 39,6% em2010, segun<strong>do</strong> Tabelas 74 e 75.TABELA 74PROPORÇÃO DE MULHERES INSCRITAS NO SINE EM RELAÇÃO AO TOTAL DE PESSOAS INSCRITASBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2007-2010Área Geográfica<strong>Brasil</strong> *Grandes RegiõesNorteNordesteSudesteSulCentro-OesteUnidades da FederaçãoRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito FederalProporção de Mulheres Inscritas <strong>no</strong> SINE (%)2007 20082009 201046,741,944,249,145,143,344,641,244,444,942,847,636,040,433,545,447,141,644,536,946,744,644,046,948,850,343,446,850,445,339,842,347,247,244,243,749,146,843,845,139,250,642,345,345,037,238,645,244,544,046,344,230,951,744,142,839,649,551,345,647,549,245,139,642,648,945,642,043,447,745,544,238,440,645,344,447,837,840,641,454,344,043,945,242,434,653,043,842,839,048,752,144,346,348,644,741,141,651,346,540,941,949,846,544,234,735,047,645,242,341,937,845,146,442,045,540,338,537,451,943,345,140,147,755,845,048,051,844,340,842,550,3Fonte: MTE - Coordenação <strong>do</strong> SINEElaboração: DIEESE - Anuário <strong>do</strong> Sistema Público de Emprego, <strong>Trabalho</strong> e RendaNota: Para 2010: Roraima - da<strong>do</strong>s parciais até <strong>no</strong>vembro; Paraíba - da<strong>do</strong>s parciais até junho;Mato Grosso e Minas Gerais da<strong>do</strong>s parciais até setembro; Mato Grosso <strong>do</strong> Sul e Rio Grande <strong>do</strong> Sul - da<strong>do</strong>s parciais até outubro* Devi<strong>do</strong> à migração <strong>do</strong>s Sistemas <strong>do</strong> MTE, os da<strong>do</strong>s são parciais.102Refere-se ao total de trabalha<strong>do</strong>ras e trabalha<strong>do</strong>res que conseguiram uma colocação <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalhoformal por intermédio <strong>do</strong> SINE, ou seja, é o resulta<strong>do</strong> efetivo <strong>do</strong> processo de intermediação de mão de obraexecuta<strong>do</strong>.


214<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoO Gráfico 25 demonstra, de maneira conjugada, as desigualdades de gênero <strong>no</strong> âmbitoda intermediação de mão de obra <strong>do</strong> SINE. Em 2010, as mulheres poderiam concorrer apouco mais da metade (55,4%) das vagas ofertadas pelo SINE, enquanto que os homenspoderiam disputar 89,0% das mesmas. Por sua vez, as trabalha<strong>do</strong>ras, apesar de representarem46,5% das pessoas inscritas <strong>no</strong> SINE e 43,7% <strong>do</strong> total daquelas encaminhadas,correspondiam a apenas 39,6% <strong>do</strong> total de coloca<strong>do</strong>s/as.gráfico 25Principais resulta<strong>do</strong>s da intermediação de mão-de-obra (Sine) segun<strong>do</strong> o sexo<strong>Brasil</strong>, 2010Fonte: MTE - Coordenação <strong>do</strong> SINE / DIEESE - Anuário <strong>do</strong> Sistema Público de Emprego, <strong>Trabalho</strong> e RendaElaboração: Escritório da <strong>OIT</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>Ao longo <strong>do</strong> território nacional, observou-se que a proporção de mulheres colocadas peloSINE aumentou em todas as regiões entre os a<strong>no</strong>s de 2007 e 2010, sen<strong>do</strong> que apresentoucrescimento expressivo e assumiu maiores valores nas regiões Sudeste e Sul <strong>do</strong> País.Entre 2007 e 2010 a referida proporção cresceu de 39,8% para 44,2% <strong>no</strong> Sudeste e de35,7% para 41,8% <strong>no</strong> Sul.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 215TABELA 75PROPORÇÃO DE MULHERES COLOCADAS PELO SINE EM RELAÇÃO AO TOTAL DE PESSOAS COLOCADASBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2007-2010Área Geográfica<strong>Brasil</strong> *Grandes RegiõesNorteNordesteSudesteSulCentro-OesteUnidades da FederaçãoRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito FederalProporção de Mulheres Colocadas pelo SINE (%)2007 20082009 201036,223,735,939,835,726,525,643,828,529,331,922,319,432,87,038,647,827,639,69,129,738,727,730,639,443,332,245,944,125,921,830,928,937,728,333,640,940,229,931,123,825,124,231,424,231,433,914,838,344,930,935,06,738,433,428,921,141,345,937,348,345,533,625,231,732,437,127,434,740,939,329,318,135,926,727,029,030,838,327,06,940,141,435,531,67,442,236,730,225,042,248,836,746,143,929,728,729,928,539,627,237,944,241,829,917,631,233,435,824,322,435,833,45,736,040,526,729,96,935,944,632,819,241,152,539,449,345,330,423,133,232,2Fonte: MTE - Coordenação <strong>do</strong> SINEElaboração: DIEESE - Anuário <strong>do</strong> Sistema Público de Emprego, <strong>Trabalho</strong> e RendaNota: Para 2010: Roraima - da<strong>do</strong>s parciais até <strong>no</strong>vembro; Paraíba - da<strong>do</strong>s parciais até junho;Mato Grosso e Minas Gerais da<strong>do</strong>s parciais até setembro; Mato Grosso <strong>do</strong> Sul e Rio Grande <strong>do</strong> Sul - da<strong>do</strong>s parciais até outubro* Devi<strong>do</strong> à migração <strong>do</strong>s Sistemas <strong>do</strong> MTE, os da<strong>do</strong>s são parciais.Apesar da evolução de 23,7% em 2007 para 27,2% <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2010, a região Norteapresentava a me<strong>no</strong>r proporção de mulheres colocadas pelo SINE. A região Centro-Oestedetinha a segunda me<strong>no</strong>r proporção (29,9%) <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2010, ainda que tenha amplia<strong>do</strong>em comparação ao a<strong>no</strong> de 2007, quan<strong>do</strong> era de 26,5%.Entre as Unidades da Federação, chamava a atenção o baixíssimo percentual de mulherescolocadas pelo SINE <strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Piauí e Alagoas. No caso <strong>do</strong> Piauí, à exceção <strong>do</strong>a<strong>no</strong> de 2008 – quan<strong>do</strong> foi de 14,8% - as proporções de mulheres colocadas pelo SINE


216<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federaçãosempre mantiveram-se abaixo <strong>do</strong>s 10,0%, sen<strong>do</strong> de apenas 7,0% em 2007 e de 6,9% e5,7% durante os a<strong>no</strong>s de 2009 e 2010, respectivamente. Vale ressaltar que tais níveisbaixíssimos de colocação das trabalha<strong>do</strong>ras não podem ser atribuí<strong>do</strong>s aos percentuais demulheres inscritas <strong>no</strong> SINE, uma vez que os mesmos foram de 45,2%, 54,3% e 46,4% <strong>no</strong>sa<strong>no</strong>s de 2008, 2009 e 2010, respectivamente.Em Alagoas, o percentual de trabalha<strong>do</strong>ras colocadas pelo SINE não alcançou sequer10,0% entre os a<strong>no</strong> de 2007 a 2010. Durante os a<strong>no</strong>s de 2009 e 2010, apesar de a proporçãode inscritas ter si<strong>do</strong> de 34,6% e 37,4% respectivamente, os percentuais de colocadas foramde apenas 7,4% em 2009 e 6,9% em 2010. Por outro la<strong>do</strong>, 93,1% <strong>do</strong>s coloca<strong>do</strong>s <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de2010 pertenciam ao sexo masculi<strong>no</strong>. O Gráfico 26 sintetiza as desigualdades de gêneroexplicitadas pelo sistema de intermediação de mão de obra <strong>do</strong> SINE, <strong>no</strong> esta<strong>do</strong> de Alagoasdurante o a<strong>no</strong> de 2010.Gráfico 26Principais resulta<strong>do</strong>s da intermediação de mão-de-obra (SINE) segun<strong>do</strong> o sexoAlagoas, 2010Fonte: MTE - Coordenação <strong>do</strong> SINE / DIEESE - Anuário <strong>do</strong> Sistema Público de Emprego, <strong>Trabalho</strong> e RendaElaboração: Escritório da <strong>OIT</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>Os percentuais de mulheres colocadas pelo SINE também eram baixos em Rondônia (18,1%em 2009 e 17,6% em 2010) e <strong>no</strong> Espírito Santo – 25,0% em 2009 e 19,2% em 2010).No esta<strong>do</strong>s de São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande <strong>do</strong> Sul eram observadas as maiselevadas proporções de mulheres colocadas <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho por intermédio <strong>do</strong>SINE, sen<strong>do</strong> sempre superiores a 40,0% durante o perío<strong>do</strong> de 2007 a 2010. Em SãoPaulo, a referida proporção aumentou sistematicamente, ao passar de 43,3% em 2007 asignificativos 52,5% em 2010.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 217TRABALHADORAS E TRABALHADORES DOMÉSTICOSSegun<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s da PNAD, o <strong>Brasil</strong> contava <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009 com 6,93 milhões detrabalha<strong>do</strong>ras e trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong>mésticos com idades compreendidas entre 16 e 64 a<strong>no</strong>s.Um contingente de 6,47 milhões de ocupa<strong>do</strong>s/as na categoria era <strong>do</strong> sexo femini<strong>no</strong>, ocorrespondente a 93,4% <strong>do</strong> total. As mulheres negras estavam fortemente presentes nestaocupação, ao representar 61,9% <strong>do</strong> total de trabalha<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>mésticas.O trabalho <strong>do</strong>méstico respondia por 19,2% da ocupação feminina <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009,significan<strong>do</strong> que, em média, 1 entre 5 mulheres ocupadas de 16 a 64 a<strong>no</strong>s de idade eramtrabalha<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>mésticas.É importante também chamar a atenção para o fato de que, conforme já menciona<strong>do</strong> <strong>no</strong>Capítulo referente à dimensão Conciliação entre <strong>Trabalho</strong>, Vida Pessoal e Vida Familiar,as trabalha<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>mésticas desempenham um papel de suma importância na cadeia <strong>do</strong>cuida<strong>do</strong>, pois amortecem, <strong>no</strong> âmbito das famílias e principalmente para outras mulherestrabalha<strong>do</strong>ras, a pressão gerada pela necessidade de compatibilizar a inserção <strong>no</strong> merca<strong>do</strong>de trabalho com as responsabilidades familiares, em um cenário de importantes lacunasem termos de políticas púlicas nessa área. Por outro la<strong>do</strong>, são as trabalha<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>mésticasas que mais fortemente sofrem esta pressão, em razão <strong>do</strong>s baixos rendimentos queimpedem a contratação de serviços que apoiem o trabalho reprodutivo.Apesar desta inequívoca importância para um significativo número de pessoas ocupadas,sobretu<strong>do</strong> para as mulheres, e para a sociedade de um mo<strong>do</strong> geral, o trabalho <strong>do</strong>méstico aindaé marca<strong>do</strong> pela precariedade das condições laborais e baixa proteção social, se constituin<strong>do</strong>,portanto, num <strong>do</strong>s principais núcleos <strong>do</strong> déficit de <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>. Em 2009, o rendimentomédio da categoria era de apenas R$ 408,00 e correspondia apenas a 87,7% <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>salário mínimo vigente na época (R$ 465,00). Ademais, cerca de 28,0% das trabalha<strong>do</strong>ras etrabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong>mésticos recebiam até meio salário mínimo mensal. O valor <strong>do</strong> rendimentomédio e a elevada proporção de pessoas que não recebiam nem sequer o salário mínimo erabastante condicionada pelo baixo percentual de trabalha<strong>do</strong>ras e trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong>mésticosque possuíam carteira de trabalho assinada, conforme será analisa<strong>do</strong> mais adiante. Além degarantir o pagamento de pelo me<strong>no</strong>s o salário mínimo, a assinatura da carteira assegura oacesso a outros direitos trabalhistas, a exemplo <strong>do</strong> pagamento <strong>do</strong> 13º salário e férias.Mesmo diante <strong>do</strong> importante trabalho realiza<strong>do</strong> pela Federação Nacional das Trabalha<strong>do</strong>rasDomésticas (FENATRAD) e pelos diversos sindicatos de empregadas e trabalha<strong>do</strong>ras<strong>do</strong>mésticas espalhadas pelo país, apenas 2,2% <strong>do</strong> pessoal ocupa<strong>do</strong> na categoria era filia<strong>do</strong>a sindicato <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009.Apesar de proibi<strong>do</strong> para me<strong>no</strong>res de 18 a<strong>no</strong>s 103 , o trabalho <strong>do</strong>méstico ainda é uma realidadena vida de crianças e a<strong>do</strong>lescentes brasileiras/os. Em 2009, haviam 363 mil meni<strong>no</strong>s emeninas entre 10 e 17 a<strong>no</strong>s <strong>no</strong> trabalho infantil <strong>do</strong>méstico. Destes, 340 mil eram meninas(93,6%) e 233 mil, meninas negras (64,2% <strong>do</strong> total). Apenas cinco esta<strong>do</strong>s respondiampela metade <strong>do</strong> contingente de crianças e a<strong>do</strong>lescentes em situação de trabalho infantil<strong>do</strong>méstico: Minas Gerais (53 mil ou 14,8% <strong>do</strong> total), São Paulo (39 mil ou 10,7%), Bahia(37 mil ou 10,2%), Ceará (27 mil ou 7,5%) e Paraná (21 mil ou 5,8% <strong>do</strong> total).103O Decreto Presidencial nº 6481, de 12 de junho de 2008, regulamenta os artigos 3º alínea “d”, e 4º da Convençãoda <strong>OIT</strong> sobre a Proibição das Piores Formas de <strong>Trabalho</strong> Infantil e a Ação Imediata para a sua Eliminação, 1999(nº 182), que classifica o trabalho <strong>do</strong>méstico entre aqueles perigosos que estão proibi<strong>do</strong>s para me<strong>no</strong>res de 18 a<strong>no</strong>s.


218<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTambém persistiam graves situações de desproteção social nessa categoria, marcadapor significativas desigualdades de gênero e raça. Com efeito, <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009,apenas 28,6%, ou seja, me<strong>no</strong>s de um terço <strong>do</strong> total de trabalha<strong>do</strong>ras e trabalha<strong>do</strong>res<strong>do</strong>mésticos possuíam carteira de trabalho assinada. Apesar de representar apenas6,6% da categoria, a proporção de trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong>mésticos <strong>do</strong> sexo masculi<strong>no</strong> comcarteira assinada (48,7% em 2009) era bem mais elevada em comparação com astrabalha<strong>do</strong>ras (27,2%). Entre as <strong>do</strong>mésticas negras essa proporção era ainda me<strong>no</strong>r(25,4%), além de ser cinco pontos percentuais inferior àquela correspondente àsbrancas (30,3%) (Tabela 76).Em nenhuma das 27 Unidades da Federação (UFs), o percentual de <strong>do</strong>mésticas comcarteira assinada alcançava 40,0%, sen<strong>do</strong> que as maiores porcentagens eram observadasem São Paulo (38,9%), Santa Catarina (37,6%) e Distrito Federal (37,0%). Por sua vez, emquatro UFs, o percentual de <strong>do</strong>mésticas com carteira de trabalho assinada não alcançavasequer 10,0% <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009: Amazonas (8,5%), Ceará (9,3%), Piauí (9,7%) e Maranhão(6,7%). Vale enfatizar que entre as trabalha<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>mésticas negras era ainda me<strong>no</strong>r. Nocaso <strong>do</strong> Maranhão, essa proporção era de somente 6,3%.Seguin<strong>do</strong> a trajetória geral de aumento da formalização das relações laborais <strong>no</strong> país, opercentual de trabalha<strong>do</strong>ras e trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong>mésticos com carteira de trabalho assinada2009 aumentou de 26,7% para 28,6% entre 2004 e 2009.Esse aumento se verificou em 20 das 27 Unidades da Federação. Os destaques ficarampor conta de Roraima (+10,3 pontos percentuais, ao passar de 11,4% para 21,7%), Acre(+7,7 p.p., ao evoluir de 7,4% para 15,1%) e Mato Grosso (+7.6 p.p., ao crescer de 19,6%para 27,2%).Dentre as sete UFs com redução da proporção, faz-se necessário chamar a atenção para odeclínio observa<strong>do</strong> <strong>no</strong> Maranhão, de 7,9% em 2004 para 6,7% em 2009, uma vez que esseesta<strong>do</strong> apresentava a mais baixa proporção <strong>do</strong> país de <strong>do</strong>mésticas com carteira assinadaem 2009, conforme visto anteriormente.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 219TABELA 76PROPORÇÃO DE TRABALHADORAS E TRABALHADORES DOMÉSTICOS DE 16 A 64 ANOS DE IDADE OCUPADOS/AS COMCARTEIRA DE TRABALHO ASSINADA, EM RELAÇÃO AO TOTAL DE TRABALHADORAS E TRABALHADORES DOMÉSTICOSDE 16 A 64 ANOS DE IDADE, POR SEXO E COR OU RAÇA DAS TRABALHADORASBRASIL E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2004 E 2009Área GeográficaTotal2004MulheresHomens MulheresBrancasMulheresNegrasTotalHomens2009MulheresMulheresBrancasMulheresNegras<strong>Brasil</strong>Unidades da FederaçãoRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal26,716,49,79,58,313,78,39,19,510,68,919,516,022,019,716,816,932,226,829,435,926,730,437,924,819,219,338,943,425,355,234,7…25,3……36,422,723,140,035,036,737,5…33,455,8…39,957,047,442,859,431,2…50,060,325,615,77,45,311,412,88,89,17,98,57,518,114,220,918,815,915,830,827,028,534,725,730,136,924,419,617,035,429,325,8………21,2…………9,222,015,222,319,422,99,734,231,928,535,226,628,436,127,322,814,841,422,712,6………10,9……7,3…6,8…13,820,2…13,616,928,925,328,533,724,337,840,222,818,418,233,128,622,216,59,521,112,715,215,27,511,910,421,418,119,718,616,018,229,932,934,540,328,036,737,628,628,225,240,048,750,045,6…18,819,8…45,4…29,223,852,057,123,9…60,045,953,970,062,963,437,645,536,860,047,143,256,127,221,115,18,521,712,316,213,46,79,79,317,115,719,418,614,816,928,431,431,038,927,236,437,627,727,224,237,030,318,217,6…33,315,926,722,6…8,811,510,419,419,628,110,011,431,028,432,236,926,635,135,729,932,424,734,025,421,8………11,514,111,56,39,98,6…14,319,2……18,027,332,430,641,127,9…41,7…25,024,038,2Fonte: IBGE – PNAD


220<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoEm função da baixa proporção de trabalha<strong>do</strong>ras e trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong>mésticos com carteirade trabalho assinada, também é bastante baixo o percentual da categoria com acesso àprevidência social. Entre 2004 e 2009 a proporção <strong>do</strong> pessoal ocupa<strong>do</strong> nesta categoria de16 a 64 a<strong>no</strong>s de idade que contribuía para a previdência social aumentou de 29,0% para32,3%. Vale ressaltar que esse percentual de contribuintes é mais eleva<strong>do</strong> <strong>do</strong> que aquelecorrespondente ao trabalho com carteira assinada pelo fato, sobretu<strong>do</strong>, de um contingentede trabalha<strong>do</strong>ras e trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong>mésticos contribuir de forma autô<strong>no</strong>ma, a exemplodaqueles/as que atuam como diaristas.A proporção de contribuintes da categoria aumentou indistintamente entre homens emulheres entre 2004 e 2009, mas, ao final da década era muito mais elevada entre ostrabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> sexo masculinho (51,3%) em comparação com as trabalha<strong>do</strong>ras (31,0%).A proporção de contribuintes era maior entre as mulheres brancas (34,8%) em relação àsnegras (28,6%) <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009.Apesar da evolução de 4,0 pontos percentuais ocorrida entre 2004 e 2009 na proporçãode contribuintes ocupa<strong>do</strong>s <strong>no</strong> trabalho <strong>do</strong>méstico na área rural (de 25,1% para 29,1%),continuava expressivo ao final da década o diferencial em comparação à área urbana, queera de 32,7% em 2009.Entre as trabalha<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>mésticas, a proporção daquelas que contribuíam para a previdênciasocial apresentou evolução em todas as grande regiões entre 2004 e 2009. Aexpansão da cobertura previdenciária foi me<strong>no</strong>s expressiva nas regiões Norte e Nordeste,exatamente aqueles que apresentam a me<strong>no</strong>r cobertura. No caso da região Nordeste, aproporção se ampliou em apenas 1,1 ponto percentual ao passar de 14,9% em 2004 para16,0% em 2009, segun<strong>do</strong> Tabela 77. Na região a Norte a expansão foi de 3,0 pontos percentuais,ao evoluir de 11,0% para 14,0% durante o mesmo perío<strong>do</strong>.Vale ressaltar que nas regiões Sul e Sudeste o percentual de trabalha<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>mésticas quecontribuíam para a previdência social (em tor<strong>no</strong> de 39,0%) <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009 era mais <strong>do</strong>que duas vezes superior em comparação às regiões Norte e Nordeste. Na região Centro-Oeste o referi<strong>do</strong> percentual apresentou uma expansão significativa, ao crescer de 23,4%para 29,9% entre 2004 e 2009.No perío<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong>, a cobertura previdenciária das trabalha<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>mésticas aumentouem 22 das 27 Unidades da Federação. Em Santa Catarina a evolução foi de +12,3 p.p: de34,4% para 46,6%, sen<strong>do</strong> igualmente significativa em Roraima (+9,6 p.p.) e Rondônia(9,0 p.p.).No Pará e em quatro esta<strong>do</strong>s <strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong>s (Maranhão, Rio Grande <strong>do</strong> Norte, Pernambucoe Sergipe) a proporção de trabalha<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>mésticas contribuintes para a previdênciasocial decli<strong>no</strong>u ligeiramente.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 221TABELA 77PROPORÇÃO DE TRABALHADORAS E TRABALHADORES DOMÉSTICOS DE 16 A 64 ANOS DE IDADE OCUPADOS/ASCONTRIBUINTES PARA A PREVIDÊNCIA SOCIAL, EM RELAÇÃO AO TOTAL DE TRABALHADORAS E TRABALHADORESDOMÉSTICOS DE 16 A 64 ANOS DE IDADE, POR SEXO E COR OU RAÇA DAS TRABALHADORASBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2004 E 2009Área GeográficaTotal2004MulheresHomens MulheresBrancasMulheresNegrasTotalHomens2009MulheresMulheresBrancasMulheresNegras<strong>Brasil</strong>Área UrbanaÁrea RuralGrandes RegiõesNorteNordesteSudesteSulCentro-OesteUnidades da FederaçãoRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal29,029,425,112,416,236,334,725,316,910,59,59,714,18,310,09,511,39,520,116,823,221,018,918,334,829,935,637,928,434,642,426,020,820,241,245,442,052,325,633,054,851,750,225,355,234,7...25,3......36,427,325,140,035,036,750,0...34,459,0...43,260,347,442,959,431,3...50,064,427,928,818,211,014,935,234,023,416,38,25,313,413,28,810,17,98,58,018,815,122,219,518,117,233,430,135,036,627,534,441,625,721,318,037,431,732,522,714,615,236,434,424,024,8.........21,7...15,7......9,122,015,223,021,025,79,737,731,935,436,428,232,441,127,824,515,643,125,025,914,910,114,834,033,023,113,38,36,714,611,410,28,37,39,37,517,515,121,818,415,518,531,029,534,736,926,443,543,624,219,819,235,032,332,729,114,717,241,138,831,426,216,59,522,213,715,215,78,011,911,422,320,221,620,518,120,735,338,540,244,632,147,442,330,630,227,244,151,350,553,625,735,264,941,453,750,045,7...18,822,5...45,5...29,223,852,057,125,1...60,045,958,670,066,566,539,063,637,960,052,946,058,931,031,724,214,016,039,338,729,925,315,18,523,013,116,213,97,39,710,318,217,921,320,016,919,533,937,236,943,331,646,642,629,729,126,241,534,835,231,217,615,839,538,931,321,617,7...33,316,426,722,6...8,812,912,522,422,628,114,612,335,435,837,741,632,245,941,832,135,926,038,528,629,520,113,216,039,238,129,326,514,48,219,712,414,212,27,09,99,520,316,120,917,717,620,733,237,736,545,130,650,044,228,225,826,342,7Fonte: IBGE – PNAD


222<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoNo a<strong>no</strong> de 2009, os esta<strong>do</strong>s com me<strong>no</strong>r percentual de trabalha<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>mésticascontribuintes eram: Maranhão (7,3%), Amazonas (8,5%) e Piauí (9,7%). Entre astrabalha<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>mésticas negras <strong>do</strong> Maranhão e Amazonas os percentuais eram aindame<strong>no</strong>res: 7,0% e 8,2%, respectivamente, segun<strong>do</strong> Tabela 77. As maiores proporções detrabalha<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>mésticas que contribuíam eram verificadas em Santa Catarina (46,6%),São Paulo (43,3%), Rio Grande <strong>do</strong> Sul (42,6%) e Distrito Federal (41,5%).A Convenção nº 189 sobre as Trabalha<strong>do</strong>ras e osTrabalha<strong>do</strong>res DomésticosA legislação brasileira sobre o trabalho <strong>do</strong>méstico tem avança<strong>do</strong> significativamente.Atualmente são garanti<strong>do</strong>s aos/às trabalha<strong>do</strong>res/as <strong>do</strong>mésticos o direito ao salário mínimo;ao 13º salário; aviso prévio; descanso semanal remunera<strong>do</strong>; descanso remunera<strong>do</strong> emferia<strong>do</strong>s; 30 dias corri<strong>do</strong>s de férias, com adicional de 1/3 de salário; licença maternidade,licença paternidade e estabilidade à gestante; e proibição de desconto <strong>do</strong> salário porfornecimento de alimentação, vestuário, higiene ou moradia. No entanto, permanecemalguns importantes desafios, como a regulamentação <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> de Garantia por Tempode Serviço (FGTS); proteção contra despedida arbitrária ou sem justa causa; remuneraçãoespecial para o trabalho <strong>no</strong>tur<strong>no</strong>; salário-família; regulamentação da jornada de trabalho;e estabelecimento de mecanismos efetivos de cumprimento da legislação (<strong>OIT</strong>, 2011h).A Conferência Internacional <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> da <strong>OIT</strong> a<strong>do</strong>tou, em 16 de junho de 2011,a Convenção sobre Trabalha<strong>do</strong>ras e Trabalha<strong>do</strong>res Domésticos, 2011 (nº 189) e aRecomendação 104 nº 201 Trabalha<strong>do</strong>ras e os Trabalha<strong>do</strong>res Domésticos, que estabelecedireitos e princípios básicos para esta categoria e orienta os Esta<strong>do</strong>s <strong>no</strong> senti<strong>do</strong> de tomaremuma série de medidas com a finalidade tornar o <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> uma realidade para astrabalha<strong>do</strong>ras e os trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong>mésticos.As <strong>no</strong>rmas mínimas estabelecidas pela Convenção Nº 189 são:Direitos básicos das trabalha<strong>do</strong>ras e <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong>mésticos: respeitoe proteção com relação aos princípios e direitos fundamentais <strong>no</strong> trabalho. Isso significaproteção com relação ao trabalho infantil, a todas as formas de trabalho força<strong>do</strong> ouobrigatório, a todas as formas de discriminação e a garantia <strong>do</strong> direito de associação e denegociação coletiva. Proteção efetiva contra todas as formas de abuso, assédio e violência(artigos 3, 4, 5 e 11).Informação sobre os termos e condições de emprego: informação disponível efacilmente compreensível, de preferência por meio de contrato escrito (artigo 7).Horas de trabalho: medidas destinadas a garantir a igualdade de tratamento entre astrabalha<strong>do</strong>ras e trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong>mésticos e os trabalha<strong>do</strong>res em geral. Perío<strong>do</strong> de descansosemanal de pelo me<strong>no</strong>s 24 horas consecutivas (artigo 10).Remuneração: direito ao salário mínimo estabeleci<strong>do</strong>, pago diretamente à trabalha<strong>do</strong>raou trabalha<strong>do</strong>r <strong>do</strong>méstico, em intervalos regulares de não mais de 30 dias. Pagamentoin natura é permiti<strong>do</strong> apenas em certas condições (artigos 11, 12 e 15)104A Recomendação complementa a Convenção, com diretrizes e sugestões de políticas para avançar naimplementação <strong>do</strong>s direitos e princípios anuncia<strong>do</strong>s na Convenção.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 223Segurança e saúde: direito a um trabalho seguro e um ambiente laboral saudável(artigo 13).Seguridade social: condições que não sejam me<strong>no</strong>s favoráveis que as aplicáveis aosdemais trabalha<strong>do</strong>res, incluin<strong>do</strong> a proteção à maternidade (artigo 14).Normas relativas ao trabalho <strong>do</strong>méstico infantil: obrigação de fixar uma idademínima. Não se deve privar os trabalha<strong>do</strong>res e as trabalha<strong>do</strong>ras a<strong>do</strong>lescentes da educaçãoobrigatória (artigo 4).Trabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>ras que <strong>do</strong>rmem <strong>no</strong> trabalho: condições de vidadigna, que respeitem a privacidade. Liberdade para decidir se reside ou não <strong>no</strong> <strong>do</strong>micílioonde trabalham (artigos 6, 9 e 10).Trabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>ras migrantes: um contrato por escrito <strong>no</strong> país de emprego,ou uma oferta de trabalho escrita, antes de sair de seu país (artigos 8 e 15).Agências privadas de emprego: regulamentação da operação das agências privadasde emprego (artigo 15).Solução de conflitos e queixas: acesso efetivo aos tribunais ou outros mecanismos de soluçãode conflitos, incluin<strong>do</strong> mecanismos de denúncia acessíveis (artigo 17).TRABALHADORES MIGRANTESSegun<strong>do</strong> estimativas da <strong>OIT</strong> de 2010, existem cerca de 105,4 milhões de migranteseco<strong>no</strong>micamente ativos (incluin<strong>do</strong> refugia<strong>do</strong>s) a nível mundial, entre uma população totalestimada de 214 milhões de pessoas que vivem fora <strong>do</strong> país onde nasceram ou de que sãocidadãos.Os desafios impostos pelas mudanças econômicas, demográficas e tec<strong>no</strong>lógicas, tornaramindispensável a presença de trabalha<strong>do</strong>res estrangeiros <strong>no</strong>s países industrializa<strong>do</strong>s. Onúmero crescente de postos de trabalho que não podem ser preenchi<strong>do</strong>s por trabalha<strong>do</strong>resnacionais, e fatores como o envelhecimento da mão de obra nacional, criam a necessidadede contratar trabalha<strong>do</strong>res migrantes. (<strong>OIT</strong>, 2011g).Apesar desta crescente necessidade, os trabalha<strong>do</strong>res migrantes ainda enfrentam diversasbarreiras para lograr acesso a um <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>, sobretu<strong>do</strong> pela discriminação.Conforme enfatiza a <strong>OIT</strong> (2011g), a discriminação com base na nacionalidade é apenasum <strong>do</strong>s aspectos de discriminação múltipla de que são frequentemente vítimas ostrabalha<strong>do</strong>res migrantes. É, na verdade, difícil em muitas circunstâncias determinar se otratamento discriminatório enfrenta<strong>do</strong> por um trabalha<strong>do</strong>r ou uma trabalha<strong>do</strong>ra migranteé basea<strong>do</strong> exclusivamente na sua nacionalidade real ou presumida, na sua raça, etnia,religião ou outros motivos evidentes, ou tem como base a combinação destes fatores.No presente tópico será apresenta<strong>do</strong> o marco <strong>no</strong>rmativo e institucional de proteçãoao trabalha<strong>do</strong>r migrante <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, acompanha<strong>do</strong> de indica<strong>do</strong>res e análises acerca daevolução das autorizações concedidas a trabalha<strong>do</strong>res estrangeiros <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. Em seguida,com o intuito de fornecer insumos para as políticas em prol da promoção <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>


224<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação<strong>Decente</strong> <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res migrantes, serão aborda<strong>do</strong>s distintos aspectos <strong>do</strong>s movimentosmigratórios com base nas recém divulgadas informações <strong>do</strong> Censo Demográfico 2010,sen<strong>do</strong> algumas de cunho inédito, a exemplo da emigração internacional de brasileiros.Autorizações Concedidas a Trabalha<strong>do</strong>res EstrangeirosMarco Normativo e InstitucionalConforme pontua CONFERÊNCIA...(2011), o marco legal de proteção ao trabalha<strong>do</strong>r migrante<strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> é constituí<strong>do</strong> pelos seguintes instrumentos nacionais e internacionais:Convenção sobre Trabalha<strong>do</strong>res Migrantes (Revista), 1949 (nº 97) da <strong>OIT</strong>, ratificadaem junho de 1965;Convenção sobre a Discriminação em Matéria de Emprego e Ocupação, 1958 (nº111) da <strong>OIT</strong>, ratificada em <strong>no</strong>vembro de 1965;Lei nº 6.815, de 19 de agosto de 1980, que define a situação jurídica <strong>do</strong> estrangeiro<strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> (Estatuto <strong>do</strong> Estrangeiro) e cria o Conselho Nacional de Imigração;Decreto nº 86.715, de 10 de dezembro de 1981, que regulamenta a Lei nº 6.815, de19 de agosto de 1980, que define a situação jurídica <strong>do</strong> estrangeiro <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, cria oConselho Nacional de Imigração e dá outras providências;Decreto nº 840, de 22 de junho de 1993, que dispõe sobre a organização e o funcionamento<strong>do</strong> Conselho Nacional de Imigração e dá outras providências.Resoluções <strong>do</strong> Conselho Nacional de Imigração;Convenção Internacional para a proteção <strong>do</strong>s Direitos de To<strong>do</strong>s os Trabalha<strong>do</strong>res Migrantese <strong>do</strong>s Membros das Suas Famílias – a<strong>do</strong>tada pela Resolução 45/158, de 18 deDezembro de 1990, da Assembléia Geral da ONU – em processo de ratificação pelo <strong>Brasil</strong>.Convenção sobre os Trabalha<strong>do</strong>res Migrantes (Disposições Complementares), 1975(nº 143) da <strong>OIT</strong>, em processo de ratificação pelo <strong>Brasil</strong>.Contribuições para a Construção de Políticas Públicas voltadas à Migração para o<strong>Trabalho</strong> – Documento elabora<strong>do</strong> em 2008 por instituições que trabalham com otema das migrações <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> e coordena<strong>do</strong> pelo MTE (CNIg) e <strong>OIT</strong>.A principal atribuição <strong>do</strong> Conselho Nacional de Imigração, de caráter tripartite, <strong>no</strong>s termos<strong>do</strong> Decreto nº 840/93, é “elaborar a Política de Imigração”. De fato, ao longo <strong>do</strong>súltimos a<strong>no</strong>s, o CNIg se consoli<strong>do</strong>u como uma das principais instâncias de formulação depolíticas migratórias <strong>no</strong> país. Em 2008, o CNIg iniciou um procedimento de ampla consultae articulação, tanto nas instâncias governamentais quanto na sociedade civil, comvistas à construção de uma “Política Pública Voltada para a Migração para o <strong>Trabalho</strong>”.Esse processo desenvolveu-se até 2010, quan<strong>do</strong> foi realizada, em parceria com a <strong>OIT</strong>,uma oficina tripartite de trabalho para a elaboração da versão final <strong>do</strong> texto. Em marçodesse mesmo a<strong>no</strong>, foi realizada uma “Mesa” sobre migrações e gênero, a fim de discutirum capítulo especial para as mulheres migrantes. Entre junho e julho de 2010, o texto foidisponibiliza<strong>do</strong> à Consulta Pública, e uma audiência pública foi realizada em São Paulo,com a participação de dezenas de associações de migrantes. Por fim, o texto foi aprova<strong>do</strong>pelo CNIg e pelo Ministro <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> e Emprego, sen<strong>do</strong> encaminha<strong>do</strong> à Casa Civil paraaprovação de Decreto Presidencial.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 225A Política Nacional de Imigração e Proteção ao Trabalha<strong>do</strong>r Migrante, construídade forma tripartite <strong>no</strong> âmbito <strong>do</strong> CNIg, tem por finalidade estabelecer princípios,diretrizes, estratégias e ações em relação aos fluxos migratórios internacionais, comvistas a orientar as entidades e órgãos brasileiros na atuação vinculada ao fenôme<strong>no</strong>migratório, contribuir para a promoção e proteção <strong>do</strong>s Direitos Huma<strong>no</strong>s <strong>do</strong>s migrantese incrementar os vínculos das migrações com o desenvolvimento <strong>do</strong> país. O principalobjetivo da Política é proporcionar que os movimentos migratórios ocorram de formaregular ou <strong>do</strong>cumentada, buscan<strong>do</strong> a proteção <strong>do</strong>s Direitos Huma<strong>no</strong>s e combaten<strong>do</strong>,dessa forma, a prática de tráfico de pessoas, exploração laboral e sexual entre osmigrantes. (CONFERÊNCIA..., 2011).A Evolução das Autorizações Concedidas a Trabalha<strong>do</strong>res EstrangeirosDesde o a<strong>no</strong> de 2010 vem crescen<strong>do</strong> significativamente o número de autorizações de trabalhoestrangeiro105 <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. Segun<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s disponibiliza<strong>do</strong>s pela Coordenação Geral deImigração <strong>do</strong> MTE, entre 2010 e 2011 se elevou de 56.006 para 70.524 o contingente detrabalha<strong>do</strong>res estrangeiros que foram autoriza<strong>do</strong>s a trabalhar <strong>no</strong> país, perfazen<strong>do</strong> um aumentode 25,9% em apenas um a<strong>no</strong>. Conforme pode ser observa<strong>do</strong> na Tabela 78, durante os a<strong>no</strong>s de2008 e 2009 o número de autorizações concedidas situava-se em tor<strong>no</strong> de 43.000.O significativo aumento <strong>do</strong> número de autorizações a partir de 2009 guarda relação diretacom o crescimento econômico e incremento <strong>do</strong>s investimentos <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, sobretu<strong>do</strong>nas atividades industriais, segmentos de petróleo, gás e energia. A crise financeirainternacional, principalmente na Europa, vem aumentan<strong>do</strong> a oferta de trabalha<strong>do</strong>res commaiores níveis de qualificação, o que facilita, portanto, a demanda existente <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> porprofissionais de elevada qualificação e com expertise em segmentos específicos.Os trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> sexo masculi<strong>no</strong> pre<strong>do</strong>minam entre os estrangeiros migrantes quevêm para o país, representan<strong>do</strong> 90,4% <strong>do</strong> total em 2010 e 89,6% em 2011. Essa pequenaredução da participação masculina foi decorrente <strong>do</strong> fato de que entre 2010 e 2011 oaumento relativo foi mais significativo entre as mulheres (+37,5%, ao passar de 5.353 para7.358) <strong>do</strong> que entre os homens (+24,7%, ao variar de 50.653 para 63.166).Tratan<strong>do</strong>-se da categoria de autorizações concedidas, aquelas de natureza temporáriaaumentaram 24,8%, ao passar de 53.441 em 2010 para 66.690 em 2001, enquanto que aspermanentes cresceram quase 50,0%, ao evoluir de 2.565 para 3.834 durante o mesmoperío<strong>do</strong>.Entre os profissionais estrangeiros autoriza<strong>do</strong>s em 2011 a trabalhar temporariamente <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>,17.738 estão liga<strong>do</strong>s ao trabalho a bor<strong>do</strong> de embarcação ou plataforma estrangeira – expansãode 16,7% em comparação ao a<strong>no</strong> de 2010; 14.512 como marítimo estrangeiro emprega<strong>do</strong>a bor<strong>do</strong> de embarcação de turismo estrangeira que opere em águas brasileiras; 12.001 nacondição de artista ou desportista, sem vinculo empregatício (incremento de 41,7% em relaçãoa 2010); 10.715 em assistência técnica, por prazo até 90 dias, sem vínculo empregatício;5.540 em assistência técnica, cooperação técnica e transferência em tec<strong>no</strong>logia, sem vinculoempregatício; 4.615 especialista com vinculo empregatício; e 1.569 em outras ocupações.105 As autorizações de trabalho para profissionais estrangeiros são concedidas com base em Resoluções Normativas <strong>do</strong>Conselho Nacional de Imigração. Tais resoluções são aprovadas por consenso entre os três blocos que compõem oCNIg: Gover<strong>no</strong> (<strong>no</strong>ve ministérios), Centrais Sindicais (5 principais) e Confederações Empresariais (5 principais).Além disso, o CNIg monitora a evolução <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s de autorizações concedidas.


226<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoAcerca da escolaridade <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>ras que receberam autorizaçõesde trabalho temporário em 2011, um contingente de 1.734 era composto por mestres e<strong>do</strong>utores, o equivalente a 2,6% <strong>do</strong> total. Comparativamente ao a<strong>no</strong> de 2010, esse contingente(que era de 584) quase que triplicou. Os estrangeiros com nível superior completoperfaziam 36.517, e representavam mais da metade (54,8%) <strong>do</strong> número total autoriza<strong>do</strong>em 2011 a trabalhar <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. Nesse mesmo a<strong>no</strong>, pouco mais de um terço (35,6%) possuíao ensi<strong>no</strong> médio completo.No âmbito das autorizações permanentes, os vistos concedi<strong>do</strong>s para investi<strong>do</strong>r pessoa físicaaumentaram de 820 em 2010 para 1.020 em 2011, o correspondente a 20,3%. Os vistos paraadministra<strong>do</strong>res, diretores, gerentes e executivos com poderes de gestão e concomitânciaforam amplia<strong>do</strong>s em 14,6%, ao passarem de 1.218 para 1.396 entre 2010 e 2011.TABELA 78NÚMERO DE AUTORIZAÇÕES CONCEDIDAS A ESTRANGEIROSBRASIL, 2008-2011Número de AutorizaçõesConcedidas a EstrangeirosTotalPor SexoHomensMulheresPor CategoriaPermanentesTemporáriosPor Prazo de Concessão(Temporários)Até 90 diasAté 01 A<strong>no</strong>Até 02 a<strong>no</strong>s (c/ contrato de trabalho <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>)Até 02 a<strong>no</strong>s (s/ contrato de trabalho <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>)Análise de Autorizações TemporáriasEstrangeiro p/ trabalho a bor<strong>do</strong> de embarcação ouplataforma estrangeiraEstrangeiro na condição de artista ou desportista,s/ vínculo empregatícioAssistência Técnica por prazo até 90 dias, s/ vínculoempregatícioAssistência Técnica, cooperação ténica e transferênciade tec<strong>no</strong>logia, s/ vínculo empregatícioEspecialista com Vínculo EmpregatícioMarítimo estrangeiro emprega<strong>do</strong> a bor<strong>do</strong> de embarcaçãode turismo estrangeira que opere em águas brasileirasOutrosAnálise de Autorizações PermanentesInvesti<strong>do</strong>r Pessoa FísicaAdministra<strong>do</strong>res. Diretores, Gerentes e Executivos comPoderes de Gestão e ConcomitânciaOutrosA<strong>no</strong>2008 2009 2010 201143.99339.5514.4422.72241.27113.71314.2452.33910.97410.9747.4206.2934.6752.3018.9676411.35795740842.91439.1193.7952.45440.64012.42312.0282.57813.43113.3716.6175.8063.2382.4608.35461492193360043.99339.5514.4422.72241.27113.71314.2452.33910.97410.9747.4206.2934.6752.3018.9676411.35795740842.91439.1193.7952.45440.64012.42312.0282.57813.43113.3716.6175.8063.2382.4608.354614921933600Variação %2010/201125,924,737,549,524,837,718,925,717,416,741,733,530,931,113,036,920,314,6184,2Fonte: MTE - Coordenação Geral de Imigração


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 227Por país de origem, os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s da América foram os que mais solicitaramautorizações de trabalho: foram aproximadamente 10.200 em 2011 (15,0% <strong>do</strong> total). Emseguida, figuravam Filipinas (cerca de 7.800), Rei<strong>no</strong> Uni<strong>do</strong> (em tor<strong>no</strong> de 4.900), Índia(cerca de 4.300) e Alemanha (3.200).É importante destacar que durante o a<strong>no</strong> de 2011 o Conselho Nacional de Imigraçãoconcedeu 711 autorizações para concessão de visto permanente ou residência permanente<strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, em caráter humanitário. Deste contingente, a quase totalidade das autorizações(709) foi concedida a haitia<strong>no</strong>s. Os esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Amazonas (434 pessoas) e Acre (246pessoas) abrigaram a grande maioria desses migrantes acolhi<strong>do</strong>s pelo <strong>Brasil</strong>.No concernente à distribuição territorial, a região Sudeste concentrava 88,2% dasautorizações concedidas (62.178) <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2011, com destaque para São Paulo e Rio deJaneiro, que respondiam por 48,2% e 35,3% <strong>do</strong> total nacional das solicitações de visto <strong>do</strong>trabalho concedidas, respectivamente, conforme Tabela 79.Apesar de responder em 2011 por apenas 4,8% das autorizações laborais para trabalhoestrangeiro <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, é importante destacar o significativo (+190,4%) incremento dasmesmas observa<strong>do</strong> na região Nordeste – de 1.171 para 3.400 entre 2010 e 2011. Osdestaques durante esse perío<strong>do</strong> ficaram por conta <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Norte (de 143 para1.046), Maranhão (34 para 334) e Sergipe (18 para 135).


228<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTABELA 79NÚMERO DE AUTORIZAÇÕES CONCEDIDAS A ESTRANGEIROSBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2010-2011Área Geográfica<strong>Brasil</strong>Região NorteRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsRegião NordesteMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaRegião SudesteMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloRegião SulParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulRegião Centro-OesteMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito FederalNº de Autorizações Concedidas2010201156.003 70.5241.232 1.86036472621.1641.251284021651411451.171 3.4003433479304664143 1.046265420847212261813541966050.948 62.1782.644 1.802383 1.48722.371 24.89725.550 33.9922.317 2.5131.035984322576960953335 573345262474211232293Var. %2010/201125,951,02.033,33.642,97,5300,0440,0180,0309,1190,4882,428,6118,4631,5107,7126,9116,7650,057,522,0-31,8288,311,333,08,5-4,978,9-0,771,01.400,0-7,7185,126,3Participação (%) <strong>no</strong>Total Nacional - 2011100,02,60,10,41,80,00,30,00,14,80,50,00,91,50,10,70,00,20,988,22,62,135,348,23,61,40,81,40,80,10,00,30,4Fonte: MTE - Coordenação Geral de ImigraçãoNa região Norte, o número de autorizações cresceu 51,0% entre 2010 e 2011. O Amazonasrespondia por 1.251 <strong>do</strong> total de 1.860 autorizações concedidas em 2011. No Acre, ocontingente de vistos também cresceu significativamente ao passar de 7 em 2010 para262 em 2011).Ao abrigar 2.513 autorizações em 2011, a região Sul concentrava 3,6% <strong>do</strong> total nacional.A expansão relativa (+8,5%) <strong>no</strong> número de vistos observada entre 2010 e 2011 foi ame<strong>no</strong>r dentre as grandes regiões <strong>do</strong> país. Já <strong>no</strong> Centro-Oeste, o incremento foi expressivo(71,0%), com destaque para o Esta<strong>do</strong> de Goiás, cujo número de autorizações evoluiu de 74para 211 entre os a<strong>no</strong>s de 2010 e 2011.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 229Emigração InternacionalUma das principais i<strong>no</strong>vações <strong>do</strong> Censo Demográfico 2010 foi a investigação sobre onúmero de brasileiros residin<strong>do</strong> <strong>no</strong> exterior. O IBGE (2011b) chama a atenção para o fatode que, nesse levantamento, o volume de emigrantes internacionais está subenumera<strong>do</strong>.No caso específico <strong>do</strong> questionário <strong>do</strong> Censo Demográfico 2010, foi pergunta<strong>do</strong> se algumapessoa que residira anteriormente com algum mora<strong>do</strong>r <strong>do</strong> <strong>do</strong>micílio estaria viven<strong>do</strong> <strong>no</strong>exterior. Algumas limitações que surgem de imediato é o da possibilidade de todas aspessoas que residiam em determina<strong>do</strong> <strong>do</strong>micílio terem emigra<strong>do</strong> ou que aquelas queficaram em território brasileiro tenham vin<strong>do</strong> a falecer. Além disso, pessoas que fizeramo movimento rumo ao exterior há muito tempo podem ser desconsideradas. A ocorrênciadesses fatores implica necessariamente na omissão de emigrantes internacionais.Ainda que apresente a referida questão da submenumeração <strong>do</strong> volume de emigrantes, oconjunto <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Censo 2010 são importantes e elucidativos <strong>do</strong> padrão da emigraçãointernacional.O Censo 2010 registrou um contingente de 491.645 emigrantes, apresentan<strong>do</strong> pre<strong>do</strong>míniode mulheres - 264.902 (53,9% <strong>do</strong> total) em relação aos homens (226.743 ou 46,1% <strong>do</strong> total).A estrutura etária <strong>do</strong>s emigrantes 106 revela que 94,3% possuíam idades compreendidasentre 15 e 59 a<strong>no</strong>s de idade, que corresponde ao segmento populacional em idadepotencialmente ativa. Ademais, é importante ressaltar que a faixa etária de 20 a 34 a<strong>no</strong>srespondia por 60,0% <strong>do</strong> volume de emigração internacional. As mulheres pre<strong>do</strong>minavamem todas as faixas, sen<strong>do</strong> que os maiores percentuais eram observa<strong>do</strong>s entre os emigrantesde 30 a 34 a<strong>no</strong>s (55,9% <strong>do</strong> total) e de 35 a 39 a<strong>no</strong>s (55,8%).Diante da baixa representatividade das crianças com até 14 a<strong>no</strong>s de idade (4,3% <strong>do</strong> total)e <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos com mais de 60 a<strong>no</strong>s de idade (1,4%) entre os emigrantes, é possível inferirque os deslocamentos para o exterior foram realiza<strong>do</strong>s pre<strong>do</strong>minantemente de formaindividual, sem acompanhamento da família, por motivo de trabalho e/ou estu<strong>do</strong>.A identificação <strong>do</strong> local de origem <strong>do</strong>s emigrantes que residiam <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> e foram morar<strong>no</strong> exterior pode ser feita a partir das Unidades da Federação das pessoas que residiamcom os emigrantes, antes da época de partida ao exterior. Conforme os da<strong>do</strong>s dispostos naTabela 80, a região Sudeste respondia por quase a metade (48,9%) <strong>do</strong> fluxo da emigraçãointernacional, com destaque para São Paulo (que enviou 21,6% <strong>do</strong>s emigrantes) e segui<strong>do</strong>por Minas Gerais (16,8%), que se constituíam, em 2010, <strong>no</strong>s esta<strong>do</strong>s de maiores fluxosemissores.106Para obter o padrão etário <strong>do</strong>s emigrantes internacionais o IBGE procedeu um cálculo aproxima<strong>do</strong>, basea<strong>do</strong> <strong>no</strong>a<strong>no</strong> de nascimento <strong>do</strong> emigrante e o a<strong>no</strong> da última partida para residir fora <strong>do</strong> País. (IBGE, 2011b).


230<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTABELA 80NÚMERO E PERCENTUAL DE EMIGRANTES INTERNACIONAIS, POR SEXO,SEGUNDO AS GRANDES REGIÕES E AS UNIDADES DA FEDERAÇÃO DERESIDÊNCIA DAS PESSOAS COM QUEM RESIDIRAM ANTES DE EMIGRAREMBRASIL, 2010Área Geográfica<strong>Brasil</strong>Região NorteRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsRegião NordesteMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaRegião SudesteMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloRegião SulParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulRegião Centro-OesteMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito FederalTotal491.64533.9667.7851.2763.5821.18113.6492.3104.18373.8308.7132.06010.2904.5494.06213.8982.5181.69326.047240.29882.74916.54834.902106.09984.34845.86317.50220.98359.2037.9778.22135.5727.433Emigrantes Internacionais%Homens100,0226.7436,913.9061,63.9150,36050,71.2500,26182,85.1590,59560,91.40315,027.4991,84.2500,47882,13.0770,91.3500,81.5552,84.9640,58400,37035,39.97248,9118.57616,844.0443,47.8647,115.13921,651.52917,240.8849,322.4453,68.4344,310.00512,025.8781,63.7741,73.7387,215.1561,53.210SexoMulheres264.90220.0603.8706712.3325638.4901.3542.78046.3314.4631.2727.2133.1992.5078.9341.67899016.075121.72238.7058.68419.76354.57043.46423.4189.06810.97833.3254.2034.48320.4164.223Fonte: IBGE - Censo 2010, Resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Universo


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 231A região Sul <strong>do</strong> país era o local de residência de onde partiu 17,2% <strong>do</strong>s imigrantes, sen<strong>do</strong>o Paraná o principal esta<strong>do</strong> emissor (9,3%) da mesma e o terceiro mais importante naemigração. A região Nordeste contribuiu com 15,0% das correntes emigratórias, com destaquepara o Esta<strong>do</strong> da Bahia (5,3%).Já a região Centro-Oeste, respondia por 12,0% <strong>do</strong> fluxo de pessoas para o exterior, sen<strong>do</strong>que de Goiás partiram 7,2% <strong>do</strong>s emigrantes – quarto esta<strong>do</strong> com maior volume de saídas.Por fim, a região Norte emitiu apenas 6,9% das pessoas que fixaram residência <strong>no</strong> exterior,sen<strong>do</strong> que a maior participação era observada em Rondônia (1,6% <strong>do</strong> total).Em um conjunto de 25 das 27 Unidades da Federação onde residiam as pessoas que haviammora<strong>do</strong> com indivíduos que migraram ao exterior, o sexo femini<strong>no</strong> era pre<strong>do</strong>minante<strong>no</strong> volume de emigração. As exceções ficaram por conta de Minas Gerais e Roraima. OIBGE (2011b) destaca que explicações possíveis podem ser atribuídas as redes sociais quedão suporte a esses deslocamentos. No primeiro caso, associa<strong>do</strong> à inserção <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> daconstrução civil. No segun<strong>do</strong>, às atividades de garimpo na fronteira <strong>no</strong>rte <strong>do</strong> país.Tratan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> país de desti<strong>no</strong>/residência <strong>do</strong>s emigrantes, o Censo 2010 identificou 193países. Conforme pode ser observa<strong>do</strong> na Tabela 81, apesar da diversificação <strong>do</strong>s desti<strong>no</strong>s,apenas seis países absorveram cerca de 70,0% <strong>do</strong>s emigrantes brasileiros: Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s(23,8%), Portugal (13,4%), Espanha (9,4%), Japão (7,4%) e Inglaterra (6,2%).Mesmo diante da relevância <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s na absorção <strong>do</strong>s fluxos, é importanteressaltar que a Europa abrigava mais da metade (51,4%) <strong>do</strong>s emigrantes provenientes<strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>. Na composição <strong>do</strong>s países de desti<strong>no</strong> por sexo, o continente europeu era maisrepresentativo entre as mulheres (57,3% <strong>do</strong> total) em comparação aos homens (44,6%).Apesar <strong>do</strong>s fluxos comerciais <strong>no</strong> âmbito <strong>do</strong> MERCOSUL, o conjunto <strong>do</strong>s países integrantesabsorviam apenas 3,1% <strong>do</strong>s emigrantes internacionais oriun<strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>: Argentina(1,8%), Paraguai (1,0%) e Uruguai (0,3%).Em alguns continentes e países observava-se seletividade migratória por sexo. Na África,70,6% <strong>do</strong>s emigrantes brasileiros eram <strong>do</strong> sexo masculi<strong>no</strong>, sen<strong>do</strong> que em Angola tal proporçãoalcançava 78,9%. Principalmente <strong>no</strong> caso de Angola, o pre<strong>do</strong>mínio de emigrantesmasculi<strong>no</strong>s guarda relação direta com as oportunidades de trabalho surgidas na área daconstrução civil (setor tipicamente masculiniza<strong>do</strong>), em decorrência da forte presença deconstrutoras brasileiras neste país.Também se observava uma maior representatividade da participação masculina entre osemigrantes brasileiros que passaram a residir na Ásia (57,7% <strong>do</strong> total), com destaque parao Japão (58,5%) e China (57,9%).Entre os/as migrantes brasileiros/as que fixaram residência <strong>no</strong> exterior, observava-se umamplo pre<strong>do</strong>mínio femini<strong>no</strong> na Europa (60,1% <strong>do</strong> total), assumin<strong>do</strong> maior representatividadeprincipalmente <strong>no</strong>s seguintes países de desti<strong>no</strong>: Suíça (73,6%), Noruega (72,7%),Holanda (66,3%), Alemanha e Suécia (65,6%), Itália (65,4%) e Espanha (63,7%).


232<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTABELA 81NÚMERO E PERCENTUAL DE EMIGRANTES INTERNACIONAIS, POR SEXO,SEGUNDO OS CONTINENTES E OS PAÍSES ESTRANGEIROS DE DESTINOBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2010Continentes ePaíses Estrangeirosde Desti<strong>no</strong>Total%Emigrantes InternacionaisSexoHomens%Mulheres%TotalÁfricaÁfrica <strong>do</strong> SulAngolaOutrosAmérica CentralAmérica <strong>do</strong> NorteCanadáEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>sMéxicoAmérica <strong>do</strong> SulArgentinaBolíviaChileGuiana FrancesaParaguaiSurinameUruguaiVenezuelaOutrosÁsiaChinaJapãoOutrosEuropaAlemanhaÁustriaBélgicaEspanhaFrançaHolandaIrlandaItáliaNoruegaPortugalRei<strong>no</strong> Uni<strong>do</strong>SuéciaSuíçaOutrosOceaniaAustráliaNova ZelândiaOutrosSem declaração491.6458.2862.4793.6962.1113.199129.94010.450117.1042.38638.8908.6317.9192.5333.8224.9263.4161.7032.2973.64343.9122.20936.2025.501252.89216.6371.4855.56346.33017.7435.2506.20234.6521.39865.96932.2701.72312.1205.55013.88010.8362.98064646100,01,70,50,80,40,726,42,123,80,57,91,81,60,50,81,00,70,30,50,78,90,47,41,151,43,40,31,19,43,61,11,37,00,313,46,60,42,51,12,82,20,60,00,1226.7435.8491.6172.9501.2822.09864.0045.06157.8571.08620.8203.8754.4341.1652.1562.8632.0148291.4062.07825.3411.27921.1892.873101.0175.7196072.41316.8337.4761.7683.29111.98138228.77115.4195923.1942.5717.2335.5811.62329381100,02,60,71,30,60,928,22,225,50,59,21,72,00,51,01,30,90,40,60,911,20,69,31,344,62,50,31,17,43,30,81,55,30,212,76,80,31,41,13,22,50,70,00,2264.9022.4378627468291.10165.9365.38959.2471.30018.0704.7563.4851.3681.6662.0631.4028748911.56518.57193015.0132.628151.87510.9188783.15029.49710.2673.4822.91122.6711.01637.19816.8511.1318.9262.9796.6475.2551.35735265100,00,90,30,30,30,424,92,022,40,56,81,81,30,50,60,80,50,30,30,67,00,45,71,057,34,10,31,211,13,91,31,18,60,414,06,40,43,41,12,52,00,50,00,1Fonte: IBGE - Censo 2010, Resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Universo


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 233Imigração InternacionalCom base <strong>no</strong> critério de data-fixa, que se refere aos indivíduos que residiam <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> nadata <strong>do</strong> censo, mas que residiam em um país estrangeiro cinco a<strong>no</strong>s antes, o Censo 2010registrou a presença de 268.486 imigrantes internacionais <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. Comparan<strong>do</strong>-se como número de 143.644 imigrantes registra<strong>do</strong>s pelo Censo 2000, constata-se um incrementode 86,7% entre os <strong>do</strong>is levantamentos censitários.O aumento <strong>do</strong> fluxo de imigrantes internacionais ao longo da década de 2000 estevediretamente associa<strong>do</strong> ao desempenho econômico favorável vivencia<strong>do</strong> pelo <strong>Brasil</strong> apartir <strong>do</strong> a<strong>no</strong> de 2003, que apresentou como uma de suas principais repercussões maisdiretas o incremento <strong>do</strong> emprego e da renda, além da atração de <strong>no</strong>vos investimentos.A crise financeira internacional deflagrada durante o último trimestre de 2008 tambémestimulou a imigração, sobretu<strong>do</strong> entre os residentes <strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e <strong>no</strong>s países daZona <strong>do</strong> Euro, em função <strong>do</strong>s efeitos diretos sobre os níveis de produção e emprego.O referi<strong>do</strong> momento favorável e a criação de <strong>no</strong>vas oportunidades de trabalho aumentaramatratividade exercida pelo país, inclusive entre brasileiros que residiam <strong>no</strong> exterior. Comefeito, <strong>do</strong> total <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> contingente de 268.486 imigrantes internacionais, 174.597pessoas nasceram <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, significan<strong>do</strong> que 65,1% <strong>do</strong> fluxo era composto por imigrantesinternacionais de retor<strong>no</strong>. Uma vez que o número de imigrantes internacionais deretor<strong>no</strong> contabiliza<strong>do</strong> pelo Censo 2000 foi de 87.866, observa-se que o mesmo <strong>do</strong>brou <strong>no</strong>comparativo entre os censos de 2000 e 2010.O Sudeste foi a principal região de desti<strong>no</strong> <strong>do</strong>s imigrantes, ao absorver a metade (50,2%)<strong>do</strong> fluxo total capta<strong>do</strong> pelo Censo 2010, com destaque para São Paulo que, isoladamente,foi o <strong>no</strong>vo local de residência para 81.682 <strong>do</strong>s imigrantes internacionais (30,4% <strong>do</strong> total).A região Sul absorveu 23,5% das correntes imigratórias, sen<strong>do</strong> que o Paraná foi a segundaunidade federativa que mais recebeu migrantes oriun<strong>do</strong>s <strong>do</strong> exterior (39.120 pessoas ou14,3% <strong>do</strong> total). A seguir, figuravam as regiões Centro-Oeste (11,5%), Nordeste (8,5%) eNorte (5,9%).Segun<strong>do</strong> o Censo 2010, o principal país de origem <strong>do</strong>s imigrantes foi os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, com51.933 pessoas (19,4% <strong>do</strong> total). Desse número, 84,2% eram imigrantes de retor<strong>no</strong> (nasci<strong>do</strong>s<strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>). Em seguida, figurava o Japão com 41.417 pessoas (15,4% <strong>do</strong> total), sen<strong>do</strong> que89,1% eram brasileiros retorna<strong>do</strong>s. Os outros três principais emissores de migrantes para o<strong>Brasil</strong> eram: Paraguai (24.666), Portugal (21.376) e Bolívia (15.753 pessoas).No caso da Bolívia, é interessante destacar que a participação <strong>do</strong>s imigrantes internacionaisde retor<strong>no</strong> era a me<strong>no</strong>r entre os principais países de origem das correntes imigratórias,sen<strong>do</strong> de apenas 25,4%. Isso significa que, <strong>do</strong> contingente de 15.753 indivíduos queanteriormente residia na Bolívia e que passou a residir <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> entre 2005 e 2010, cercade 11.750 eram bolivia<strong>no</strong>s ou estrangeiros.


