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Relatório científico 01 Como nasce um modelo: o ... - Nomads.usp

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4.1.5 - Disciplina SAP 5892-6 - "Metodologia e pesquisa bibliográfica", ministrada pelaProfa. Dra. Lauralice de Campos Franceschini Canale;4.2 - Atividades de pesquisa:4.2.1 - Discussões no nomads.<strong>usp</strong>:4.2.1.1 - Grupo de estudos Espaços de Morar;4.2.1.2 - Seminário Flash;4.2.1.3 – reuniões com Prof. Assoc. Dr. Marcelo Tramontano4.2.2 – Entrevistas (etapa alterada):4.2.2.1 - Hugo Segawa;4.2.3 - Submissão de trabalhos;4.2.3.1 - 8° Seminário Docomomo Brasil4.2.4 - Produção de textos:4.2.4.1 - Texto 1: "A produção de apartamentos – três momentos"4.2.4.2 - Texto 2: "Alg<strong>um</strong>as referências modernistas em São Paulo"4.2.5 - Construção de site;4.3 - Outras atividades:4.3.1 - Atividades no nomads.<strong>usp</strong>:4.3.1.1 - Encontro com pesquisadores e profissionais de outros grupos4.3.1.1.1 - Profa. Dra. Nadia Somekh4.3.1.2 - Projeto de pesquisa T-Híbridos;4.3.1.3 - doc.nomads;4.3.2 - Bancas assistidas no Programa de Pós-Graduação em AU da EESC-USP:4.3.2.1 - Bancas de mestrado:3


6.3 - Seminários:6.3.1 - Seminário TIC ARQ URB7 - Plano de trabalho para as próximas etapas da pesquisa7.1 – Próximas etapas de trabalho7.2 - Planilha das próximas atividades8 – Bibliografia9 – Índice de figuras10 – Anexos10.1 – Ficha do aluno10.2 – Visitas a edifícios de apartamentos em São Paulo10.2.1 – Mapa10.2.2 – Ficha10.3 – Agendamento entrevistas10.3.1 – Prof. Dr. Nabil Bonduki10.3.2 – Profa. Dra. Raquel Rolnik10.3.3 – Profa. Dra. Rossella Rossetto5


1 - IntroduçãoEste é o primeiro relatório referente à bolsa de Mestrado – processo número 2008/52964-5 –outorgada à Felipe Anitelli, aluno regular do Programa de Pós-Graduação do Departamento de Arquitetura eUrbanismo da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da Universidade de São Paulo (USP). A bolsafinancia a pesquisa “<strong>Como</strong> <strong>nasce</strong> <strong>um</strong> <strong>modelo</strong>: o projeto de apartamentos na cidade de São Paulo”desenvolvida no <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong> – Núcleo de Estudo de Habitares Interativos – sob a orientação do Prof.Assoc. Dr. Marcelo Tramontano. Além da descrição das atividades acadêmicas e de pesquisa realizadaspelo bolsista desde março de 2008, quando se deu o ingresso no programa de pós-graduação, o relatóriodescreve na Introdução alguns outros estudos sobre habitação realizados no PPG da EESC-USP desde oinício de 2007.O pesquisador começou seus estudos sobre projetos de habitação contemporânea antes do seuingresso no Programa de Pós Graduação. No Trabalho Final de Graduação foram analisados projetos dehabitações de interesse social e as possibilidades de flexibilidade e adaptação do ambiente doméstico àsnovas demandas sociais surgidas com a diversidade de arranjos familiares. Este trabalho foi orientado pelaarquiteta Dra. Simone Barbosa Villa na Universidade Barão de Mauá em Ribeirão Preto. A professoraSimone realizou seu mestrado sobre apartamentos no Programa de Pós-Graduação em Arquitetura eUrbanismo sob orientação do prof. Assoc. Dr. Marcelo Tramontano, e foi através dela que o pesquisadorteve contato com esse grupo.No ano de 2007, o bolsista participou de duas disciplinas como aluno especial no mesmo Programa:SAP 5846 - "Habitação, metrópole e modos de vida", do Prof. Assoc. Dr. Marcelo Tramontano; e SAP 5831 -"Habitação social – contextualização histórica e perspectivas de intervenção". A primeira mostra astransformações ocorridas no espaço doméstico desde o fim da Idade Média, sua evolução nos séculos XVIIe XVIII, com o surgimento de conceitos como o de intimidade, privacidade, conforto; e a consolidação de <strong>um</strong><strong>modelo</strong> habitacional no século XIX, no bojo das transformações ocorridas na cidade de Paris realizadaspelo Barão Haussmann. Mostra também a importação desde <strong>modelo</strong> para as cidades brasileiras, a evoluçãodo projeto de habitação até os dias de hoje, e as transformações sofridas no seu desenho. Já a segundadisciplina cursada mostra a evolução da habitação social no século XX, em países europeus e também noBrasil. Também enfoca alg<strong>um</strong>as políticas públicas tomadas pelo governo brasileiro durante o século, comoa produção dos IAPs ou através do financiamento do BNH. As duas disciplinas foram importantes porquecontextualizaram historicamente o produto e a produção de habitações.6


