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Carlos Humberto Carvalho Energias Renováveis Mil ... - CCDR-LVT

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Uma situação que os responsáveis pelo diagnóstico dizem «mostrarclaramente uma despreocupação com aspectos de eficiênciaenergética em sectores em que praticamente não há produção deriqueza».O cenário ainda se mostra mais preocupante sabendo-se que, atéagora, a capacidade de produção energética desta região, recorrendoa meios próprios, é bastante fraca. «Se excluirmos as centraistérmicas do Pego e do Ribatejo, que necessitam de combustívelfóssil importado, a electricidade produzida nesta região por recursosendógenos (água e vento) apenas se situa nos 26%», destacaVítor Leal, professor da Universidade do Porto, que integra a equipado PROT. Ou seja, para consumos de electricidade da ordemdos 4000 GWh por ano, a região apenas produz, através das barragens(sobretudo de Castelo de Bode) e dos parques eólicos, umpouco mais de 1000 GWh. Se se considerar a energia primária, .o balanço ainda se agrava mais: em 2006 estimou-se que a regiãoconsumiu cerca de 2,6 milhões de toneladas-equivalente depetróleo, tendo apenas produzido, com recursos endógenos, .300 mil toneladas.Mudar este panorama é, por isso, o objectivo fundamental dosautores do capítulo energético do PROT-OVT. Porém, não numaperspectiva clássica, de apenas aumentar a produção energética.«Em qualquer mercado é tão importante a oferta como a procura»,destaca Oliveira Fernandes, para quem «não se deve persistir naleitura da problemática energética apenas sob a óptica da oferta,mas sim compatibilizá-la com a vertente da procura». Assim, .a equipa da Universidade do Porto propõe a realização, para cadaregião NUT III (Oeste, Médio Tejo e Lezíria do Tejo), de um PlanoLocal de Acção para a Energia que procurará optimizar as utilizaçõese conjugá-las com o potencial endógeno. Para a execução, e posteriormonitorização, sugere-se que sejam criadas três Agências .de Energia, uma por cada sub-região.Alguns dos aspectos que estão a ser equacionados passam pelamelhoria da eficiência energética dos novos edifícios – algo queestá previsto já com a legislação recentemente criada –, mas tambémpela adopção de medidas em equipamentos públicos. Nesteâmbito, prevê-se uma forte aposta na energia solar. Durante .a próxima década espera-se que sejam instalados cerca de 100MW de sistemas fotovoltaicos, dos quais 30% em edifícios, .bem como a implantação de 100 mil metros quadrados de painéissolares para aquecimento. Neste último caso, representaráuma poupança de 5,4 mil toneladas de petróleo por ano.Mas será no sector dos transportes que se espera – e deseja –maiores melhorias, tanto mais que é essencial para fazer diminuiros consumos energéticos. «Existem muitas carências em transportespúblicos nesta região, induzindo a um grande uso do automóvel»,destaca Vítor Leal. Mas nem é por falta de infra-estruturas.Por exemplo, na ferrovia até existem quatro linhas a atravessara região, embora actualmente apenas três estejam activas (Norte,Oeste e Beira Baixa). Porém, com excepção da Linha do Norte, oserviço disponibilizado é fraco e, sobretudo no caso da Linha doOeste, exasperantemente lento. Por exemplo, uma ligação entreCacém e Figueira da Foz, pela Linha do Oeste, demora entre três ecinco horas, consoante a escolha que se fizer entre os (apenas)sete comboios diários que fazem esta viagem de um ponto aooutro. Na Linha da Beira Baixa, a CP apenas consegue ofereceruma dúzia de comboios por dia. Vítor Leal salienta que existemalgumas dificuldades orográficas que impedem uma modernizaçãoem alguns troços da Linha do Oeste, mas que poderia existiruma melhoria caso se avançasse com uma interligação com .a Linha do Norte, entre a zona de Santarém e Caldas da Rainha.Aliás, nada mais do que já se fez na rodovia, ligando-se as autoestradasdo Norte e do Oeste.Embora se note uma preocupação especial em fazer com que aregião do Oeste e Vale do Tejo consuma melhor (a) energia, o PROTestá a dar uma especial atenção ao aumento da produção energéticausando os seus próprios recursos naturais. Para além de seter esperança no bom sucesso das prospecções de petróleo aolargo de Peniche – mas que não convém serem exageradas –, amaior aposta dirige-se para as fontes renováveis. E de entre estas,a eólica parece merecer especial destaque.Fruto dos fortes incentivos do actual Governo, nos últimos anostêm crescido os parques eólicos nesta região, bastante patentenuma viagem ao longo da auto-estrada do Oeste. Neste momentoestão já em funcionamento, ou aprovados, cerca de 300 MW depotência eólica, mas prevêem-se muitos mais. «Os levantamentosque se fizeram apontaram para a possibilidade de se instalaraté quase 4.000 MW de potência eólica», salienta Vítor Leal.Porém, tendo em consideração vários factores técnicos limitativose, sobretudo, condicionantes ambientais, as projecções para .a próxima década apontam para cerca de 1.000 MW. «A decisãode avançar para mais terá de ser uma opção política», refere VítorLeal, sabendo que grande parte dos melhores locais se situa .em zonas protegidas, como a cordilheira de Aire e Candeeiros(Parque Natural) e a serra de Montejunto (Rede Natura).O olhar para as energias renováveis também se volta para o mar.Em 2004, um estudo do Instituto Superior Técnico e do INETI játinha destacado que duas das sete zonas com bom potencial paraa produção de electricidade através das ondas se localizavam nolitoral da sub-região Oeste: uma de 22 quilómetros ao largo .de Nazaré e Peniche, e outra, mais a sul, que se estendia até à zonade Cascais. Entretanto, a equipa da Universidade do Porto responsávelpelo sector energético do PROT-OVT já identificou, com maior pormenor,quatro locais onde se poderá avançar com centrais maremotrizes.Outra grande aposta energética passará pela agricultura. Paracumprir a obrigatoriedade de uso de biocombustíveis nos transportes,a região do Oeste e Vale do Tejo coloca-se como uma daszonas preferenciais de produção. Assim, o objectivo estabelecidono PROT-OVT é conseguir-se que 17,5% e 25%, respectivamente, .da matéria-prima para a produção de biodiesel e de etanol necessáriapara Portugal provenha das terras agrícolas desta região.Se todas estas medidas, e mais algumas, se conseguirem implantarcom sucesso, cumprir-se-á então um dos desígnios da parteenergética do PROT-OVT: a região tornar-se menos dependenteenergeticamente do exterior, pois passaria a ter uma taxa .de cobertura endógena de 84% nos consumos de electricidade ede 42% no consumo global de energia. Veremos se há energia, .e vontade, para tanto.32 |

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