234<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoMigração InternaNa visão de Martine (1989) as migrações e a distribuição da população sobre o espaço sãoresultantes, em última instância, da forma como se organiza a atividade econômica numadeterminada sociedade. Ou seja, a grande maioria das pessoas não se desloca e se realocasobre o território nacional “ao sabor <strong>do</strong>s ventos, das fantasias ou <strong>do</strong> gosto pela aventura”.Na realidade, pode-se dizer que, na maioria das vezes, a migração nem reflete as decisõesespontâneas ou o produto da vontade isolada <strong>do</strong>s indivíduos que migram.O autor ainda acrescenta que a distribuição espacial da população obedece ao conjuntodas decisões que são tomadas, seja ao nível <strong>do</strong> poder público, seja ao nível da iniciativaprivada, com relação à localização de atividades econômicas e às formas de organizaçãoda produção e da distribuição. Isso ocorre porque a localização de atividades econômicasdetermina onde haverá disponibilidade de emprego e renda e estes fatores, por sua vez,influenciam o nível e a qualidade de vida das pessoas. De mo<strong>do</strong> geral, as pessoas migramem busca de melhor emprego e renda porque, <strong>no</strong> sistema capitalista, isso é o que lhespermite melhores condições de vida.A análise da migração interna será baseada na informação <strong>do</strong> lugar de residência (Unidadeda Federação) <strong>do</strong> migrante há exatamente cinco a<strong>no</strong>s da data de referência de cada um<strong>do</strong>s censos demográficos de 2000 e 2010.Entre os quinquênios de 1995/2000 e 2005/2010 o volume de migrantes inter<strong>no</strong>spraticamente manteve-se inaltera<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> de 5.196.093 e 5.018.89 pessoas,respectivamente. Levan<strong>do</strong>-se em consideração a intensidade relativa da migração napopulação total, observa-se uma redução na mobilidade espacial 107 da população. Noperío<strong>do</strong> 1995/2000, movimentaram-se 30,6 mil migrantes para cada mil habitantes,enquanto que <strong>no</strong> perío<strong>do</strong> 2005/2010, observaram-se 26,3 mil migrantes para cada milhabitantes. (IBGE, 2012).No âmbito das grandes regiões, o Nordeste seguiu sua trajetória de perdas populacionaispor migração, em que pese o sal<strong>do</strong> migratório (imigrantes me<strong>no</strong>s emigrantes) terapresenta<strong>do</strong> redução de -764.047 para -737.615 entre os qüinqüênios 1995/2000 e2005/2010, de acor<strong>do</strong> com a Tabela 82. Entre as Unidades da Federação, observaram-sealgumas particularidades que merecem destaque:No Piauí, Alagoas e Ceará os sal<strong>do</strong>s migratórios negativos foram intensifica<strong>do</strong>sentre os <strong>do</strong>is referi<strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s de análise.A Bahia, Pernambuco, Paraíba e Maranhão, embora continuassem comresulta<strong>do</strong>s negativos nas trocas populacionais, as perdas diminuíram durante operío<strong>do</strong> 2005/2010. Nos três primeiros esta<strong>do</strong>s, os sal<strong>do</strong>s migratórios negativosdiminuíram em função <strong>do</strong> arrefecimento da emigração, enquanto que <strong>no</strong> Maranhãofoi decorrente <strong>do</strong> aumento <strong>do</strong> volume de imigração.Em Sergipe, verificou-se uma reversão da tendência de perdas – o sal<strong>do</strong> negativo(-4.817) entre 1995/2000 reverteu-se para positivo (+5.201) entre 2005/2010em função <strong>do</strong>s movimentos conjuga<strong>do</strong>s de aumento das entradas de pessoas ediminuição das saídas por emigração.107 Considerou-se como mobilidade espacial da população o volume de imigrantes e emigrantes que se deslocaram<strong>no</strong>s qüinqüênios analisa<strong>do</strong>s. (IBGE, 2012).


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 235Por fim, o Rio Grande <strong>do</strong> Norte se manteve como o único esta<strong>do</strong> <strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong> a apresentarsal<strong>do</strong>s migratórios positivos, ten<strong>do</strong> inclusive <strong>do</strong>bra<strong>do</strong> entre os <strong>do</strong>is perío<strong>do</strong>s,por conta, sobretu<strong>do</strong>, de uma maior retenção populacional (de 6.629 para 13.656).No caso da região Norte, a mobilidade espacial diminuiu, uma vez que tanto o volume deimigrantes quanto o de emigrantes foram reduzi<strong>do</strong>s entre os qüinqüênios em análise. Aindaque tenham diminuí<strong>do</strong> os sal<strong>do</strong>s migratórios negativos, os esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Acre e <strong>do</strong> Parámantiveram sua trajetória de perdas populacionais por migração. A exceção de Rondônia– que apresentou uma relativa estabilidade – em to<strong>do</strong>s os outros esta<strong>do</strong>s da região comsal<strong>do</strong>s migratórios positivos os mesmos diminuíram de intensidade.Em função de concentrar 42,0% da população residente <strong>no</strong> país e 55,3% <strong>do</strong> PIB brasileiroem 2009, a região Sudeste continuava a ser o espaço de maior mobilidade populacional<strong>do</strong> território nacional. Entre os qüinqüênios de 1995/2000 e 2005/2010, a regiãomanteve sua trajetória de arrefecimento <strong>do</strong> sal<strong>do</strong> migratório positivo (de 458.587 para370.288), principalmente em decorrência da diminuição <strong>do</strong> número de imigrantes (de2.120.511 para 1.928.874). Consideran<strong>do</strong>-se as unidades federativas, destacaram-se asseguintes tendências:Ainda que tenha arrefeci<strong>do</strong> os fluxos imigratórios (de 1.223.811 para 1.093.853),São Paulo continuava sen<strong>do</strong> o esta<strong>do</strong> a receber o maior volume de imigrantes e aapresentar o mais eleva<strong>do</strong> sal<strong>do</strong> migratório <strong>do</strong> país – apesar da redução de 339.926para 305.442 durante os qüinqüênios.O esta<strong>do</strong> de Minas Gerais reverteu o sal<strong>do</strong> migratório de +39.124 entre 1995/2000para -19.215 entre 2005/2010, caracterizan<strong>do</strong>-se como área de rotatividade migratória. O sal<strong>do</strong> migratório aumentou significativamente <strong>no</strong> Espírito Santo em função, sobretu<strong>do</strong>,de uma maior retenção populacional.


236<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTABELA 82NÚMERO DE IMIGRANTES, EMIGRANTES E SALDO MIGRATÓRIOBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO - PERÍODOS 1995/2000 E 2005/20101995 / 20002005 / 2010Área GeográficaImigrantesEmigrantesSal<strong>do</strong>MigratórioImigrantesEmigrantesSal<strong>do</strong>Migratório<strong>Brasil</strong>Região NorteRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsRegião NordesteMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaRegião SudesteMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloRegião SulParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulRegião Centro-OesteMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal5.196.093556.39383.32513.63489.62747.752182.04344.58295.4301.055.921100.81688.740162.92577.916102.005164.87155.96652.111250.5712.120.511447.782129.169319.7491.223.811610.359297.311199.653113.395852.91097.709166.299372.702216.2005.196.093493.70872.73516.07058.65714.379234.23915.11382.5151.819.968274.469140.815186.71071.287163.485280.290127.94856.928518.0361.661.924408.65895.168274.213883.885629.555336.998139.667152.890590.939108.738123.724169.900188.577062.68510.590-2.43630.97033.373-52.19629.46912.915-764.047-173.653-52.075-23.7856.629-61.480-115.419-71.982-4.817-267.465458.58739.12434.00145.536339.926-19.196-39.68759.986-39.495261.971-11.02942.575202.80227.6235.018.898497.98570.28715.39277.68026.919177.56939.23590.9031.023.746118.42378.763122.73073.092101.835162.44959.10856.498250.8481.928.874405.755138.478290.7881.093.853726.331293.471317.730115.130841.960105.540154.758384.346197.3165.018.898463.23859.61116.23855.36013.013217.77617.57483.6661.761.361287.672153.385195.03559.436136.945241.825140.37951.297495.3871.558.586424.97077.594267.611788.411651.703319.759143.618188.326584.01088.722135.931170.431188.926034.74710.676-84622.32013.906-40.20721.6617.237-737.615-169.249-74.622-72.30513.656-35.110-79.376-81.2715.201-244.539370.288-19.21560.88423.177305.44274.628-26.288174.112-73.196257.95016.81818.827213.9158.390Fonte: IBGE - Resulta<strong>do</strong>s Gerais da Amostra <strong>do</strong> Censo 2010A região Sul se destacava por ser a única <strong>do</strong> país a apresentar aumento da mobilidadeespacial durante o perío<strong>do</strong> em análise. O significativo incremento (59,1%) observa<strong>do</strong> <strong>no</strong>número de imigrantes <strong>no</strong> esta<strong>do</strong> de Santa Catarina (que passou de 199.653 para 317.730)foi determinante <strong>no</strong> referi<strong>do</strong> aumento da mobilidade regional e também para que o sal<strong>do</strong>migratório estadual praticamente triplicasse – ao evoluir de 59.986 para 174.112.O Paraná continuou seguin<strong>do</strong> a trajetória de perdas populacionais, mas observou-se umadiminuição <strong>no</strong> sal<strong>do</strong> migratório negativo. No caso <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul, o sal<strong>do</strong> de perdasmigratórias intensificou-se.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 237Na região Centro-Oeste o volume de migrantes apresentou relativa estabilidade entre osqüinqüênios. O Mato Grosso <strong>do</strong> Sul que havia sofri<strong>do</strong> perdas populacionais por migraçãoentre 1995/2000 (sal<strong>do</strong> de -11.029) reverteu a tendência durante a segunda metade <strong>do</strong>s a<strong>no</strong>s2000 e passou a apresentar sal<strong>do</strong> positivo (+16.818). No Distrito Federal e <strong>no</strong> Mato Grosso ossal<strong>do</strong>s migratórios continuaram positivos ainda que tenha reduzi<strong>do</strong> de intensidade.O Esta<strong>do</strong> de Goiás manteve sua posição de área da região Centro-Oeste que mais absorviaimigrantes, ten<strong>do</strong> inclusive incrementa<strong>do</strong> o sal<strong>do</strong> migratório – de 202.802 em 1995/2000para 213.915 em 2005/2010.Em função <strong>do</strong> dinamismo econômico recente vivencia<strong>do</strong> pelo <strong>Brasil</strong> e da melhoria dascondições de vida da população, faz-se importante analisar os fluxos de migração deretor<strong>no</strong> <strong>no</strong> país.Segun<strong>do</strong> o IBGE (2012), os migrantes de retor<strong>no</strong> totalizaram 1.144.211 pessoas entre 1995e 2000 e 1.230.525 <strong>no</strong> qüinqüênio 2005/2010, representan<strong>do</strong> 22,0% e 24,5% <strong>no</strong> total demigrantes <strong>do</strong> país, respectivamente.A região Nordeste se destacou <strong>no</strong>s <strong>do</strong>is qüinqüênios por abrigar 44,1% (em 1995/2000)e 41,0% <strong>do</strong>s imigrantes de retor<strong>no</strong> (Tabela 83). A exceção de Sergipe, ainda que tenhaarrefeci<strong>do</strong> em to<strong>do</strong>s os outros os esta<strong>do</strong>s em comparação ao qüinqüênio 1995/2000 asproporções de retorna<strong>do</strong>s seguiam elevadas durante o perío<strong>do</strong> de 2005/2010 na maioria<strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s <strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong>s: Ceará (46,6%), Maranhão (43,5%), Paraíba (43,0%), Piauí(41,7%), Bahia (41,4%), Alagoas (41,2%) e Pernambuco (40,3%).A intensidade <strong>do</strong>s fluxos imigratórios de retor<strong>no</strong> para o Nordeste é decorrente da conjugaçãode <strong>do</strong>is movimentos. O primeiro, guarda relação com a relativa perda de atratividadeexercida pelo esta<strong>do</strong> de São Paulo - principal pólo de absorção <strong>do</strong>s migrantes <strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong>s– decorrente da redução da sua capacidade de absorver mão de obra, conforme ocorreranas décadas de 1970 e 1980. O segun<strong>do</strong> e mais importante movimento está associa<strong>do</strong> àatração <strong>no</strong> local de origem. A região Nordeste recebeu <strong>no</strong>vos investimentos produtivos,inclusive de grande porte, e alguns centros dinâmicos na sua eco<strong>no</strong>mia passaram aexercer atratividade. Ademais, a expansão <strong>do</strong> Programa Nacional de Fortalecimento daAgricultura Familiar (PRONAF), a criação e ampliação da cobertura <strong>do</strong> Programa BolsaFamília e de outros programas sociais, a ampliação <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de consumo inter<strong>no</strong> e osurgimento de <strong>no</strong>vas oportunidades de trabalho, a redução da pobreza e a melhoria dascondições de vida passaram a reter população.Na região Norte, à exceção <strong>do</strong> Acre (que apresentou estabilidade) to<strong>do</strong>s os demais esta<strong>do</strong>sapresentaram aumento na proporção de retorna<strong>do</strong>s, com destaque para Rondônia (de7,4% para 13,1% entre os qüinqüênios) e Pará (de 15,5% para 19,4%).Já na região Sudeste, a proporção de migrantes retorna<strong>do</strong>s quase que <strong>do</strong>brou em São Pauloao passar de 9,7% entre 1995/2000 para 18,9% entre 2005/2010. Observou-se aumentotambém <strong>no</strong> Rio de Janeiro (de 15,7% para 20,3%). No esta<strong>do</strong>s de Minas Gerais e EspíritoSanto as proporções de imigrantes de retor<strong>no</strong> reduziram. Entretanto, vale ressaltar queapesar da redução Minas Gerais seguia apresentan<strong>do</strong> a maior proporção de retorna<strong>do</strong>s(32,9%) da região Sudeste em 2005/2010.


238<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTABELA 83NÚMERO DE IMIGRANTES DE RETORNO E PARTICIPAÇÃO RELATIVA NO TOTAL DE IMIGRANTESBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 1995/2000 E 2005/2010Imigrantes de retor<strong>no</strong>Área Geográfica1995 / 2000 2005 / 2010Participação Relativa <strong>no</strong> Total de Imigrantes (%)1995 / 2000 2005 / 2010<strong>Brasil</strong>Região NorteRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsRegião NordesteMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaRegião SudesteMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloRegião SulParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulRegião Centro-OesteMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal1.144.21163.9436.1942.8648.9311.02028.2412.32714.366465.69944.04241.31179.57428.00550.64975.00523.83013.756109.527352.782162.42122.00050.027118.334171.95995.93535.29040.73489.82815.03710.74054.5509.5011.230.52579.0299.2363.12110.6292.15734.4513.25816.177419.59051.45732.84457.17624.74743.78265.50024.36715.960103.757422.562133.61223.21759.025206.708193.12294.80847.44650.868116.22019.91316.47659.03920.79222,011,57,421,010,02,115,55,215,144,143,746,648,835,949,745,542,626,443,716,636,317,015,79,728,232,317,735,910,515,46,514,64,424,515,913,120,313,78,019,48,317,841,043,541,746,633,943,040,341,228,341,421,932,916,820,318,926,632,314,944,213,818,910,715,410,5Fonte: IBGE - Resulta<strong>do</strong>s Gerais da Amostra <strong>do</strong> Censo 2010Na região Sul, a migração de retor<strong>no</strong> era bastante representativa <strong>no</strong> Paraná (32,3%) <strong>no</strong>s<strong>do</strong>is qüinqüênios e sobretu<strong>do</strong> <strong>no</strong> Rio Grande Sul que apresentou uma expansão de 35,9%em 1995/2000 para 44,2% em 2005/2010 – neste último perío<strong>do</strong>, era a segunda maiorproporção <strong>do</strong> país, atrás apenas <strong>do</strong> Ceará (46,6%).Em to<strong>do</strong>s os esta<strong>do</strong>s da região Centro-Oeste as proporções de retorna<strong>do</strong>s foram incrementadasentre os <strong>do</strong>is perío<strong>do</strong>s em análise, sen<strong>do</strong> mais expressiva <strong>no</strong> Distrito Federal(de 4,4% para 10,5%).


PErFIL DO TrABALhO DECENTE NO BrASIL: UM OLHAR SOBRE AS UNIDADES DA FEDERAçÃO 239PESSOAS COM DEFICIÊNCIASegun<strong>do</strong> o <strong>Relatório</strong> Mundial sobre a Deficiência publica<strong>do</strong> pela Organização Mundialda Saúde (OMS) <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2011, estima-se que um bilhão de pessoas vive com algumtipo de deficiência, o correspondente a 15,0% da população mundial. Deste contingente,cerca de 200 milhões apresentam sérias dificuldades em realizar atividades básicas paraa sobrevivência.A Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovadaem 2006 e que entrou em vigor em maio de 2008, aponta <strong>no</strong> seu Artigo 27 as bases paraa promoção <strong>do</strong>s direitos das pessoas com deficiência na área <strong>do</strong> trabalho e emprego, conformeBox a seguir.Convenção das Nações Unidas sobre osDireitos das Pessoas com DeficiênciaArtigo 27<strong>Trabalho</strong> e emprego1. Os Esta<strong>do</strong>s Partes reconhecem o direito das pessoas com deficiência ao trabalho, emigualdade de oportunidades com as demais pessoas. Esse direito abrange o direito àoportunidade de se manter com um trabalho de sua livre escolha ou aceitação <strong>no</strong> merca<strong>do</strong>laboral, em ambiente de trabalho que seja aberto, inclusivo e acessível a pessoas comdeficiência. Os Esta<strong>do</strong>s Partes salvaguardarão e promoverão a realização <strong>do</strong> direito aotrabalho, inclusive daqueles que tiverem adquiri<strong>do</strong> uma deficiência <strong>no</strong> emprego, a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong>medidas apropriadas, incluídas na legislação, com o fim de, entre outros:a) Proibir a discriminação baseada na deficiência com respeito a todas as questões relacionadascom as formas de emprego, inclusive condições de recrutamento, contratação e admissão,permanência <strong>no</strong> emprego, ascensão profissional e condições seguras e salubres de trabalho;b) Proteger os direitos das pessoas com deficiência, em condições de igualdade com asdemais pessoas, às condições justas e favoráveis de trabalho, incluin<strong>do</strong> iguais oportunidadese igual remuneração por trabalho de igual valor, condições seguras e salubres de trabalho,além de reparação de injustiças e proteção contra o assédio <strong>no</strong> trabalho;c) Assegurar que as pessoas com deficiência possam exercer seus direitos trabalhistas esindicais, em condições de igualdade com as demais pessoas;d) Possibilitar às pessoas com deficiência o acesso efetivo a programas de orientação técnicae profissional e a serviços de colocação <strong>no</strong> trabalho e de treinamento profissional e continua<strong>do</strong>;e) Promover oportunidades de emprego e ascensão profissional para pessoas com deficiência<strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho, bem como assistência na procura, obtenção e manutenção <strong>do</strong>emprego e <strong>no</strong> retor<strong>no</strong> ao emprego;f) Promover oportunidades de trabalho autô<strong>no</strong>mo, empreende<strong>do</strong>rismo, desenvolvimento decooperativas e estabelecimento de negócio próprio;g) Empregar pessoas com deficiência <strong>no</strong> setor público;h) Promover o emprego de pessoas com deficiência <strong>no</strong> setor priva<strong>do</strong>, mediante políticas e medidasapropriadas, que poderão incluir programas de ação afirmativa, incentivos e outras medidas;


240PErFIL DO TrABALhO DECENTE NO BrASIL: UM OLHAR SOBRE AS UNIDADES DA FEDERAçÃOi) Assegurar que adaptações razoáveis sejam feitas para pessoas com deficiência <strong>no</strong> local detrabalho;j) Promover a aquisição de experiência de trabalho por pessoas com deficiência <strong>no</strong> merca<strong>do</strong>aberto de trabalho;k) Promover reabilitação profissional, manutenção <strong>do</strong> emprego e programas de retor<strong>no</strong> aotrabalho para pessoas com deficiência.2. Os Esta<strong>do</strong>s Partes assegurarão que as pessoas com deficiência não serão mantidas emescravidão ou servidão e que serão protegidas, em igualdade de condições com as demaispessoas, contra o trabalho força<strong>do</strong> ou compulsório.Fonte: United Nations – EnableDisponível em: http://www.un.org/disabilities/<strong>do</strong>cuments/natl/portugal-c.<strong>do</strong>cO Contingente de Pessoas com Deficiência <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>Os recém divulga<strong>do</strong>s Resulta<strong>do</strong>s Gerais da Amostra <strong>do</strong> Censo Demográfico 2010 <strong>do</strong> IBGEpermitem atualizar as informações sobre a realidade das pessoas com deficiência <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>e fornecem importantes insumos para subsidiar as políticas públicas de inclusão social ede promoção <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> desse segmento da população.O levantamento censitário de 2010 identificou um contingente de 45,6 milhões de pessoascom pelo me<strong>no</strong>s umas das deficiências investigadas (visual 108 , auditiva 109 , motora 110 e mental/intelectual111 ), o correspondente a 23,9% da população brasileira.A região Nordeste apresentava a maior proporção de pessoas com pelo me<strong>no</strong>s uma das<strong>do</strong>enças investigadas (26,6%) <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2010, enquanto que as regiões Centro-Oeste e Sulapresentavam o me<strong>no</strong>r percentual de incidência (22,5%), segun<strong>do</strong> Tabela 84.108 Foi pesquisa<strong>do</strong> se a pessoa tinha dificuldade permanente de enxergar (avaliada com o uso de óculos ou lentesde contato, <strong>no</strong> caso da pessoa utilizá-los), de acor<strong>do</strong> com a seguinte classificação: não consegue de mo<strong>do</strong> algum- para a pessoa que declarou ser permanentemente incapaz de enxergar; grande dificuldade - para a pessoa quedeclarou ter grande dificuldade permanente de enxergar, ainda que usan<strong>do</strong> óculos ou lentes de contato; algumadificuldade - para a pessoa que declarou ter alguma dificuldade permanente de enxergar, ainda que usan<strong>do</strong>óculos ou lentes de contato; ou nenhuma dificuldade - para a pessoa que declarou não ter qualquer dificuldadepermanente de enxergar, ainda que precisan<strong>do</strong> usar óculos ou lentes de contato. (IBGE, 2012).109 Se a pessoa tinha dificuldade permanente de ouvir (avaliada com o uso de aparelho auditivo, <strong>no</strong> caso da pessoautilizá-lo), de acor<strong>do</strong> com a seguinte classificação: não consegue de mo<strong>do</strong> algum - para a pessoa que declarouser permanentemente incapaz de ouvir; grande dificuldade - para a pessoa que declarou ter grande dificuldadepermanente de ouvir, ainda que usan<strong>do</strong> aparelho auditivo; alguma dificuldade - para a pessoa que declarou teralguma dificuldade permanente de ouvir, ainda que usan<strong>do</strong> aparelho auditivo; ou nenhuma dificuldade - para apessoa que declarou não ter qualquer dificuldade permanente de ouvir, ainda que precisan<strong>do</strong> usar aparelho auditivo.110 Investigou-se se a pessoa tinha dificuldade permanente de caminhar ou subir escadas (avaliada com o uso de prótese,bengala ou aparelho auxiliar, <strong>no</strong> caso da pessoa utilizá-lo), de acor<strong>do</strong> com a seguinte classificação: não consegue demo<strong>do</strong> algum - para a pessoa que declarou ser permanentemente incapaz, por deficiência motora, de caminhar e/ousubir escadas sem a ajuda de outra pessoa; grande dificuldade - para a pessoa que declarou ter grande dificuldadepermanente de caminhar e/ou subir escadas sem a ajuda de outra pessoa, ainda que usan<strong>do</strong> prótese, bengala ouaparelho auxiliar; alguma dificuldade - para a pessoa que declarou ter alguma dificuldade permanente de caminhare/ou subir escadas sem a ajuda de outra pessoa, ainda que usan<strong>do</strong> prótese, bengala ou aparelho auxiliar; ou nenhumadificuldade - para a pessoa que declarou não ter qualquer dificuldade permanente de caminhar e/ou subir escadas sema ajuda de outra pessoa, ainda que precisan<strong>do</strong> usar prótese, bengala ou aparelho auxiliar.111 Foi pesquisa<strong>do</strong> se a pessoa tinha alguma deficiência mental ou intelectual permanente que limitasse as suasatividades habituais, como trabalhar, ir à escola, brincar etc. Não se considerou como deficiência mental asperturbações ou <strong>do</strong>enças mentais como autismo, neurose, esquizofrenia e psicose.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 241TABELA 84POPULAÇÃO TOTAL E POPULAÇÃO COM PELO MENOS UMA DAS DEFICIÊNCIASINVESTIGADAS E PERCENTUAL DA POPULAÇÃO COM PELO MENOS UMA DEFICIÊNCIABRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2010Área GeográficaPopulação Total% da População compelo me<strong>no</strong>s uma dasdeficiências investigadas% da População compelo me<strong>no</strong>s uma dasdeficiências investigadas<strong>Brasil</strong>Região NorteRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsRegião NordesteMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaRegião SudesteMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloRegião SulParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulRegião Centro-OesteMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal190.755.79915.864.4541.562.409733.5593.483.985450.4797.581.051669.5261.383.44553.081.9506.574.7893.118.3608.452.3813.168.0273.766.5288.796.4483.120.4942.068.01714.016.90680.364.41019.597.3303.514.95215.989.92941.262.19927.386.89110.444.5266.248.43610.693.92914.058.0942.449.0243.035.1226.003.7882.570.16045.606.0483.654.137345.580165.892790.64795.5101.790.289158.770307.44914.130.7171.641.771859.6272.340.329882.0221.045.9622.425.900859.707518.5683.556.83218.499.9094.432.186823.7303.899.8859.344.1096.159.6702.280.5481.330.7042.548.4183.161.616525.979669.0421.392.790573.80523,923,022,122,622,721,223,623,722,226,625,027,627,727,827,827,627,625,125,423,022,623,424,422,622,521,821,323,822,521,522,023,222,3Fonte: IBGE - Resulta<strong>do</strong>s Gerais da Amostra <strong>do</strong> Censo 2010


242<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoEntre as Unidades da Federação, os maiores percentuais se faziam presentes <strong>no</strong> Rio Grande<strong>do</strong> Norte e Paraíba (ambas com 27,8%) e Ceará (27,7%). As me<strong>no</strong>res incidências depessoas com pelo me<strong>no</strong>s uma das deficiências investigadas eram observadas em Roraima(21,2%), Santa Catarina (21,3%) e Mato Grosso <strong>do</strong> Sul (21,5%).Seguin<strong>do</strong> recomendações internacionais, o IBGE investigou os graus de severidade decada deficiência com o intuito de delimitar o público-alvo com deficiência severa, que foiconsidera<strong>do</strong> como o conjunto das pessoas que para as deficiências visual, auditiva e motora,quan<strong>do</strong> indaga<strong>do</strong>s se tinham dificuldade de enxergar, ouvir e de caminhar ou subirescadas respectivamente, declararam as opções de resposta “sim, grande dificuldade” ou“sim, não consegue de mo<strong>do</strong> algum”. Também considerou-se com deficiência severa oconjunto das pessoas com deficiência mental/intelectual.Em consonância com o conjunto das deficiências investigadas, a região Nordeste tambémabrigava os maiores percentuais de pessoas com deficiência severa: 4,1% para a deficiênciavisual severa, 2,6% <strong>no</strong> caso da deficiência motora severa e 1,6% para a mental/intelectualsevera, segun<strong>do</strong> Tabela 85. Tratan<strong>do</strong>-se da auditiva severa, o percentual observa<strong>do</strong> naregião Nordeste (1,2%) era igual ao da região Sul.No contexto das Unidades da Federação, os maiores percentuais de deficiência visual severaeram verifica<strong>do</strong>s <strong>no</strong> Piauí (4,7%) e Alagoas (4,6%) enquanto que os me<strong>no</strong>res percentuaisse faziam presentes <strong>no</strong> Distrito Federal e em São Paulo (2,9%).Tratan<strong>do</strong>-se da deficiência motora severa, a incidência era maior entre a população residenteem Alagoas (3,1%) e Pernambuco (2,8%) e me<strong>no</strong>r em Rondônia (1,6%).A deficiência auditiva severa era mais incidente <strong>no</strong>s esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Piauí e Ceará (1,4%), sen<strong>do</strong>que se fazia me<strong>no</strong>s presente <strong>no</strong> Amapá e Amazonas (0,8%).Por fim, a deficiência mental/intelectual era mais incidente em Alagoas (1,9%) e <strong>no</strong> Acre(1,7%) e assumia me<strong>no</strong>r proporção <strong>no</strong> Amapá (0,9%).


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 243TABELA 85NÚMERO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA SEVERA E PERCENTUAL DE INCIDÊNCIA NA POPULAÇÃOBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2010Área Geográfica<strong>Brasil</strong>Região NorteRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsRegião NordesteMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaRegião SudesteMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloRegião SulParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulRegião Centro-OesteMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito FederalNúmero de Pessoas com Deficiência SeveraVisual Auditiva Motora Mental6.562.910573.27248.50526.553121.25914.732286.41226.10649.7062.188.882281.851146.231374.019135.613150.670368.129143.10479.225510.0392.496.880636.328120.607536.5921.203.353861.962321.619188.459351.885441.91473.35796.583197.48974.4832.143.173146.29613.5177.34829.2703.94371.3505.65915.208657.46874.08942.204115.67741.80848.378111.75140.80923.336159.414867.782231.60636.238163.883436.054330.426119.19472.524138.708141.20124.42027.05067.37522.3564.433.350289.18425.63513.82759.7437.102146.81011.84724.2171.369.017146.51581.645223.88586.46016.880247.43595.99049.123330.9111.828.930483.06386.340393.247866.279676.369243.219147.957285.193269.85151.78151.418124.13142.5212.611.536183.58719.09612.10538.6714.91684.1946.34318.263826.17096.68550.876125.35352.02862.058138.67759.85329.239211.4021.053.910300.67647.313202.991502.931378.124143.37671.956162.792169.74332.48833.36775.85328.035% de Incidência de Pessoas comDeficiência Severa na PopulaçãoVisual3,43,63,13,63,53,33,83,93,64,14,34,74,44,34,04,24,63,83,63,13,23,43,42,93,13,13,03,33,13,03,23,32,9Auditiva1,10,90,91,00,80,90,90,81,11,21,11,41,41,31,31,31,31,11,11,11,21,01,01,11,21,11,21,31,01,00,91,10,9Motora2,31,81,61,91,71,61,91,81,82,62,22,62,62,72,82,83,12,42,42,32,52,52,52,12,52,32,42,71,92,11,72,11,7Mental1,41,21,21,71,11,11,10,91,31,61,51,61,51,61,61,61,91,41,51,31,51,31,31,21,41,41,21,51,21,31,11,31,1Fonte: IBGE - Resulta<strong>do</strong>s Gerais da Amostra <strong>do</strong> Censo 2010


244<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoA Evolução <strong>do</strong> Emprego Formal para Pessoas comDeficiênciaSegun<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s da RAIS, o número de vínculos empregatícios de pessoas com deficiência<strong>no</strong> merca<strong>do</strong> formal de trabalho diminuiu de 348.818 em 2007 para 306.013 em 2010,perfazen<strong>do</strong> um declínio de -12,3%, com base nas informações que constam na Tabela 86.A redução foi bem mais significativa entre as mulheres (-18,5%) <strong>do</strong> que entre os homens(-8,6%). Vale ressaltar que, durante esse mesmo perío<strong>do</strong>, o número total de empregosformais aumentou em 17,3% ao passar de 37.607.430 para 44.068.355 – incremento de6.460.925.Em função dessas tendências opostas, a já ínfima participação de pessoas com deficiência<strong>no</strong> total <strong>do</strong> emprego formal diminuiu de 0,9% em 2007 para 0,7% em 2010.Entre as Grandes Regiões, apenas a Norte apresentou expansão (+7,3%) de vínculosempregatícios de Pessoas com Deficiência (PCD) entre 2007 e 2010. Nas demais regiões,os declínios mais significativos ocorreram <strong>no</strong> Centro-Oeste (-65,5%) e <strong>no</strong> Sudeste (-13,1%).A magnitude da redução <strong>do</strong> emprego formal de PCD na região Centro-Oeste foi bastantecondicionada pela contração verificada em Goiás (-77,7%) durante o perío<strong>do</strong> em análise.Em termos relativos, a diminuição também foi expressiva <strong>no</strong> Mato Grosso <strong>do</strong> Sul (-40,9%)e <strong>no</strong> Mato Grosso (-30,1%). A exceção regional foi o Distrito Federal, cujo número devínculos de PCD foi amplia<strong>do</strong> em 35,3%, ao passar de 7.664 em 2007 para 10.371 em 2010.Consideran<strong>do</strong>-se o conjunto das Unidades da Federação (UFs), observa-se uma situaçãome<strong>no</strong>s desfavorável <strong>do</strong> que aquela apontada quan<strong>do</strong> da análise acerca da tendênciadas grandes regiões, já que o emprego para PCD se expandiu em 15 das 27 UFs entreos a<strong>no</strong>s de 2007 e 2010. Dentre aquelas nas quais ocorreu expansão, destacam-se trêsda região Norte: Roraima (+132,5%), Acre (+119,0%) e Amapá (+93,4%). Vale enfatizarque a magnitude relativa <strong>do</strong> crescimento nessas três UFs foi bastante condicionada pelopeque<strong>no</strong> número de empregos de PCD existentes em 2007, os três me<strong>no</strong>res contingentes<strong>do</strong> país: 120, 200 e 316, respectivamente 112 .Merece destaque ainda a expansão <strong>do</strong> emprego para PCD ocorri<strong>do</strong> <strong>no</strong> Rio Grande <strong>do</strong>Norte (+60,1%), Maranhão (43,9%), Piauí (+43,5%) e Alagoas (+37,1%). Nesse contexto,observa-se que UFs das regiões Norte e Nordeste pre<strong>do</strong>minavam entre aquelas (11 das 15)com incremento <strong>do</strong>s postos de trabalho formais para PCD.112 Nessas situações, o incremento absoluto entre os perío<strong>do</strong>s são mais propícios a proporcionar uma maior variaçãorelativa já que é calcula<strong>do</strong> sobre uma base me<strong>no</strong>r.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 245TABELA 86NÚMERO DE EMPREGOS EM 31 DE DEZEMBRO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIAINSERIDAS NO MERCADO FORMAL DE TRABALHOBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2007 E 2010Área GeográficaTotal2007HomensMulheresTotal2010HomensMulheresVariação (%) 2007/2010Total Homens Mulheres<strong>Brasil</strong>Região NorteRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsRegião NordesteMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaRegião SudesteMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloRegião SulParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulRegião Centro-OesteMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal348.81811.3101.3092003.7251204.84631679460.1103.7961.5428.7332.9135.36212.2651.8662.24321.390168.30540.2245.29017.420105.37160.94421.05920.53319.35248.1494.9604.43331.0927.664218.9228.0348881482.503823.65020855539.4422.4671.1395.7481.8174.3157.0731.5271.74013.616107.03024.3893.62611.93267.08340.40713.56913.80913.02924.0093.4563.15812.5904.805129.8963.276421521.222381.19610823920.6681.3294032.9851.0961.0475.1923395037.77461.27515.8351.6645.48838.28820.5377.4906.7246.32324.1401.5041.27518.5022.859306.01312.1381.3534384.0022794.76361169258.1705.4642.21311.0454.6654.37914.1432.5582.18511.518155.93829.2325.89320.508100.30556.44219.74215.07121.62923.3252.9323.0976.92510.371200.1938.5859983312.6391883.46245850937.5413.6141.6047.2013.2812.9827.7231.9491.4177.770102.68819.2473.81813.51566.10836.38512.5749.64514.16614.9942.0822.1834.4256.304105.8203.5533551071.363911.30115318320.6291.8506093.8441.3841.3976.4206097683.74853.2509.9852.0756.99334.19720.0577.1685.4267.4638.3318509142.5004.067-12,37,33,4119,07,4132,5-1,793,4-12,8-3,243,943,526,560,1-18,315,337,1-2,6-46,2-7,3-27,311,417,7-4,8-7,4-6,3-26,611,8-51,6-40,9-30,1-77,735,3-8,66,912,4123,65,4129,3-5,2120,2-8,3-4,846,540,825,380,6-30,99,227,6-18,6-42,9-4,1-21,15,313,3-1,5-10,0-7,3-30,28,7-37,5-39,8-30,9-64,931,2-18,58,5-15,7105,811,5139,58,841,7-23,4-0,239,251,128,826,333,423,779,652,7-51,8-13,1-36,924,727,4-10,7-2,3-4,3-19,318,0-65,5-43,5-28,3-86,542,3Fonte: MTE - RAISElaboração: CGET/DES/SPPE/MTE


246<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoFugin<strong>do</strong> à tendência observada em sete <strong>do</strong>s oito demais esta<strong>do</strong>s <strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong>s, a Bahiaapresentou um expressivo declínio (-46,2%) <strong>do</strong> número de vínculos empregatícios paraPCD: de 21.390 em 2007 para 11.518 em 2010. Essa foi a segunda mais contundente contraçãoobservada entre as UFs, atrás apenas da já mencionada redução observada emGoiás (-77,7%). Tal contração observada na Bahia contribuiu decisivamente para o peque<strong>no</strong>declínio (-3,2%) <strong>do</strong>s vínculos de PCD experimenta<strong>do</strong> pela região Nordeste, já que, àexceção de Sergipe, to<strong>do</strong>s os outros esta<strong>do</strong>s <strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong>s registraram expansão, conformemenciona<strong>do</strong> anteriormente.Apesar <strong>do</strong> crescimento <strong>do</strong>s vínculos empregatícios em 15 UFs durante o perío<strong>do</strong> em análise,em nenhuma das 27 UFs brasileiras o contingente de PCD <strong>no</strong> total <strong>do</strong> emprego formalalcançava sequer 1,0% <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2010, conforme pode ser constata<strong>do</strong> na Tabela 87. Aparticipação percentual variava de 0,4% <strong>no</strong> Acre, Rondônia e Roraima até o máximo de0,9% <strong>no</strong> Distrito Federal, Maranhão e Pernambuco.Vale destacar que a redução <strong>do</strong> emprego formal para PCD entre os a<strong>no</strong>s de 2007 e 2010não pode ser diretamente atribuída à inatividade e/ou ampliação da cobertura de benefíciossociais, a exemplo <strong>do</strong> Benefício de Prestação Continuada (BPC). Com efeito, segun<strong>do</strong>os da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Censo 2010, apenas consideran<strong>do</strong>-se o universo de pessoas com deficiênciasevera, um contingente de 363 mil PCD estavam na condição de desocupadas <strong>no</strong> país, ouseja, sem ocupação e procuran<strong>do</strong> trabalho. Ademais, a Taxa de Desocupação era de 7,4%entre as pessoas com deficiência severa.A título de informação é importante mencionar que, desde o a<strong>no</strong> de 2011, de acor<strong>do</strong> coma Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), Lei nº 8742 de 07/12/1993 alterada pelasLeis nº 12.435 de 06/07/2011 e nº 12.470, de 31/08/2011, as pessoas com deficiência,beneficiárias <strong>do</strong> BPC que entram <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho, passam a ter o direito de retornarao benefício em caso de saída <strong>do</strong> emprego. Durante o perío<strong>do</strong> em que a pessoa comdeficiência estiver exercen<strong>do</strong> atividade remunerada o benefício ficará suspenso e poderáter sua continuidade requerida quan<strong>do</strong> a relação trabalhista for extinta. Outro acesso àsituação de trabalho possível às pessoas com deficiência, beneficiárias <strong>do</strong> BPC com idadea partir de 14 a<strong>no</strong>s, é o Contrato como Aprendiz, que permite o recebimento concomitante<strong>do</strong> benefício e <strong>do</strong> salário por um perío<strong>do</strong> de até <strong>do</strong>is a<strong>no</strong>s.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 247TABELA 87NÚMERO DE EMPREGOS EM 31 DE DEZEMBRO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA INSERIDAS NOMERCADO FORMAL DE TRABALHO E PERCENTUAL SOBRE O NÚMERO TOTAL DE EMPREGOSBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2007 E 201020072010Área GeográficaNº de EmpregosPCDTotal% PCD/TotalNº de EmpregosPCDTotal% PCD/Total<strong>Brasil</strong>Região NorteRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsRegião NordesteMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaRegião SudesteMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloRegião SulParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulRegião Centro-OesteMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal348.81811.3101.3092003.7251204.84631679460.1103.7961.5428.7332.9135.36212.2651.8662.24321.390168.30540.2245.29017.420105.37160.94421.05920.53319.35248.1494.9604.43331.0927.66437.607.4301.954.641245.51492.009482.72745.742796.15288.898203.5996.567.837482.938298.8311.059.392498.467475.4711.239.499407.937320.6761.784.62619.532.5124.036.203751.5593.665.84611.078.9046.502.5752.378.9311.697.8002.425.8443.049.865472.170571.6051.061.426944.6640,90,60,50,20,80,30,60,40,40,90,80,50,80,61,11,00,50,71,20,91,00,70,51,00,90,91,20,81,61,10,82,90,8306.01312.1381.3534384.0022794.76361169258.1705.4642.21311.0454.6654.37914.1432.5582.18511.518155.93829.2325.89320.508100.30556.44219.74215.07121.62923.3252.9323.0976.92510.37144.068.3552.408.182334.290121.187575.73978.585951.235108.191238.9558.010.839636.625377.4631.325.792575.026579.5041.536.626470.992369.5792.139.23222.460.9994.646.891860.4214.080.08212.873.6057.557.5312.783.7151.969.6542.804.1623.630.804560.789656.5421.313.6411.099.8320,70,50,40,40,70,40,50,60,30,70,90,60,80,80,80,90,50,60,50,70,60,70,50,80,70,70,80,80,60,50,50,50,9Fonte: MTE - RAIS


248<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoÉ importante destacar que, se as oportunidades de inserção das pessoas com deficiência<strong>no</strong> merca<strong>do</strong> formal de trabalho ainda são bastante reduzidas, entre as mulheres comdeficiência a situação é ainda mais inquietante. Com efeito, apenas cerca de um terço(34,6%) <strong>do</strong>s vínculos empregatícios de PCD existentes em 2010, eram pertencentes aosexo femini<strong>no</strong>. Em algumas UFs essa proporção era ainda me<strong>no</strong>r e girava em tor<strong>no</strong> deapenas um quarto das vagas – Alagoas (23,5%), Amapá (25,0%), Rondônia (26,0%) eTocantins (26,2%). A maior proporção era observada em Pernambuco (45,4% <strong>do</strong> total).As vagas ocupadas por mulheres com deficiência (de 106 mil) correspondiam a apenas0,2% <strong>do</strong> contingente total de empregos formais existentes <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2010.Do total de trabalha<strong>do</strong>res com deficiência em 2010, verifica-se a pre<strong>do</strong>minância <strong>do</strong>sclassifica<strong>do</strong>s com deficiência física (54,5%), seguida <strong>do</strong>s auditivos (22,5%), visuais (5,8%),mentais (5,10%) e deficiências múltiplas (1,26%). Na situação de emprega<strong>do</strong>s reabilita<strong>do</strong>sforam declara<strong>do</strong>s 10,9% <strong>do</strong> total das pessoas com deficiência.A remuneração média <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>ras com deficiência era de R$ 1.923<strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2010, sen<strong>do</strong> superior à média <strong>do</strong>s rendimentos <strong>do</strong> total de vínculos formais(R$ 1.742). Conforme destaca o MTE (2010b), o diferencial apresenta<strong>do</strong> entre osrendimentos auferi<strong>do</strong>s pelas pessoas com deficiência e o rendimento médio nacional podeser atribuí<strong>do</strong> à remuneração média recebida pelos/as reabilita<strong>do</strong>s/as (R$ 2.107), pelaspessoas com deficiência física (R$ 2.026) e com deficiência auditiva (R$ 1.925), cujosrendimentos situam-se acima da remuneração média desse contingente de trabalha<strong>do</strong>res/as. Por outro la<strong>do</strong>, deve-se mencionar que os assalaria<strong>do</strong>s/as com deficiência mentalapresentam os me<strong>no</strong>res níveis de rendimentos (R$ 772).As desigualdades salariais de gênero <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> formal também se manifestam entre aspessoas com deficiência, na medida em que a remuneração média feminina (R$ 1.553)correspondia a 82,8% da masculina (R$ 1.876). A maior diferença era observada entre osdeficientes auditivos - <strong>no</strong> qual as mulheres recebiam apenas 56,8% <strong>do</strong> salário masculi<strong>no</strong>.Evolução das Vagas Ofertadas pelo Sistema Nacional deEmprego (SINE) para Pessoas com DeficiênciaA análise da distribuição das vagas ofertadas pelo SINE segun<strong>do</strong> a possibilidade decolocação <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r com deficiência revela que <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2007 apenas 2,2% dasvagas eram exclusivas e preferenciais para pessoas com deficiência, sen<strong>do</strong> que umaoutra parcela de 8,7% também aceitava PCD, já que integrava a categoria indiferente,conforme Tabela 88. Diante desse contexto, uma significativa proporção de 89,0% dasvagas oferecidas não aceitava trabalha<strong>do</strong>res com deficiência.No a<strong>no</strong> de 2010, as possibilidades de inserção ficaram ainda mais reduzidas, na medidaem que a proporção das vagas ofertadas que não aceitava PCD aumentou para 91,1%. Poroutro la<strong>do</strong>, nesse a<strong>no</strong>, reduziu-se, em comparação a 2007, o percentual <strong>do</strong>s postos nacategoria indiferente (para 6,9%), enquanto que a proporção de vagas de acesso exclusivoe preferencial (2,1%) manteve-se praticamente inalterada.Na Tabela 88, são disponibilizadas as informações acerca <strong>do</strong> percentual de vagas ofertadaspelo SINE segun<strong>do</strong> a possibilidade de colocação <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r e trabalha<strong>do</strong>ra com deficiênciapara os a<strong>no</strong>s de 2007 e 2010, para o <strong>Brasil</strong>, Grandes Regiões e Unidades da Federação.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 249TABELA 88DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DAS VAGAS OFERTADAS PELO SINE, SEGUNDO APOSSIBILIDADE DE COLOCAÇÃO DO TRABALHADOR COM DEFICIÊNCIABRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2007 E 201020072010Área Geográfica<strong>Brasil</strong>Grandes RegiõesNorteNordesteSudesteSulCentro-OesteUnidades da FederaçãoRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParaná **Santa CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito FederalAceitaExclusivo ePreferencialIndiferente2,28,72,33,52,12,31,40,52,45,71,012,60,91,04,33,44,81,31,34,00,05,62,52,34,00,52,3-0,53,50,52,30,92,115,713,36,610,010,713,10,50,210,74,218,824,410,01,114,723,22,423,00,01,17,09,70,10,67,4-18,24,04,320,78,95,4NãoAceita89,082,083,191,387,887,986,297,294,188,383,280,274,385,795,480,675,196,273,099,993,390,487,895,798,990,3-81,492,495,277,090,292,4Total100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0-100,0100,0100,0100,0100,0100,0AceitaExclusivo ePreferencialIndiferente2,16,93,62,52,02,00,97,50,63,10,86,50,70,31,65,02,41,11,12,80,13,02,81,22,21,02,6nd0,92,80,80,61,11,014,210,33,610,79,439,1-1,5-1,016,03,17,5-14,427,32,413,80,10,14,76,98,71,92,6nd11,610,210,39,610,71,4NãoAceita91,182,287,394,387,389,753,499,395,499,292,583,396,690,995,083,271,696,583,499,996,992,692,089,197,294,874,487,587,088,989,988,397,7Total100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0-100,0100,0100,0100,0100,0100,0Fonte: MTE - Coordenação <strong>do</strong> SineElaboração: DIEESE - Anuário <strong>do</strong> Sistema Público de Emprego, <strong>Trabalho</strong> e RendaNota: Para 2010: Roraima - da<strong>do</strong>s parciais até <strong>no</strong>vembro; Paraíba - da<strong>do</strong>s parciais até junho;Mato Grosso e Minas Gerais da<strong>do</strong>s parciais até setembro; Mato Grosso <strong>do</strong> Sul e Rio Grande <strong>do</strong> Sul - da<strong>do</strong>s parciais até outubro* Devi<strong>do</strong> à migração <strong>do</strong>s Sistemas <strong>do</strong> MTE, os da<strong>do</strong>s são parciais.** Em 2010, há 10.602 casos de vagas <strong>no</strong> Paraná que aceitam pessoas com dediciência, mas não há distinção quanto ao nível deexigência (exclusivo, preferencial ou indiferente).


250<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoExistência de Conselhos Municipais e de Programas ouAções de Geração de <strong>Trabalho</strong> e Renda para Pessoas comDeficiênciaOs conselhos municipais são canais efetivos de participação democrática da população<strong>no</strong> processo de formulação, implementação, monitoramento, avaliação e fiscalização daspolíticas públicas. Neste contexto, desempenham um papel fundamental para o cumprimento<strong>do</strong>s direitos <strong>do</strong>s mais diversos segmentos da população.A partir <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s levanta<strong>do</strong>s pela MUNIC <strong>do</strong> IBGE, apenas 490 municípios brasileiroscontavam com Conselho Municipal de Direitos da Pessoa com Deficiência <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009,o correspondende a 8,8% <strong>do</strong> total, segun<strong>do</strong> Tabela 89.A região Sudeste concentrava quase a metade (242) <strong>do</strong> número total de conselhos existentese também apresentava o maior percentual de municípios que contava com a existência<strong>do</strong>s mesmos (14,5%). Os esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Rio de Janeiro (30,4%) e São Paulo (23,7%) apresentavamas maiores proporções <strong>do</strong> país de municípios com conselhos de direitos das pessoascom deficiência.Nas regiões Norte e Nordeste, apenas 5,3% e 5,6% <strong>do</strong>s municípios, respectivamente,contavam com a presença destes conselhos. Em 2009, a MUNIC não registrava nenhumConselho Municipal de Direitos da Pessoa com Deficiência <strong>no</strong>s esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Acre, Roraima eAmapá. Em alguns esta<strong>do</strong>s das regiões Nordeste o percentual de municípios que contavamcom essa estrutura representativa era ainda me<strong>no</strong>r que a média regional: Alagoas (2,0%),Paraíba (2,7%), Rio Grande <strong>do</strong> Norte (4,2%), Piauí (4,5%), Bahia (4,8%) e Segipe (5,3%).


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 251TABELA 89NÚMERO DE MUNICÍPIOS COM PROGRAMAS OU AÇÕES DE GERAÇÃO DE TRABALHO E RENDA PARAPESSOAS COM DEFICIÊNCIA E COM CONSELHO MUNICIPAL DE DIREITOS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIABRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2009Área GeográficaNº Total deMunicípiosNº de Municípios com Programas ouAções de Geração de <strong>Trabalho</strong> e Rendap/ Pessoa com DeficiênciaNº de Municípios com ConselhoMunicipal de Direitos da Pessoacom DeficiênciaTotal%Total %<strong>Brasil</strong>Região NorteRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsRegião NordesteMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaRegião SudesteMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloRegião SulParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulRegião Centro-OesteMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal5.56544952226215143161391.794217224184167223185102754171.66885378926451.188399293496466781412461440402210-20151351520188141910328130445166597392533386131817,98,93,89,116,1-14,06,33,67,56,98,99,84,86,310,39,84,06,77,85,26,417,410,18,29,88,56,78,27,79,27,3100,0490243-3-1-17101191016761724202425110281539336154230812918,85,35,8-4,8-0,7-12,25,68,84,58,74,22,79,22,05,34,814,56,012,830,423,77,89,05,18,56,410,38,53,7100,0Fonte: IBGE - Pesquisa de Informações Básicas Municipais 2009


252<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoA MUNIC 2009 também investigou se os municípios contavam com programas ou açõesmunicipais de geração de trabalho e renda para pessoas com deficiência. Os resulta<strong>do</strong>sapontavam que apenas 440 <strong>do</strong>s 5.565 municípios brasileiros contavam com programas eações para PCD, o equivalente a 7,7% <strong>do</strong> total.Nas regiões Norte (8,9%) e Centro-Oeste e Sul (com 8,2%) era mais eleva<strong>do</strong> o percentualde municípios com o referi<strong>do</strong> tipo de programa.Entre as unidades federativas, o esta<strong>do</strong> com maior percentual de municípios que possuíamprogramas ou ações municipais de geração de trabalho e renda para PCD <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009era o Rio de Janeiro (17,4%) que, por sua vez, também apresentava a maior proporção demunicípios com conselhos municipais de direitos das pessoas com deficiência, conformemenciona<strong>do</strong> anteriormente. Em seguida, figuravam o Amazonas (16,1%) e o Pará (14,0%).Já em Roraima, a MUNIC não registrou a presença de programas ou ações de geração detrabalho e renda para PCD em nenhum <strong>do</strong>s municípios <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009. Vale ressaltar quenesse esta<strong>do</strong> a pesquisa também não levantou a existência de nenhum conselho municipalde direitos das pessoas com deficiência.Nos esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Tocantins (3,6%), Rondônia (3,8%), Sergipe (4,0%) e Rio Grande <strong>do</strong> Norte(4,8%) a proporção de municípios com programas ou ações de geração de trabalho e rendapara PCD não chegava aos 5,0%.O Pla<strong>no</strong> Nacional <strong>do</strong>s Direitos das Pessoas comDeficiência e o BPC <strong>Trabalho</strong>Em <strong>no</strong>vembro de 2011 o Gover<strong>no</strong> Federal lançou o Pla<strong>no</strong> Nacional <strong>do</strong>s Direitos dasPessoas com Deficiência – Viver sem Limite, que prevê diversas ações em quatro eixosestratégicos: acesso à educação, atenção à saúde, inclusão social e acessibilidade.Dentre as ações <strong>do</strong> eixo inclusão social, figura a criação <strong>do</strong> Programa BPC <strong>Trabalho</strong>, que temcomo objetivo articular ações intersetoriais para promover o acesso à qualificação profissionale o acesso ao trabalho às pessoas com deficiência beneficiárias <strong>do</strong> Beneficio de Prestação Continuadada Assistência Social - BPC, na faixa etária 16 a 45 a<strong>no</strong>s, prioritariamente. O ProgramaBPC <strong>Trabalho</strong> é executa<strong>do</strong> pela União, por meio <strong>do</strong>s Ministérios <strong>do</strong> Desenvolvimento Social eCombate à Fome (MDS), Ministério da Educação (MEC), Ministério <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> e Emprego(MTE) e da Secretaria de Direitos Huma<strong>no</strong>s da Presidência da República (SDH/PR), envolven<strong>do</strong>compromissos da União, <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s, <strong>do</strong> Distrito Federal e <strong>do</strong>s Municípios.As principais ações <strong>do</strong> Programa BPC <strong>Trabalho</strong> são: identificação e busca ativa<strong>do</strong>s beneficiários <strong>do</strong> BPC com deficiência, na faixa etária de 16 a 45 a<strong>no</strong>s, realizadapelos técnicos <strong>do</strong>s Centros de Referência da Assistência Social (CRAS); realização dediagnóstico social e avaliação em relação ao interesse e possibilidade de participação <strong>no</strong>Programa; acompanhamento das pessoas com deficiência beneficiárias <strong>do</strong> BPC e de suasfamílias, com a finalidade de garantir oferta de serviços e benefícios socioassistenciais eencaminhamento para o acesso às demais políticas públicas.Cabe destacar ainda que o BPC <strong>Trabalho</strong> também está inseri<strong>do</strong> <strong>no</strong> Programa Nacionalde Acesso ao Ensi<strong>no</strong> Técnico e Emprego (PRONATEC), <strong>no</strong> âmbito <strong>do</strong> Pla<strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> SemMiséria, desenvolvi<strong>do</strong> pelo MDS em parceria com o MEC e MTE, visan<strong>do</strong> ampliar a


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 253oferta da formação técnica e profissional de pessoas em vulnerabilidade social, com oatendimento prioritário aos beneficiários de programas federais de transferência derenda, incluin<strong>do</strong> os beneficiários com deficiência <strong>do</strong> BPC.O Fun<strong>do</strong> das Nações Unidas para Promover o Direito dasPessoas com DeficiênciaNo dia 08 de dezembro de 2011 a ONU lançou o Fun<strong>do</strong> das Nações Unidas para Promovero Direito das Pessoas com Deficiência (UNPRPD) com o intuito de colaborar com ospaíses <strong>no</strong> aperfeiçoamento das políticas, compilação de da<strong>do</strong>s e a prestação de serviçosem prol da promoção <strong>do</strong>s direitos das pessoas com deficiência.O Fun<strong>do</strong> é incentiva<strong>do</strong> por seis organismos da ONU com sólida experiência na promoçãoe proteção <strong>do</strong>s direitos das pessoas com deficiência: o Escritório <strong>do</strong> Alto Comissaria<strong>do</strong>das Nações Unidas para os Direitos Huma<strong>no</strong>s (ACNUDH), o Departamento das NaçõesUnidas para Assuntos Econômicos e Sociais (DAES), o Programa das Nações Unidas parao Desenvolvimento (PNUD), o Fun<strong>do</strong> das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), aOrganização Internacional <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> (<strong>OIT</strong>) e a Organização Mundial da Saúde (OMS).A <strong>OIT</strong>, como membro tanto da Junta Consultiva como <strong>do</strong> Comitê Administrativo <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong>,participará <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> das propostas de apoio financeiro em nível nacional e mundial.O Fun<strong>do</strong> Fiduciário é administra<strong>do</strong> pelo Escritório <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> Fiduciário de MúltiplosDoa<strong>do</strong>res <strong>do</strong> PNUD (MPTF) e pretende facilitar o diálogo entre gover<strong>no</strong>s e organizaçõesque representam as pessoas com deficiência com o objetivo de incentivar ações destinadasa lutar contra a discriminação e a marginalização. Este objetivo está em sintonia com aConvenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CRPD),que foi acordada em nível internacional e cuja finalidade é a promoção da cooperaçãointernacional sobre estas questões.HIV, AIDS E A PROMOÇÃO DA IGUALDADENO MUNDO DO TRABALHOA aids <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> e a importância <strong>do</strong> local de trabalho paraa luta contra aidsSegun<strong>do</strong> o Ministério da Saúde (2011), entre 1980 e junho de 2011, foram <strong>no</strong>tifica<strong>do</strong>scerca de 608 mil casos (acumula<strong>do</strong>s) <strong>no</strong> país – 65,4% <strong>no</strong> sexo masculi<strong>no</strong> e 34,6% <strong>no</strong> sexofemini<strong>no</strong>. A Taxa de Prevalência da infecção pelo HIV na população de 15 a 49 a<strong>no</strong>s deidade, ou seja, potencialmente em idade de trabalhar, que era de 0,5% <strong>no</strong> início <strong>do</strong>s a<strong>no</strong>s1990, vem manten<strong>do</strong>-se estável em 0,6% desde 2004, sen<strong>do</strong> 0,4% entre as mulheres e0,8% entre os homens 113 .Apesar <strong>do</strong>s dispositivos legais, muitas pessoas que vivem com HIV não conseguemmanter-se <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho; outras conseguem se manter <strong>no</strong> emprego mas são113Outras informações e indica<strong>do</strong>res sobre o tema são apresenta<strong>do</strong>s <strong>no</strong> Capítulo de Contexto Econômico e Social,<strong>no</strong> tópico População em Idade de Trabalhar (15 a 49 a<strong>no</strong>s de idade) com HIV – Vírus da Imu<strong>no</strong>deficiênciaAdquirida e a Incidência de AIDS entre os Jovens.


