energiaprecisa-se!A região do Oeste e Vale do Tejo consome mais do que devia e produz menos do que necessita.O diagnóstico da equipa que se encontra a elaborar as medidas a implementar noâmbito do Plano Regional de Ordenamento traçou um diagnóstico que detectou muitasmaleitas, mas também caminhos para inverter o rumo. Haja energia para tal.Reportagem | Pedro Almeida VieiraFotografia | Pedro Soares
Portugal, já se sabia, não pode orgulhar-se doseu desempenho energético: tem elevadadependência externa de combustíveis, aumentade forma galopante as emissões carbónicasassociadas ao consumo energético e, piorainda, agravou o seu índice de eficiência energética naúltima década. Ou seja, para aumentar a sua riqueza, gastamais do que devia e polui mais do que é admissível. Mas sea situação nacional é embaraçosa, a região do Oeste e Valedo Tejo tem vastos motivos para corar de vergonha.A equipa da Universidade do Porto responsável pelo sector energéticodo plano de ordenamento desta região (PROT-OVT), cuja coordenaçãoé de Eduardo Oliveira Fernandes – antigo secretário .de Estado da Energia –, traçou um diagnóstico que é pouco .abonatório. Com efeito, a região do Oeste e Vale do Tejo consomecerca de 55% mais energia final (sob a forma, por exemplo, .de electricidade ou combustíveis para veículos) do que a médianacional, enquanto as emissões per capita de dióxido de carbono,responsável pelo aquecimento global, superam em cerca de 40%a média do país. Se cada português é responsável pela emissãoanual de 6,4 toneladas de dióxido de carbono para a atmosfera,na região do Oeste e Vale do Tejo atinge-se as 9,0 toneladas.E, para agravar ainda mais, a intensidade energética é bastantesofrível: para produzir um milhão de euros de riqueza, esta regiãonecessita de gastar aproximadamente 280 toneladas-equivalentede petróleo contra as cerca de 200 toneladas que o país necessita.De acordo com os autores do diagnóstico energético, as causaspara esta situação são sobretudo o peso significativo da actividadelogística, a existência de uma actividade industrial significativa(que, convém destacar, é superior à média nacional), a dispersãourbana (que aumenta a necessidade de transportes e o consequenteconsumo de combustíveis), a grande expressão de edifícios isolados(vivendas), que são mais susceptíveis ao consumo energético,bem como a desarticulação dos transportes colectivos e a fracaoptimização das redes de transportes. Neste último aspecto, .a região do Oeste e Vale do Tejo gasta mesmo mais 61% de energiado que a média nacional.Também no consumo de electricidade, a região destaca-se dopaís, sobretudo no eixo de desenvolvimento do Vale do Tejo(Alenquer, Azambuja, Cartaxo e Golegã) – por via do aumento doconsumo doméstico, do comércio, dos serviços e das indústrias-, nazona no concelho de Coruche, essencialmente associado à modernizaçãodo sector agrícola, e na zona do Oeste Litoral (Peniche,Óbidos, Caldas da Rainha e Alcobaça), neste caso sobretudo porcausa do consumo doméstico. Aliás, os sectores domésticos, .de iluminação e serviços públicos são responsáveis por quasemetade do aumento do consumo de electricidade.| 31