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Carlos Humberto Carvalho Energias Renováveis Mil ... - CCDR-LVT

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Época balnear 2007 | Requalificação das praias a bom ritmoCerca de um milhão de euros foi investidoaté 30 de Junho em obras de requalificaçãodo litoral no âmbito do Plano deOrdenamento da Orla Costeira (POOC)Alcobaça-Mafra, ainda a tempo de melhoraras condições de usufruto das praias daregião nesta época balnear. Para 2007 estáprevisto um investimento que ronda os 6milhões de euros, dos quais perto de doismilhões provêm de fundos comunitários.A requalificação de Santa Cruz, em Torres Vedras, foi um dos projectos em destaque este VerãoA requalificação da frente de mar de SantaCruz, obra a cargo da Câmara de TorresVedras e inaugurada a 1 de Julho (na foto),é uma das mais recentes intervenções quepuderam ser desfrutadas já nesta épocabalnear.No seguimento deste projecto de requalificação,a <strong>CCDR</strong>-<strong>LVT</strong> e a Câmara Municipalcelebraram um protocolo com vista àcolaboração na atribuição de títulos deutilização de apoios de praia e equipamentos,bem como no acompanhamentoda actividade de todas as concessõesatribuídas.Abrangendo uma área de 4,5 hectares,.as obras têm como principal objectivodevolver aos peões as ruas principais e.os largos, eliminar as barreiras arquitectó-nicas, disciplinar o trânsito automóvel e oestacionamento dos veículos, e aindarevitalizar o comércio tradicional.Sob a alçada directa da <strong>CCDR</strong>-<strong>LVT</strong> está arequalificação das praias de Paredes daVitória e da Légua (Alcobaça), de Salir doPorto (Caldas da Rainha), do Peralta e asdemolições em Paimogo (Lourinhã), assimcomo as praias de Medão/Super-Tubos,Praia da Consolação e Consolação Norte(Peniche) e o plano de praia de Pisão/Mirante (Torres Vedras). Na área de intervençãodo POOC Alcobaça-Mafra existem112 apoios de praia, 17 dos quais têm jáprojecto de adaptação elaborado e oitotêm projecto aprovado.No âmbito do POOC Cidadela-São Julião .da Barra, foi investido também mais de .um milhão de euros na requalificação depraias, nomeadamente na construção deespaços públicos, acessos e estacionamentosdas praias de São João do Estoril e deCarcavelos.3,8 milhões de euros serão ainda investidosnesta faixa litoral até ao final de 2007, dosquais cerca de 70 mil euros vão ser aplicadosna praia das Avencas, cujo plano depraia está sob a responsabilidade da <strong>CCDR</strong>-<strong>LVT</strong>. O projecto já está concluído e aprovadoe foi entregue à Câmara Municipal deCascais, que avançará com a obra.O POOC prevê a requalificação de 52 apoiosde praia, das quais a maioria foi já adaptada.Quatro deles vão ser objecto de concursopúblico, nomeadamente os da Praia daDuquesa, da Poça, da Azarujinha e de Carcavelos.Turismo residencial dispara em Lisboa e Vale do TejoEm 2004, não chegavam às cinco mil ascamas com pedidos de licenciamento na<strong>CCDR</strong>-<strong>LVT</strong>. Desde então, foi dado parecerfavorável a cerca de 30 mil camas, comdestaque para os concelhos de Palmela,Sesimbra e Óbidos, os que contam commaior número de projectos turísticos comparecer favorável da <strong>CCDR</strong>.Até 2010, prevê-se que as pretensões depromotores turísticos, para a região deLisboa e Vale do Tejo, ultrapassem mesmoas 200 mil camas. É cada vez mais expressivaa procura desta região, com particularincidência para a península de Setúbal epara a sub-região do Oeste.Só no concelho de Óbidos tinham sidoaprovadas, até Maio deste ano, 5 912 camasturísticas, distribuídas por quatro complexosturísticos: Praia D’el Rey, Turisbel –Casalito, Bom Sucesso (1.ª e 2.ª Fases) eQuinta de Óbidos.Foram entretanto apresentadas à <strong>CCDR</strong>-<strong>LVT</strong> para parecer cerca de dez mil camas eestão em negociação pela Câmara Municipalmais sete mil, estimando-se que se atinjamcerca de 25 mil camas.No Oeste existe um universo de cerca de 32mil camas associadas ao turismo residencial,com forte probabilidade para oaparecimento de novos pólos, tanto nafaixa litoral entre Torres Vedras e Alcobaça,como nas zonas mais interiores, associadosàs quintas agrícolas.A elevada procura turística tem de sercompatibilizada com o ordenamento doterritório, neste caso com o já existentePROT-AML e com o Plano Regional deOrdenamento do Território do Oeste e Valedo Tejo (PROT-OVT), em elaboração. .O modelo territorial para o turismo destassub-regiões, discutido num workshop emLisboa a 27 de Junho, está a ser elaborado .e poderá vir a contemplar um modelo decontratualização entre administração epromotores, que preveja as necessidadesde infra-estruturas a criar, os respectivosfinanciamentos, a gestão pós-construção etectos máximos de expansão do númerode camas, modelo já adoptado no PROTAlgarve).O turismo residencial tem vindo a assumirum peso crescente na Europa, o que sereflecte num aumento da procura nolitoral e nos países do Sul. Identifica-seactualmente para a R<strong>LVT</strong> (excluindo aGrande Lisboa), uma oferta potencialestimada em cerca de 160 mil camas,vocacionada para o turismo residencial,com uma clara tendência de crescimentonos próximos anos.|


Os cursos da Nova Etapa no Cacém atingiram altos índices de empregabilidadeProjectos integradosde formaçãoPolis dão novasoportunidadesWorkshop «Marca o Futuro» de Processo Criativo.e Auto-Conhecimento, Pousada da Juventude de Almada,Março 2007Os Polis da região de Lisboa estão a darorigem a diversos programas integradosde formação, inovadores e voltados para asnecessidades locais. Cacém, Costa deCaparica e Setúbal têm já formaçõesconcluídas, outras em curso ou comcandidaturas em apreciação, envolvendocentenas de formandos e dirigidas aosdomínios das intervenções do Polis.Voltados para a empregabilidade, oscursos de formação - apoiados pelo FundoSocial Europeu através da medida 2.4 doPrograma Operacional da Região de Lisboae Vale do Tejo (POR<strong>LVT</strong>) – envolvem aconcepção de projectos, criação de empresas,visitas de estudo e até a realização deestágios em empresas ou instituiçõeslocais.Mais do que meros cursos de formação, osprojectos integrados exigem a apresentaçãode resultados práticos e socialmenteúteis, que são apresentados publicamenteà comunidade, incluindo aos actores compoder de decisão e participação no território.No Cacém foram já concluídos doisprojectos de formação, a cargo daCooptécnica – Escola Profissional GustaveEiffel e da Nova Etapa. A Cooptécnica temem curso desde Junho um segundoprojecto de formação no âmbito deste Polis.O forte índice de empregabilidade é umamais-valia deste tipo de projectos deformação. No caso da Nova Etapa, mais de80 por cento dos formandos já conseguiuobter emprego. Já foi também aprovadoum projecto da Associação Comercial eIndustrial do Concelho de Sintra.A Costa de Caparica foi palco de doisprojectos de formação, “Marca o Futuro”, .da ETIC - Escola Técnica de Imagem eComunicação e o projecto conduzido pelaArribatejo, tendo sido já aprovado umoutro projecto a cargo da Nova Etapa emais dois da Cooptécnica – EscolaProfissional Gustave Eiffel. A criação deuma marca para a Costa de Caparica e deum projecto de dinamização cultural paraa cidade foi o objectivo central do projecto«Marca o Futuro», formação conduzidapela ETIC - Escola Técnica de Imagem eComunicação em Almada.Os projectos finais do curso foram apresentadosa 26 de Julho, tendo sido classificadospor um júri de especialistas emdesign e comunicação. «Costa, Cidade dosSentidos» pela Agência Essência foi aproposta classificada em primeiro lugar,seguindo-se por ordem de classificação a«Costa da Caparica, Movimento Natural»pela Agência Nemesis, «Costa da Caparica,BiodiverCidade» pela Agência Magma,«Costa 365» pela Agência Sen7idos e«Costa de Caparica, Cidade dos Desafios»pela Agência Pró-Ideias.Quanto ao Polis de Setúbal, a EscolaProfissional de Setúbal tem em curso oForpolis. Foi já aprovado também um novoprojecto da ETIC, «Vive o Futuro», que seinicia no próximo mês de Setembro. |


Lisboa a gostoComo o resto dos portugueses, os lisboetas escolhem o meio do Verão para partir,em manada automobilística, para a praia. Lisboa fica quase deserta (e que bem fica).É o melhor mês para circular na cidade, e seria perfeito não fosse tanta coisa fechar:restaurantes, piscinas, lojas. É também o melhor mês para começar a apanhar os bocadosda cidade. E oferecê-la, recomposta, aos veraneantes reentrados. Um roteiro de desejos,à atenção de António Costa.Opinião | Fernanda CâncioFotografia | Pedro Soares |


vão ter impreterivelmente de pagar para estacionar, muitos dosautomobilistas que demandam a cidade passarão a encarar comoutro interesse os transportes públicos.Depois – quer dizer, antes – é necessário reparar o piso. Os passeiose as faixas de rodagem. Mais outra tolerância zero - para osburacos. Inadmissível que zonas tão emblemáticas como a Baixa– onde, recorde-se, se situam os Paços do Concelho – apresentempasseios esburacados e ondulantes e zonas de trânsito automóveldignas de uma urbe bombardeada, com o alcatrão empatchwork de texturas e densidades e desníveis dignos de qualquerhonesto caminho de cabras (impressionante como a autarquianão está inundada de processos por danos em automóveis epor ofensas corporais às pessoas que todos os dias caem ou torcemos pés). Quando chove, toda a Baixa (que como o nome indicafica num baixio) se transforma numa sucessão de poças de água.Na Rua Augusta (fechada ao trânsito), dezenas de metros quadradosficam intransitáveis para quem não calçar galochas. É normalque a rua mais nobre da zona mais nobre da cidade, uma zonaque é património nacional e que se deseja candidatar a patrimóniomundial, seja, no Inverno, uma espécie de lago baixinho? .É justificável que ninguém tenha reparado que é necessário nivelaros pavimentos?Mais uma tolerância zero: para as pichagens. Depois de nos últimosanos, perante a passividade incompreensível das autoridadese do governo da cidade, o Bairro Alto ter sido garatujado dealto a baixo, a doença tem vindo a espalhar-se. Desce o Chiado,atravessa a Baixa, chega à Sé. Prédios pombalinos pintados defresco, a pedra porosa das fachadas, as portadas de madeira, nadaé sagrado para os selvagens do spray. Pouco a pouco, o centro dacidade adquire o aspecto de um bairro suburbano degradado.Não será fácil dar resposta a esta «tendência» mas não é possívelbaixar os braços, como tem acontecido. É preciso fazer passar amensagem de que se trata de um atentado ao patrimóniocomum, e que não será admitido.Outro tipo inadmissível de selvajaria: a ocupação desregrada .e descontraída da via pública. Deve ser estabelecido sem sombrade dúvida que as obras, sejam elas de que natureza forem, devemocupar o mínimo de espaço da via pública e causar o mínimo detranstorno. O modo inadmissível como qualquer estaleiro, seja deum prédio, do metro ou de um túnel ou de uma daquelas reparaçõescíclicas da EDP, EPAL, Gás ou PT, se acha no direito de deixarmontes de estulho durante meses no mesmo sítio, esburacar passeiose deixá-los por arranjar, fazer os peões andar pela estrada,caminhar em lama, terra ou cascalho, ou andar o triplo do caminhonormal para chegar ao destino deveria há muito ter desencadeadoum conjunto de medidas para acabar com o regabofe.Quem passou a pé na zona do Saldanha, do Marquês e da FontesPereira de Melo no último ano não pode ter deixado de espumarcom o absoluto desprezo a que foi votado pelos responsáveis dasobras (metro e túnel do Marquês). Houve alturas em que nem se10 |


conseguia perceber por onde era suposto ir. Viam-se transeuntesparados, a olhar em volta, hesitando, à procura da sinalização inexistente.Sendo impossível atravessar a Fontes Pereira de Melo aolongo de centenas de metros, tinha de se andar o triplo. NoSaldanha, a brutalidade de espaço (vazio em grande parte, semsinal de operários ou máquinas) ocupado pela obra do metroobrigou, durante pelo menos meio ano, a autênticas gincanas.Que departamento camarário autoriza estes abusos imperiais?Será que alguém na autarquia leva em conta as necessidades dequem anda a pé, ou só há preocupação com o chamado «escoamentode tráfego»? Será que é impossível pôr ordem nas obras?Claro que não. Basta percepcionar o problema, ter vontade de oresolver e usar os bastos instrumentos existentes na estruturacamarária para assegurar a resolução.Outra inadmissibilidade é a do claro abandono a que são votadostantos edifícios devolutos. Em todas as zonas da cidade há prédiosvazios de janelas escancaradas à chuva e aos bichos, .à espera da derrocada. Há até casos de imóveis que foram entaipadosnos primeiros tempos do reinado de Santana Lopes e, cincoanos depois, assim permanecem. Um dos exemplos mais extraordináriosé o de um edifício de esquina da rua da Madalena –fechada ao trânsito em 2002 «para ficar mais bonita» - que, estandoem risco de derrocada, foi escorado com vigas e entaipado,sendo feita uma passagem de madeira para peões. Em 2007, oedifício permanece assim, com a passagem de peões já completamentepodre e esburacada, obrigando quem o quer contornar acaminhar pela estrada ou a passar para o outro lado da rua. Comoexplicar este tipo de situação? Como perceber que o departamentocamarário responsável pelo processo do edifício permita isto?A limpeza da cidade é outra das prioridades óbvias de umaCâmara que queira realmente fazer a diferença e tornar claro queassim é. Devem ser efectivamente proibidos os sacos de lixo àporta de casa. Os ecopontos têm de deixar de ser um ponto denojo e mau cheiro (em tempos, os responsáveis pelo departamentode resíduos sólidos certificaram-me de que os receptáculos sósão limpos duas vezes por ano – o que explica a camada de porcariaque os cobre), quase sempre repletos e rodeados de todo .o género de detritos e assegurar uma cobertura efectiva da cidade– há zonas em que é preciso andar 500 metros para chegar aoecoponto mais próximo. A reciclagem é uma necessidade e umaobrigação – mas não pode ser um martírio. Se a Câmara de Lisboanão tem condições para dotar a cidade de uma rede de recolha derecicláveis digna e eficaz, talvez deva assumi-lo. Talvez deva passara responsabilidade dessa tarefa a outra ou outras entidades.Talvez haja empresas interessadas no negócio – se há negócio .na reciclagem.Muito há a fazer por uma cidade abandonada, desprezada, humilhada.As ideias de intervenção rápida não se esgotam decertonesta meia dúzia de desejos. Mas corresponder-lhes seria umbom princípio. O princípio da esperança.| 11


Entrevista | Ana Sousa DiasFotografia | Pedro Soares<strong>Carlos</strong> <strong>Humberto</strong> <strong>Carvalho</strong>Presidente da Junta Metropolitana de LisboaO Presidente da Junta Metropolitana de Lisboa espera que o Governo modifique a propostaavançada em Maio último para o regime jurídico das áreas metropolitanas, aproximando-ado modelo defendido pelas juntas de Lisboa e do Porto. <strong>Carlos</strong> <strong>Humberto</strong> <strong>Carvalho</strong> voltaa afirmar que gostaria de ser o último presidente não eleito, e insiste em três pontos queconsidera fundamentais: o órgão metropolitano deve ser eleito por voto directo, as suascompetências têm de ser claras e deve ser dotado de meios financeiros para cumpri-las,num sistema em que esteja sempre salvaguardada a autonomia das autarquias.Eleito em 2005 para a presidência da Câmara Municipal do Barreiro, que recuperou paraa CDU depois de um mandato em que fora ganha pelo PS, <strong>Carlos</strong> <strong>Humberto</strong> preparaprojectos estruturantes para o concelho, entre os quais uma estratégia integrada para arecuperação do território da Quimiparque e a revitalização da zona ribeirinha e do centrohistórico – onde nasceu e passou a infância. Numa autarquia a braços com dificuldadesfinanceiras, diz que vive na angústia de não ter tempo para tudo o que gostaria de fazer.12 |