254<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federaçãodiscriminadas ou isoladas <strong>no</strong>s seus locais de trabalho, o que pode levá-las a aban<strong>do</strong>nar aatividade ou pedir demissão (TUNALA, 2002) .É fato indiscutível que a aids tem impacto <strong>no</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho, pois a maioria ds sujeitos infecta<strong>do</strong>sestá em idade produtiva, e grande parte destes está inseri<strong>do</strong> ativamente <strong>no</strong> merca<strong>do</strong>.Assim, as ações desenvolvidas <strong>no</strong> espaço <strong>do</strong> trabalho também podem impactar a epidemia.O envolvimento das empresas na construção de respostas frente ao HIV apresenta umaelevada relação custo-benefício: os trabalha<strong>do</strong>res se beneficiam, pois podem continuarcom as suas atividades, contribuin<strong>do</strong> com seus conhecimentos e habilidades para o desenvolvimentoda empresa; esta também se beneficia, pois não precisa arcar com o ônus dasubstituição <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r e as consequentes operações de capacitação e treinamento deoutro trabalha<strong>do</strong>r para a mesma função. E o país não despende recursos com o pagamentode encargos relativos ao afastamento de um trabalha<strong>do</strong>r ainda produtivo.A criação de uma cultura de acolhimento e respeito ao trabalha<strong>do</strong>r com HIV <strong>no</strong> local de trabalhopode ter um efeito muito positivo. O local de trabalho é onde os adultos passam o maiortempo das suas vidas e estabelecem relações de amizade e companheirismo. Por esta razão oespaço <strong>do</strong> trabalho é um ambiente potencialmente produtor e dissemina<strong>do</strong>r de padrões decomportamento. O estímulo <strong>no</strong> espaço de trabalho de atitudes de respeito a si mesmo e aooutro, de auto cuida<strong>do</strong> e de preservação da saúde, incluin<strong>do</strong> a prevenção <strong>do</strong> HIV/aids pode teruma grande influência positiva sobre os trabalha<strong>do</strong>res dentro e fora da empresa.Ações desenvolvidas <strong>no</strong> espaço de trabalho podem contribuir para que os trabalha<strong>do</strong>resque vivem com o vírus descubram que portar uma <strong>do</strong>ença crônica não os torna me<strong>no</strong>scidadãos que os demais.A presença de pessoas viven<strong>do</strong> com HIV/aids <strong>no</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho cria para as empresasa necessidade de conhecer aspectos relativos à epidemia que possam dar subsídiospara o desenvolvimento de abordagens adequadas frente à questão.Responder ao preconceito e à discriminação <strong>no</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho por meio de açõesafirmativas, de suporte e de acolhimento é uma das principais estratégias de promoção deequidade e efetivação <strong>do</strong> direito universal ao trabalho.Essa premissa leva em conta a importância <strong>do</strong> trabalho na vida <strong>do</strong>s indivíduos, enquantofonte de obtenção de meios materiais de sobrevivência, mas também enquanto espaço deprodução de identidade, auto-estima e cidadania.A Recomendação nº 200 da <strong>OIT</strong>Com o objetivo de permitir o acesso universal à prevenção, tratamento e assistência apessoas viven<strong>do</strong> com HIV e, especialmente, a fim de fortalecer a contribuição <strong>do</strong> localde trabalho ao enfrentamento da epidemia, foi aprovada, em junho de 2010, durante aConferência Internacional <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, uma <strong>no</strong>va <strong>no</strong>rma internacional que reforça a importância<strong>do</strong> local de trabalho como espaço fundamental de garantia de direitos huma<strong>no</strong>sdas pessoas que vivem com HIV, em especial àqueles relaciona<strong>do</strong>s ao mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho.A Recomendação nº 200 sobre o HIV e a Aids e o Mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> tem como objetivocontribuir com os esforços globais para a garantia <strong>do</strong>s direitos <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res e dastrabalha<strong>do</strong>ras afeta<strong>do</strong>s pelo HIV e para a promoção de ações de prevenção e assistência


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 255<strong>no</strong> local de trabalho, além de estabelecer diretrizes para o enfrentamento <strong>do</strong> estigma e dadiscriminação <strong>no</strong> ambiente laboral. A Recomendação 200 é a primeira Norma Internacional<strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> sobre o HIV e a aids e baseia-se <strong>no</strong>s 10 princípios-chave estabeleci<strong>do</strong>s peloRepertório de Recomendações Práticas da <strong>OIT</strong> sobre o HIV/Aids e o Mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>(2001) e outros instrumentos internacionais. Aborda o desenvolvimento da epidemia apartir de 2001 (quan<strong>do</strong> o Repertório de Práticas foi lança<strong>do</strong>) e prevê a inclusão <strong>do</strong> local detrabalho como um elemento essencial para as respostas nacional, regional e internacionalpara a epidemia.A Recomendação nº 200 assegura o direito ao trabalho a todas as pessoas, seja <strong>no</strong> setorformal ou informal da eco<strong>no</strong>mia, pessoas em busca de emprego, voluntários, estagiários epessoas nas forças armadas e serviços uniformiza<strong>do</strong>s; estabelece princípios para proteçãocontra estigma e discriminação; promove o acesso a serviços de proteção e cuida<strong>do</strong>; eprioriza a proteção social e o direito à confidencialidade <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s de saúde das pessoasque vivem com HIV ou com aids.A referida Recomendação inclui um conjunto de diretrizes a serem seguidas pelos paísespara a formulação de programas de prevenção da aids <strong>no</strong>s locais de trabalho e parapromover ações que auxiliem os trabalha<strong>do</strong>res infecta<strong>do</strong>s a serem produtivos duranteo maior tempo possível, fican<strong>do</strong> a cargo <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s membros da <strong>OIT</strong> decidirem comointegrar os seus princípios às políticas e à legislação de cada país.Por meio de suas diretrizes, aprovadas pelos Esta<strong>do</strong>s membros, a Recomendação prevê osuporte necessário para a luta contra a discriminação das pessoas que vivem com HIV/aids<strong>no</strong> mun<strong>do</strong> laboral, assim como fornece elementos para que seus constituintes tripartitespossam contribuir para que o ambiente de trabalho seja seguro, saudável, de respeito aosdireitos huma<strong>no</strong>s e livre de discriminação.A a<strong>do</strong>ção da Recomendação nº 200 representa um avanço em relação à questão <strong>do</strong> HIVe da aids <strong>no</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho, pois, embora tenha por objetivo reforçar os 10 princípiosbásicos <strong>do</strong> Repertório de Recomendações Práticas da <strong>OIT</strong> sobre o HIV/Aids, este é uminstrumento de a<strong>do</strong>ção voluntária que não pressupõe compromissos por parte <strong>do</strong>s paísesnem possui elementos que mensurem o alcance ou a qualidade das ações implementadas.Por sua vez, a Recomendação 200, além de vincular seus princípios com outros elementosimportantes para tratar <strong>do</strong> direito ao trabalho e combater a discriminação, reitera aresponsabilidade <strong>do</strong>s gover<strong>no</strong>s, <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res e das empresas em tratar o assuntode forma integral e elaborar em conjunto políticas e programas sobre aids <strong>no</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>trabalho que contribuam para a resposta nacional de cada país signatário dessa Norma.O que diz a legislação brasileiraA garantia de emprego das pessoas viven<strong>do</strong> com HIV, <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, está assegurada <strong>no</strong> textoda Constituição <strong>Brasil</strong>eira. Neste é afirma<strong>do</strong> que o trabalho é um direito constitucionalbásico, deven<strong>do</strong> ser garantida a igualdade e a não discriminação em matéria de emprego.Desde o início da epidemia, resoluções, leis específicas e acor<strong>do</strong>s coletivos entretrabalha<strong>do</strong>res e empresas têm contribuí<strong>do</strong> para a constituição de um aparato legal para aproteção <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res frente ao HIV/aids. (VALENTIM, 2002).Em 1988 a Portaria Interministerial nº 3.195, de 10 de agosto de 1988, instituiu, em âmbitonacional, a Campanha Interna de Prevenção da Aids com o objetivo de divulgar informaçõese incentivar as empresas a a<strong>do</strong>tar medidas de prevenção da aids em empresas públicas e


256<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federaçãoprivadas e em órgãos da administração direta. Tais ações deveriam ser promovidas pelasCIPAS (Comissões Internas de Prevenção de Acidentes); aquelas instituições que nãotivessem CIPAS deveriam participar das iniciativas promovidas pelos órgãos regionais <strong>do</strong>Ministério <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> ou de outra instituição, sen<strong>do</strong> que a fiscalização estaria a cargo daInspeção <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>.A Portaria Interministerial nº 796, de 29 de maio de 1992, <strong>do</strong>s Ministérios da Saúde e daEducação, estabelece a irregularidade da realização de testes compulsórios para alu<strong>no</strong>s,professores e funcionários assim como da divulgação <strong>do</strong> status sorológico de qualquermembro da comunidade escolar; além disso, proíbe a instituição de classes ou escolasespeciais para pessoas infectadas pelo HIV.Ainda em 1992, foi publicada a Portaria Interministerial nº 869/92, <strong>do</strong>s Ministérios daSaúde, <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> e da Administração, estabelecen<strong>do</strong> a proibição de realização de testespara a detecção <strong>do</strong> HIV em exames pré-admissionais e periódicos de servi<strong>do</strong>res públicos.Essa Portaria também estabeleceu que a sorologia positiva em si não acarreta prejuízo dacapacidade laboral de seu porta<strong>do</strong>r, e que os convívios social e profissional com pessoasporta<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> vírus não acarretam riscos, além de declarar que as medidas para o controleda infecção são a informação e os procedimentos de prevenção pertinentes.No âmbito <strong>do</strong> Poder Legislativo, em 1988 a Lei nº 7.670, de 08 de setembro de 1988estendeu às pessoas com HIV ou aos <strong>do</strong>entes de aids vários benefícios que já eramconcedi<strong>do</strong>s às pessoas com outras <strong>do</strong>enças graves, como o recebimento de auxílio<strong>do</strong>ença,aposenta<strong>do</strong>ria ou auxílio-reclusão para quem estivesse inscrito na PrevidênciaSocial, assim como a retirada <strong>do</strong> FGTS, independente da rescisão <strong>do</strong> contrato de trabalho.Posteriormente, por meio da Medida Provisória nº 2.164-41, de 24 de agosto de 2001, ogover<strong>no</strong> federal autorizou o saque <strong>do</strong>s depósitos em conta vinculada <strong>do</strong> FGTS também <strong>no</strong>caso <strong>do</strong> porta<strong>do</strong>r <strong>do</strong> HIV ser um <strong>do</strong>s dependentes <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r ou trabalha<strong>do</strong>ra.A Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, alterou a legislação <strong>do</strong> Imposto de Renda dispon<strong>do</strong>sobre a isenção sobre os proventos de aposenta<strong>do</strong>rias ou de reformas causadas por acidentesde trabalho ou <strong>do</strong>ença ocupacional, recebi<strong>do</strong>s pelas pessoas porta<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> HIV ou com aids.Em 1991 a Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, que instituiu o Pla<strong>no</strong> de Benefícios daPrevidência Social, dispõe o artigo 151, que a concessão de auxílio-<strong>do</strong>ença e aposenta<strong>do</strong>riapor invalidez ao segura<strong>do</strong> independe de carência, caso o filia<strong>do</strong> seja acometi<strong>do</strong> de aids ououtras <strong>do</strong>enças indicadas.Diversos segmentos profissionais contam com legislações específicas para garantir o direitoao trabalho das pessoas com HIV/aids. Com a mesma perspectiva, deliberação <strong>do</strong> ConselhoFederal de Medicina proíbe a realização de testes anti-HIV com fim de exclusão <strong>do</strong> trabalho.A portaria 1246, <strong>do</strong> MTE, publicada em 31 de maio de 2010, complementa a PortariaInterministerial nº 869, de 12 de agosto de 1992, e estabelece que nenhuma pessoa pode serobrigada a fazer o teste de HIV para admissão <strong>no</strong> emprego, mudança de função, por ocasiãode exames admissionais ou periódicos, retor<strong>no</strong> ao trabalho e outras situações ligadas à relaçãode emprego.A atuação da Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, desde o início da epidemia, tem ti<strong>do</strong> destaque <strong>no</strong>contexto das relações de trabalho e aids. Entre os principais temas aborada<strong>do</strong>s, <strong>no</strong>âmbito da Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> está o da dispensa <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong> porta<strong>do</strong>r <strong>do</strong> HIV, sen<strong>do</strong>que a atuação <strong>do</strong>s Tribunais tem evoluí<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong>s a<strong>no</strong>s <strong>no</strong> senti<strong>do</strong> de coibir atosdiscriminatórios e assegurar ao emprega<strong>do</strong> o direito ao trabalho.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 257Atualmente, as decisões <strong>do</strong> Tribunal Superior <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>no</strong>s processos individuais temprocura<strong>do</strong> garantir a relação de emprego, quan<strong>do</strong> ficam expressas as dispensas abusivas,discriminatórias ou como violação de direitos (Valentim, 2003).Também há casos relata<strong>do</strong>s de decisões em prol de indenização por da<strong>no</strong>s moraisoriginários de atos pratica<strong>do</strong>s pelo emprega<strong>do</strong>r contra a dignidade <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r durantea relação de emprego e reintegração imediata de emprega<strong>do</strong> dispensa<strong>do</strong> em desrespeito àcláusula de acor<strong>do</strong> coletivo de trabalho.Em agosto de 2011, o TST proferiu parecer favorável em favor da reintegração deemprega<strong>do</strong>, citan<strong>do</strong> expressamente a Recomendação 200 da <strong>OIT</strong> como instrumentojurídico internacional a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pelo <strong>Brasil</strong> para promoção <strong>do</strong> direito ao trabalho de pessoasque vivem com HIV e combate à discriminação.Respostas à aids <strong>no</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>Como resposta às crescentes demandas relativas à epidemia e o mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho,decorrentes inicialmente <strong>do</strong>s impactos <strong>do</strong> HIV/aids, já referi<strong>do</strong>s, e posteriormente <strong>do</strong>aumento da sobrevida das pessoas viven<strong>do</strong> com HIV/aids - que traz, como consequência,o crescente número de porta<strong>do</strong>res saudáveis e capazes de permanecer/entrar <strong>no</strong> merca<strong>do</strong>de trabalho, em 1998 o Ministério da Saúde, por meio da Portaria nº 3.717, de 8 de outubrode 1998, criou o CEN – Conselho Empresarial Nacional de Prevenção ao HIV/AIDS.Dentre as suas atribuições está o assessoramento ao Ministério da Saúde na construção daresposta nacional ao HIV/aids, e a sensibilização <strong>do</strong> setor priva<strong>do</strong> para o desenvolvimentode ações para a prevenção <strong>do</strong> HIV/aids e a promoção da saúde.Nesse senti<strong>do</strong>, com o objetivo de “ampliar o número de empresas brasileiras com programasde prevenção da epidemia” (CEN/UNAIDS, 2008), o Conselho Empresarial Nacional temproduzi<strong>do</strong> uma série de materiais educativos, dentre os quais se destaca o “Manual deImplantação e implementação de Programas e Projetos de Prevenção e ao HIV e AIDS <strong>no</strong>Local de <strong>Trabalho</strong>” (CEN/UNAIDS, 2008). O CEN é igualmente responsável por estimulare auxiliar a formação de Conselhos Estaduais para a Prevenção <strong>do</strong> HIV/Aids <strong>no</strong>s esta<strong>do</strong>s daFederação, dan<strong>do</strong> suporte para a reunião e o comprometimento das empresas com o tema eprestan<strong>do</strong> assistência para a elaboração de eventos, campanhas e materiais.O CEN também tem promovi<strong>do</strong> campanhas e premia<strong>do</strong> empresas que se destacam na criação deações efetivas para a prevenção da epidemia e melhora nas condições de saúde <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r.O movimento sindical, por meio das Centrais Sindicais (CUT, UGT, CGTB, NCST, CTB eForça Sindical) e muitos sindicatos também têm organiza<strong>do</strong> respostas ao HIV/aids juntoàs suas bases. De forma individual, ou agregada <strong>no</strong> seio <strong>do</strong> movimento <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res,as ações atingem um grande contingente de trabalha<strong>do</strong>res e famílias e tem si<strong>do</strong> umvaloroso auxiliar das instâncias governamentais <strong>no</strong> enfrentamento da epidemia.Estas respostas têm assumi<strong>do</strong> tanto o enfoque da prevenção, com a disseminação de informaçõessobre o HIV/aids a partir de campanhas, eventos e com o uso <strong>do</strong>s seus meiospróprios de comunicação com os trabalha<strong>do</strong>res, quanto o de apoio ao trabalha<strong>do</strong>r comHIV/aids, com orientações a respeito <strong>do</strong>s seus direitos trabalhistas e previdenciários einclusão <strong>do</strong> tema como cláusula nas negociações coletivas.


258PErFIL DO TrABALhO DECENTE NO BrASIL: UM OLHAR SOBRE AS UNIDADES DA FEDERAçÃOComo exemplo, o “Projeto Verão sem Aids, Valorizan<strong>do</strong> a Vida”, que começou em 1994nas praias <strong>do</strong> litoral sul e <strong>no</strong>rte da Baixada Santista, promovi<strong>do</strong> pela Federação <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>resnas Indústrias Químicas e Farmacêuticas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de São Paulo, e atualmentecoordena<strong>do</strong> pela Força Sindical, foi amplia<strong>do</strong> para outras iniciativas na mesma região,como por exemplo “Primavera sem Aids” e “Outo<strong>no</strong> sem Aids”, com afluência de grandenúmero de trabalha<strong>do</strong>res e familiares durante sua realização.Existe também um empenho na capacitação das lideranças sindicais <strong>no</strong> tema <strong>do</strong> HIV/aidse em outros que lhe são correlatos, como diversidade sexual, discriminação e preconceito,direitos das pessoas com HIV/aids e outros. A preocupação com a proteção <strong>do</strong>s direitoshuma<strong>no</strong>s, <strong>do</strong>s direitos laborais e da preservação <strong>do</strong> trabalho das pessoas que vivem com oHIV tem si<strong>do</strong> uma constante na agenda <strong>do</strong> movimento sindical brasileiro.A Escola de Formação da CUT desde 1992 oferece cursos na área de prevenção <strong>do</strong> HIV ecombate à discriminação <strong>no</strong> local de trabalho para trabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>res com oobjetivo de capacitar lideranças sindicais para atuar junto aos trabalha<strong>do</strong>res na orientaçãoe <strong>no</strong> auxílio em caso de violação de direitos.SETOR AqUAVIÁRIO ADOTADIRETRIZES DA RECOMENDAÇÃO Nº 200Em parceria com a Federação Nacional <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res em Transportes Aquaviários eAfins – FNTTAA, e o Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais <strong>do</strong> Ministério da Saúde,a <strong>OIT</strong> tem implementa<strong>do</strong> algumas das diretrizes da Recomendação 200, sobre o HIV, a Aids eo mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho, em uma iniciativa que contempla trabalha<strong>do</strong>res das mais importantesbacias hidroviárias <strong>do</strong> país, como a Paraguai-Paraná, que abrange a Região <strong>do</strong> Pantanal Matogrossense,e a Bacia Sul-Sudeste, que abrange as hidrovias da Região Sul <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>.A iniciativa conjunta, iniciada na cidade de Corumbá, MS, e com seguimento na Região Sul,capacitou trabalha<strong>do</strong>res para atuarem na educação entre pares em temas relaciona<strong>do</strong>s à prevenção<strong>do</strong> HIV e ao combate ao estigma e a discriminação <strong>no</strong> local de trabalho e <strong>no</strong> fortalecimento<strong>do</strong>s direitos fundamentais <strong>do</strong> trabalho.Em etapas posteriores, a capacitação de mais educa<strong>do</strong>res entre pares para atuarem <strong>no</strong> temaem outras bacias relevantes, como a Amazônica, irá contribuir para a melhoria <strong>do</strong> acesso àinformação, ao diagnóstico e à prevenção <strong>do</strong> HIV, assim como irá facilitar o tratamento daspessoas diag<strong>no</strong>sticadas com o vírus nas regiões com maior dificuldade de acesso aos serviçospúblicos, mas com maior atuação da atividade aquaviária.POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAISSegun<strong>do</strong> o Artigo 3º <strong>do</strong> Decreto Nº 6.040 de 07 de fevereiro de 2007, os Povose Comunidades Tradicionais são “grupos culturalmente diferencia<strong>do</strong>s e que sereconhece m como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupame usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural,social, religiosa, ancestral e econômica, utilizan<strong>do</strong> conhecimentos, i<strong>no</strong>vações e práticasgera<strong>do</strong>s e transmiti<strong>do</strong>s pela tradição”.


PErFIL DO TrABALhO DECENTE NO BrASIL: UM OLHAR SOBRE AS UNIDADES DA FEDERAçÃO 259A produção de estatísticas sobre os povos e comunidades tradicionais desempenha umpapel estratégico para que, futuramente, se possa conhecer as suas condições de trabalhoe de vida de um mo<strong>do</strong> geral, em consonância e respeitan<strong>do</strong>-se as especificidades culturaise étnicas <strong>do</strong>s mesmos, conforme preconiza, por exemplo, a Convenção sobre Povos Indígenase Tribais, 1989 (nº 169).ObjetivoCONVENÇÃO Nº 169 DA <strong>OIT</strong>SOBRE POVOS INDÍGENAS E TRIBAISPropiciar o estabelecimento de uma <strong>no</strong>va relação entre o Esta<strong>do</strong> e os Povos Indígenas e Tribais(PIT), com base <strong>no</strong> reconhecimento da diversidade cultural e étnica, outorgan<strong>do</strong>-lhes proteçãoe incentivan<strong>do</strong>-os para que estabeleçam suas próprias prioridades de desenvolvimento.A Convenção estabelece os seguintes direitos para os povos indígenas e tribais:• Ter uma existência dura<strong>do</strong>ura e diferente;• Determinar suas próprias prioridades de desenvolvimento e exercer controle sobre omesmo, na medida <strong>do</strong> possível;• Serem consulta<strong>do</strong>s, de boa fé, mediante procedimentos apropria<strong>do</strong>s e por meio de instituiçõesrepresentativas, a respeito de decisões que possam afetá-los diretamente, incluin<strong>do</strong>medidas administrativas ou legislativas e pla<strong>no</strong>s de desenvolvimento;• Conservar costumes e instituições, inclusive os méto<strong>do</strong>s tradicionalmente utiliza<strong>do</strong>s parareprimir os delitos cometi<strong>do</strong>s por seus membros, sempre que estes não sejam incompatíveiscom os direitos fundamentais defini<strong>do</strong>s pelo sistema jurídico nacional nem com osdireitos huma<strong>no</strong>s reconheci<strong>do</strong>s internacionalmente.Os gover<strong>no</strong>s deverão:• Estabelecer quais são os grupos aos quais se aplica a convenção, com base em critériosobjetivos (idioma, parentesco, costumes etc.) e com base na autodefinição <strong>do</strong>s povos indígenase tribais;• Garantir aos PIT o desfrute, em pé de igualdade, <strong>do</strong>s mesmos direitos e oportunidades quese outorgam aos outros membros da comunidade nacional;• Ajudar os PIT a eliminar as diferenças socioeconômicas existentes entre eles e os outrosgrupos da comunidade nacional;• Respeitar os costumes e o direito consuetudinário <strong>do</strong>s PIT, ao aplicar-lhes a legislaçãonacional, inclusive quan<strong>do</strong> se impõem sanções penais;• Estabelecer mecanismos e procedimentos apropria<strong>do</strong>s de consulta com os povos indígenase tribais;• Garantir que se realizem estu<strong>do</strong>s apropria<strong>do</strong>s, sempre que seja possível, em cooperaçãocom os povos interessa<strong>do</strong>s, para avaliar o impacto social, espiritual, cultural e ambientaldas atividades de desenvolvimento. Os resulta<strong>do</strong>s desses estu<strong>do</strong>s servirão como critériosfundamentais para a execução das atividades;• Promover as instituições e iniciativas <strong>do</strong>s PIT.


260<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoO Programa de Ação da III Conferência Mundial contra o Racismo a Discriminação Racial,a Xe<strong>no</strong>fobia e Intolerâncias Correlatas, realizada em Durban na África <strong>do</strong> Sul em2001, afirma a importância da geração de da<strong>do</strong>s sobre cor, raça e etnia como um aspectofundamental para a superação da discriminação racial e <strong>do</strong> racismo (parágrafos 92 a 98),com os seguintes destaques:a) Esta<strong>do</strong>s devem coletar, compilar, analisar, disseminar e publicar da<strong>do</strong>s estatísticosconfiáveis em níveis local e nacional;b) Esta<strong>do</strong>s, organizações governamentais e não-governamentais, instituições acadêmicase o setor priva<strong>do</strong> são convida<strong>do</strong>s a aperfeiçoarem os conceitos e méto<strong>do</strong>s decoleta e análise de da<strong>do</strong>s; a promoverem pesquisas, intercâmbio de experiências ede práticas bem sucedidas e a desenvolverem atividades promocionais nesta área;c) a declaração reconhece que as políticas e programas que visam o combate ao racismo,discriminação racial, xe<strong>no</strong>fobia e intolerância correlata devem estar basea<strong>do</strong>sem pesquisas qualitativas e quantitativas.O Sistema Estatístico Nacional (SEN) vem se esforçan<strong>do</strong> <strong>no</strong> senti<strong>do</strong> de aprimorar o levantamentode informações sobre povos e comunidades tradicionais, ainda que exista umvasto caminho a ser trilha<strong>do</strong>.As I<strong>no</strong>vações <strong>do</strong> Censo Demográfico 2010 <strong>no</strong>Levantamento das Informações sobre Cor, Raça e EtniaO Censo Demográfico 2010 <strong>do</strong> IBGE apresentou algumas i<strong>no</strong>vações que permitem aprimorara investigação e o conhecimento acerca das questões étnicas e raciais <strong>no</strong> país.Um primeiro aspecto importante é que a pergunta autodeclarada sobre a cor ou raça dapopulação voltou a integrar o questionário básico <strong>do</strong> Censo 2010, ou seja, aquele que éaplica<strong>do</strong> na totalidade <strong>do</strong>s <strong>do</strong>micílios <strong>do</strong> país. Isso permitirá construir indica<strong>do</strong>res dascondições de vida da população para pequenas áreas mediante uma perspectiva racial eétnica, o que anteriormente não era possível já que a pergunta de cor ou raça fazia parte<strong>do</strong> questionário da amostra (aplica<strong>do</strong> em aproximadamente 15,0% <strong>do</strong>s <strong>do</strong>micílios).Além da identificação <strong>do</strong> grupo étnico e da língua falada <strong>no</strong> caso das pessoas que se auto--declararam como indígenas, as terras indígenas foram dispostas por setor censitário 114 ,o que permitirá uma análise mais específica e precisa da realidade destas comunidades.A Nova Versão <strong>do</strong> Cadastro Único para ProgramasSociais <strong>do</strong> Gover<strong>no</strong> (CadÚnico)A mais <strong>no</strong>va versão (7.0) <strong>do</strong> CadÚnico traz algumas i<strong>no</strong>vações e certamente também seconstitui numa importante fonte de informação para o conhecimento das condições devida de alguns segmentos da população mediante uma perspectiva racial, sobretu<strong>do</strong> entrea população pobre.114 O setor censitário é a unidade territorial criada para fins de controle cadastral da coleta e se constitui na unidademais desagregada possível para obtenção de informações.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 261Além da presença da pergunta de cor ou raça apresentar a mesma composição daquelautilizada pelos levantamentos <strong>do</strong> IBGE, o <strong>no</strong>vo formulário também traz perguntasespecíficas se a família é indígena, a que povo indígena pertence a família, se reside emterra ou reserva indígena e qual o <strong>no</strong>me da terra ou reserva indígena. Também identificase a família é quilombola e qual o <strong>no</strong>me da comunidade quilombola.As informações <strong>do</strong> Cadastro Único passam a apresentar maior sinergia com a baseoperacional-territorial <strong>do</strong> IBGE, inclusive com a identificação <strong>do</strong> setor censitário <strong>do</strong> qualfaz parte o <strong>do</strong>micílio da família cadastrada.O CadÚnico desempenha um papel fundamental na coleta de informações sobre as famíliasmais pobres <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, garanti<strong>do</strong> a elas acesso a um conjunto de iniciativas governamentais,a partir o Programa <strong>Brasil</strong> sem Miséria. Além de garantir o acesso ao Bolsa Família, osda<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Cadastro Único servem de referência para o acesso das pessoas e famílias maisvulneráveis aos programas de obtenção de <strong>do</strong>cumentação (a exemplo de RG e Carteirade <strong>Trabalho</strong>), formação profissional, microcrédito, empreende<strong>do</strong>rismo, saúde, educação,erradicação <strong>do</strong> trabalho infantil e acesso a serviços de assistência social, dentre outros.Um <strong>do</strong>s principais eixos de atuação <strong>do</strong> Pla<strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> sem Miséria é a Busca Ativa, quesignifica identificar as pessoas em situação de extrema pobreza e integrá-las a rede depolíticas, programas e ações voltadas para a superação da pobreza. Neste contexto, definiseum conjunto de estratégias organizadas territorialmente para identificar e cadastrar asfamílias em situação de extrema pobreza.Integra o conjunto de orientações centrais da Busca Ativa, a identificação correta, <strong>no</strong>CadÚnico, de todas as famílias que integram povos ou comunidades tradicionais e gruposespecíficos da população, com o intuito de promover ações mais efetivas para a superaçãoda situação de extrema pobreza das famílias desses grupos.A Consulta Pública <strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong> DesenvolvimentoSocial e Combate à Fome (MDS) para o Guia deCadastramento de Grupos Populacionais TradicionaisEspecíficosDurante o perío<strong>do</strong> de 21 de maio a 15 de junho de 2012 o MDS realizou uma consultapública para o Guia de Cadastramento de Grupos Populacionais Tradicionais e Específicos,com o intuito de orientar os gestores <strong>do</strong> CadÚnico e Programa Bolsa Família sobre ocadastramento de 13 diferentes grupos de famílias passíveis de serem identificadas <strong>no</strong>CadÚnico 115 .◊◊◊CiganasExtrativistasPesca<strong>do</strong>res artesanais115 As famílias indígenas e quilombolas não constam na Consulta Pública pelo fato de já existirem guias decadastramento próprios e já figurarem em campos específicos <strong>do</strong> formulário <strong>do</strong> CadÚnico. As especificidades <strong>do</strong>seu cadastramento são abordadas <strong>no</strong> Guia de Cadastramento de Famílias Indígenas e <strong>no</strong> Guia de Cadastramento deFamílias Quilombolas, disponíveis em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/cadastrounico/gestao-municipal/processo-de-cadastramento/cadastramento-diferencia<strong>do</strong>.


262<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação◊◊◊◊◊◊◊◊◊◊Pertencente à comunidade de terreiroRibeirinhasAgricultores familiaresAssentadas da reforma agráriaBeneficiárias <strong>do</strong> Programa Nacional de Crédito FundiárioAcampadasAtingidas por empreendimentos de infraestruturaFamílias de presos <strong>do</strong> sistema carcerárioCata<strong>do</strong>res de material reciclávelResgata<strong>do</strong>s da condição de trabalho análoga ao de escravoPara cada um <strong>do</strong>s 13 grupos familiares são apresentadas características básicas eespecificidades <strong>do</strong> respectivo recadastramento. Entre as funções <strong>do</strong> Guia está a iniciativade reforçar, junto aos cadastra<strong>do</strong>res aspectos tais como o respeito às diferenças e oreconhecimento <strong>do</strong> valor da diversidade inerente à sociedade brasileira.Conforme chama a atenção o MDS (2012):O esforço para a identificação desses grupos populacionais se justifica a partir <strong>do</strong> entendimento deque eles sofrem de dupla invisibilidade. Uma gerada pela pobreza que muitas vezes deixa parcela dapopulação brasileira à margem das ações estatais e das políticas públicas. Outra forma de invisibilidadeestá relacionada aos preconceitos e as falsas percepções cristalizadas em grupos da sociedade que estigmatizame distanciam ainda mais algumas dessas famílias da vivência em sociedade e <strong>do</strong>s aparelhospúblicos de assistência, tornan<strong>do</strong>-as quase imperceptível ao poder público. (MDS, 2012: 1).O MDS (2012) destaca ainda que os segmentos populacionais aborda<strong>do</strong>s estãodelimita<strong>do</strong>s apenas em função de questões organizacionais, baseadas em característicasgerais consideradas relevantes para a abordagem e cadastramento <strong>do</strong>s elegíveis para tal.Assim, para fins de inclusão <strong>no</strong> CadÚnico são identificadas, em virtude de origem étnica,as famílias que se autodeclararem como indígenas, quilombolas e ciganas. Em funçãode características culturais, estão as famílias extrativistas, de pesca<strong>do</strong>res artesanais,pertencentes à comunidades de terreiro, ribeirinhas e de agricultores familiares.A Pesquisa de Informações Básicas Municipais (MUNIC)<strong>do</strong> IBGEEm sua edição de 2009, a Pesquisa de Informações Básicas Municipais (MUNIC 116 ) <strong>do</strong> IBGE,investigou, em seu questionário básico, dentre outros temas, importantes e estratégicasinformações acerca da institucionalização <strong>do</strong> planejamento municipal <strong>no</strong> que concerne àspolíticas de promoção da igualdade racial e um módulo específico sobre Direitos Huma<strong>no</strong>s.116 A MUNIC se define como pesquisa institucional e de registros administrativos da gestão pública municipal e seinsere entre as demais pesquisas sociais e estu<strong>do</strong>s empíricos dedica<strong>do</strong>s à escala municipal. Trata-se, basicamente,de um levantamento porme<strong>no</strong>riza<strong>do</strong> de informações sobre a estrutura, dinâmica e funcionamento das instituiçõespúblicas municipais, em especial à prefeitura, compreenden<strong>do</strong> também diferentes políticas e setores que envolvemo gover<strong>no</strong> municipal e a municipalidade.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 263Uma das grandes i<strong>no</strong>vações da pesquisa foi levantar a existência de acampamento ciga<strong>no</strong><strong>no</strong>s municípios e se, <strong>no</strong> caso de existência de órgão gestor de direitos huma<strong>no</strong>s, o mesmoexecutava programas ou ações para povos ciga<strong>no</strong>s.A partir deste levantamento, a MUNIC constatou a presença de 290 municípios comacampamento ciga<strong>no</strong> <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009, o correspondente a 5,2% <strong>do</strong> total de 5.560municípios brasileiros.Acerca da distribuição espacial, os acampamentos ciga<strong>no</strong>s se faziam presentes em 21 das27 Unidades da Federação. A Bahia abrigava o maior contingente de municípios com apresença de acampamentos ciga<strong>no</strong>s (51 ou 17,6% <strong>do</strong> total nacional de 290 municípios).Em seguida, figuravam os esta<strong>do</strong>s de Minas Gerais (49 municípios ou 16,9% <strong>do</strong> total) eGoiás (35 ou 12,1% <strong>do</strong> total).O Mapa 1, elabora<strong>do</strong> pelo MDS 117 , apresenta a distribuição espacial <strong>do</strong>s municípios comacampamento ciga<strong>no</strong> ao longo território nacional, com base nas informações da MUNICreferentes ao a<strong>no</strong> de 2009 e informações adicionais (locais de acampamentos fixos oubairros ciga<strong>no</strong>s e de acampamentos temporários/rota migratória) obtidas junto àlideranças ciganas em dezembro de 2011.MAPA 1MUNICÍPIOS COM PRESENÇA CIGANABRASIL, 2009/2011Fonte: MDS - Guia de Cadastramento de Grupos Populacionais Tradicionais e Específicos (versão para consulta pública)117 Elaboração de Ludivine Eloy Costa Pereira (MDS) através de pesquisa <strong>do</strong>cumental (IBGE, 2009) e entrevistascom lideranças ciganas em diferentes esta<strong>do</strong>s (dezembro de 2011).


264<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoUm contingente de 95 municípios – o correspondente a cerca de um terço (32,8%) <strong>do</strong>total de 290 que declarou existir acampamento ciga<strong>no</strong> – possuía população entre 20 a 50mil habitantes.Consideran<strong>do</strong>-se o conjunto <strong>do</strong>s 290 municípios com presença de acampamento ciga<strong>no</strong>,184 ou 63,4% não possuíam órgão gestor de política de promoção <strong>do</strong>s direitos huma<strong>no</strong>s.Apenas 22 municípios com acampamento contavam com programas e/ou ações parapovos ciga<strong>no</strong>s – o equivalente a apenas 7,6% <strong>do</strong> total.Vale ressaltar que os esta<strong>do</strong>s da Bahia e Minas Gerais, que abrigavam os maiorescontingentes de municípios com acampamento ciga<strong>no</strong> (51 e 49, respectivamente),conforme menciona<strong>do</strong> anteriormente, contavam com apenas três municípios queafirmaram possuir programas e/ou ou ações para povos ciga<strong>no</strong>s – um na Bahia e <strong>do</strong>is emMinas Gerais.Por fim, é importante mencionar que diversos registros administrativos <strong>do</strong>s ministérios(a exemplo da saúde, educação, desenvolvimento social e combate à fome, e trabalhoe emprego) já incorporaram a categoria de cor ou raça (segun<strong>do</strong> o modelo utiliza<strong>do</strong><strong>no</strong>s levantamentos <strong>do</strong> IBGE), <strong>no</strong>s quais se podem obter informações para a populaçãoindígena.Conforme observa<strong>do</strong>, o Sistema Estatístico Nacional vem empreenden<strong>do</strong> esforços <strong>no</strong> senti<strong>do</strong>de ampliar a cobertura ou retirar da invisibilidade estatística segmentos <strong>do</strong>s povos ecomunidades tradicionais. O preenchimento das lacunas ainda existentes é de fundamentalimportância para a promoção <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> e melhoria das condições de vida<strong>do</strong>s povos e comunidades tradicionais.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 2659AMBIENTE DETRABALHO SEGUROO preâmbulo da Constituição da <strong>OIT</strong> chama a atenção para o fato de que a “proteção <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>rcontra as <strong>do</strong>enças, sejam ou não profissionais, e contra os acidentes de trabalho”é um elemento fundamental da justiça social. Esse direito a condições de trabalho dignas ea um entor<strong>no</strong> de trabalho seguro e saudável foi reafirma<strong>do</strong> na Declaração de Filadélfia, de1944, e na Declaração da <strong>OIT</strong> sobre Justiça Social para uma Globalização Equitativa, durantea 98ª Reunião Conferência Internacional <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, realizada em junho de 2008.A Agenda Hemisférica de <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> 2006-2015 apresenta como objetivo para2015 que a “saúde e a segurança <strong>no</strong> trabalho convertam-se em prioridade para os atoressociais” e fixa como metas “reduzir em 20,0% a incidência de acidentes e enfermidades <strong>do</strong>trabalho e duplicar a cobertura da proteção em termos de segurança e saúde <strong>no</strong> trabalhopara setores e grupos pouco atendi<strong>do</strong>s”. Tanto o objetivo como as metas permanecematuais, assim como o objetivo de que a política de prevenção e promoção da saúde e segurança<strong>no</strong> trabalho seja uma Política de Esta<strong>do</strong>. (CONFERÊNCIA... 2011).O Pla<strong>no</strong> Nacional de Emprego e <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> (MTE, 2011b) na sua Prioridade 1 –Gerar mais e melhores empregos, com igualdade de oportunidades e de Tratamentoestabelece, <strong>no</strong> item d) 118 <strong>do</strong>s Resulta<strong>do</strong>s Espera<strong>do</strong>s, as seguintes metas diretamente vinculadasà saúde e segurança <strong>no</strong> trabalho:METAS 2011 METAS 2015Aumento em 15,0% da análise de acidentes graves e fataisAumento em 30,0% da análise de acidentes e graves e fataisRevisão e implementação da Política Nacional de Segurança e Implementação <strong>do</strong> PNSST e SNSSTSaúde <strong>do</strong> Trabalha<strong>do</strong>r (PNSST) e aperfeiçoamento <strong>do</strong> SistemaNacional de Segurança e Saúde <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> (SNSST)Implantação em 40,0% <strong>do</strong>s sistemas de <strong>no</strong>tificação de <strong>do</strong>enças Avaliação da implementação <strong>do</strong> SINAN-NET.e acidentes de trabalho e construção da Notificação de Agravosa Saúde <strong>do</strong> Trabalha<strong>do</strong>r (SINAN-NET) <strong>no</strong>s municípios.Revisão e aperfeiçoamento da matriz <strong>do</strong> NTEP (Nexo Técnico Redução da sub<strong>no</strong>tificação de acidentes e <strong>do</strong>ençasEpidemiológico Previdenciário).ocupacionais.Redução de <strong>do</strong>enças relacionadas ao trabalho.Melhoria <strong>do</strong> sistema e ampliação da rede de ReabilitaçãoProfissional (RP), em conformidade com a Lei sobre a colocação,recolocação e reinserção <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho de cidadãoegressos <strong>do</strong> Programa de Reabilitação Profissional <strong>do</strong> INSS-PRP.Aumento de 20,0% <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s e pesquisas volta<strong>do</strong>s àprevenção de acidentes e <strong>do</strong>enças relacionadas ao trabalho.Aprimoramento da fiscalização em segurança e saúde <strong>no</strong>trabalho em setores econômicos com eleva<strong>do</strong> risco à vida eintegridade física <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r.Habilitação de 200 Centros de Referência em Saúde <strong>do</strong>Trabalha<strong>do</strong>r (CEREST) <strong>no</strong> país, componentes da Rede Nacionalde Atenção à Saúde <strong>do</strong> Trabalha<strong>do</strong>r – RENAST.Avaliação e melhoria contínua <strong>do</strong> sistema de Programade Reabilitação Profissional <strong>do</strong> INSSAumento de 30,0% <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s e pesquisas volta<strong>do</strong>s àprevenção de acidentes e <strong>do</strong>enças relacionadas ao trabalho.Aprimoramento da fiscalização em segurança e saúde<strong>no</strong> trabalho em setores econômicos com eleva<strong>do</strong> risco àvida e integridade física <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r.Aumento <strong>do</strong> número de Centros de Referência emSaúde <strong>do</strong> Trabalha<strong>do</strong>r (CEREST), componentes da RedeNacional de Atenção à Saúde <strong>do</strong> Trabalha<strong>do</strong>r – RENAST.118 Ampliação e fortalecimento da proteção social aos trabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>ras e as suas famílias,especialmente para grupos sociais mais vulneráveis e trabalha<strong>do</strong>res/as migrantes.


266<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoA segurança e saúde <strong>no</strong> trabalho também integram os eixos prioritários das agendassubnacionais de <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s da Bahia e <strong>do</strong> Mato Grosso.Em maio de 2008 foi instituída 119 <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> a Comissão Tripartite de Saúde e Segurança <strong>no</strong><strong>Trabalho</strong> (CT-SST), com o intuito de avaliar e propor medidas para a implementação <strong>no</strong>país da Convenção sobre o Marco Promocional para a Segurança e Saúde <strong>no</strong> <strong>Trabalho</strong>, 2006(nº 187). A CT-SST é composta paritariamente por representações de gover<strong>no</strong>, trabalha<strong>do</strong>rese emprega<strong>do</strong>res. Compete aos ministérios a sua coordenação, em sistema de rodízio anual.Dentre os principais objetivos dessa Comissão, destacam-se:Revisar e ampliar a proposta da Política Nacional de Segurança e Saúde <strong>do</strong>Trabalha<strong>do</strong>r (PNSST);Elaborar um pla<strong>no</strong> de segurança e saúde <strong>no</strong> trabalho que articule as ações de promoção,proteção, prevenção, assistência, reabilitação e reparação da saúde <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r;Estruturar uma rede integrada de informações em saúde <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r;Promover a implantação de sistemas e programas de gestão da segurança e saúde<strong>no</strong>s locais de trabalho;Propor iniciativas em prol da reestruturação da formação em saúde <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>re em segurança <strong>no</strong> trabalho;Incentivar a capacitação e a educação continuada de trabalha<strong>do</strong>res;Estimular a promoção de uma agenda integrada de estu<strong>do</strong>s e pesquisas em segurançae saúde <strong>no</strong> trabalho.A CT-SST firmou acor<strong>do</strong>s bilaterais com as áreas de educação, minas e energia e saúdee, em seu âmbito, foram cria<strong>do</strong>s o Grupo de <strong>Trabalho</strong> Setorial – Indústria da ConstruçãoCivil (GTS – ICC) e o Grupo de <strong>Trabalho</strong> Setorial –Transporte Ro<strong>do</strong>viário de Cargas(GTS –TRC), este com foco especial nas micro e pequenas empresas. Ambos os gruposde trabalho têm pla<strong>no</strong> de ação que privilegia o fortalecimento <strong>do</strong> diálogo social, oaperfeiçoamento da regulamentação em vigor <strong>no</strong> setor da indústria da construção (IC) e<strong>no</strong> setor <strong>do</strong> transporte ro<strong>do</strong>viário de cargas (TRC) e a formação específica em SST, além<strong>do</strong> trabalho de fiscalização e de vigilância sanitária. (IPEA, 2010).Em 27 de abril de 2012, os ministérios <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> e Emprego, Previdência Social e Saúdelançaram o <strong>no</strong>vo Pla<strong>no</strong> Nacional de Segurança e Saúde <strong>no</strong> <strong>Trabalho</strong> (PLANSAT). O Pla<strong>no</strong>traça os objetivos, estratégias e ações concretas para atender os princípios e as diretrizesda Política Nacional de Segurança e Saúde <strong>no</strong> <strong>Trabalho</strong>, instituída pelo Decreto 7.602 de07 de <strong>no</strong>vembro de 2011. O PLANSAT foi elabora<strong>do</strong> por uma Comissão Tripartite, comrepresentantes <strong>do</strong> gover<strong>no</strong>, trabalha<strong>do</strong>res e emprega<strong>do</strong>res, <strong>no</strong> âmbito da CT-SST.Os objetivos explicita<strong>do</strong>s pelo PLANSAT são:Inclusão de to<strong>do</strong>s os trabalha<strong>do</strong>res brasileiros <strong>no</strong> Sistema Nacional de Promoção eProteção da Segurança e Saúde <strong>no</strong> <strong>Trabalho</strong> – SST;Harmonização da legislação trabalhista, sanitária, previdenciária e outras que serelacionem com SST;119Por intermédio da Portaria Interministerial Nº 152, de 13 de maio de 2008, <strong>do</strong>s Ministérios <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> e Emprego,da Previdência Social e da Saúde.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 267Integração das ações governamentais de SST;A<strong>do</strong>ção de medidas especiais para atividades laborais submetidas a alto risco de<strong>do</strong>enças e acidentes de trabalho;Estruturação de uma rede integrada de SST;Implementação de sistemas de gestão de SST <strong>no</strong>s setores público e priva<strong>do</strong>;Capacitação e educação continuada em SST;Criação de uma agenda integrada de estu<strong>do</strong>s e pesquisas em SST.Aspectos Meto<strong>do</strong>lógicos acerca <strong>do</strong>s Indica<strong>do</strong>resCom base <strong>no</strong> artigo 19 da Lei 8.213 de 24 de julho de 1991, “acidente <strong>do</strong> trabalho é o queocorre pelo exercício <strong>do</strong> trabalho a serviço da empresa, ou pelo exercício <strong>do</strong> trabalho <strong>do</strong>segura<strong>do</strong> especial, provocan<strong>do</strong> lesão corporal ou perturbação funcional, de caráter temporárioou permanente”. Pode causar desde um simples afastamento, perda ou reduçãoda capacidade para o trabalho e até mesmo a morte <strong>do</strong> segura<strong>do</strong>.São elegíveis aos benefícios concedi<strong>do</strong>s em razão da existência de incapacidade laborativadecorrente <strong>do</strong>s riscos ambientais <strong>do</strong> trabalho: o segura<strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>, o trabalha<strong>do</strong>r avulsoe o segura<strong>do</strong> especial, <strong>no</strong> exercício de suas atividades.Pela legislação brasileira também são considera<strong>do</strong>s acidentes <strong>do</strong> trabalho:a) o acidente ocorri<strong>do</strong> <strong>no</strong> trajeto entre a residência e o local de trabalho <strong>do</strong> segura<strong>do</strong>;b) a <strong>do</strong>ença profissional, assim entendida como aquela produzida ou desencadeadapelo exercício <strong>do</strong> trabalho peculiar a determinada atividade; ec) a <strong>do</strong>ença <strong>do</strong> trabalho, adquirida ou desencadeada em função de condições especiaisem que o trabalho é realiza<strong>do</strong> e que com ele estejam diretamente relacionadas.Nestes <strong>do</strong>is últimos casos, a <strong>do</strong>ença deve constar da relação de que trata o Anexo II <strong>do</strong>Regulamento da Previdência Social, aprova<strong>do</strong> pelo Decreto <strong>no</strong> 3.048, de 6/5/1999. Emcaso excepcional, constatan<strong>do</strong>-se que a <strong>do</strong>ença não incluída na relação constante <strong>do</strong> AnexoII resultou de condições especiais em que o trabalho é executa<strong>do</strong> e com ele se relacionadiretamente, a Previdência Social deve equipará-la a acidente <strong>do</strong> trabalho.Não são consideradas como <strong>do</strong>enças <strong>do</strong> trabalho os seguintes tipos de <strong>do</strong>enças: a degenerativa;a inerente a grupo etário; a que não produz incapacidade laborativa; a <strong>do</strong>ençaendêmica adquirida por segura<strong>do</strong>s habitantes de região onde ela se desenvolva, salvo secomprova<strong>do</strong> que resultou de exposição ou contato direto determina<strong>do</strong> pela natureza <strong>do</strong> trabalho.Ademais, existem outras modalidades 120 que se equiparam a acidentes de trabalho.120I – o acidente liga<strong>do</strong> ao trabalho que, embora não tenha si<strong>do</strong> a causa única, haja contribuí<strong>do</strong> diretamente paraa morte <strong>do</strong> segura<strong>do</strong>, para perda ou redução da sua capacidade para o trabalho, ou que tenha produzi<strong>do</strong> lesãoque exija atenção médica para a sua recuperação; II – o acidente sofri<strong>do</strong> pelo segura<strong>do</strong> <strong>no</strong> local e horário <strong>do</strong>trabalho, em conseqüência de ato de agressão, sabotagem ou terrorismo pratica<strong>do</strong> por terceiro ou companheiro detrabalho; ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada com o trabalho; ato deimprudência, negligência ou imperícia de terceiro, ou de companheiro de trabalho; ato de pessoa privada <strong>do</strong> usoda razão; desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos decorrentes de força maior; III – a <strong>do</strong>ençaproveniente de contaminação acidental <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong> <strong>no</strong> exercício de sua atividade; e IV – o acidente sofri<strong>do</strong>pelo segura<strong>do</strong>, ainda que fora <strong>do</strong> local e horário de trabalho, na execução de ordem ou na realização de serviçosob a autoridade da empresa; na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ouproporcionar proveito; em viagem à serviço da empresa, inclusive para estu<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> financiada por esta, dentro


268<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoA partir de abril de 2007, o Instituto Nacional <strong>do</strong> Seguro Social (INSS) instituiu uma <strong>no</strong>vasistemática de concessão de benefícios acidentários que teve impacto direto sobre a formacomo são levantadas e apresentadas as estatísticas de acidentes de trabalho.Em 2004, o Conselho Nacional de Previdência Social – CNPS aprovou a Resolução <strong>no</strong>1.236/2004 com uma <strong>no</strong>va meto<strong>do</strong>logia para flexibilizar as alíquotas de contribuição destinadasao financiamento <strong>do</strong> benefício aposenta<strong>do</strong>ria especial e daqueles concedi<strong>do</strong>s em razão <strong>do</strong> graude incidência de incapacidade laborativa decorrente <strong>do</strong>s riscos ambientais <strong>do</strong> trabalho. Essameto<strong>do</strong>logia teve como objetivo, entre outros, estimular o investimento <strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>resem melhorias <strong>no</strong>s méto<strong>do</strong>s produtivos e na qualificação <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res, visan<strong>do</strong> a reduziros riscos ambientais <strong>do</strong> trabalho. A meto<strong>do</strong>logia aprovada necessitava de uma <strong>no</strong>va forma deidentificação <strong>do</strong>s acidentes de trabalho que, aliada à Comunicação de Acidentes de <strong>Trabalho</strong>(CAT), minimizasse a sub<strong>no</strong>tificação <strong>do</strong>s acidentes e das <strong>do</strong>enças <strong>do</strong> trabalho e evitasse que aempresa fosse beneficiada por meio da sonegação de informações ao INSS. Estu<strong>do</strong>s aplican<strong>do</strong>fundamentos estatísticos e epidemiológicos, mediante o cruzamento <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s de código daClassificação Internacional de Doenças – CID-10 e de código da Classificação Nacional deAtividade Econômica – CNAE, permitiram identificar forte associação entre agravos 121 e asatividades desenvolvidas pelo trabalha<strong>do</strong>r.A partir da identificação das fortes associações entre agravo e atividade laboral foi possívelconstruir uma matriz, com pares de associação de códigos da CNAE e da CID-10, quesubsidia a análise da incapacidade laborativa pela medicina pericial <strong>do</strong> INSS: o NexoTécnico Epidemiológico Previdenciário – NTEP. O NTEP surge, então, como mais uminstrumento auxiliar na análise e conclusão acerca da origem da incapacidade laborativapela perícia médica <strong>do</strong> INSS. (MPS, 2011).Juntamente com a a<strong>do</strong>ção da <strong>no</strong>va sistemática, o INSS alterou seus procedimentos e aexistência de uma CAT registrada deixou de ser condição fundamental para a caracterizaçãode um benefício como acidentário. Embora a entrega da CAT continue sen<strong>do</strong> uma obrigaçãolegal, o fim dessa exigência implicou alterações nas estatísticas <strong>do</strong>s acidentes <strong>do</strong> trabalho.Nesse contexto, passou-se a ter um conjunto de benefícios classifica<strong>do</strong>s como acidentáriospelo INSS, para os quais não há CAT registrada. Em função disso, nas estatísticas que tratamde acidentes registra<strong>do</strong>s, foi incluída uma coluna adicional que traz informações sobre osbenefícios acidentários concedi<strong>do</strong>s pelo INSS para os quais não foram registradas CAT.O conjunto <strong>do</strong>s acidentes <strong>do</strong> trabalho passou a ser então a soma <strong>do</strong>s acidentes e <strong>do</strong>enças<strong>do</strong> trabalho informa<strong>do</strong>s por meio da CAT e <strong>do</strong>s acidentes e <strong>do</strong>enças que deram origem abenefícios de natureza acidentária para os quais não há CAT informada (MPS, 2011).Com o intuito de manter a comparabilidade da série histórica, para que se possa analisarde forma consistente a evolução <strong>do</strong> número de acidentes de trabalho e seus respectivosindica<strong>do</strong>res, serão consideradas pre<strong>do</strong>minantemente as informações referentes aos a<strong>no</strong>sde 2008 - que já incorpora integralmente as estatísticas oriundas dessa <strong>no</strong>va sistemáticade concessão de benefícios acidentários - a 2010 (último a<strong>no</strong> para o qual as informaçõesestavam divulgadas, quan<strong>do</strong> da elaboração <strong>do</strong> presente relatório).de seus pla<strong>no</strong>s para melhorar a capacitação da mão-de-obra, independentemente <strong>do</strong> meio de locomoção utiliza<strong>do</strong>,inclusive veículo de propriedade <strong>do</strong> segura<strong>do</strong>.121Agravo é a forma como se convencio<strong>no</strong>u chamar, <strong>no</strong> âmbito da Previdência Social, lesões, <strong>do</strong>enças, transtor<strong>no</strong>sde saúde, distúrbios, disfunções ou a síndrome de evolução aguda, subaguda ou crônica, de natureza clínica ousubclínica, inclusive morte, independentemente <strong>do</strong> tempo de latência.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 269Conforme chama a atenção o Ministério da Previdência Social, cabe ressaltar que os da<strong>do</strong>srelativos ao a<strong>no</strong> de 2010 são preliminares, ou seja, tabulações posteriores podem gerarnúmeros diferentes, uma vez que algumas CAT poderão ser registradas posteriormente àdata da leitura inicial.A análise da dimensão referente ao Ambiente de <strong>Trabalho</strong> Seguro será realizadapre<strong>do</strong>minantemente com base nas seguintes fontes de informações: registros administrativos<strong>do</strong> Ministério da Previdência Social, referentes aos acidentes <strong>do</strong> trabalho, <strong>do</strong> Ministério<strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> e Emprego <strong>no</strong> concernente à inspeção <strong>do</strong> trabalho e levantamento <strong>do</strong>miciliaroriun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s suplementos de Saúde da PNAD <strong>do</strong> IBGE, aplica<strong>do</strong> <strong>no</strong>s os a<strong>no</strong>s de 1998,2003 e 2008.A Evolução Recente <strong>do</strong>s Acidentes de <strong>Trabalho</strong>Registra<strong>do</strong>s por MotivoO número de acidentes de trabalho registra<strong>do</strong>s <strong>no</strong> país decli<strong>no</strong>u de 755.980 em 2008para 701.496 em 2010, o que significou uma redução de 7,2% em <strong>do</strong>is a<strong>no</strong>s, conformeTabela 90 A diminuição foi observada tanto entre os acidentes com CAT registrada (de551.023 para 525.206 ou 4,7%) quanto entre aqueles sem CAT registrada (de 204.957para 176.290, o correspondente a 14,0%).TABELA 90QUANTIDADE DE ACIDENTES DO TRABALHO POR SITUAÇÃO DE REGISTRO E MOTIVOBRASIL, 2008-2010Quantidade de Acidentes <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>A<strong>no</strong>s200820092010Variação %2008/2010Total755.980733.365701.496–7,2Total551.023534.248525.206–4,7Com CAT RegistradaMotivoTípicoTrajeto441.92588.742424.49890.180414.82494.789–6,16,8Doença <strong>do</strong><strong>Trabalho</strong>20.35619.57015.593–23,4SemCATRegistrada204.957199.117176.290–14,0Fonte: MTE / MPS - Anuário Estatístico de Acidentes <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>Analisan<strong>do</strong> esses da<strong>do</strong>s de acor<strong>do</strong> ao motivo <strong>do</strong>s acidentes, verifica-se, nesse perío<strong>do</strong>, quehouve uma redução de 6,1% <strong>do</strong>s Acidentes Típicos 122 e um expressivo declínio de 23,4%das Doenças <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 123 . Por outro la<strong>do</strong>, os Acidentes de Trajeto 124 cresceram 6,8%.Em decorrência dessa tendência, os Acidentes de Trajeto ampliaram sua participação nacomposição <strong>do</strong>s acidentes registra<strong>do</strong>s, ao passar de 16,1% para 18,0% <strong>do</strong> total entre 2008e 2010. Apesar de reduzir a participação (de 80,2% para 79,0% <strong>do</strong> total), os Acidentes122São aqueles acidentes decorrentes da característica da atividade profissional desempenhada pelo segura<strong>do</strong> acidenta<strong>do</strong>.123Entende-se por <strong>do</strong>ença profissional ou <strong>do</strong> trabalho aquela produzida ou desencadeada pelo exercício <strong>do</strong> trabalhopeculiar a determina<strong>do</strong> ramo de atividade.124Acidentes ocorri<strong>do</strong>s <strong>no</strong> trajeto entre a residência e o local de trabalho <strong>do</strong> segura<strong>do</strong> e vice-versa.


