Carlos Humberto Carvalho Energias Renováveis Mil ... - CCDR-LVT

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13.07.2015 Views

Há três grandes obras – o Aeroporto da Ota, o comboio de altavelocidade e a terceira travessia do Tejo – previstas para ospróximos anos na região. Qual é a sua opinião sobre estesempreendimentos?A Junta Metropolitana não discutiu nenhuma das três matérias.Sabemos que dificilmente vamos chegar a consenso, tem sidoisso que nos tem levado a não discutir uma coisa que só nos vaipartir. Sou do município do Barreiro e tenho posição clara sobreestas três matérias mas, como presidente da Junta Metropolitana,não tendo havido discussão, não vou pronunciar-me.O aeroporto tem uma importância muitíssimo grande para aRegião Metropolitana de Lisboa, mas é claramente uma questãonacional. A posição dos presidentes de Câmara e do conjunto doseleitos autárquicos da península de Setúbal – nove dos 18 municípiosda Área Metropolitana – foi muito equilibrada relativamentea esta matéria e sinto-me muito satisfeito pela posição que tomaram:nunca defenderam o aeroporto na península de Setúbal. Aúnica coisa que exigiram foi que se estudasse as localizações,incluindo as da península de Setúbal. A solução tem de ser a queserve o País e não a que serve a península de Setúbal. O pior quepode acontecer, e já aconteceu, é os concelhos e as regiões discutiremse é importante para si ou não. Porque então não há aeroportoem lado nenhum. O mesmo se passa com o comboio de altavelocidade.Já a terceira travessia do Tejo não é o mesmo caso?A terceira travessia do Tejo pode ser importante se não se limitarà alta velocidade, porque a alta velocidade é só para passar, nãoresolve nenhum problema local. Mas se tiver, como está previsto,o comboio tradicional, então traz maior mobilidade, melhoresacessibilidades.A ponte deve ter também a vertente rodoviária. Não é para serviro Barreiro nem para a população do Barreiro chegar mais depressaa Lisboa, porque isso não resolve problemas da região, pelo contrário.Se for uma ponte rodoviária com a perspectiva de crescimentoa sul, de localização a sul de equipamentos-âncora, particularmenteao nível do emprego, mas também do ensino, dacultura, do lazer, então vale a pena. Mas não quero que o Barreirose desenvolva à custa da região.No quadro da Estratégia Lisboa 2020, a ideia da cidade-região éútil, para a região e para o País. Mas é uma cidade de duas margense portanto só se consolida se crescer para sul de forma sustentada.Só assim Lisboa pode assumir o papel de metrópoleinternacional que ajuda o país a desenvolver-se. É preciso quecresça para sul, com mais gente e mais desenvolvimento económicoe emprego, para se reequilibrar, para que o Tejo seja de factoo centro. Paralelamente ao desenvolvimento sustentável quepressupõe questões ambientais, sociais, desportivas, de lazer, deequipamentos-âncora.A questão do emprego continua a ser central na penínsulade Setúbal?É o principal problema não só da margem sul mas de toda a ÁreaMetropolitana de Lisboa. Estou convencido de que Lisboa é a zonado País onde se vive pior. É aqui que estão, quantitativa e qualitativamente,os maiores dramas sociais. Aquela ideia, justa, dadesertificação do interior, da litoralização, que é verdadeira e queé preciso combater, leva a esquecer quais são as zonas de maiordesemprego, e não só em taxas mas em número de pessoas concretas,dramas de vida. Lisboa é onde há mais sem-abrigo, ondeestão os imigrantes sem condições de vida, onde há maior númerode pessoas sem médico de família.A Estratégia fala muito bem sobre o “arco ribeirinho sul” que é, nofundo, toda a margem sul do Tejo, de Almada a Alcochete passandopor Seixal, Barreiro, Moita e Montijo, e que tem espaçosextraordinários que é possível requalificar.Por exemplo?A antiga Lisnave, a antiga Siderurgia, a antiga CUF que hoje é aQuimiparque. Precisamente aqui no Barreiro.São 300 quilómetros quadrados, com uma margem do Tejo detrês quilómetros. É uma área desqualificada, na antiga zonaindustrial e ainda com algumas indústrias, onde chegaram a trabalharonze mil pessoas. É um território excepcional e não tenhodúvidas de que vai dar um contributo essencial, tal como a antigaSiderurgia e a antiga Lisnave da Margueira.Quando foi eleito presidente da Câmara do Barreiro, em 2005,nunca tinha sido autarca, vinha de responsabilidadesrelacionadas com as autarquias dentro do PCP. O facto de estarna autarquia trouxe-lhe uma visão diferente?Dificilmente percebemos as situações por que os outros passamsem as viver, sem estar nelas. Em relação aos grandes problemas,às grandes estratégias, não sinto diferenças. Mas a pressão quotidianade um eleito autárquico não me passava pela cabeça. Entrona Câmara todos os dias às sete de manhã e saio à meia-noite, àuma ou duas da manhã, às dez, quando calha.Todos os dias há trabalho que justifique tantas horas?Todos os dias. Simplificando, o maior problema do Barreiro é odesenvolvimento económico e o emprego; o maior problema daCâmara é a situação financeira; o maior problema do presidenteé não ter tempo.A pressão do quotidiano, a incapacidade de responder ao dia-adiadas pessoas, a angústia de as pessoas quererem todas falarcomigo e ter de dizer que não, é materialmente impossível. Nasautarquias, acabamos por intervir em tudo, não temos condiçõespara voltar as costas. Todos os dias vêm pedir-me emprego, casas,dizem-me que é preciso tapar buracos nas ruas ou que a rua nãoestá limpa, que as ervas estão a nascer no passeio, ou que a casaestá a cair.A população do Barreiro passou de 100 mil para 80 mil.O que se passou?Isso deu-se com a desindustrialização, o encerramento dasempresas. Muitos trabalhadores eram imigrantes internos eregressaram às origens. Há também um certo envelhecimento eos mais jovens procuram emprego fora, particularmente os quetêm maior formação académica e profissional. Há cerca de 15anos, com o encerramento das fábricas, o Barreiro começou aatravessar uma crise de desenvolvimento económico e deemprego que se tem vindo a acentuar, depois veio a perda depopulação, os problemas de carácter social. E hoje há uma situaçãodo ponto de vista emocional que não é boa. Fomos da criseeconómica à crise social e agora à crise emocional. Isto é simplista18 |