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As juntas metropolitanas [de Lisboa e do Porto] existem desde1991 mas o papel delas tem sido pouco relevante.O que é que impede a sua acção?Esta solução de Junta Metropolitana está esgotada. É indispensávelum órgão na área metropolitana com consistência democrática,isto é, proveniente de eleições directas. Os membros da JuntaMetropolitana deviam ser eleitos directamente pela população.Esta é a minha opinião pessoal mas é também fruto de reflexãocolectiva, e é consensual entre os 18 presidentes de câmara quehoje integram a Junta Metropolitana de Lisboa. Ninguém despe ocasaco de presidente em nenhuma circunstância. Eu próprio sou,acima de tudo, presidente de Câmara do Barreiro e, cumulativamente,sou presidente da Junta Metropolitana de Lisboa. Tenhodito que gostaria de ser o último presidente não eleito. Dificilmentehá uma visão metropolitana, há o somatório de 18 visõesEssa estrutura não colide com as atribuições das comissões decoordenação e desenvolvimento regional (<strong>CCDR</strong>)?Não, na medida em que as <strong>CCDR</strong> são estruturas da administraçãocentral e como tal têm competências claras. O próprio presidenteda <strong>CCDR</strong> defende que a junta metropolitana tenha áreas de intervençãoclaras.Fui eleito pela CDU e não estou a defender isto numa perspectivapartidária, porque provavelmente nem sequer é a CDU que ganha,apesar de ter a maioria em oito dos 18 municípios. Não se trata deuma questão de interesse partidário, trata-se daquilo que servemelhor a região.Apesar de diferenças políticas e até ideológicas muito acentuadas entre nós,que cada um assume com um certo à-vontade, há uma grande experiência desaber os momentos em que é preciso afirmar as diferenças e os momentosem que é preciso sublinhar o que nos une. Não tem sido difícil gerar consensoalargado sobre a esmagadora maioria das matérias. E também temos o bomsenso de retirar quando vemos que as coisas não são consensuais. Não melembro de haver uma votação na Junta que não fosse por unanimidade.concelhias. Precisamos de um órgão metropolitano eleito paragerir com uma visão integrada, supra-municipal.Vivemos um vazio institucional. Existe a estrutura de poder nacionale há depois a estrutura local. Mas está prevista na Constituiçãouma estrutura relativa às áreas metropolitanas que é indispensável.Há questões de carácter metropolitano – se quisermos,podemos dizer de carácter regional, numa perspectiva de regionalização– que umas vezes são tratadas pelo governo, outrasvezes pelos municípios.A futura estrutura metropolitana tem de ter atribuições claras,não podem ser apenas competências de coordenação, de cooperação.Defendo que tenha competências ao nível do ordenamentodo território, da mobilidade e dos transportes, algumas de carácterambiental, entre outras. E tem de ter meios para executaressas competências.Actualmente o que faz a Junta Metropolitana de Lisboa?Discutimos questões de carácter regional, procuramos articular eafinar posições sobre essas matérias, mas depois ficamos por aqui.No âmbito do Quadro Comunitário de Apoio (QCA/III), tivemos .a gestão de uma parte dos fundos comunitários e essa é umaintervenção interessante. Mas Lisboa deixou de ser Objectivo I eas verbas diminuíram significativamente. O mais provável é quea Junta não seja chamada a essa função, ainda que eu discorde,pois penso que as autarquias e a Junta Metropolitana deviam teruma maior intervenção nesse mecanismo.Claro que temos intervenções interessantes, é justo reflectir sobreo Portal da Junta e sobre alguns trabalhos informáticos, como .as compras electrónicas.14 |


Compras de quê?É um processo que está no início, com uma experiência pequeníssimamas com resultados entusiasmantes. Depois de um levantamentodas necessidades dos municípios e das condições de comprade cada um, faz-se um concurso público para o seufornecimento em conjunto. Até agora, temos este sistema paramaterial informático, papel, pneus. As câmaras depois compramdirectamente por via electrónica a quem ganha o concurso, e háprazos para a resposta e para os pagamentos. Isto desburocratiza,facilita e permite poupanças.Outra função da Junta são as representações internacionais, fazemosparte de cinco ou seis redes a nível dos portos, dos estuários,por exemplo, e aí trocamos experiências, aprofundamos reflexãosobre estas matérias.O facto de o executivo da Junta Metropolitana ser constituídoa partir de um acordo partidário não inviabiliza a tomada degrandes decisões, não as torna enviesadas?Está a falar da Comissão Permanente, que tem um papel de representaçãoe de preparação das discussões da Junta mas não temmuita capacidade de decisão. As grandes decisões são do conjuntodos 18 municípios. A Comissão Permanente não é um órgãoexecutivo, a Junta é que é um órgão executivo da Área Metropolitana.Apesar de diferenças políticas e até ideológicas muito acentuadasentre nós, que cada um assume com um certo à-vontade, háuma grande experiência de saber os momentos em que é precisoafirmar as diferenças e os momentos em que é preciso sublinharo que nos une. Não tem sido difícil gerar consenso alargado sobrea esmagadora maioria das matérias. E também temos o bomMas considera que isso é pouco?senso de retirar quando vemos que as coisas não são consensuais.É claramente insuficiente. Nos problemas com dimensão claramentemetropolitana, como os transportes, qual é o papel daJunta? Faz comentários, apreciações. A região metropolitana precisade uma intervenção distinta, e por isso defendemos commuito ênfase a criação da Autoridade Metropolitana de Transportes.É um projecto ambicioso, necessariamente complexo, composições diferentes dos parceiros, dos municípios e do Governo,mas indispensável para darmos um contributo para a atenuação– já nem digo a resolução – dos problemas de transportes e mobilidade.Cada vez mais é preciso ter uma visão global e integradaporque os transportes têm muito a ver com a qualidade de vida, oemprego, o urbanismo, a ocupação do território, a vida de cadaum de nós.Não me lembro de haver uma votação na Junta que não fosse porunanimidade.Isso não seria assim se a Junta tivesse competências executivas.É evidente. Todos percebemos o patamar em que estamos. Setivéssemos de decidir se se constrói isto ou aquilo, ou se se investemais nesta ou naquela área, seria diferente. Mesmo assim, temosconsensos em questões políticas muito importantes, como aAutoridade Metropolitana de Transportes ou a definição dofuturo da área metropolitana. Cada um de nós percebe o seupapel e distingue o essencial do secundário.| 15


Em que é que não está de acordo com a proposta do Governosobre as áreas metropolitanas?As competências que estão na proposta do Governo são insuficientese pouco claras. Esperamos que o Governo tenha em contaa posição da Junta Metropolitana de Lisboa quanto à eleiçãodirecta. Penso que o Governo menoriza o papel dos municípios edos presidentes, já que cria um órgão executivo a que chama“Junta”, constituído por cinco pessoas não eleitas directamente –eleitas pela Assembleia Metropolitana a partir de proposta doConselho Metropolitano, isto é, dos 18 presidentes. É inaceitável enão resolve nada, nem do ponto de vista institucional nem doponto de vista da solução metropolitana. Estes cinco técnicos dachamada “Junta” passavam a ser os interlocutores do Governo.Vai estando esgotada aexpressão que vou utilizarmas gosto dela: a cidade dasduas margens, o Tejo comoelemento aglutinador destacidade-região. Até diria: o Tejocomo grande praça da ÁreaMetropolitana, a maior praçado País. É nesse sentido quetemos de caminhar.Mas esses nomes eram propostos pelos eleitos, o perfil delesdependeria da vossa proposta.Independentemente do perfil pessoal, técnico, político, de qualquerum deles, claramente não eram eleitos. E essa é a questão:ser ou não ser eleito. Um técnico pode ser um político, um políticopode ser um técnico, não se trata disso. Neste modelo, formalmentetinha funções técnicas mas de facto assumia, quer doponto de vista técnico quer do ponto de vista político, as opçõesfundamentais. Algumas decisões deste órgão eram obrigatóriaspara as autarquias. Não é aceitável. Do ponto de vista constitucional,o poder local tem autonomia, tem competências próprias. Aconstrução da democracia portuguesa fez-se na base de princípiose um deles é a autonomia entre o poder local e o poder central.Estou em frontal desacordo com tudo o que ponha em causaesse princípio. A não ser que cheguemos à conclusão de que isto épara mudar, e eu admito-o. Mas então discutamos abertamente,conclua-se que é para mudar e altere-se a legislação. Vir com pezinhosde lã alterar um dos elementos estruturantes da democraciaportuguesa é inaceitável.Na vida, nada é indiscutível. Há maiorias e minorias, não temos deestar de acordo em tudo. Estou disponível para aceitar as decisõesda maioria, até porque sou comunista. Mas tudo o que ponha emcausa a autonomia do poder local, mesmo que seja para umpoder regional ou metropolitano, estou em desacordo.Mas admite-o se o poder intermédio – metropolitano, regional– for eleito?Só não admito que se ponha em causa a autonomia, mesmo coma criação da região. Há competências que hoje são das autarquiase passarão a ser de carácter regional, mas as autarquias continuama ser autónomas nas matérias que lhes dizem respeito.Interrogo-me se as áreas metropolitanas não deviam ser regiões.Também admito que dentro de uma grande região haja uma áreametropolitana, ou concretamente que dentro da região Lisboa eVale do Tejo haja uma área metropolitana de Lisboa. Não vejoincompatibilidade em que ambos esses órgãos sejam eleitos,quanto mais aprofundada for a democracia, melhor.Desde que as competências sejam claras?É preciso que as áreas de intervenção estejam claras. Não podehaver áreas cinzentas, em que não se sabe bem de quem são ascompetências.16 |


A Junta defende uma autoridade metropolitana detransportes. É uma matéria que deixaria de passar peloGoverno central?O Governo tem de ser chamado a intervir nessa matéria mas éclaramente uma questão que deveria ser resolvida a nível regional.É preciso definir as áreas de intervenção, a composição dosvários órgãos, mas é muito importante a questão do financiamentodesta Autoridade. Não podem dizer-nos, por exemplo:“toma lá o Metro, com não sei quantos milhões de défice/ano,resolve isso”. Tínhamos de parar as câmaras todas, não fazer maisnada, passar o dinheiro todo para a autoridade metropolitana ese calhar não chegava.Os transportes são um elemento estruturante. A autoridade temde ter articulação com outras entidades ao nível regional e, comcerteza, nacional, são problemas de dimensão que ultrapassa aMas estão de acordo com a Estratégia?Globalmente, não se pode dizer que tenhamos discordâncias defundo, até há coisas que consideramos muito interessantes.Por exemplo?A visão global da região e a ideia do Tejo como centro da ÁreaMetropolitana. Vai estando esgotada a expressão que vou utilizarmas gosto dela: a cidade das duas margens, o Tejo como elementoaglutinador desta cidade-região. Até diria: o Tejo como grandepraça da Área Metropolitana, a maior praça do País. É nesse sentidoque temos de caminhar.Outro aspecto positivo: valorizar muito as pessoas, apostar noscidadãos, na sua formação. E ainda a ideia de Lisboa desempenharum papel de grande metrópole internacional, sem umaregião. Admito que, pelo menos nesta fase, não seja dispensável aparticipação dos órgãos da administração central. O que é diferentede eles terem um papel preponderante.As opções da Estratégia Lisboa 2020 são coincidentes com aopinião da Junta Metropolitana?visão localista ou regionalista. O País precisa, com naturalidade,de máquinas que puxem as carruagens. Tudo isto é muito importante,mas precisamos de associar à Estratégia mecanismos deconcretização. E esses não estão garantidos.Não há meios financeiros?Gostaríamos de que a Estratégia Lisboa 2020 tivesse sido construídapela Junta Metropolitana. Claro que não foi porque as competênciasda Junta são o que são e o Governo optou por definir aestratégia através da <strong>CCDR</strong>. Mas podia ter pedido à Área Metropolitanauma articulação, ou podia ter desafiado a Junta a participar.Ainda não há, e sublinho o «ainda» porque quero dar uma margemde confiança. O QREN pode dar um contributo mas Lisboasaiu do Objectivo I e portanto os meios disponibilizados para aregião vão reduzir talvez em um sétimo ou um oitavo daquilo queforam no QCA, e não sabemos o que acontece depois. Como é quese concretiza uma estratégia quando há menos fundos comunitáriose o Estado tem poucas disponibilidades financeiras? Poderecorrer-se a privados e articular o seu papel com a intervençãopública, é justo fazê-lo, mas é necessário ter meios financeiros.| 17


Há três grandes obras – o Aeroporto da Ota, o comboio de altavelocidade e a terceira travessia do Tejo – previstas para ospróximos anos na região. Qual é a sua opinião sobre estesempreendimentos?A Junta Metropolitana não discutiu nenhuma das três matérias.Sabemos que dificilmente vamos chegar a consenso, tem sidoisso que nos tem levado a não discutir uma coisa que só nos vaipartir. Sou do município do Barreiro e tenho posição clara sobreestas três matérias mas, como presidente da Junta Metropolitana,não tendo havido discussão, não vou pronunciar-me.O aeroporto tem uma importância muitíssimo grande para aRegião Metropolitana de Lisboa, mas é claramente uma questãonacional. A posição dos presidentes de Câmara e do conjunto doseleitos autárquicos da península de Setúbal – nove dos 18 municípiosda Área Metropolitana – foi muito equilibrada relativamentea esta matéria e sinto-me muito satisfeito pela posição que tomaram:nunca defenderam o aeroporto na península de Setúbal. Aúnica coisa que exigiram foi que se estudasse as localizações,incluindo as da península de Setúbal. A solução tem de ser a queserve o País e não a que serve a península de Setúbal. O pior quepode acontecer, e já aconteceu, é os concelhos e as regiões discutiremse é importante para si ou não. Porque então não há aeroportoem lado nenhum. O mesmo se passa com o comboio de altavelocidade.Já a terceira travessia do Tejo não é o mesmo caso?A terceira travessia do Tejo pode ser importante se não se limitarà alta velocidade, porque a alta velocidade é só para passar, nãoresolve nenhum problema local. Mas se tiver, como está previsto,o comboio tradicional, então traz maior mobilidade, melhoresacessibilidades.A ponte deve ter também a vertente rodoviária. Não é para serviro Barreiro nem para a população do Barreiro chegar mais depressaa Lisboa, porque isso não resolve problemas da região, pelo contrário.Se for uma ponte rodoviária com a perspectiva de crescimentoa sul, de localização a sul de equipamentos-âncora, particularmenteao nível do emprego, mas também do ensino, dacultura, do lazer, então vale a pena. Mas não quero que o Barreirose desenvolva à custa da região.No quadro da Estratégia Lisboa 2020, a ideia da cidade-região éútil, para a região e para o País. Mas é uma cidade de duas margense portanto só se consolida se crescer para sul de forma sustentada.Só assim Lisboa pode assumir o papel de metrópoleinternacional que ajuda o país a desenvolver-se. É preciso quecresça para sul, com mais gente e mais desenvolvimento económicoe emprego, para se reequilibrar, para que o Tejo seja de factoo centro. Paralelamente ao desenvolvimento sustentável quepressupõe questões ambientais, sociais, desportivas, de lazer, deequipamentos-âncora.A questão do emprego continua a ser central na penínsulade Setúbal?É o principal problema não só da margem sul mas de toda a ÁreaMetropolitana de Lisboa. Estou convencido de que Lisboa é a zonado País onde se vive pior. É aqui que estão, quantitativa e qualitativamente,os maiores dramas sociais. Aquela ideia, justa, dadesertificação do interior, da litoralização, que é verdadeira e queé preciso combater, leva a esquecer quais são as zonas de maiordesemprego, e não só em taxas mas em número de pessoas concretas,dramas de vida. Lisboa é onde há mais sem-abrigo, ondeestão os imigrantes sem condições de vida, onde há maior númerode pessoas sem médico de família.A Estratégia fala muito bem sobre o “arco ribeirinho sul” que é, nofundo, toda a margem sul do Tejo, de Almada a Alcochete passandopor Seixal, Barreiro, Moita e Montijo, e que tem espaçosextraordinários que é possível requalificar.Por exemplo?A antiga Lisnave, a antiga Siderurgia, a antiga CUF que hoje é aQuimiparque. Precisamente aqui no Barreiro.São 300 quilómetros quadrados, com uma margem do Tejo detrês quilómetros. É uma área desqualificada, na antiga zonaindustrial e ainda com algumas indústrias, onde chegaram a trabalharonze mil pessoas. É um território excepcional e não tenhodúvidas de que vai dar um contributo essencial, tal como a antigaSiderurgia e a antiga Lisnave da Margueira.Quando foi eleito presidente da Câmara do Barreiro, em 2005,nunca tinha sido autarca, vinha de responsabilidadesrelacionadas com as autarquias dentro do PCP. O facto de estarna autarquia trouxe-lhe uma visão diferente?Dificilmente percebemos as situações por que os outros passamsem as viver, sem estar nelas. Em relação aos grandes problemas,às grandes estratégias, não sinto diferenças. Mas a pressão quotidianade um eleito autárquico não me passava pela cabeça. Entrona Câmara todos os dias às sete de manhã e saio à meia-noite, àuma ou duas da manhã, às dez, quando calha.Todos os dias há trabalho que justifique tantas horas?Todos os dias. Simplificando, o maior problema do Barreiro é odesenvolvimento económico e o emprego; o maior problema daCâmara é a situação financeira; o maior problema do presidenteé não ter tempo.A pressão do quotidiano, a incapacidade de responder ao dia-adiadas pessoas, a angústia de as pessoas quererem todas falarcomigo e ter de dizer que não, é materialmente impossível. Nasautarquias, acabamos por intervir em tudo, não temos condiçõespara voltar as costas. Todos os dias vêm pedir-me emprego, casas,dizem-me que é preciso tapar buracos nas ruas ou que a rua nãoestá limpa, que as ervas estão a nascer no passeio, ou que a casaestá a cair.A população do Barreiro passou de 100 mil para 80 mil.O que se passou?Isso deu-se com a desindustrialização, o encerramento dasempresas. Muitos trabalhadores eram imigrantes internos eregressaram às origens. Há também um certo envelhecimento eos mais jovens procuram emprego fora, particularmente os quetêm maior formação académica e profissional. Há cerca de 15anos, com o encerramento das fábricas, o Barreiro começou aatravessar uma crise de desenvolvimento económico e deemprego que se tem vindo a acentuar, depois veio a perda depopulação, os problemas de carácter social. E hoje há uma situaçãodo ponto de vista emocional que não é boa. Fomos da criseeconómica à crise social e agora à crise emocional. Isto é simplista18 |