Também no ano de 2007, o pesquisador participou de <strong>um</strong> estágio no <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong> sob a supervisãodo arquiteto Fábio Queiroz, doutorando, e que desde o início de seu mestrado pesquisa sobre apartamentos- também sob orientação do coordenador do grupo, professor Marcelo Tramontano. O estágio se realizoudurante dois meses e tinha como objetivo entender a espacialidade dos apartamentos a partir de <strong>um</strong>levantamento de informações e peças gráficas de edifícios residenciais produzidos nas décadas de 1990 e2000 na cidade de São Paulo. O trabalho consistia em procurar em livros, periódicos, campanhaspublicitárias em jornais e em websites das empresas as plantas, perspectivas, fotos, ilustrações; mastambém dados, como o número de pavimentos, a metragem das unidades, os equipamentos e usosexternos à unidade habitacional oferecidos, o autor do projeto, o construtor, etc. O trabalho de levantamentofoi realizado com a ajuda de <strong>um</strong> pesquisador em iniciação científica, e serviu para atualizar o banco dedados sobre apartamentos do <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>. Esta foi a primeira experiência do bolsista com métodos epesquisas acadêmicas: a forma de coleta das informações, as seleções e recortes das amostras, oarmazenamento e a organização dos dados, e posteriormente as leituras e análise. Conforme se c<strong>um</strong>pria asetapas de trabalho, eram realizadas reuniões com os pesquisadores. Nestas reuniões técnicas foramanalisados os resultados e a configuração espacial dos apartamentos vistos.No mês de janeiro de 2008, o bolsista participou do Treinamento.<strong>Nomads</strong> para graduandos.Anualmente, o grupo recebe estudantes de graduação de outras universidades do país para participar doseu cotidiano de pesquisa por <strong>um</strong>a semana. Nesse período, os estagiários realizam atividades referentes aalg<strong>um</strong>a etapa dos projetos de pesquisa em andamento. Pretendeu-se, com esse treinamento, aproximar osalunos das atividades relacionadas à pesquisa acadêmica.Figura 1 - estagiários do treinamento.<strong>Nomads</strong> de 20087