mas reflecte a situação actual. As duas pontes deixaram o Barreirono centro geográfico mas o crescimento deu-se onde háacessibilidades. O Barreiro era o principal pólo ferroviário a sul eperdeu valências ferroviárias. Talvez estes sejam os dois factoresprincipais: o emprego e a mobilidade. O Barreiro é o único concelhoda área metropolitana, tirando Lisboa por outras razões, queperde sempre população nos últimos 20 anos.O que é possível fazer para inverter essa tendência?Estas situações geram oportunidades e desafios, podemos estar aatravessar o momento mais interessante das últimas décadas. .O Barreiro está a discutir as questões que vão marcar o concelhono século XXI. Estamos a trabalhar para levar a bom porto grandesprojectos.E quais são os projectos?Há quatro ou cinco questões essenciais. Vamos intervir no territórioda Quimiparque, estamos a preparar a estratégia e a forma desustentá-la. Penso que deve ser um pólo de desenvolvimento económicoe de emprego, para que tenha no século xxi o papel queteve no século xx, e paralelamente deve alargar e fechar a malhaurbana do centro da cidade, com alguma habitação. Estamos atrabalhar com a Administração do Porto de Lisboa e com a Quimiparque,com a CCDR também a cooperar.Temos de aproveitar as margens do Tejo e do Coina, com equipamentoslúdicos, desportivos, recreativos, administrativos, se possívelassociar alguma coisa à educação, às novas tecnologias. .É preciso recolocar os rios como elemento central do desenvolvimentonão só do ponto de vista económico, e esta é uma segundalinha da estratégia.Outra é relativa às acessibilidades e à mobilidade. A terceira travessiado Tejo pode ter aqui um papel determinante, particularmentese tiver a vertente rodoviária e se for associada ao Metro aSul do Tejo, que está previsto vir de Almada e passar pelo Barreiro.Outro investimento importante é a construção de uma pontepara o Seixal, no quadro de uma estratégia de requalificar asacessibilidades intra-regionais que inclui ainda a Circular RegionalInterna da Península de Setúbal (CRIPS).Estamos a discutir uma estratégia para o centro do Barreiro como professor Joan Busquets, urbanista catalão. Ele vai projectar umedifício, uma praça e um parque no centro do Barreiro, e vai estudaras três principais ruas para alargar e requalificar o centro.Gostaria de intervir também o Barreiro velho, o nosso centro histórico,onde nasci e vivi a minha infância, que está completamentedesertificado. É uma zona com personalidade, de frentepara o rio, tem um bom movimento associativo, mas está em talestado que exige uma intervenção para a qual não temos condições.Se recuperarmos o centro do Barreiro, a Quimiparque e azona ribeirinha, estou convencido de que acabamos por mexertambém no Barreiro velho.Temos um presente difícil mas temos perspectivas favoráveis. .E não são mudanças para daqui a 20 anos, podem concretizar-sedentro de dois ou três.| 19