mas reflecte a situação actual. As duas pontes deixaram o Barreirono centro geográfico mas o crescimento deu-se onde háacessibilidades. O Barreiro era o principal pólo ferroviário a sul eperdeu valências ferroviárias. Talvez estes sejam os dois factoresprincipais: o emprego e a mobilidade. O Barreiro é o único concelhoda área metropolitana, tirando Lisboa por outras razões, queperde sempre população nos últimos 20 anos.O que é possível fazer para inverter essa tendência?Estas situações geram oportunidades e desafios, podemos estar aatravessar o momento mais interessante das últimas décadas. .O Barreiro está a discutir as questões que vão marcar o concelhono século XXI. Estamos a trabalhar para levar a bom porto grandesprojectos.E quais são os projectos?Há quatro ou cinco questões essenciais. Vamos intervir no territórioda Quimiparque, estamos a preparar a estratégia e a forma desustentá-la. Penso que deve ser um pólo de desenvolvimento económicoe de emprego, para que tenha no século xxi o papel queteve no século xx, e paralelamente deve alargar e fechar a malhaurbana do centro da cidade, com alguma habitação. Estamos atrabalhar com a Administração do Porto de Lisboa e com a Quimiparque,com a <strong>CCDR</strong> também a cooperar.Temos de aproveitar as margens do Tejo e do Coina, com equipamentoslúdicos, desportivos, recreativos, administrativos, se possívelassociar alguma coisa à educação, às novas tecnologias. .É preciso recolocar os rios como elemento central do desenvolvimentonão só do ponto de vista económico, e esta é uma segundalinha da estratégia.Outra é relativa às acessibilidades e à mobilidade. A terceira travessiado Tejo pode ter aqui um papel determinante, particularmentese tiver a vertente rodoviária e se for associada ao Metro aSul do Tejo, que está previsto vir de Almada e passar pelo Barreiro.Outro investimento importante é a construção de uma pontepara o Seixal, no quadro de uma estratégia de requalificar asacessibilidades intra-regionais que inclui ainda a Circular RegionalInterna da Península de Setúbal (CRIPS).Estamos a discutir uma estratégia para o centro do Barreiro como professor Joan Busquets, urbanista catalão. Ele vai projectar umedifício, uma praça e um parque no centro do Barreiro, e vai estudaras três principais ruas para alargar e requalificar o centro.Gostaria de intervir também o Barreiro velho, o nosso centro histórico,onde nasci e vivi a minha infância, que está completamentedesertificado. É uma zona com personalidade, de frentepara o rio, tem um bom movimento associativo, mas está em talestado que exige uma intervenção para a qual não temos condições.Se recuperarmos o centro do Barreiro, a Quimiparque e azona ribeirinha, estou convencido de que acabamos por mexertambém no Barreiro velho.Temos um presente difícil mas temos perspectivas favoráveis. .E não são mudanças para daqui a 20 anos, podem concretizar-sedentro de dois ou três.| 19


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energias renováveisLisboa será uma das capitaismais sustentáveisa Região de Lisboa e Vale do Tejo (R<strong>LVT</strong>) tem um elevado potencial renovávelcapaz de tornar a capital uma das cidades do mundo energeticamente maissustentáveis. As renováveis não são a “galinha dos ovos de ouro” do país,mas são, seguramente, um sector que poderá trazer muitas mais valias paraPortugal, que apesar de já ter algum trabalho feito nesta área, ainda nãosoube ou não quis tirar o máximo partido de fontes de energia gratuitase fartas. é que portugal não dá cartas só no sol (o algarve é das zonasdo mediterrâneo com mais radiação solar) e vento (a R<strong>LVT</strong> tem duasmil horas por ano), tem também as melhores ondas do mundopara aproveitamento energético. Mas enquanto a energia dos oceanosestiver numa fase de desenvolvimento tecnológico, o mais provável é quea eólica offshore assuma protagonismo. Sabia que em uma horade electricidade gasta em sua casa, cinco minutos provêem do vento?Electricidade é maravilha recente para Laurinda da Cunha.Reportagem | Carla AmaroFotografia | Guto Ferreira| 21


Aprimeira vez que viu luz surgir numa pequenabola de vidro não terá sido há mais 15 anos,e só porque a senhoria da casa que habita, numbairro antigo e degradado construído há cemanos, foi obrigada, pela autarquia, a proceder .à instalação do contador. Até então, Laurinda não sabia o bemque sabe ler as histórias que se contam em livro do herói daterra, D. Nuno Álvares Pereira, muito para lá das horas desol. «Sou velhinha e sou mulher e felizmente tive a sorte deaprender as letras e os números».Escrever é exercício que as artroses nas mãos já não lhe permitemhá muito. Ler, «graças a Deus», tem olhos que ainda lhe concedemessa generosidade. «É das poucas capacidades que tenho, o meucorpo já não funciona. As pernas já quase não andam. Sou umamulher doente...». Foi apoiada aos móveis que conseguiu arrastaros pés até à porta para ver «quem é?». E, a custo, alcançou a cadeirade plástico branca, junto à soleira, onde se senta sempre que .a temperatura no interior da habitação exige que sinta a frescurada brisa que vem de um fio do Tejo, aqui mesmo ao lado.Laurinda sabia que a electricidade existia antes de ter em casalâmpadas alimentadas a energia eléctrica, que lhe prolongaramos momentos de prazer - «ler é o que mais gosto» - e atenuaram .a sensação de solidão – «sou viúva há 50 anos, tenho um filho .que é muito seco para mim». Mas do potencial da energia sóconhecia o do sol, através da secagem de roupa no estendal, .e o da água, tendo como referência o moinho de maré da terraque trabalhava dia e noite e mesmo assim «não chegava para as .encomendas de farinha».A Região de Lisboa e Vale doLaurindaTem 82 anos e lembra-se como se ontem fosse. «Quando era garota,tinha seis, sete, dez anos, andava aos caranguejos acolá ao pédo moinho e aquilo era um corropio de barcos a chegar e a partir.Vinham buscar a farinha de trigo com que antigamente se fazia opão». O cereal, «não sei se vinha de fora ou se daqui da nação.»Aqui de Corróios não, que isto dantes era um deserto» em gentemas muito povoado em «mato». Laurinda sabe bem do que fala,porque é das «raras pessoas de Corroios» que permanece na terraonde nasceu e de onde nunca saiu. E por isso tem presente .na memória o movimento de outrora do moinho de maré.Tejo, em particular, é uma zonade elevado potencial renovável,sobretudo solar e eólico, que«podem contribuir para tornara cidade de Lisboa uma dascapitais do mundoenergeticamente maissustentáveis».Nessa altura, e nesta de resto, energia renovável é termo estranhopara Laurinda. Mas já antes da sua meninice houve alguém, .português, visionário, que percebeu que o país e o mundo deviamtirar partido de fontes de energia como o sol e o vento. Era padre,chamava-se Manuel António Gomes (nasceu em 1869) e a suaestatura, alta, fez com que os amigos lhe chamassem Himalaya,que acabou por adoptar. Este homem foi o primeiro a defender .o desenvolvimento de um país através do aproveitamento dassuas forças naturais e, para fazer valer a sua tese, inventou .a primeira máquina solar: um forno para transformar o azoto .da atmosfera em azotatos, com os quais pretendia produzir .fertilizantes para a agricultura. A revista Scientific American noticiouo invento, que ficou credibilizado junto da comunidadetécnico-científica da época.O pioneirismo deste sacerdote no investimento em energiasrenováveis inspirou o actual «Concurso Solar Padre Himalaya», .de âmbito nacional, organizado em seis escalões de competição eabordando os diferentes ciclos do ensino básico, secundário, pro-22 |


Moinho de Maré de Corroiosfissional ou superior. Dirigido a equipas de professores e alunos detodas as escolas nacionais, a ideia do concurso, segundo o seucoordenador, David Loureiro, é contrariar «o atraso da sociedadeportuguesa em despertar para as energias renováveis», por umlado, e «estimular os gosto pela actividade experimental», .por outro.Laurinda nunca ouviu falar do padre Himalaya, que «não deve tersido homem importante», seguramente não tanto como o seuconterrâneo D. Nuno Álvares Pereira, «esse sim, homem de .primeira e de grande coragem», que com meia dúzia de pessoasvenceu o inimigo mouro que queria tirar-lhe esta terra e as outrasà volta. Isto tudo conta Laurinda com a lágrima a querer formar-se,tal a emoção quando fala do herói de Corroios. Herói, porque heróié quem luta para defender até à morte a sua propriedade, e nãoalguém que tem a coragem de falar ao mundo de um conceitofuturista chamado sustentabilidade e que passa pela aposta nasenergias renováveis. Mas o padre Himalaya tem mais em comumcom D. Nuno Álvares Pereira do que Laurinda imagina, pois tambémele tirou proveito de uma fonte energética renovável como .a água: mandou construir o moinho de Corroios, o primeironaquela região (D. Nuno Álvares Pereira era proprietário de quasetodos os terrenos banhados pelo braço do rio Tejo que entra .no Seixal).Laurinda sabe de cor e salteado a história deste engenho, quedesde 1984 é um Edifício Classificado de Interesse Público. Dessahistória fazem parte as obras «que nunca mais acabam» e queimpõem um interregno forçado na sua função actual: a de .satisfazer a curiosidade de turistas que querem saber como é quedos cereais se fazia farinha - a figura do moleiro era aqui representadopor um funcionário da câmara, «o senhor Vítor», antesdo moinho fechar para recuperação. Aproveitado ao longo dosúltimos anos como atracção de cartaz turístico, integrando .o núcleo museológico da Câmara Municipal do Seixal, está .em obras há «seis anos, pelo menos», se não se engana o povo,representado por uma ínfima amostra constituída por MariaFilomena Mateus, Ana Maria Duarte, Felismina Veiguinha .e Joaquim Esteves.Os moinhos de maré representam uma utilização precursora .de um recurso renovável: a energia das marés. No passado, .os estuários dos principais rios portugueses estavam cheios destastecnologias seculares, simples mas eficazes. Já no século xvi existiamcerca de 60 engenhos entre Almada e o Montijo, mas desses nemsequer restam ruínas. Só o de Corroios se mantém em bom .estado e capaz de funcionar, apesar das obras.| 23


Portugal, país de sol e ventoAproveitar o pontencial da água como fonte energética faz parteda agenda política nacional em matéria de energia. Portugalapresenta excelentes condições. As zonas costeiras, em especial .a costa ocidental do continente e as ilhas dos Açores, têm condiçõesnaturais, garantem os especialistas, «entre as mais favoráveisem qualquer parte do mundo para o aproveitamento .da energia das ondas.» De resto, em matéria de investigação .e desenvolvimento, Portugal é um dos países pioneiros e commaior impacto em termos de participação e coordenação de .projectos europeus. Liderou, por exemplo, um projecto na Ilha doPico e a elaboração do Atlas Europeu de Energia das Ondas.O problema é que este recurso exige tecnologia complexa e porisso o seu desenvolvimento no país está bastante aquém daspotencialidades, em comparação com a utilização que se faz .de outras fontes energéticas como o vento, o sol e a biomassa.A Região de Lisboa e Vale do Tejo, em particular, é uma zona .de elevado potencial renovável, sobretudo solar e eólico, que, .na opinião de Ana Estanqueiro, directora da Unidade de EnergiaEólica e dos Oceanos, do INETI (Instituto Nacional de Engenharia,Tecnologia e Inovação), «podem contribuir para tornar a cidadede Lisboa uma das capitais do mundo energeticamente mais .sustentáveis».Existem já mais de 200 MW instalados, só no distrito de Lisboa,pelo que a situação na região de <strong>LVT</strong> «é claramente positiva». Afonte de energia renovável com desenvolvimento mais marcanteé a eólica, facto explicável pelo interesse que esta forma de energiarenovável gera no tecido empresarial nacional em todo o país,aqui reforçado pelo elevado recurso eólico da região, e, por sinal,um dos mais elevados do país. Na região de <strong>LVT</strong> existem tambémcondições naturais para o desenvolvimento de aproveitamentosoffshore, cuja viabilidade técnico-financeira importa caracterizarcom detalhe. «O potencial eólico offshore da região pode não serinteiramente aproveitável, tendo em conta os condicionamentosimpostos pelos corredores de navegação de um porto com .a dimensão do de Lisboa, ou, se pensarmos na região do estuáriodo Tejo - por exemplo nos mouchões do Tejo pode ser muito .rentável, já que há uma subestação para interligação de um .parque offshore a cerca de 500 m…, os impactos ambientaisdevem ser cuidadosamente caracterizados». Ainda assim, atente-seao exemplo de Copenhaga, onde existem turbinas offshore .na zona urbana da cidade, que tem uma densidade de avifaunamuito superior à de Lisboa.Ana Estanqueiro considera que «o nosso país tem a obrigaçãomoral histórica de apoiar o desenvolvimento da energia dos .oceanos e eólica offshore», tanto mais que «o mar foi sempre umaliado no nosso percurso como nação». Há que investir com visãode médio e longo prazo e não esperar resultados imediatos:«Temos normalmente pouca paciência para esperar por resultadosque tardam em aparecer. Devíamos pensar que o período danossa história de que mais nos orgulhamos, os Descobrimentos,são fruto da visão, da motivação e da persistência que hoje em diatanto nos falta. Contudo, dado que a energia dos Oceanos estáainda numa fase de definição tecnológica - existem muitas .tecnologias concorrentes, nenhuma inteiramente de eficácia .e sobrevivência testadas, assemelhando-se ao que se passava naDado que a energia dos Oceanos«está ainda numa fase dedefinição tecnológica, é muitoprovável que venha a sero aproveitamento da energiaeólica offshore, bem comoa hídrica (que <strong>LVT</strong> não tem), afazer a maior contribuição paraos objectivos europeus de 2020».área da eólica há 30 anos –, é muito provável que venha a ser .o aproveitamento da energia eólica offshore, bem como a hídrica(que <strong>LVT</strong> não tem), a fazer a maior contribuição para os objectivoseuropeus de 2020».É nos cinco distritos das zona Centro - Coimbra, Viseu, Aveiro,Castelo Branco e Guarda - que se encontra, em números redondos,praticamente metade da potência eólica instalada no país.<strong>LVT</strong> e o Norte contam com 25% cada. E dentro da Região de Lisboa .e Vale do Tejo, a maior concentração de turbinas está na zona .de Torres Vedras. Quem passa pela A8, não tem dificuldade em veras gigantescas ventoinhas que já começam a marcar a paisagemdo Oeste português.Segundo os cálculos da Associação de <strong>Energias</strong> Renováveis (AER),a capacidade instalada em Lisboa e Vale do Tejo - 40 parques eólicos,com uma potência à volta de 480 MW -, dará para «abastecero consumo doméstico de um milhão e cem mil pessoas». AntónioSá da Costa, que preside a esta associação, avança o resultado deoutras equações: «Portugal está a produzir cerca de dois mil MWde electricidade a partir da energia eólica. Feitas as contas, porcada hora de electricidade gasta nas casas, fábricas, escritórios eiluminação pública, cerca de cinco minutos provém da energia .do vento».24 |


