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Carlos Humberto Carvalho Energias Renováveis Mil ... - CCDR-LVT

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Raul Lino quis ser um artista completo e o seu trabalho estendesemuito além do domínio da arquitectura. Imaginou cenários .e figurinos para teatro, ópera e bailado; desenhou mobiliário, azulejos,pratas, louças, têxteis e molduras; ilustrou livros de AfonsoLopes Vieira; foi até responsável pela programação do «seu»Cinema Tivoli durante alguns meses, trazendo a Portugal filmesde Fritz Lang, Charles Chaplin, Ernst Lubitsch, Carl Dreyer,Murnau… Na Casa de Santa Maria, é dele a decoração do tecto dooratório, de inspiração tardo-barroca e neoclássica, assim comouma série de revestimentos em azulejo e pinturas murais.Revelando a prática da escola Arts & Crafts, idealizou váriosmóveis, sem esquecer o pormenor das ferragens das portas. Umpatrimónio que se manteve à vista mesmo depois da casa sair daposse da família Lino, em meados da década de 1920, quando foivendida a Manuel do Espírito Santo Silva.Com o terceiro e último proprietário, Santa Maria viveu a sua fasemais mundana e cosmopolita. Figuras da sociedade portuguesa,personalidades das casas reais europeias em busca de exílio ousimples acolhimento, muitos nomes desfrutaram deste cenárioprivilegiado – entre eles, os Duques de Windsor, o Rei <strong>Humberto</strong> IIde Itália, os Condes de Barcelona, os Condes de Paris e o Rei Juan<strong>Carlos</strong> de Espanha. A própria família Espírito Santo continuou ausufruir da casa até à construção da marina de Cascais, altura emque, desgostada com a inevitável invasão da privacidade, decidiuvendê-la. A oportunidade foi agarrada pela Câmara Municipal deCascais e, a 18 de Maio de 2005, no Dia Internacional dos Museus,a Casa de Santa Maria inaugurou como espaço de vocação multifuncional,voltado para a cultura e para os munícipes. Acolheregularmente conferências, apresentações de livros, cursos livres,exposições temporárias e outras iniciativas. Em 2009, o espaçodeverá ser intervencionado, projectando-se uma ampliação daszonas abertas ao público e o restauro do acervo.A casa está tão próxima do farol que, à primeira vista, parecehaver ligação pelo lado do mar. No entanto, é preciso cruzar a ruaestreita que os separa para chegar àquele que é agora o Farol-‐Museu de Santa Marta, a primeira estrutura do género a sermusealizada em Portugal, com uma temática histórico-patrimonial.A ideia e as negociações já vinham de longe, mas foi em 2006que se celebrou o protocolo definitivo entre a Marinha e a CâmaraMunicipal de Cascais, com o fim de requalificar o espaço e tornálodisponível ao público. O acesso ao farol propriamente ditoainda é restrito, estando a ser equacionadas soluções para corresponderao interesse dos visitantes, certamente aquele quemaior curiosidade e fascínio provoca.Antes do farol, porém, havia já o Forte de Santa Marta, que se crêter sido edificado entre 1642 e 1650. Desempenhou funções militaressobretudo nos séculos xvii e xviii, entrando em declíniodurante a primeira metade do século xix. Foi justamente a construçãodo farol que o salvou da ruína total. Desde então e até .à nossa época, o forte passou a ser morada dos faroleiros que .o habitaram e lhe deram vida. Veio depois a automatização dosistema de luz, no princípio da década de 1980, e tudo esmoreceude novo. O espaço caminhou naturalmente para a degradação,por certo irreversível se não fosse a ideia de criar ali um farolmuseu(e não um museu dos faróis, como alguns podem pensar).O projecto arquitectónico pertence ao atelier dos irmãos AiresMateus, autores de equipamentos culturais como a sede daOrquestra Metropolitana de Lisboa, o Centro Cultural de Sines ouo Grande Museu Egípcio, no Cairo. O plano museológico e o projectomuseográfico é da responsabilidade de Joaquim Boiça,conhecedor profundo do tema das fortificações marítimas e dosfaróis portugueses.Seguindo a geometria do lugar e aproveitando as estruturas existentes,nomeadamente o antigo paiol e as casas dos faroleiros, .o Farol-Museu de Santa Marta organiza-se em três zonas expositivas,complementadas com cafetaria, loja e outros serviços.Sempre em regime de visitas guiadas para grupos, o percursocomeça com uma selecção de imagens que servem de aperitivoao documentário «Faróis de Portugal: Cinco Séculos de História»,cuja visualização está prevista para finais de Outubro. Para já, .o visitante pode aceder aos dois núcleos temáticos principais,onde uma das características é o revestimento de cor cinzentoantracitedo espaço interior, simbolizando a noite.O primeiro núcleo exibe um conjunto representativo de ópticas,equipamentos e elementos que foram construindo a história dosfaróis em Portugal, cuja evolução científica e tecnológica poderáser mais facilmente entendida com o recurso aos dispositivosmultimédia. Do geral para o particular, o segundo núcleo recuperaa memória do Forte e Farol de Santa Marta e dos seus congéneresna barra do Tejo. Aqui, exibem-se peças e aparelhos que remetempara o ofício de faroleiro, incluindo um candeeiro primitivo de1874, autêntica relíquia. Todas as peças são património da Direcçãodos Faróis e foram recuperadas e reconstituídas pelos própriosfaroleiros. Dão-se agora a conhecer aos olhares dos leigos, recortadassob fundo quase negro, em contraste com a brancura ofuscantedo exterior. Da luz para a noite, da noite para a luz, o visitante estáapenas a um passo de distância.No século xix, o Farol de Santa Marta eleva-se por impulso deFrancisco Pereira da Silva, um dos homens do seu tempo que procurou,literalmente, retirar a costa portuguesa da obscuridade,projectando a construção de uma série de faróis no continente .e ilhas. Inaugurado em 1868, surge como reforço do Farol da Guia,funcionando em articulação com este no sentido de sinalizar .e iluminar uma zona costeira de vital importância. Até hoje .é assim. No início, quando o farol era mais pequeno, o sistemailuminante estava integrado na torre, saindo a luz por uma espéciede janelão. Em 1910, adaptou-se a parte cimeira para receberuma lanterna óptica; e, em 1936, para que as luzes da vila não se .confundissem com a do farol, a torre foi acrescentada em oitometros, ganhando a aparência que agora se lhe reconhece.Casa de Santa MariaDe terça a domingo, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 17h00Farol-Museu de Santa MartaDe terça a domingo, das 10h00 às 19h0050 |

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