mas reflecte a situação actual. As duas pontes deixaram o Barreirono centro geográfico mas o crescimento deu-se onde háacessibilidades. O Barreiro era o principal pólo ferroviário a sul eperdeu valências ferroviárias. Talvez estes sejam os dois factoresprincipais: o emprego e a mobilidade. O Barreiro é o único concelhoda área metropolitana, tirando Lisboa por outras razões, queperde sempre população nos últimos 20 anos.O que é possível fazer para inverter essa tendência?Estas situações geram oportunidades e desafios, podemos estar aatravessar o momento mais interessante das últimas décadas. .O Barreiro está a discutir as questões que vão marcar o concelhono século XXI. Estamos a trabalhar para levar a bom porto grandesprojectos.E quais são os projectos?Há quatro ou cinco questões essenciais. Vamos intervir no territórioda Quimiparque, estamos a preparar a estratégia e a forma desustentá-la. Penso que deve ser um pólo de desenvolvimento económicoe de emprego, para que tenha no século xxi o papel queteve no século xx, e paralelamente deve alargar e fechar a malhaurbana do centro da cidade, com alguma habitação. Estamos atrabalhar com a Administração do Porto de Lisboa e com a Quimiparque,com a <strong>CCDR</strong> também a cooperar.Temos de aproveitar as margens do Tejo e do Coina, com equipamentoslúdicos, desportivos, recreativos, administrativos, se possívelassociar alguma coisa à educação, às novas tecnologias. .É preciso recolocar os rios como elemento central do desenvolvimentonão só do ponto de vista económico, e esta é uma segundalinha da estratégia.Outra é relativa às acessibilidades e à mobilidade. A terceira travessiado Tejo pode ter aqui um papel determinante, particularmentese tiver a vertente rodoviária e se for associada ao Metro aSul do Tejo, que está previsto vir de Almada e passar pelo Barreiro.Outro investimento importante é a construção de uma pontepara o Seixal, no quadro de uma estratégia de requalificar asacessibilidades intra-regionais que inclui ainda a Circular RegionalInterna da Península de Setúbal (CRIPS).Estamos a discutir uma estratégia para o centro do Barreiro como professor Joan Busquets, urbanista catalão. Ele vai projectar umedifício, uma praça e um parque no centro do Barreiro, e vai estudaras três principais ruas para alargar e requalificar o centro.Gostaria de intervir também o Barreiro velho, o nosso centro histórico,onde nasci e vivi a minha infância, que está completamentedesertificado. É uma zona com personalidade, de frentepara o rio, tem um bom movimento associativo, mas está em talestado que exige uma intervenção para a qual não temos condições.Se recuperarmos o centro do Barreiro, a Quimiparque e azona ribeirinha, estou convencido de que acabamos por mexertambém no Barreiro velho.Temos um presente difícil mas temos perspectivas favoráveis. .E não são mudanças para daqui a 20 anos, podem concretizar-sedentro de dois ou três.| 19

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