(olha novamente para as turbinas ao longe) «deixa-nos um bocadoapreensivos... Eles fartam-se de andar por aí, é um sobe e desde degente que vem até cá acima ao monte, o povo diz que andam a verse põem aqui mais algumas ventoinhas».Turbinas no rio TejoAlguém tem visão capaz para imaginar que daqui a dez anos,dentro do Tejo, veremos turbinas gigantes como as que se vêm .ao longo da A8? Pois é o que irá acontecer, caso vingue o projectoda Lisboa E-Nova, Agência Municipal de Energia e AmbienteLisboa E-Nova. A proposta consiste na inslatalação de vinte aerogeradoresentre a Ponte Vasco da Gama e Vila Franca de Xira, umtrajecto que, segundo um estudo do INETI, tem duas mil horas devento por ano. «Propusemos vinte, mas se nos concederem autorizaçãopara instalar apenas duas, já não será mau, pois essaquantidade irá satisfazer as necessidades da população da EXPO».As vinte turbinas, imagine-se, dariam para abastecer «360 milhabitações, aproximadamente», garante a administradora delegadada Lisboa E-Nova, Livia Tirone.José ArmandoOs aerogeradores gigantes não são a única forma de aproveitar .o vento para produção de energia. No futuro, que tudo indica sermais próximo do que imaginamos, os aerogeradores em .tamanho mini serão parte integrante do telhado de um prédio. .E a cidade de Lisboa, pelos vistos, tem óptimas condições. A presidentedo departamento de energia eólica do INETI acreditamesmo que as pequenas turbinas eólicas para ambientes urbanos,construídos a par dos sistemas fotovoltaicos, «podem contribuircom uma percentagem não desprezável dos consumos de cidadescomo Lisboa». Para estas aplicações, Ana Estanqueiro adianta queo INETI está a desenvolver a turbina TURBan, «a primeira turbinaeólica de concepção, projecto e fabrico inteiramente nacional».Quem nada sabe dessa matemática é o pastor José ArmandoEsteves, 52 anos, que já ouviu falar «dessas coisas da eólica» masque prefere o nome que sempre utilizou: «Está a falar do vento,não está? Ele há cada uma que inventam. Eólica! Por que nãodizem vento? Isso toda a gente sabe o que é. Já ouvi, sim senhora,e não tenho nada contra. Se não fizerem mal à saúde da gente,não tenho perturbações com isso».Instalar eólicas urbanas exige, no entanto, cuidados ao nível .da segurança, pois, como alerta a arquitecta Livia Tirone, poderáhaver edifícios sem condições estruturais: «A força do vento nosmini-aerogeradores pode partir a estrutura que está por baixo .e, por isso, há que garantir, primeiro, que a estrutura do edifício .é resistente». Uma questão que, para Ana Estanqueiro, não seráproblema, pois Lisboa, sendo uma cidade aonde os sismos .se fazem sentir, tem construções à altura desses abalos.José Armando guarda um rebanho de 120 ovelhas com a ajuda.da pequena Canita, aparentemente inofensiva com estranhos,mas o dono garante estarmos «com sorte», pois o «diacho dacadela não é de confiança». Canita está de olho nos animais, .que pastam a erva quase seca, num monte de Sisandros, .em Sapataria (Loures). Uns metros acima, bem no cimo do monte,um moinho de vento muito bem recuperado e que hoje não temoutra função que não a de sevir de habitação de fim-de-semana.e de férias do actual proprietário. «Aquilo sim, era uma verdadeiramáquina que funcionava a vento. A menina não deve saber,que é muito nova, mas ali, quando eu era assim um cachopo destaaltura» (estende o braço e distancia-o do chão um metro) «moia-semuita farinha». Entusiasma-se: «Era a força do vento que faziarodar aquela roda grande, a roda accionava um engenho lá .dentro que fazia girar as mós. Umas mós de pedra, muito pesadas,que esmagavam os cereais e os transformavam em farinha.Aquilo sim, era uma máquina e a gente sabia para que servia .e tinhamos a certeza que não faziam mal à saúde. Aquilo acolá»Além de um país com muito vento, Portugal é também um paíscheio de sol, mas este enorme potencial ainda está muito subaproveitado,apesar de ser em Brinches, Serpa, que está instaladauma das maiores centrais fotovoltaicas do mundo. Foi inauguradaem Março deste ano e já produz electricidade para oito milcasas. Na região de Lisboa e Vale de Tejo, os exemplos do aproveitamentosolar são pouco expressivos e os que existem estão associadosa outra tecnologia: painéis ou colectores solares térmicos. Um doscasos mais relevantes situa-se na zona da EXPO, na Torre Verde. .O edifício, projectado pelo atelier de arquitectura de Livia Tirone,está equipado com 56 painéis solares térmicos que abastecem os41 apartamentos, onde vivem 150 pessoas. Livia vive no últimoandar, um 12º com vista desafogada para o rio e para as urbanizaçõesdo Parque das Nações. «Com a instalação dos painéis solares,conseguimos reduzir em 70% a necessidade energética para .o aquecimento das águas sanitárias». Nunca poderá ser 100% poruma razão muito simples: nos dias sem sol, que acontecem sobretudono Inverno, há necessidade de recorrer à fonte de energia convencional.| 25


As pequenas turbinas eólicaspara ambientes urbanos,construídos a par dos sistemasfotovoltaicos, «podem contribuircom uma percentagem nãodesprezável dos consumos decidades como Lisboa».Lívia TironeSe, actualmente, exemplos como a Torre Verde escasseiam .no país, no futuro iremos estar para as energias renováveis comoum país como a Grécia já está nos dias de hoje. Se se pedir a umacriança grega que desenhe a sua casa, os painéis estão lá, talcomo as janelas e a porta. De resto, com o Sistema de CertificaçãoEnergética finalmente em vigor, tudo indica que não tardaremosa assistir à instalação de painéis solares nos prédios com orientaçãoa Sul - os novos são obrigados a ter, os velhos têm um prazo paracumprirem a legislação.Mas afinal, por que razão Portugal deve apostar nas energiasrenováveis? Porque, além de os combustíveis fósseis terem .um fim à vista - as previsões mais optimistas indicam que opetróleo estará esgotado dentro de 45 anos; o mesmo irá sucederdaqui a 60 anos com o gás natural; teremos carvão para mais 206anos; e 35 a 100 anos é o tempo de duração do urânio disponível -,temos compromissos europeus a cumprir, estabelecidos .no âmbito do Protocolo de Quioto. Acresce que as fontes de energiarenováveis são menos poluentes. Este factor não é de desprezar,sobretudo agora que os alertas sobre o aquecimento global .e as alterações climáticas começam a assustar. Se aproveitarmosmais a energia do sol, do vento, das ondas, da biomassa, etc., .estaremos a reduzir a nossa dependência energética dos .combustíveis fósseis e a contribuir para diminuir as transferênciasde GEE (gases de efeito de estufa) para a atmosfera, que, como .já estamos cansados de saber, são os principais responsáveis peloaumento do efeito de estufa, que por sua vez provoca aquecimentoglobal, que por vez causa alterações no clima. A mudança .climática global já está a alterar ecossistemas e a causar cerca de150 mil mortes por ano. Um aquecimento global médio de 2ºC,como o que se prevê, irá afectar milhões de pessoas com o aumentoda fome, a malária, as inundações e a escassez de água. .A Península Ibérica é das regiões que em 2025 mais sofrerá com .a falta de água. Razões não faltam para investir cada vez mais nasfontes renováveis de energia. Portugal, e em particular a região .de Lisboa e Vale do Tejo, têm condições naturais para esse .aproveitamento.26 |


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As renováveisSolar fotovoltaica: utiliza uma tecnologia capaz de absorver osraios solares e convertê-los em energia eléctrica.Solar térmica: capta os raios solares e transforma-os em energiapara aquecer as águas sanitárias.Eólica: energia do vento. É captada através de aerogeradoresgigantes ou de mini-turbinas urbanas que se instalam nos telhadosdos edifícios para consumo doméstico.Biomassa: Os restos de madeira, as folhas e os ramos das árvorescaídos no chão podem ser queimados em incineradores para produzirvapor e electricidade. Esses resíduos florestais, e outros deorigem vegetal, são biomassa.Ondas: num país com quase dois mil quilómetros de costa,incluindo Açores e Madeira, e com uma ondulação das mais favoráveisdo mundo para o aproveitamento de energia dos oceanos,é lamentável a falta de investimentos à altura deste potencial.Geotérmica: é sobretudo nas ilhas dos Açores que se gera energiaa partir desta fonte. Quem já não provou o cozido, cozinhado nointerior da terra?Microgeração: é a geração de electriciade ou calor em pequenaescala, associada a tecnologias renováveis (solar térmica, eólica,fotovoltaica, mini-hídrica...) e a uma menor emissão de gases deefeito de estufa. Permite que as empresas e as famílias satisfaçamas suas necessidades de consumo de energia e vendam osexcedentes à rede eléctrica.Renováveis criam empregoEm todo o mundo, são 14 milhões os postos de trabalho criadospelas empresas ambientalmente sustentáveis. E as previsõesapontam para um aumento significativo nos próximos anos. Aestimativa é de um estudo norte-americano, da autoria deMichael Renner para o Instituto Worldwatch. Só na área da energia,o número de empregos duplicou entre 1999 e 2001, situandoseem mais de 172 mil. Em 2020, altura em que esta fonte representará10% do total da electricidade consumida, este sectorempregará 1,7 milhões de pessoas. O autor do estudo acredita que«o investimento nas energias renováveis e o uso mais eficiente deenergia criarão mais postos de trabalho do que a indústria extractivae combustíveis fósseis».28 |


nuclear e hidrogénioo futuroAenergia nuclear continua a levantar desconfianças e aser alvo depolémica. Associações ambientalistas ecientistas da área têm posições opostas. O catedrático doInstituto Superior Técnico, <strong>Carlos</strong> Varandas, presidente doCentro de Fusão Nuclear, não esconde os riscos da energiaque tanto assusta, mas não é indiferente às vantagens económicase ambientais. Para este investigador, recentementeeleito presidente do Conselho de Administração doEuropean Joint Undertaking - Empresa Comum Europeiapara o projecto internacional ITER, que vai ser a maiorexperiência mundial de fusão nuclear e visa demonstrarcientífica e tecnicamente a viabilidade da energia de fusãoe testar a operação simultânea das tecnologias necessáriaspara a operação de um reator de fusão nuclear, agregandosete parceiros: EUA, China, Índia, Japão, Coreia .e Rússia - «trata-se de uma energia extremamente barata,limpa, potente e, actualmente,garante níveis de segurançaincomparavelmente maiores que os da primeira geração».Este é o processo que está hoje comercializado e que se encontraem alguns países da Europa, sendo responsável pela produção de12% da energia eléctrica mundial.Ou seja, enquanto crescem os protestos à construção de uma centralde fissão nuclear em Portugal, cá e noutros lados do mundo jáse anseia pela energia nuclear do futuro: a de fusão, que, se porenquanto é um sonho, não tarda a ser real. Segundo <strong>Carlos</strong>Varandas, a energia de fusão nuclear apresenta três grandes vantagensem relação à de fissão. «É inesgotável, é amiga do ambientee é ainda mais segura». Inesgotável, porque os combustíveis debase - o deutério e o trítio - existem em quantidades abundantesna Terra. Amiga do ambiente, na medida em que «não produzlixos radioactivos e não implica o transporte de elementos radioactivosfora da central» (a explicação está no facto de o único elementoque em toda a produção é radioactivo é o trítio, o qual éproduzido no interior do reactor). Segura, porque «o combustívelsó entra para o reactor à medida que vai sendo consumido».É barata, porque mesmo que se contabilizem os custos do desmantelamentodas centrais, o preço do quilowatt.hora geradonuma central nuclear é altamente competitivo se comparado aocusto das centrais térmicas que usam combustíveis fósseis». .É limpa, no sentido em que «não há queima de combustíveis fósseis;e, não havendo esta queima, não há libertação de gases deefeito de estufa para a atmosfera». Segura, porque, ao contráriodas centrais nucleares convencionais - infelizmente ainda operacionaisem alguns países de Leste, o que constitui um problemagrave, pois já passaram o prazo de validade e são uma fonte permanentede risco -, as novas centrais têm os chamados reactoresde segunda geração, construídos de maneira a que «as radiaçõese os resíduos radioactivos ficam circunscritos no interior do edifícioda central, impedindo a sua propagação para o exterior».Potente, porque «produz grandes quantidades de energia compequenas quantidades de massa (combustível)». Os cálculos jáforam feitos: para produzir um megawatt (MW) de energia eléctricadurante um ano são precisas 2500 toneladas de carvão, 1500toneladas de fuelóleo, 700 toneladas de gás natural, 25 quilos deurânio (isto no caso da energia nuclear de fissão) e apenas 250gramas de deutério (se for energia nuclear de fusão). Só para distinguirfissão e fusão, é importante saber que a energia nuclearpode materializar-se de duas formas: por fissão/cisão ou porfusão. A segunda é um sonho, a primeira é a que existe e consistena «desintegração de um átomo de um elemento pesado; aodesintegrar-se, os fragmentos vêm com energia que vai ser usadapara aquecer a água, transformá-la em vapor de água, que porsua vez vai fazer mover a turbina e assim produzir a energia eléctrica».Uma das questões que nos últimos meses tem estado na ordemdo dia é se é mesmo nuclear uma central em Portugal. E nesteaspecto, alguns investigadores têm dificuldade em responder tãoprontamente a favor ou contra. Para <strong>Carlos</strong> Varandas, para sepoder decidir a favor do Sim ou do Não, é preciso que se verifiquemalguns pressupostos. Primeiro, «um plano energético português,onde se demonstre a necessidade de construir uma centralem Portugal». E isto porque pode ser mais vantajoso e maisbarato para o país comprar energia nuclear a França ou a Espanha.Segundo, «um organismo regulador do nuclear, independentedos poderes económico e político». Esta é, de resto, uma das condiçõesexigidas pela Agência Internacional de Energia Atómica acada país no licenciamento de uma central nuclear. Terceiro, «técnicosportugueses especializados em energia nuclear». E por último,«um levantamento geológico do país», sem o qual não sesabe se o local onde se poderia construir a central apresenta fragilidadessísmicas.Quanto às energias renováveis, este especialista defende que opaís deve investir mais, mas avisa que «não podem ser o únicoveículo para obter energia, já que não conseguem responder àsnecessidades mundiais». Nos próximos 50 anos a populaçãomundial crescerá de 6 para cerca de 10 mil milhões de pessoas,sendo que, no mesmo período, a procura de energia duplicará oumesmo triplicará. A concentração do aumento da população nascidades fará aumentar a necessidade de sistemas de produção deelectricidade em grande escala. Este cientista crê que a fusãonuclear e o hidrogénio são as energias do futuro capazes de satisfazero aumento da necessidade energética mundial.| 29


energiaprecisa-se!A região do Oeste e Vale do Tejo consome mais do que devia e produz menos do que necessita.O diagnóstico da equipa que se encontra a elaborar as medidas a implementar noâmbito do Plano Regional de Ordenamento traçou um diagnóstico que detectou muitasmaleitas, mas também caminhos para inverter o rumo. Haja energia para tal.Reportagem | Pedro Almeida VieiraFotografia | Pedro Soares


Portugal, já se sabia, não pode orgulhar-se doseu desempenho energético: tem elevadadependência externa de combustíveis, aumentade forma galopante as emissões carbónicasassociadas ao consumo energético e, piorainda, agravou o seu índice de eficiência energética naúltima década. Ou seja, para aumentar a sua riqueza, gastamais do que devia e polui mais do que é admissível. Mas sea situação nacional é embaraçosa, a região do Oeste e Valedo Tejo tem vastos motivos para corar de vergonha.A equipa da Universidade do Porto responsável pelo sector energéticodo plano de ordenamento desta região (PROT-OVT), cuja coordenaçãoé de Eduardo Oliveira Fernandes – antigo secretário .de Estado da Energia –, traçou um diagnóstico que é pouco .abonatório. Com efeito, a região do Oeste e Vale do Tejo consomecerca de 55% mais energia final (sob a forma, por exemplo, .de electricidade ou combustíveis para veículos) do que a médianacional, enquanto as emissões per capita de dióxido de carbono,responsável pelo aquecimento global, superam em cerca de 40%a média do país. Se cada português é responsável pela emissãoanual de 6,4 toneladas de dióxido de carbono para a atmosfera,na região do Oeste e Vale do Tejo atinge-se as 9,0 toneladas.E, para agravar ainda mais, a intensidade energética é bastantesofrível: para produzir um milhão de euros de riqueza, esta regiãonecessita de gastar aproximadamente 280 toneladas-equivalentede petróleo contra as cerca de 200 toneladas que o país necessita.De acordo com os autores do diagnóstico energético, as causaspara esta situação são sobretudo o peso significativo da actividadelogística, a existência de uma actividade industrial significativa(que, convém destacar, é superior à média nacional), a dispersãourbana (que aumenta a necessidade de transportes e o consequenteconsumo de combustíveis), a grande expressão de edifícios isolados(vivendas), que são mais susceptíveis ao consumo energético,bem como a desarticulação dos transportes colectivos e a fracaoptimização das redes de transportes. Neste último aspecto, .a região do Oeste e Vale do Tejo gasta mesmo mais 61% de energiado que a média nacional.Também no consumo de electricidade, a região destaca-se dopaís, sobretudo no eixo de desenvolvimento do Vale do Tejo(Alenquer, Azambuja, Cartaxo e Golegã) – por via do aumento doconsumo doméstico, do comércio, dos serviços e das indústrias-, nazona no concelho de Coruche, essencialmente associado à modernizaçãodo sector agrícola, e na zona do Oeste Litoral (Peniche,Óbidos, Caldas da Rainha e Alcobaça), neste caso sobretudo porcausa do consumo doméstico. Aliás, os sectores domésticos, .de iluminação e serviços públicos são responsáveis por quasemetade do aumento do consumo de electricidade.| 31