270<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTípicos mantém ampla primazia. As Doenças <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> também diminuiram a suarepresentividade na composição: de 3,7% para 3,0%.A maior proporção <strong>do</strong>s acidentes (cerca de 72,0% <strong>do</strong> total) se dava entre os homens<strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2010 125 . Entretanto, tal proporção variava conforme o motivo <strong>do</strong> acidente:as pessoas <strong>do</strong> sexo masculi<strong>no</strong> participaram com 76,5% e as pessoas <strong>do</strong> sexo femini<strong>no</strong>com 23,5% <strong>no</strong>s Acidentes Típicos; 65,0% e 35,7% <strong>no</strong>s de Trajeto; e 57,8% e 42,2% nasDoenças <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, respectivamente. Chama a atenção o fato das mulheres estaremmais representadas na categoria <strong>do</strong>enças <strong>do</strong> trabalho, o que demanda investigaçõesfuturas mais aprofundadas e mediante uma perspectiva de gênero, acerca da tipologia <strong>do</strong>sacidentes e <strong>do</strong>enças profissionais entre trabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>ras.Os acidentes de trajeto guardam relação direta com a violência <strong>no</strong> trânsito e, em certa medida,também com a violência urbana. O crescimento desse tipo de acidente <strong>no</strong> perío<strong>do</strong> recenteaponta para a necessidade de se avaliar com maior profundidade as condições de segurança detrabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>ras durante o deslocamento entre a residência e o local de trabalho.Esse motivo de acidente ocorre pre<strong>do</strong>minantemente entre os mais jovens, e sobretu<strong>do</strong> homens.Em 2010, cerca de 45,0% desse tipo de acidente ocorreu entre pessoas com 20 a 29 a<strong>no</strong>s deidade, sen<strong>do</strong> que 67,8% <strong>do</strong> grupo total acidenta<strong>do</strong> nessa modalidade era composto por homens.Direcionan<strong>do</strong>-se a análise para as Unidades da Federação (UFs), observa-se uma trajetória eintensidade bastante diferenciada <strong>do</strong>s acidentes <strong>do</strong> trabalho entre as mesmas, o que reforça,ainda mais, a necessidade de desagregar territorialmente os Indica<strong>do</strong>res de <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>.Em um conjunto de 17 das 27 UFs, ocorreu redução <strong>do</strong> número de acidentes <strong>do</strong> trabalhoregistra<strong>do</strong>s entre 2008 e 2010, acompanhan<strong>do</strong> a tendência nacional. De acor<strong>do</strong> com osda<strong>do</strong>s que constam na Tabela 91, os declínios mais significativos foram verifica<strong>do</strong>s <strong>no</strong>Espírito Santo (-22,0%), Rio Grande <strong>do</strong> Norte (-16,9%) e Tocantins (-13,9%).Observan<strong>do</strong>-se o conjunto das dez UFs que apresentou aumento da quantidade deacidentes <strong>do</strong> trabalho entre 2008 e 2010, chamava a atenção o fato de que todas elaspertenciam às regiões Norte e Nordeste. Os aumentos mais expressivos ocorreram <strong>no</strong>Acre (32,3%), Piauí (23,5%), Ceará (19,5%) e Pernambuco (18,4%).Por outro la<strong>do</strong>, em to<strong>do</strong>s os esta<strong>do</strong>s das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste houve redução<strong>do</strong> número total de acidentes registra<strong>do</strong>s <strong>no</strong> perío<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong>.Desagregan<strong>do</strong> esses da<strong>do</strong>s por motivo <strong>do</strong>s acidentes, registraram-se algumas particularidadesque merecem destaque. Quanto aos Acidentes Típicos:Em 20 UFs ocorreu redução, com destaque para o Rio Grande <strong>do</strong> Norte (-27,7%),Tocantins (-22,4%) e Mato Grosso <strong>do</strong> Sul (-17,4%);Nas outras 7 UFs houve aumento, entre os quais os mais expressivos se deram emRoraima (39,6%), Acre (33,9%), Ceará (27,8%) e Rondônia (27,3%);Quanto aos Acidentes de Trajeto:Apenas <strong>no</strong> Pará constatou-se redução, ainda que bastante diminuta (-1,6%)Nas outras 26 UFs houve aumento, entre os quais os mais significativos ocorreram emRoraima (68,8%), Acre (49,5%), Ceará (43,6%), Maranhão (37,6%) e Paraíba (32,4%)– percentuais bastante acima daqueles correspondentes à média nacional (7,8%).125É necessário observar que em 2009, os homens representavam 57,2% da população ocupada,


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 271TABELA 91QUANTIDADE DE ACIDENTES DO TRABALHO POR SITUAÇÃO DE REGISTRO E MOTIVOUNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2008-2010Quantidade de Acidentes <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>CONTINUA >>Unidades daFederaçãoA<strong>no</strong>sTotalTotalCom CAT RegistradaTípicoMotivoTrajetoDoença <strong>do</strong><strong>Trabalho</strong>Sem CATRegistradaRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande<strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoas20082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/20104.7195.28011,98211.08632,39.4848.375–11,7535513–4,111.92611.435–4,16426673,92.1651.864–13,95.8105.9692,72.6123.22623,510.15312.13519,58.4567.023–16,94.2774.95715,916.84119.93618,48.5809.1857,12.7243.63933,644258131,47.4116.279–15,322132948,99.5738.906–7,0517511–1,21.3401.094–18,43.5673.347–6,21.1031.23612,16.2738.10529,26.5755.124–22,12.7982.9244,511.83613.67315,56.9356.543–5,72.0642.62727,330741133,95.6765.001–11,913919439,68.1287.526–7,4394352–10,71.025795–22,42.9962.598–13,38088697,54.5135.76827,85.4823.961–27,72.2042.166–1,79.16910.57515,36.1775.709–7,652763119,79914849,58358926,87713068,81.1981.179–1,611415334,22672836,047665537,626234029,81.4632.10143,68981.01613,142956832,42.1042.56121,76336959,8133381186,53622–38,9900386–57,155–247201–18,696–33,34816–66,79594–1,13327–18,2297236–20,5195147–24,616519015,2563537–4,612513911,21.9951.641–17,737950533,22.0732.0961,1314184–41,42.3532.5297,512515624,8825770–6,72.2432.62216,91.5091.99031,93.8804.0303,91.8811.8991,01.4792.03337,55.0056.26325,11.6452.64260,6


272<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoCONCLUSÃOTABELA 91QUANTIDADE DE ACIDENTES DO TRABALHO POR SITUAÇÃO DE REGISTRO E MOTIVOUNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2008-2010Quantidade de Acidentes <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>Unidades daFederaçãoA<strong>no</strong>sTotalTotalCom CAT RegistradaTípicoMotivoTrajetoDoença <strong>do</strong><strong>Trabalho</strong>Sem CATRegistradaSergipeBahiaMinas GeraisEspíritoSantoRio deJaneiroSão PauloParanáSantaCatarinaRio Grande<strong>do</strong> SulMato Grosso<strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistritoFederal20082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/20103.0823.1201,226.14223.934–8,478.26574.763–4,517.42713.592–22,053.40747.938–10,2265.975242.271–8,957.52951.509–10,551.29747.107–8,263.39658.237–8,111.41610.032–12,113.83213.376–3,317.84015.625–12,49.3518.341–10,82.2452.3615,215.86613.777–13,257.99254.445–6,112.78011.362–11,139.70938.042–4,2207.686197.504–4,940.94040.157–1,929.04028.817–0,844.72640.465–9,58.3427.314–12,39.6499.413–2,414.49613.112–9,56.2376.146–1,51.8131.8743,412.62210.845–14,148.42145.008–7,010.6059.067–14,529.67228.575–3,7165.179154.984–6,233.83933.067–2,322.82622.384–1,936.89233.029–10,56.7975.616–17,48.0217.606–5,211.6159.792–15,74.5414.425–2,634938811,22.0852.2025,68.1398.3452,51.8312.06612,87.3457.5002,135.56937.2444,76.0836.2813,35.1775.6669,46.0586.1601,71.3331.47710,81.4111.58412,32.6393.11017,81.3411.4145,4839919,31.159730–37,01.4321.092–23,7344229–33,42.6921.967–26,96.9385.276–24,01.018809–20,51.037767–26,01.7761.276–28,22122214,22172232,8242210–13,2355307–13,5837759–9,310.27610.157–1,220.27320.3180,24.6472.230–52,013.6989.896–27,858.28944.767–23,216.58911.352–31,622.25718.290–17,818.67017.772–4,83.0742.718–11,64.1833.963–5,33.3442.513–24,93.1142.195–29,5Fonte: MTE / MPS - Anuário Estatístico de Acidentes <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 273Na categoria Doença <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> é possível destacar os seguintes aspectos:Registrou-se declínio em 22 das 27 UFs, sen<strong>do</strong> que em algumas o percentual foi bastanteexpressivo: Tocantins (-66,7%), Amazonas (-57,1%), Acre (-38,9%) e Bahia (-37,0%).Entre os quatro esta<strong>do</strong>s com expansão das <strong>do</strong>enças laborais, Rondônia chamava aatenção, uma vez que o número de acidentes nessa modalidade mais <strong>do</strong> que <strong>do</strong>brou(186,5%) ao passar de 133 para 381, entre 2008 e 2010.Já em Roraima, se manteve estável a quantidade acidentes que culminaram em<strong>do</strong>ença <strong>do</strong> trabalho.Em que pese a redução observada para o conjunto <strong>do</strong> país (-14,0%) <strong>do</strong> número de acidentessem CAT registrada entre 2008 e 2010, em um conjunto de 12 esta<strong>do</strong>s (sen<strong>do</strong> 11 das regiõesNorte e Nordeste) esse número aumentou. Em Alagoas, o incremento foi de 60,6%.No a<strong>no</strong> de 2010, em diversas UFs ainda era elevada a participação percentual <strong>do</strong>s acidentessem CAT registrada na quantidade total de acidentes, alcançan<strong>do</strong> 61,7% <strong>no</strong> Piauí, 46,5%<strong>no</strong> Acre e 43,9% <strong>no</strong> Maranhão.A Distribuição <strong>do</strong>s Acidentes entre os Setores deAtividade EconômicaA atividade econômica Agropecuária participou com 3,9% <strong>do</strong> total de acidentes com CATregistrada <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2010, participação idêntica àquela observada em 2008. A Indústriarespondeu por 43,9% <strong>do</strong>s acidentes em 2010 e por 46,1% em 2008. Por fim, o setorServiços diminuiu levemente a sua participação, na medida em que respondia por 50,0%<strong>do</strong> total de acidentes em 2008 e por 47,3% em 2010.Em 2010, os subsetores com maior participação <strong>no</strong> total de Acidentes Típicos foramComércio e reparação de veículos automotores (12,2%) e Saúde e serviços sociais(10,3%). Nos Acidentes de Trajeto, as maiores participações foram Comércio e reparaçãode veículos automotores e Serviços presta<strong>do</strong>s principalmente a empresa com,respectivamente, 18,8% e 13,9% <strong>do</strong> total. Nas Doenças <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, foram os subsetoresComércio e reparação de veículos automotores (12,5%) e Produtos alimentícios e bebidas(11,0% <strong>do</strong> total). (MPS, 2011).A Evolução Recente <strong>do</strong>s Acidentes de <strong>Trabalho</strong>Liquida<strong>do</strong>s 126 por ConsequênciaEm 2010, o número de acidentes de trabalho liquida<strong>do</strong>s foi de 720.128, o que correspondeua uma queda de 7,0% em relação a 2008, conforme Tabela 92. Tratan<strong>do</strong>-se da distribuiçãopor categorias de conseqüência, os acidentes que redundaram em Incapacidade Temporária127 declinaram em 7,2% durante o mesmo perío<strong>do</strong> (ao passar de 653.311 para 606.250).126Corresponde ao número de acidentes cujos processos foram encerra<strong>do</strong>s administrativamente pelo INSS, depoisde completa<strong>do</strong> o tratamento e indenizadas as seqüelas. As categorias de consequência <strong>do</strong>s acidentes incluem:assistência médica, incapacidade temporária (inferior e superior a 15 dias), incapacidade permanente e óbito.127Entende-se por incapacidade temporária a interrupção <strong>do</strong> exercício laboral durante o tratamento psicofísicosocialpor ocasião <strong>do</strong> acidente <strong>do</strong> trabalho. O afastamento, quan<strong>do</strong> inferior ou igual a 15 dias, não gera pagamento


274<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTABELA 92QUANTIDADE DE ACIDENTES DO TRABALHO LIQUIDADOS POR CONSEQUÊNCIABRASIL, 2008-2010Quantidade de Acidentes <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> Liquida<strong>do</strong>sA<strong>no</strong>s200820092010Variação %2008/2010Total774.473752.121720.128–7,0AssistênciaMédica105.249103.02997.069–7,8Total653.311631.927606.250–7,2ConsequênciaIncapacidade TemporáriaMe<strong>no</strong>s de15 dias317.702306.900299.928–5,6Mais de15 dias335.609325.027306.322–8,7IncapacidadePermanente13.09614.60514.0977,6Óbito2.8172.5602.712–3,7Fonte: MTE / MPS - Anuário Estatístico de Acidentes <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>A mesma tendência de declínio (7,8%) foi observada entre os acidentes que culminaramapenas em Assistência Médica 128 – de 105.249 para 97.069 <strong>no</strong> mesmo perío<strong>do</strong> .Por sua vez, os acidentes que redundaram em uma Incapacidade Permanente 129 <strong>do</strong>trabalha<strong>do</strong>r ou trabalha<strong>do</strong>ra aumentaram de 13.096 em 2008 para 14.097 em 2010, oque equivale a uma expansão de 7,6%.Também se observa uma redução <strong>do</strong>s óbitos 130 decorrentes de acidentes de trabalho ( de2.817 para 2.712 <strong>no</strong> perío<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong>, o correspondente a uma redução de 3,7%). Vale<strong>no</strong>tar que esse tipo de letalidade vem reduzin<strong>do</strong>-se <strong>no</strong> país desde a década de 1990. Em1996, os acidentes laborais geraram 4.488 óbitos, sen<strong>do</strong> que em 1999, essa cifra se situavaem 3.896. Durante diversos a<strong>no</strong>s da década de 2000, o número de mortes por acidentes<strong>no</strong> trabalho esteve num patamar inferior a 3.000, sen<strong>do</strong> que a média para o perío<strong>do</strong> maisrecente (de 2008 a 2010) girou em tor<strong>no</strong> de 2.700 óbitos.É importante mencionar a existência <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, <strong>no</strong> âmbito da seguridade social, <strong>do</strong> auxílio-<strong>do</strong>ença,um benefício concedi<strong>do</strong> ao segura<strong>do</strong> impedi<strong>do</strong> de trabalhar por <strong>do</strong>ença ouacidente por mais de 15 dias consecutivos. Para ter direito ao benefício, o trabalha<strong>do</strong>r temde contribuir para a Previdência Social por, <strong>no</strong> mínimo, 12 meses. Esse prazo não serápor parte <strong>do</strong> INSS, sen<strong>do</strong> que a cobertura financeira (remuneração salarial) desse perío<strong>do</strong> é de responsabilidade<strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>r. Quan<strong>do</strong> o afastamento for superior a 15 dias, gera direito ao recebimento de benefício acidentáriopago pelo INSS.128Corresponde aos segura<strong>do</strong>s que receberam apenas atendimentos médicos para sua recuperação para o exercícioda atividade laborativa.129Refere-se aos segura<strong>do</strong>s que ficaram permanentemente incapacita<strong>do</strong>s para o exercício laboral. A incapacidadepermanente pode ser de <strong>do</strong>is tipos: parcial e total. Entende-se por incapacidade permanente parcial o fato <strong>do</strong>acidenta<strong>do</strong> em exercício laboral, após o devi<strong>do</strong> tratamento psicofísico-social, apresentar seqüela definitiva queimplique em redução da capacidade laborativa devidamente enquadrada em legislação específica, redução dacapacidade laborativa com exigência de maior esforço para o desempenho da mesma atividade que exercia naépoca <strong>do</strong> acidente ou em impossibilidade de desempenho da atividade que exercia à época <strong>do</strong> acidente, permiti<strong>do</strong>,porém, o desempenho de outra após processo de reabilitação profissional, <strong>no</strong>s casos indica<strong>do</strong>s pela perícia médica<strong>do</strong> INSS. O outro tipo (total) ocorre quan<strong>do</strong> o segura<strong>do</strong> acidenta<strong>do</strong> em exercício laboral apresentar incapacidadepermanente e total para o exercício de qualquer atividade laborativa. No primeiro caso a informação é captadaa partir da concessão <strong>do</strong> benefício auxílio-acidente por acidente <strong>do</strong> trabalho e, <strong>no</strong> segun<strong>do</strong>, o benefício é aaposenta<strong>do</strong>ria por invalidez por acidente <strong>do</strong> trabalho.130Corresponde a quantidade de segura<strong>do</strong>s que faleceram em função <strong>do</strong> acidente <strong>do</strong> trabalho. A informação é captadaa partir <strong>do</strong> registro da CAT por morte decorrente de acidente <strong>do</strong> trabalho e da habilitação de pensão por morte poracidente <strong>do</strong> trabalho e em caso de morte de segura<strong>do</strong> em gozo de benefício acidentário, ten<strong>do</strong> em vista que estaspensões são, necessariamente, vinculadas ao óbito decorrente de acidente <strong>do</strong> trabalho.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 275exigi<strong>do</strong> em caso de acidente de qualquer natureza (por acidente de trabalho ou fora <strong>do</strong>trabalho).Em pouco mais da metade das UFs (16 em 27) 131 , diminuiu o número de acidentes <strong>do</strong>trabalho que culminaram em óbito <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res ou trabalha<strong>do</strong>ras. A diminuiçãoocorreu com maior intensidade <strong>no</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Norte (-46,4%), Acre (-42,9%) e DistritoFederal (-34,0%), segun<strong>do</strong> Tabela 93.Em um grupo de oito esta<strong>do</strong>s, seis <strong>do</strong>s quais na região Nordeste, o número de óbitosaumentou: Rondônia, Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande <strong>do</strong>Sul e Goiás. Destacam-se, nesse quadro, o Esta<strong>do</strong> de Pernambuco, (onde a quantidadede óbitos por acidentes <strong>do</strong> trabalho se expandiu em 44,1%, ao passar de 68 para 98entre 2008 e 2010), Piauí e Goiás, onde essa expansão foi de, respectivamente, 31,6%e 30,4%.Já nas UFs de Sergipe, Roraima e Amapá, o número de óbitos permaneceu estável <strong>no</strong>perío<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong>.131No caso das UFs, a análise comparativa da variação percentual <strong>do</strong> número de óbitos deve ser feita com cautela,pelo fato de se trata de um tipo de comparação que exige cuida<strong>do</strong>, pois as variações porcentuais sobre basespequenas (às vezes ínfimas) não têm o mesmo significa<strong>do</strong> que variações semelhantes sobre bases bem maiores.


276<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoCONTINUA >>TABELA 93QUANTIDADE DE ACIDENTES DO TRABALHO LIQUIDADOS POR CONSEQUÊNCIAUNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2008-2010Quantidade de Acidentes <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> Liquida<strong>do</strong>sUnidades daFederaçãoRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande<strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasA<strong>no</strong>s20082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/2010Total4.9505.48710,88711.12429,09.7478.558–12,25435460,612.32811.827–4,16586813,52.2191.935–12,85.9486.2705,42.6723.35625,610.40712.50420,18.6057.241–15,94.4255.17016,817.34420.38617,58.7379.5138,9AssistênciaMédica280950239,35824–58,61.3771.026–25,51211–8,32.3852.259–5,311382–27,4250113–54,81.025724–29,414021352,17751.01230,63.0051.41852,8666414–37,81.7382.35235,3590505–14,4ConsequênciaIncapacidade TemporáriaTotal4.4164.334–1,97511.05440,38.2397.392–10,3513501–2,39.5999.206–4,152958510,61.8961.744–8,04.7255.23610,82.4222.99523,79.32511.09118,95.4755.6142,53.6004.54226,215.20017.64916,18.0258.6958,3Me<strong>no</strong>s de15 dias1.6201.83013,023336757,55.0964.362–14,413417429,95.1934.944–4,827932014,7779640–17,81.9502.0464,96937386,53.7254.99634,12.6502.7533,91.4821.67813,27.6688.2777,95.4735.071–7,3Mais de15 dias2.7962.504–10,451868732,63.1433.030–3,6379327–13,74.4064.262–3,32502656,01.1171.104–1,22.7753.19015,01.7292.25730,55.6006.0958,82.8252.8611,32.1182.86435,27.5329.37224,42.5523.62442,0IncapacidadePermanente220162–26,45542–23,68911124,71531106,725229015,11210–16,7486127,116026163,19112335,225333331,697194100,013819037,7338287–15,191284212,1Óbito344120,674–42,94229–31,033–9272–21,744–2517–32,0384928,9192531,6546825,92815–46,4212414,3689844,13129–6,5


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 277TABELA 93QUANTIDADE DE ACIDENTES DO TRABALHO LIQUIDADOS POR CONSEQUÊNCIAUNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2008-2010Quantidade de Acidentes <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> Liquida<strong>do</strong>sCONCLUSÃOUnidades daFederaçãoSergipeBahiaMinasGeraisEspíritoSantoRio deJaneiroSãoPauloParanáSantaCatarinaRioGrande<strong>do</strong> SulMatoGrosso<strong>do</strong> SulMatoGrossoGoiásDistritoFederalA<strong>no</strong>s20082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/201020082010Variação %2008/2010Total3.2073.2631,727.30225.232–7,679.77376.663–3,917.83413.947–21,854.83449.220–10,2272.271247.199–9,258.80652.905–10,052.36048.712–7,064.80759.678–7,911.71610.368–11,514.25213.761–3,418.30716.073–12,29.5508.509–10,9AssistênciaMédica5596129,54.2733.535–17,313.18611.960–9,32.7892.552–8,59.6209.026–6,236.71233.814–7,97.3907.7835,34.3774.133–5,68.4497.342–13,11.6941.182–30,21.3681.72426,01.8221.621–11,059668214,4ConsequênciaIncapacidade TemporáriaTotal2.5312.517–0,621.92620.310–7,464.98862.867–3,314.57711.058–24,144.29939.191–11,5230.863209.489–9,350.20043.830–12,746.84442.978–8,355.23051.051–7,69.7508.907–8,612.57711.703–6,916.05714.045–12,58.7547.666–12,4Me<strong>no</strong>s de15 dias1.2951.3343,08.5427.219–15,532.96330.678–6,97.2426.463–10,820.41219.687–3,6124.834116.637–6,624.22823.579–2,715.11515.3941,823.09520.572–10,94.2163.616–14,25.6734.917–13,38.7667.406–15,54.3464.230–2,7Mais de15 dias1.2361.183–4,313.38413.091–2,232.02532.1890,57.3354.595–37,423.88719.504–18,3106.02992.852–12,425.97220.251–22,031.72927.584–13,132.13530.479–5,25.5345.291–4,46.9046.786–1,77.2916.639–8,94.4083.436–22,1IncapacidadePermanente9811517,39831.26829,01.2491.49319,5358249–30,474685614,73.9553.186–19,41.0111.0998,79851.44947,19851.13315,021123611,817723029,9326274–16,0153130–15,0Óbito1919–120119–0,8350343–2,011088–20,0169147–13,0741710–4,2205193–5,9154152–1,31431526,36143–29,5130104–20,010213330,44731–34,0Fonte: MTE / MPS - Anuário Estatístico de Acidentes <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>


278<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoPor sua vez, os acidentes laborais que redundaram em incapacidade permanenteaumentaram em 19 das 27 UFs, o que contribuiu decisivamente para que a média nacionalfosse ampliada em 7,6%, conforme já menciona<strong>do</strong> anteriormente. Chama a atenção ocrescimento ocorri<strong>do</strong> em Alagoas ( de 91 em 2008 para 284 em 2010, o que significa umcrescimento de 212,1%), Rio Grande <strong>do</strong> Norte e Roraima (onde a quantidade de acidentesque culminaram em incapacidade permanente <strong>do</strong>brou durante o perío<strong>do</strong> em análise).Entre os esta<strong>do</strong>s <strong>no</strong>s quais houve redução desse tipo de acidentes destacam-se o EspíritoSanto (-30,4%), Rondônia (-26,4%), Acre (-23,6%) e São Paulo (-19,4%)Indica<strong>do</strong>res de Acidentes de <strong>Trabalho</strong>: a VariabilidadeTerritorial da IncidênciaOs indica<strong>do</strong>res de acidentes <strong>do</strong> trabalho são importantes para mensurar a exposição<strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res aos níveis de risco inerentes à atividade econômica, permitin<strong>do</strong> oacompanhamento das flutuações e tendências históricas <strong>do</strong>s acidentes e seus impactosnas empresas e na vida <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res. Além disso, fornecem subsídios para oaprofundamento de estu<strong>do</strong>s sobre o tema e permitem o planejamento de ações nas áreas desegurança e saúde <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r. Por fim, são estratégicos para permitir a comparabilidadeda incidência de acidentes <strong>do</strong> trabalho entre distintos espaços geográficos.Em decorrência, sobretu<strong>do</strong>, da anteriormente mencionada redução <strong>do</strong> número deacidentes de trabalho, a Taxa de Incidência de Acidentes <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 132 que era deaproximadamente 23,0 por 1.000 vínculos empregatícios <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2008, declina para21,6 em 2009 e posteriormente para 19,1 em 2010, conforme Gráfico 27.GRÁFICO 27TAXA DE INCIDÊNCIA DE ACIDENTES DO TRABALHOBRASIL, 2008 A 2010Fonte: MTE / MPS - Anuário Estatístico de Acidentes <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>132Trata-se de um indica<strong>do</strong>r que reflete a intensidade com que acontecem os acidentes <strong>do</strong> trabalho. Expressa arelação entre as condições de trabalho e o quantitativo médio de trabalha<strong>do</strong>res expostos àquelas condiç ões. Estarelação constitui a expressão mais geral e simplificada <strong>do</strong> risco. O coeficiente é defini<strong>do</strong> como a razão entre onúmero de <strong>no</strong>vos acidentes <strong>do</strong> trabalho registra<strong>do</strong>s a cada a<strong>no</strong> e a população exposta ao risco de sofrer algumtipo de acidente. São considera<strong>do</strong>s <strong>no</strong> de<strong>no</strong>mina<strong>do</strong>r apenas os trabalha<strong>do</strong>res com cobertura contra os riscosdecorrentes de acidentes <strong>do</strong> trabalho. Não estão cobertos os contribuintes individuais (trabalha<strong>do</strong>res autô<strong>no</strong>mose emprega<strong>do</strong>s <strong>do</strong>mésticos, eentre outros), os militares e os servi<strong>do</strong>res públicos estatutários.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 279O processo de declínio <strong>do</strong>s óbitos por acidente de trabalho visto anteriormente fica aindamais evidente por intermédio da análise de um indica<strong>do</strong>r que relaciona as mortes com apopulação exposta ao risco. De fato, a Taxa de Mortalidade 133 por Acidentes <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>vem cain<strong>do</strong> sistematicamente ao longo da década de 2000: de 13,0 óbitos por 100.000vínculos empregatícios em 2002, para 11,4 em 2004, até baixar de <strong>do</strong>is dígitos em 2008,quan<strong>do</strong> se situava em 8,6. Segun<strong>do</strong> Gráfico 28, em 2010, a taxa decli<strong>no</strong>u ainda mais (para7,4 óbitos por 100.000 vínculos empregatícios) em função, sobretu<strong>do</strong>, da redução de 3,7%<strong>no</strong> número de acidentes fatais observa<strong>do</strong> ao compararem-se os a<strong>no</strong>s de 2008 e 2010,conforme menciona<strong>do</strong> anteriormente.GRÁFICO 28TAXA DE MORTALIDADE POR ACIDENTES DO TRABALHOBRASIL, 2008 A 2010Fonte: MTE / MPS - Anuário Estatístico de Acidentes <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>Acompanhan<strong>do</strong> a tendência nacional, 22 das 27 UFs apresentaram redução da Taxa deIncidência de Acidentes <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> nesse perío<strong>do</strong>. Apenas <strong>no</strong> Acre, Paraíba, Ceará ePiauí, constatou-se aumento da referida taxa. Em Pernambuco, a incidência manteve-se<strong>no</strong> mesmo patamar.Conforme já menciona<strong>do</strong>, a análise da Taxa de Incidência é de suma importância, poispermite relativizar a variação absoluta <strong>do</strong> número de acidentes <strong>do</strong> trabalho vis a vis aevolução <strong>do</strong> número de vínculos empregatícios. Esse foi o caso, por exemplo, de Rondônia,em que, apesar <strong>do</strong> aumento de 11,9% <strong>no</strong> número de acidentes ocorri<strong>do</strong> entre 2008 e 2010,a Taxa de Incidência reduziu de 26,2 para 22,0 acidentes por 1.000 vínculos <strong>no</strong> mesmoperío<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong> Tabela 94.Apesar da redução observada na maioria das UFs, a Taxa de Incidência de Acidentes<strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> ainda apresentava uma expressiva variabilidade ao longo <strong>do</strong> territórionacional <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2010, sen<strong>do</strong> que em algumas UFs a taxa ainda era bastante elevada epreocupante. Um conjunto de <strong>no</strong>ve UFs possuía incidência de acidentes laborais acima da133Mede a relação entre o número total de óbitos decorrentes <strong>do</strong>s acidentes de trabalho verifica<strong>do</strong>s <strong>no</strong> a<strong>no</strong> e apopulação exposta ao risco de se acidentar. O indica<strong>do</strong>r é obti<strong>do</strong> por intermédio <strong>do</strong> coeficiente entre o número deóbitos decorrentes de acidentes <strong>do</strong> trabalho e o número médio anual de vínculos empregatícios.


280<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federaçãomédia nacional (19,1). Em Alagoas, a taxa era a maior <strong>do</strong> país e alcançava 30,2 para cada1.000 vínculos, sen<strong>do</strong> também significativamente elevada em Santa Catarina (26,3) e <strong>no</strong>Rio Grande <strong>do</strong> Sul (24,6).As me<strong>no</strong>res taxas de incidência em 2010TABELAeram94verificadas em Roraima (9,3 por 1.000vínculos), Amapá (9,7), Tocantins (10,0) e Sergipe (10,9).TAXAS DE INCIDÊNCIA E DE MORTALIDADE POR ACIDENTES DO TRABALHOBRASIL E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2008-2010Unidades da Federação<strong>Brasil</strong>RondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito FederalTaxa de Incidência de Acidentes <strong>do</strong><strong>Trabalho</strong> (por 1.000 Vínculos)23,026,212,824,812,218,811,313,015,310,911,421,111,718,130,911,916,721,024,818,825,726,331,829,527,626,919,415,721,625,015,723,111,719,311,914,515,412,312,721,613,218,832,311,816,420,521,117,023,624,130,028,325,525,817,614,819,122,014,620,19,316,89,710,014,211,411,615,712,218,130,210,913,618,217,715,021,321,326,324,622,122,714,612,3Taxa de Mortalidade por Acidentes <strong>do</strong><strong>Trabalho</strong> (por 100.000 Vínculos)2008 2009 2010 2008 200920108,618,910,911,06,814,57,015,110,07,96,17,05,77,311,27,47,79,415,66,07,29,49,66,714,725,211,17,97,618,67,17,06,411,74,88,811,37,55,15,16,59,510,37,27,58,111,75,36,39,86,86,110,523,310,23,37,417,15,46,95,510,65,89,111,68,86,53,45,98,99,56,76,88,411,44,66,28,08,56,49,517,712,44,6Fonte: MPS - AEAT INFOLOGONo que se refere à Taxa de Mortalidade por Acidentes <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, observou-se declínioem 21 UFs, ten<strong>do</strong> aumenta<strong>do</strong> em Goiás, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Ceará e Piauí.Vale ressaltar que nesses três últimos esta<strong>do</strong>s <strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong>s, também ocorreu aumento daTaxa de Incidência de Acidentes <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, conforme já analisa<strong>do</strong>.Assim como <strong>no</strong> caso da Taxa de Incidência, a Taxa de Mortalidade variava de formaexpressiva entre as UFs. No a<strong>no</strong> de 2010, um grupo de 14 esta<strong>do</strong>s apresentava Taxa deMortalidade superior à média nacional (7,4 óbitos por 100.000 vínculos).O esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Mato Grosso, em que pese a contundente redução na taxa (de 25,2 para17,7 óbitos por 100.000 vínculos) observada entre 2008 e 2010, apresentava a maiorincidência <strong>do</strong> país de óbitos decorrentes de acidentes <strong>do</strong> trabalho. Logo em seguida,aparecia Rondônia (17,1 por 100.000 vínculos).


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 281Por sua vez o Rio Grande <strong>do</strong> Norte (3,4), Distrito Federal e Rio de Janeiro (ambas comuma taxa de 4,6 óbitos por 100.000 vínculos) possuíam as me<strong>no</strong>res taxas de mortalidadepor acidentes laborais dentre as 27 UFs <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2010.Os Custos <strong>do</strong>s Acidentes <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>No <strong>Brasil</strong>, a proteção acidentária é determinada pela Constituição Federal sob a formade ação integrada de Seguridade Social <strong>do</strong>s Ministérios da Previdência Social, <strong>Trabalho</strong> eEmprego e Saúde.A fonte de custeio para a cobertura de eventos advin<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s riscos ambientais <strong>do</strong> trabalho- acidentes e <strong>do</strong>enças <strong>do</strong> trabalho, assim como as aposenta<strong>do</strong>rias especiais - baseia-se natarifação coletiva das empresas, segun<strong>do</strong> o enquadramento das atividades preponderantesestabeleci<strong>do</strong> conforme a SubClasse da Classificação Nacional de Atividades Econômicas(CNAE).A tarifação coletiva está prevista <strong>no</strong> inciso II <strong>do</strong> art. 22 da Lei 8.212/1991 e a contribuiçãoda empresa é estabelecida com base <strong>no</strong>s Riscos Ambientais <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> (RAT), que éum percentual que mede o risco da atividade econômica, baseada <strong>no</strong> qual é cobrada acontribuição para financiar os benefícios previdenciários decorrentes <strong>do</strong> grau de incidênciade incapacidade laborativa.A alíquota de contribuição para o RAT será de 1% se a atividade é de risco mínimo; 2% sede risco médio e de 3% se de risco grave, incidentes sobre o total da remuneração paga,devida ou creditada a qualquer título, <strong>no</strong> decorrer <strong>do</strong> mês, aos segura<strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>s etrabalha<strong>do</strong>res avulsos. Haven<strong>do</strong> exposição <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r a agentes <strong>no</strong>civos que permitama concessão de aposenta<strong>do</strong>ria especial, há acréscimo das alíquotas na forma da legislaçãoem vigor. Esses percentuais poderão ser reduzi<strong>do</strong>s ou majora<strong>do</strong>s, de acor<strong>do</strong> com o art. 10da Lei 10.666/2003. Isto representa a possibilidade de estabelecer a tarifação individualdas empresas, flexibilizan<strong>do</strong> o valor das alíquotas: reduzin<strong>do</strong>-as pela metade ou elevan<strong>do</strong>asao <strong>do</strong>bro.A flexibilização das alíquotas aplicadas para o financiamento <strong>do</strong>s benefícios pagos pelaPrevidência Social decorrentes <strong>do</strong>s riscos ambientais <strong>do</strong> trabalho foi materializadamediante a aplicação da meto<strong>do</strong>logia <strong>do</strong> Fator Acidentário de Prevenção (FAP). Ameto<strong>do</strong>logia foi aprovada pelo Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS 134 ),mediante análise e avaliação da proposta meto<strong>do</strong>lógica e publicação das ResoluçõesCNPS Nº 1308 e 1309, ambas de 2009. A meto<strong>do</strong>logia aprovada busca bonificar aquelesemprega<strong>do</strong>res que tenham feito um trabalho intenso nas melhorias ambientais em seuspostos de trabalho e apresenta<strong>do</strong>, <strong>no</strong> último perío<strong>do</strong>, me<strong>no</strong>res índices de acidentalidadee, ao mesmo tempo, aumentar a cobrança daquelas empresas que tenham apresenta<strong>do</strong>índices de acidentalidade superiores à média de seu setor econômico.Com base nessa meto<strong>do</strong>logia, o FAP afere o desempenho da empresa, dentro da respectivaatividade econômica, relativamente aos acidentes de trabalho ocorri<strong>do</strong>s num determina<strong>do</strong>perío<strong>do</strong>. O FAP consiste num multiplica<strong>do</strong>r variável num intervalo contínuo de cincodécimos (0,5000) a <strong>do</strong>is inteiros (2,0000), aplica<strong>do</strong> com quatro casas decimais sobre a134O CNPS consiste numa instância quadripartite, que conta com a representação de trabalha<strong>do</strong>res, emprega<strong>do</strong>res,associações de aposenta<strong>do</strong>s e pensionistas e <strong>do</strong> Gover<strong>no</strong>.


282<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federaçãoalíquota RAT. O FAP anual reflete a aferição da acidentalidade nas empresas relativa aos<strong>do</strong>is a<strong>no</strong>s imediatamente anteriores ao processamento 135 . O FAP anual tem como perío<strong>do</strong>de vigência o a<strong>no</strong> imediatamente posterior ao a<strong>no</strong> de processamento.A análise <strong>do</strong>s custos <strong>do</strong>s acidentes laborais <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> será realizada a partir das últimasestimativas disponibilizadas pelo Ministério da Previdência Social (MPS), referentes aoa<strong>no</strong> de 2009.Neste a<strong>no</strong>, foram registra<strong>do</strong>s 733.365 acidentes e <strong>do</strong>enças <strong>do</strong> trabalho, entre os trabalha<strong>do</strong>rese trabalha<strong>do</strong>ras assegura<strong>do</strong>s da Previdência Social. Vale ressaltar que este número,que já é preocupante, não inclui os trabalha<strong>do</strong>res autô<strong>no</strong>mos (contribuintes individuais)e as trabalha<strong>do</strong>ras e trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong>mésticos. Estes eventos provocaram um significativoimpacto social, econômico e sobre a saúde pública <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. Entre esses registros, foramcontabilizadas 19.570 <strong>do</strong>enças relacionadas ao trabalho, e parte destes acidentes e <strong>do</strong>ençastiveram como conseqüência o afastamento das atividades de 631.927 trabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>rasdevi<strong>do</strong> à incapacidade temporária (306.900 até 15 dias e 325.027 com tempo deafastamento superior a 15 dias), 14.605 devi<strong>do</strong> à incapacidade permanente, e 2.560 óbitos.Segun<strong>do</strong> estimativas elaboradas pelo MPS, ao considerar-se exclusivamente o pagamento,pelo INSS, <strong>do</strong>s benefícios devi<strong>do</strong>s a acidentes e <strong>do</strong>enças <strong>do</strong> trabalho, soma<strong>do</strong>s ao pagamentodas aposenta<strong>do</strong>rias especiais decorrentes das condições ambientais <strong>do</strong> trabalho em 2009,chega-se a um valor da ordem de R$ 14,2 bilhões por a<strong>no</strong>. Acrescen<strong>do</strong>-se despesas como ocusto operacional <strong>do</strong> INSS, mais as despesas na área da saúde e afins, o custo <strong>do</strong>s acidentes<strong>do</strong> trabalho <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> atinge o expressivo montante de R$ 56,8 bilhões – superior aosomatório <strong>do</strong> Produto Inter<strong>no</strong> Bruto (PIB) de cincos esta<strong>do</strong>s brasileiros em 2009: Acre,Roraima, Amapá, Tocantins e Piauí.É importante enfatizar que, indubitavelmente, os custos <strong>do</strong>s acidentes são aindamaiores se considerarmos diversos outros custos indiretos a eles associa<strong>do</strong>s, como porexemplo: despesas com a contratação e treinamento de trabalha<strong>do</strong>r substituto quan<strong>do</strong> oafastamento é definitivo ou prolonga<strong>do</strong>; perda (ainda que eventualmente momentânea)de produtividade <strong>do</strong> trabalho; custos atrela<strong>do</strong>s aos da<strong>no</strong>s materiais e eventual interrupção<strong>do</strong> processo produtivo; perda de bônus quan<strong>do</strong> da re<strong>no</strong>vação <strong>do</strong> seguro patrimonial,custos com assistência jurídica, inclusive para o processo de regularização <strong>do</strong> local <strong>do</strong>acidente, custo associa<strong>do</strong> à imagem da empresa, dentre outros.Por fim, o principal custo associa<strong>do</strong> aos acidentes <strong>do</strong> trabalho não é passível de mensuraçãoe refere-se ao irreparável prejuízo físico e psíquico-emocional causa<strong>do</strong> aos trabalha<strong>do</strong>rese trabalha<strong>do</strong>ras acidenta<strong>do</strong>s e aos seus familiares e colegas.Afastamento de Atividades Habituais por Acidentes <strong>do</strong><strong>Trabalho</strong>O Suplemento de Saúde da PNAD aplica<strong>do</strong> <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s de 1998, 2003 e 2008 investigou oprincipal motivo de saúde que impediu a pessoa de realizar suas atividades habituais <strong>no</strong>perío<strong>do</strong> de referência de duas semanas. Dentre os motivos apresenta<strong>do</strong>s, figura acidente135A título de exemplo, o FAP 2010 tem como perío<strong>do</strong>-base de cálculo de janeiro/2008 a dezembro/2009.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 283<strong>no</strong> local de trabalho 136 . Com base nessas informações, em 1998 um contingente de 130mil trabalha<strong>do</strong>res foi impedi<strong>do</strong> de realizar suas atividades habituais em decorrência deacidente <strong>no</strong> local de trabalho. Esse motivo foi o principal aponta<strong>do</strong> por 3,1% <strong>do</strong> total depessoas ocupadas que teve que se afastar das atividades cotidianas.Já em 2003, cerca de 155 mil trabalha<strong>do</strong>res tiveram que se afastar por conta de acidentelaboral e o referi<strong>do</strong> motivo correspondeu a 3,3% <strong>do</strong>s ocupa<strong>do</strong>s com impedimento deatividades. Em 2008, o número de trabalha<strong>do</strong>res afasta<strong>do</strong>s foi de 221 mil e equivalia a3,3% <strong>do</strong>s ocupa<strong>do</strong>s com afastamento.A Rede Específica de Atenção à Saúde <strong>do</strong> Trabalha<strong>do</strong>r:os Centros de Referência em Saúde <strong>do</strong> Trabalha<strong>do</strong>r(CERESTs)A anterior Política Nacional de Saúde <strong>do</strong> Trabalha<strong>do</strong>r (PNST), elaborada em 2004, <strong>no</strong>âmbito <strong>do</strong> Ministério da Saúde, e Portaria GM/MS nº 1.125 de 6/7/2005, apresentoudiretrizes da Política que deveriam <strong>no</strong>rtear o desenvolvimento das ações <strong>do</strong> SUS nestecampo, como instrumentos estruturantes da área da saúde <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r.A fim de consolidar a implementação da PNST à época foi instituída a Rede Nacionalde Atenção Integral à Saúde <strong>do</strong> Trabalha<strong>do</strong>r – RENAST (Portaria GM / MS nº 1679, de19/9/2002), com vistas ao fortalecimento e articulação <strong>no</strong> âmbito <strong>do</strong> SUS, das ações depromoção, prevenção, proteção, vigilância e recuperação da saúde <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>resurba<strong>no</strong>s e rurais, independente <strong>do</strong> seu vínculo empregatício e inserção <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> detrabalho.O eixo integra<strong>do</strong>r da RENAST é a rede regionalizada de Centros de Referência emSaúde <strong>do</strong> Trabalha<strong>do</strong>r (CERESTs). A Portaria acima previa a habilitação de 150 (centoe cinqüenta) CERESTs distribuí<strong>do</strong>s em to<strong>do</strong> o território nacional, obedecen<strong>do</strong> aosprincípios de descentralização e regionalização. No entanto, em 2005 a rede foi ampliadapara 200 Centros de Referência em Saúde <strong>do</strong> Trabalha<strong>do</strong>r (Portaria GM/MS nº. 2.437, de7/12/2005). (CONFERÊNCIA..., 2011).Conforme destacam Vaz de Souza e Macha<strong>do</strong> (2011), os CERESTs possuem a atribuição dedar suporte técnico e científico às intervenções <strong>do</strong> SUS <strong>no</strong> campo da saúde <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r,integradas, <strong>no</strong> âmbito de uma determinada região, com a ação de outros órgãos públicos.Os CERESTs se constituem em Centros estaduais localiza<strong>do</strong>s nas capitais, e regionais, degestão estadual ou municipal, localiza<strong>do</strong>s em regiões metropolitanas e municípios sede depólo de assistência das regiões e microrregiões,Cabe aos CERESTs capacitar a rede de serviços de saúde, apoiar as investigações de maiorcomplexidade, assessorar a realização de convênios de cooperação técnica, subsidiar aformulação de políticas públicas, apoiar a estruturação da assistência de média e altacomplexidade para atender aos acidentes de trabalho e agravos conti<strong>do</strong>s na Lista de136Considerou-se acidente <strong>no</strong> local de trabalho os casos em que a pessoa ficou impedida de realizar suas atividadeshabituais, em um ou mais dias <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de referência de duas semanas, por ter sofri<strong>do</strong> lesões ou ferimentosacidentais <strong>no</strong> local em que trabalha, seja inter<strong>no</strong> ou exter<strong>no</strong> (como <strong>no</strong> caso de pessoa que trabalha em coleta delixo, conservação de linhas telefônicas ou elétricas, construção ou conservação de estradas, transporte ro<strong>do</strong>viário,serviços de táxi etc.).


284<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoDoenças Relacionadas ao <strong>Trabalho</strong> e aos agravos de <strong>no</strong>tificação compulsória 137 cita<strong>do</strong>s naPortaria GM/MS nº 777 de 28 de abril de 2004.De acor<strong>do</strong> com a Portaria GM/MS nº 2.437 de 7 de dezembro de 2005, a equipe de profissionais<strong>do</strong>s CERESTs regionais é composta por pelo me<strong>no</strong>s 4 profissionais de nívelmédio (sen<strong>do</strong> 2 auxiliares de enfermagem) e 6 profissionais de nível universitário (sen<strong>do</strong>2 médicos e 1 enfermeiro). No caso <strong>do</strong>s CERESTs estaduais, a equipe é integrada por 5profissionais de nível médio (sen<strong>do</strong> 2 auxiliares de enfermagem) e 10 profissionais denível superior (sen<strong>do</strong> 2 médicos e 1 enfermeiro).Os primeiros CERESTs foram habilita<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong> a<strong>no</strong> de 2002, com a função de ser oeixo integra<strong>do</strong>r da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde <strong>do</strong> Trabalha<strong>do</strong>r (RENAST).No perío<strong>do</strong> de 2002 a 2010 foram habilita<strong>do</strong>s 181 CERESTs, sen<strong>do</strong> que há previsão dehabilitação de mais 19 CERESTs para os próximos a<strong>no</strong>s, perfazen<strong>do</strong> um total de 200.Com base nas informações dispostas na Tabela 95, observa-se que a região Sudeste concentrava39,8% <strong>do</strong> número total de CERESTs habilita<strong>do</strong>s <strong>no</strong> país. O esta<strong>do</strong> de São Pauloabrigava um quantitativo de 42 CERESTs, o correspondente a quase um quarto (23,3%)<strong>do</strong> total nacional.A região Nordeste abrigava 56 CERESTs habilita<strong>do</strong>s (30,9% <strong>do</strong> total), seguida pela regiãoSul com 23 unidades (12,7%). As regiões Norte e Centro Oeste contavam com 16 e 14CERESTs, o correspondente a 8,8% e 7,7% <strong>do</strong> total, respectivamente.137I - Acidente de <strong>Trabalho</strong> Fatal; II - Acidentes de <strong>Trabalho</strong> com Mutilações; III - Acidente com Exposição àMaterial Biológico; IV - Acidentes <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> em Crianças e A<strong>do</strong>lescentes; V - Dermatoses Ocupacionais; VI- Intoxicações Exógenas (por substâncias químicas, incluin<strong>do</strong> agrotóxicos, gases tóxicos e metais pesa<strong>do</strong>s); VII- Lesões por Esforços Repetitivos (LER), Distúrbios Osteomusculares Relacionadas ao <strong>Trabalho</strong> (DORT); VIII- Pneumoconioses; IX - Perda Auditiva Induzida por Ruí<strong>do</strong> – PAIR; X - Transtor<strong>no</strong>s Mentais Relaciona<strong>do</strong>s ao<strong>Trabalho</strong>; e XI - Câncer Relaciona<strong>do</strong> ao <strong>Trabalho</strong>.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 285TABELA 95DISTRIBUIÇÃO DOS CERESTs, CONFORME PORTARIA GM/MS Nº 2.437/05 E Nº 2.728/09BRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2010Área GeográficaNº de CERESTsHabilita<strong>do</strong>s atéAgosto de 2010 (A)Nº de CERESTsa seremHabilita<strong>do</strong>s (B)Total(A+B)Participação <strong>do</strong>s CERESTsHabilita<strong>do</strong>s em Relação aoTotal <strong>do</strong>s Habilita<strong>do</strong>s (%)Região NorteRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsRegião NordesteMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaRegião SudesteMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloRegião SulParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulRegião Centro-OesteMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito FederalTotal1621314235654844943157217310422367101433531813-1-11------------10226-64-2-----1919223252356548449431582195164229107121433532008,81,10,61,70,62,21,11,730,92,82,24,42,22,25,02,21,78,339,89,41,75,523,212,73,33,95,57,71,71,72,81,7100,0Fonte: Vaz e Macha<strong>do</strong> (2011) a partir de da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Ministério da Saúde


286<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoA aparente concentração <strong>do</strong>s CERESTs na região Sudeste pode guardar relação como tamanho da população da mesma e, consequentemente, com o maior número detrabalha<strong>do</strong>res residentes.Com o intuito de relativizar a distribuição territorial <strong>do</strong> número de CERESTs com otamanho da população trabalha<strong>do</strong>ra existente nas diversas áreas geográficas, criou-seum indica<strong>do</strong>r deriva<strong>do</strong> que consiste na média de população ocupada (em milhares) porunidade física de CEREST habilita<strong>do</strong>, conforme pode ser observa<strong>do</strong> na Tabela 96.Entre as Grandes Regiões, de um mo<strong>do</strong> geral, não se observava contundentes discrepânciasentre a média de população ocupada por CEREST habilita<strong>do</strong>, varian<strong>do</strong> de 431 mil na regiãoNorte até 644 mil <strong>no</strong> Sul <strong>do</strong> país. No caso da região Sudeste, que abrigava cerca de 40,0%das unidades <strong>do</strong> CERESTs, a média de população ocupada por CEREST era de 550 mil.Já entre as Unidades da Federação, a oferta de CERESTs vis a vis o tamanho da populaçãoocupada apresentava uma significativa variabilidade. Apesar <strong>do</strong> Amapá contarcom apenas <strong>do</strong>is CERESTs, a média de população ocupada por CEREST era de 124 mil,constituin<strong>do</strong>-se na me<strong>no</strong>r da país.Por outro la<strong>do</strong>, o Paraná, que abrigava 5 CERESTs, em função <strong>do</strong> número de trabalha<strong>do</strong>resinseri<strong>do</strong>s <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho (5,5 milhões), a média de população ocupada porCEREST era elevada e alcançava 928 mil (a maior <strong>do</strong> país).Além da quantidade de unidades físicas e de trabalha<strong>do</strong>res, é preciso considerar tambéma extensão territorial <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s e a respectiva dificuldade de acesso decorrente dasdistâncias e disposições geográficas. Esse é o caso, por exemplo, <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Pará, que,apesar de possuir uma área territorial de 1,25 milhão de km 2 contava apenas com quatroCERESTs para uma população ocupada de 3,2 milhões de pessoas – média de 804 miltrabalha<strong>do</strong>res por CEREST, a segunda maior <strong>do</strong> país.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 287TABELA 96NÚMERO DE CERESTs HABILITADOS, POPULAÇÃO OCUPADA DE 10 ANOS OUMAIS DE IDADE E MÉDIA DE POPULAÇÃO OCUPADA POR CERESTBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2010Área GeográficaNº de CERESTsHabilita<strong>do</strong>s até Agostode 2010População Ocupada em2009 (Em Milhares)Média de PopulaçãoOcupada por CEREST(Em Milhares)Região NorteRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsRegião NordesteMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaRegião SudesteMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloRegião SulParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulRegião Centro-OesteMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito FederalTotal1621314235654844943157217310422367101433531816.8897773241.4551833.21624868624.3652.7421.6504.1091.4731.5463.5901.2589217.07639.59210.4011.7657.25420.17214.8025.5663.4215.8157.0391.2171.5613.0431.21892.689431389324485183804124229435548413514368387399315307472550612588725480644928489582503406520609406512Fonte: Vaz e Macha<strong>do</strong> (2011) a partir de da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Ministério da Saúde e IBGE - PNAD.Elaboração: Escritório da <strong>OIT</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>


288PErFIL DO TrABALhO DECENTE NO BrASIL: UM OLHAR SOBRE AS UNIDADES DA FEDERAçÃOPor fim, cabe destacar que a Portaria GM/MS nº 2.978 de 15 de dezembro de 2011,ampliou de 200 para 210 a quantidade de CERESTs passíveis de implantação <strong>no</strong> territórionacional. Os <strong>no</strong>vos CERESTs apresentarão a seguinte distribuição territorial: cinco naregião Centro-Oeste (sen<strong>do</strong> <strong>do</strong>is <strong>no</strong> Mato Grosso, <strong>do</strong>is em Goiás e um <strong>no</strong> Mato Grosso <strong>do</strong>Sul), <strong>do</strong>is na região Norte (em Rondônia e Roraima), <strong>do</strong>is na região Nordeste (<strong>no</strong> Piauí e<strong>no</strong> Ceará) e um na região Sudeste, em Minas Gerais.O Sistema Federal de Inspeção <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 138A existência de um sistema eficaz de inspeção <strong>do</strong> trabalho, capaz de enfrentar os desafiosde uma sociedade e uma organização produtiva em constante mudança e de crescentecomplexidade, é um elemento central para a promoção <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>. Um sistemade inspeção que funciona adequadamente é vital para garantir o efetivo cumprimentoda legislação trabalhista e a proteção <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>ras. A inspeção <strong>do</strong>trabalho aumenta também a efetividade das políticas de trabalho e emprego, contribuin<strong>do</strong>assim para a inclusão social por intermédio <strong>do</strong> trabalho, e, nessa medida, para a ampliaçãoda cidadania.A criação e fortalecimento da inspeção <strong>do</strong> trabalho como instrumento fundamental paraa garantia <strong>do</strong>s direitos <strong>no</strong> trabalho tem si<strong>do</strong> preocupação constante da <strong>OIT</strong>, desde a suacriação em 1919. Em 1947, a <strong>OIT</strong> a<strong>do</strong>tou a Convenção sobre Inspeção <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, 1947(nº 81),(vide Quadro 1). Em 2010, <strong>do</strong>s 183 Esta<strong>do</strong>s membros da <strong>OIT</strong> à época, 141 haviamratifica<strong>do</strong> a Convenção – o correspondente a 77,0% <strong>do</strong> total.qUADRO 1PRECEITOS DA CONVENÇÃO Nº 81 SOBRE INSPEÇÃO DO TRABALHO (1947)A Convenção <strong>no</strong>. 81 estabelece:• A inspeção <strong>do</strong> trabalho como função pública, responsabilidade <strong>do</strong> Gover<strong>no</strong> Federal e organizadacomo um sistema, inserida <strong>no</strong> contexto maior <strong>do</strong>s sistemas estatais, para administrara política social e <strong>do</strong> trabalho, bem como supervisionar o atendimento à legislaçãoe às <strong>no</strong>rmas.• A inspeção deve se vincular e ser supervisionada por uma autoridade central.• A importância de fomentar a cooperação entre emprega<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>res na elaboraçãoda legislação de proteção <strong>do</strong> trabalho e sua aplicação <strong>no</strong>s locais de trabalho.• A cooperação com outras instituições como institutos de pesquisa, universidades, serviçosde seguridade e a busca de colaboração de peritos, médicos, engenheiros e outrosprofissionais.• A ênfase na prevenção.No a<strong>no</strong> de 2008, com a Declaração sobre Justiça Social para uma Globalização Equitativa,estas convenções passaram a ser consideradas prioritárias e reconhecidas como algumas138Este tópico é basea<strong>do</strong> na publicação: As boas práticas da inspeção <strong>do</strong> trabalho <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. A inspeção <strong>do</strong> trabalho<strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: pela promoção <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>. Brasília: <strong>OIT</strong>, 2010.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 289das Normas Internacionais <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> mais significativas <strong>do</strong> ponto de vista dagovernabilidade. Este processo culmi<strong>no</strong>u em 2009 com o lançamento <strong>do</strong> Programa deAdministração <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> (LAB/ADMIN).Além da Convenção nº 81 sobre Inspeção <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, outras duas convenções ratificadaspelo <strong>Brasil</strong> são ferramentas-chave para a inspeção: 139Convenção sobre Segurança e Saúde <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res, 1981 (nº 155), queestabelece que to<strong>do</strong>s os países signatários promovam a constante melhoria dasegurança e saúde <strong>no</strong> trabalho (SST) através da criação de políticas nacionais deSST em conjunto com representantes de trabalha<strong>do</strong>res e emprega<strong>do</strong>res. Essaspolíticas devem incluir mecanismos de monitoramento como sistemas de inspeção.Convenção sobre a Inspeção das Condições de Vida e de <strong>Trabalho</strong> <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>resMarítimos, 1996 (nº 178), ratificada em 2007, que dita que os países signatáriosdevem manter um sistema de inspeção que monitore as condições de trabalho detrabalha<strong>do</strong>res marítimos, incluin<strong>do</strong> frequência mínima de inspeções em navios e aobrigação de fiscalizar navios estrangeiros em seus territórios.A inspeção <strong>do</strong> trabalho brasileira evoluiu significativamente e hoje incorpora uma visãosistêmica <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho. O modelo de inspeção a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pelo <strong>Brasil</strong> é o generalista,de acor<strong>do</strong> com o qual ações de segurança e saúde e relações <strong>do</strong> trabalho são executadas demaneira integrada.Seguin<strong>do</strong> os preceitos da Convenção nº 81, a Constituição Federal determina que competeà União organizar, manter e executar a inspeção <strong>do</strong> trabalho, garantin<strong>do</strong> a proteção <strong>do</strong>sdireitos <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res. O sistema de inspeção <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> é efetivamente supervisiona<strong>do</strong>por uma autoridade central, o Ministério de <strong>Trabalho</strong> e Emprego (MTE), através da suaSecretaria de Inspeção <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> (SIT). O MTE também tem presença em to<strong>do</strong>s osesta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> país, através das Superintendências, Gerências e Agências Regionais.A Inspeção <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>no</strong> tema de segurança e saúde tem por objetivo principala prevenção de agravos à saúde <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r, obtida por meio da a<strong>do</strong>ção, pelosemprega<strong>do</strong>res, de medidas de melhoria <strong>do</strong>s ambientes, processos e da organização <strong>do</strong>trabalho. Nessa perspectiva, empreende-se a elaboração de <strong>no</strong>rmas e a fiscalização de seucumprimento, com a finalidade de construir progressiva e continuadamente melhoriassustentáveis que contemplem conjunto significativo de empresas e locais de trabalho.A Segurança e Saúde <strong>no</strong> <strong>Trabalho</strong>A segurança e saúde <strong>no</strong> trabalho insere-se na legislação como direito coletivo e suasdisposições estão compreendidas em uma regulamentação dinâmica: as NormasRegulamenta<strong>do</strong>ras. O artigo 200 da Consolidação das Leis <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> (CLT) atribui aoMTE a competência de expedir <strong>no</strong>rmas sobre o tema. O processo de criação/revisão deregulamentações em segurança e saúde <strong>no</strong> trabalho é efetua<strong>do</strong> por intermédio da ComissãoTripartite Paritária Permanente (CTPP). Esta atividade é coordenada pelo Departamentode Segurança e saúde <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> (DSST) da SIT, que é também responsável porsupervisionar a fiscalização relacionada à segurança e saúde.139Outra convenção importante, mas ainda não ratificada pelo <strong>Brasil</strong> é a Convenção nº 129, que estipula a criação deum sistema de inspeção <strong>do</strong> trabalho agrícola.


290<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoO planejamento das ações fiscais em segurança e saúde <strong>no</strong> trabalho é integra<strong>do</strong> à programaçãode temas relaciona<strong>do</strong>s à legislação. Na elaboração <strong>do</strong> planejamento, são priorizadasatividades econômicas que apresentam maiores índices de acidentes e <strong>do</strong>ençasrelacionadas ao trabalho.A fiscalização de segurança e saúde <strong>no</strong> trabalho utiliza como instrumento um tipo específicode <strong>no</strong>tificação, que consiste na concessão de prazo para que o emprega<strong>do</strong>r se adeque às<strong>no</strong>rmas. Adicionalmente, a legislação brasileira prevê a possibilidade de imposição deembargo e interdição, <strong>no</strong>s casos em que o trabalha<strong>do</strong>r está exposto a condições de grave eiminente risco à saúde ou à integridade física.O DSST ocupa-se também da gestão <strong>do</strong> Programa de Alimentação <strong>do</strong> Trabalha<strong>do</strong>r (PAT),de adesão voluntária que incentiva emprega<strong>do</strong>res a fornecerem refeições nutricionalmenteadequadas aos seus trabalha<strong>do</strong>res ten<strong>do</strong> como contrapartida deduções tributárias. Maisde 13 milhões de trabalha<strong>do</strong>res são beneficia<strong>do</strong>s pelo PAT. A avaliação <strong>do</strong> programa e omonitoramento da sua execução são realiza<strong>do</strong>s pela Comissão Tripartite <strong>do</strong> PAT (CTPAT).Dessa forma, a Inspeção <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> contribui para criar cultura de geração de empregoem condições de segurança e saúde adequadas, que interessa tanto aos emprega<strong>do</strong>res,quanto aos trabalha<strong>do</strong>res e ao Gover<strong>no</strong>.Isso significa que o país conta com um consolida<strong>do</strong> e abrangente Sistema Federal de Inspeção<strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> (SFIT), cuja atuação abrange todas as empresas, estabelecimentos e locais detrabalho (públicos e priva<strong>do</strong>s) e os profissionais liberais e instituições sem fins lucrativos.Além das inúmeras atribuições inerentes à inspeção <strong>do</strong> trabalho já relatadas, cabe ao SFITtambém fiscalizar o cumprimento de cotas para a inserção de aprendizes e de pessoas comdeficiência <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho e a fiscalização para a erradicação <strong>do</strong> trabalho infantil epara eliminação <strong>do</strong> trabalho exerci<strong>do</strong> em condições análogas à escravidão.No concernente aos da<strong>do</strong>s da inspeção em saúde e segurança <strong>no</strong> trabalho, as informaçõesda Tabela 97 demonstram que o número de ações fiscais aumentou apenas em 0,9%em sete a<strong>no</strong>s, ao passar de 136,8 mil em 2004 para 138,1 mil. Por sua vez, o número detrabalha<strong>do</strong>res alcança<strong>do</strong>s pelas ações de fiscalização aumentou 20,5%, ao passar de 14,5milhões em 2004 para 17,5 milhões em 2011.Durante o referi<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>, a quantidade de <strong>no</strong>tificações 140 se expandiu em 5,3% ao evoluirde 97,8 mil para 103,0 mil.140As <strong>no</strong>tificações referem-se à concessão, feita pelo Auditor Fiscal <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, de prazo para regularização dasituação.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 291TABELA 97DADOS DA INSPEÇÃO EM SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHOBRASIL, 2004 E 2011Inspeção <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>2004A<strong>no</strong>s2011Variação %2004/2011Nº de Ações FiscaisNº de Trabalha<strong>do</strong>res Alcança<strong>do</strong>sNotificaçõesAutuaçõesEmbargos / InterdiçõesNº de Acidentes Analisa<strong>do</strong>s136.88114.549.36897.84720.4033.6351.666138.14317.534.078103.08075.6284.5121.9570,920,55,3270,724,117,5Fonte: MTE - Sistema Federal de Inspeção <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>Já as autuações 141 , apresentaram uma significativa expansão (270,7%), ao variar de 20,4mil para 75,6 mil entre 2004 e 2011. Os embargos e interdições aumentaram 24,1% duranteo mesmo perío<strong>do</strong>.O número de acidentes <strong>do</strong> trabalho analisa<strong>do</strong>s cresceu de 1,6 mil em 2004 para 1,9 mil em2011, redundan<strong>do</strong> num incremento de 17,5%.A Evolução da População Ocupada e <strong>do</strong> Número deAuditores Fiscais <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 142Com base nas informações <strong>do</strong> SFIT e da PNAD, observa-se que entre 2004 e 2009 apopulação ocupada vem crescen<strong>do</strong> num ritmo superior ao <strong>do</strong> número de Auditores Fiscais<strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> (AFTs). Com efeito, enquanto que a população ocupada foi incrementada em8,27 milhões de pessoas entre 2004 e 2009, o número de AFTs variou de 2.927 para 2.949(aumento de 22 profissionais) durante o mesmo perío<strong>do</strong>, conforme Tabela 98. Comoconsequência, decli<strong>no</strong>u a média de AFTs para cada grupo de 10 mil pessoas ocupadas, quepassou de 0,35 em 2004 para 0,32 em 2009.TABELA 98NÚMERO DE AUDITORES FISCAIS DO TRABALHO EM EXERCÍCIO, POPULAÇÃO OCUPADA DE 10 ANOSOU MAIS DE IDADE E NUMÉRO MÉDIO DE AUDITORES FISCAIS DO TRABALHO POR 10 MIL OCUPADOSBRASIL, 2004-2009Inspeção <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>Nº de Auditores Fiscais <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>*População Ocupada (Mil pessoas)Nº de Auditores por 10 Mil ocupa<strong>do</strong>sFonte: IBGE - PNAD e MTE - SIT* Em exercício <strong>no</strong> mês de dezembroA<strong>no</strong>s2004 2005 2006 2007 2008 20092.92784.4190,352.93586.8400,342.87288.7250,323.17289.8990,353.11292.3950,342.94992.6890,32141As autuações representam o início <strong>do</strong> processo administrativo, que pode resultar na aplicação de multa.142No <strong>Brasil</strong>, os inspetores e inspetoras <strong>do</strong> trabalho são de<strong>no</strong>mina<strong>do</strong>s auditores e auditoras-fiscais <strong>do</strong> trabalho (AFTs).


292<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoEntre as Grandes Regiões e Unidades da Federação, a relação entre a população ocupadae o número de AFTs apresentava uma significativa variabilidade. Na região Centro-Oeste,em 2009, o número médio de AFTs para cada grupo de 10 mil pessoas ocupadas era de0,50 e situava-se bastante acima da média nacional (0,32). As regiões Norte (0,29) eNordeste (0,30) apresentavam as me<strong>no</strong>res médias, sen<strong>do</strong> ligeiramente inferiores aquelaobservada para as regiões Sul e Sudeste (0,31), segun<strong>do</strong> Tabela 99.Os esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Maranhão (0,18), Bahia (0,20), Amazonas (0,21) e Rondônia (0,24)possuíam as me<strong>no</strong>res médias <strong>do</strong> país de AFTs por 10 mil ocupa<strong>do</strong>s. Esses indica<strong>do</strong>rescausam inquietação, uma vez que esses esta<strong>do</strong>s se caracterizavam por apresentar eleva<strong>do</strong>sníveis de informalidade <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho e de incidência de trabalho infantil,além da recorrência de trabalha<strong>do</strong>res resgata<strong>do</strong>s em condições análogas à escravidão.Ademais, <strong>no</strong>s casos <strong>do</strong> Amazonas e de Rondônia, também se observavam eleva<strong>do</strong>s níveisde incidência de acidentes <strong>do</strong> trabalho e de mortalidade por acidentes laborais, conformevisto anteriormente.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 293TABELA 99NÚMERO DE AUDITORES FISCAIS DO TRABALHO EM EXERCÍCIO, POPULAÇÃOOCUPADA DE 10 ANOS OU MAIS DE IDADE E NÚMERO MÉDIO DE AUDITORESFISCAIS DO TRABALHO POR 10 MIL PESSOAS OCUPADASBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2009Área GeográficaNº de Auditores Fiscais<strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>*Pop. Ocupada (Milpessoas)Nº de Auditores p/ 10Mil Ocupa<strong>do</strong>s<strong>Brasil</strong>Região NorteRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsRegião NordesteMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaRegião SudesteMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloRegião SulParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulRegião Centro-OesteMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal2.95920019123181049177264962136615413346451401.22831099273546453139113201352461188710192.6896.8897773241.4551833.21624868624.3652.7421.6504.1091.4731.5463.5901.2589217.07639.59210.4011.7657.25420.17214.8025.5663.4215.8157.0391.2171.5613.0431.2180,320,290,240,370,210,440,320,360,250,300,180,380,330,410,350,370,370,490,200,310,300,560,380,270,310,250,330,350,500,380,760,290,83Fonte: IBGE - PNAD e MTE - SIT* Em exercício <strong>no</strong> mês de <strong>no</strong>vembro.O Distrito Federal, com aproximadamente 0,83 AFT para cada grupo de 10 mil pessoasocupadas, apresentava a maior média dentre as 27 unidades federativas. Em seguida,figuravam o Mato Grosso (0,76) e Espírito Santo (0,56).É importante mencionar que, em dezembro de 2010, o número de AFTs em exercíciofoi amplia<strong>do</strong> para 3.061 e que em outubro de 2011 foram <strong>no</strong>mea<strong>do</strong>s 215 <strong>no</strong>vos AFTsaprova<strong>do</strong>s <strong>no</strong> concurso público realiza<strong>do</strong> <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2010.