Uma situação que os responsáveis pelo diagnóstico dizem «mostrarclaramente uma despreocupação com aspectos de eficiênciaenergética em sectores em que praticamente não há produção deriqueza».O cenário ainda se mostra mais preocupante sabendo-se que, atéagora, a capacidade de produção energética desta região, recorrendoa meios próprios, é bastante fraca. «Se excluirmos as centraistérmicas do Pego e do Ribatejo, que necessitam de combustívelfóssil importado, a electricidade produzida nesta região por recursosendógenos (água e vento) apenas se situa nos 26%», destacaVítor Leal, professor da Universidade do Porto, que integra a equipado PROT. Ou seja, para consumos de electricidade da ordemdos 4000 GWh por ano, a região apenas produz, através das barragens(sobretudo de Castelo de Bode) e dos parques eólicos, umpouco mais de 1000 GWh. Se se considerar a energia primária, .o balanço ainda se agrava mais: em 2006 estimou-se que a regiãoconsumiu cerca de 2,6 milhões de toneladas-equivalente depetróleo, tendo apenas produzido, com recursos endógenos, .300 mil toneladas.Mudar este panorama é, por isso, o objectivo fundamental dosautores do capítulo energético do PROT-OVT. Porém, não numaperspectiva clássica, de apenas aumentar a produção energética.«Em qualquer mercado é tão importante a oferta como a procura»,destaca Oliveira Fernandes, para quem «não se deve persistir naleitura da problemática energética apenas sob a óptica da oferta,mas sim compatibilizá-la com a vertente da procura». Assim, .a equipa da Universidade do Porto propõe a realização, para cadaregião NUT III (Oeste, Médio Tejo e Lezíria do Tejo), de um PlanoLocal de Acção para a Energia que procurará optimizar as utilizaçõese conjugá-las com o potencial endógeno. Para a execução, e posteriormonitorização, sugere-se que sejam criadas três Agências .de Energia, uma por cada sub-região.Alguns dos aspectos que estão a ser equacionados passam pelamelhoria da eficiência energética dos novos edifícios – algo queestá previsto já com a legislação recentemente criada –, mas tambémpela adopção de medidas em equipamentos públicos. Nesteâmbito, prevê-se uma forte aposta na energia solar. Durante .a próxima década espera-se que sejam instalados cerca de 100MW de sistemas fotovoltaicos, dos quais 30% em edifícios, .bem como a implantação de 100 mil metros quadrados de painéissolares para aquecimento. Neste último caso, representaráuma poupança de 5,4 mil toneladas de petróleo por ano.Mas será no sector dos transportes que se espera – e deseja –maiores melhorias, tanto mais que é essencial para fazer diminuiros consumos energéticos. «Existem muitas carências em transportespúblicos nesta região, induzindo a um grande uso do automóvel»,destaca Vítor Leal. Mas nem é por falta de infra-estruturas.Por exemplo, na ferrovia até existem quatro linhas a atravessara região, embora actualmente apenas três estejam activas (Norte,Oeste e Beira Baixa). Porém, com excepção da Linha do Norte, oserviço disponibilizado é fraco e, sobretudo no caso da Linha doOeste, exasperantemente lento. Por exemplo, uma ligação entreCacém e Figueira da Foz, pela Linha do Oeste, demora entre três ecinco horas, consoante a escolha que se fizer entre os (apenas)sete comboios diários que fazem esta viagem de um ponto aooutro. Na Linha da Beira Baixa, a CP apenas consegue ofereceruma dúzia de comboios por dia. Vítor Leal salienta que existemalgumas dificuldades orográficas que impedem uma modernizaçãoem alguns troços da Linha do Oeste, mas que poderia existiruma melhoria caso se avançasse com uma interligação com .a Linha do Norte, entre a zona de Santarém e Caldas da Rainha.Aliás, nada mais do que já se fez na rodovia, ligando-se as autoestradasdo Norte e do Oeste.Embora se note uma preocupação especial em fazer com que aregião do Oeste e Vale do Tejo consuma melhor (a) energia, o PROTestá a dar uma especial atenção ao aumento da produção energéticausando os seus próprios recursos naturais. Para além de seter esperança no bom sucesso das prospecções de petróleo aolargo de Peniche – mas que não convém serem exageradas –, amaior aposta dirige-se para as fontes renováveis. E de entre estas,a eólica parece merecer especial destaque.Fruto dos fortes incentivos do actual Governo, nos últimos anostêm crescido os parques eólicos nesta região, bastante patentenuma viagem ao longo da auto-estrada do Oeste. Neste momentoestão já em funcionamento, ou aprovados, cerca de 300 MW depotência eólica, mas prevêem-se muitos mais. «Os levantamentosque se fizeram apontaram para a possibilidade de se instalaraté quase 4.000 MW de potência eólica», salienta Vítor Leal.Porém, tendo em consideração vários factores técnicos limitativose, sobretudo, condicionantes ambientais, as projecções para .a próxima década apontam para cerca de 1.000 MW. «A decisãode avançar para mais terá de ser uma opção política», refere VítorLeal, sabendo que grande parte dos melhores locais se situa .em zonas protegidas, como a cordilheira de Aire e Candeeiros(Parque Natural) e a serra de Montejunto (Rede Natura).O olhar para as energias renováveis também se volta para o mar.Em 2004, um estudo do Instituto Superior Técnico e do INETI játinha destacado que duas das sete zonas com bom potencial paraa produção de electricidade através das ondas se localizavam nolitoral da sub-região Oeste: uma de 22 quilómetros ao largo .de Nazaré e Peniche, e outra, mais a sul, que se estendia até à zonade Cascais. Entretanto, a equipa da Universidade do Porto responsávelpelo sector energético do PROT-OVT já identificou, com maior pormenor,quatro locais onde se poderá avançar com centrais maremotrizes.Outra grande aposta energética passará pela agricultura. Paracumprir a obrigatoriedade de uso de biocombustíveis nos transportes,a região do Oeste e Vale do Tejo coloca-se como uma daszonas preferenciais de produção. Assim, o objectivo estabelecidono PROT-OVT é conseguir-se que 17,5% e 25%, respectivamente, .da matéria-prima para a produção de biodiesel e de etanol necessáriapara Portugal provenha das terras agrícolas desta região.Se todas estas medidas, e mais algumas, se conseguirem implantarcom sucesso, cumprir-se-á então um dos desígnios da parteenergética do PROT-OVT: a região tornar-se menos dependenteenergeticamente do exterior, pois passaria a ter uma taxa .de cobertura endógena de 84% nos consumos de electricidade ede 42% no consumo global de energia. Veremos se há energia, .e vontade, para tanto.32 |


Mapa de Potencial de Recursos Endógeneos na OVT*Legenda*Oeste e Vale do TejoEolicaZona.com.locais.de.produtividade.elevadaZona.com.locais.de.produtividade.muito.elevadaBiocombustíveisZona.de.potencial.elevado(agricultura.intensiva.de.regadio)OndasZona.com.condições.favoráveisRadiação.SolarRecurso.muito.significativoRecurso.significativoBiomassaFloresta.de.produçãoFloresta.multifuncionalPontos.de.injecção.actuaisZona.de.influência.da.centraltermoeléctrica.a.biomassa.em.concursoNUTS.III0 5 10 20 30 40Kilometers| 33


Territórios | Carla Maia de AlmeidaFotografia | Rui CunhaA Costa das<strong>Mil</strong> EmoçõesEm 1870, D. Luís mandou transformar a Cidadela de Cascais em residência balnear paraa família real, ditando o futuro da aldeia de pescadores. Cinquenta anos depois, Faustode Figueiredo fez do Estoril a primeira zona de turismo de nível internacional. É esteo legado da Junta de Turismo da Costa do Estoril e do seu actual presidente, DuarteNobre Guedes. «Um lugar. <strong>Mil</strong> sensações» eis o slogan de uma região privilegiada noque toca à natureza, cultura, lazer e património.34 |


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A Costa do Estoril é talvez a região mais antiga de Portugal queintegra as rotas turísticas mundiais. O que representa isso, paraeste organismo a que preside?Levaram a cabo uma acção de promoção interessante: anunciaro Estoril nos táxis de Londres. Mas esse não é um público jáconquistado à partida?É mesmo a mais antiga, e claro que isso representa uma responsabilidadeenorme. A tradição de turismo na Costa do Estorilnasce com o rei D. Luís, que pela primeira vez vem para aqui veranearem 1870, e atrás dele vem a corte e nobreza. Depois, entre ofinal do século xix e o início do século xx, desenvolve-se a zona deCascais e Monte Estoril. Em 1918, vem Fausto de Figueiredo, com oprojecto da Sociedade do Estoril. As pessoas não sabem, mas jános anos trinta havia um comboio directo de Paris ao Tamariz. Hácinco anos, a Secretaria de Estado do Turismo definiu quais são asmarcas turísticas internacionais em Portugal e considerou claramenteo Estoril entre elas. O que quer dizer que a marca Estoriltem notoriedade, tem visibilidade, tem economia, tem história,tem dimensão, tem produtos turísticos, tem tudo isso.Quais são exactamente os limites geográficos abrangidos pelaJunta de Turismo da Costa do Estoril?Não é muito claro. Temos aqui duas situações: a nível de obras .e de infra-estruturas, toda essa parte diz respeito ao concelho deCascais, que começa em Carcavelos e vai até ao Guincho. Depois, .a nível de promoção para o mercado externo, se bem que debaixodo umbrella Costa do Estoril, temos os concelhos de Cascais, Sintra,Mafra e Oeiras.Estão situados entre Sintra e Lisboa, dois grandes pólos de atracçãoturística. Como gere essa concorrência?Eu acho que é mais uma relação de complementaridade, masdiferencio ambos os casos. Sintra é um pólo de atracção turística,enquanto Lisboa é um destino turístico. A nossa posição é tirarpartido da proximidade de ambas. Aos turistas que vêm para acosta do Estoril nós aconselhamos que visitem tanto Sintra comoLisboa.Nos últimos anos, tem detectado transformações no perfil doturista que procura esta zona?Claramente. E para isso trabalhámos. Nos últimos 30 anos, a Costado Estoril foi muito esquecida como destino turístico, internacionalmentefalando. E acho que isso aconteceu por falta de umaestratégia de posicionamento. Até aos anos sessenta, o Estoril eratido como uma estância balnear, mas agora o turismo evoluiu.. .O Estoril já não é exclusivamente um destino de sol e praia. Paraisso, as pessoas vão para o México, vão para a Grécia, vão para asCaraíbas, etc. O Estoril tem que se actualizar em relação aos novosprodutos turísticos como o golfe, o MICE [Meetings, Incentives,Congresses and Events], o turismo náutico, o turismo cultural,.o turismo de natureza, a gastronomia, a saúde e bem estar… Cadavez mais, o turismo está compartimentado nessas especializações.Em função dessa evolução, os nossos turistas têm-se modificadomuito. Agora temos turistas de golfe, turistas de negócios,turistas de desportos náuticos, começamos a ter turismo denatureza… Isso faz uma clara diferença entre o Estoril ser um destinode “sol e praia” – embora, no nosso caso, eu acho que é maiscorrecto dizer “sol e mar” – e ter uma oferta muito diversificadaque aposta em produtos específicos, como acontece agora.Não, antes pelo contrário. Quando eu dizia que o Estoril estavamuito esquecido, queria dizer que perdeu muita da notoriedadeque tinha lá fora. Essa foi uma acção muito dirigida ao consumidoringlês, em função de uma quebra que vínhamos a sentir. Considerámosque era preciso fazer uma acção de rua para inverteressa tendência e já conseguimos.Qual é neste momento, o produto turístico a que estão a darmaior atenção? Os desportos náuticos? O golfe?Há vários. Há alguns que já estão mais maduros, outros que estãoa nascer agora, outros que ainda estão para nascer... Dou-lhe umcaso concreto: o golfe e o turismo de negócios Esses já estão suficientementemaduros. E a sua promoção está a cargo de parceriaspublico privadas criadas para o efeito Onde estamos agora ainvestir é no sector náutico e, sobretudo, no turismo de natureza.Estamos a trabalhar muito com o Parque Natural de Sintra-Cascais,à volta do qual estamos a desenvolver uma série de acções,assim como no turismo náutico e na gastronomia, também.Criaram há quatro anos um Prémio de Qualidade para arestauração. Que retorno têm tido dessa iniciativa?Muito bom. Começou timidamente, os restaurantes não aderiramlogo, mas depois começámos a prosperar. Ainda a semanapassada atribuímos 70 prémios de qualidade. Isso é fruto daJunta estar sempre em contacto com os diversos restaurantes,com a Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, com aARESP [Associação da Restauração e Similares de Portugal]... Essecontacto permanente tem dado os seus frutos.Em relação à oferta hoteleira, têm razões para estar satisfeitos.Os resultados dos três primeiros meses de 2007 revelam umatendência de crescimento na ocupação hoteleira de cerca de 8%em relação ao mesmo período do ano passado. É correcto?O que eu penso em relação à oferta hoteleira e não só, e isso é queé gratificante, é que há seis anos nós delineámos um plano estratégicopara a Costa do Estoril. Esse plano estratégico assentavaem três vertentes: melhoria do destino, melhoria da gestão .e melhoria do marketing e promoção. Para concretizar esse planoera fundamental a aceitação e a colaboração de todos os actoresintervenientes na região, desde públicos a privados. Só com umaestreita colaboração entre todos os players se consegue alcançaros objectivos. O aumento da performance hoteleira deve-se aoconjunto das acções que foram desenvolvidas e considero maisimportante o acréscimo das performances qualitativas do quequantitativas. Infelizmente, só ouvimos falar no aumento dasdormidas, mas penso que mais importante do que esse factor é ofacto de termos aumentado as receitas. Esse sim, é um factordeterminante para o desenvolvimento do destino turístico.36 |


O Estoril já não é exclusivamenteum destino de sol e praia.Para isso, as pessoas vão parao México, vão para a Grécia, vãopara as Caraíbas, etc.O Estoril tem que se actualizarem relação aos novos produtosturísticos como o golfe, o MICE[Meetings, Incentives, Congressesand Events], o turismo náutico,o turismo cultural,o turismo de natureza,a gastronomia, a saúdee bem estar… Cada vez mais,o turismo está compartimentadonessas especializações.A afirmação de um turismo de qualidade passa também poruma grande aposta na cultura. Produtos como o Estoril Jazz ouo Festival de Música do Estoril são facilmente integrados napromoção turística da Costa do Estoril, junto dos operadores?Ou seja, a cultura vende?Eu acho que é exactamente isso que se vende: a diferenciação cultural.Cultura é muito genérico, mas vamos ver, por exemplo, .a Feira do Artesanato. Até há cinco anos, era uma feira que tinhalá tudo, desde os tapetes marroquinos aos chinelos da Tunísia.Nós acabámos com isso e passámos a ter só artesanato português.É a nossa cultura – temos lá o folclore, temos lá o fado, temoslá os nossos artesãos a trabalhar ao vivo… Muito sinceramente, euacho que a cultura é a base de desenvolvimento do turismo, .é a nossa personalidade. O próprio turista, sente-se isso muito .claramente, quer ver e quer viver as coisas próprias do país quevisita. Nós temos aqui unidades culturais muito boas e estamos .a requalificar uma série delas. Também temos a oferta complementarquer de Sintra quer de Lisboa.Quer dar alguns exemplos dessa requalificação?Em termos culturais, o projecto de recuperação e requalificaçãoda Cidadela de Cascais é sem dúvida o exemplo mais importantede todos. Os oito fortes que a autarquia adquiriu ao longo .da costa para requalificar, também. Referiria ainda o Museu daMúsica Portuguesa - Casa Verdades de Faria, no Monte Estoril, e aCasa das Histórias e Desenhos Paula Rego, em Cascais, que já tempronto o projecto do arquitecto Souto Moura.E outros investimentos mais consentâneos com as preocupaçõesactuais, como o ecoturismo?Estamos a desenvolver. Com Sintra e com Mafra, estamos a começara explorar turisticamente o Parque Natural de Sintra-Cascais.Abrimos recentemente dezenas de trilhos para andar a pé .e de bicicleta, com zonas de interpretação, tudo devidamente .identificado…Parece que esta região tem tudo: praia, bons hotéis, tradiçãodesportiva, golfe, gastronomia, arte e cultura, vinhos…O que é que a Costa do Estoril não tem e gostava de ter?Sinceramente, eu acho que tem tudo. A personalidade e o posicionamentoda Costa do Estoril é ter uma grande oferta muito diversificadae muito concentrada num espaço reduzido. E isso, noenquadramento da natureza e do património histórico, é fantástico.E com Lisboa ao lado, o que é uma grande vantagem.Reflectindo as tendências da procura| 37


Reflectindo as tendências da procurainternacional, o Plano EstratégicoNacional do Turismo (PENT) enunciou dezprodutos que devem merecer a atenção dosinvestidores e das políticas dedesenvolvimento nesta área. A saber: sole mar, turismo de natureza, turismonáutico, conjuntos turísticos integrados(resorts) e turismo residencial, turismode negócios, golfe, gastronomia e vinhos,saúde e bem-estar, circuitos (touring)cultural e paisagístico, e estadias de curtaduração em cidade (city breaks). Conseguirjuntar toda esta oferta numa pequena áreaé a grande vantagem da Junta de Turismoda Costa do Estoril.GOLFEPortugal tem sido aclamado como um dos melhores destinos daEuropa para a prática do golfe e, como é natural, este é um dosprodutos alvo de maior investimento por parte da Junta deTurismo da Costa do Estoril. Criada em 2007, a Associação deGolfe de Cascais, Sintra, Oeiras e Mafra afirma-se como a entidaderesponsável pela promoção do produto na região, tendo oReino Unido como principal mercado.A costa do Estoril e Sintra conta com um total de sete campos com18 buracos: Belas Clube de Campo, Golf do Estoril, Lisbon SportsClub, Penha Longa, Quinta da Beloura, Quinta da Marinha eQuinta da Marinha Oitavos Golf.Refira-se ainda que o golfe representa 1,25 por cento do PIB nacionale 14 por cento do PIB turístico, para um total de 70 camposespalhados pelo continente e ilhas.PRAIA E DESPORTOS NÁUTICOSOferecendo dezenas de praias que atraem não só os turistascomo muita da população da Grande Lisboa, é como lugar privilegiadopara a prática de desportos náuticos que a Costa do Estoriltem demonstrado a sua vitalidade e capacidade de renovação.Prova-o a realização dos Campeonatos do Mundo de Vela Olímpica,que entre Junho e Julho trouxeram mais de 1 700 velejadores detodos os continentes à baía de Cascais.Eis algumas das principais apostas.