294<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoSEGURIDADE10SOCIALA Seguridade Social é um direito fundamental <strong>do</strong> ser huma<strong>no</strong> e supõe a assistência ato<strong>do</strong>s, indistintamente, de cobertura contra os riscos ao longo da vida e <strong>no</strong> trabalho. Noâmbito da Agenda <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>, essa dimensão está intrinsicamente associada a<strong>do</strong>is objetivos estratégicos da <strong>OIT</strong>: os direitos <strong>no</strong> trabalho e a proteção social.A Constituição Federal de 1988, <strong>no</strong> contexto <strong>do</strong> processo de redemocratização. introduziu<strong>no</strong> país o conceito de seguridade social. No Título VIII, Da Ordem Social, a Carta Magnaestabelece que essa ordem tem como base o trabalho, e como objetivo o bem-estar e ajustiça social. A seguridade social passa a ser vista como um conjunto de ações de iniciativa<strong>do</strong>s poderes públicos, com a participação da sociedade civil, e se estrutura em três pilares:previdência social, assistência social e saúde. Este tripé dá início a um sistema de proteçãosocial que tem por base os seguintes princípios:a) universalidade da cobertura e <strong>do</strong>atendimento; b) uniformidade e equivalência <strong>do</strong>s benefícios e serviços às populações rurais;c) seletividade e distributividade na prestação <strong>do</strong>s benefícios e serviços; d) irredutibilidade<strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s benefícios; e) equidade na forma de participação <strong>no</strong> custeio; f) diversidade dabase de financiamento; g) caráter democrático e descentraliza<strong>do</strong> da administração.Em 2009, o <strong>Brasil</strong> completou o processo de participação e consultas tripartites, conformeestabelece a Convenção sobre a consulta tripartite (<strong>no</strong>rmas internacionais <strong>do</strong> trabalho),1976 (n° 144), relativa à ratificação da Convenção sobre seguridade social (<strong>no</strong>rma mínima),1952, (nº 102) da <strong>OIT</strong>. O <strong>Brasil</strong> foi a 44ª nação a ratificar a Convenção nº 102 da <strong>OIT</strong>,que estabelece padrões mínimos para a proteção social <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res. Ao ratificaressa Convenção, o país se compromete a garantir pelo me<strong>no</strong>s três <strong>do</strong>s seguintes benefíciosprevidenciários básicos: auxílio-<strong>do</strong>ença, aposenta<strong>do</strong>ria por idade, auxílio-acidente detrabalho e de <strong>do</strong>enças profissionais, salário-família e maternidade, aposenta<strong>do</strong>ria porinvalidez e pensão por morte. A Convenção também prevê a garantia de assistência médicae de pagamento de seguro desemprego.O processo de globalização <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s e da mão de obra, o incremento <strong>do</strong>s fluxos migratóriose a informalidade nas relações laborais trouxeram <strong>no</strong>vos desafios <strong>no</strong> âmbito da seguridadesocial. Na América Latina, os eleva<strong>do</strong>s níveis de desemprego e de precarização <strong>do</strong> trabalhovivencia<strong>do</strong>s ao longo da década de 1990 tiveram severos impactos sobre a proteção social emtoda a região, levan<strong>do</strong> a uma diminuição <strong>no</strong>s já limita<strong>do</strong>s padrões de cobertura (<strong>OIT</strong>, 2006).A insuficiência da cobertura <strong>do</strong> sistema de proteção social – tanto em relação ao númerode trabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>ras quanto à gama de riscos cobertos – e a baixa qualidadeda proteção oferecida estão entre os principais desafios enfrenta<strong>do</strong>s para a promoção<strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> e o fortalecimento da coesão social na região (<strong>OIT</strong>, 2006). A crisefinanceira internacional deflagrada <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2008 acentua esse desafio.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 295Durante a realização da 100ª Reunião da Conferência Internacional <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> (2011), a<strong>OIT</strong> 143 enfatizou que os objetivos principais da seguridade social consistem em:Reduzir a insegurança de rendimentos, <strong>no</strong>meadamente a erradicação da pobreza,e melhorar o acesso de todas as pessoas a serviços de saúde, com vista a assegurarcondições de trabalho e de vida dignas;Reduzir a desigualdade e a iniquidade;Proporcionar prestações adequadas como um direito legal; e simultaneamenteGarantir a ausência de discriminação baseada na nacionalidade, na etnia ou <strong>no</strong> sexo eGarantir a viabilidade, a eficiência e a sustentabilidade fiscais.A seguir, será analisada a evolução recente da seguridade social <strong>no</strong> país sob a perspectiva<strong>do</strong> Trabaho <strong>Decente</strong>, com ênfase na cobertura e <strong>no</strong> gasto público da Previdência Social,Assistência Social e Saúde.PREVIDÊNCIA SOCIALA Evolução da Cobertura PrevidenciáriaO acesso à Previdência Social é um elemento chave para a promoção <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>, namedida em que promove a garantia de renda e serviços sociais aos trabalha<strong>do</strong>res, com efeitospositivos sobre as suas famílias. No <strong>Brasil</strong>, a segunda metade da década de 2000 foi marcadapor uma significativa expansão da proporção de trabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>ras ocupa<strong>do</strong>s/asque contribuem para a previdência, sen<strong>do</strong> que, pela primeira vez, mais da metade da <strong>do</strong>s/asocupa<strong>do</strong>s/as de 16 a<strong>no</strong>s ou mais de idade passou a dispor da cobertura previdenciária. Defato, a referida proporção, que era de 47,6% em 2004 evoluiu para 54,4% em 2009, perfazen<strong>do</strong>uma expansão de cerca de sete pontos percentuais em apenas cinco a<strong>no</strong>s. Tal expansão estevepre<strong>do</strong>minantemente associada ao crescimento <strong>do</strong> emprego formal e, em segun<strong>do</strong> pla<strong>no</strong>, àsdiversas iniciativas de estímulo à formalização das relações de trabalho, conforme menciona<strong>do</strong><strong>no</strong> capítulo referente à dimensão Oportunidades de Emprego.Apesar dessa evolução positiva, ainda perduram diferenças nas taxas de contribuição entreos trabalha<strong>do</strong>res segun<strong>do</strong> sexo, cor/raça, região de residência e situação <strong>do</strong> <strong>do</strong>micílio.Em 2009, a cobertura previdenciária era realidade para 55,2% <strong>do</strong>s homens e 53,3% dasmulheres, o que representa um aumento em relação a 2004, quan<strong>do</strong> essas cifras eram,respectivamente, 48,5% (homens) e 46,4% (mulheres) (vide Tabela 100). Por sua vez,a taxa de cobertura <strong>do</strong>s brancos (61,6%) era significativamente superior à <strong>do</strong>s negros(47,3%) em 2009, ainda que a desigualdade em relação a esse indica<strong>do</strong>r tenha se reduzi<strong>do</strong>de 16,0 p.p para 14,3 p.p. entre 2004 e 2009. Entre as mulheres negras, a proporção decontribuição era ainda me<strong>no</strong>r (45,4% em 2009).A cobertura previdenciária também apresentava expressivas diferenças entre as GrandesRegiões. Enquanto abarcava mais de 60,0% <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>res das regiões143Ver <strong>Relatório</strong> VI. Segurança social para a justiça social e uma globalização justa. Debate recorrente sobreprotecção social (segurança social) <strong>no</strong> quadro <strong>do</strong> seguimento da Declaração da <strong>OIT</strong> sobre a Justiça Social parauma Globalização Justa, 2011. Sexto item da ordem de trabalhos. Conferência Internacional <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, 100ªSessão, 2011. Genebra; Bureau Internacional <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, 2011 (Tradução portuguesa).


296<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoSudeste (64,1%) e Sul (62,0%) <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009, a taxa de cobertura era de apenas 37,1%na região Nordeste e de 41,1% <strong>no</strong> Norte <strong>do</strong> país, em que pese a significativa expansão damesma nessas regiões em relação ao a<strong>no</strong> de 2004 – quan<strong>do</strong> estavam situadas em 29,3% e32,8%, respectivamente.Entre os trabalha<strong>do</strong>res residentes em áreas urbanas a proporção de contribuintes (60,2%)era mais <strong>do</strong> que o <strong>do</strong>bro daquela referente aos trabalha<strong>do</strong>res rurais (25,8%), a despeito <strong>do</strong>maior avanço na cobertura destes últimos observada entre 2004 e 2009.Vale ressaltar que, <strong>no</strong> caso <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>, a Previdência Rural é um regime semi-contributivocentra<strong>do</strong> na pequena propriedade rural e na pesca artesanal. Esse regime significa umai<strong>no</strong>vação em termos de concessão de aposenta<strong>do</strong>rias, pois as contribuições não sãoindividuais e sim sobre o valor da produção familiar. Conforme já menciona<strong>do</strong> <strong>no</strong> capítuloreferente à dimensão Oportunidades de Emprego, em 2009, cerca de 7,2 milhões depessoas figuravam na condição de segura<strong>do</strong>s especiais rurais 144 .A cobertura previdenciária <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>ras se expandiu entre os a<strong>no</strong>sde 2004 e 2009 em todas as Unidades da Federação, conforme Tabela 100. As maioresvariações em pontos percentuais ocorreram <strong>no</strong> Acre (+13,7), Rondônia (+13,7) e Amapá(+11,6) – todas situadas na região Norte <strong>do</strong> país – seguidas pelo Mato Grosso (+11,3).Por outro la<strong>do</strong>, as me<strong>no</strong>res variações foram observadas <strong>no</strong> Distrito Federal (+3,0) e Riode Janeiro (+4,2) – que já figuravam entre as UFs de maior cobertura – e Sergipe (+4,3).Apesar da evolução generalizada da proporção de pessoas ocupadas que contribuem paraa Previdência Social, persistem severas desigualdades de cobertura entre as Unidades daFederação. No a<strong>no</strong> de 2009, enquanto que a cobertura previdenciária girava em tor<strong>no</strong> de70,0% entre os trabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>ras de Santa Catarina (71,0%), Distrito Federal(69,5%) e São Paulo (69,2%), era de apenas 25,9% <strong>no</strong> Piauí e de 31,8% <strong>no</strong> Maranhão.Em 2009, em 14 das 27 UFs a proporção de contribuintes <strong>do</strong> sexo masculi<strong>no</strong> era superior à <strong>do</strong>sexo femini<strong>no</strong>, sen<strong>do</strong> que a diferença mais expressiva (7,7 pontos percentuais) se observava<strong>no</strong> Mato Grosso <strong>do</strong> Sul – cobertura de 56,0% entre os homens e 48,3% entre as mulheres. Noconjunto das 13 UFs <strong>no</strong> qual a cobertura previdenciária era maior entre as mulheres, 12 delaspertenciam as regiões Norte e Nordeste, além <strong>do</strong> Distrito Federal. Vale ressaltar que nessasUFs, sobretu<strong>do</strong> entre aquelas localizadas na região Norte, é bastante representativa a posiçãona ocupação de militar ou funcionário público estatutário na estrutura ocupacional feminina,o que assegura uma maior proporção de contribuintes à previdência social.Em todas as unidades federativas, a cobertura entre os ocupa<strong>do</strong>s/as de cor ou raça brancaera maior comparativamente aos de cor ou raça negra em 2009, sen<strong>do</strong> que em oito delaso diferencial era superior a dez pontos percentuais. Nas UFs de Roraima (+15,5) e <strong>do</strong>Amazonas (+15,2), a diferença superava 15 pontos percentuais.144O Segura<strong>do</strong> Especial é defini<strong>do</strong> como o trabalha<strong>do</strong>r rural que atua com sua família em atividade indispensávelà sua subsistência, ou em condições de mútua dependência e colaboração. Nesta categoria estão incluí<strong>do</strong>s oprodutor, parceiro, meeiro e o arrendatário rurais, o garimpeiro e o pesca<strong>do</strong>r artesanal, bem como os respectivoscônjuges que exerçam suas atividades em regime de eco<strong>no</strong>mia familiar, sem emprega<strong>do</strong>s permanentes. Essesegura<strong>do</strong> está obriga<strong>do</strong> a recolher uma contribuição de 2,1% sobre a receita bruta decorrente da comercializaçãoda sua produção. É importante destacar que a Previdência Social não utiliza o conceito geográfico de residência dapopulação para identificar seus segura<strong>do</strong>s rurais. Para ela, o trabalha<strong>do</strong>r rural é aquele que desempenha atividadeprópria <strong>do</strong> meio rural, independentemente <strong>do</strong> lugar onde a atividade é desenvolvida. A partir desse conceito podeseencontrar trabalha<strong>do</strong>res que residam em área urbana, mas que ocupacionalmente sejam segura<strong>do</strong>s rurais e, damesma forma, pode se verificar o contrário


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 297TABELA 100PROPORÇÃO DE PESSOAS OCUPADAS DE 16 ANOS OU MAIS DE IDADE QUE CONTRIBUEMPARA A PREVIDÊNCIA SOCIAL, POR SEXO E COR OU RAÇABRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2004 E 2009Área Geográfica<strong>Brasil</strong>Área UrbanaÁrea RuralGrandes RegiõesNorteNordesteSudesteSulCentro-OesteUnidades da FederaçãoRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito FederalFonte: IBGE - PNADTotal47,654,418,232,829,358,954,447,836,732,838,637,829,436,030,721,118,828,334,831,334,233,038,429,850,848,959,363,652,161,652,646,541,044,866,52004 2009Homens Mulheres Brancos Negros Total Homens Mulheres Brancos Negros48,555,620,246,452,815,155,160,723,039,146,514,854,460,225,855,261,527,253,358,623,561,666,232,647,353,821,332,228,961,156,149,136,330,237,130,929,934,428,921,517,027,732,329,835,233,538,628,853,649,660,466,054,263,054,148,042,247,365,833,829,955,952,246,137,336,641,050,728,638,333,420,621,229,038,433,432,832,338,131,247,147,957,860,449,459,950,744,539,441,067,239,933,762,555,752,042,839,549,148,034,239,735,424,520,732,836,136,238,139,148,232,155,751,262,565,554,762,352,749,344,948,571,930,427,452,947,944,533,330,934,534,228,134,629,020,018,225,934,028,331,929,634,229,146,246,954,858,944,255,251,843,938,541,961,841,137,164,162,055,450,446,545,448,735,947,639,531,825,934,742,640,642,340,642,737,155,857,263,569,259,371,059,352,652,352,469,540,936,766,163,556,851,545,645,144,436,144,538,130,625,734,841,338,542,040,343,637,057,758,665,771,161,172,560,556,054,153,969,041,537,561,660,153,648,847,945,754,735,552,441,433,726,134,544,544,042,741,341,437,253,555,360,666,857,169,257,848,349,850,470,149,042,967,663,159,051,455,157,459,842,057,050,038,336,139,948,848,848,647,847,438,659,958,067,071,060,771,360,254,858,255,273,938,734,859,557,752,849,943,542,244,334,144,736,229,822,732,539,236,338,838,040,736,652,656,659,065,755,869,655,050,548,350,666,4A proporção de i<strong>do</strong>sos (65 a<strong>no</strong>s ou mais de idade) que regularmente recebe aposenta<strong>do</strong>riaou pensão é outro importante indica<strong>do</strong>r da cobertura previdenciária. Além de asseguraruma renda permanente para as pessoas que se retiraram <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho poraposenta<strong>do</strong>ria (por tempo de serviço ou invalidez) e para os pensionistas, essa cobertura éestratégica para a sobrevivência de diversas famílias <strong>no</strong> país. Uma parcela expressiva <strong>do</strong>srecursos previdenciários <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos é empregada <strong>no</strong> consumo de bens e serviços essenciaispara o bem-estar e saúde <strong>do</strong> conjunto da família. Esses recursos também possuemgrande capacidade de dinamizar a eco<strong>no</strong>mia, sobretu<strong>do</strong> <strong>no</strong>s municípios de me<strong>no</strong>r porte.


298<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoDurante os a<strong>no</strong>s de 2004 e 2009, a proporção de i<strong>do</strong>sos que recebiam aposenta<strong>do</strong>ria oupensão apresentou relativa estabilidade, situan<strong>do</strong>-se em tor<strong>no</strong> de 86,0%. A cobertura eramaior entre os homens (90,3%) <strong>do</strong> que entre as mulheres (82,1%), mas não apresentavadiferença entre brancos (85,6%) e negros (85,7%), <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009.O percentual de pessoas de 65 a<strong>no</strong>s ou mais de idade que fazia jus a aposenta<strong>do</strong>ria ou pensãovariava significativamente entre as grandes regiões <strong>do</strong> país <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009 – de 77,9% na regiãoCentro-Oeste até 89,5% na região Sul, ou seja, um diferencial de 11,6 pontos percentuais.Entre os i<strong>do</strong>sos residentes em áreas rurais a proporção se manteve estável em tor<strong>no</strong> de92,0%, acompanhan<strong>do</strong> a mesma tendência observada nas áreas urbanas (ao re<strong>do</strong>r de84,5%). O diferencial de cobertura por situação <strong>do</strong> <strong>do</strong>micílio é influencia<strong>do</strong> pela ConstituiçãoFederal de 1988, que promoveu a ampliação <strong>do</strong>s benefícios da previdência social aostrabalha<strong>do</strong>res rurais, incluin<strong>do</strong> a aposenta<strong>do</strong>ria por idade <strong>no</strong> valor de um salário mínimo,qualquer que seja a natureza <strong>do</strong> trabalho exerci<strong>do</strong> e independente <strong>do</strong> tempo de contribuição.ASSISTÊNCIA SOCIALPrograma Federal de Transferência de Renda – BolsaFamíliaEm 2003, foi implanta<strong>do</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> o Programa Bolsa Família (PBF), um programa detransferência direta de renda com condicionalidades, que beneficia famílias em situação depobreza e extrema pobreza. O PBF integra o Fome Zero, que tem como objetivo assegurar odireito huma<strong>no</strong> à alimentação adequada, promoven<strong>do</strong> a segurança alimentar e nutricional econtribuin<strong>do</strong> para a conquista da cidadania pela parcela da população mais vulnerável à fome.O Bolsa Família possui três eixos principais: transferência de renda, condicionalidades eprogramas complementares. A transferência de renda promove o alívio imediato da pobreza.As condicionalidades reforçam o acesso a direitos sociais básicos nas áreas de educação,saúde e assistência social. Já os programas complementares objetivam o desenvolvimentodas famílias, de mo<strong>do</strong> que os beneficiários consigam superar a situação de vulnerabilidade.Para ter direito de acesso ao Bolsa Família, os interessa<strong>do</strong>s devem possuir renda familiarmensal de até R$ 140 por pessoa e estar cadastra<strong>do</strong>s <strong>no</strong> Cadastro Único para ProgramasSociais 145 . A renda da família é calculada a partir da soma <strong>do</strong>s recursos financeiros que todasas pessoas da casa recebem por mês. Esse valor deve ser dividi<strong>do</strong> pelo número de pessoas queresidem nas moradias, obten<strong>do</strong>-se assim a renda familiar per capita. As famílias que possuemrenda mensal entre R$ 70 e R$ 140 por pessoa só ingressam <strong>no</strong> PBF se possuírem criançasou a<strong>do</strong>lescentes de até 17 a<strong>no</strong>s. Já as famílias com renda mensal de até R$ 70,00 por pessoapodem participar <strong>do</strong> Bolsa Família, qualquer que seja a idade <strong>do</strong>s membros da família.145O Cadastro Único para Programas Sociais é um instrumento que identifica e caracteriza as famílias com rendamensal de até meio salário mínimo por pessoa ou de três salários mínimos <strong>no</strong> total. O Cadastro Único possibilitaconhecer a realidade socioeconômica dessas famílias na medida em que abarca informações de to<strong>do</strong> o núcleofamiliar, das características <strong>do</strong> <strong>do</strong>micílio, das formas de acesso a serviços públicos essenciais e também de cadaum <strong>do</strong>s componentes da família. Regulamenta<strong>do</strong> pelo Decreto nº 6.135/07 e coordena<strong>do</strong> pelo Ministério <strong>do</strong>Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), o Cadastro deve ser obrigatoriamente utiliza<strong>do</strong> para seleçãode beneficiários e integração de programas sociais <strong>do</strong> Gover<strong>no</strong> Federal, como o Bolsa Família. Suas informaçõespodem também ser utilizadas pelos gover<strong>no</strong>s estaduais e municipais para obter o diagnóstico socioeconômico dasfamílias cadastradas, possibilitan<strong>do</strong> a análise das suas principais necessidades.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 299A depender da renda familiar por pessoa (limitada a R$ 140), <strong>do</strong> número e da idade <strong>do</strong>sfilhos, o valor <strong>do</strong> benefício 146 recebi<strong>do</strong> pela família pode variar entre R$ 32 a R$ 306.A gestão <strong>do</strong> Bolsa família é descentralizada e compartilhada pela União, esta<strong>do</strong>s, Distrito Federale municípios. Os três entes federa<strong>do</strong>s trabalham em conjunto para aperfeiçoar, ampliare fiscalizar a execução <strong>do</strong> Programa, instituí<strong>do</strong> pela Lei 10.836/04 e regulamenta<strong>do</strong> pelo Decretonº 5.209/04. A lista de beneficiários é pública e pode ser acessada por qualquer cidadão.Entre 2004 e 2011 a cobertura <strong>do</strong> Programa ampliou-se consideravelmente: o númerototal de famílias beneficiadas <strong>do</strong>brou, ao passar de 6,5 milhões para 13,3 milhões.Segun<strong>do</strong> estimativas da CEPAL 147 , o Bolsa Família é o maior programa de transferência derenda condicionada da América Latina e <strong>do</strong> Caribe em número de beneficiários – cerca de52 milhões de pessoas 148 , o correspondente a quase a metade das 113 milhões de pessoasbeneficiadas na região. Em seguida, figuram os programas Oportunidades, <strong>do</strong> México (27milhões de pessoas) e Famílias em Ação, da Colômbia (12 milhões).O Programa Bolsa Família (PBF) vem contribuin<strong>do</strong> sistematicamente para a redução dapobreza <strong>no</strong> país. Entre 2003 e 2009 essa redução foi da ordem de 36,5%, o que significaque 27,9 milhões de pessoas saíram da situação de pobreza 149 . Além <strong>do</strong> Bolsa Família, ocrescimento <strong>do</strong> emprego, o aumento real <strong>do</strong> salário mínimo e ampliação da cobertura daprevidência e assistência social também contribuíram para a diminuição da pobreza.O montante total acumula<strong>do</strong> de recursos transferi<strong>do</strong>s às famílias durante o a<strong>no</strong> de 2011perfazia R$ 16,7 bilhões. O investimento total <strong>no</strong> programa representa cerca de 0,40% <strong>do</strong>PIB. Segun<strong>do</strong> estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> pelo IPEA 150 , para cada R$ 1,00 gasto <strong>no</strong> Programa BolsaFamília, o PIB aumenta em R$ 1,44 e a renda das famílias em 2,25%, depois de percorri<strong>do</strong>to<strong>do</strong> o circuito de multiplicação de renda na eco<strong>no</strong>mia.Os recursos recebi<strong>do</strong>s pelas famílias beneficiárias são canaliza<strong>do</strong>s diretamente parao consumo, crian<strong>do</strong> uma <strong>no</strong>va dinâmica <strong>no</strong>s merca<strong>do</strong>s e socioeco<strong>no</strong>mias locais,principalmente <strong>no</strong>s municípios de me<strong>no</strong>r porte. Em função, sobretu<strong>do</strong>, da informalidadee da baixa monetização presentes em grande parte <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s locais <strong>do</strong>s me<strong>no</strong>resmunicípios, esse efeito ainda não é devidamente capta<strong>do</strong> por informações e indica<strong>do</strong>restradicionais, a exemplo da arrecadação <strong>do</strong> ICMS (GUIMARÃES, 2008).Consideran<strong>do</strong>-se as Grandes Regiões e Unidades da Federação (UFs), os da<strong>do</strong>s da Tabela101 demonstram que a região Nordeste abrigava em 2011 um contingente de 6,8 milhõesde famílias beneficiadas pelo PBF, o correspondente a mais da metade (51,1%) <strong>do</strong> totalnacional de famílias que fazia jus ao benefício (13,3 milhões).146Tais valores foram resultantes <strong>do</strong> reajuste médio de 19,4% anuncia<strong>do</strong> em 01 de março de 2011 e passaram avigorar a partir <strong>do</strong>s benefícios pagos em abril <strong>do</strong> mesmo a<strong>no</strong>.147Programas de transferências condicionadas beneficiam mais de 100 milhões de pessoas na Região. Comunica<strong>do</strong>sde Imprensa, CEPAL, disponível em: http://www.eclac.org/cgi-bin/getProd.asp?xml=/prensa/<strong>no</strong>ticias/comunica<strong>do</strong>s/0/42140/P42140.xml&xsl=/prensa/tpl-p/p6f.xsl&base=/tpl/top-bottom.xslt148Número de pessoas residentes <strong>no</strong> contingente de 12,8 milhões de famílias beneficiadas.149Pessoas viven<strong>do</strong> em famílias com renda abaixo de 1/2 salário mínimo mensal per capita150Gastos com a Política Social: alavanca para o crescimento com distribuição de renda. Comunica<strong>do</strong>s <strong>do</strong> IPEA Nº75, 03 de fevereiro de 2011.


300<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTABELA 101NÚMERO DE FAMÍLIAS BENEFICIADAS PELO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA,VALOR ANUAL REPASSADO E VALOR MÉDIO DO REPASSE POR FAMÍLIA EM DEZEMBRO DE 2011BRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO – 2004 E 2011Área GeográficaNúmero de Famílias Beneficiadas20042011Var. %2004/2011Valor AnualRepassa<strong>do</strong> (Em R$)2011Valor Médio <strong>do</strong>Repasse porFamília (Em R$)Dezembro de 2011<strong>Brasil</strong>Região NorteRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsRegião NordesteMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaRegião SudesteMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloRegião SulParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulRegião Centro-OesteMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal6.571.839527.65254.94228.851104.13514.522259.64110.25655.3053.320.446380.742217.931572.730190.116273.135518.956214.726113.147838.9631.730.675756.335120.911196.330657.099700.661308.754101.247290.660292.40532.58882.116135.75841.94313.352.3061.476.939112.95056.272307.28545.575772.31150.832131.7146.825.997920.048444.6961.076.764349.595487.7791.115.851425.137253.1341.752.9933.296.2581.159.172192.365734.9021.209.8191.035.602444.050140.774450.778717.510134.447171.905333.56777.591103,2179,9105,695,0195,1213,8197,5395,6138,2105,6141,6104,188,083,978,6115,098,0123,7108,990,553,359,1274,384,147,843,839,055,1145,4312,6109,3145,785,016.699.039.9992.001.374.284145.852.39285.790.962435.876.11766.171.4181.025.164.47775.156.994167.361.9248.649.837.3791.246.690.137566.336.7471.340.823.303430.674.802609.205.4501.410.095.940552.418.942317.958.5932.175.633.4653.929.371.0071.384.264.312232.294.870877.893.7581.434.918.0671.246.418.688529.597.796167.143.749549.677.143872.038.641166.053.057209.456.236401.393.13995.136.209119,83-123,77144,56140,57138,40133,72140,57122,40-129,01119,58118,47117,25118,58119,23123,15121,90119,31-115,90117,03116,58112,93-112,13115,10115,65-118,61119,14115,8198,95Fonte: MDS/SAGI - Matriz de Informação SocialO Esta<strong>do</strong> da Bahia contava, em dezembro de 2011, com o maior contingente de famíliasbeneficiadas – 1, 7 milhão, o equivalente a 25,7% e 13,1% <strong>do</strong>s totais <strong>do</strong> Nordeste e <strong>Brasil</strong>,respectivamente. O número expressivo de famílias beneficiadas na Bahia guarda relaçãodireta com o fato de o Esta<strong>do</strong> possuir o maior contingente absoluto de população emsituação de extrema pobreza <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2010, conforme será visto mais adiante.A expansão da cobertura <strong>do</strong> PBF entre os a<strong>no</strong>s de 2004 e 2011 foi mais expressiva nas regiõesNorte (cerca de 180,0%) e Centro-Oeste (145,4%). No Amapá, o número de famíliasampliou-se consideravalmente (395,6%) ao passar de 10.256 em 2004 para 50.832 em2011. O crescimento também foi bastante expressivo e se destacou <strong>no</strong> Mato Grosso <strong>do</strong> Sul(312,6%), Rio de Janeiro (274,3%) e Roraima (213,8%), conforme Tabela 101.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 301Na região Sul, a ampliação <strong>do</strong> PBF foi me<strong>no</strong>s expressiva (47,8%), sobretu<strong>do</strong> em SantaCatarina (39,0%) e <strong>no</strong> Paraná (43,8%). Vale ressaltar que as três UFs da região Sulfiguravam entre as cinco com me<strong>no</strong>res níveis de extrema pobreza em 2010.O valor médio <strong>do</strong> benefício por família girava em tor<strong>no</strong> de R$ 120,00 em dezembro de2011, varian<strong>do</strong> entre as UFs de um mínimo de R$ 98,95 <strong>no</strong> Distrito Federal até o máximode R$ 144,56 <strong>no</strong> Acre.O Suplemento de Assistência Social da Pesquisa de Informações Básicas Municipais <strong>do</strong>IBGE, referente ao a<strong>no</strong> de 2009, investigou a existência de programas municipais detransferência de renda.A pesquisa constatou que um contingente de 464 municípios <strong>do</strong> país (o correspondentea 8,3% <strong>do</strong> total) possuía programas municipais de transferência de renda destina<strong>do</strong>s àsfamílias em situação de pobreza. A existência era mais frequente <strong>no</strong>s municípios de maiorporte populacional, sen<strong>do</strong> observa<strong>do</strong> em 42,5% daqueles com mais de 500 mil habitantes.Por outro la<strong>do</strong>, vale destacar que, em termos absolutos, o maior número de ocorrência (106municípios) desses programas era observa<strong>do</strong> entre os municípios com população de 20 mila 50 mil habitantes.Em termos regionais, as proporções de municípios com programas de transferência derenda variavam de 7,1% na região Nordeste até 10,1% na região Centro-Oeste <strong>do</strong> país.Benefício de Prestação Continuada (BPC)O Benefício de Prestação Continuada 151 (BPC) também assume grande relevância na área daSeguridade Social. Entre 2004 e 2011 o número de beneficiários se expandiu em 73,7%, aopassar de 2,06 para 3,58 milhões. A expansão foi mais expressiva entre os i<strong>do</strong>sos (80,2%)<strong>do</strong> que entre as pessoas com deficiência (68,3%), de acor<strong>do</strong> com os da<strong>do</strong>s da Tabela 102.O montante total de recursos transferi<strong>do</strong>s aos beneficiários durante o a<strong>no</strong> de 2011 foi deR$ 20,9 bilhões, sen<strong>do</strong> R$ 9,9 bilhões (47,4% <strong>do</strong> total) direciona<strong>do</strong>s ao contingente de1,68 milhão de pessoas i<strong>do</strong>sas e cerca de R$ 11,0 bilhões (52,6% <strong>do</strong> total) transferi<strong>do</strong>s aoconjunto de 1,90 milhão de pessoas com deficiência que faziam jus ao benefício.É importante ressaltar que apesar <strong>do</strong> número de beneficiários <strong>do</strong> BPC ser me<strong>no</strong>rcomparativamente a outros programas – a exemplo <strong>do</strong> Bolsa Família – o montantede recursos transferi<strong>do</strong>s é bastante mais expressivo, já que o valor <strong>do</strong> benefício é fixoe corresponde a um salário mínimo mensal. Com efeito, enquanto que o montantedireciona<strong>do</strong> ao contingente de 13,3 milhões de famílias beneficiadas pelo Programa BolsaFamília perfazia R$ 16,7 bilhões <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2011, o valor total transferi<strong>do</strong> pelo BPC aos3,58 milhões de pessoas foi da ordem de R$ 20,9 bilhões <strong>no</strong> mesmo a<strong>no</strong>, ou seja, 4,2bilhões (ou 25,1%) a mais.151É um direito garanti<strong>do</strong> pela Constituição Federal de 1988. Consiste <strong>no</strong> pagamento de 01 (um) salário mínimomensal a pessoas com 65 a<strong>no</strong>s ou mais de idade e a pessoas com deficiência incapacitante para a vida independentee para o trabalho. Em ambos os casos a renda per capita familiar deve ser inferior a ¼ <strong>do</strong> salário mínimo. OBPC também encontra amparo legal na Lei 10.741, de 1º de outubro de 2003 que institui o Estatuto <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so.O Benefício é geri<strong>do</strong> pelo Ministério <strong>do</strong> Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) a quem compete suagestão, acompanhamento e avaliação e ao Instituto Nacional <strong>do</strong> Seguro Social (INSS) a sua operacionalização. Osrecursos para custeio <strong>do</strong> BPC provêm <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> Nacional de Assistência Social (FNAS).


302<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoFrente a esse contexto, o BPC também vem desempenhan<strong>do</strong> um importante papel <strong>no</strong>combate à pobreza e à desigualdade social. Segun<strong>do</strong> o já referi<strong>do</strong> estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> IPEA, paracada R$ 1,00 gasto <strong>no</strong> BPC, o PIB aumenta em R$ 1,38 e a renda das famílias em 2,20%.No âmbito das Grandes Regiões e Unidades da Federação, os da<strong>do</strong>s dispostos na Tabela102 indicam que a cobertura <strong>do</strong> BPC se expandiu entre 2004 e 2011 de forma mais expressivanas regiões Sul (84,0%) e Norte <strong>do</strong> país (78,6%).Durante o referi<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>, a expansão <strong>do</strong> BPC mais <strong>do</strong> que <strong>do</strong>brou em cinco unidadesfederativas: Roraima (156,3%), Alagoas (146,3%), Rio de Janeiro (120,6%), Santa Catarina(109,7%) e Amapá (100,3%). Os me<strong>no</strong>res percentuais de expansão ocorreram <strong>no</strong> MatoGrosso (46,7%), Minas Gerais (47,6%), Paraíba (55,3%) e Pernambuco (61,6%).TABELA 102NÚMERO DE PESSOAS BENEFICIADAS PELO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA - BPCBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2004 E 2011Área Geográfica<strong>Brasil</strong>Região NorteRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsRegião NordesteMaranhãoPiauíCearáRio G. <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaRegião SudesteMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloRegião SulParanáSanta CatarinaRio G. <strong>do</strong> SulRegião C-OesteMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito FederalPessoas com Deficiência (A)2004 2011Var. %2004/20111.127.849 1.898.059 68,3118.741 196.960 65,910.125 21.444 111,87.641 13.197 72,729.634 42.626 43,82.142 6.084 184,054.267 86.612 59,63.970 8.818 122,110.962 18.179 65,8459.140 751.374 63,651.864 85.682 65,221.864 34.671 58,672.505 114.661 58,126.934 40.217 49,336.912 53.640 45,395.085 146.443 54,023.546 65.720 179,116.176 29.751 83,9114.254 180.589 58,1343.109 580.321 69,1136.230 193.340 41,918.213 27.940 53,440.372 93.733 132,2148.294 265.308 78,9114.900 219.780 91,352.442 92.896 77,115.946 35.029 119,746.512 91.855 97,591.959 149.624 62,714.986 29.218 95,025.887 36.573 41,337.974 62.249 63,913.112 21.584 64,6Número de BeneficiáriosPessoas I<strong>do</strong>sas (B)2004933.16481.6779.0202.37717.1141.34836.8655.3009.653293.02542.9726.14637.2347.37816.51558.66317.0577.89099.170367.51096.07413.22771.131187.07894.43147.02610.13637.26996.52124.26425.39636.14010.72120111.681.707161.07314.3565.62534.8252.86277.8359.75215.818537.68886.69317.50773.03518.09929.358102.06134.28313.844162.808655.495149.55324.182152.234329.526165.39178.93919.67466.778162.06038.78138.66864.04720.564Var. %2004/201180,297,259,2136,6103,5112,3111,184,063,983,5101,7184,996,2145,377,874,0101,075,564,278,455,782,8114,076,175,167,994,179,267,959,852,377,291,820042.061.013200.41819.14510.01846.7483.49091.1329.27020.615752.16594.83628.010109.73934.31253.427153.74840.60324.066213.424710.619232.30431.440111.503335.372209.33199.46826.08283.781188.48039.25051.28374.11423.833Total (A+B)2011Var. %2004/20113.579.766 73,7358.033 78,635.800 87,018.822 87,977.451 65,78.946 156,3164.447 80,418.570 100,333.997 64,91.289.062 71,4172.375 81,852.178 86,3187.696 71,058.316 70,082.998 55,3248.504 61,6100.003 146,343.595 81,1343.397 60,91.235.816 73,9342.893 47,652.122 65,8245.967 120,6594.834 77,4385.171 84,0171.835 72,854.703 109,7158.633 89,3311.684 65,467.999 73,275.241 46,7126.296 70,442.148 76,8Fonte: MDS / SAGI - Matriz de Informação Social


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 303A Tabela 103 apresenta o valor anual total de recursos transferi<strong>do</strong>s pelo BPC às pessoascom deficiência e i<strong>do</strong>sos, durante o a<strong>no</strong> de 2011. As regiões Norte e Nordeste <strong>do</strong> país – quecontam com os maiores contingentes de população pobre – receberam juntas cerca de R$9,6 bilhões, o correspondente a 46,0% <strong>do</strong> valor total transferi<strong>do</strong> em to<strong>do</strong> o país.Área GeográficaTABELA 103VALOR ANUAL REPASSADO DO BENEFÍCIO DEPRESTAÇÃO CONTINUADA - BPCBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DE FEDERAÇÃO, 2011Valor Anual Repassa<strong>do</strong> (Em R$)Pessoas com DeficiênciaPessoas I<strong>do</strong>sasTotal<strong>Brasil</strong>Região NorteRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsRegião NordesteMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaRegião SudesteMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloRegião SulParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulRegião Centro-OesteMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal10.992.776.4921.142.881.499124.015.89176.269.018248.634.67134.955.230501.957.67150.871.272106.177.7464.346.021.357499.435.409200.267.358658.592.818232.582.110311.255.026847.993.135380.655.849170.844.8161.044.394.8363.363.395.6131.124.992.425162.960.456538.195.0091.537.247.7231.273.628.001543.530.990201.790.187528.306.825866.850.021168.098.041212.523.902361.209.554125.018.5249.896.060.677948.747.54284.755.88232.878.790202.453.35116.471.882460.611.77057.296.48194.279.3863.164.134.155517.648.955101.308.350425.261.325104.608.393171.794.080601.996.044203.151.15781.371.900956.993.9503.852.178.922881.487.242141.431.938893.143.6721.936.116.070972.579.644464.535.911115.285.754392.757.980958.420.414229.741.909230.003.497378.886.669119.788.33920.888.837.1692.091.629.041208.771.773109.147.808451.088.02251.427.112962.569.442108.167.753200.457.1317.510.155.5121.017.084.364301.575.7081.083.854.143337.190.503483.049.1061.449.989.179583.807.006252.216.7162.001.388.7867.215.574.5352.006.479.667304.392.3941.431.338.6813.473.363.7922.246.207.6461.008.066.901317.075.941921.064.8041.825.270.435397.839.950442.527.399740.096.224244.806.863Fonte: MDS / SAGI - Matriz de Informação Social


304<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoSAÚDEO Sistema Único de Saúde (SUS)A existência <strong>do</strong> Sistema Único de Saúde 152 (SUS) assegura, por definição, coberturae acesso irrestrito de toda a população residente <strong>no</strong> país à atenção básica de saúde <strong>no</strong><strong>Brasil</strong>. A criação <strong>do</strong> SUS passou a conferir um caráter universal ao sistema de saúde<strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, que antes disso tinha um caráter contributivo. Sua gestão requer uma estreitacoordenação <strong>do</strong>s gover<strong>no</strong>s federal, estaduais e municipais. À parte <strong>do</strong> sistema público desaúde, há diferentes modalidades de sistemas de saúde priva<strong>do</strong>s optativos que protegemcerca de 40,0 milhões de pessoas <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.A melhoria da capacidade e da eficiência na gestão <strong>do</strong> SUS é uma preocupação permanentedas três instâncias de gover<strong>no</strong> envolvidas com a sua administração. Uma das grandesdificuldades encontradas são as diferenças regionais que caracterizam o país.O SUS realiza anualmente, em média, 2,3 milhões de consultas <strong>no</strong>rmais e ambulatoriais, 11mil transplantes, 215 mil cirurgias, 9,0 milhões de sessões de quimioterapia e radioterapiae 11,3 milhões de hospitalizações.Segun<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Suplemento de Saúde da PNAD 2008, uma significativa proporção(67,7%) da população brasileira havia passa<strong>do</strong> ao me<strong>no</strong>s por uma consulta médica <strong>no</strong>s 12meses anteriores ao perío<strong>do</strong> de referência da pesquisa. Consideran<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> de duassemanas anteriores à data da entrevista, estimou-se que 27,5 milhões de pessoas (14,5%<strong>do</strong> total) procuraram por atendimento de saúde. Em relação ao financiamento desseatendimento, 56,5% deles foram financia<strong>do</strong>s pelo SUS, 26,2% foram viabiliza<strong>do</strong>s atravésde pla<strong>no</strong>s de saúde e em 18,7% <strong>do</strong>s casos houve pagamento para atendimento. Os gastoscom saúde <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> se concentram <strong>no</strong>s atendimentos médicos de complexidade media<strong>no</strong>se altos, o que representa um total de 86,0% e também um <strong>do</strong>s principais problemas que osistema vem enfrenta<strong>do</strong>.Alguns programas i<strong>no</strong>va<strong>do</strong>res de saúde desenvolvi<strong>do</strong>s pelo SUS brasileiro merecemdestaque: Programa de Saúde da Família, Programa Nacional de Imunização, FarmáciaPopular, Humaniza SUS, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência - SAMU e UPA 24horas.152O Sistema Único de Saúde - SUS - foi cria<strong>do</strong> pela pela Constituição Federal de 1988 e regulamenta<strong>do</strong> pelas Leisn.º 8080/90 e nº 8.142/90, Leis Orgânicas da Saúde, com a finalidade de alterar a situação de desigualdadena assistência à saúde da população, tornan<strong>do</strong> obrigatório o atendimento público a qualquer cidadão, sen<strong>do</strong>proibidas cobranças de dinheiro sob qualquer pretexto. O SUS é destina<strong>do</strong> a to<strong>do</strong>s os cidadãos e é financia<strong>do</strong> comrecursos arrecada<strong>do</strong>s através de impostos e contribuições sociais pagos pela população e compõem os recursos <strong>do</strong>gover<strong>no</strong> federal, estadual e municipal.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 305Existência de Pla<strong>no</strong> de Saúde entre os Trabalha<strong>do</strong>res e aImportância <strong>do</strong> SUSSegun<strong>do</strong> as informações <strong>do</strong> Suplemento deSaúde da PNAD, apenas 29,2% <strong>do</strong>s ocupa<strong>do</strong>spossuía pla<strong>no</strong> ou seguro de saúde 153 <strong>no</strong>a<strong>no</strong> de 2008. Essa proporção era mais elevadaentre os trabalha<strong>do</strong>res com carteirade trabalho assinada: em tor<strong>no</strong> de 40,0%.A posse de pla<strong>no</strong> de saúde entre as pessoasocupadas apresentava grande variabilidadeentre as Unidades da Federação. De acor<strong>do</strong>com a Tabela 104, os maiores percentuaiseram observa<strong>do</strong>s nas regiões Sul e Sudeste,que possuem merca<strong>do</strong>s de trabalho maisestrutura<strong>do</strong>s e com maiores proporções detrabalha<strong>do</strong>res formaliza<strong>do</strong>s na iniciativaprivada, o que facilita o acesso ao pla<strong>no</strong> desaúde. Com efeito, São Paulo (44,5%), Riode Janeiro (36,8%) e Rio Grande <strong>do</strong> Sul(36,7%) apresentavam os percentuais maiseleva<strong>do</strong>s <strong>do</strong> país.Em senti<strong>do</strong> contrário, todas as UFs dasregiões Norte e Nordeste apresentavambaixas proporções de trabalha<strong>do</strong>res compla<strong>no</strong> de saúde e num patamar bastanteabaixo da média nacional, registran<strong>do</strong>-seos me<strong>no</strong>res percentuais nacionais <strong>no</strong>s esta<strong>do</strong>s<strong>do</strong> Maranhão (7,3%), Roraima (11,7%)e Alagoas (12,2%).Chamava a atenção o peque<strong>no</strong> percentualde ocupa<strong>do</strong>s com pla<strong>no</strong> de Saúde <strong>no</strong> MatoGrosso (18,8%), uma vez que o mesmodestoava bastante daqueles existentes nasdemais UFs da região Centro-Oeste: DistritoFederal (35,4%), Mato Grosso <strong>do</strong> Sul(28,0%) e Goiás (27,2%).TABELA 104POPULAÇÃO OCUPADA DE 16 ANOS OU MAISDE IDADE QUE POSSUI PLANO DE SAÚDEBRASIL E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2008Área Geográfica<strong>Brasil</strong>Unidades da FederaçãoRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal% de Ocupa<strong>do</strong>scom Pla<strong>no</strong> de Saúde29,214,614,817,011,716,015,215,67,313,215,118,014,818,512,217,717,231,629,236,844,529,230,236,728,018,827,235,4Fonte: IBGE - PNAD (Suplemento de Saúde)153Existência de direito a algum pla<strong>no</strong> de saúde (médico ou o<strong>do</strong>ntológico), particular, de empresa ou órgão público.Entende-se por pla<strong>no</strong> de saúde médico ou o<strong>do</strong>ntológico o contrato ou direito adquiri<strong>do</strong> individualmente ouatravés de emprega<strong>do</strong>r (público ou priva<strong>do</strong>), visan<strong>do</strong> o atendimento de saúde a ser presta<strong>do</strong> por profissionais e/ouempresas de saúde (clínicas, hospitais, laboratórios etc.). O usufruto desse direito é garanti<strong>do</strong> pelo pagamento demensalidade paga diretamente pela pessoa ou por terceiros, por seu emprega<strong>do</strong>r ou através de desconto mensalem folha de pagamento. O contrato pode ser estabeleci<strong>do</strong> com diversos tipos de instituição: cooperativas médicas,empresas de medicina de grupo, segura<strong>do</strong>ras e empresas que funcionam de forma mista como segura<strong>do</strong>ras eprove<strong>do</strong>ras de serviços de saúde ou, ainda, com qualquer clínica, hospital, laboratório etc. Servi<strong>do</strong>res públicos(civis ou militares) geralmente contribuem por meio de descontos em folha de pagamento, a pla<strong>no</strong>s de institutosde assistência médica cria<strong>do</strong>s para esse fim como, por exemplo o IASERJ, PATRONAL e os serviços de saúde dasForças Armadas.


306<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoFrente a esta baixa cobertura de trabalha<strong>do</strong>res com pla<strong>no</strong> de saúde, o SUS desempenhaum papel de suma importância <strong>no</strong> atendimento aos mesmos. Entre a população ocupadade 16 a<strong>no</strong>s ou mais de idade que procurou por atendimento de saúde <strong>no</strong> perío<strong>do</strong> de duassemanas anteriores à data da entrevista <strong>do</strong> Suplemento de Saúde da PNAD 2008, quasea metade (47,8%) teve o atendimento financia<strong>do</strong> pelo SUS. Entretanto, entre aquelesocupa<strong>do</strong>s e ocupadas que não possuíam pla<strong>no</strong>s de saúde a proporção <strong>do</strong>s procedimentosfinancia<strong>do</strong>s pelo SUS se eleva para 70,2%, demonstran<strong>do</strong> ainda mais a importância <strong>do</strong>mesmo para a classe trabalha<strong>do</strong>ra.O COMPORTAMENTO DO GASTO PÚBLICOFEDERAL COM SEGURIDADE SOCIAL E A SUAIMPORTÂNCIA NO COMBATE À POBREZAA Trajetória <strong>do</strong> Gasto Social Federal com a SeguridadeSocialA Constituição Federal de 1988 definiu a seguridade social como um conjunto integra<strong>do</strong>de ações destinadas a assegurar os direitos relativos à Saúde, à Previdência e à AssistênciaSocial. Consideran<strong>do</strong>-se conjuntamente esses três componentes, observa-se que, desdea segunda metade da década de 1990, vem aumentan<strong>do</strong> sistematicamente a proporção<strong>do</strong> gasto público federal com seguridade social em relação ao PIB. Este aumentou de6,85% para 7,73% entre 1995 e 1999 e para 9,02% em 2004, até alcançar <strong>do</strong>is dígitos(10,21%) pela primeira vez <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009 (vide Tabela 105), conforme as informaçõesdisponibilizadas pelo IPEA 154 .É importante ressaltar que essa tendência de ampliação da participação <strong>do</strong> gasto comseguridade social <strong>no</strong> PIB acompanha a mesma tendência observada para o Gasto SocialFederal Total 155 , cuja participação se ampliou de 11,24% para 15,80% entre 1995 e 2009.TABELA 105TRAJETÓRIA DO GASTO SOCIAL FEDERAL EM SEGURIDADE SOCIAL, EM % DO PIBBRASIL, 1995/2009Área de AtuaçãoAssistência SocialPrevidência SocialSaúdeSeguridade Social - TotalGasto Social Federal - Total19950,084,981,796,8511,2419990,295,751,697,7312,1620030,666,521,588,7612,9520040,756,651,629,0213,2020050,837,001,599,4213,8220060,917,201,689,7914,3520070,937,041,669,6314,3820080,976,781,639,3814,1920091,087,281,8510,2115,80Fonte: SIAFI/SIDOR e IpeadataElaboração: DISOC/IPEA154IPEA. 15 a<strong>no</strong>s de Gasto Social Federal: Notas sobre o perío<strong>do</strong> de 1995 a 2009. Brasília, julho de 2011. (Comunica<strong>do</strong>s<strong>do</strong> IPEA, n. 98). Disponível em: .155Além da Assistência Social, Previdência Social e Saúde, o Gasto Federal Social Total inclui as seguintes áreasde atuação: Alimentação e Nutrição; Benefícios <strong>do</strong>s Servi<strong>do</strong>res Públicos Federais; Cultura; DesenvolvimentoAgrário; Educação; Emprego e Defesa <strong>do</strong> Trabalha<strong>do</strong>r; Habitação e Urbanismo, e Saneamento.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 307Apesar <strong>do</strong> crescimento <strong>do</strong> gasto social como proporção <strong>do</strong> PIB, a análise desagregada <strong>do</strong>scomponentes da seguridade social revela que os ritmos de expansão <strong>do</strong> mesmo foramdiferencia<strong>do</strong>s.No caso da Saúde 156 , o percentual <strong>do</strong> gasto oscilou negativamente entre 1995 e 2004, aopassar de 1,79% para 1,62% <strong>do</strong> PIB. Entretanto, aumentou durante a segunda metadeda década de 2000, com destaque para a expansão de 1,63% para 1,85% observada entre2008 e 2009.Tratan<strong>do</strong>-se da Previdência Social 157 , a proporção <strong>do</strong> gasto vem aumentan<strong>do</strong>, e com maiorintensidade a partir da atual década, ao passar de 5,75% para 6,65% entre 1999 e 2004e para 7,28% em 2009. Essa maior participação foi acompanhada de uma ampliaçãosignificativa na cobertura e proteção social. Com efeito, o número de beneficiáriosatendi<strong>do</strong>s apresentou incrementos sucessivos ao longo <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>, passan<strong>do</strong> de 14,5milhões para 21,2 milhões entre 1995 e 2005, até alcançar 23,5 milhões de beneficiários em2009. Segun<strong>do</strong> o IPEA (2011a), também merece destaque a elevação <strong>do</strong> poder aquisitivo<strong>do</strong> piso <strong>do</strong> benefício (vincula<strong>do</strong> ao salário mínimo), valor recebi<strong>do</strong> por cerca de 2/3 <strong>do</strong>total de beneficiários <strong>do</strong> Regime Geral da Previdência Social.Por fim, a Assistência Social apresentou crescimento gradativo, ao passar de 0,08% <strong>no</strong>a<strong>no</strong> de 1995 para 0,75% em 2004 e 1,08% em 2009. Vale ressaltar que o crescimento daparticipação da Assistência Social 158 , sobretu<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong>s a<strong>no</strong>s 2000, foi diretamenteinfluenciada pela a<strong>do</strong>ção e ampliação da cobertura <strong>do</strong>s programas de transferência diretade renda, a exemplo <strong>do</strong> Bolsa Família e da proteção às pessoas i<strong>do</strong>sas e com deficiência debaixa renda, por intermédio <strong>do</strong> Benefício de Prestação Continuada (BPC).A Importância das Transferências <strong>no</strong> Combate à PobrezaOs benefícios pagos pela Previdência e Assistência Social também desempenham umpapel de suma importância <strong>no</strong> combate à pobreza. Estu<strong>do</strong> 159 realiza<strong>do</strong> pela Secretaria dePolíticas de Previdência Social demonstrou que as rendas provenientes <strong>do</strong> recebimento debenefícios previdenciários e <strong>do</strong> BPC retiravam da pobreza um contingente de 23,1 milhõesde pessoas <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> em 2009, o que equivale a uma redução de 12,5 pontos percentuais(p.p.) na proporção de pessoas viven<strong>do</strong> abaixo da linha de pobreza, segun<strong>do</strong> o critério dedelimitação da pobreza já menciona<strong>do</strong>.Conforme pode ser observa<strong>do</strong> <strong>no</strong> Gráfico 29, em um conjunto de dez Unidades da Federaçãoa contribuição para a redução da pobreza é superior à média nacional, destacan<strong>do</strong>-seo Piauí, onde a redução alcançava 17,3 p.p., a Paraíba (15,4 p.p.) e o Ceará (14,8 p.p.).156Inclui os gastos com Atenção Básica em Saúde, Atenção Hospitalar e Ambulatorial <strong>no</strong> Sistema Único de Saúde,Vigilância Epidemiológica e Controle de Doenças Transmissíveis e Vigilância, Prevenção e Atenção em HIV/AIDSe outras Doenças Sexualmente Transmissíveis.157Inclui a Previdência Social Básica (Regime Geral de Previdência Social) – pagamento de aposenta<strong>do</strong>rias, pensõese auxílios-<strong>do</strong>ença. As despesas relativas à previdência <strong>do</strong> servi<strong>do</strong>r público federal, não integram essa área deatuação.158Inclui as Transferências de Renda com Condicionalidades – Bolsa Família, Proteção Social à Pessoa com Deficiência(RMV e BPC/Loas), Proteção Social à Pessoa I<strong>do</strong>sa (RMV e BPC/Loas) e Erradicação <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> Infantil.159Evolução Recente da Proteção Previdenciária e seus Impactos sobre o Nível de Pobreza. Informe da PrevidênciaSocial, outubro de 2010, v.22, n.10.


308<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoÉ importante ressaltar que a contribuição das rendas provenientes <strong>do</strong> recebimento debenefícios previdenciários e <strong>do</strong> BPC para a redução da pobreza não se limitam apenasaos esta<strong>do</strong>s <strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong>s, que historicamente apresentam elevada incidência de pobreza.Com efeito, entre o conjunto das dez unidades federativas nas quais essa contribuição erasuperior à média nacional, figuravam o Rio de Janeiro (14,6 p.p.), Minas Gerais (14,1 p.p.)e Rio Grande <strong>do</strong> Sul (13,8 p.p.).GRÁFICO 29PONTOS PERCENTUAIS DE REDUÇÃO DE POBREZA EM FUNÇÃODAS TRANSFERÊNCIAS PREVIDENCIÁRIASBRASIL E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2009Fonte: IBGE - PNADElaboração: SPS/MPSObs.: Foram considera<strong>do</strong>s apenas os habitantes de <strong>do</strong>micílios onde to<strong>do</strong>s os mora<strong>do</strong>res declararam a integralidade de seusrendimentos.* Linha de Pobreza = ½ salário mínimo.As informações da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009, <strong>do</strong> IBGE,também revelam a importância das transferências <strong>no</strong> combate à pobreza <strong>no</strong> país. Nacomposição <strong>do</strong> orçamento familiar, as transferências – que incluem as aposenta<strong>do</strong>riase pensões pública e privada, programas sociais de transferência de renda e bolsas deestu<strong>do</strong> – respondiam por 18,5% <strong>do</strong> rendimento total e variação patrimonial das famílias,situan<strong>do</strong>-se na condição de segunda maior fonte de recursos <strong>do</strong> orçamento familiar –atrás apenas <strong>do</strong> rendimento <strong>do</strong> trabalho (61,1%).Na região Nordeste, a importância ds transferências era ainda mais significativa aoresponder por 22,5% <strong>do</strong> rendimento total e variação patrimonial das famílias.Entre as famílias brasileiras sem rendimento ou que recebiam até <strong>do</strong>is salários mínimosmensais, a POF 2008-2009 indicava que a participação das transferências <strong>no</strong> orçamento<strong>do</strong>méstico alcançava 26,7%.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 309O DESAFIO DE ERRADICAR A EXTREMA POBREZAOs Níveis e o <strong>Perfil</strong> da Extrema Pobreza em 2010Apesar da significativa redução recente da pobreza e <strong>do</strong> importante papel desempenha<strong>do</strong>pelo Programa Bolsa Família, ainda persiste o desafio de erradicar a extrema pobreza<strong>no</strong> país. Com base em estimativas 160 elaboradas pelo IBGE a partir <strong>do</strong>s Resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>Universo <strong>do</strong> Censo 2010, o contingente de pessoas em situação de extrema pobreza 161totalizava 16,27 milhões, o correspondente a 8,5% da população total.Em termos espaciais, a maior concentração de população em extrema pobreza (8,67milhões de pessoas, correspondente a 53,3% <strong>do</strong> total) residia em áreas urbanas. As áreasrurais, por sua vez, abrigavam 7,59 milhões de pessoas pobres (o equivalente a 46,7% <strong>do</strong>total). Por outro la<strong>do</strong>, a incidência da extrema pobreza era muito mais expressiva entrea população residente nas áreas rurais (25,5%) comparativamente às urbanas (5,4%),conforme Tabela 106.A região Nordeste abrigava 9,61 milhões de pessoas extremamente pobres, o correspondentea 59,1% <strong>do</strong> contingente total nacional. A incidência da extrema pobreza <strong>no</strong> Nordeste era de18,1%, sen<strong>do</strong> mais <strong>do</strong> que o <strong>do</strong>bro daquela correspondente ao conjunto <strong>do</strong> país (8,5%). Aregião Norte também apresentava elevada incidência (16,8%), e contava com 2,66 milhões deresidentes em situação de extrema pobreza (16,3% <strong>do</strong> total <strong>do</strong> país). A extrema pobreza erame<strong>no</strong>s incidente nas regiões Sul (2,6% da população), Sudeste (3,4%) e Centro-Oeste (4,0%).Seguin<strong>do</strong> a tendência já refletida pelos indica<strong>do</strong>res regionais, alguns esta<strong>do</strong>s <strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong>sfiguravam entre aqueles com os maiores níveis de incidência de extrema pobreza <strong>do</strong> país,a exemplo <strong>do</strong> Maranhão (25,7%), Piauí (21,3%) e Alagoas (20,3%). Por outro la<strong>do</strong>, asme<strong>no</strong>res incidências eram observadas em Santa Catarina (1,6%), Distrito Federal (1,8%)e São Paulo (2,6%).Em algumas Unidades da Federação a incidência da extrema pobreza era tão elevada naárea rural, que alcançava quase a metade da população, a exemplo <strong>do</strong> Amazonas (48,0%),Roraima (47,8%) e Maranhão (43,8%).160Em decorrência da divulgação <strong>do</strong>s Resulta<strong>do</strong>s da Amostra <strong>do</strong> Censo 2010, as estimativas deverão passar por umprocesso de revisão.161População residente em <strong>do</strong>micílios particulares permanentes sem rendimento e com rendimento <strong>no</strong>minal mensal<strong>do</strong>miciliar per capita de R$ 1,00 a 70,00 reais. A estimativa considerou um recorte para incluir apenas as pessoasresidentes em <strong>do</strong>micílios com perfil de maior probabilidade de encontrar-se em extrema pobreza. Os critériosa<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s para estimar esta parcela da população dentre os <strong>do</strong>micílios sem rendimentos foram os seguintes: sembanheiro de uso exclusivo; ou sem ligação com rede geral de esgoto ou pluvial e não tinham fossa séptica; ouem área urbana sem ligação à rede geral de distribuição de água; ou em área rural sem ligação à rede geral dedistribuição de água e não tinham poço ou nascente na propriedade; ou sem energia elétrica; ou com pelo me<strong>no</strong>sum mora<strong>do</strong>r de 15 a<strong>no</strong>s ou mais de idade analfabeto; ou com pelo me<strong>no</strong>s três mora<strong>do</strong>res de até 14 a<strong>no</strong>s de idade;ou pelo me<strong>no</strong>s um mora<strong>do</strong>r de 65 a<strong>no</strong>s de idade ou mais.


310<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTABELA 106POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE EXTREMA POBREZA E % DE INCIDÊNCIA POR SITUAÇÃO DO DOMICÍLIOBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2010Área Geográfica<strong>Brasil</strong>Grandes RegiõesNorteNordesteSudesteSulCentro-OesteUnidades da FederaçãoRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito FederalPopulação em Situação de Extrema PobrezaNúmero de Pessoas Distribuição %% de IncidênciaTotal Urbana Rural Total Urbana Rural Total Urbana Rural16.267.1972.658.4529.609.8032.725.532715.961557.449121.290133.410648.69476.3581.432.18882.924163.5881.691.183665.7321.502.924405.812613.7811.377.569633.650311.1622.407.990909.660144.885586.5851.084.402306.638102.672306.651120.103174.783215.97546.5888.673.8451.158.5014.560.4862.144.624437.346372.88856.06449.485298.77125.846582.65361.55784.125626.839241.280726.270216.601329.618818.537327.589152.9391.120.813500.56088.409550.5961.005.059178.67958.821199.84669.63892.774167.25643.2207.593.3521.499.9515.049.317580.908278.615184.56165.22683.925349.92350.512849.53521.36779.4631.064.344424.452776.654189.211284.163559.032306.061158.2231.287.177409.10056.47635.98979.343127.95943.851106.80550.46582.00948.7193.368100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,053,343,647,578,761,166,946,237,146,133,840,774,251,437,136,248,353,453,759,451,749,246,555,061,093,992,758,357,365,258,053,177,492,846,756,452,521,338,933,153,862,953,966,259,325,848,662,963,851,746,646,340,648,350,853,545,039,06,17,341,742,734,842,046,922,67,28,516,818,13,42,64,07,818,218,617,018,912,411,825,721,317,812,816,315,720,315,017,24,64,13,72,62,91,62,94,95,83,61,85,49,911,72,91,93,04,99,310,87,511,210,27,715,111,811,48,811,611,614,310,111,13,03,03,62,52,01,12,23,33,73,11,725,535,735,410,26,811,715,841,748,047,835,631,227,143,839,836,926,930,632,137,228,932,914,29,76,84,78,44,46,714,314,88,43,8Fonte: MDS/SAGI - Matriz de Informação Social, com base <strong>no</strong>s Resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Universo <strong>do</strong> Censo 2010 <strong>do</strong> IBGEElaboração: Escritório da <strong>OIT</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>Segun<strong>do</strong> o atributo sexo, a distribuição da população em extrema pobreza apresentava umarelativa homogeneidade, sen<strong>do</strong> composta por 50,5% de mulheres e por 49,5% de homens.Tratan<strong>do</strong>-se da cor ou raça, a distribuição da população em situação de extrema pobrezaera a seguinte: parda (61,8% <strong>do</strong> total), seguida pelos indíviduos de cor ou raça branca(26,1%), preta (9,0%), amarela (1,1%) e indígena (2,0%).Por outro la<strong>do</strong>, conforme evidencia o Gráfico 30 abaixo, a incidência da extrema pobreza,ou seja, o percentual <strong>do</strong> total de pessoas de uma determinada categoria de cor ou raça


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 311que se encontrava em situação de extrema pobreza em relação a população total destacategoria, era bastante mais expressiva entre a população indígena, sen<strong>do</strong> de quase 40,0%.Ou seja, cerca de 326 mil das aproximadamente 818 mil pessoas que se declararam <strong>no</strong>Censo como pertencentes à raça indígena, estavam em situação de extrema pobreza <strong>no</strong>a<strong>no</strong> de 2010. Entre os indivíduos par<strong>do</strong>s a incidência era de 12,2%, e de 10,0% entre ospretos. Esse percentual era me<strong>no</strong>r entre os amarelos (8,6%) e brancos (4,7%).GRÁFICO 30PARTICIPAÇÃO PERCENTUAL DA POPULAÇÃO POR COR OU RAÇA NA POPULAÇÃO TOTAL EM SITUAÇÃO DEEXTREMA POBREZA E INCIDÊNCIA DE EXTREMA POBREZA POR COR OU RAÇABRASIL, 2010Fonte: MDS com base <strong>no</strong>s Resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Universo <strong>do</strong> Censo 2010 <strong>do</strong> IBGEConsideran<strong>do</strong>-se a faixa etária, as crianças de 00 a 14 a<strong>no</strong>s de idade representavamcerca de 40,0% <strong>do</strong>s extremamente pobres, e os a<strong>do</strong>lescentes de 15 a 19 a<strong>no</strong>s de idaderepresentavam outros 11,0%. Isso significa que cinco em cada dez indivíduos em extremapobreza <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> eram crianças ou a<strong>do</strong>lescentes com até 19 a<strong>no</strong>s de idade.É importante destacar que uma significativa proporção de 44,0% das pessoas em situaçãode extrema pobreza possuía entre 18 e 59 a<strong>no</strong>s de idade, ou seja, figuravam na faixa etáriada plena capacidade produtiva. Por fim, 5,1% <strong>do</strong>s indivíduos extremamente pobres erami<strong>do</strong>sos com 60 a<strong>no</strong>s ou mais de idade, sen<strong>do</strong> que esse percentual alcançava 12,8% naregião sudeste.O Pla<strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> Sem MisériaNo mês de junho de 2011, a presidenta <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>, Dilma Rousseff, lançou o Pla<strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>Sem Miséria, direciona<strong>do</strong> primordialmente à erradicação da extrema pobreza <strong>no</strong> país.Trata-se de um conjunto de políticas e ações direcionadas para aperfeiçoar a recenteestratégia e experiência brasileira de combate à pobreza e às desigualdades sociais, que


312<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federaçãovem logran<strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>s bastante significativos ao longo <strong>do</strong>s últimos a<strong>no</strong>s, conforme vistoanteriormente.O Pla<strong>no</strong> tem como público-alvo o contingente de 16,2 milhões de brasileiros que vivem emsituação de extrema pobreza e objetiva promover a inclusão social e produtiva desta população.Para alcançar esse objetivo, o <strong>Brasil</strong> sem Miséria estrutura-se em três eixos de atuação:I) Garantia de RendaAs ações são direcionadas para uma busca ativa com o intuito de incluir <strong>no</strong> CadÚnico asfamílias extremamente pobres que vivem fora da rede de proteção e promoção social. OPrograma Bolsa Família será amplia<strong>do</strong> e a expectativa é incluir <strong>no</strong> programa, até 2013, umcontingente de 800 mil famílias que fazem jus ao benefício, mas ainda não o recebem. Valeressaltar que, segun<strong>do</strong> informações <strong>do</strong> MDS, até o mês de março de 2012 um contingente de687 mil <strong>no</strong>vas famílias extremamente pobres foi incluí<strong>do</strong> <strong>no</strong> CadÚnico e passou a receber oBolsa Família, superan<strong>do</strong> a meta de 640 mil famílias prevista para o a<strong>no</strong> de 2012.A ampliação <strong>do</strong> Bolsa Família também objetiva incluir <strong>no</strong> programa 1,3 milhão decrianças e a<strong>do</strong>lescentes com até 15 a<strong>no</strong>s de idade, com o intuito de aumentar a eficácia <strong>no</strong>combate à pobreza, proteger as crianças <strong>do</strong> trabalho infantil e mantê-las na escola e comacompanhamento de saúde.II) Inclusão ProdutivaEste eixo é direciona<strong>do</strong> para a geração de ocupação e renda para as pessoas em situaçãode extrema pobreza. Envolve as seguintes ações: a) qualificação sócio-profissional; b)intermediação pública de mão de obra; c) apoio à formação e divulgação de redes deempreendimentos solidários, atividades empreende<strong>do</strong>ras coletivas micro e pequenasempresas e constituição de incuba<strong>do</strong>ras para geração de ocupação e renda; d) promoçãoda formalização de peque<strong>no</strong>s negócios de trabalha<strong>do</strong>res que atuam por conta própria,junto às áreas tributária e previdenciária; e) acesso ao microcrédito.III) Ampliação <strong>do</strong> Acesso a Serviços PúblicosAs ações objetivam a ampliação da oferta de serviços públicos em áreas prioritárias aexemplo da educação, saúde, segurança alimentar, habitação, dentre outras. A estratégiaenvolve a potencialização <strong>do</strong>s Centros de Referência da Assistência Social (CRAS), comopontos de atendimento e referência <strong>do</strong>s programas engloba<strong>do</strong>s pelo <strong>Brasil</strong> sem Miséria.Também está prevista a criação de <strong>no</strong>vos pontos, com o intuito de ampliar o atendimentoà população em to<strong>do</strong>s os territórios com concentração de extrema pobreza.A PERCEPÇÃO DA POPULAÇÃO SOBRE A POBREZACom base <strong>no</strong> Sistema de Indica<strong>do</strong>res de Percepção Social (SIPS 162 ) <strong>do</strong> IPEA é possívelidentificar importantes elementos acerca da percepção da população brasileira sobre oproblema da pobreza <strong>no</strong> país, a partir <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s em agosto de 2011 163 .162O Sistema de Indica<strong>do</strong>res de Percepção Social (SIPS), elabora<strong>do</strong> pelo IPEA, é uma pesquisa <strong>do</strong>miciliar com afinalidade de conhecer as percepções da população brasileira sobre os bens e serviços públicos.163Os da<strong>do</strong>s foram coleta<strong>do</strong>s <strong>no</strong> perío<strong>do</strong> de 08 a 29 de agosto de 2011. A amostra abarcou 3.796 pessoas.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 313Os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> SIPS demonstraram que o tema da pobreza/fome não figura entreos principais poblemas <strong>do</strong> país, na opinião <strong>do</strong>s brasileiros. Segun<strong>do</strong> os entrevista<strong>do</strong>s,a violência/insegurança (com 23,0% <strong>do</strong> total) foi apontada como o mais importanteproblema <strong>do</strong> país, segui<strong>do</strong> muito de perto pela saúde (22,3%). Em seguida, aparecem acorrupção (13,7%) e o desemprego (12,4%). Apenas 6,1% <strong>do</strong>s brasileiros apontaram apobreza/fome.Tratan<strong>do</strong>-se da percepção sobre as principais causas da pobreza, 29,5% da populaçãobrasileira entende que o desemprego é o problema que mais influencia a geração e osníveis da pobreza. Em seguida, apareciam como outras imporantes causas a educaçãosem qualidade/acesso ao ensi<strong>no</strong> (mencionada por 18,4% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s), a corrupção(16,8%) e a má distribuição de renda e desigualdade social (12,0%).No concernente à percepção de quais as principais formas para sair da pobreza, a criaçãode mais empregos foi mencionada por cerca de um terço (31,4%) <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s.A segunda forma mais mencionada foi a educação de qualidade (23,3%), seguidapela necessidade de um maior esforço individual (10,6%). As referências a melhoriassalariais (ter salários maiores e aumentar o valor <strong>do</strong> salário mínimo) responderamconjuntamente por 16,1%. Frente a esse contexto, praticamente a metade da populaçãoentrevistada (47,5% <strong>do</strong> total) destacou que as principais ações para a superação dapobreza são diretamente atreladas ao merca<strong>do</strong> de trabalho, seja pela necessidade deoferta de mais empregos, seja pela obtenção de maiores níveis salariais.Vale ressaltar que entre as pessoas entrevistadas com rendimento de até ¼ <strong>do</strong> saláriomínimo per capita, ou seja, entre os mais pobres, a percepção sobre a relação entrepobreza e merca<strong>do</strong> de trabalho é ainda mais expressiva. Com efeito, para 43,8% <strong>do</strong>smais pobres o desemprego é a principal causa da pobreza – tal proporção era de 29,5%para o conjunto <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s, conforme menciona<strong>do</strong> anteriormente. Acerca dasprincipais formas de sair da pobreza, para 46,8% da população mais pobre é necessáriomais empregos -percentual bastante superior àquele menciona<strong>do</strong> pelo conjunto daspessoas entrevistadas (31,4%).O conjunto destas informações acerca da percepção da população sobre as causas epossíveis soluções para a pobreza, reforça, ainda mais, a importância da promoção <strong>do</strong><strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> como via de superação da pobreza.O PISO DE PROTEÇÃO SOCIALA <strong>OIT</strong> vem desenvolven<strong>do</strong> desde 2003 uma campanha mundial, fundamentada nasresoluções da Conferência Internacional <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> de 2001, para a extensão dacobertura da seguridade social, cujo núcleo se baseia na promoção de um Piso deProteção Social, que se estrutura a partir de uma dupla estratégia: expansão verticale horizontal de cobertura. Na dimensão horizontal a estratégia tem por objetivo agarantia de, ao me<strong>no</strong>s, um Piso de Proteção Social para to<strong>do</strong>s os cidadãos, enquanto seavança em direção a patamares mais eleva<strong>do</strong>s de proteção social que estão previstos nasConvenções da <strong>OIT</strong>. Na dimensão vertical busca-se a ratificação da Convenção nº 102pelos diversos países.


314<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoO Piso de Proteção Social (PPS) deve incluir os seguintes componentes:O acesso de to<strong>do</strong>s os residentes de um país a serviços médicos básicos/essenciais;Um sistema de prestações familiares que ofereça uma renda para os filhos <strong>do</strong>sbeneficiários da seguridade social, permitin<strong>do</strong>-lhes o acesso à alimentação, educaçãoe aos cuida<strong>do</strong>s da infância;Um sistema de assistência social básica que apóie uma renda equivalente, pelome<strong>no</strong>s, ao suficiente para superar a linha de pobreza para as pessoas em idadeativa que não possam obter suficientes recursos devi<strong>do</strong> a enfermidades, falta deoferta de trabalho remunera<strong>do</strong> de forma adequada, ausência de pessoas capazesde prover o sustento famíliar ou responsabilidades de cuida<strong>do</strong> com os membrosda familia;Um sistema de pensões básicas universais que proporcionem uma renda quecorresponda a pelo me<strong>no</strong>s o suficiente para superar a linha de pobreza <strong>no</strong>s casos develhice, invalidez e falecimento;A oferta e acessibilidade física e financeira de serviços públicos essenciais para odesenvolvimento huma<strong>no</strong>, de forma coordenada com as garantias essenciais deágua, esgoto, educação, energia, educação, habitação, intermediação de empregosentre outros.Um <strong>do</strong>s objetivos centrais <strong>do</strong> PPS é promover uma maior coordenação <strong>do</strong>s distintosprogramas sociais <strong>do</strong>s países, principalmente os que utilizam as transferênciascondicionadas de renda em seus programas sociais. O PPS é também um instrumentopara ampliar o acesso aos programas e serviços sociais e harmonizá-los com os sistemasde seguridade social. O PPS busca, principalmente, a melhoria da posição socioeconômicada população anteriormente excluída, através <strong>do</strong> desenvolvimento de um conjunto básicode serviços e transferências para toda a população.Para atingir esses objetivos são fundamentais as políticas de Esta<strong>do</strong> em matéria deproteção social. O diálogo tripartite é um mecanismo importante para a construção demodelos integrais que assegurem políticas de proteção social, que gerem direitos paraos/as beneficiários/as, que sejam sustentáveis financeiramente e vincula<strong>do</strong>s a políticaseconômicas e de emprego que atuem diretamente sobre as causas da pobreza e dadesigualdade de renda.Em 14 de junho de 2012, durante a 101 a Conferência Internacional <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, foia<strong>do</strong>tada a Recomendação nº 202 sobre o Piso de Proteção Social com o objetivo deorientar os Esta<strong>do</strong>s-Membros da <strong>OIT</strong> a estabelecer garantias mínimas de proteção socialvisan<strong>do</strong> a superação da pobreza e das vulnerabilidades sociais e combater a exclusão.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 315DIÁLOGO SOCIAL EREPRESENTAÇÃO DETRABALHADORES E 11EMPREGADORESDIÁLOGO SOCIAL E PROMOÇÃO DO <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>O diálogo social visa fortalecer os valores democráticos <strong>no</strong>s processos de construçãode políticas que afetam a sociedade como um to<strong>do</strong> ou atores sociais específicos. Nessestermos, ambientes de interlocução entre os atores interessa<strong>do</strong>s e muitas vezes detentoresde visões de mun<strong>do</strong> distintas são institucionaliza<strong>do</strong>s com o intuito de dirimir e disciplinaros conflitos, potencializar a cooperação e produzir políticas convergentes com os interessesdas partes envolvidas. Com isso, contribui-se para a ampliação da legitimidade social depolíticas públicas e de gestão das empresas e, portanto, para o fortalecimento de umacultura democrática <strong>no</strong> país.No mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho, em particular, o diálogo social requer necessariamente umaefetiva liberdade de organização e associação sindical de trabalha<strong>do</strong>res e emprega<strong>do</strong>res,assim como a garantia de negociações coletivas periódicas.O diálogo social supõe a liberdade de organização e associação e o fortalecimento das organizaçõesde emprega<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>res, assim como de outras organizações da sociedadecivil comprometidas com os temas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho. Através de consultas tripartitesregulares, os gover<strong>no</strong>s podem garantir, entre outros aspectos, que a legislação seja aplicadae monitorada com a participação de emprega<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>res. As consultas garantemuma maior cooperação entre os interlocutores sociais, uma maior conscientização sobre asquestões relacionadas com as <strong>no</strong>rmas internacionais <strong>do</strong> trabalho, fortalecen<strong>do</strong> a governabilidadee a cultura de diálogo sobre assuntos sociais e econômicos. (CONFERÊNCIA..., 2011).Os seguintes instrumentos legais e mecanismos caracterizam o marco institucional <strong>do</strong>diálogo social <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>:A Constituição de 1988, que <strong>no</strong> parágrafo único <strong>do</strong> Artigo 1º estabelece a <strong>no</strong>ção de soberaniapopular: To<strong>do</strong> o poder emana <strong>do</strong> povo, que o exerce por meio de representanteseleitos ou diretamente, <strong>no</strong>s termos desta Constituição (Art. 1º, parágrafo único);Convenção da <strong>OIT</strong> sobre o Direito de Sindicalização e de Negociação Coletiva, 1949(nº 98), ratificada em 18/11/1952;Convenção da <strong>OIT</strong> sobre os Representantes <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res, 1971 (nº 135), ratificadaem 18/05/1990;Convenção da <strong>OIT</strong> sobre o Fomento à Negociação Coletiva, 1981 (nº 154) , ratificadaem 10/07/1992;


316<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoConvenção da <strong>OIT</strong> sobre Consultas Tripartites para a Promoção das NormasInternacionais <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> ,1976 (nº 144) ratificada em 27/09/1994;Portaria nº 186, de 14 de março de 2008, <strong>do</strong> MTE, que trata <strong>do</strong>s procedimentos deregistro sindical e que abre a possibilidade das entidades que se encontrem em conflito<strong>no</strong> que se refere à representação sindical, discutirem esse conflito em uma mesade negociação e chegar a um acor<strong>do</strong>, com a participação de um facilita<strong>do</strong>r <strong>do</strong> MTE;Convenção da <strong>OIT</strong> sobre o Direito de Sindicalização e Relações de <strong>Trabalho</strong> naAdministração Pública, 1978 (nº 151) ratificada pelo <strong>Brasil</strong> em 15/06/2010. Coma finalidade de regulamentar a referida Convenção, foi cria<strong>do</strong>, <strong>no</strong> âmbito <strong>do</strong>MTE um Grupo de <strong>Trabalho</strong> com vistas à construção dialogada de um projetode regulamentação que permitirá aos servi<strong>do</strong>res públicos a possibilidade departiciparem de negociação coletiva.Conforme explicita<strong>do</strong> em CONFERÊNCIA...(2011), entre as principais instâncias dediálogo sociais tripartites existentes atualmente <strong>no</strong> país, é possível destacar, em primeirolugar, aquelas coordenadas pelo Ministério <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> e Emprego:Conselho Deliberativo <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> de Amparo ao Trabalha<strong>do</strong>r (CODEFAT), instituí<strong>do</strong>como órgão gestor <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> de Amparo ao Trabalha<strong>do</strong>r (FAT) pela Lei n° 7.998,de 11/1/1990. O CODEFAT é um órgão colegia<strong>do</strong>, de caráter tripartite e paritário,composto por representantes <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res, emprega<strong>do</strong>res e gover<strong>no</strong>. Dentreas funções mais importantes <strong>do</strong> órgão estão as de elaborar diretrizes para programase para alocação de recursos, acompanhar e avaliar seu impacto social e propor oaperfeiçoamento da legislação referente às políticas voltadas para trabalho, empregoe renda.Igualmente importante é o papel que exerce <strong>no</strong> controle social da execução destaspolíticas – <strong>no</strong> qual estão as competências de análise das contas <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong>, <strong>do</strong>srelatórios <strong>do</strong>s executores <strong>do</strong>s programas apoia<strong>do</strong>s, bem como de fiscalização daadministração <strong>do</strong> FAT.Buscan<strong>do</strong> consubstanciar a participação da sociedade organizada na administraçãode um Sistema Público de Emprego, em nível nacional, conforme prevê aConvenção nº 88 da <strong>OIT</strong>, <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s de 1994 e 1995 o CODEFAT estabeleceu,por meio das Resoluções nº 63 e nº 80, critérios para o reconhecimento dascomissões de emprego estaduais, distrital ou municipais. Atualmente, existem26 comissões estaduais e uma comissão <strong>do</strong> Distrito Federal, homologadas peloCODEFAT, e 3.651 comissões municipais, sen<strong>do</strong> 3.110 homologadas, ou 66,7%<strong>do</strong> total de municípios existentes. As Comissões de Emprego possuem a mesmaestrutura <strong>do</strong> CODEFAT: caráter permanente, deliberativo, tripartite e paritário.As competências das Comissões de Emprego podem ser agrupadas em quatrograndes funções: auxiliar na adequação das políticas <strong>do</strong> MTE às particularidades<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho local; orientar a execução local das políticas; controlar aexecução das ações; e promover a articulação institucional, especialmente <strong>no</strong> quediz respeito às Comissões Estaduais de Emprego. Comissão Tripartite de Relações Internacionais (CTRI): instituída em 2004, com afunção de auxiliar ao Ministro de Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> e Emprego para a tomada dedecisões sobre assuntos de política internacional. A Comissão analisa as agendas detrabalho propostas por diversos fóruns internacionais, tais como a <strong>OIT</strong>, ConferênciaInteramericana de Ministros <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> da Organização <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s America<strong>no</strong>s(CIMT/OEA) e o MERCOSUL, entre outros.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 317Comissão Tripartite de Igualdade de Oportunidades e Tratamento de Gênero eRaça <strong>no</strong> <strong>Trabalho</strong> (CTIO) instituída em agosto de 2004, com a função de promoverpolíticas públicas de igualdade de oportunidades e de tratamento e de combate atodas as formas de discriminação de gênero e raça <strong>no</strong> emprego e na ocupação.Comissão Quadripartite de Fortalecimento <strong>do</strong> Salário Mínimo instituída em 2005,de caráter consultivo, com o objetivo de propor programa de fortalecimento <strong>do</strong>salário mínimo e analisar os seus impactos <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho, na PrevidênciaSocial e nas políticas de assistência e desenvolvimento social <strong>no</strong> âmbito <strong>do</strong> Gover<strong>no</strong>Federal e <strong>do</strong>s demais entes federativos.Comissão Tripartite Paritária Permanente (CTPP): a CTPP, criada em 1996, éresponsável pela elaboração, revisão e atualização das Normas Regulamenta<strong>do</strong>rasde Segurança e Saúde <strong>no</strong> <strong>Trabalho</strong> (NRs). A Comissão também pode propore manter estu<strong>do</strong>s ou pesquisas sobre prevenção de acidentes. Fazem parte daComissão o MTE, o Ministério da Saúde e o Ministério da Previdência Social,entidades representativas <strong>do</strong> setor <strong>do</strong> comércio, indústria, agricultura, transporte einstituições financeiras, e representantes indica<strong>do</strong>s pelas centrais sindicais.Conselho Nacional de Imigração (CNIg): instituí<strong>do</strong> em 1980 tem por finalidade: formularobjetivos para a elaboração da política de imigração; coordenar e orientar as atividadesde imigração; promover estu<strong>do</strong>s de problemas relativos à imigração; levantarperiodicamente as necessidades de mão-de-obra estrangeira qualificada; estabelecer<strong>no</strong>rmas de seleção de imigrantes; definir as dúvidas e solucionar os casos omissos, <strong>no</strong>que diz respeito a imigrantes; e opinar sobre alteração da legislação relativa à imigração.Comissão Nacional Portuária (CNP): a antiga Comissão Nacional Permanente Portuária(CNPP), instituída em 2003, dá continuidade aos trabalhos em 2011 sob <strong>no</strong>varegulamentação. A Portaria nº 819/2011 cria a <strong>no</strong>va Comissão Nacional Portuária(CNP) e modifica também as diretrizes da instituição. A CNPP foi originalmentecriada com o objetivo de fiscalizar práticas ilegais na contratação de mão de obrae coibir irregularidades <strong>no</strong> setor. A CNP por outro la<strong>do</strong>, direciona as discussões dainstituição para sugestão de <strong>no</strong>vas propostas que melhorem o funcionamento <strong>do</strong>setor, em especial para assuntos relativos às relações de trabalho. Sua finalidadeé promover o diálogo e a negociação entre os representantes <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res,<strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>res e <strong>do</strong> Gover<strong>no</strong> Federal, com vistas a construir consensos sobre ostemas relativos ao sistema portuário brasileiro.Comissão Nacional de Erradicação ao <strong>Trabalho</strong> Infantil (CONAETI): instituída em2002, coordenada pelo MTE, e com participação quadripartite, a CONAETI visaimplementar a aplicação das disposições das Convenções nº 138 e 182 da <strong>OIT</strong>. Umade suas principais atribuições é o acompanhamento da execução <strong>do</strong> Pla<strong>no</strong> Nacionalde Erradicação <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> Infantil, por ela elabora<strong>do</strong> em 2003. Comissão Tripartite de Segurança e Saúde <strong>no</strong> <strong>Trabalho</strong> (CTSST): instituída em 2008,com o objetivo de rever e ampliar a proposta da Política Nacional de Segurança eSaúde <strong>no</strong> <strong>Trabalho</strong> (PNSST). Além disso, a Comissão tem como objetivo proporo aperfeiçoamento <strong>do</strong> sistema nacional de segurança e saúde <strong>no</strong> trabalho pormeio da definição de papéis e de mecanismos de interlocução permanente entreseus componentes e elaborar um Programa Nacional de Segurança e Saúde <strong>no</strong><strong>Trabalho</strong>, com definição de estratégias e pla<strong>no</strong>s de ação para sua implementação,monitoramento, avaliação e revisão periódica, <strong>no</strong> âmbito das competências <strong>do</strong>sministérios <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> e Emprego, Saúde e Previdência Social. Em sua 9ª reunião,


318<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federaçãoa Comissão aprovou, por consenso, o texto básico da Política Nacional de Segurançae Saúde <strong>no</strong> <strong>Trabalho</strong> (PNSST), que foi submeti<strong>do</strong> à apreciação <strong>do</strong>s Ministros <strong>do</strong><strong>Trabalho</strong> e Emprego, da Previdência Social e da Saúde, e oportunamente à decisão daPresidência da República. Este movimento culmi<strong>no</strong>u com a publicação <strong>do</strong> Decretonº 7.602, de 7 de <strong>no</strong>vembro de 2011, que instituiu a PNSST. A partir de sua 13ªreunião, a CTSST passou a discutir a formulação <strong>do</strong> Pla<strong>no</strong> Nacional de Segurança eSaúde <strong>no</strong> <strong>Trabalho</strong>, propon<strong>do</strong> as estratégias e ações a seren desenvolvidas para cadauma das diretrizes da PNSST. O Pla<strong>no</strong> foi lança<strong>do</strong> em abril de 2012 164 .Conselho Nacional de Eco<strong>no</strong>mia Solidária (CNES): instituí<strong>do</strong> em 2003, o CNES éum órgão consultivo e propositivo para a interlocução permanente entre setores<strong>do</strong> gover<strong>no</strong> e da sociedade civil que atuam em prol da eco<strong>no</strong>mia solidária. Tem poratribuições principais a proposição de diretrizes para as ações voltadas à eco<strong>no</strong>miasolidária <strong>no</strong>s ministérios que o integram e em outros órgãos <strong>do</strong> Gover<strong>no</strong> Federal, eo acompanhamento da execução destas ações, <strong>no</strong> âmbito de uma política nacionalde eco<strong>no</strong>mia solidária. O Conselho é composto por 56 entidades, divididas entretrês setores: gover<strong>no</strong>, empreendimentos de eco<strong>no</strong>mia solidária e entidades nãogovernamentais de fomento e assessoria à eco<strong>no</strong>mia solidária.Além dessas, segun<strong>do</strong> CONFERÊNCIA...(2011), outras instâncias têm ti<strong>do</strong> um papelmuito importante <strong>no</strong> senti<strong>do</strong> de estimular o diálogo social em tor<strong>no</strong> aos temas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong><strong>do</strong> trabalho, entre as quais se pode citar:Comissão Nacional de Erradicação <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> Escravo (CONATRAE): instituídaem agosto de 2003, coordenada pela Secretaria de Direitos Huma<strong>no</strong>s da Presidênciada República, com a função principal de acompanhar o cumprimento das açõesconstantes <strong>do</strong> Pla<strong>no</strong> Nacional para a Erradicação <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> Escravo;Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS): instituí<strong>do</strong> em 1991, comcomposição quadripartite: representantes <strong>do</strong> Gover<strong>no</strong>, emprega<strong>do</strong>res, trabalha<strong>do</strong>resem atividade e aposenta<strong>do</strong>s. O CNPS é um órgão superior de deliberação colegiada,que tem como principal objetivo acompanhar e avaliar os pla<strong>no</strong>s e programas quesão realiza<strong>do</strong>s pela administração na busca de melhor desempenho <strong>do</strong>s serviçospresta<strong>do</strong>s à clientela previdenciária.Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES): instituí<strong>do</strong> em 2003, com afunção de assessorar o Presidente da República na formulação de políticas e diretrizesespecíficas, e apreciar propostas de políticas públicas, reformas estruturais e desenvolvimentoeconômico e social que lhe sejam submetidas pelo Presidente da República,com vistas à articulação das relações de gover<strong>no</strong> com representantes da sociedade.Também merecem destaque os progressos alcança<strong>do</strong>s com o reconhecimento legal dasCentrais Sindicais 165 <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2008 e a criação <strong>do</strong> Conselho de Relações <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>(dezembro de 2010), com a finalidade de atuar na promoção de estu<strong>do</strong>s com vistasà democratização das relações <strong>do</strong> trabalho e o tripartismo, o entendimento entre164MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Ministério da Previdência Social. Ministério da Saúde (<strong>Brasil</strong>).Comissão Tripartite de Saúde e Segurança <strong>no</strong> <strong>Trabalho</strong> – CT-SST. Pla<strong>no</strong> Nacional de Segurança e Saúde <strong>no</strong><strong>Trabalho</strong>. Brasília: MTE, 2012. Disponível em: < http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C816A36A27C140138577C3D827113/PLANSAT_2012.pdf>165Apesar de estarem crescentemente presentes na vida política nacional desde o começo <strong>do</strong>s a<strong>no</strong>s 1980, as centraissindicais brasileiras não contavam com reconhecimento formal pela legislação brasileira até 2008. Com a Lei 11.648,de 31/3/ 2008, as centrais sindicais passaram a ter assento em to<strong>do</strong>s os espaços onde o diálogo social se faz presentee ter direito a uma parcela da contribuição sindical, para o custeio de suas atividades. (CONFERÊNCIA..., 2011).


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 319trabalha<strong>do</strong>res, emprega<strong>do</strong>res e Gover<strong>no</strong> Federal, a respeito de temas relativos às relações<strong>do</strong> trabalho, à organização sindical e o fomento à negociação coletiva e ao diálogo social.Por fim, é necessário enfatizar que está em curso <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> um processo de diálogo socialsem precedentes em tor<strong>no</strong> aos temas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho. Convocada pelo Presidenteda República em <strong>no</strong>vembro de 2010, será realizada, em agosto de 2012, a I ConferênciaNacional de Emprego e <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>, precedida por etapas preparatórias <strong>no</strong> âmbitomunicipal, regional e estadual. O objetivo principal da Conferência é definir diretrizespara uma Política Nacional de Emprego e <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> e rever e atualizar o Pla<strong>no</strong>Nacional de Emprego e <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> lança<strong>do</strong> em maio de 2010. Ela é parte de umaestratégia de relação entre o Esta<strong>do</strong> e a sociedade que inclui a instituição de amplos processosde consulta e participação social nas mais diversas áreas das políticas públicas.Essas consultas, consubstanciadas nas conferências nacionais, envolveram, ao longo <strong>do</strong>súltimos <strong>no</strong>ve a<strong>no</strong>s, cerca de 2 milhões de pessoas. Apesar de diversos aspectos relativos aoemprego e ao trabalho terem si<strong>do</strong> discuti<strong>do</strong>s em várias delas, essa é a primeira vez que otema está sen<strong>do</strong> aborda<strong>do</strong> em forma abrangente e integral, o que é facilita<strong>do</strong> pela a<strong>do</strong>çãoda <strong>no</strong>ção de <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> como referência central para o debate. (ABRAMO, 2011).A estrutura da Conferência está baseada <strong>no</strong> tripartismo: seus protagonistas são os representantes<strong>do</strong> gover<strong>no</strong>, das centrais sindicais e das confederações de emprega<strong>do</strong>res. Tanto <strong>no</strong> âmbito nacionalquanto <strong>no</strong> estadual, são esses atores que compõe as comissões organiza<strong>do</strong>ras das conferênciase 90,0% das suas delegações. Também fazem parte dessas delegações, em uma proporção de10,0%, representantes de organizações da sociedade civil com presença reconhecida <strong>no</strong> mun<strong>do</strong><strong>do</strong> trabalho. O processo, <strong>no</strong> âmbito nacional, é coordena<strong>do</strong> pelo MTE. No âmbito estadual,destaca-se o papel das secretarias estaduais de emprego e trabalho e <strong>do</strong> FONSET (FórumNacional de Secretarias <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>) na convocação e organização das conferencias.A primeira etapa (de caráter preparatório) da Conferência – que ocorreu entre agosto edezembro de 2011 – contou com a realização de 26 conferências estaduais/distrital alémde aproximadamente 500 regionais/municipais, que mobilizaram cerca de 23 mil pessoasnas cinco grandes regiões <strong>do</strong> país.Atenden<strong>do</strong> a uma solicitação de apoio técnico por parte <strong>do</strong> FONSET para fortalecer acapacidade <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s na elaboração de diagnósticos sobre a situação <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong><strong>Decente</strong> para subsidiar as conferências estaduais/regionais, o Escritório da <strong>OIT</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>realizou nas cinco grandes regiões <strong>do</strong> país, durante os meses de julho e agosto de 2011, seisOficinas de Capacitação em Construção e Análise de Indica<strong>do</strong>res de <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>.As oficinas contaram com a participação de 155 técnicos das representações <strong>do</strong> gover<strong>no</strong>,de emprega<strong>do</strong>res e de trabalha<strong>do</strong>res, de 25 das 27 Unidades da Federação.Conforme destaca Abramo (2011), a amplitude desse diálogo social em tor<strong>no</strong> ao <strong>Trabalho</strong><strong>Decente</strong> constitui uma oportunidade ímpar de ampliar a discussão em tor<strong>no</strong> ao tema <strong>no</strong><strong>Brasil</strong> e de incorporar a ela diversidade de situações, problemas, desafios e oportunidadesque caracterizam as distintas regiões <strong>do</strong> país. Nesse senti<strong>do</strong>, trata-se de uma experiênciainédita, não apenas <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, como também <strong>no</strong> mun<strong>do</strong>.Nos próximos tópicos será apresenta<strong>do</strong> um conjunto de análises e indica<strong>do</strong>res de <strong>Trabalho</strong><strong>Decente</strong> referentes à dimensão Diálogo Social e Representação de Trabalha<strong>do</strong>res ede Emprega<strong>do</strong>res, a exemplo da Taxa de Sindicalização, negociação coletiva e acesso àjustiça/conflitos trabalhistas.


320<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTAXA DE SINDICALIZAÇÃOO indica<strong>do</strong>r analisa<strong>do</strong> a seguir é a taxa de sindicalização, definida como a proporção detrabalha<strong>do</strong>res ocupa<strong>do</strong>s filia<strong>do</strong>s a um sindicato 166 . Segun<strong>do</strong> a PNAD <strong>do</strong> IBGE, entre 2004e 2009, verifica-se uma trajetória oscilante dessa taxa <strong>no</strong> país. Ela cresce entre 2004 e2006, passan<strong>do</strong> de 18,5% para 19,1%, recuan<strong>do</strong> <strong>no</strong> entanto para 18,2% em 2007. Em 2008volta a crescer até 18,6%, diminuin<strong>do</strong> para 18,1% em 2009, patamar inferior ao verifica<strong>do</strong><strong>no</strong> início da série.Analisan<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s de forma desagregada, percebe-se que, <strong>no</strong> perío<strong>do</strong> em tela, as tendênciasgerais se reproduzem sob a ótica de gênero, raça/cor e local de residência. Em2009, a taxa de sindicalização <strong>do</strong>s homens (19,1%) era maior que a das mulheres ( 16,9%),a <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res brancos (19,6%) maior que a <strong>do</strong>s negros ( 16,7%) e <strong>do</strong>s residentes nazona rural (24,7%) maior que a <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res urba<strong>no</strong>s (14,6%).No entanto, <strong>no</strong> perío<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong>, o comportamento da taxa de sindicalização variou entreas regiões brasileiras: uma expansão foi observada <strong>no</strong> Norte (de 13,9% para 14,6%) e <strong>no</strong>Nordeste (de 19,4% para 20,0%), enquanto que um movimento oposto foi verifica<strong>do</strong> nasregiões Sudeste (de 17,7% para 17,2%), Sul (de 22,9% para 21,1%) e Centro-Oeste (14,9%para 14,5%), conforme Tabela 107.Nesse perío<strong>do</strong>, constata-se uma elevação da taxa de sindicalização em 13 Unidades daFederação, com destaque para Tocantins (5,5 pontos percentuais), Roraima (3,7 p.p.),Acre (2,9 p.p.) e Piauí (2,5 p.p.). Por outro la<strong>do</strong>, outras 13 Unidades da Federaçãoapresentaram uma diminuição deste indica<strong>do</strong>r, sen<strong>do</strong> as mais significativas observadasem Santa Catarina (5,4 p.p.), Espírito Santo (3,2 p.p.) e Mato Grosso (2,7 p.p.). NoAmazonas, por sua vez, a taxa permaneceu estável. Em 2009, o Piauí era a Unidade daFederação que apresentava a maior taxa de sindicalização <strong>do</strong> país (27,9%), enquanto quea me<strong>no</strong>r pertencia ao Amazonas (11,0%).No caso <strong>do</strong> Piauí, a taxa de sindicalização é bastante influenciada pela tradição e elevadaproporção de trabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>ras filia<strong>do</strong>s/as a sindicatos <strong>no</strong> setor agrícola(41,4%), que, por sua vez, era uma atividade econômica que respondia por 40,7%da população ocupada <strong>no</strong> esta<strong>do</strong> em 2009. Também merece destaque a proporção detrabalha<strong>do</strong>res sindicaliza<strong>do</strong>s <strong>do</strong> setor de comércio e reparação (15,4%), a segunda maiortaxa de sindicalização para o setor, dentre as 27 Unidades da Federação – abaixo apenas<strong>do</strong> Distrito Federal (16,8%). Vale ressaltar que <strong>no</strong> mês de abril de 2011, o Sindicato <strong>do</strong>sComerciários de Teresina completou 70 a<strong>no</strong>s de fundação.Sob a ótica de gênero, verifica-se que a taxa de sindicalização <strong>do</strong>s homens expandiu-se em12 Unidades da Federação, diminuiu em 14 e permaneceu estável <strong>no</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Pará. Osdestaques foram o Tocantins (5,9 p.p.), com o maior aumento deste indica<strong>do</strong>r, e, <strong>no</strong> polooposto, Santa Catarina, que apresentou uma redução de 5,2 p.p. A taxa de sindicalização<strong>do</strong>s homens era superior a das mulheres em 18 Unidades da Federação em 2009. No Rio deJaneiro, por exemplo, 17,5% <strong>do</strong>s homens eram sindicaliza<strong>do</strong>s, contra 11,5% das mulheres.166Segun<strong>do</strong> a definição a<strong>do</strong>tada pela PNAD, entende-se por sindicato a associação de uma ou mais categorias parafins de estu<strong>do</strong>, defesa e coordenação de interesses econômicos e profissionais de to<strong>do</strong>s aqueles que exerçamatividades ou profissões idênticas, similares ou conexas, e que tenha Carta de Reconhecimento <strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong><strong>Trabalho</strong> e Emprego ou registro em cartório para funcionar como tal.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 321Em termos de raça ou cor, observa-se que a taxa de sindicalização <strong>do</strong>s brancos aumentouem 13 Unidades da Federação, diminuiu em outras 13 e manteve-se estável <strong>no</strong> Paraná.Roraima apresentou a maior elevação (4,9 p.p) e Santa Catarina a diminuição mais acentuada(6,0 p.p.). Por sua vez, a taxa de sindicalização <strong>do</strong>s negros aumentou em 16 UFse diminuiu em 11. O aumento mais expressivo foi registra<strong>do</strong> em Tocantins (5,9 p.p.) e amaior redução <strong>no</strong> Espírito Santo (2,3 p.p.). A taxa de sindicalização <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>resbrancos era superior a <strong>do</strong>s negros em 22 Ufs em 2009. As únicas exceções, por essa via,eram o Piauí, a Paraíba, Minas Gerais e o Pará.TABELA 107TAXA DE SINDICALIZAÇÃO DA POPULAÇÃO OCUPADA 16 ANOS OU MAIS DE IDADE, POR SEXO E COR OU RAÇABRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2004 E 2009Área Geográfica2004 2009<strong>Brasil</strong>Área UrbanaÁrea RuralGrandes RegiõesNorteNordesteSudesteSulCentro-OesteUnidades da FederaçãoRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito FederalTotal18,517,323,813,919,417,722,914,920,819,811,08,414,210,29,821,925,420,521,222,019,216,113,816,614,325,716,619,118,428,424,114,815,112,520,8Homens19,518,723,114,618,919,624,515,722,217,712,88,015,08,410,320,622,019,821,422,019,518,013,316,415,528,118,121,519,929,226,214,917,113,620,5Mulheres17,115,524,912,720,215,220,913,718,822,98,29,113,012,99,123,530,021,420,922,118,813,014,516,912,722,614,715,916,427,321,414,711,911,021,1Brancos20,419,326,215,420,519,024,316,823,122,512,97,314,313,912,424,125,721,121,622,620,215,914,918,115,226,818,020,219,729,624,916,516,513,525,3Negros16,414,722,113,418,915,512,813,419,519,110,38,814,29,18,921,125,320,221,021,718,716,213,316,213,524,814,616,314,516,917,913,314,011,716,9Total18,114,624,714,620,017,221,114,521,722,711,012,113,911,915,321,827,921,123,124,317,615,213,018,115,722,514,918,318,123,022,915,012,311,424,3Homens19,115,222,915,419,119,022,715,319,921,513,213,315,011,816,219,923,919,621,723,717,715,411,518,116,824,617,520,219,824,024,615,614,212,224,3Mulheres16,913,727,513,321,214,819,213,524,424,47,810,512,212,014,224,732,923,225,225,217,514,714,917,914,319,811,515,715,821,720,814,29,510,424,2Brancos19,615,626,216,020,918,422,615,523,023,013,112,213,816,217,021,927,122,023,823,719,217,714,019,615,522,516,619,719,723,624,315,412,412,127,2Negros16,713,823,614,119,615,515,413,821,022,610,512,113,910,514,821,828,220,822,724,616,714,212,517,615,822,512,815,613,619,416,214,612,311,022,2Fonte: IBGE - PNAD


322<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoA análise da taxa de sindicalização por setores de atividade econômica revela a significativavariabilidade existente na proporção de trabalha<strong>do</strong>ras e trabalha<strong>do</strong>res sindicaliza<strong>do</strong>s,conforme o segmento econômico <strong>no</strong> qual desempenha as suas atividades laborais.Além <strong>do</strong> setor de outras atividades industriais – <strong>no</strong> qual a taxa de sindicalizaçãoalcançava 36,6% em 2009 – a proporção de sindicaliza<strong>do</strong>s era mais elevada <strong>no</strong>s setoresde educação, saúde e serviços sociais (28,6%), administração pública (26,8%) e agrícola(26,4%), segun<strong>do</strong> Tabela 108.Os me<strong>no</strong>res índices de sindicalização se faziam presente <strong>no</strong>s serviços <strong>do</strong>mésticos (2,2%),<strong>no</strong> conjunto das atividades mal definidas (2,9%) e <strong>no</strong>s setores de construção (8,4%) ealojamento e alimentação (9,3%).Tratan<strong>do</strong>-se da evolução da Taxa de Sindicalização entre 2004 e 2009, a maior expansãofoi observada <strong>no</strong> setor agrícola (de 24,4% para 26,4%), seguida pelo de construção (de7,3% para 8,4%) e serviços <strong>do</strong>mésticos (de 1,6% para 2,2%).Entre os setores cuja taxa diminuiu entre 2004 e 2009, figuram a indústria de transformação(de 22,2% para 20,5%), educação, saúde e serviços sociais (de 30,1% para 28,6%)e outras atividades (de 24,2% para 21,4%).TABELA 108TAXA DE SINDICALIZAÇÃO DA POPULAÇÃO OCUPADA DE 16 ANOS OUMAIS DE IDADE POR SETOR DE ATIVIDADE ECONÔMICABRASIL, 2004 E 2009Setores de Atividade EconômicaAgrícolaIndústria de transformaçãoConstruçãoOutras atividades industriaisComércio e reparaçãoAlojamento e alimentaçãoTransporte, armazenagem e comunicaçãoAdministração públicaEducação, saúde e serviços sociaisServiços <strong>do</strong>mésticosOutros serviços coletivos, sociais e pessoaisOutras atividadesAtividades mal definidasTotalTaxa de Sinalização (%)2004200924,426,422,220,57,38,436,636,611,311,59,49,325,124,226,426,830,128,61,62,210,210,024,221,44,72,918,518,1Fonte: IBGE - PNAD


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 323NEGOCIAÇÃO COLETIVANegociação Coletiva e <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> 167A negociação coletiva é o processo de tomada de decisões por emprega<strong>do</strong>res etrabalha<strong>do</strong>res com vistas ao estabelecimento e à aplicação de <strong>no</strong>rmas regula<strong>do</strong>rasdas relações de trabalho e, em senti<strong>do</strong> mais estrito, das relações das partes <strong>no</strong> mesmoprocesso de negociação. Constitui o mais importante instrumento de regulaçãodireta das relações <strong>do</strong> trabalho e canal efetivo de melhoria <strong>do</strong> relacionamento entreas partes.O vínculo entre negociação coletiva e <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> emerge na criação da<strong>OIT</strong>, cuja Constituição inclui a liberdade sindical entre as medidas conducentes àmelhoria das condições de trabalho e da paz e harmonia universais. A Declaraçãode Filadélfia (1944), parte <strong>do</strong> ato fundacional da Organização e ratificação de seusprincípios e objetivos inspira<strong>do</strong>res, conecta liberdade de associação e progressoconstante (Anexo, I, b) e sustenta a participação tripartite e igualitária em decisõesdemocráticas que visem o bem-estar comum (Id., I, d). Põe em relevo o compromissoda <strong>OIT</strong> de fomentar programas universais para “lograr o reconhecimento efetivo <strong>do</strong>direito de negociação coletiva, a cooperação de emprega<strong>do</strong>res e de trabalha<strong>do</strong>res paramelhorar continuamente a eficiência na produção, e a colaboração de trabalha<strong>do</strong>rese emprega<strong>do</strong>res na preparação e aplicação de medidas sociais e econômicas” (Id., III,e). As convenções e recomendações, além de outros atos da <strong>OIT</strong>, dão corpo a essecompromisso, ao mesmo tempo em que repercutem a elevação <strong>do</strong>s direitos sociais àcondição de direitos huma<strong>no</strong>s fundamentais.A convergência da negociação coletiva com o <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> está explicitada naDeclaração relativa a princípios e direitos fundamentais <strong>no</strong> trabalho e seu seguimento(1988), que inclui liberdade sindical e de associação e o reconhecimento efetivo <strong>do</strong>direito de negociação coletiva entre esses direitos e princípios. To<strong>do</strong>s os Esta<strong>do</strong>sMembros da <strong>OIT</strong>, pelo mero pertencimento à Organização, independente de haverratifica<strong>do</strong> as convenções a eles correspondentes (entre as quais figuram as Convençõesnº 87 e nº 98), obrigam-se a respeitar, promover e praticar ditos princípios edireitos, que moldam, segun<strong>do</strong> expressa a Declaração, as políticas sociais, a justiçae as instituições democráticas garanti<strong>do</strong>ras da eqüidade, <strong>do</strong> progresso social e daerradicação da pobreza.Atos mais recentes recalcam o nexo entre negociação coletiva, <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> edesenvolvimento sustentável: a Declaração da <strong>OIT</strong> sobre a justiça social para umaglobalização equitativa (2008) destaca a importância da liberdade de associação eliberdade sindical e <strong>do</strong> reconhecimento da negociação coletiva para o alcance <strong>do</strong>s quatroobjetivos estratégicos da <strong>OIT</strong> (alínea iv); e a Resolução sobre a promoção de empresassustentáveis (2007) assinala, entre outros pontos, o papel <strong>do</strong> diálogo social, basea<strong>do</strong> naliberdade sindical e de associação e <strong>no</strong> direito de negociação coletiva, na criação de umentor<strong>no</strong> propício às empresas sustentáveis.167Texto integralmente retira<strong>do</strong> de CONFERÊNCIA...(2011) I CNETD – Documento de Subsídio.


324<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoBalanço Recente da Negociação Coletiva <strong>no</strong> PaísNo <strong>Brasil</strong>, a negociação coletiva é assegurada constitucionalmente aos trabalha<strong>do</strong>res comcarteira assinada <strong>do</strong> setor priva<strong>do</strong> 168 e constitui-se em uma das dimensões mais importantesda prática sindical. Por meio deste instrumento regulamenta<strong>do</strong>r, negociam-se parâmetrosque <strong>no</strong>rtearão a política de remuneração e de benefícios das empresas, bem como aspectosimportantes da organização interna <strong>do</strong> trabalho e de representação laboral.Nesse aspecto, por meio da análise <strong>do</strong> balanço das negociações <strong>do</strong>s reajustes salariais, realiza<strong>do</strong>pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estu<strong>do</strong>s Socioeconômicos – DIEESE, épossível traçar um quadro geral, ainda que parcial, de como tem evoluí<strong>do</strong> as negociações coletivas<strong>no</strong> país, da<strong>do</strong> que as questões salariais ainda assumem uma centralidade nesse processo.Por essa via, o a<strong>no</strong> de 2004 representa um claro ponto de inflexão, ao assinalar uma reduçãopara patamares inéditos da série histórica, iniciada em 1996, <strong>do</strong> número de negociaçõesque estipulou um reajuste salarial inferior ao Índice Nacional de Preços ao Consumi<strong>do</strong>r– INPC. De fato, uma parcela bastante expressiva das negociações coletivas <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>obtiveram reajustes reais de salário entre 2004 e 2010, sen<strong>do</strong> seu ápice alcança<strong>do</strong> nesteúltimo a<strong>no</strong>, quan<strong>do</strong> quase 89,0% das negociações superaram o INPC. Entre 1996 e 2003,apenas por duas vezes essa proporção superou a casa <strong>do</strong>s 50,0%.Entre os setores de atividade, constata-se que, em 2010, 95,7% das negociações realizadas<strong>no</strong> comércio obtiveram reajustes salariais acima da inflação. Na indústria e <strong>no</strong> setor deserviços, por seu tur<strong>no</strong>, tais percentuais atingiram 90,5% e 82,8%, respectivamente. Emcomparação com o a<strong>no</strong> anterior, to<strong>do</strong>s os setores assinalaram um avanço <strong>no</strong> número denegociações salariais com reajustes superiores à inflação.Em termos regionais, o Centro-Oeste e o Sul destacam-se como as regiões com osmaiores percentuais de negociações com reajustes reais de salário (93,8% e 91,6%,respectivamente). Logo abaixo, porém em patamares próximos, estavam as regiõesNordeste (87,6%), Sudeste (87,0%) e Norte (86,4%). Frise-se que 83,3% <strong>do</strong>s acor<strong>do</strong>s ouconvenções coletivas de abrangência inter-regional lograram um aumento real de salário.É evidente que as mudanças acima apontadas respondem a um cenário econômicomais dinâmico, pauta<strong>do</strong> por taxas de crescimento econômico maiores e de desempregodeclinantes, o que, por certo, amplia o poder de barganha <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res, bem como apossibilidade das empresas viabilizarem eco<strong>no</strong>micamente tais demandas.Balanço de GrevesO direito de greve constitui-se em um <strong>do</strong>s principais pilares das democraciascontemporâneas e, <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, é assegura<strong>do</strong> constitucionalmente pela Carta Magna de1988. De acor<strong>do</strong> com o DIEESE, em 2009, 516 greves ocorreram <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, implican<strong>do</strong>em 33,1 mil horas de trabalho suspensas.Da análise desagregada <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s, observa-se que 262 greves (ou 50,8%) ocorreram <strong>no</strong>setor priva<strong>do</strong>, contra 254 (ou 49,2%) <strong>no</strong> setor público. Setorialmente, as greves <strong>do</strong> setor168A Constituição Federal não assegura aos servi<strong>do</strong>res públicos o direito de negociação coletiva, muito embora lhessejam garanti<strong>do</strong>s os direitos de livre associação sindical e de greve.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 325priva<strong>do</strong> se distribuíram da seguinte maneira: 146 na indústria, 112 <strong>no</strong> setor de serviços,três <strong>no</strong> segmento rural e uma conjuntamente <strong>no</strong>s setores industrial e rural. Já na esferapública, 216 greves atingiram o funcionalismo público (107 em âmbito estadual, 17 naesfera federal e 89 na municipal), enquanto que 37 foram realizadas em empresas estatais.É importante mencionar que três greves envolveram trabalha<strong>do</strong>res das esferas estadual emunicipal, de forma conjunta.Do total de greves deflagradas em 2009, 68,0% possuíam um caráter propositivo, 48,4%um caráter defensivo, como a manutenção de condições vigentes e o descumprimento dedireitos e 8,9% das paralisações ocorreram por protestos, entre outros aspectos de me<strong>no</strong>rsignifica<strong>do</strong> estatístico.A maioria das greves foi iniciada por reivindicação de reajustes salariais (50,6%), segui<strong>do</strong>da demanda/reajuste <strong>do</strong> auxílio alimentação (18,4%), da implementação/revisão depla<strong>no</strong>s de cargos e salários (18,2%), da melhoria das condições de trabalho (17,1%), entreoutras reivindicações.CONFLITOS TRABALHISTAS E ACESSO À JUSTIÇAA Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: estrutura e principaisindica<strong>do</strong>resNormatizada pelo art. 111 da Constituição Federal da República, a estrutura da Justiça <strong>do</strong><strong>Trabalho</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> conta com três graus de jurisdição, constituí<strong>do</strong>s pelo Tribunal Superior<strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, 24 Tribunais Regionais <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> e 1.378 varas trabalhistas, estan<strong>do</strong> 1.371destas instaladas até dezembro de 2008.A competência da Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> foi alterada pelo art. 114 da Constituição Federalde 1988, com a promulgação, pelo Congresso Nacional, da Emenda Constitucional n.º 45(EC 45/04), em 8 de dezembro de 2004. Essa competência foi ampliada para julgar asações de relação de trabalho, e não somente as de relação de emprego regidas pela Consolidaçãodas Leis <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> (CLT). O artigo 114 manteve o poder <strong>no</strong>rmativo da Justiça<strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> e estabeleceu <strong>no</strong>vas atribuições, tais como o julgamento de ações sobre representaçãosindical, atos decorrentes da greve, indenização por da<strong>no</strong> moral ou patrimonialresultantes da relação de trabalho e os processos relativos às penalidades administrativasimpostas aos emprega<strong>do</strong>res por fiscais <strong>do</strong> trabalho. A Justiça Trabalhista (JT) passou ajulgar também manda<strong>do</strong>s de segurança, habeas corpus e habeas data quan<strong>do</strong> o ato questiona<strong>do</strong>envolver matéria sujeita à sua jurisdição e, ainda, dissídios coletivos (CNJ, 2010).A primeira instância da JT é composta pelas Varas <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> (designação dada pelaEmenda Constitucional n.º 24/99 às antigas Juntas de Conciliação e Julgamento). Nelas,são julga<strong>do</strong>s apenas dissídios individuais, que são controvérsias surgidas nas relações detrabalho entre o emprega<strong>do</strong>r (pessoa física ou jurídica) e o emprega<strong>do</strong> (este sempre comoindivíduo, pessoa física), na forma de reclamação trabalhista. A jurisdição da vara é local,abrangen<strong>do</strong> geralmente um ou alguns municípios. Sua competência é determinada pelalocalidade onde o emprega<strong>do</strong>, reclamante ou reclama<strong>do</strong>, prestar serviços ao emprega<strong>do</strong>r,ainda que tenha si<strong>do</strong> contrata<strong>do</strong> em outro local ou <strong>no</strong> estrangeiro. A vara compõe-se de umjuiz <strong>do</strong> trabalho titular e um juiz <strong>do</strong> trabalho substituto e, em comarcas onde não exista Vara<strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, a lei pode atribuir a jurisdição trabalhista ao juiz de direito.


326<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoA segunda instância é composta pelos Tribunais Regionais <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> (TRTs). Neles,julgam-se recursos ordinários contra decisões das Varas <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, ações originárias(dissídios coletivos de categorias de sua área de jurisdição – sindicatos patronais oude trabalha<strong>do</strong>res organiza<strong>do</strong>s em nível regional), ações rescisórias de decisões suas oudas varas e os manda<strong>do</strong>s de segurança contra atos de seus juízes. A Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>conta com 24 Tribunais abrangen<strong>do</strong> os seguintes esta<strong>do</strong>s ou grupos de municípios:1ª Região: Rio de Janeiro; 2ª Região: abrange parte <strong>do</strong>s municípios <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de SãoPaulo 169 ; 3ª Região: Minas Gerais; 4ª Região: Rio Grande <strong>do</strong> Sul; 5ª Região: Bahia; 6ªRegião: Pernambuco; 7ª Região: Ceará; 8ª Região: Pará e Amapá; 9ª Região: Paraná;10ª Região: Distrito Federal e Tocantins; 11ª Região: Amazonas e Roraima; 12ª Região:Santa Catarina; 13ª Região: Paraíba; 14ª Região: Rondônia e Acre; 15ª Região: tem sedeem Campinas e abrange os municípios <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de São Paulo, à exceção daqueles da 2ªRegião; 16ª Região: Maranhão; 17ª Região: Espírito Santo; 18ª Região: Goiás; 19ª Região:Alagoas; 20ª Região: Sergipe; 21ª Região: Rio Grande <strong>do</strong> Norte; 22ª Região: Piauí; 23ªRegião: Mato Grosso; 24ª Região: Mato Grosso <strong>do</strong> Sul.Por fim, a instância superior é formada pelo Tribunal Superior <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> (TST), cujaprincipal função é uniformizar a jurisprudência trabalhista. Nele, são julga<strong>do</strong>s recursos derevista, recursos ordinários e agravos de instrumento contra decisões de TRTs e dissídioscoletivos de categorias organizadas em nível nacional, além de manda<strong>do</strong>s de segurança,embargos opostos às suas decisões e ações rescisórias (CNJ, 2010).Com base nas informações fornecidas pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), emdezembro de 2010 a Justiça Trabalhista contava com 50.512 funcionários, sen<strong>do</strong> 3.117magistra<strong>do</strong>s e 47.395 servi<strong>do</strong>res. O número de magistra<strong>do</strong>s dinuiu 2,0% entre 2009 e2010 e a Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> possui, em média, apenas 1,6 magistra<strong>do</strong> para cada grupo decem mil habitantes. Em 2004, esse índice era de 1,4.A média de magistra<strong>do</strong>s em relação a população variava significativamente entre ostribunais regionais. Em um conjunto de 12, ou seja, na metade <strong>do</strong>s tribunais o númeromédio de magistra<strong>do</strong>s por cem mil habitantes superava o valor correspondente ao totalnacional (1,6) <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2010, com destaque para a 14ª Região (Roraima/Acre) e 10ªRegião – com 2,5 e 2,4 magistra<strong>do</strong>s por cem mil habitantes, respectivamente, conformeQuadro 2.169A 2ª Região abrange os municípios: Arujá, Barueri, Biritiba-Mirim, Caieiras, Cajamar, Carapicuíba, Cotia,Cubatão, Diadema, Embu, Embu-Guaçu, Ferraz de Vasconcelos, Francisco Morato, Franco da Rocha, Guararema,Guarujá, Guarulhos, Itapecerica da Serra, Itapevi, Itaquaquecetuba, Jandira, Juquitiba, Mairiporã, Mauá, Mogidas Cruzes, Osasco, Pirapora <strong>do</strong> Bom Jesus, Poá, Praia Grande, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, Salesópolis,Santa Isabel, Santana de Parnaíba, Santo André, Santos, São Bernar<strong>do</strong> <strong>do</strong> Campo, São Caeta<strong>no</strong> <strong>do</strong> Sul, São Paulo,São Vicente, Suza<strong>no</strong>, Taboão da Serra.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 327QUADRO 2NÚMERO DE MAGISTRADOS E MÉDIA DE MAGISTRADOS POR CEM MIL HABITANTESTRIBUNAIS REGIONAIS DO TRABALHO DO BRASIL, 2010Tribunais Regionais <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>Acima da média nacional14ª Região (Roraima/Acre)10ª Região (Distrito Federal/Tocantins)24ª Região (Mato Grosso <strong>do</strong> Sul)04ª Região (Rio Grande <strong>do</strong> Sul)23ª Região (Mato Grosso)12ª Região (Santa Catarina)02ª Região (São Paulo)15ª Região (Campinas)17ª Região (Espírito Santo)09ª Região (Paraná)01ª Região (Rio de Janeiro)13ª Região (Paraíba)Média nacional11ª Região (Amazonas/Roraima)06ª Região (Pernambuco)Abaixo da média nacional20ª Região (Sergipe)19ª Região (Alagoas)05ª Região (Bahia)03ª Região (Minas Gerais)18ª Região (Goiás)08ª Região (Pará/Amapá)21ª Região (Rio Grande <strong>do</strong> Norte)22ª Região (Piauí)16ª Região (Maranhão)07ª Região (Ceará)TotalNúmero deMagistra<strong>do</strong>s56935624164121408364621952726562140314520428481104383248513.117Magistra<strong>do</strong>s porCem Mil Habitantes2,52,42,32,22,12,01,91,81,81,81,71,71,61,61,51,41,41,41,31,31,21,00,70,61,6Fonte: CNJ – Justiça em Números 2010Em <strong>do</strong>is tribunais - 6ª Região (Pernambuco) e 11ª Região (Amazonas/Roraima) amédia se equiparava à nacional (1,6 magistra<strong>do</strong>s por cem mil habitantes). Já numgrupo constituí<strong>do</strong> por dez tribunais, o indica<strong>do</strong>r em análise situava-se abaixo damédia nacional, sen<strong>do</strong> que os me<strong>no</strong>res valores eram observa<strong>do</strong>s na 7ª Região (Ceará)e 16ª Região (Maranhão) – com apenas 0,6 e 0,7 magistra<strong>do</strong>s por cem mil habitantes,respectivamente.No concernente à movimentação processual, ingressaram 3,3 milhões de processosdurante o a<strong>no</strong> de 2010 na esfera trabalhista. Frente a esse montante, a Justiça <strong>do</strong><strong>Trabalho</strong> obteve, em média, cerca de 1.350 casos <strong>no</strong>vos para cada grupo de cem milhabitantes.Consideran<strong>do</strong>-se o contingente de 3,3 milhões que estava pendente de baixa <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>santeriores, constata-se que cerca de 6,6 milhões de processos tramitavam <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2010.Nesse mesmo a<strong>no</strong>, foram baixa<strong>do</strong>s 3,4 milhões de processos, ou seja, cerca de 52,0% <strong>do</strong>total em tramitação, e foram proferidas 3,4 milhões de sentenças.