NATUREZAGraças às condições do vento e ondulação, a costa sul e a costaoeste são também ideais para a prática do surf, windsurf, bodyboarde kitesurf. Nas praias do Guincho, Grande e Ribeira d’Ilhas realizam-seimportantes campeonatos destas modalidades de desportosradicais. No final de Agosto, ainda no âmbito da vela,Cascais recebe o Troféu Quebra-Mar Chrysler, onde pela primeiravez vão estar as principais unidades da nova frota de veleiros daclasse cruzeiro.OUTROS DESPORTOSTanto a proximidade do mar e da montanha como o clima amenofazem da Costa do Estoril um pólo de atracção desportiva, sejanum regime amador ou profissional. Se os adeptos do joggingdispõem de vários circuitos integrados na natureza, quem prefereo ténis encontra numerosos clubes e courts de ténis de qualidade,a começar pelo Clube de Ténis do Estoril.Algumas modalidades possuem infraestruturas de referência;caso do Autódromo do Estoril, onde se realizam várias provas decompetição em automobilismo e motociclismo. Caso, também,da equitação e hipismo, que tem no Hipódromo de Cascais .o palco do Global Champions Tour - Concurso de SaltosInternacional.Entre as benesses da praia e da montanha, o Parque NaturalSintra-Cascais é a jóia da coroa no que respeita à diversidadenatural. Inclui dunas, florestas, lagoas, uma acidentada linha costeiraem que as arribas dão lugar às praias, o imponente Cabo daRoca e, no centro, a Serra de Sintra e toda a área classificada pelaUNESCO como Património Cultural da Humanidade.Menos conhecido é o Centro de Interpretação Ambiental da Pontado Sal, em São Pedro do Estoril. Neste espaço virado ao mar, o visitanteé convidado a observar as características da orla costeira, aexperimentar um percurso pedonal com cerca de 800 metros e avisitar a arriba para descobrir as espécies de fauna e flora aí existentes.ARTE E CULTURAA Costa do Estoril é palco habitual de um grande leque de eventosculturais, alguns deles emblemáticos. É o caso do Estoril Jazz, omais antigo festival de jazz em Portugal, ou da Feira de Artesanatodo Estoril, que goza de idêntico estatuto. Ainda na área da música,refira-se o Cool Jazz Fest e os festivais de Música do Estoril e Rotados Monumentos, ambos na área da música clássica.Muito do património edificado tem sido objecto de requalificaçãonos últimos anos, permitindo a renovação de espaços paraacolher esta vasta oferta cultural. Destaque para o Centro Culturalde Cascais, no antigo Convento de Nossa Senhora da Piedade; oEspaço Memória dos Exílios, na estação de Correios do Estoril;| 39


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e o Museu da Música Portuguesa - Casa Verdades de Faria, noMonte Estoril. Entretanto, está aberto o concurso público parareabilitação e concessão para fins turístico-culturais da Cidadelade Cascais, que prevê transformar este monumento num pólodinamizador que incluirá o Museu de Arqueologia de Cascais evários equipamentos de interesse turístico: hotel, restaurantes,galerias de arte, etc.Outros equipamentos museológicos de relevo são o Museu doMar Rei D. <strong>Carlos</strong>, o Museu-Biblioteca do Conde de CastroGuimarães e o Forte de S. Jorge de Oitavos, todos em Cascais.ANIMAÇÃO E LAZERCom ambientes para todos os gostos e idades, não faltam naCosta do Estoril lugares para usufruir do tempo livre. Desde asesplanadas e bares de praia até aos sítios de diversão nocturna,difícil é escolher. Escusado será dizer que também aqui se encontrao Casino Estoril, o maior da Europa e o mais antigo em Portugal.Além de uma grande variedade de modalidades de jogo, há espectáculosdiários de música, cabaret ou music-hall, sempre numaatmosfera de elegante sofisticação.| 41


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Moradas de LuzUma casa virada ao mar onde o sol nunca foi impedido por cortinas.Um farol que ganha uma segunda vida, brilhando agora à luz do dia. A Casa de SantaMaria e o recém-inaugurado Farol-Museu de Santa Marta são dois exemplosde recuperação do património no concelho de Cascais. Situados num dos lugares maiscénicos da vila, quem vê um não pode esquecer o outro.Texto de Carla Maia de Almeida.Fotografia de Guto Ferreira


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A Casa de Santa Maria e o Farol de Santa Marta são vizinhos namesma enseada, tão vizinhos que às vezes há quem lhes troqueos nomes. Uma antiga casa de família ao lado de um farol solitário– até hoje activo – é um parentesco curioso, para não dizerinsólito. Diferentes na origem e nas funções, a única explicaçãopara tão grande proximidade remete-nos directamente para .a visão do arquitecto Raul Lino, que idealizou a casa em harmoniacom o cenário à sua volta. Estávamos em 1902, numa época emque os constrangimentos da construção à beira-mar não .se faziam sentir, e importa dizer que o farol era bastante maispequeno do que é agora. A enseada pertencia ao mar e às rochas,e só o palacete mandado erguer ali perto por Jorge O’Neill, dezanos antes, marcava distintamente a paisagem.O’Neill, descendente da Casa Soberana da Irlanda, estabeleceu-secomo homem de negócios em Portugal, demonstrando especialapreço pela vila de Cascais, ponto crescente de veraneio da nobrezae burguesia. A Casa de Santa Maria foi encomendada como .presente para a filha, Maria Teresa. Não há registos documentaisque expliquem o porquê do nome, nem se Maria Teresa influencioua escolha, directa ou indirectamente. Mais relevante, .é o facto de ter sido construída em três fases, como uma espéciede work-in-progress, sempre sob a alçada de Raul Lino: a primeiraem 1902, a segunda em 1914 e a terceira em 1918. No final, a casatinha sido aumentada em mais de o dobro, tomando a aparênciaque hoje se lhe conhece. Projectada em comprimento, começoupor um corpo com rés-do-chão e primeiro andar, crescendo depoisem todas as direcções excepto para oeste, o lado da fachada .posterior onde se encontra a porta de entrada.46 |


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Apesar de encomendada pelo mesmo proprietário, a Casa deSanta Maria não podia contrastar mais com o exuberante palacetede reminiscências gótica e manuelina imediatamente oposto,a que O’Neill chamou Torre de São Sebastião (o actual Museu-Biblioteca do Conde de Castro Guimarães). Enquanto este sugereum imaginário mítico, cruzado por estilos arquitectónicos e povoadode elementos cenográficos (um pouco como sucede na Quintada Regaleira, em Sintra), o projecto de Raul Lino assumiu a tradiçãoda arquitectura mediterrânica e da «casa portuguesa» emparticular. Esta influência haveria de transformar-se em questãoe daí em polémica, opondo-o frontalmente aos modernistas nodecurso das décadas seguintes. Mas, em 1902, a discussão aindaestava longe.Raul Lino é então um jovem arquitecto de 23 anos, sem diplomaoficial, para o que teria de esperar outro tanto. A sua formaçãofaz-se em Inglaterra e, sobretudo, na Alemanha, onde é decisiva aaprendizagem no atelier de arquitectura de Albrecht Haupt .(«a ele devo o grande amor que passei a nutrir pela minha terra»,escreve). Regressado a Portugal, viaja pelo país recolhendo ideiase executa os primeiros trabalhos, entre os quais o projecto dopavilhão português para a Exposição Universal de Paris de 1900,que perde para Ventura Terra. Estas viagens de reconhecimentocontribuem para consolidar uma linguagem em que assume osvalores nacionais e uma certa cultura natural da vivência doespaço de habitação. Não se limita ao território português.Também em 1902, deslocar-se-á a Marrocos, «um país desconhecidoque parecia recuado pelo menos três séculos no tempo». .Ali passa um mês, imbuído do espírito romântico da aventura,para depois regressar com a convicção de ter recebido influênciasque extravasam os limites do exercício da profissão: «Creio teraprendido a encarar a vida com mais compreensão e placidez», diz.A Casa de Santa Maria é a segunda das chamadas «casas marroquinas»que Raul Lino desenhou entre 1901 e 1903, e uma dasdezenas que assinou no concelho de Cascais. O ascendente surgiuatravés do pianista e amigo Alexandre Rey Colaço, cujo irmãovivia em Tânger. Para Rey Colaço, Raul Lino projectou a CasaMonsalvat, no Monte Estoril. Seguiu-se a Casa de Santa Maria e,pouco depois, a Casa Silva Gomes e Vila Tânger, ambas tambémno Monte Estoril. Diferentes entre si, todas reflectem a experiênciado Alentejo e de Marrocos, como resume Manuel Rio-<strong>Carvalho</strong> naHistória da Arte em Portugal: “Pela via marroquino-alentejana,Raul Lino adquire um particular gosto pelos valores matéricosdas paredes expostas à luz crua meridional, pelas molduraçõesque adoçam e jogam com os efeitos de sombra, pelos ambientesde frescura dos espaços-transição, quer interiorizando varandas .e alpendres, quer exteriorizando salas e átrios, jogando com aquiloque chama “almofadas de penumbra”.»A importância da luz, que o crítico sublinha ter para Raul Lino .o papel de um «material arquitectónico», é notória para quemvisite a casa e possa aperceber-se do percurso do sol ao longo dodia. «Luz em toda a parte», era um dos princípios do autor deCasas Portuguesas: «Feliz disposição da planta, convenienteorientação, boas qualidades construtivas, isolamento desejado, obom ar e luz em toda a parte», eis os elementos essenciais da suanoção material de «comodidade». A ligação à natureza, um valorde outra ordem, mas não menos relevante para Lino, tambémencontrou eco em Santa Maria. Das quatro «casas marroquinas»,é sem dúvida aquela que melhor usufrui deste privilégio.48 |


A preocupação de criar espaços de interiorização e vivência familiar,aproveitando o cenário circundante, tem exemplo no terraçoalpendrado que dá para o exterior. Uma pequena zona ajardinadafaz fronteira com o mar, quase trazendo as ondas à porta decasa. Como que prolongando essas texturas naturais, tanto oalpendre como grande parte da fachada principal se cobriram devinha virgem, planta trepadeira que surpreende com as coresrubras e ocres do Outono, e no Verão empresta frescura ao lugar.Ao longo da sua história, a Casa de Santa Maria passou por trêsproprietários. Dificuldades financeiras obrigaram Jorge O’Neill .a vender o imóvel, o mesmo tendo sucedido com a Torre de .S. Sebastião, comprada pelos Condes de Castro Guimarães apenasalguns anos antes. Neste caso, coube a sorte a José Lino, coleccionadore apreciador de arte, que acedeu em ficar com Santa Mariana condição de o irmão resgatar do abandono os azulejos e otecto da capela da Quinta da Ramada, em Frielas. Raul Lino concordoue, em 1918, iniciou a terceira fase de construção, cuja marcaé a ampliação do primeiro piso: o oratório, a sacristia e o salão dejantar. Com o saber técnico do seu tempo, «importou» para aqui .o rico património azulejar barroco e o tecto de madeira pintado .a óleo de António de Oliveira Bernardes, salvando-os da morteanunciada. Muitos visitantes, especialistas ou não, chegam com .a intenção expressa de conhecer os painéis de Oliveira Bernardes,visíveis também ao longo da escadaria principal que conduz .ao primeiro piso.| 49


Raul Lino quis ser um artista completo e o seu trabalho estendesemuito além do domínio da arquitectura. Imaginou cenários .e figurinos para teatro, ópera e bailado; desenhou mobiliário, azulejos,pratas, louças, têxteis e molduras; ilustrou livros de AfonsoLopes Vieira; foi até responsável pela programação do «seu»Cinema Tivoli durante alguns meses, trazendo a Portugal filmesde Fritz Lang, Charles Chaplin, Ernst Lubitsch, Carl Dreyer,Murnau… Na Casa de Santa Maria, é dele a decoração do tecto dooratório, de inspiração tardo-barroca e neoclássica, assim comouma série de revestimentos em azulejo e pinturas murais.Revelando a prática da escola Arts & Crafts, idealizou váriosmóveis, sem esquecer o pormenor das ferragens das portas. Umpatrimónio que se manteve à vista mesmo depois da casa sair daposse da família Lino, em meados da década de 1920, quando foivendida a Manuel do Espírito Santo Silva.Com o terceiro e último proprietário, Santa Maria viveu a sua fasemais mundana e cosmopolita. Figuras da sociedade portuguesa,personalidades das casas reais europeias em busca de exílio ousimples acolhimento, muitos nomes desfrutaram deste cenárioprivilegiado – entre eles, os Duques de Windsor, o Rei <strong>Humberto</strong> IIde Itália, os Condes de Barcelona, os Condes de Paris e o Rei Juan<strong>Carlos</strong> de Espanha. A própria família Espírito Santo continuou ausufruir da casa até à construção da marina de Cascais, altura emque, desgostada com a inevitável invasão da privacidade, decidiuvendê-la. A oportunidade foi agarrada pela Câmara Municipal deCascais e, a 18 de Maio de 2005, no Dia Internacional dos Museus,a Casa de Santa Maria inaugurou como espaço de vocação multifuncional,voltado para a cultura e para os munícipes. Acolheregularmente conferências, apresentações de livros, cursos livres,exposições temporárias e outras iniciativas. Em 2009, o espaçodeverá ser intervencionado, projectando-se uma ampliação daszonas abertas ao público e o restauro do acervo.A casa está tão próxima do farol que, à primeira vista, parecehaver ligação pelo lado do mar. No entanto, é preciso cruzar a ruaestreita que os separa para chegar àquele que é agora o Farol-‐Museu de Santa Marta, a primeira estrutura do género a sermusealizada em Portugal, com uma temática histórico-patrimonial.A ideia e as negociações já vinham de longe, mas foi em 2006que se celebrou o protocolo definitivo entre a Marinha e a CâmaraMunicipal de Cascais, com o fim de requalificar o espaço e tornálodisponível ao público. O acesso ao farol propriamente ditoainda é restrito, estando a ser equacionadas soluções para corresponderao interesse dos visitantes, certamente aquele quemaior curiosidade e fascínio provoca.Antes do farol, porém, havia já o Forte de Santa Marta, que se crêter sido edificado entre 1642 e 1650. Desempenhou funções militaressobretudo nos séculos xvii e xviii, entrando em declíniodurante a primeira metade do século xix. Foi justamente a construçãodo farol que o salvou da ruína total. Desde então e até .à nossa época, o forte passou a ser morada dos faroleiros que .o habitaram e lhe deram vida. Veio depois a automatização dosistema de luz, no princípio da década de 1980, e tudo esmoreceude novo. O espaço caminhou naturalmente para a degradação,por certo irreversível se não fosse a ideia de criar ali um farolmuseu(e não um museu dos faróis, como alguns podem pensar).O projecto arquitectónico pertence ao atelier dos irmãos AiresMateus, autores de equipamentos culturais como a sede daOrquestra Metropolitana de Lisboa, o Centro Cultural de Sines ouo Grande Museu Egípcio, no Cairo. O plano museológico e o projectomuseográfico é da responsabilidade de Joaquim Boiça,conhecedor profundo do tema das fortificações marítimas e dosfaróis portugueses.Seguindo a geometria do lugar e aproveitando as estruturas existentes,nomeadamente o antigo paiol e as casas dos faroleiros, .o Farol-Museu de Santa Marta organiza-se em três zonas expositivas,complementadas com cafetaria, loja e outros serviços.Sempre em regime de visitas guiadas para grupos, o percursocomeça com uma selecção de imagens que servem de aperitivoao documentário «Faróis de Portugal: Cinco Séculos de História»,cuja visualização está prevista para finais de Outubro. Para já, .o visitante pode aceder aos dois núcleos temáticos principais,onde uma das características é o revestimento de cor cinzentoantracitedo espaço interior, simbolizando a noite.O primeiro núcleo exibe um conjunto representativo de ópticas,equipamentos e elementos que foram construindo a história dosfaróis em Portugal, cuja evolução científica e tecnológica poderáser mais facilmente entendida com o recurso aos dispositivosmultimédia. Do geral para o particular, o segundo núcleo recuperaa memória do Forte e Farol de Santa Marta e dos seus congéneresna barra do Tejo. Aqui, exibem-se peças e aparelhos que remetempara o ofício de faroleiro, incluindo um candeeiro primitivo de1874, autêntica relíquia. Todas as peças são património da Direcçãodos Faróis e foram recuperadas e reconstituídas pelos própriosfaroleiros. Dão-se agora a conhecer aos olhares dos leigos, recortadassob fundo quase negro, em contraste com a brancura ofuscantedo exterior. Da luz para a noite, da noite para a luz, o visitante estáapenas a um passo de distância.No século xix, o Farol de Santa Marta eleva-se por impulso deFrancisco Pereira da Silva, um dos homens do seu tempo que procurou,literalmente, retirar a costa portuguesa da obscuridade,projectando a construção de uma série de faróis no continente .e ilhas. Inaugurado em 1868, surge como reforço do Farol da Guia,funcionando em articulação com este no sentido de sinalizar .e iluminar uma zona costeira de vital importância. Até hoje .é assim. No início, quando o farol era mais pequeno, o sistemailuminante estava integrado na torre, saindo a luz por uma espéciede janelão. Em 1910, adaptou-se a parte cimeira para receberuma lanterna óptica; e, em 1936, para que as luzes da vila não se .confundissem com a do farol, a torre foi acrescentada em oitometros, ganhando a aparência que agora se lhe reconhece.Casa de Santa MariaDe terça a domingo, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 17h00Farol-Museu de Santa MartaDe terça a domingo, das 10h00 às 19h0050 |


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A Estratégia de Lisboa 2020Destaque | Luís de <strong>Carvalho</strong>52 |


No passado dia 4 de Junho, teve lugar na FIL,no Parque das Nações, a apresentação públicado documento Lisboa 2020 – UmaEstratégia de Lisboa para a Região de Lisboa,que contou com a presença do ministro doAmbiente, Nunes Correia, do secretario de Estado doDesenvolvimento Regional, Rui Baleiras, do secretario deEstado do Ordenamento do Território e das Cidades, JoãoFerrão, do presidente da <strong>CCDR</strong>-<strong>LVT</strong>, António Fonseca Ferreira,as vice-presidentes da <strong>CCDR</strong>-<strong>LVT</strong> Eurídice Pereira e Fernandado Carmo e, ainda, de João Cravinho, ex-ministro doEquipamento, Planeamento e Administração do Territóriodo XIII Governo, entre outras individualidades e autarcas.Durante mais de dois anos centenas de entidades e especialistastrabalharam no documento onde estão vertidas as linhas deorientação e traçados os caminhos para transformar, num breveespaço de treze anos, a região de Lisboa numa metrópole dedimensão europeia.Na opinião de João Cravinho, que o apresentou, este documentoencerra «ideias extremamente ambiciosas», para além de representaruma visão «coerente e mobilizadora» do caminho a percorrer.Fórum MetropolitanoCom a apresentação da Estratégia, abre-se um novo ciclo, maisexigente e complexo, que é o da sua execução e avaliação. Para tal,foi proposta a criação do Fórum, que terá já a sua primeira reuniãoem Outubro de 2007.O Fórum é constituído pelas instituições mais representativas dacomunidade regional, da Administração Central, entidades públicase privadas, assim como de individualidades, e terá a função de«impulsionar e acompanhar a execução, a avaliação e dar conselhopara a revisão estratégia ao longo do período da sua execução»,segundo o presidente da <strong>CCDR</strong>. A esta participação dos actoresda sociedade civil nas decisões e acompanhamento da vidapública chama-se governança, processo que, contudo, « não substituio comando hierárquico das instituições representativas»,como sublinhou Fonseca Ferreira, mas que «impulsiona a concertaçãoe a contratualização estratégicas de base territorial».Para o efeito, serão constituídos seis grupos de trabalho em áreascomo o planeamento e a mobilidade, a eficiência energética, aprotecção ambiental, a logística, o turismo, o património e a cultura,a saúde e a educação.O ministro do Ambiente, na sua intervenção, frisou o trabalhopioneiro da <strong>CCDR</strong>-<strong>LVT</strong> na liderança do processo de planeamento egestão estratégicos, destacando ainda os recursos da região,nomeadamente em matéria ambiental, e anunciou um novoregime jurídico para os planos de ordenamento e a consequenteredução dos prazos para aprovação dos Planos DirectoresMunicipais, de Urbanização e de Pormenor.Na sua intervenção, Fonseca Ferreira, presidente da <strong>CCDR</strong>-<strong>LVT</strong>,salientou que a região de Lisboa «dispõe de excelentes recursospara se tornar uma região europeia competitiva. Mas as nossascapacidades são sufocadas pelas nossas atitudes e comportamentos»,pelo que teremos de «afrontar, e vencer, arcaísmos einércias que persistem ao nível das mentalidades e dos comportamentos.»E para que a Estratégia se concretize, Fonseca Ferreira apontoutrês condições essenciais – rigor e responsabilidade, governabilidadee o compromisso da <strong>CCDR</strong>. No seu diagnóstico, a persistênciados problemas deve-se, também, às « insuficiências culturaise organizacionais dos responsáveis políticos, institucionais eempresariais – e dos cidadãos em geral». E esta questão entroncase,necessariamente, na qualificação profissional e no baixo nívelde exigência que se tem verificado.Estes programas estruturantes serão desenvolvidos em parceriaentre várias entidades, como as autarquias, empresas, a JuntaMetropolitana, instituições de ensino e associações empresariais,entre outras.O Fórum acompanhará também outros planos da responsabilidadeda <strong>CCDR</strong>-<strong>LVT</strong>, como o PROT-AML, o PORL e o PROT-OVT.Compromisso da <strong>CCDR</strong>-<strong>LVT</strong>Fonseca Ferreira passou depois em revista as acções desenvolvidasanteriormente pela <strong>CCDR</strong>-<strong>LVT</strong>, nomeadamente o programa dedesburocratização e modernização dos seus serviços, a apresentaçãodo Manual de Gestão, e os efeitos já visíveis pelas medidasde modernização postas em prática. Na ocasião referiu-se à agendaestratégica para a gestão da <strong>CCDR</strong> – gestão por objectivos, desconcentração,certificação da qualidade, inovação e desenvolvimentoorganizacional.No final da sua intervenção, declarou: 2 Queremos e podemosprogredir, ser ambiciosos, ser campeões, pragmáticos, tornar aregião mais competitiva e com melhor qualidade de vida. Estamosnessa rota. Com uma visão, projectos e determinados a obterresultados.»Sendo a região relativamente desenvolvida, deseja-se que com aimplementação da Estratégia 2020, se assegurem níveis de crescimentobaseados numa economia mais coesa e inovadora, nacriação de riqueza a partir do conhecimento, do desenvolvimentotecnológico, da ciência e da inovação, com particular atenção paraas questões da sustentabilidade ambiental e energética, valorizaçãoterritorial e coesão social.| 53


ABRANTESUMA CIDADE PARA AS PESSOASCom um empenho notável, a Câmara Municipal de Abrantes tem vindo a desenvolverprojectos que devolvem à cidade crescimento económico, cuidado ambiental e qualidadede vida para os seus habitantes. Eis alguns exemplos.Acontecimento | Luís de <strong>Carvalho</strong>Fotografia | SDI-CMA54 |


Acidade de Abrantes, com um vasto patrimóniohistórico, tem vindo a desempenhar umimportante papel no desenvolvimento económicoda região, quer na área de serviços,quer, ainda, como pólo industrial, colocandoseem posição privilegiada como motor de modernizaçãopara a região do Médio Tejo.Com a criação do Aquapolis, projecto que tem uma área de intervençãode 85 hectares, que se integra no programa Valtejo ( EixoPrioritário 2 do POR<strong>LVT</strong>), e cujo investimento resulta de uma parceriaactiva entre o município de Abrantes, o Governo e a UniãoEuropeia-, essencialmente pensado como espaço de lazer dassuas populações, e para os turistas que ali busquem momentosde desporto, cultura ou simples repouso, Abrantes fica apetrechadacom um dos melhores complexos de lazer e cultura do país,com um enquadramento paisagístico ímpar e um cuidadoambiental que resulta de uma reabilitação e requalificação quenão pode deixar de ser assinalada, nomeadamente no cuidadoposto na preservação da memória histórica, com a preservaçãodos pilares de uma ponte de barcas do século xix e a Fonte dosTouros, antigo lavadouro público, também restaurado.O projecto tem uma área de implantação a norte, com 23 hectares,e a sul, com 13 hectares, compreendendo ainda os 50 hectaresno rio Tejo. Na margem norte do Aquapolis estão uma série deinfra-estruturas para a prática de várias modalidades desportivascomo o futebol e o voleibol, uma ciclovia, zona para prática deskate, um parque infantil, um anfiteatro, o Terraço das Oliveiras, oParque das Merendas, a praia fluvial para a prática de desportosde praia, o jardim do rio para passeios a pé, uma zona de restauraçãoe bares e um espelho de água onde é possível praticar remo,pesca desportiva, canoagem, etc. Há, ainda uma zona disponívelpara o parqueamento de autocaravanas, com alguns serviços demanutenção e uma zona de parqueamento.Prevê-se, ainda, uma outra infra-estrutura a instalar nesta zonanorte, que será o futuro Centro Náutico, que terá um restaurante,ginásio, sala polivalente para reuniões/exposições, arrecadaçãode embarcações e jardim.Para a margem sul, estão projectados uma Praça e Auditório comcobertura tensível, um Jardim Géiser, percursos pedonais, zona deestar, quiosques de apoio e zonas de estacionamento.Também a denominada Cidade Desportiva, localizada numa dasáreas de expansão da cidade, é uma das apostas que a CâmaraMunicipal da cidade tem vindo a desenvolver, e que congrega um| 55


Estádio Municipal de Futebol, com pista de atletismo, um campocom relva sintética, um campo de basebol e um Complexo dePiscinas, composto por tanques exteriores e tanques interiores,destinados ao ensino da natação, à competição e ao lazer. Nesteespaço encontramos outras valências de apoio, como uma sala deprestação de primeiros socorros, bar e balneários.No Estádio Municipal podem ser praticadas várias modalidades,desde o salto à vara ao lançamento do dardo, lançamento de discoe martelo, para além de salas de squash, sauna e jacuzzi, bar, auditórioe uma sala de conferências.O conjunto de obras na Cidade Desportiva será completado com oPavilhão Multiusos, que irá alargar a oferta já existente, permitindooutras utilizações.A esta atenção ao meio ambiente e à qualidade de vida dos seushabitantes, Abrantes tem desenvolvido outras infra-estruturaspara a captação de investimentos na área da ciência e da tecnologia,tendo assim nascido o Tecnopólo do Vale do Tejo, parque deCiência e Tecnologia promovido em parceria entre a CâmaraMunicipal e o Núcleo Empresarial da Região de Santarém .e Instituto Politécnico de Tomar.Este Parque, com 15 hectares, é composto por infra-estruturas quepretendem dinamizar a aposta na Inovação, na Tecnologia e naInvestigação & Desenvolvimento.A título de exemplo, está a Associação para o Desenvolvimento deAssessoria e Ensaios Técnicos (A Logos), um projecto intermunicipalque desenvolve trabalhos no âmbito do controlo de qualidadede águas residuais, piscinas, géneros alimentícios e alimentospara animais, e que presta apoio a autarquias, empresas e organismosdo Estado.Também em funcionamento encontra-se o Pólo de Formação,que, com o IEFP, oferece cursos de referência a nível nacional emáreas como Técnicas administrativas e informáticas de apoio àgestão, logística e armazenamento, carpintaria, desenho de construçõesmecânicas, contabilidade e gestão ou mecatrónica automóvel.Em fase de concurso encontra-se o CIIDE, Centro de Incubação deEmpresas de Base Tecnológica, que tem por objectivo tornarideias de projectos tecnológicos em sucessos de mercado. Estáprevisto acolher 22 empresas em fase de incubação, cabendo acada uma um espaço totalmente equipado – comunicações,mobiliário e meios informáticos-, partilhando outros equipamen-56 |


tos como salas de reunião, redes informáticas e de telecomunicações,serviços administrativos, repografia e assistência técnica.Esta unidade integrará um Gabinete de Apoio à Inovação, queprestará apoio aos empresários em várias vertentes, desde a elaboraçãode planos de negocio, à organização de contabilidade,consultoria jurídica, modernização tecnológica e higiene e segurançano trabalho.Refira-se ainda ao Centro Tecnológico Alimentar, que tem o apoioda <strong>CCDR</strong>-<strong>LVT</strong>, e que aguarda instalação de equipamento. EsteCentro dedica-se à produção agro-alimentar, fiscalizando a qualidadedos produtos e garantindo a sua adaptação ao mercado,preservar os sabores regionais tradicionais e formar quadros eoperadores.O Centro Tecnológico alimentar tem como promotores a CâmaraMunicipal, a NERSANT, a Escola Superior de Tecnologia de Abrantes,o A.Logos e a empesa STI e empresas do sector agro-alimentar.AçudeFoi inaugurado pelo Primeiro-Ministro no passado mês de Junhouma das infra-estruturas mais importantes da intervençãoAquapolis, o denominado Açude Insuflável.Localizado a cerca de 1 Km a jusante da ponte rodoviária deAbrantes, é a maior empreitada de sempre no concelho deAbrantes, e única no género na Península Ibérica.É uma obra de engenharia que envolveu várias especialidades,onde foi utilizada tecnologia de ponta importada do Japão, compostapor uma estrutura de betão armado em que assentam quatrocomportas insufláveis, que permitiram a criação do vastoespelho de água, vital para o desenvolvimento de espaços destinadosà prática de desportos náuticos e actividades de lazer.Com cerca de 240 metros de comprimento, o açude insuflável criauma área inundada de cerca de 150 ha e um volume de águaarmazenada da ordem de 2,6 Mm3.O Açude integra ainda uma escada para a passagem de peixes,que se localiza na margem esquerda, sobre uma plataformarochosa, que permite a circulação de diversas espécies piscícolas.| 57


Comer e beberentre os encantos da serra e do marHá algumas regiões portuguesas, em lugar cimeiro das quais poderemos colocarCascais/Sintra, a que nada falta para a alegria de quem lá vive ou as visita.Roteiro | David Lopes RamosFotografia | Pedro Soares