328<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoA carga de trabalho 170 de cada magistra<strong>do</strong> da Justiça Trabalhista de 2º grau foi de 1.877processos passíveis de julgamento, em média, <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2010. Já entre os magistra<strong>do</strong>s de1º grau, a carga de trabalho foi de 2.450 processos, em média.A Taxa de Congestionamento 171 da Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> de 2º grau foi de 27,7% em2010, significan<strong>do</strong> que de cada 100 processos que tramitaram <strong>no</strong> a<strong>no</strong> em questão,aproximadamente 28 não alcançaram sua baixa definitiva. Já entre a justiça trabalhista de1º grau as taxas foram de 35,8% na fase de conhecimento e de 67,8% na fase de execução.Tratan<strong>do</strong>-se da produtividade 172 <strong>do</strong>s juízes, cada magistra<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho julgou, <strong>no</strong> 2ºgrau, em média, 1.356 processos. Comparativamente ao a<strong>no</strong> de 2009 houve um aumentode 20,0% na produtividade, já que nesse a<strong>no</strong> a média de processos julga<strong>do</strong>s foi de 1.134.Segun<strong>do</strong> o CNJ (2010), esse aumento da produtividade pode ser explica<strong>do</strong> pelo aumentode aproximadamente 234,0% <strong>no</strong> total de decisões terminativas de processo por magistra<strong>do</strong><strong>no</strong> 2º Grau <strong>do</strong> TRT da 13ª Região, além da redução de 5,0% <strong>do</strong> total de magistra<strong>do</strong>s <strong>no</strong> 2ºGrau. Já <strong>no</strong> 1º grau, cada juiz sentenciou, em média, 1.060 processos.Principais características <strong>do</strong>s conflitos trabalhistas combase <strong>no</strong> levantamento suplementar da PNAD <strong>do</strong> IBGENo a<strong>no</strong> de 2009 o IBGE realizou um levantamento suplementar da PNAD sobre Acesso àJustiça 173 , em parceria com o Conselho Nacional da Justiça (CNJ).Uma das dimensões investigadas foi o envolvimento da população com 18 a<strong>no</strong>s ou maisde idade em situação de conflito que corresponde a toda situação problemática que podeenvolver violência ou não, decorrente das relações entre indivíduos ou entre indivíduose instituições públicas ou privadas. Algum ramo <strong>do</strong> direito é responsável pelos bensjurídicos (liberdade, igualdade, expressão, patrimônio etc.) ofendi<strong>do</strong>s ou ameaça<strong>do</strong>snestas situações (IBGE, 2010b).O suplemento da PNAD levantou que um contingente de 12,6 milhões de pessoas de 18a<strong>no</strong>s ou mais de idade esteve envolvi<strong>do</strong> em situações de conflito <strong>no</strong>s cinco a<strong>no</strong>s anterioresà data da entrevista 174 , o correspondente a 9,4% <strong>do</strong> total populacional desta faixa etária.No concernente as áreas investigadas 175 pela PNAD que representavam os maioresproblemas para a população brasileira envolvida em situações de conflito, a área170A carga de trabalho é o indica<strong>do</strong>r utiliza<strong>do</strong> para aferir o quantitativo de processos que os magistra<strong>do</strong>s têm parajulgar, em média, a cada a<strong>no</strong>.171Indica<strong>do</strong>r utiliza<strong>do</strong> para aferir, num determina<strong>do</strong> a<strong>no</strong>, o percentual <strong>do</strong>s processos em tramitação que ainda nãoforam baixa<strong>do</strong>s definitivamente.172Média <strong>do</strong> quantitativo de sentenças proferidas por magistra<strong>do</strong> em determina<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>.173Segun<strong>do</strong> a concepção a<strong>do</strong>tada pela PNAD, entende-se Acesso à Justiça em senti<strong>do</strong> amplo, ou seja, está incluídaa formulação de políticas públicas destinadas a garantir os direitos fundamentais e a prevenir conflitos. Trata-se,portanto, de inclusão social e não apenas <strong>do</strong> acesso ao serviço presta<strong>do</strong> pelo Poder Judiciário, compreenden<strong>do</strong>outras esferas de poder, seja ele público, priva<strong>do</strong>, <strong>do</strong> terceiro setor ou da sociedade civil.174Entre 27 de setembro de 2004 a 26 de setembro de 2009.175Trabalhista, Criminal, Família, Terra/Moradias, Serviços de água, luz e telefone, Impostos/Tributação, Benefícios<strong>do</strong> INSS/Previdência, Bancos/Instituições Financeiras e Outros.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 329trabalhista alcançava o maior percentual (23,3%), seguida pela de família 176 (22,0%),criminal (12,6%), serviços de água, luz ou telefone 177 (9,7%) e de benefícios <strong>do</strong> INSS ouprevidência 178 (8,6%), conforme Tabela 109.Os conflitos trabalhistas abarcam as dificuldades relacionadas a emprego, salário e condiçõesde trabalho. Em geral, envolvem tanto trabalha<strong>do</strong>res quanto emprega<strong>do</strong>res quan<strong>do</strong>são discutidas férias, vantagens, licenças, auxílios (moradia/alimentação/insalubridade/periculosidade), greves e demissões.Comparativamente à pesquisa realizada durante a década de 1980, aumentou emaproximadamente 4,5 pontos percentuais a proporção de pessoas envolvidas em conflitosde trabalho – de 18,7% em 1988 para 23,3% em 2009. Vale ressaltar que em 1988 a áreade maior conflito era a de família (33,3% <strong>do</strong> total), seguida pela trabalhista. Entre 1988e 2009, além da área de família (de 33,3% para 22,0%), as demais investigadas tambémreduziram a sua participação entre a população que apresentou situações conflitantes –criminal (de 17,2% para 12,5%) e terras ou moradia (de 11,5% para 4,8%). Frente a essecontexto, apenas a área trabalhista aumentou sua participação.176Problemas relativos a separações conjugais, investigações de paternidade e divisão de bens e direitos, tais comoherança, pensões alimentícias e guarda de filhos.177Falta, interrupção ou qualquer outro problema <strong>no</strong> fornecimento desses serviços, cobranças excessivas, ou incidentescomo queima de aparelhos eletro<strong>do</strong>mésticos e inclusão de <strong>no</strong>mes em bancos de da<strong>do</strong>s de inadimplentes (SPC eSERASA). Geralmente são valores baixos (as antigas “pequenas causas”) e as reclamações são encaminhadas aosJuiza<strong>do</strong>s Especiais.178Relativos à previdência social, como aposenta<strong>do</strong>rias, licenças, auxílios em caso de gestação, de acidentes detrabalho, benefícios decorrentes de incapacidade para o trabalho, entre outros.


330<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTABELA 109DISTRIBUIÇÃO DAS PESSOAS DE 18 ANOS OU MAIS DE IDADE QUE TIVERAM SITUAÇÃO DE CONFLITO NO PERÍODO DEREFERÊNCIA DE 5 ANOS, POR ÁREA DE SITUAÇÃO DE CONFLITO MAIS GRAVE EM QUE SE ENVOLVERAMBRASIL E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2009Distribuição das pessoas de 18 a<strong>no</strong>s ou mais de idade que tiveramsituação de conflito, <strong>no</strong> perío<strong>do</strong> de referência de 5 a<strong>no</strong>s (%)Área GeográficaTotalTrabalhistaCriminalÁrea da situação de conflito mais grave em que se envolveramFamíliaTerrasoumoradiaServiços deágua, luz outelefoneBenefícios<strong>do</strong> INSS ouprevidênciaBancos ouinstituiçõesfinanceirasOutras<strong>Brasil</strong>RondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,023,322,315,736,221,123,524,814,116,511,715,824,726,222,626,718,822,321,119,723,827,425,519,623,721,923,321,324,812,616,529,25,527,315,311,218,510,015,017,115,512,713,910,514,514,414,812,69,19,513,212,012,015,918,014,116,422,034,525,327,729,130,735,226,034,427,531,322,316,923,918,629,822,225,726,516,519,220,316,618,625,527,324,817,84,86,64,35,26,57,75,97,05,86,25,94,82,74,55,76,44,95,13,04,23,75,46,54,95,44,44,64,09,76,58,99,63,45,04,08,98,65,84,69,413,412,73,611,010,66,910,015,911,06,69,49,88,77,46,911,08,61,53,85,74,25,16,07,06,915,410,37,812,27,013,83,810,17,86,65,810,19,211,19,47,55,58,63,57,43,24,04,82,14,38,16,87,95,45,66,26,64,410,95,26,76,37,310,98,27,310,27,54,43,68,76,611,69,08,95,26,28,44,811,710,012,99,49,39,311,010,110,78,812,314,313,810,912,514,514,210,710,410,916,0Fonte: IBGE - PNAD 2009, Suplemento de Acesso à JustiçaA área trabalhista era a mais conflitiva em 11 das 27 Unidades da Federação (UFs),segun<strong>do</strong> a pesquisa realizada em 2009. Consideran<strong>do</strong>-se o conjunto das pessoas quetiveram situação de conflito, os maiores percentuais associa<strong>do</strong>s à área <strong>do</strong> trabalho eramobserva<strong>do</strong>s <strong>no</strong> Amazonas (36,2%), São Paulo (27,4%), Alagoas (26,7%) e Paraíba (26,2%),segun<strong>do</strong> as informações dispostas na Tabela 109.Por outro la<strong>do</strong>, os conflitos laborais assumiam me<strong>no</strong>r representatividade <strong>no</strong> Piauí (11,7%),Tocantins (14,1%), Acre (15,7%) e Ceará (15,8%).A análise <strong>do</strong> perfil <strong>do</strong> contingente nacional de 2,95 milhões de pessoas de 18 a<strong>no</strong>s ou maisde idade que estiveram envolvidas em situação de conflito na área trabalhista entre 2004 e2009 revela que, deste total, 62,2% eram homens e 37,8% mulheres. Essa ampla primaziade pessoas <strong>do</strong> sexo masculi<strong>no</strong> <strong>no</strong>s conflitos de natureza trabalhista, diferentemente da


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 331estrutura de equilíbrio observada para o conjunto <strong>do</strong>s conflitos investiga<strong>do</strong>s (51,1% dehomens e 48,9% de mulheres) é bastante influenciada pela maior participação masculina<strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho.Consideran<strong>do</strong>-se a estrutura por cor ou raça, perdurava um relativo equilíbrio, na medidaem que 51,8% <strong>do</strong> total da população envolvida em situação de conflito laboral era branca e47,4% era negra. No concernente à estrutura etária, cerca de um terço das pessoas (33,1%)possuía entre 18 e 34 a<strong>no</strong>s de idade, enquanto que o pre<strong>do</strong>mínio figurava entre aquelescom 40 a<strong>no</strong>s ou mais (53,8% <strong>do</strong> total).Em relação à distribuição quanto ao nível de escolaridade, constata-se que 30,6% daspessoas que vivenciaram situação de conflito <strong>no</strong>s cinco a<strong>no</strong>s que antecederam à data daentrevista possuíam o ensi<strong>no</strong> médio completo. Em seguida, figurava aquelas com ensi<strong>no</strong>fundamental incompleto (26,9%) e com superior completo (16,0%).A análise da existência de conflito segun<strong>do</strong> as faixas de rendimento mensal <strong>do</strong>miciliar percapita apontava uma maior representativade de pessoas que viviam em <strong>do</strong>micílios commaiores níveis de rendimento. Com efeito, 28,0% da população envolvida em conflitotrabalhista residia em <strong>do</strong>micílios com rendimento per capita na faixa de <strong>do</strong>is saláriosmínimos ou mais e 26,9% na faixa de um a me<strong>no</strong>s de <strong>do</strong>is salários mínimos. Por outrola<strong>do</strong>, apenas 5,4% das pessoas em situação de conflito viviam em moradias situadas naclasse de sem rendimento a me<strong>no</strong>s de 1/4 <strong>do</strong> salário mínimo.Tratan<strong>do</strong>-se da condição de atividade <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho, 81,3% das pessoas quetiveram conflito laboral estavam eco<strong>no</strong>micamente ativas <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009, enquantoque 18,7% situavam-se na inatividade. Consideran<strong>do</strong>-se o conjunto das pessoaseco<strong>no</strong>micamente ativas, cerca de 10,0% estavam desocupadas.Frente ao conjunto de pessoas de 18 a<strong>no</strong>s ou mais de idade que tiveram situação deconflito trabalhista, cerca de 96,0% buscaram solução. É importante ressaltar que essaproporção de busca de solução entre os conflitos trabalhistas era maior <strong>do</strong> que aquelacorrespondente ao conjunto das áreas de conflitos investigadas (92,7%).Entre o conjunto da população que buscou solução para os conflitos que envolviam a áreatrabalhista, 88,2% recorreram à justiça 179 e 8,8% ao juiza<strong>do</strong> especial (antigo juiza<strong>do</strong> depequenas causas). Cerca de 4,0% recorreram ao sindicato ou associação 180 . Vale enfatizarque tais proporções de busca da justiça e de sindicato ou associação para a solução deconflitos na área trabalhista eram expressivamente maiores <strong>do</strong> que aquelas observadasjunto a todas as áreas de conflitos pesquisadas pelo suplemento da PNAD – 62,4% e 2,6%,respectivamente.No âmbito da resolução <strong>do</strong>s conflitos trabalhistas, me<strong>no</strong>s da metade das pessoas (43,1%)tiveram sua causa solucionada enquanto que 56,9% ainda aguardavam solução. Frentea esse contexto, os conflitos de trabalho apresentavam um <strong>do</strong>s me<strong>no</strong>res percentuais desolução entre os conflitos investiga<strong>do</strong>s. A área de serviços de água, luz e telefone teveo maior percentual de solução (59,3%), seguida pelos conflitos de família (57,0%), da179No caso, foi movida uma ação judicial formal.180Sindicatos são instituições utilizadas para a organização <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res na luta por seus direitos. Associaçõessão formas coletivas de organização para a realização de objetivos comuns - podem ser de bairro, de pais, demora<strong>do</strong>res, entre outras. (IBGE, 2010b).


332<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federaçãoárea criminal (46,0%), bancos ou instituições financeiras 181 (45,3%) e terras ou moradia(43,9%).Tratan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> principal responsável pela solução <strong>do</strong>s conflitos de trabalho, a justiçarespondeu por 57,9% <strong>do</strong>s casos soluciona<strong>do</strong>s, segui<strong>do</strong> pela atuação de advoga<strong>do</strong>particular ou defensoria pública (17,7%) e juiza<strong>do</strong> especial (8,7%). Já os sindicatos ouassociações responderam por 4,6% <strong>do</strong>s casos soluciona<strong>do</strong>s na área trabalhista.Entre os conflitos trabalhistas soluciona<strong>do</strong>s, o intervalo de tempo – decorri<strong>do</strong> entre oinício e a solução <strong>do</strong> conflito – pre<strong>do</strong>minante foi de até 1 a<strong>no</strong> (64,9% <strong>do</strong>s casos). Cerca deum terço <strong>do</strong>s casos (33,5%) foi soluciona<strong>do</strong> durante um perío<strong>do</strong> compreendi<strong>do</strong> de maisde 1 até 5 a<strong>no</strong>s. Comparativamente à maioria <strong>do</strong>s outros conflitos, observa-se que a áreatrabalhista apresentava uma das me<strong>no</strong>res proporções de resolução em prazo de até 1 a<strong>no</strong>.Com efeito, entre os conflitos relaciona<strong>do</strong>s com serviços de água, luz e telefone (84,9%),área criminal (75,4%), bancos ou instituições financeiras (71,3%), família (71,2%) e terrasou moradia (67,3%) os percentuais de solução num intervalo de tempo de até 1 a<strong>no</strong> erammaiores <strong>do</strong> que aquele observa<strong>do</strong> na área trabalhista (64,9%).Tratan<strong>do</strong>-se daquelas pessoas que não buscaram solução na justiça 182 para o conflitotrabalhista que tiveram (12,0% <strong>do</strong> total), o principal motivo aponta<strong>do</strong> para não fazê-lo foidecorrente <strong>do</strong> fato de que a resolução <strong>do</strong> problema ocorreu por intermédio de mediação ouconciliação (27,5% <strong>do</strong>s casos). Em seguida, figurava a perspectiva que a justiça demorariamuito em solucionar o conflito (15,8% <strong>do</strong>s casos).181Conflitos com relação às cobranças de taxas abusivas ou erradas, à demora na prestação <strong>do</strong>s serviços solicita<strong>do</strong>s,à segurança de da<strong>do</strong>s e informações.182Qualquer órgão <strong>do</strong> Poder Judiciário.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 333EMPRESAS E12<strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>INTRODUÇÃOAs empresas são um elemento-chave para os desafios <strong>do</strong> desenvolvimento, incluin<strong>do</strong> ageração de empregos e a promoção <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>.O objetivo deste capítulo é, além de apresentar um conjunto de indica<strong>do</strong>res e análisesrelativos às empresas, que podem ajudar a definir políticas e ações relativas à promoção<strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>, contribuir também para o desenvolvimento e o aperfeiçoamentoda meto<strong>do</strong>logia de medição <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>. Trata-se de um primeiro esforçometo<strong>do</strong>lógico que deverá ser aperfeiçoa<strong>do</strong> em futuras edições deste relatório, porintermédio de <strong>no</strong>vas contribuições oriundas de oficinas de consulta tripartite <strong>no</strong> âmbitoda medição <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>.A análise <strong>do</strong> importante papel desempenha<strong>do</strong> pelas empresas <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho serárealizada com base em estatísticas oficiais integrantes <strong>do</strong> Sistema Estatístico Nacional,a exemplo <strong>do</strong> Cadastro Central de Empresas (CEMPRE) <strong>do</strong> IBGE e a Relação Anual deInformações Sociais (RAIS) <strong>do</strong> MTE.EMPRESAS SUSTENTÁVEIS E <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>As empresas, independentemente <strong>do</strong> seu porte, são a principal fonte de crescimentoeconômico e de geração de empregos e estão na base da atividade econômica e <strong>do</strong>desenvolvimento na grande maioria <strong>do</strong>s países.Conforme chamam a atenção Buckley et al (2010):O crescimento é impulsiona<strong>do</strong> mais <strong>do</strong> que qualquer outra coisa pela criatividade e pelo trabalho durode empreende<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>res. Guiadas pela busca de lucro, as empresas i<strong>no</strong>vam, investem egeram emprego e renda. Sua contribuição à geração de empregos varia de um país para o outro, mas,<strong>no</strong> geral, as empresas privadas geram a maior parte <strong>do</strong>s empregos, criam oportunidades para pessoasem termos de aquisição de conhecimento, aplicação de habilidades e talentos e melhoria <strong>do</strong> bem-estar(...).As empresas são a maior – e com frequência a principal – fonte de receita tributária e, por isso, emgeral, constituem a base sobre a qual repousa a reserva pública de saúde, educação e outros serviços.(Buckley et al 2010: p.33).O conceito de empresas sustentáveis, discuti<strong>do</strong> na 96ª Reunião da ConferênciaInternacional <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> (2007), se relaciona fortemente ao conceito de <strong>Trabalho</strong><strong>Decente</strong> e está diretamente relaciona<strong>do</strong> à <strong>no</strong>ção de desenvolvimento sustentável, que seapoia em três pilares: crescimento econômico, progresso social e aspectos ambientais.


334<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoA concepção de empresas sustentáveis difere das perspectivas tradicionais, conformepode ser observa<strong>do</strong> <strong>no</strong> Quadro 3:QUADRO 3PERSPECTIVAS TRADICIONAIS DAS EMPRESAS EO ENFOQUE DAS EMPRESAS SUSTENTÁVEISPerspectivas TradicionaisDefinidas de forma estreitaConsideram as empresas em termos de relacionamentoslineares de entrada-saídaCentrada na maximização <strong>do</strong> valor econômico a curto prazoEmpresas SustentáveisDefinidas de maneira holísticaFuncionam em esferas de influência <strong>no</strong>s níveismicro, macro e metaVisão integrada e de longo prazoFonte: <strong>OIT</strong>, 2007. (La promoción de empresas sostenibles – CIT, 96ª Reunión, 2007).A Resolução sobre a Promoção de Empresas Sustentáveis, aprovada na 96ª Reunião daConferência Internacional <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> (2007), enumera 17 pontos que abarcam as condiçõesbásicas para a criação de um ambiente propício para a promoção e desenvolvimento dasempresas sustentáveis: a) Paz e estabilidade política; b) Boa governança; c) Diálogo social; d)Respeito aos direitos huma<strong>no</strong>s universais e às <strong>no</strong>rmas internacionais <strong>do</strong> trabalho; e) Culturaempresarial; f) Política macroeconômica adequada e estável e boa gestão da eco<strong>no</strong>mia; g)Comércio e integração econômica sustentável; h) Ambiente jurídico e <strong>no</strong>rmativo propício;i) Esta<strong>do</strong> de direito e garantia <strong>do</strong>s direitos de propriedade; j) Competição leal; k) Acesso aserviços financeiros; l) Infraestrutura física; m) Tec<strong>no</strong>logias de informação e comunicação;n) Educação, formação e aprendizagem permanente; o) Justiça social e inclusão social; p)Proteção social adequada; q) Gestão responsável <strong>do</strong> meio ambiente.A Resolução também enfatiza que o diálogo social tem um papel estratégico <strong>no</strong> processode promoção das empresas sustentáveis:O diálogo social é pilar fundamental <strong>no</strong> contexto desse debate. Trabalha<strong>do</strong>res, emprega<strong>do</strong>res e suasorganizações têm um papel importante <strong>no</strong> apoio aos gover<strong>no</strong>s para formulação e implementação depolíticas de promoção de empresas sustentáveis. Tal suporte pode se consubstanciar pelo apoio àelaboração de políticas de incentivo ao desenvolvimento de empresas sustentáveis, pela ampliação darepresentação de trabalha<strong>do</strong>res e emprega<strong>do</strong>res, reforçan<strong>do</strong> os benefícios da associação, pela prestaçãode serviços das organizações a seus membros, e pela promoção <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> na implementaçãode políticas e <strong>no</strong>rmas. (CONFERÊNCIA....2011: p.140).No <strong>Brasil</strong>, o Pla<strong>no</strong> Nacional de Emprego e <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> (PNETD), lança<strong>do</strong> peloGover<strong>no</strong> Federal em maio de 2010, destaca a importante vinculação entre as empresassustentáveis e o <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>. Nele ressalta-se o fato desse conceito ter si<strong>do</strong> discuti<strong>do</strong>na 96ª Reunião da Conferência Internacional <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> (2007) e, posteriormente,ter si<strong>do</strong> incorpora<strong>do</strong> à Declaração da <strong>OIT</strong> sobre Justiça Social para uma GlobalizaçãoEquitativa e ao Pacto Global para o Emprego, aprova<strong>do</strong>s por consenso pela ConferênciaInternacional <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, em suas reuniões de 2008 e 2009, respectivamente.O tema das empresas sustentáveis também figura <strong>no</strong> Pla<strong>no</strong> Nacional de Emprego e<strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> na sua Prioridade 1 – Gerar mais e melhores empregos, com igualdadede oportunidades e de Tratamento, que estabelece, <strong>no</strong> item a) <strong>do</strong>s Resulta<strong>do</strong>s Espera<strong>do</strong>s:Direcionamento de investimentos públicos e priva<strong>do</strong>s e estímulos fiscais e financeirosa setores estratégicos para a geração de emprego e a promoção <strong>do</strong> desenvolvimentosustentável, por meio de: (i) empresas sustentáveis: (ii) empreendimentos para a melhoria


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 335ou conservação da qualidade ambiental; (iii) micro e pequenas empresas; (iv) cooperativase empreendimentos de eco<strong>no</strong>mia solidária; (v) agricultura familiar. (MTE, 2011b).A temática das empresas sustentáveis também foi incorporada à pauta de discussõesda I Conferência Nacional de Emprego e <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> (I CNETD). A relação entreas empresas sustentáveis e <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> foi explicitada da seguinte maneira <strong>no</strong>Capítulo Visão <strong>do</strong>s Emprega<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Texto-Base 183 Conferências Municipais/Regionais/Estaduais que será aprecia<strong>do</strong> na I CNETD:As empresas sustentáveis são uma fonte principal de crescimento, criação de riqueza e <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>.A promoção de empresas sustentáveis é, portanto, uma ferramenta importante para a consecução <strong>do</strong><strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>, o desenvolvimento sustentável e a i<strong>no</strong>vação que afinal melhoram os níveis de vida eas condições sociais.[...]Promover as empresas sustentáveis implica fortalecer o Esta<strong>do</strong> de direito, as instituições e os sistemasde governança que fazem as empresas prosperar e a estimulam a levar a cabo suas atividades demo<strong>do</strong> sustentável. Para isso, é de importância crucial contar com um entor<strong>no</strong> propício, que estimuleo investimento, a iniciativa empresarial, os direitos <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res e a criação, o crescimento e amanutenção de empresas sustentáveis, concilian<strong>do</strong> as necessidades e os interesses da empresa coma aspiração da sociedade de seguir um modelo de crescimento que respeite os valores e princípios <strong>do</strong><strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>, a dignidade humana e a sustentabilidade <strong>do</strong> meio ambiente. (MTE 2011d: p.63 –Capítulo Visão <strong>do</strong>s Emprega<strong>do</strong>res).As Empresas e outras Organizações Atuantes <strong>no</strong> PaísAs empresas exercem papel fundamental na eco<strong>no</strong>mia, seja pela capacidade de investire ampliar o nível de atividade econômica, seja pela contínua absorção de expressivoscontingentes de mão de obra, dinamizan<strong>do</strong> e amplian<strong>do</strong> o valor agrega<strong>do</strong> nas diversasetapas de produção e/ou prestação de serviços.Segun<strong>do</strong> o CEMPRE 184 , <strong>do</strong> IBGE, <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> as entidades empresariais correspondem a88,1% <strong>do</strong> universo de 4,84 milhões de empresas e outras organizações formais devidamenteregistradas <strong>no</strong> Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), ativas e com fundaçãoaté 31 de dezembro de 2009. Elas eram responsáveis pela ocupação de 70,2% de toda amão de obra assalariada – o correspondente a 28,2 milhões de vínculos empregatícios - epagavam 61,1% de to<strong>do</strong> o volume de salários e outras remunerações (o equivalente a cercade R$ 478 bilhões), conforme pode ser observa<strong>do</strong> na Tabela 110.183Este Texto-Base tor<strong>no</strong>u-se a referência para to<strong>do</strong> o processo de debate da I CNETD. O texto está composto por 4partes: “na primeira apresenta-se o texto <strong>do</strong> PNETD na íntegra, bem como os resulta<strong>do</strong>s espera<strong>do</strong>s reorganiza<strong>do</strong>ssegun<strong>do</strong> os 4 eixos da Conferência. Na segunda, apresenta-se a posição da bancada <strong>do</strong> Gover<strong>no</strong> Federal, naterceira, a posição da bancada <strong>do</strong>s Emprega<strong>do</strong>res e na quarta a posição da bancada <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res”. (MTE:2011d, p. 10).184O CEMPRE cobre o universo das organizações inscritas <strong>no</strong> Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica – CNPJ <strong>do</strong>Ministério da Fazenda, que <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de referência declararam às pesquisas econômicas <strong>do</strong> IBGE e/ou aos registrosadministrativos <strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> e Emprego (<strong>no</strong> caso, a RAIS). Ele abrange entidades empresariais,órgãosda administração pública e instituições privadas sem fins lucrativos.


336<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTABELA 110EMPRESAS E OUTRAS ORGANIZAÇÕES, PESSOAL OCUPADO TOTAL E ASSALARIADO EOUTRAS REMUNERAÇÕES SEGUNDO A NATUREZA JURÍDICABRASIL, 2009Área de AtuaçãoEmpresas e OutrasOrganizaçõesTotalPessoal Ocupa<strong>do</strong>Assalaria<strong>do</strong>Salários e OutrasRemunerações(Em R$ 1.000)AbsolutoRelativoAbsolutoRelativoAbsolutoRelativoAbsolutoRelativoTotalAdministração públicaEntidades empresariaisEntidades sem finslucrativosOutras4.846.63919.5964.268.930498.22059.893100,00,488,110,31,246.682.4489.138.19534.354.1743.106.17283.907100,019,673,66,70,240.212.0579.138.15228.238.7082.811.07624.121100,022,770,27,00,1781.881.723251.835.985477.924.21251.876.895244.631100,032,261,16,60,0Fonte: IBGE, Cadastro Central de Empresas - 2009O conjunto representa<strong>do</strong> por empresas e outras organizações quan<strong>do</strong> observa<strong>do</strong>sob o ponto de vista da absorção de mão de obra, revela importantes detalhes sobre arepresentatividade das mesmas em relação à ocupação. Nesse senti<strong>do</strong>, observa-se que,em 2009, as empresas e outras organizações com até 19 pessoas ocupadas representavam95,3% <strong>do</strong> total <strong>do</strong>s empreendimentos registra<strong>do</strong>s, e respondiam por 30,2% <strong>do</strong> total damão de obra e 20% <strong>do</strong> total de assalaria<strong>do</strong>s.Embora fique evidente que as grandes empresas gerem maiores ocupações de mão deobra, especialmente <strong>no</strong>s grandes setores de indústria e serviços, o avanço quantitativo dasmicro, pequenas e médias empresas torna-se cada vez mais importante, ten<strong>do</strong> em vistaque o mesmo, paulatinamente, se associa ao aumento da formalização de grande parte damão de obra, o que contribui para a ampliação <strong>do</strong> contingente de pessoas amparadas pelalegislação trabalhista, conforme será visto, mais adiante, em tópico específico.Em relação às remunerações <strong>do</strong>s assalaria<strong>do</strong>s, percebe-se, o avanço <strong>do</strong>s ganhos -mensura<strong>do</strong>s em números de salários mínimos na medida em que as unidades produtivasapresentam um maior contingente de pessoas ocupadas. Com um maior número depessoas ocupadas, o indicativo é de que se trate de grandes empresas 185 , motivo pelo quala quantidade de salários mínimos recebi<strong>do</strong>s aumenta sempre que aumenta o tamanhoou o porte das organizações. Tal fenôme<strong>no</strong>, entre outros fatores, pode estar relaciona<strong>do</strong>ao nível tec<strong>no</strong>lógico e a maior alocação de investimentos <strong>do</strong> empreendimento, fato que,em geral, resulta em um maior número de postos hierárquicos de melhor remuneração.Por outro la<strong>do</strong>, em empresas com eleva<strong>do</strong> grau de complexidade e com diversas etapas<strong>no</strong> processo de produção, o nível de exigência de escolaridade e especialização para aexecução das tarefas é maior, concorren<strong>do</strong>, também para a ocupação de mão de obra commais qualificação e, consequentemente, melhor remuneração. Os resulta<strong>do</strong>s podem servistos na Tabela 111.185Na mensuração <strong>do</strong> porte de uma empresa o pessoal ocupa<strong>do</strong> é apenas um possível indica<strong>do</strong>r. Outros indica<strong>do</strong>res,tais como faturamento, volume de investimento e número de equipamentos também podem ser utiliza<strong>do</strong>sna definição <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> critério, sen<strong>do</strong> eles utiliza<strong>do</strong>s de acor<strong>do</strong> com o segmento de atividade econômica <strong>do</strong>empreendimento.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 337TABELA 111EMPRESAS E OUTRAS ORGANIZAÇÕES, PESSOAL OCUPADO TOTAL E ASSALARIADO E SALÁRIO MÉDIOMENSAL, SEGUNDO AS FAIXAS DE PESSOAL OCUPADO TOTALBRASIL, 2008 E 2009Faixas dePessoalOcupa<strong>do</strong>Empresas e OutrasOrganizações2008 2009Pessoal Ocupa<strong>do</strong>TotalAssalaria<strong>do</strong>2008 20092008 2009Salários e OutrasRemunerações(Em R$ 1.000)2008 2009Total0 a 45 a 910 a 1920 a 2930 a 4950 a 99100 a 249250 a 499500 e mais4 607 2613 506 807589 308294 60480 75258 33338 27021 8878 6148 6864 846 6393 689 916619 547310 42984 97160 71840 21922 6198 9649 25644 574 8845 713 9973 810 8283 883 7171 916 7042 196 9042 628 5283 370 9483 002 63118 050 62746 682 4485 998 6754 006 3574 091 1352 014 2142 285 3642 757 6583 476 8093 115 40218 936 83438 407 7831 645 7162 785 9033 198 8261 764 8052 092 3522 558 6513 333 0212 989 47618 039 03340 212 0571 727 3672 932 7973 369 9321 854 2682 177 7752 685 2353 438 0073 101 76218 924 9143,41,91,82,02,12,32,63,03,34,63,31,71,71,92,02,22,62,93,24,5Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Cadastro Central de Empresas 2008-2009.A análise apenas <strong>do</strong> segmento representa<strong>do</strong> pelas empresas, quan<strong>do</strong> focada em um perío<strong>do</strong>mais longo 186 , permite a visualização, a cada perío<strong>do</strong>, <strong>do</strong> avanço das empresas em termosde absorção de mão de obra. A leitura <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s forneci<strong>do</strong>s pelo CEMPRE, estrutura<strong>do</strong>segun<strong>do</strong> a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), aponta taxas diferenciadasde crescimentos por setor. No perío<strong>do</strong> 2008 a 2009 os maiores avanços na ampliação<strong>do</strong>s níveis de ocupação se concentraram em <strong>do</strong>is segmentos com distintas representatividadesem termos de quantitativos de pessoal ocupa<strong>do</strong>. Foram eles: Atividades profissionais,científicas e técnicas (18,2%) e construção civil (12,5%), conforme a Tabela 112.TABELA 112PESSOAL OCUPADO ASSALARIADO SEGUNDO SEÇÕES DA CLASSIFICAÇÃONACIONAL DE ATIVIDADES ECONÔMICAS (CNAE) 2.0BRASIL, 2008 E 2009Seções da CNAE 2.0TotalCom., reparação de veículos e motocicletasConstruçãoAtiv. Adm. Serviços complementaresTransporte, armazenagem e correioAtiv. Profissionais, científicas e técnicasAlojamento e alimentaçãoAtiv. Financ., de seg. e serv. Relaciona<strong>do</strong>sEducaçãoIndústria de transformaçãoOutras atividades200623.2376.0761.3992.4081.6363931.1316545246.6422.374Variação Relativa (%)Variação Relativa (%)2007 2008 2009 2006/2007 2007/2008 2008/200925.3516.5851.6582.6611.7374451.2356995647.2362.53226.9997.0431.9822.7841.8435181.3397376087.4382.70728.2397.4172.2282.9771.9446121.4177836517.4802.7289,18,418,510,56,213,19,26,87,78,96,76,57,019,54,66,116,38,45,57,82,86,94,65,312,57,05,518,25,86,27,00,60,8Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Cadastro Central de Empresas 2008-2009.186O perío<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong> retroage a apenas o a<strong>no</strong> de 2006 por conta da mudança na classificação das atividadeseconômicas.


338<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoComo o segmento Atividades profissionais, científicas e técnicas é o me<strong>no</strong>s representativoem termos de quantitativo de pessoal, fez-se necessário realizar um processo deponderação para que fosse possível avaliar, efetivamente, a contribuição relativa de to<strong>do</strong>sos segmentos de atividade econômica relaciona<strong>do</strong>s na CNAE.Com tal objetivo, a Tabela 113 foi elaborada. Com essa reconfiguração de tabela, na qualos segmentos de atividade econômica são agora pondera<strong>do</strong>s pela importância relativa <strong>no</strong>conjunto de ocupações geradas, percebe-se que entre os a<strong>no</strong>s 2006 e 2009, o segmento deComércio, reparação de veículos automotores e motocicletas, com uma contribuição de26,8% na formação da taxa, foi o que mais contribuiu para o alcance de uma taxa globalde crescimento de 21,5% <strong>no</strong> número de pessoas ocupadas na condição de assalariadas. Emseguida vieram as contribuições da Indústria de transformação (16,8%), da Construção(16,6%) e das Atividades administrativas e serviços complementares (11,4%).Quanto à absorção da mão de obra assalariada, a Indústria de transformação (com 26,5%)e o setor de Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (com 26,3%)respondiam, juntos, por mais da metade (52,8%) <strong>do</strong> contingente de emprego assalaria<strong>do</strong>existente em 2009.TABELA 113PESSOAL OCUPADO ASSALARIADO NAS EMPRESAS, PARTICIPAÇÃO RELATIVA, TAXA DE CRESCIMENTO ECONTRIBUIÇÃO À FORMAÇÃO DA TAXABRASIL, 2008 E 2009Pessoal Ocupa<strong>do</strong> Assalaria<strong>do</strong>Seções da CNAE 2.0TotalCom., reparação de veículos e motocicletasConstruçãoAtiv. Adm. Serviços complementaresTransporte, armazenagem e correioAtiv. Profissionais, científicas e técnicasAlojamento e alimentaçãoAtiv. Financ., de seg. e serv. Relaciona<strong>do</strong>sEducaçãoIndústria de transformaçãoOutras atividadesValorAbsoluto(1.000)23.2376.0761.3992.4081.6363931.1316545246.6422.3742006 2009Part. %100,026,16,010,47,01,74,92,82,328,610,2ValorAbsoluto(1.000)28.2397.4172.2282.9771.9446121.4177836517.4802.728Part. %100,026,37,910,56,92,25,02,82,326,59,7Taxa deCrescimento(%)2006/20099,18,418,510,56,213,19,26,87,78,96,7ContribuiçãoAbsoluta àFormação daTaxa6,57,019,54,66,116,38,45,57,82,86,9ContribuiçãoRelativa àFormação daTaxa (%)4,65,312,57,05,518,25,86,27,00,60,8Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Cadastro Central de Empresas 2008-2009.Elaboração: Escritório da <strong>OIT</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>Os da<strong>do</strong>s disponíveis para o conjunto de empresas e outras organizações possibilitamanalisar suas respectivas distribuições nas diversas Unidades da Federação. Evidencia-sedessa forma a preponderância e magnitude <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de São Paulo, que concentra 31,6%de todas as empresas e outras organizações <strong>do</strong> país, e é responsável por 31,5% das ocupações.Em seguida estão Minas Gerais (11,0% das empresas e outras organizações e 10,2%das ocupações) e o Rio Grande <strong>do</strong> Sul (9,0% <strong>do</strong> total de empresas e outras organizaçõese 6,4% <strong>do</strong> pessoal ocupa<strong>do</strong> total <strong>do</strong> país). Vale ressaltar que o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeironão supera o Rio Grande <strong>do</strong> Sul em número de empresas e outras organizações (7,3%),entretanto,sua participação <strong>no</strong> quesito pessoal ocupa<strong>do</strong> (9,4%) é 3,0 pontos percentuaissuperior à <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 339Em termos de crescimento ao longo da série, a eco<strong>no</strong>mia desses esta<strong>do</strong>s avançou substantivamente<strong>no</strong> perío<strong>do</strong> 2006 a 2009, tanto em termos de número de empresas e outrasorganizações quanto em relação ao pessoal por elas ocupa<strong>do</strong>. O esta<strong>do</strong> de São Paulo, comsua pujança econômica, acrescentou mais 15,5% <strong>no</strong> número de empresas e outras organizaçõesem seu território. Este resulta<strong>do</strong> supera o crescimento médio nacional (12,6%). Emrelação à ocupação, ele absorveu mais 18,0% de mão de obra, resulta<strong>do</strong> também superiorao crescimento médio nacional que, <strong>no</strong> mesmo perío<strong>do</strong>, avançou 17,8%.Uma leitura simples e individual das taxas de crescimento de todas as Unidades daFederação, que pode ser realizada na Tabela 114, permite observar os crescimentosalcança<strong>do</strong>s por cada uma delas <strong>no</strong> perío<strong>do</strong>. Com tal observação percebe-se que taxasmédias de crescimento de incorporação de empresas e outras organizações que sesituaram acima da média nacional (12,6%) foram registradas por 13 entre as 27 Unidadesda Federação. Nessa configuração, os cinco maiores percentuais de expansão ocorreram<strong>no</strong> Distrito Federal (25,0%), Pará (20,9%), Goiás (19,9%), Amazonas (18,7%), e MatoGrosso (17,6%).Em relação ao incremento de pessoal ocupa<strong>do</strong>, as posições hierárquicas entre os esta<strong>do</strong>sse modificam consideravelmente. Nesse caso, variações acima <strong>do</strong> crescimento médionacional (17,8% entre 2006 e 2009), foram observadas em 18 Unidades da Federação,dentre os quais, os cinco maiores percentuais foram alcança<strong>do</strong>s por Roraima (104,8%),Amapá (39,7%), Maranhão (31,0%), Rondônia (28,6%) e Ceará (25,5%). Cabe destacaro fato desses cinco esta<strong>do</strong>s estarem localiza<strong>do</strong>s entre as regiões Norte e Nordeste, asquais, além <strong>do</strong> crescimento estimula<strong>do</strong> por investimentos priva<strong>do</strong>s, receberam vultososrecursos <strong>do</strong> Programa de Aceleração <strong>do</strong> Crescimento (PAC). O percentual de crescimentoalcança<strong>do</strong> pelo esta<strong>do</strong> de Roraima, o mais eleva<strong>do</strong> entre os cinco, pode ser corrobora<strong>do</strong>pelos últimos resulta<strong>do</strong>s divulga<strong>do</strong>s pelo IBGE em relação às Contas Regionais, <strong>no</strong>s quais,consideran<strong>do</strong> apenas a comparação de 2009 com 2008, o segmento de construção civilevoluiu significativamente:A Construção civil também influenciou <strong>no</strong> crescimento da atividade, com volume da ordem de 7,5%em 2009, observan<strong>do</strong>-se expansão de 33,0% da mão de obra com carteira assinada na construção deedifícios, e que responde por cerca de 84,0% <strong>do</strong> contingente de pessoal com carteira assinada nesta atividade,segun<strong>do</strong> a Relação Anual de Informações Sociais - RAIS, <strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> e Emprego.(IBGE 2011c: p. 31).


340<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTABELA 114EMPRESAS E OUTRAS ORGANIZAÇÕES, PESSOAL OCUPADO TOTAL EM 31 DE DEZEMBRO,PARTICIPAÇÃO RELATIVA E CRESCIMENTO POR UNIDADE DA FEDERAÇÃOBRASIL E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2008 E 2009<strong>Brasil</strong> e Unidadesda Federação<strong>Brasil</strong>RondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal4.305.57824.0357.35224.8525.30453.0515.78119.09452.20637.830126.79243.42447.378106.82429.71222.906209.312483.90982.847329.4431.325.217331.502229.056410.81348.29762.123120.36666.152Número de Empresas e outras Organizações2006 20094.846.63928.1158.09329.4925.91164.1206.75522.19461.28240.817140.65049.60153.297118.91634.32726.515229.676534.53492.782355.8011.530.486372.005253.245434.48453.47773.080144.31582.669Part. %2009100,00,60,20,60,11,30,10,51,30,82,91,01,12,50,70,54,711,01,97,331,67,75,29,01,11,53,01,7Variação %2006 a 200912,617,010,118,711,420,916,816,217,47,910,914,212,511,315,515,89,710,512,08,015,512,210,65,810,717,619,925,0Número de Empresas e outras Organizações2006 200939.622.751226.59091.299464.88538.007707.16173.846198.589441.629320.9161.107.464461.636453.4471.219.511477.738298.7131.721.9233.971.419745.8443.752.09312.463.6502.488.2601.828.2962.837.663388.949487.1121.004.1881.351.92346.682.448291.332104.604583.57877.848857.060103.188246.656578.371388.8431.386.101543.290553.4041.464.493495.063350.5122.070.6474.766.419862.0854.390.06714.709.2632.933.1942.138.4172.979.970460.716581.4111.250.7021.515.214Part. %2009100,00,60,21,30,21,80,20,51,20,83,01,21,23,11,10,84,410,21,89,431,56,34,66,41,01,22,73,2Variação %2006 a 200917,828,614,625,5104,821,239,724,231,021,225,217,722,020,13,617,320,320,015,617,018,017,917,05,018,519,424,512,1Fonte: IBGE - Cadastro Central de Empresas


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 341O MOVIMENTO DE ENTRADA, SAÍDA, E A SOBREVIVÊNCIA DASEMPRESAS NO MERCADOA dinâmica da eco<strong>no</strong>mia produz um fluxo de entrada e saída de empresas <strong>no</strong> merca<strong>do</strong>que está intimamente relaciona<strong>do</strong> com aspectos relativos ao desempenho econômicoe à competitividade, assim como a mudanças e realocações de atividades em nichosdiferencia<strong>do</strong>s, <strong>no</strong>s quais se processam buscas sistemáticas e contínuas por <strong>no</strong>vasadaptações e avanços operacionais.O recente estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> IBGE - basea<strong>do</strong> nas informações <strong>do</strong> CEMPRE - com o título de Demografiadas Empresas, traz um conjunto de informações que permite uma visão <strong>do</strong> movimentode entrada, saída, reentrada e sobrevivência das empresas <strong>no</strong> merca<strong>do</strong>, assim comoestatísticas relativas às empresas de alto crescimento e, também, às empresas “gazelas 187 ”.Conforme já menciona<strong>do</strong> anteriormente, o CEMPRE é estrutura<strong>do</strong> com informaçõesoriundas da RAIS, assim como das pesquisas anuais <strong>do</strong> órgão nas áreas de Indústria,Construção, Comércio e Serviços. Com o referi<strong>do</strong> recorte cadastral, torna-seimprescindível ressaltar que o estu<strong>do</strong> refere-se, exclusivamente, ao segmento formal dasempresas brasileiras, ou seja, aquelas inscritas <strong>no</strong> CNPJ, da Secretaria da Receita Federal,abrangen<strong>do</strong> entidades empresariais, órgãos da administração pública e instituiçõesprivadas sem fins lucrativos.Com base nas informações divulgadas pelo IBGE e relativas ao a<strong>no</strong> de 2008, observa-se queo número total de empresas ativas 188 alcançava 4,1 milhões, responsáveis pela ocupaçãode 32,8 milhões de pessoas, geran<strong>do</strong> uma ocupação média de 8 pessoas/empresa. Do totalde ocupações, cerca de 27 milhões correspondiam a trabalho assalaria<strong>do</strong>. Os outros 5,7milhões de ocupações eram remuneradas na condição de sócios ou proprietários.Como empresas sobreviventes foram consideradas as ativas, existentes em 2007, e quepermaneceram ativas em 2008, independente <strong>do</strong> a<strong>no</strong> de fundação e/ou entrada ematividade. Nessa categoria o estu<strong>do</strong> contabilizou 3,2 milhões de empresas, com um pessoalocupa<strong>do</strong> que atingiu 30,9 milhões de pessoas, <strong>do</strong>s quais 26,2 milhões eram assalaria<strong>do</strong>s.Em relação às entradas, 558,6 mil empresas foram consideradas <strong>no</strong>vas (nascimentos),enquanto que aquelas que voltaram ao merca<strong>do</strong> (reentradas) totalizaram 330,9 mil.As Saídas totalizaram 719,9 mil empresas, apresentan<strong>do</strong> um contingente de pessoal ocupa<strong>do</strong>que atingiu 1,3 milhões de pessoas, <strong>do</strong>s quais 414,9 mil eram assalaria<strong>do</strong>s.Em relação ao sal<strong>do</strong> resultante <strong>do</strong> movimento de entrada e saída das empresas, ten<strong>do</strong> comoponto de partida o a<strong>no</strong> 2007, salienta-se que ele foi positivo, quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> com 2008,registran<strong>do</strong> a incorporação de cerca de 170 mil empresas, o que representou um acréscimona atividade econômica e, como consequência, um aumento na oferta de bens e serviços.Mesmo com o avanço <strong>do</strong> processo de automação e/ou ampliação <strong>do</strong>s níveis tec<strong>no</strong>lógicos,observa-se que a média de pessoal ocupa<strong>do</strong> das empresas <strong>no</strong>vas era de 2,55 pessoas/em-187O conceito de empresas gazelas refere-se àquelas empresas que crescem expressivamente e, também, muitorapidamente.188Abrange entidades empresariais, órgãos da administração pública e instituições privadas sem fins lucrativos.


342<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federaçãopresa, maior, portanto, que o grau de absorção das empresas que saíram <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, asquais ocupavam, em média, 1,90 pessoa/empresa. As empresas que empreenderam umareentrada <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> realizaram tal inserção absorven<strong>do</strong>, um número ainda me<strong>no</strong>r detrabalha<strong>do</strong>res (1,69 pessoa/empresa).A porcentagem média de assalaria<strong>do</strong>s nas empresas que entraram <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> era de41,3%. Porém, essa porcentagem era claramente superior entre aquelas classificadas como<strong>no</strong>vas (nascimentos) (48,3%), se comparadas com aquelas caracterizadas como reentradas(23,5%). Por sua vez, <strong>no</strong> caso das empresas que saíram <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, os assalaria<strong>do</strong>srepresentavam 30,4% <strong>do</strong>s ocupa<strong>do</strong>s. Os resulta<strong>do</strong>s consolida<strong>do</strong>s podem ser observa<strong>do</strong>sna Tabela 115.TABELA 115NÚMERO DE EMPRESAS, PESSOAL OCUPADO TOTAL E ASSALARIADO E SALÁRIOS E OUTRASREMUNERAÇÕES E RESPECTIVA DISTRIBUIÇÃO SEGUNDO O TIPO DE EVENTO DEMOGRÁFICOBRASIL, 2008Tipo deEventoDemográficoNúmero de EmpresasTotal Part%TotalTotalPessoal Ocupa<strong>do</strong>Assalaria<strong>do</strong>Part% Total Part%Salários e OutrasRemunerações(Em R$ 1.000)TotalPart%AtivasSobreviventesEntradasNascimentosReentradasSaídas4.077.6623.188.176889.486558.608330.878719.915100,078,221,813,78,117,732.833.87330.853.4901.980.3831.421.741558.6421.365.064100,094,06,04,31,74,226.978.08626.160.232817.854686.445131.409414.908100,097,03,02,50,51,5434.407.204429.513.8184.893.3863.798.9961.094.3906.257.739100,098,91,10,90,31,4Fonte: IBGE, Demografia das Empresas - 2008Na análise <strong>do</strong> porte das empresas, ten<strong>do</strong>-se como referência para a estruturação da classificaçãoa quantidade de pessoas ocupadas, torna-se bastante perceptível que os eventosde entrada e saída se manifestam com mais intensidade nas pequenas empresas, especialmentenaquelas em que não há contratação de pessoal assalaria<strong>do</strong>. No seu relatórioanalítico, basea<strong>do</strong> em um conjunto mais amplo de informações, o IBGE faz as seguintesconsiderações:Observa-se que existe uma relação direta entre o porte das empresas e a taxa de sobrevivência, pois enquantoentre as empresas sem pessoal assalaria<strong>do</strong> somente 67,6% são sobreviventes, nas empresascom 1 a 9 pessoas esta taxa sobe para 89,2%, e para as empresas com 10 ou mais pessoas ocupadasfoi de 96,0%. Por sua vez, <strong>no</strong>s movimentos de entrada (nascimentos e reentradas) e saídas, a relaçãoé inversa, pois as taxas mais elevadas foram observadas entre as empresas sem emprega<strong>do</strong>s, 19,0%,13,4% e 29,1%, respectivamente. As empresas com 1 a 9 pessoas assalariadas apresentaram um patamarinferior nestes eventos, 8,4%, 2,3% e 4,9%, respectivamente. (IBGE, 2010c: p. 23)No que tange à análise sob um recorte regional, o conceito de empresa dá lugar ao deUnidade Local. A unidade local é entendida como o lugar onde as empresas exercem suasatividades. Portanto, o número de unidades locais é, em geral, maior que o quantitativo deempresas, da<strong>do</strong> que uma empresa pode atuar em mais de um lugar.Do ponto de vista regional, a hegemonia da região Sudeste aparece em to<strong>do</strong>s os chama<strong>do</strong>seventos demográficos pesquisa<strong>do</strong>s pelo IBGE, com o objetivo de conhecer o movimentodas empresas <strong>no</strong> merca<strong>do</strong>. A região Sudeste responde por 51,7% de todas as unidades


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 343locais ativas <strong>do</strong> país, por 52,4% das sobreviventes, 49,4% <strong>do</strong>s nascimentos, 49,3% dasreentradas e 48,8% de todas as saídas. Com me<strong>no</strong>res percentuais se apresentam, emordem decrescente, as seguintes regiões: Sul, Nordeste, Centro-Oeste e Norte. A Tabela116 permite a leitura <strong>do</strong>s percentuais de todas as regiões brasileiras, por tipo de eventodemográfico.TABELA 116NÚMERO DE UNIDADES LOCAIS TOTAL E DISTRIBUIÇÃO PERCENTUALSEGUNDO O TIPO DE EVENTO DEMOGRÁFICOBRASIL E GRANDES REGIÕES, 2008Tipo de EventoDemográfico<strong>Brasil</strong>NorteNúmero de Unidades LocaisNordesteSudesteSulCentro-OesteAtivasSobreviventesEntradasNascimentosReentradasSaídas4.394.1823.433.597960.585612.954347.631770.769147.440104.78842.65226.73515.91732.375660.416498.649161.767100.19561.572132.7432.272.8841.798.577474.307303.016171.291376.183984.565785.252199.313127.13772.176168.850328.877246.33182.54655.87126.67560.618Distribuição Percentual (%)AtivasSobreviventesEntradasNascimentosReentradasSaídas100,0100,0100,0100,0100,03,43,14,44,64,215,014,516,317,717,251,752,449,449,348,822,422,920,720,821,97,57,29,17,77,9Fonte: IBGE, Demografia das Empresas - 2008Consideran<strong>do</strong>-se o total das unidades locais ativas de cada esta<strong>do</strong>, as maiores taxasde sobrevivência foram registradas nas seguintes UFs: Santa Catarina (82,2%), Rio deJaneiro (80,5%), Minas Gerais (79,6%), Rio Grande <strong>do</strong> Sul (79,4%) e Paraíba (79,3%). Porsua vez, os me<strong>no</strong>res níveis de sobrevivência foram registra<strong>do</strong>s <strong>no</strong> Pará (72,1%), Amazonas(68,1%), Acre (66,9%), Roraima (66,2%) e Amapá (66,0%).Em relação às entradas (unidades locais que entraram em atividade <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de referência),destacam-se: Amapá (34%), Roraima (33,8%), Acre (33,1%), Amazonas (31,9%) e Pará (27,9%).Os me<strong>no</strong>res percentuais couberam aos seguintes esta<strong>do</strong>s: Paraíba (20,7%), Rio Grande <strong>do</strong> Sul(20,6%), Minas Gerais (20,4%), Rio de Janeiro (19,5%) e Santa Catarina (17,8%).Os esta<strong>do</strong>s onde foram observa<strong>do</strong>s os maiores percentuais de unidades locais que saíram<strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> com os seus respectivos totais de unidades ativas foram:Amazonas (24,9%), Amapá (24,5%), Acre (23,3%), Maranhão (22,7%) e Rondônia (22,5%).As unidades federativas com me<strong>no</strong>res saídas de unidades locais em relação às unidadesativas foram: Minas Gerais (17,1%), Rio de Janeiro (16,6%), São Paulo (16,3%), DistritoFederal (15,8%) e Santa Catarina (13,4%).As informações, por UFs permitem uma visão mais espacializada <strong>do</strong> movimento das unidadeslocais em to<strong>do</strong> o <strong>Brasil</strong> e estão detalhadas na Tabela 117.


344<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTABELA 117NÚMERO DE UNIDADES LOCAIS POR TIPO DE EVENTO DEMOGRÁFICOBRASIL E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2008<strong>Brasil</strong> e Unidadesda Federação<strong>Brasil</strong>RondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito FederalAtivas4.394.18225.1637.23727.1756.07055.5256.28319.98749.32433.060121.14845.03644.859105.21230.41423.389207.974477.79785.246318.6981.391.143338.118237.476408.97151.66270.048132.89774.270Número de Unidades LocaisTipo de Evento DemográficoSobreviventes Entradas Saídas de AtividadeTotal Part%Total Part% Total Part%3.433.59718.6024.84018.5034.01640.0534.14414.63036.16625.16291.53633.66035.59179.23222.74018.275156.287380.33766.602256.6331.095.005265.139195.275324.83839.68651.07699.60555.96478,173,966,968,166,272,166,073,273,376,175,674,779,375,374,878,175,179,678,180,578,778,482,279,476,872,974,975,4960.5856.5612.3978.6722.05415.4722.1395.35713.1587.89829.61211.3769.26825.9807.6745.11451.68797.46018.64462.065296.13872.97942.20184.13311.97618.97233.29218.30621,926,133,131,933,827,934,026,826,723,924,425,320,724,725,221,924,920,421,919,521,321,617,820,623,227,125,124,6770.7695.6571.6836.7601.22411.3401.5374.17411.1826.21824.9788.3537.87322.5465.8364.14041.61781.86414.62152.836226.86260.23731.90176.7129.12114.16425.59511.73817,522,523,324,920,220,424,520,922,718,820,618,517,621,419,217,720,017,117,216,616,317,813,418,817,720,219,315,8Fonte: IBGE, Demografia das Empresas - 2008O EMPREENDEDORISMOO estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> IBGE sobre Empreende<strong>do</strong>rismo, basea<strong>do</strong> <strong>no</strong> CEMPRE, permitiu incursões emalguns aspectos das empresas que podem caracterizá-las como empreende<strong>do</strong>ras, mesmoreconhecen<strong>do</strong> as dificuldades estatísticas de se materializar, em números ou indica<strong>do</strong>res,aspectos muitas vezes teóricos/conceituais de difícil quantificação. Buscan<strong>do</strong> encontrarelementos capazes de definir traços que possam aproximar uma tipificação <strong>do</strong> que poderiaser uma atividade empreende<strong>do</strong>ra, o instituto aborda diversas leituras sobre o tema e fazobservações quanto à limitação e a simplificação <strong>do</strong>s conceitos aplica<strong>do</strong>s:Do ponto de vista teórico, a relação entre atividade empreende<strong>do</strong>ra e crescimento econômico é direta.Porém, há dificuldade de mensuração estatística desta inferência. Recentemente, com os tipos deferramentas disponíveis, não se pode precisar a trajetória percorrida entre a pujança empreende<strong>do</strong>ra


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 345de uma nação e a expectativa de ganhos econômicos e sociais da mesma. Ainda mais, com a forma comque as estatísticas atuais estão organizadas, não se tem como medir o quanto da hipótese teórica inicialse transfere às diferentes realidades de cada país, o que torna mais árdua a tarefa de implementação deações sistêmicas, de curto e longo prazo, para que o fomento à iniciativa empreende<strong>do</strong>ra das empresaspossa representar ganhos maiores à sociedade.Há de se destacar que o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> empreende<strong>do</strong>rismo pode ser feito, por um la<strong>do</strong>, através <strong>do</strong>prisma <strong>do</strong> empreende<strong>do</strong>r, focan<strong>do</strong> a análise nas ações que o indivíduo perpetra para empreender.Por outro, há o viés da empresa em si, como entidade formal de atuação <strong>no</strong> merca<strong>do</strong>, refletin<strong>do</strong>as expectativas e intenções <strong>do</strong>s indivíduos que a constituem e movem. Recentemente, muitaspublicações têm a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> o conceito “empresa de alto crescimento” (EAC) como tema central<strong>do</strong>s seus estu<strong>do</strong>s. Uma empresa é considerada de alto crescimento, segun<strong>do</strong> o critério da OCDE,quan<strong>do</strong> apresenta crescimento médio <strong>do</strong> pessoal ocupa<strong>do</strong> assalaria<strong>do</strong> de 20,0% ao a<strong>no</strong> ou mais,por um perío<strong>do</strong> de três a<strong>no</strong>s, e tem pelo me<strong>no</strong>s 10 pessoas ocupadas assalariadas <strong>no</strong> a<strong>no</strong> inicialde observação. As empresas de alto crescimento com até cinco a<strong>no</strong>s de idade <strong>no</strong> a<strong>no</strong> inicial sãode<strong>no</strong>minadas de gazelas. Ressalta-se que as gazelas constituem um subconjunto das empresas dealto crescimento. (IBGE, 2011d: p. 10)Com base nas informações disponíveis e diante das limitações impostas, o IBGE a<strong>do</strong>toucomo conceito central a existência de empresas de alto crescimento, exploran<strong>do</strong> tambémo conceito de empresas gazelas.Por conta <strong>do</strong> conceito de empresa de alto crescimento restringiu-se a leitura àquelascom pelo me<strong>no</strong>s 10 pessoas ocupadas <strong>no</strong> a<strong>no</strong> inicial de observação. As empresas foramanalisadas, ten<strong>do</strong> como referência o perío<strong>do</strong> 2005-2008. Na análise, o foco principaldirigiu-se para as empresas de alto crescimento e para as chamadas empresas gazelas.Segun<strong>do</strong> o IBGE, as empresas de alto crescimento foram responsáveis pela geração de2,9 milhões <strong>do</strong>s 5,0 milhões de postos formais de trabalho assalaria<strong>do</strong>, entre os a<strong>no</strong>s2005 e 2008, geran<strong>do</strong> 57,4% <strong>do</strong>s <strong>no</strong>vos postos de trabalho, e ainda obtiveram 172,4% decrescimento médio, <strong>no</strong> mesmo perío<strong>do</strong>.Com relação à mobilidade das empresas de alto crescimento, segun<strong>do</strong> o porte, pode-seafirmar que, <strong>no</strong> perío<strong>do</strong> 2005-2008, 62,1% das pequenas empresas mantiveram-se em seuporte em 2008, 36,5% se transformaram em médias empresas e apenas 1,3% tornaramsegrandes. Quanto às médias empresas, 62,1% se mantiveram como médias, enquanto37,9% aumentaram o seu porte, Tabela 118.TABELA 118MOBILIDADE DAS EMPRESAS DE ALTO CRESCIMENTOENTRE OS PORTES DAS EMPRESASBRASIL, 2005-2008Porte das Empresasem 2008PequenasMédiasGrandesMobilidade das Empresas de Alto CrescimentoPorte das Empresas em 2005Pequenas Médias Grandes62,10,00,036,562,10,01,337,9100,0Fonte: IBGE, Cadastro Central de Empresas 2005-2008.Elaboração: IBGE, Estatísticas de Empreende<strong>do</strong>rismo - 2008. Ed. 2011


346<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoCom o intuito de conhecer especificidades das empresas de alto crescimento, o IBGEcalculou taxas intrassetoriais e intersetoriais. Para o cálculo das taxas intrassetoriais, foiconsidera<strong>do</strong> o número de empresas de alto crescimento <strong>no</strong> total de empresas <strong>do</strong> setor;para o cálculo das taxas intersetoriais, foi considera<strong>do</strong> o número de empresas de altocrescimento <strong>no</strong> total de empresas. Consideran<strong>do</strong> as taxas intrassetoriais das empresas dealto crescimento, os destaques ficam por conta da Construção, com 2,9% de empresas dealto crescimento <strong>no</strong> total de empresas <strong>do</strong> setor e a Indústria, com 2,1%, acima da médiade 0,8%, conforme Tabela 119. Os da<strong>do</strong>s da indústria brasileira, inclusive, se destacamquan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s internacionalmente. Neste setor, o <strong>Brasil</strong> possui uma taxa elevadade empresas de alto crescimento. Dos 21 países considera<strong>do</strong>s na publicação Measuringentrepreneurship: a collection of indicators, divulgada pela OCDE em 2009, o <strong>Brasil</strong>obteve o quarto maior índice intrassetorial, ultrapassa<strong>do</strong> por Bulgária, Eslováquia eLetônia. (IBGE, 2011d).TABELA 119NÚMERO DE EMPRESAS, TOTAL E DE ALTO CRESCIMENTO, E TAXA INTRASSETORIALSEGUNDO OS SETORES DE ATIVIDADE ECONÔMICA E AS RESPECTIVAS SEÇÕES DA CNAE 2.0BRASIL, 2008Setores de atividade econômica e asrespectivas seções da CNAE2.0Indústria (B+C+D+E)Serviços (H+I+J+K+L+M+N+O)Construção (F)Comércio (G)Outros (A+P+Q+R+T)TotalFonte: IBGE, Cadastro Central de Empresas 2005-2008.Elaboração: IBGE, Estatísticas de Empreende<strong>do</strong>rismo - 2008. Ed. 2011Número de EmpresasTotalAlto Crescimento426.0778.8441.185.4557.787131.3083.7702.089.6488.161245.1742.3924.077.66230.954TaxaIntrassetorial (%)2,10,72,90,40,00,8A análise da taxa intersetorial de empresas de alto crescimento por seção da CNAE 2.0,revela como destaque as Indústrias de transformação e Comércio;reparação de veículosautomotores e motocicletas, com, respectivamente,27,4% e 26,4% <strong>do</strong> total de empresasde alto crescimento, muito acima da seção Construção, que aparece com 12,2% como aterceira em número de empresas desta natureza.Em 2008, dentre as empresas de alto crescimento, as chamadas gazelas, representavamcerca de 40,0%. O referi<strong>do</strong> percentual estava constituí<strong>do</strong>, em termos absolutos, por cercade 12,4 mil empresas, cujo expressivo e rápi<strong>do</strong> crescimento <strong>no</strong> perío<strong>do</strong> 2005 a 2008justificaram tal caracterização.Vale ressaltar, também, que 28,0% <strong>do</strong> pessoal ocupa<strong>do</strong> nas empresas de alto crescimentoestavam aloca<strong>do</strong>s nas empresas gazelas, e que o conjunto de salários e outras remuneraçõespagos por tais empreendimentos atingiu uma representação de 22,4% <strong>do</strong> valor total pagopelo conjunto das empresas de alto crescimento.A análise por faixa de pessoal ocupa<strong>do</strong> permite observar que o título de gazelas é maisamplamente representa<strong>do</strong> pelas empresas que operam com um contingente que se situaentre 10 a 249 ocupações. No intervalo de 10 a 49 pessoas ocupadas as gazelas representam42,7% <strong>do</strong> número total de empresas de alto crescimento e, na faixa das empresas médias(ou seja com um número de ocupações de 50 a 249 pessoas), o percentual atinge 39,2%. As


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 347empresas gazelas de maior porte (ou seja, aquelas com um número superior a 250 pessoasocupadas), representam 27,4% das empresas de alto crescimento. Os quantitativos depessoal ocupa<strong>do</strong> assalaria<strong>do</strong>, por quantidade de pessoas ocupadas, assim como os valoresrepresentativos de salários e outras remunerações apresentam proporções relativamentesemelhantes entre as empresas com diferentes quantidades de pessoas ocupadas comopode ser observa<strong>do</strong> na Tabela 120.TABELA 120EMPRESAS DE ALTO CRESCIMENTO, PESSOAL OCUPADO ASSALARIADO E OUTRAS REMUNERAÇÕES, TOTAL EPARTICIPAÇÃO RELATIVA DAS EMPRESAS GAZELAS, SEGUNDO FAIXAS DE PESSOAL OCUPADO ASSALARIADOBRASIL, 2008Faixa dePessoalOcupa<strong>do</strong>Assalaria<strong>do</strong>AtivasEmpresas de AltoCrescimentoEmpresas GazelasTotal Part%TotalPessoal Ocupa<strong>do</strong>Assalaria<strong>do</strong>Empresas GazelasTotal Part%Salários e outrasRemunerações (Em R$ 1.000)TotalEmpresas GazelasTotal Part%Total10 a 4950 a 249250 ou mais30.95415.97812.0842.89212.3596.8274.74079239,942,739,227,44.505.237502.5491.226.7322.775.9561.260.658215.648466.078578.93228,042,938,020,969.488.8765.485.42516.656.59147.346.86015.539.9062.222.5595.681.6887.635.66022,440,534,116,1Fonte: IBGE, Demografia das Empresas - 2008Pela ótica das Unidades Locais e utilizan<strong>do</strong>-se como recorte as Unidades da Federação,pode-se observar a grande representatividade das unidades locais de empresas de altocrescimento (73,0%), assim como de empresas gazelas (70,8%), conjuntamente nasregiões Sul e Sudeste. Por ordem de relevância estão: São Paulo (33,8% de empresasde alto crescimento e 31,3% de gazelas), Minas Gerais (9,7% de empresas de altocrescimento e 9,8% de gazelas), Rio de Janeiro (7,9% de empresas de alto crescimentoe 8,9% de gazelas), Paraná (6,9% de empresas de alto crescimento e 7,0% de gazelas)e Rio Grande <strong>do</strong> Sul ( 7,2% de empresas de alto crescimento e 6,1% de gazelas).As cinco me<strong>no</strong>res participações estaduais <strong>no</strong> contexto nacional totalizam uma representatividadede 1,5% <strong>no</strong> total das unidades locais de alto crescimento e 1,7% das gazelas.Dentre os esta<strong>do</strong>s com me<strong>no</strong>res participações, to<strong>do</strong>s eram pertencentes às regiõesNorte e Nordeste <strong>do</strong> país: Piauí (com as empresas de alto crescimento representan<strong>do</strong>0,6% e as gazelas, também, 06%), Tocantins ( 0,4% de alto crescimento e igual percentualpara as gazelas); Acre (0,2% para alto crescimento e 0,3% para as gazelas),Amapá (0,2% para as duas categorias) e, Roraima (0,1% para alto crescimento e 0,2%para as gazelas).Vale ressaltar que, visualizan<strong>do</strong>-se as proporções das unidades locais de empresas gazelas<strong>no</strong> conjunto das empresas de alto crescimento, por Unidade da Federação, têm-se umahierarquização diferenciada e que evidencia avanços significativos <strong>no</strong> empreende<strong>do</strong>rismode unidades empresariais em regiões com diferentes magnitudes econômicas.Nesse senti<strong>do</strong>, superan<strong>do</strong> a proporção exibida pela média nacional (23,2%) estão 21Unidades da Federação, entre as quais os cinco principais destaques são <strong>do</strong>s seguintesesta<strong>do</strong>s: Acre (35,9%), Pará (28,4%), Ceará (28,3%), Amapá (27,4%), Mato Grosso eAlagoas (26,9%). Com proporções me<strong>no</strong>res que a obtida pela média nacional situam-


348<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federaçãose seis Unidades da Federação, entre as quais as cinco me<strong>no</strong>res são: Rio Grande<strong>do</strong> Norte (22,2%), Distrito Federal (22,1%), Mato Grosso <strong>do</strong> Sul (21,6%), São Paulo(21,5%) e Rio Grande <strong>do</strong> Sul (19,5%). Esse fenôme<strong>no</strong> indica, sem prejuízo de outrasanálises e/ou interpretações, estar haven<strong>do</strong> modernização e aperfeiçoamento <strong>do</strong>smecanismos de planejamento e gestão das organizações, motivo pelo qual, quan<strong>do</strong>instaladas em esta<strong>do</strong>s com eco<strong>no</strong>mias mais incipientes passaram a assumir maiorrepresentatividade.A Tabela 121, possibilita a observação das participações relativas das Unidades Locaisde empresas de alto crescimento, assim como das empresas gazelas por Unidade daFederação.TABELA 121UNIDADES LOCAIS DE EMPRESAS DE ALTO CRESCIMENTO E DE EMPRESAS GAZELAS TOTAL E DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL,COM INDICAÇÃO DA PROPORÇÃO DE EMPRESAS GAZELAS NO TOTAL DAS UNIDADES LOCAIS DE ALTO CRESCIMENTOBRASIL E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2008<strong>Brasil</strong> e Unidadesda Federação<strong>Brasil</strong>São PauloMinas GeraisRio de JaneiroRio Grande <strong>do</strong> SulParanáSanta CatarinaBahiaPernambucoGoiásCearáEspírito SantoMato GrossoDistrito FederalParáRio Grande <strong>do</strong> NorteAmazonasMato Grosso <strong>do</strong> SulMaranhãoParaíbaRondôniaAlagoasSergipePiauíTocantinsAcreAmapáRoraimaUnidades locaisEmpresas de AltoCrescimentoEmpresas GazelasTotalDistribuiçãoDistribuição(%)Total(%)67.561100,067.561100,022.86333,822.86333,86.5319,76.5319,75.3697,95.3697,94.8887,24.8887,24.6616,94.6616,93.6825,43.6825,42.8054,22.8054,21.9322,91.9322,91.7522,61.7522,61.6782,51.6782,51.4262,11.4262,11.2621,91.2621,91.2511,91.2511,91.1601,71.1601,79221,49221,48071,28071,27541,17541,17221,17221,16180,96180,95290,85290,84690,74690,74340,64340,64320,64320,62610,42610,41450,21450,21130,21130,2950,1950,1Proporção de EmpresasGazelas <strong>no</strong> Total dasUnidades Locais de AltoCrescimento23,221,523,726,119,523,624,024,525,623,328,323,326,922,128,422,226,021,625,226,723,826,926,322,923,435,927,425,3Fonte: IBGE, Demografia das Empresas - 2008.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 349INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NAS EMPRESASA análise acerca da i<strong>no</strong>vação tec<strong>no</strong>lógica nas empresas será baseada na mais recente Pesquisade I<strong>no</strong>vação Tec<strong>no</strong>lógica (PINTEC) realizada pelo IBGE, referente ao a<strong>no</strong> de 2008,que focou o perío<strong>do</strong> de 2006 a 2008.A PINTEC tem por objetivo a construção de indica<strong>do</strong>res setoriais, nacionais e regionais,das atividades de i<strong>no</strong>vação tec<strong>no</strong>lógica nas empresas industriais brasileiras e deserviços seleciona<strong>do</strong>s (edição, telecomunicações e informática) e <strong>do</strong> setor de pesquisae desenvolvimento, compatíveis com as recomendações internacionais em termosconceituais e meto<strong>do</strong>lógicos 189 .A PINTEC 2008 engloba todas as empresas com dez ou mais pessoas ocupadas, registradas<strong>no</strong> CNPJ <strong>do</strong> Ministério da Fazenda, e que <strong>no</strong> cadastro <strong>do</strong> IBGE constam ter atividadeprincipal, conforme a CNAE 2.0, pertencentes a:Indústria (abarca as indústrias extrativa e de transformação)Serviços seleciona<strong>do</strong>s (edição e gravação e edição de música, telecomunicações einformática)Pesquisa e Desenvolvimento (P&D 190 )A taxa de i<strong>no</strong>vação 191 <strong>do</strong> total <strong>do</strong> âmbito da indústria, serviços seleciona<strong>do</strong>s e setor P&Dcresceu de 33,4% entre o perío<strong>do</strong> 2003-2005 para 38,1% entre 2006-2008, segun<strong>do</strong> aPINTEC 2008.Entre 2006 e 2008, um contingente de 38.299 <strong>do</strong> conjunto das 100.496 empresasindustriais realizou i<strong>no</strong>vação, fazen<strong>do</strong> com que a taxa de i<strong>no</strong>vação <strong>do</strong> setor industrialalcançasse 38,1% - percentual mais eleva<strong>do</strong> desde que a pesquisa começou a ser realizada(1998-2000) - conforme se observa na Tabela 122.No mesmo perío<strong>do</strong>, a taxa de i<strong>no</strong>vação <strong>no</strong>s serviços seleciona<strong>do</strong>s foi de 46,2% e de 97,5%<strong>no</strong> setor de P&D.189A referência conceitual e meto<strong>do</strong>lógica da PINTEC é baseada na terceira edição <strong>do</strong> Manual Oslo e, maisespecificamente, <strong>no</strong> modelo da Community In<strong>no</strong>vation Survey – CIS versão 2008, proposto pela OficinaEstatística da Comunidade Européia - Eurostat (Statistical Office of the European Communities), da qualparticiparam os 15 países membros da Comunidade Européia. (IBGE, 2010d).190No <strong>Brasil</strong>, o setor de P&D é composto por instituições da administração pública e, sobretu<strong>do</strong>, por entidades semfins lucrativos e empresariais, com função primordial de realizar pesquisa básica, aplicada ou desenvolvimentoexperimental. Grande parte destas instituições produz serviços especializa<strong>do</strong>s em conhecimento intensivo,direciona<strong>do</strong>s, principalmente, para as áreas de energia, agricultura, medicamentos e tec<strong>no</strong>logias da informação ecomunicação, e atuam para o gover<strong>no</strong> e para o setor priva<strong>do</strong> através de contratos com cláusula de confidencialidade.191Corresponde ao percentual de empresas investigadas que implementou produto e/ou processo <strong>no</strong>vo ousubstancialmente aprimora<strong>do</strong>.


350<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTABELA 122NÚMERO DE EMPRESAS INDUSTRIAIS INOVADORAS E TAXA DE INOVAÇÃO NO SETOR INDUSTRIALBRASIL, 1998-2000/2006-2008Perío<strong>do</strong> de Referência1998-20002001-20032003-20052006-2008*Número de EmpresasTotalI<strong>no</strong>va<strong>do</strong>ras72.00522.69884.26228.03691.05530.377100.49638.299Taxa de I<strong>no</strong>vação (%)31,533,333,438,1Fonte: IBGE - PINTEC 2008* Na edição de 2008, referente ao perío<strong>do</strong> de 2006-2008, o âmbito da indústria passou a não englobar mais as atividades deEdição e Reciclagem, devi<strong>do</strong> à introdução na PINTEC da <strong>no</strong>va CNAE 2.0.As taxas de i<strong>no</strong>vação variavam substancialmente conforme o porte da empresa. As empresasindustriais com maior contingente de pessoal ocupa<strong>do</strong> apresentavam taxas de i<strong>no</strong>vaçõessuperiores: naquelas com 500 ou mais emprega<strong>do</strong>s, 71,9% i<strong>no</strong>varam em produto ou processo(frente a uma média de 38,1%), sen<strong>do</strong> que 26,9% direcionaram produtos <strong>no</strong>vos ou aperfeiçoa<strong>do</strong>spara o merca<strong>do</strong> nacional e 18,1% implementaram processo i<strong>no</strong>va<strong>do</strong>r para o seu setor <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.Nas empresas de serviços seleciona<strong>do</strong>s de grande porte, 67,2% foram i<strong>no</strong>va<strong>do</strong>ras (frente a umamédia de 46,2%), 24,3% voltaram suas i<strong>no</strong>vações para o merca<strong>do</strong> brasileiro e 22,5% i<strong>no</strong>varamem processo. Já nas empresas de P&D, as taxas de i<strong>no</strong>vação são elevadas independentemente<strong>do</strong> porte, uma vez que promover i<strong>no</strong>vações é sua principal função.As oito atividades que apresentaram maiores taxas de i<strong>no</strong>vação foram de alta e médiaaltaintensidade tec<strong>no</strong>lógica, segun<strong>do</strong> classificação elaborada pela Organização para aCooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), adaptada pelo Eurostat para aCNAE 2.0: automóveis, camionetas, utilitários, caminhões e ônibus (83,2%), produtosfarmoquímicos e farmacêuticos (63,7%), outros produtos eletrônicos e ópticos (63,5%),produtos químicos (58,1%), equipamentos de comunicação (54,6%), equipamentos deinformática e periféricos (53,8%), máquinas e equipamentos (51,0%) e componenteseletrônicos (49,0%). Abaixo da média da indústria, encontra-se apenas um setor demédia-alta intensidade: outros equipamentos de transporte (36,1%). Os demais setoreseram de me<strong>no</strong>r conteú<strong>do</strong> tec<strong>no</strong>lógico, despontan<strong>do</strong> com taxas mais baixas as indústriasextrativas (23,7%) e os produtos de madeira (23,6%) (IBGE, 2010).Tratan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> investimento em atividades i<strong>no</strong>vativas, as informações da PINTECapontam que <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2008 a indústria investiu 2,5% <strong>do</strong> seu faturamento total nessamodalidade, o correspondente a R$ 43,7 bilhões. Em termos espaciais, a Tabela 123evidencia que o esta<strong>do</strong> de São Paulo concentrou a metade (50,2%) <strong>do</strong> dispêndio industrialcom atividades i<strong>no</strong>vativas. Vale destacar que São Paulo também abrigava quase um terço(32,3%) <strong>do</strong> total de empresas industriais i<strong>no</strong>vativas.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 351TABELA 123NÚMERO DE EMPRESAS INOVATIVAS NA INDÚSTRIA E DISPÊNDIO REALIZADOUNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2008Unidades daFederaçãoNúmero deEmpresasI<strong>no</strong>vativas% deParticipaçãoTotal NacionalDispêndiosRealiza<strong>do</strong>s(R$ 1.000)% deParticipaçãoTotal NacionalAmazonasParáCearáPernambucoBahiaMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulGoiásOutrasTotal4494338407291.0835.2089531.71312.3793.6413.2094.0291.2612.37338.3001,21,12,21,92,813,62,54,532,39,58,410,53,36,2100,01.242.321491.160353.968407.9971.027.6085.757.802250.8124.078.20221.933.3552.125.5891.502.8412.716.010934.078905.71843.727.4612,81,10,80,92,413,20,69,350,24,93,46,22,12,1100,0Fonte: IBGE - PINTEC 2008Elaboração: Escritório da <strong>OIT</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>Em seguida se destacava Minas Gerais, ao responder por 13,2% <strong>do</strong> dispêndio industrialcom atividades i<strong>no</strong>vativas e abrigar 13,6% <strong>do</strong> universo total de empresas i<strong>no</strong>vativas <strong>do</strong>setor industrial.O setor industrial investiu 0,62% de seu faturamento em P&D, percentual ligeiramentemais eleva<strong>do</strong> que em 2005 (0,57%), mesmo não contemplan<strong>do</strong> mais as atividadesde reciclagem e edição. Entretanto, o gasto total <strong>do</strong>s setores industrial, de serviçosseleciona<strong>do</strong>s e de P&D manteve-se estável em 0,8%.Conforme destaca o IBGE (2010d), entre 2006 e 2008, aproximadamente 4,8 milempresas i<strong>no</strong>va<strong>do</strong>ras investiram em atividades internas de P&D, distribuí<strong>do</strong>s da seguinteforma: 70,3% na indústria, 19,1% <strong>no</strong> setor de P&D e 10,5% <strong>no</strong>s serviços seleciona<strong>do</strong>s. Naanálise por nível de qualificação, observa-se que pouco mais de 60,0% das pessoas quetrabalhavam com as atividades de P&D possuíam nível superior; desse total, 47,8% eramgraduadas e 14,0% pós-graduadas. Nas atividades de serviços seleciona<strong>do</strong>s, 71,0% daspessoas ocupadas em P&D possuíam graduação, enquanto na indústria este percentualera de 51,7%. Por outro la<strong>do</strong>, a indústria sobressai <strong>no</strong> percentual de pós-gradua<strong>do</strong>s (9,1%contra 8,1% <strong>no</strong>s serviços seleciona<strong>do</strong>s), embora o principal destaque nesse nível dequalificação seja o setor de P&D (29,3%).A pesquisa também registra um aumento de 18,8% para 22,3% <strong>do</strong> percentual de empresasi<strong>no</strong>va<strong>do</strong>ras que utilizaram ao me<strong>no</strong>s um instrumento de apoio governamental, quan<strong>do</strong>compara<strong>do</strong>s os perío<strong>do</strong>s 2003-2005 e 2006-2008. No a<strong>no</strong>s 2006-2008, cerca de 9,2mil empresas utilizaram algum incentivo público federal para i<strong>no</strong>var. Entre as empresasindustriais i<strong>no</strong>va<strong>do</strong>ras, 22,8% (8,7 mil empresas) obtiveram ao me<strong>no</strong>s um benefício <strong>do</strong>gover<strong>no</strong> para desenvolver suas i<strong>no</strong>vações de produto e/ou processo. Esta proporção cresce


352<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federaçãocom o tamanho da empresa: é de 22,2% das que ocupam entre 10 e 99 pessoas, 23,7%daquelas que possuem entre 100 e 499 pessoas ocupadas e atinge 36,8% nas empresascom 500 ou mais pessoas ocupadas. Nas empresas de serviços seleciona<strong>do</strong>s, 15,3% dasi<strong>no</strong>va<strong>do</strong>ras usaram algum mecanismo de apoio <strong>do</strong> gover<strong>no</strong>, percentual abaixo <strong>do</strong> observa<strong>do</strong>na indústria (22,8%), e quase a totalidade das empresas de P&D recebeu algum tipo deapoio governamental entre 2006 e 2008 (37 das 39 i<strong>no</strong>va<strong>do</strong>ras). (IBGE, 2010d).No concernente aos impactos da i<strong>no</strong>vação, 84,5% das empresas i<strong>no</strong>va<strong>do</strong>ras consideradasna pesquisa apontaram ao me<strong>no</strong>s um impacto proveniente da i<strong>no</strong>vação como relevante(alto ou médio) entre 2006 e 2008. Na indústria, tal proporção foi de 88,4%, ao passoem que <strong>no</strong>s setores de serviços relaciona<strong>do</strong>s e P&D situaram-se em 86,8% e 100,0%,respectivamente. Os principais impactos relevantes aponta<strong>do</strong>s, por setor investiga<strong>do</strong>,figuram <strong>no</strong> Quadro 4 a seguir:QUADRO 4PRINCIPAIS IMPACTOS DAS INOVAÇÕES APONTADOS PELAS EMPRESAS (EM %)ATIVIDADES DA INDÚSTRIA, DOS SERVIÇOS RELACIONADOS E DE P&DBRASIL, 2008Principais Impactos das I<strong>no</strong>vaçõesIndústriaServiçosRelaciona<strong>do</strong>sP&DPermitiu manter a participação da empresa <strong>no</strong> merca<strong>do</strong>Melhorou a qualidade <strong>do</strong>s bens e serviçosAmpliou a participação da empresa <strong>no</strong> merca<strong>do</strong>Aumentou a capacidade de produção ou de prest. de serv.Aumentou a flexibilidade da produção ou de prest. de serv.Ampliou a gama de bens ou serviços oferta<strong>do</strong>sPermitiu abrir <strong>no</strong>vos merca<strong>do</strong>sPermitiu controlar aspectos liga<strong>do</strong>s à saúde e segurançaReduziu os custos de produção ou <strong>do</strong>s serviços presta<strong>do</strong>sEnquadramento em regulações e <strong>no</strong>rmas padrão relativas aomerca<strong>do</strong> inter<strong>no</strong> ou exter<strong>no</strong>.Permitiu reduzir o impacto sobre o meio ambienteReduziu os custos <strong>do</strong> trabalho76,075,268,368,066,961,358,849,948,742,133,147,580,679,070,568,866,168,558,818,636,934,015,5-71,892,361,569,261,589,759,038,551,356,441,0-Fonte: IBGE - PINTEC 2008Os ganhos de competitividade que a i<strong>no</strong>vação pode trazer são importantes estímulos para aimplementação de produtos e/ou processos <strong>no</strong>vos ou substancialmente aprimora<strong>do</strong>s pelaempresa. Na PINTEC 2005, 84,5% das empresas i<strong>no</strong>va<strong>do</strong>ras pertencentes ao âmbito dapesquisa apontaram ao me<strong>no</strong>s um impacto proveniente da i<strong>no</strong>vação como relevante (altoou médio). Em relação às i<strong>no</strong>va<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> 2006-2008, esse percentual aumentoupara 88,3%, indican<strong>do</strong> que um maior número de empresas que realizaram i<strong>no</strong>vação deproduto e/ou processo obtiveram impactos significativos provenientes da mesma.O percentual de empresas i<strong>no</strong>va<strong>do</strong>ras com problemas ou obstáculos à i<strong>no</strong>vação aumentoude 35,2% entre 2003 e 2005 para 49,8% entre 2006 e 2008. Acerca <strong>do</strong>s principaisproblemas e obstáculos aponta<strong>do</strong>s pelas empresas para i<strong>no</strong>var (como de importância altaou média), destacava-se um conjunto de quatro obstáculos principais que são comunsaos três setores investiga<strong>do</strong>s na PINTEC 2008, varian<strong>do</strong> apenas o posicionamento e adimensão <strong>do</strong>s mesmos, conforme pode ser constata<strong>do</strong> <strong>no</strong> Quadro 5.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 353Na indústria, figurava em primeiro lugar os eleva<strong>do</strong>s custos da i<strong>no</strong>vação (73,2%), segui<strong>do</strong>pelos riscos econômicos excessivos (65,9%), falta de pessoal qualifica<strong>do</strong> (57,8%) eescassez de fontes de financiamento (51,6%).Já <strong>no</strong>s serviços seleciona<strong>do</strong>s, sobressaía como principal problema a falta de pessoal qualifica<strong>do</strong>(70,4%), segui<strong>do</strong> pelos problemas de eleva<strong>do</strong>s custos da i<strong>no</strong>vação (72,1%), osriscos econômicos excessivos (62,6%) e a escassez de fontes de financiamento (48,7%).QUADRO 5PROBLEMAS E OBSTÁCULOS APONTADOS PELAS EMPRESAS QUE IMPLEMENTARAM INOVAÇÕES (EM %)ATIVIDADES DA INDÚSTRIA, DOS SERVIÇOS RELACIONADOS E DE P&DBRASIL, 2008Problemas e ObstáculosIndústriaServiçosRelaciona<strong>do</strong>sP&DEleva<strong>do</strong>s custos de i<strong>no</strong>vaçãoRiscos econômicos excessivosFalta de pessoal qualifica<strong>do</strong>Escassez de fontes de financiamentoRigidez organizacionalEscassez de serviços técnicosFalta de informação sobre tec<strong>no</strong>logiaFalta de informação sobre merca<strong>do</strong>Dificuldade para se adequar a padrõesEscassas possibilidades de cooperaçãoFraca resposta <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res73,265,957,851,631,137,337,232,632,131,630,272,162,670,448,734,442,230,831,035,531,926,473,363,346,770,040,026,730,040,036,733,323,3Fonte: IBGE - PINTEC 2008Entre o setor de P&D, os principais problemas e obstáculos eram: eleva<strong>do</strong>s custos dai<strong>no</strong>vação (73,3%), escassez de fontes de financiamento (70,0%), riscos econômicosexcessivos (63,3%) e falta de pessoal qualifica<strong>do</strong> (46,7%).A IMPORTÂNCIA DAS EMPRESAS NO MERCADO DE TRABALHO:UMA ANÁLISE SEGUNDO O PORTEAspectos Meto<strong>do</strong>lógicosA análise acerca da importância das empresas na geração de emprego, segun<strong>do</strong> o portedas mesmas será realizada com base nas informações recentemente disponibilizadaspelo Anuário <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> na Micro e Pequena Empresa 2010-2011, elabora<strong>do</strong> peloDIEESE em parceria com o Serviço <strong>Brasil</strong>eiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas(SEBRAE).As informações referentes ao porte das empresas foram obtidas a partir da base deda<strong>do</strong>s de estabelecimentos da RAIS <strong>do</strong> MTE. Conforme Nota Meto<strong>do</strong>lógica que consta<strong>no</strong> referi<strong>do</strong> anuário, o critério a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> para classificação <strong>do</strong>s estabelecimentos segun<strong>do</strong>porte foi defini<strong>do</strong> pelo SEBRAE por meio <strong>do</strong> texto: “Nota Meto<strong>do</strong>lógica para Definição<strong>do</strong>s Números Básicos de MPE”. Na referida <strong>no</strong>ta técnica, o porte <strong>do</strong> estabelecimento


354<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federaçãoé defini<strong>do</strong> em função <strong>do</strong> número de pessoas ocupadas e depende <strong>do</strong> setor de atividadeeconômica investiga<strong>do</strong> 192 , conforme quadro 6 a seguir:QUADRO 6CLASSIFICAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS SEGUNDO PORTEPorteMicroempresaPequena EmpresaMédia EmpresaGrande EmpresaSetores de Atividade EconômicaIndústria*Comércio e Serviços**até 19 pessoas ocupadasaté 09 pessoas ocupadasde 20 a 99 pessoas ocupadasde 10 a 49 pessoas ocupadasde 100 a 499 pessoas ocupadasde 50 a 99 pessoas ocupadas500 pessoas ocupadas ou mais100 pessoas ocupadas ou maisFonte: SEBRAEElaboração: DIEESE* As mesmas delimitações de porte foram utilizadas para o setor da Construção** O setor serviços não inclui Administração Pública e Serviço DomésticoA Evolução Recente <strong>do</strong> Emprego Formal Gera<strong>do</strong> pelasEmpresasCom base na meto<strong>do</strong>logia mencionada anteriormente, o <strong>Brasil</strong> contava com cerca de 6,18milhões de estabelecimentos priva<strong>do</strong>s não agrícolas formais <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2010. As Micro ePequenas Empresas (MPEs) desempenham um importante papel na eco<strong>no</strong>mia brasileira,inclusive em termos de geração de postos de trabalho. Em 2010, elas representavam99,0% <strong>do</strong>s estabelecimentos formais e respondiam por 51,6% <strong>do</strong>s empregos priva<strong>do</strong>s nãoagrícolas formais <strong>do</strong> país e aproximadamente 40,0% da massa salarial.O número de MPEs <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> evoluiu de 4,20 milhões <strong>no</strong> a<strong>no</strong> 2000 para 6,12 mihões deestabelecimentos em 2010, perfazen<strong>do</strong> um incremento absoluto de aproximadamente 1,9milhão e relativo de 45,2% ao longo da década.Do ponto de vista da geração <strong>do</strong> emprego, a evolução foi ainda mais significativa. Entre2000 e 2010, os vínculos empregatícios com carteira assinada gera<strong>do</strong>s pelas MPEscresceram de 8,6 milhões para 14,7 milhões, totalizan<strong>do</strong> 6,1 milhões de <strong>no</strong>vos postos detrabalho.Durante a primeira metade da década, o ritmo de crescimento médio anual <strong>do</strong>s empregosnas MPEs foi de 5,1%. Já <strong>no</strong> perío<strong>do</strong> 2005 a 2010, o ritmo da expansão se intensificoupara 6,1% ao a<strong>no</strong>, valen<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> bom desempenho da eco<strong>no</strong>mia brasileira, apesar dacrise financeira internacional deflagrada em setembro de 2008. No conjunto da década, ocrescimento médio anual foi de 5,5%.É importante destacar também a importância das Médias e Grandes Empresas (MGEs)na geração de empregos. Em 2010, por intermédio de 59,6 mil estabelecimentos, elasgeravam 13,8 milhões de postos de trabalho e respondiam por 48,4% <strong>do</strong> contingente totalde empregos priva<strong>do</strong>s não agrícolas formais <strong>do</strong> país.192 Segun<strong>do</strong> a meto<strong>do</strong>logia a<strong>do</strong>tada, “foram excluídas divisões relacionadas à agropecuária, devi<strong>do</strong> ao fato destesetor encontrar-se sub-representa<strong>do</strong> na RAIS. Parte expressiva <strong>do</strong>s produtores rurais não necessita registrarseu empreendimento como pessoa jurídica, bastan<strong>do</strong> para realizar sua atividade, registrar-se <strong>no</strong> âmbito dassecretarias de esta<strong>do</strong> da fazenda” (SEBRAE, 2006, p.13 Apud SEBRAE, 2011).


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 355O ritmo de crescimento <strong>do</strong> emprego nas MGEs foi também bastante expressivo durantea última década: em média 6,6% ao a<strong>no</strong> entre 2000 e 2010, superior portanto àqueleobserva<strong>do</strong> para as MPEs (5,5% ao a<strong>no</strong>). Mediante tal desempenho, as MGEs ampliaramsua participação na composição <strong>do</strong> emprego priva<strong>do</strong> não agrícola formal total, ao passarde 45,9% em 2000 para 48,4% em 2010. Durante esse perío<strong>do</strong> as MGEs geraram 6,5milhões de <strong>no</strong>vas vagas <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> formal de trabalho.A composição <strong>do</strong> emprego formal segun<strong>do</strong> o porte <strong>do</strong> estabelecimento apresentava umaexpressiva heterogeneidade ao longo <strong>do</strong> território nacional. Nas regiões Sul (58,1%) eCentro-Oeste (57,2%) a participação das MPEs na estrutura <strong>do</strong> emprego formal superavaa média nacional (51,6%). Já nas regiões Sudeste e Nordeste observava-se um relativoequilíbrio, sen<strong>do</strong> que <strong>no</strong> Sudeste as MGEs respondiam por pouco mais da metade (50,6%)<strong>do</strong>s vínculos empregatícios.Em 18 das 27 Unidades da Federação (UFs) as MPEs eram as principais gera<strong>do</strong>ras deemprego, com destaque para o Tocantins (70,7% <strong>do</strong> total), Mato Grosso (66,3%) e Acre(59,7%). Entre as <strong>no</strong>ve UFs com pre<strong>do</strong>mínio de vínculos empregatícios gera<strong>do</strong>s pelasMGEs, os maiores percentuais eram observa<strong>do</strong>s <strong>no</strong> Amazonas (65,4%), Alagoas (59,1%) eRio de Janeiro (53,4%), de acor<strong>do</strong> com a Tabela 124.


356<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoÁrea GeográficaTABELA 124NÚMERO E DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DE EMPREGOS FORMAIS POR PORTE DO ESTABELECIMENTOBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2010Número de Empregos* / Porte <strong>do</strong> EstabelecimentoMicro e Pequenas Empresas (MPE)Média e Grande (MGE)Total GeralMicro (M) (%)Pequena (PE) (%)Total (%)Número (%)Número (%)<strong>Brasil</strong>Região NorteRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsRegião NordesteMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaRegião SudesteMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloRegião SulParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulRegião Centro-OesteMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal6.835.790250.03949.45212.92840.8807.98697.28910.42831.0761.045.74969.00550.123173.80581.99173.721200.68951.96944.255300.1913.461.215822.217156.457546.1261.936.4151.538.966544.693437.012557.261539.82184.240117.414222.700115.46724,020,526,626,612,324,820,122,834,723,622,828,322,325,828,821,619,423,324,722,327,727,619,920,928,928,729,128,927,528,431,329,122,07.874.841344.66857.73716.12774.34910.842138.90914.39032.3141.177.88881.63449.315205.01694.84373.716238.91957.40454.635322.4064.209.114833.163176.281730.9792.468.6911.560.093567.093444.696548.304583.07889.493131.327220.332141.92627,628,331,133,122,333,728,731,436,026,62727,926,329,828,825,721,528,726,527,128,131,126,726,629,229,929,628,429,730,235,028,827,014.710.631594.707107.18929.055115.22918.828236.19824.81863.3902.223.637150.63999.438378.821176.834147.437439.608109.37398.890622.5977.670.3291.655.380332.7381.277.1054.405.1063.099.0591.111.786881.7081.105.5651.122.899173.733248.741443.032257.39351,648,857,759,734,658,548,854,270,750,249,856,248,655,657,647,340,952,051,249,455,858,746,647,558,158,658,757,357,258,666,357,949,013.781.046624.57478.60119.625218.13313.318247.61320.99326.2912.211.149151.88977.613400.304141.080108.478488.905158.23991.420593.2217.870.5501.312.579234.1451.462.2274.861.5992.234.669787.445621.969825.255840.104123.058126.635321.908268.50348,451,242,340,365,441,451,245,829,349,950,243,851,444,442,452,759,148,048,850,644,241,353,452,541,941,541,442,742,841,533,742,151,128.491.6771.219.281185.79048.680333.36232.146483.81145.81189.6814.434.786302.528177.051779.125317.914255.915928.513267.612190.3101.215.81815.540.8792.967.959566.8832.739.3329.266.7055.333.7281.899.2311.503.6771.930.8201.963.003296.791375.376764.940525.896100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0Fonte <strong>do</strong>s Da<strong>do</strong>s: MTE - RAISElaboração: DIEESE - Anuário <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> na Micro e Pequena Empresa 2010-2011 (SEBRAE/DIEESE)* Contempla os vínculos empregatícios existentes em 31 de dezembro <strong>no</strong>s estabelecimentos priva<strong>do</strong>s não agrícolas formais


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 357A Estrutura SetorialEm termos setoriais, durante toda a década, o comércio manteve-se como o setorcom maior número de MPEs <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, responden<strong>do</strong> por mais da metade <strong>do</strong> total dasmesmas. No entanto, a participação relativa <strong>do</strong> comércio caiu de 54,7%, em 2000, para51,5% <strong>do</strong> total das MPEs, em 2010, encerran<strong>do</strong> a década com cerca de 3,1 milhões deestabelecimentos. Por sua vez, o setor de serviços não apenas se manteve como o segun<strong>do</strong>setor mais expressivo em número de MPEs, como teve sua participação elevada de 29,9%<strong>do</strong> total nesse segmento de porte empresarial para 33,3% <strong>do</strong> total entre 2000 e 2010.Nesse último a<strong>no</strong>, havia cerca de 2,0 milhões de estabelecimentos desse porte <strong>no</strong> setor deserviços (SEBRAE, 2011).A indústria apresentou ligeira queda na sua participação relativa, sain<strong>do</strong> de 11,4% <strong>do</strong>total das MPEs, em 2000, para 10,7% em 2010, contan<strong>do</strong> com 657 mil estabelecimentosao final da década. Já o setor da construção apresentou ligeiro crescimento, ten<strong>do</strong> suaparticipação relativa subi<strong>do</strong> de 3,9% <strong>do</strong> total de MPEs para 4,5% entre 2000 e 2010,totalizan<strong>do</strong> 273 mil estabelecimentos nesse último a<strong>no</strong>.Tratan<strong>do</strong>-se das MGEs, em 2010, um contingente de 23,6 mil estabelecimentosdesse segmento de porte empresarial em to<strong>do</strong> o país pertencia ao setor de serviços ecorrespondiam a 39,6% <strong>do</strong> total (59,6 mil), conforme o Gráfico 31. Em seguida, figurava ocomércio com 19,9 mil estabelecimentos, o equivalente a 32,4% <strong>do</strong> total.GRÁFICO 31DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DAS MÉDIAS E GRANDES EMPRESAS – MGEsPOR SETOR DE ATIVIDADE ECONÔMICABRASIL, 2010Fonte <strong>do</strong>s Da<strong>do</strong>s: MTE – RAISElaboração: DIEESE - Anuário <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> na Micro e Pequena Empresa 2010-2011 (SEBRAE/DIEESE)


358<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoA indústria abrigava 12,5 mil empresas e participava com 21,0% <strong>do</strong> total de MGEs <strong>no</strong> a<strong>no</strong>de 2010. O me<strong>no</strong>r número de estabelecimentos empresariais de médio e grande porte (4,2mil) se fazia presente <strong>no</strong> setor de construção e representava 7,1% <strong>do</strong> total.No que se refere à geração de emprego formal, a análise setorial será realizada apenaspara as micro e pequenas empresas 193 .Em 2010, o setor de comércio gerava 6,1 milhões de vínculos empregatícios e respondiapor 41,3% <strong>do</strong> total de empregos das MPEs <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. Os serviços reforçavam arepresentatividade <strong>do</strong> setor terciário, ao responder por 27,1% <strong>do</strong>s postos de trabalho,conforme pode ser observa<strong>do</strong> na Tabela 125.As MPEs da indústria também apresentavam uma participação relevante, ao gerar 3,4milhões de empregos formais <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2010, o correspondente a 23,4% <strong>do</strong> total. Já osetor de construção, respondia por 8,2% das vagas com carteira de trabalho assinada.Regionalmente, a representatividade <strong>do</strong>s setores de atividade econômica assumia umarelativa heterogeneidade em função das especificidades <strong>do</strong> teci<strong>do</strong> econômico. Na regiãoNorte, por exemplo, o comércio era o responsável por praticamente a metade (49,2%)<strong>do</strong>s empregos formais existentes nas MPEs, sen<strong>do</strong> que <strong>no</strong> Amapá esse percentualalcançava 55,5%.Já na região Sul, o destaque ficava por conta da indústria, cuja participação na estrutura<strong>do</strong> emprego formal das MPEs (29,9% <strong>do</strong> total) superava em 6,5 pontos percentuais aparticipação desse setor na média nacional (23,4%), <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2010. Em função dessarelevância, as unidades federativas de Santa Catarina (34,1%) e <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul(29,1%), apresentavam os maiores níveis <strong>do</strong> país de representatividade da indústria nacomposição <strong>do</strong> emprego das MPEs.193O Anuário <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> na Micro e Pequena Empresa 2010-2011 não disponibilizou informações acerca dadistribuição <strong>do</strong> emprego gera<strong>do</strong> pelas médias e grandes empresas por setor de atividade econômica.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 359TABELA 125DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DE EMPREGOS NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS POR SETOR DE ATIVIDADE ECONÔMICABRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2010Área GeográficaNº Total deEmpregos*IndústriaDistribuição %Construção ComércioServiçosTotal<strong>Brasil</strong>Região NorteRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsRegião NordesteMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaRegião SudesteMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloRegião SulParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulRegião Centro-OesteMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal14.710.631594.707107.18929.055115.22918.828236.19824.81863.3902.223.637150.63999.438378.821176.834147.437439.608109.37398.890622.5977.670.3291.655.380332.7381.277.1054.405.1063.099.0591.111.786881.7081.105.5651.122.899173.733248.741443.032257.39323,418,421,615,720,311,318,89,914,918,612,918,526,119,519,120,012,917,415,323,423,922,415,225,729,927,434,129,117,615,620,222,38,58,210,08,215,88,513,99,811,012,110,310,711,210,312,313,89,010,612,99,17,59,310,06,46,97,67,27,97,89,68,68,59,511,441,349,250,648,145,352,949,255,551,145,355,049,340,142,843,343,948,741,047,639,841,341,040,938,938,641,135,139,046,049,149,243,744,727,122,419,520,525,921,922,323,621,925,821,421,123,525,423,827,127,728,727,929,225,526,637,528,523,924,322,924,226,826,622,124,535,4100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0Fonte <strong>do</strong>s Da<strong>do</strong>s: MTE - RAISElaboração: DIEESE - Anuário <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> na Micro e Pequena Empresa 2010-2011 (SEBRAE/DIEESE)* Contempla os vínculos empregatícios existentes em 31 de dezembro <strong>no</strong>s estabelecimentos priva<strong>do</strong>s não agrícolas formais


360<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoO setor de construção assumia uma maior expressividade relativa na estrutura <strong>do</strong> empregoformal das MPEs <strong>no</strong> Acre (15,8%), Roraima (13,9%) e Paraíba (13,8%) – percentuaisbastante acima daquele correspondente à média nacional (8,2%).Tratan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> segmento de serviços, a maior representatividade era observada <strong>no</strong> Rio deJaneiro e <strong>no</strong> Distrito Federal, cujas participações <strong>no</strong> total de vínculos empregatícios priva<strong>do</strong>snão agrícolas formais gera<strong>do</strong>s pelas MPEs eram de 37,5% e 35,4%, respectivamente.A Evolução e os Níveis de RemuneraçãoEntre os a<strong>no</strong>s de 2000 e 2010, a remuneração média real <strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>s formais nasMPEs cresceu em um ritmo de 1,4% a.a, passan<strong>do</strong> de R$ 961 em 2000, para R$ 1.099,em 2010. Este resulta<strong>do</strong> ficou acima tanto <strong>do</strong> crescimento da renda média <strong>do</strong> total detrabalha<strong>do</strong>res (0,9 % a.a) <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> formal, quanto daqueles que estavam aloca<strong>do</strong>s nasmédias e grandes empresas (0,4% a.a). A renda média real <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res nas MPEsmostrou melhor desempenho na segunda metade da década, com ampliação de 2,8% a.a.(SEBRAE, 2011).É importante ressaltar que, apesar de a remuneração média <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res das MGEster cresci<strong>do</strong> num ritmo inferior aos das MPEs durante a década de 2000, os níveis salariaissão significativamente mais eleva<strong>do</strong>s nas empresas de maior porte. Com efeito, em 2010,enquanto a remuneração média <strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>s formais nas MPEs era de R$ 1.099, nasMGEs a mesma alcançava R$ 1.786, ou seja, situava-se num nível 62,5% superior.Frente a esse contexto, mesmo as MGEs apresentan<strong>do</strong> uma proporção de participação <strong>no</strong>total de empregos formais (48,4%) ligeiramente inferior à das MPEs (51,6%), as MGEsrespondiam por 60,0% da massa salarial total.Acompanhan<strong>do</strong> a trajetória histórica das desigualdades regionais ainda prevalecentes <strong>no</strong>país, independentemente <strong>do</strong> porte da empresa, os níveis de remuneração eram maioresnas regiões Sudeste e Sul e me<strong>no</strong>res <strong>no</strong> Nordeste e Norte <strong>do</strong> país. Tratan<strong>do</strong>-se das MPEs,as maiores médias salariais <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2010 eram observadas em São Paulo (R$ 1.342),Distrito Federal (R$ 1.137), Santa Catarina (R$ 1.135) e Rio de Janeiro (R$ 1.109), conformeTabela 126. Os me<strong>no</strong>res salários médios eram pagos <strong>no</strong> Piauí (R$ 731), Ceará (R$ 737)e Paraíba (R$ 748).Já entre as MGEs, os maiores níveis de remuneração eram verifica<strong>do</strong>s na região Sudeste(R$ 2.056), sen<strong>do</strong> que alcançavam o pico nacional em São Paulo (R$ 2.189) e seguidamente<strong>no</strong> Rio de Janeiro (R$ 2.133). Somente <strong>no</strong> Ceará (R$ 976) e <strong>no</strong> Piauí (R$ 991) as médiasalariais das MGEs eram inferiores a R$ 1.000 mensais.


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 361TABELA 126VALOR DA REMUNERAÇÃO MÉDIA* DOS EMPREGADOS EM R$ E DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DA MASSADE REMUNERAÇÃO POR PORTE DE ESTABELECIMENTOBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2010Área GeográficaMicro e Pequenas Empresas (MPE)MicroPequena Total (MPE)Médias e GrandesEmpresas (MGE)TotalGeralMassa de Remuneração (%)MPE MGE<strong>Brasil</strong>Região NorteRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsRegião NordesteMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaRegião SudesteMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloRegião SulParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulRegião Centro-OesteMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito Federal9478258327599247627957738387267356656697126897507107177671.0218058749541.1459749651.0079568868599168389671.2311.0641.1391.1011.1301.0321.0021.0361.0459169417997949078079748958959961.3441.0461.1201.2241.4961.2341.2081.2601.2421.1531.1171.1801.0741.2741.0999649989491.0579189179269448268477317378167488728078168861.1999271.0041.1091.3421.1051.0891.1351.0981.0259921.0569561.1371.7861.4851.5741.0661.5931.0231.4631.3081.2091.2201.2419919761.2339931.2491.0751.4241.4312.0561.5581.6192.1332.1891.5971.5941.5381.6441.4791.3031.2971.3191.8391.4311.2301.2429961.4079621.1971.1021.0211.0221.0448458591.0018511.0699651.1071.1511.6321.2051.2581.6521.7861.3111.2981.3021.3311.2191.1201.1371.1091.49539,738,237,446,226,145,355,957,165,440,745,434,341,838,350,938,940,639,548,636,342,946,931,635,749,049,247,351,248,137,349,961,552,060,361,862,653,873,954,744,142,934,659,354,665,758,261,749,161,159,460,551,463,757,153,168,464,351,050,852,748,851,962,750,138,548,0Fonte: Anuário <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> na Micro e Pequena Empresa 2010-2011 - SEBRAE.Elaboração: DIEESE* Refere-se à remuneração em dezembro <strong>do</strong>s vínculos ativos em 31/12, excluí<strong>do</strong>s aqueles c/ renda ig<strong>no</strong>rada.Obs.: Setores considera<strong>do</strong>s: indústria, construção, comércio e serviços.Consideran<strong>do</strong>-se a remuneração média <strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>s por setor de atividade econômica,as informações dispostas <strong>no</strong> Gráfico 32 evidenciam que, <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2010, a indústriaapresentava as maiores médias salariais tanto entre as MPEs (R$ 1.227), quanto entre asMGEs (R$ 2.191).No setor terciário os níveis de remuneração eram relativamente próximos. Entre as MPEs,a média salarial era de R$ 1.007 <strong>no</strong> comércio e de R$ 1.011 <strong>no</strong>s serviços. Para o conjuntodas MGEs, os valores eram de R$ 1.501 entre os emprega<strong>do</strong>s <strong>do</strong> comércio e de R$ 1.579para os trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s serviços.


362<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoGRÁFICO 32REMUNERAÇÃO DOS EMPREGADOS POR SETOR DE ATIVIDADE ECONÔMICASEGUNDO O PORTE DO ESTABELECIMENTOBRASIL, 2010Fonte <strong>do</strong>s Da<strong>do</strong>s: MTE – RAISElaboração: DIEESE - Anuário <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> na Micro e Pequena Empresa 2010-2011 (SEBRAE/DIEESE)* Refere-se à remuneração em dezembro <strong>do</strong>s vínculos ativos em 31/12, excluí<strong>do</strong>s aqueles c/ renda ig<strong>no</strong>rada.Obs.: Setores considera<strong>do</strong>s: indústria, construção, comércio e serviços.A distribuição percentual da massa de remuneração segun<strong>do</strong> o porte das empresas <strong>no</strong>ssubespaços <strong>do</strong> território nacional era condicionada pela participação das MPEs e MGEsna composição <strong>do</strong> emprego, pelos seus respectivos níveis médios de remuneração e pelaestrutura econômica. Em apenas sete Unidades da Federação a massa de remuneraçãoera pre<strong>do</strong>minantemente oriunda das MPEs: Tocantins (65,4%), Goiás (61,5%), Amapá(57,1%), Pará (55,9%), Distrito Federal (52,0%), Rio Grande <strong>do</strong> Sul (51,2%) e Paraíba(50,9%).No conjunto das outras 20 unidades federativas, prevalecia a massa salarial provenientedas MGEs, com destaque para o Amazonas (73,9%), Rio de Janeiro (68,4%), Piauí (65,7%)e São Paulo (64,3%).


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 363A Distribuição Espacial (entre Capital e Interior) das MPEsA análise da distribuição espacial revela a importância das MPEs na geração de empregoformal fora das capitais brasileiras. Com efeito, em 2010, um contingente de 9,6 milhõesde vínculos empregatícios (65,4% <strong>do</strong> total) gera<strong>do</strong> pelas MPEs localizava-se externamenteaos limites das capitais – delimita<strong>do</strong> por interior 194 pelo Anuário <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> na Micro ePequena Empresa 2010-2011.Na região Sul, a referida proporção era ainda mais significativa, uma vez que o interiorabrigava 82,8% <strong>do</strong>s postos de trabalho formais existentes nas MPEs, com destaque paraSanta Catarina (92,2%) e Rio Grande <strong>do</strong> Sul (81,5%), conforme Tabela 127.Além <strong>do</strong> Paraná (76,5%), a participação <strong>do</strong> interior também assumia significativasproporções <strong>no</strong> Espírito Santo (81,0%) e em Minas Gerais (77,3%).Por sua vez, os maiores percentuais de representatividade da capital <strong>no</strong> total de empregosgera<strong>do</strong>s pelas MPEs, figuravam em algumas unidades federativas da região Norte:Roraima (92,3%), Amazonas (89,2%), Amapá (79,8%) e Acre (76,3%). Vale destacar quea elevada concentração <strong>do</strong> emprego nas capitais dessas Unidades da Federação guardauma estreita relação com a igualmente significativa concentração <strong>do</strong> PIB estadual nasmesmas. Com efeito, segun<strong>do</strong> as últimas informações disponibilizadas pelo Sistema deContas Regionais <strong>do</strong> IBGE, em todas elas as capitais respondiam por mais da metade<strong>do</strong> PIB <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009, sen<strong>do</strong> que em Manaus (83,6%) e Boa Vista (73,1%) alcançavamníveis exorbitantes.194É preciso relativizar essas informações na medida em que o conceito de interior a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> é muito amplo, ou seja,a exceção das capitais, os estabelecimentos empresariais localiza<strong>do</strong>s <strong>no</strong>s municípios de porte e com elevadadensidade econômica que fazem parte das regiões metropolitanas, são classifica<strong>do</strong>s como pertencentes ao interior.


364<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoTABELA 127NÚMERO E DISTRIBUIÇÃO DE EMPREGOS FORMAIS NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESASPOR LOCALIDADE - CAPITAL E INTERIORBRASIL, GRANDES REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 2010Área Geográfica<strong>Brasil</strong>Região NorteRondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsRegião NordesteMaranhãoPiauíCearáRio Grande <strong>do</strong> NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaRegião SudesteMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloRegião SulParanáSanta CatarinaRio Grande <strong>do</strong> SulRegião Centro-OesteMato Grosso <strong>do</strong> SulMato GrossoGoiásDistrito FederalNúmero Absoluto de EmpregosTotal (A+B) Capital (A) Interior (B)14.710.631 5.089.878 9.620.753594.707 306.869 287.838107.18936.23070.95929.05522.1696.886115.229102.78412.44518.82817.3781.450236.19885.504 150.69424.81819.8055.01363.39022.63040.7602.223.637 1.054.004 1.169.633150.63969.89680.74399.43861.95037.488378.821 237.900140.921176.83487.88688.948147.43766.19981.238439.608189.911 249.697109.37367.26442.10998.89060.12538.765622.597 382.897 239.7007.670.329 2.607.912 5.062.4171.655.380375.771 1.279.609332.73863.220269.5181.277.105 667.926609.1794.405.106 1.497.736 2.907.3703.099.059 533.038 2.566.0211.111.786261.270850.516881.70868.773812.9351.105.565 204.530901.0351.122.899 591.768 531.131173.73375.05398.680248.74171.637177.104443.032 188.289254.743257.393257.393-Total100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0Distribuição em %Capital Interior34,665,451,648,433,866,276,323,789,210,892,37,736,263,879,820,235,764,347,452,646,453,662,337,762,837,249,750,344,955,143,256,861,538,560,839,261,538,534,066,022,777,319,081,052,347,734,066,017,282,823,576,57,892,218,581,552,747,343,256,828,871,242,557,5100,00,0Fonte <strong>do</strong>s Da<strong>do</strong>s: MTE - RAISElaboração: DIEESE - Anuário <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> na Micro e Pequena Empresa 2010-2011 (SEBRAE/DIEESE)


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 365Principais Características da Força de <strong>Trabalho</strong>A distribuição <strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>s por sexo nas empresas acompanha a estrutura ainda vigente<strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho, de pre<strong>do</strong>mínio de mão de obra masculina e forte segmentaçãoem alguns setores de atividade econômica 195 .Conforme pode ser observa<strong>do</strong> na Tabela 128, a proporção de mulheres na estrutura <strong>do</strong>emprego formal era mais expressiva entre as MPEs (37,5%) <strong>do</strong> que entre as MGEs (30,8%).Na indústria, as mulheres ocupavam um terço <strong>do</strong>s postos de trabalho (33,5%) nas MPEssen<strong>do</strong> que nas MGEs a proporção era ainda me<strong>no</strong>r (27,3%). No setor de construção, oshomens ocupavam mais de 90,0% das vagas: 93,1% nas MPEs e 91,8% nas MGEs.TABELA 128DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DE EMPREGOS FORMAIS POR SEXO E PORTE DO ESTABELECIMENTOBRASIL, 2010SexoHomensMulheresTotal62,537,5Distribuição Percentual (%) / Porte <strong>do</strong> EstabelecimentoMicro e Pequenas Empresas (MPE)Médias e Grandes Empresas (MGE)Indústria Construção Comércio Serviços Total Indústria Construção Comércio Serviços66,593,1 56,7 58,869,2 72,791,8 60,9 64,133,56,943,3 41,230,8 27,38,2 39,1 35,9Fonte <strong>do</strong>s Da<strong>do</strong>s: MTE - RAISElaboração: DIEESE - Anuário <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> na Micro e Pequena Empresa 2010-2011 (SEBRAE/DIEESE)O setor de comércio era aquele <strong>no</strong> qual as mulheres alcançavam maior participação,ainda que prevalecesse o pre<strong>do</strong>mínio de homens. Entre os estabelecimentos comerciaisdas MPEs, 43,3% <strong>do</strong>s empregos eram ocupa<strong>do</strong>s por mulheres. Já entre as MGEs, talproporção era um pouco me<strong>no</strong>r (39,1% <strong>do</strong> total).Nos serviços, as trabalha<strong>do</strong>ras ocupavam 41,2% <strong>do</strong>s vínculos empregatícios gera<strong>do</strong>s pelasMPEs e 35,9% <strong>no</strong> caso das MGEs.Tratan<strong>do</strong>-se da faixa etária <strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>s/as, os da<strong>do</strong>s da Tabela 129 permitemconstatar que 47,4% das oportunidades de trabalho formal geradas pelas MPEs eramocupadas por jovens de 18 a 29 a<strong>no</strong>s de idade <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2010, sen<strong>do</strong> que esse percentualera cerca de 7,0 pontos percentuais me<strong>no</strong>r entre as MGEs (40,6%). Ou seja, as empresas,independentemente <strong>do</strong> porte, desempenham um importante papel na absorção da mão deobra juvenil, principalmente <strong>no</strong> caso das MPEs.Entre as MGEs era maior a proporção de trabalha<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>ras com mais de 50a<strong>no</strong>s de idade (9,8% <strong>do</strong> total) comparativamente às MPEs (7,5%).No concernente ao grau de instrução, as informações evidenciam que mais da metade <strong>do</strong>svínculos empregatícios gera<strong>do</strong>s tanto pelas MPEs (55,4% <strong>do</strong> total) quanto pelas MGEs(58,4%) eram ocupa<strong>do</strong>s por pessoas que possuíam pelo me<strong>no</strong>s o ensi<strong>no</strong> médio completo,evidencian<strong>do</strong> que esse grau de instrução é determinante para ascender a um posto formalnas empresas privadas.195Ver Capítulo referente à dimensão Igualdade de Oportunidades e de Tratamento <strong>no</strong> Emprego.


366<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoA proporção de emprega<strong>do</strong>s/as com ensi<strong>no</strong> superior completo era expressivamentemais elevada entre as MGEs (9,3%) <strong>do</strong> que entre as MPEs (5,3%), em função da maiorcomplexidade <strong>do</strong>s processos produtivos existentes nas primeiras.TABELA 129DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DE EMPREGOS FORMAIS POR PORTE DO ESTABELECIMENTOSEGUNDO FAIXA ETÁRIA E GRAU DE INSTRUÇÃO DOS EMPREGADOSBRASIL, 2010CaracterísticasFaixa Etária (%)Até 17 a<strong>no</strong>s18 a 24 a<strong>no</strong>s25 a 29 a<strong>no</strong>s30 a 39 a<strong>no</strong>s40 a 49 a<strong>no</strong>s50 a 59 a<strong>no</strong>s60 a<strong>no</strong>s ou maisGrau de Instrução (%)AnalfabetoFundamental IncompletoFundamental Completo ou Médio IncompletoMédio Completo ou Superior IncompletoSuperior CompletoMicro e PequenasEmpresas (MPE)1,928,019,427,715,56,01,50,416,028,250,15,3Média e Grandese Grandes Empresas (MGE)1,120,819,829,918,78,31,50,518,522,549,19,3Fonte <strong>do</strong>s Da<strong>do</strong>s: MTE - RAISElaboração: DIEESE - Anuário <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> na Micro e Pequena Empresa 2010-2011 (SEBRAE/DIEESE)Quanto aos níveis de remuneração, em dezembro de 2010, as médias salariais <strong>do</strong>strabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> sexo masculi<strong>no</strong> eram superiores às das trabalha<strong>do</strong>ras tanto nas MPEs(R$ 1.187 versus R$ 956) como nas MGEs (R$ 1.967 versus 1.376), segun<strong>do</strong> Tabela 130.As mulheres recebiam, em média, 80,5% <strong>do</strong> salário médio masculi<strong>no</strong> nas MPEs e cerca de70,0% <strong>no</strong> caso das MGEs.Entre os setores de atividade econômica, observa-se que na indústria, <strong>no</strong> comércio e <strong>no</strong>sserviços, os salários médios <strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>s eram sistematicamente maiores <strong>do</strong> que odas empregadas, independentemente <strong>do</strong> porte da empresa. Os maiores diferenciaisprevaleciam na indústria, sen<strong>do</strong> que as mulheres recebiam em média R$ 978, ocorrespondente a 72,0% <strong>do</strong> salário masculi<strong>no</strong> (R$ 1.352) nas MPEs e 63,0% nas MGEs(R$ 1.543 para mulheres e R$ 2.431 para homens).Somente <strong>no</strong> setor da Construção a remuneração média das mulheres superava a <strong>do</strong>shomens, independentemente <strong>do</strong> porte da empresa. Entre as MPEs desse setor, o saláriomédio das trabalha<strong>do</strong>ras era de R$ 1.336 e o <strong>do</strong>s homens R$ 1.162. No caso das MGEs,os valores eram de R$ 1.839 e de R$ 1.628 para mulheres e homens, respectivamente.Desse mo<strong>do</strong>, o salário médio femini<strong>no</strong> era 15,0% superior nas MPEs e 13,0% mais eleva<strong>do</strong>entre as MGEs. É importante ressaltar que esse diferencial a favor das trabalha<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>sexo femini<strong>no</strong> é bastante influencia<strong>do</strong> pelo fato de o peque<strong>no</strong> percentual de mulheresempregadas na construção (em tor<strong>no</strong> de 7,0%, conforme visto anteriormente)comumente ocupar cargos de maior nível de escolaridade e, consequentemente, maioresníveis de rendimento. Por sua vez, o rendimento médio inferior <strong>do</strong>s homens é bastante


<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da Federação 367influencia<strong>do</strong> pela significativa representatividade das ocupações de servente de obras ede pedreiro na estrutura ocupacional deste setor, que, além de serem postos de trabalhohegemonicamente masculiniza<strong>do</strong>s, apresentam me<strong>no</strong>res níveis de remuneração.SexoHomensMulheresTABELA 130VALOR DA REMUNERAÇÃO MÉDIA* DOS EMPREGADOS POR SEXO E PORTE DO ESTABELECIMENTOBRASIL, 2010Total1.187956Valor <strong>do</strong> Rendimento (Em R$) / Porte <strong>do</strong> EstabelecimentoMicro e Pequenas Empresas (MPE)Médias e Grandes Empresas (MGE)Indústria Construção Comércio Serviços Total Indústria Construção Comércio1.352 1.1621.070 1.210 1.967 2.431 1.628 1.657978 1,336925 970 1.376 1.543 1.839 1.257Serviços1.7391.376Fonte <strong>do</strong>s Da<strong>do</strong>s: MTE - RAISElaboração: DIEESE - Anuário <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> na Micro e Pequena Empresa 2010-2011 (SEBRAE/DIEESE)* Refere-se à remuneração em dezembro <strong>do</strong>s vínculos ativos em 31/12, excluí<strong>do</strong>s aqueles c/ renda ig<strong>no</strong>rada.Obs.: Setores considera<strong>do</strong>s: indústria, construção, comércio e serviços.


368<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Um Olhar sobre as Unidades da FederaçãoReferências Bibliográficas eBibliografia ConsultadaABRAMO, Laís; GUIMARÃES, José Ribeiro Soares. <strong>Trabalho</strong> <strong>Decente</strong>, combate à pobreza e desenvolvimento. No Mérito, Rio deJaneiro, a<strong>no</strong> XVI, n. 45, p. 10-11, dez. 2011.ABRAMO, Laís. <strong>Trabalho</strong> decente. O Globo, Rio de Janeiro, 11 dez. 2011. Coluna Opinião, p.7.ABRAMO, Laís Wendel. A inserção da mulher <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho: uma força de trabalho secundária?. 2007. Tese (Doutora<strong>do</strong>em Sociologia) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. Disponívelem: . Acesso em: 21jun. 2012.AGOSTINHO, Cíntia Simões; SABOIA, Ana Lúcia. 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