Opatrimónio natural e o património construídosão dos mais ricos de Portugal: uma costamarítima que alterna os areais dourados comescarpas monumentais, um mar azul, batido,oxigenado e iodado, zonas florestadas, comoa da serra de Sintra, panoramas fantásticos, como .o que se avista das Azenhas do Mar, palácios e solares,grande parte deles em bom estado de conservação .e visitáveis, hortas e pomares bem cultivados, que nos .fornecem matérias-primas de frescura e qualidade porvezes excepcional.E os peixes e mariscos, muitos deles capturados por pescadoresartesanais, expostos na lota de Cascais e nos mostruários dos .restaurantes da região? Quem, jornadeando por estas terras,nunca se deliciou com as rosadas gambas da costa, ou os percebesdas rochas, as lagostas e os lavagantes? Com peixes como .as pescadas, os chernes, os rodovalhos, pregados, linguados, .sargos, robalos ou douradas? Mas os que se alegram de comercarne também não têm razões de queixa: há carnes de porco, .de vaca e de gado caprino de qualidade, muitas vezes à disposiçãoem pequenos talhos à beira da estrada. E, até, alguma caça, como .perdizes, coelhos bravos, lebres, codornizes, rolas e tordos.sobretudo em Colares, se está a trabalhar pela sobrevivência .e renascimento dos seus brancos e tintos, com destaque para .o mais famoso, o da casta Ramisco cultivada em chão de areia. .Já a realidade do generoso de Carcavelos, que divide o que restadas vinhas que sobreviveram ao avanço do cimento entre terrasde Oeiras e Cascais, é mais problemática, sendo este vinho, criaçãodo marquês de Pombal, Sebastião José de <strong>Carvalho</strong> e Mello, .na segunda metade do século xviii, cada vez mais uma .referência histórica.E agora vamos para Sintra, belíssima terra sempre cheia de .turistas. Do seu receituário, António Maria de Oliveira Bello -Olleboma, na sua obrigatória «Culinária Portuguesa»(EdiçãoAssírio & Alvim, Novembro de 1994), cita o bacalhau Alba Longa.José Quitério, no seu «Livro de Bem Comer — crónicas .de gastronomia portuguesa» (Edição Assírio & Alvim, Novembrode 1987), junta uma vitela à Manuel da Neta.Na freguesia das Mercês, na feira anual, comeremos a carne .de porco frita à moda da terra: carne aos pedaços pequenos, temperadacom colorau, sal, alho, louro, um nada de picante e vinhobranco, que se frita com banha numas pequenas frigideiras debarro vermelho, nas quais é servida.Vinho também há, como se sabe, embora já tenha vivido melhoresdias. Deve, no entanto, reconhecer-se que, nos últimos tempos,Não pode também ser esquecido o leitão de Negrais, um dosemblemas gastronómicos da região de Sintra, nos últimos anos| 59


tema de um festival promovido pela Câmara Municipal. Diferentedo bairradino na forma (embora assado em forno, é aberto .e espalmado) e também no tempero, o leitão de Negrais encontraa maioria dos seus adeptos no seu lugar de nascimento e naGrande Lisboa. Nas secções de pronto-a-comer das grandes superfíciesencontra-se muito, em geral com mau aspecto. Característicacomum ao à moda da Bairrada. Por isso, seria avisado que, querem Negrais, quer na Bairrada, se tomassem as medidas necessáriasà defesa da genuinidade e qualidade dos seus leitões assados.A doçaria da região é abundante e conhecida, com destaque paraas queijadas, mais os travesseiros de noiva, os biscoitos vários,bem como os fofos, as broas e os fartos de Belas.Em Cascais, a sempre vila e bela, voltamos ao chorume marítimo.Ao caldo de peixe, ao mexilhão de caldeirada à fragateira, à caldeiradade robalo grande, às sardinhas assadas no forno, à salada .de lagosta e à lagosta à faroleiro, às sardas ou cavalas salgadascozidas em leite. Adoçaremos a boca com areias, nozes, pratas, .joaninhas e raivas.Colares do século xix aos nossos diaspor paliçadas de canas, foram sempre muito difíceis de beber .em novos, por serem muito taninosos, adstringentes, até acerbos,serem magros de corpo e de baixa graduação alcoólica. Tinha quese ter paciência para esperar por eles uma vintena de anos. .Esta questão técnica, aliada à pressão urbanística, fez com que osColares entrassem numa decadência, que quase os matou. .A Adega Regional de Colares, que detinha o monopólio da concessãoda denominação de origem, enredada numa teia burocráticadifícil de deslindar, também não ajudou à modificação .da situação, embora recentemente dê mostras de algum dinamismo.Neste quadro, a compra pela Fundação Oriente, de <strong>Carlos</strong>Monjardino, a pedido da Câmara Municipal de Sintra, da únicavinha contínua com uma dimensão razoável, plantada nos anos80 do século passado pela antiga firma <strong>Carvalho</strong>, Ribeiro .& Ferreira nas Azenhas do Mar, deu algum alento a Colares, mas .a Adega Regional de Colares defende posições de algum fundamentalismo,que não são bom augúrio. Da vinha original com acasta Ramisco plantada em chão de areia fez-se um tinto, em2004, agora colocado à venda. O seu perfil, porém, ainda temmuito do Colares à antiga, sendo necessário esperar algum tempopela evolução do vinho em garrafa para ver o que dá.Os admiradores de Eça de Queirós e dos seus romances sabemque os tintos de Colares são várias vezes referidos e elogiados.Estes vinhos, produzidos em terras situadas entre Sintra e o mar,na várzea de Colares e em terrenos de Azenhas do Mar, eram .comparados, na elegância e aroma delicado, aos Bordéus, famaque transitou para o século xx. Ainda na década de 70, o conhecidoespecialista e crítico de vinhos britânico Hugh Johnson assimos tratava no seu influente «The World Atlas of Wine». Foi no finaldessa época que bebi o único Colares Ramisco de chão de areia .de que me recordo com saudades: um tinto de um produtor .de Banzão da colheita de 1948. Foram duas garrafas e o vinhoestava perfeito: cor casca de cebola seca, aroma delicado comnotas salgadas de terra, bosque e cogumelos, aveludado e longona boca, acompanhou na maravilha um rosbife, caramelizado porfora e rosadíssimo no interior.Os vinhos tintos de Colares da casta Ramisco cultivada em chãode areia perto do mar, plantas protegidas dos ventos e da salsugemEntretanto, a Fundação Oriente, que contratou o enólogo PauloNigra para fazer os novos vinhos, decidiu arrancar a vinha velha,que tinha problemas sérios de ordem sanitária, e plantou, segundoas melhores regras, nova vinha com plantas sãs. Já há um tinto de2005 engarrafado e outro de 2006 ainda em barricas. São vinhosem que os taninos se mostram mais civilizados e têm um graualcoólico de 12º/12,5º, bem acima dos tradicionais 10º, .e podem ser bebidos mais cedo.Mas a grande novidade dos novos Colares é um branco da colheitade 2006, elaborado com uvas da casta Malvasia de Colares, que .só na região existe, a dominar o conjunto, que deu origem a umvinho de perfil exótico, com fruta e frescura no aroma, uma acidezexpressiva, corpo elegante e bem estruturado com notas minerais,que está mesmo a pedir uma dúzia de ostras de Setúbal ao naturalou um peixe grande daquela costa assado no forno. Quer dizer,nem tudo parece perdido em Colares.60 |


Onde ComerNo Guincho, Cascais, há dois restaurantes com uma estrelaMichelin: o Porto de Santa Maria, o que ostenta o galardão .há mais tempo em Portugal; e o da Fortaleza do Guincho, .que tem como consultor o grande chefe de cozinha francês,Antoine Westermann, três estrelas Micchelin. Mas há maisrestaurantes categorizados em Cascais/Sintra.Alguns exemplos:Restaurante da Fortaleza do GuinchoEstrada do Guincho, CascaisTel.: 214 870 491; fax: 214 870 431Porto de Santa MariaEstrada do Guincho, CascaisTels.: 214 870 240/214 879 450; fax: 214 879 458Carcavelos a agonizarQuanto ao Carcavelos, citando um texto do especialista JoãoPaulo Martins, «a vinificação segue de perto a técnica usada paraa produção de generosos (interrupção da fermentação alcoólicapor adição de aguardente vínica) mas, não poucas vezes, o mesmoera deixado a fermentar até o vinho ficar seco, sendo, então, .o grau de doçura dado pela adição de um abafado (mosto ao qualfoi adicionada aguardente). Os vinhos eram sempre mais secosdo que o Vinho do Porto e assemelhavam-se a um Porto tawny,com dominância dos aromas de frutos secos. Sempre foram, .por isso, vinhos de sobremesa, especialmente apreciados pela .elegância e frescura dos aromas, autênticos vinhos de cheiro.»«Actualmente, a produção concentra-se em três quintas: Quintados Pesos com um vinho marca Carcavelos (família Bulhosa), .a Quinta da Ribeira (Patriarcado de Lisboa) e a Estação Agronómicade Oeiras, perfazendo um total de 15 hectares. No mercado apenasé possível encontrar o vinho da Quinta dos Pesos e da EstaçãoAgronómica. Comparando-se estes dois vinhos, não é possívelconcluir sobre o novo estilo do Carcavelos. Os dois vinhos têm .perfis completamente distintos, sendo mais os factores que osafastam do que aqueles que os juntam. O consumidor terá assimdificuldade em perceber qual é o vinho que melhor representa .o Carcavelos. As poucas garrafas que ainda restam da antigaQuinta da Bela Vista atingem preços muito elevados mas podemservir como modelo para quem quiser saber o que era realmenteo Carcavelos de antigamente. As garrafas existentes da Quinta .do Barão nem sempre justificam o que por elas se pede. Perguntarse-á:neste quadro, que escolha tem o consumidor? Por enquanto,a única resposta é a seguinte: ainda há vinho feito em Carcavelos,mas se será este “o” Carcavelos existem algumas dúvidas. A escolhaé, por isso, complicada».Depois da publicação deste texto, a situação já se alterou. .Com a morte de Manoel Cordo Bullosa, a Quinta dos Pesos deixoude produzir Carcavelos. A última paixão do milionário galaico-.-português terá, assim, morrido com ele. E o futuro do Carcavelostornou-se ainda mais problemático.100 ManeirasHotel Villa AlbatrozRua Fernandes Tomás,1, CascaisTele.: 214 835 394Enoteca RestaurantRua Visconde da Luz, 17, Lj 3, CascaisTels.: 214 822 382; 962 569 609Taverna do FrancêsRua das Amoreiras, 178, Torre, CascaisTel.: 214 864 550Monte MarEstrada do Guincho, Oitavos, CascaisTel.: 214 869 270; fax: 214 869 356Casa do LargoLargo da Assunção, 6 e 7, CascaisTels.: 214 831 856; 966 831 324Méson AndaluzCascaisshopping, Loja 1089, AlcabidecheTel.: 214 600 659; faz 214 600 809ToscanoTravª Barbosa de Magalhães, 2, ParedeTel.: 214 582 020; fax: 214 572 849Vin RougeRua <strong>Carlos</strong> Anjos, Lote 2, Loja Dtª, .Amoreira, EstorilTel.: 214 684 439Restaurante do Hotel Lawrence’sRua Consiglieri Pedroso, 30-40, SintraTel.: 219 105 500; fax: 219 105 505Curral dos CaprinosCabriz, SintraTels.: 219 233 113; 219 241 417 | fax: 219 235 583| 61


ARTEMREDENa sequência do investimento realizado em conjuntocom as autarquias na construção, recuperação,modificação de cine‐teatros e outros equipamentosculturais congéneres destinados à apresentaçãode espectáculos, maioritariamente financiado atravésdos fundos estruturais europeus, decidiu a <strong>CCDR</strong>-<strong>LVT</strong>– Comissão de Coordenação e DesenvolvimentoRegional de Lisboa e Vale do Tejo promover arealização de um estudo que identificasse os meiose instrumentos mais adequados à dinamização,qualificação e criação de condições de sustentabilidadedesses equipamentos.A realização do referido estudo incluiu um trabalhode inventariação dos teatros e cine-teatros e deanálise das dinâmicas culturais da Região, bem comouma ampla discussão e troca de ideias com asautarquias, ao nível, quer dos seus responsáveispolíticos, quer de responsáveis dos departamentosculturais ou dos próprios teatros. Este processoculminou com a proposta de criação de uma redeformal que integrasse os teatros e equipamentosculturais congéneres da região, entendida comoa melhor solução para dar resposta às necessidadesde qualificação, assistência técnica edesenvolvimento que as autarquias sentem nestedomínio. A criação da Rede foi consubstanciadaatravés da constituição de uma associação culturalprivada sem fins lucrativos «Artemrede – TeatrosAssociados», integrando, presentemente, o projecto15 autarquias: Abrantes, Alcanena, Alcobaça, Almada,Almeirim, Barreiro, Cartaxo, Entroncamento, Moita,Montijo, Palmela, Santarém, Sintra, Sobral de MonteAgraço e Torres Vedras.CRIANÇAS E JOVENSMidimi - outras músicaspara bebésPassos e CompassosSexta-feira, 16 SetembroCine-Teatro S.João, EntroncamentoEinsteinTeatro ExtremoSexta-feira, 02 Novembro | 21H30Teatro Sá da Bandeira, SantarémQuinta-feira, 08 NovembroTeatro Sá da Bandeira, SantarémQuinta-feira, 15 Novembro | 21H30Cine Teatro S.João, EntroncamentoAgakuke e a princesaPutri TelurLua Cheia Teatro para TodosSexta-feira, 28 Setembro | 10H30Cine-teatro S.Pedro, AbrantesDomingo, 07 Outubro | 16H00Auditório Municipal, Pinhal NovoSábado, 13 Outubro | 11H00Teatro-Cine, Torres VedrasSexta-feira, 26 Outubro | 10H30Centro Cultural, CartaxoDomingo, 04 Novembro | 16H00Auditório Augusto Cabrita, BarreiroAgakuke e a filha do SolLua Cheia Teatro para TodosDomingo, 14 Outubro | 16H00Auditório Municipal, Pinhal NovoSexta-feira, 19 Outubro | 10H30Cine teatro S.Pedro, AbrantesSábado, 20 Outubro | 11H00Cine Teatro, Torres VedrasSexta-feira, 09 Novembro | 10H30Centro Cultural, CartaxoDomingo, 18 Novembro | 16H00Auditório Municipal António Silva,Sintra62 |


O Guarda da noiteA TarumbaSábado, 13 Outubro | 16H00Auditório Municipal António SilvaNoite de ReisCompanhia Paulo RibeiroTerça-feira, 30 OutubroCine Teatro S.João, EntroncamentoSábado, 24 Novembro | 11H00Teatro Cine, Torres VedrasMÚSICASolistas de SalzburgoSolistas de SalzburgoSexta-feira, 12 Outubro | 21H30Teatro Sá da Bandeira, SantarémSábado, 13 Outubro | 21H30Auditório Augusto Cabrita, BarreiroSexta-feira, 19 Outubro | 22H00Centro Cultural Olga CadavalSábado, 20 Outubro | 21H30Cine Teatro Joaquim d´Almeida, MontijoDomingo, 21 Outubro | 18H30Mosteiro, AlcobaçaSexta-feira, 26 Outubro | 21H30Auditório Fernando Lopes Graça, AlmadaTerça-feira, 30 OutubroCine Teatro S.João, EntroncamentoSteel DrummingDrummingQuarta-feira, 31 Outubro | 21H30Cine Teatro do Sobral de Monte AgraçoSexta-feira, 26 Outubro | 21H30Cine Teatro S. Pedro, AbrantesQuarta-feira, 31 Outubro | 21H30Teatro Sá da Bandeira, SantarémSexta-feira, 09 Novembro | 21H30Cinema Teatro Joaquim d´Almeida, MontijoNOVO CIRCOFerloscardoNovo Circo RibatejanoSábado-feira, 20 Outubro | 21H30Auditório Municipal António Silva, SintraQuarta-feira, 31 Outubro | 21H30Teatro Sá da Bandeira, SantarémLaissez-PorterCie XYQuinta-feira, 29 Novembro | 22H00Fórum Cultural JM FigueiredoTEATROD.QuixoteChapitôSexta-feira, 28 Setembro | 21H30Cine-Teatro Almeirim, AlmeirimSábado, 29 Setembro | 21H30Centro Cultural, CartaxoQuinta-feira, 04 Outubro | 21H30Cine-Teatro, AbrantesSexta-feira, 05 Outubro | 21H30Cine-Teatro do Sobral de Monte Agraço| 63


Animação SuspensaHuber MarionettesQuinta-feira, 11 Outubro | 21H30Teatro Sá da Bandeira, SantarémSexta-feira, 12 Outubro | 21H30Teatro-Cine, Torres VedrasSábado, 13 Outubro | 21H30Centro Cultural, CartaxoDomingo, 14 Outubro | 16H00Cine Teatro Joaquim d´Almeida, MontijoQuinta-feira, 18 Outubro | 21H30Auditório Municipal, Pinhal NovoSexta-feira, 19 Outubro | 22H00Fórum Cultural JM FigueiredoSábado, 20 Outubro | 21H30Auditório Augusto Cabrita, BarreiroANTOLOGIACIA JORDI BERTRANSexta-feira, 02 Novembro | 21H30Auditório Augusto Cabrita, BarreiroMultidisciplinarSherlock JRQuase por QuatroQuinta-feira, 15 Setembro | 22H30Centro Cultural, AbrantesSexta-feira, 28 Setembro | 21H30Cine-Teatro de Almeirim, AlmeirimSábado, 29 Setembro | 21H30Cine-Teatro, Sobral de Monte AgraçoSexta-feira, 12 Outubro | 21H30Auditório Municipal, Pinhal NovoOlíviaBalleteatroSábado, 22 Setembro, 11H00Teatro-Cine, Torres VedrasDomingo, 30 Setembro, 16H00Auditório Municipal António Silva, SintraDomingo, 07 Outubro, 16H00Cinema Teatro Joaquim d´Almeida, MontijoTerça-feira, 23 OutubroCine-Teatro S.João, EntroncamentoNoite BrancaCorpusQuinta-feira, 18 Outubro | 21H30Auditório Fernando Lopes-Graça, AlmadaSábado, 20 Outubro | 21H30Cine Teatro de Alcobaça, AlcobaçaSexta-feira, 26 Outubro | 22H00Centro Cultural Olga Cadaval, SintraQuarta-feira, 31 Outubro | 21H30Teatro Sá da Bandeira, SantarémDANÇASubmersão do meu SerCompanhia de Dança de AlmadaDomingo, 30 Setembro | 21H30Centro Cultural, CartaxoSábado, 06 Outubro | 21H30Teatro-Cine, Torres VedrasA Arte da FugaCRLG+CPDSCASexta-feira, 21 SetembroTeatro CamõesSábado, 22 SetembroTeatro CamõesSábado, 03 Novembro | 21H45Teatro Sá da Bandeira, SantarémSegunda-feira, 10 Setembro | 21H30Auditório Augusto Cabrita, BarreiroSábado, 17 Novembro | 21H30Cine-Teatro S.João, PalmelaDomingo, 23 Setembro | 21H30Cine-Teatro S.Pedro, Abrantes64 |


Noite Branca, Companhia Corpus


Ministério do Ambiente,Ordenamento do Territórioe Desenvolvimento Regional

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