Entre os grupos de trabalho havia o de apartamentos, também supervisionado pelo doutorandoFábio Queiroz. O objetivo do grupo foi analisar as soluções espaciais dos apartamentos. Para tanto, foramcoletados dados de apartamentos em diversas cidades, comparando os projetos de cada <strong>um</strong>a. Olevantamento foi dividido em alguns módulos: exemplares na cidade de São Paulo; em outras cidadesbrasileiras; em cidades da América Latina; e em cidades européias. O bolsista participou da coleta e análisedos apartamentos, e também ajudou na monitoria deste grupo. Foi mais <strong>um</strong>a oportunidade para contatocom produção de pesquisas científicas, mas também com os métodos de trabalho do <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>.A análise das plantas destes apartamentos mostrou que elas obedecem aos mesmos princípios deagenciamento dos espaços, baseados na planta da habitação da burguesia francesa do século XIX(Tramontano, 1998). Independentemente da cidade onde ele se localiza ou de quem o produziu ou mesmoem quais circunstâncias, na amostra estudada as plantas apresentam, em geral, essas características.<strong>Como</strong> no exemplo a seguir, de <strong>um</strong> edifício residencial em Curitiba, no Paraná. A planta apresenta osmesmos dispositivos espaciais que foram verificadas também nas demais: a hierarquia dos espaços, o usodos ambientes sempre associados à existência de cômodos monofuncionais, a tripartição da moradia emtrês zonas estanques – social, íntima e de serviços, etc. No treinamento, eram feitas discussões diárias paraanálise dos resultados obtidos em todos os grupos de trabalho – Design Paramétrico, E-Pesquisa <strong>Nomads</strong>,Modos de Vida, Projeto Pix e Projeto Pacto Digital. As opiniões dos diversos graduandos e pesquisadorespermitiram conclusões mais amplas e plurais para o estudo.8


Este relatório mostra também <strong>um</strong> res<strong>um</strong>o do projeto de pesquisa (item 2), com a descrição daproposta, seus objetivos e as etapas de trabalho; as disciplinas (item 4.1) cursadas e as aproximações dosseminários e monografias com a pesquisa; e <strong>um</strong> estágio em monitoria do PAE (item 5.2) na disciplina deProjeto 3, do curso de Arquitetura e Urbanismo da EESC-USP.Baseado nos estudos realizados até agora foram produzidas duas reflexões: "A produção deapartamentos – três momentos" (item 4.2.4.1); e "Alg<strong>um</strong>as referências modernistas em São Paulo"(item 4.2.4.2). Por fim, foi realizado <strong>um</strong> plano de trabalho para as próximas etapas da pesquisa (item 7).10


2 - Res<strong>um</strong>o do projeto de pesquisa2.1 - Res<strong>um</strong>oNas décadas de 1950, 1960 e 1970, pesquisas do <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong> – Núcleo de Estudos de HabitaresInterativos, da Universidade de São Paulo, têm notado no mercado imobiliário paulistano de apartamentos<strong>um</strong> processo de padronização das soluções espaciais, com a introdução e consolidação do emprego deprojetos com plantas-tipo e mesmo edifícios-tipo. A pesquisa de Mestrado aqui proposta tem como objetivoinvestigar os fatores que influenciaram a padronização acontecida neste período, estudando o contexto emque ocorreu o processo de verticalização e a produção dos edifícios, bem como os elementos constitutivosde sua espacialidade, buscando construir <strong>um</strong> olhar sobre os princípios adotados na concepção dosedifícios. A análise dessas questões será circunscrita ao recorte cronológico das décadas de 1950 a 1970.Pretende-se com essa pesquisa contribuir para o entendimento da história e evolução dessa modalidadehabitacional, dando continuidade e ampliando <strong>um</strong> trabalho que já vem sendo desenvolvido há nove anossobre o assunto, por vários pesquisadores do <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>, sempre contando com financiamento deagências de fomento à pesquisa.2.2 - ObjetivosObjetivo geralInvestigar os fatores envolvidos no processo de padronização de soluções espaciais na produçãode apartamentos na cidade de São Paulo entre as décadas de 1950 e 1970.Objetivos específicos●Estudar o contexto em que se desenvolveu o processo de verticalização da cidade de São Paulo naprimeira metade do século XX, assim como da modalidade habitacional apartamento;11


●Estudar as conjunturas política, econômica, construtiva, legislativa, entre outras, que possam tercontribuído para a uniformização dos projetos de apartamentos efetivada pelos agentes imobiliários;●Analisar a produção de edifícios de apartamentos nas décadas de 1950, 1960, 1970 na cidade deSão Paulo, assim como os elementos constitutivos de sua espacialidade;●Estabelecer <strong>um</strong> breve histórico dos princípios adotados na concepção dos edifícios deapartamentos na cidade de São Paulo nas décadas de 1950 a 1970;2.3 - Etapas de trabalho propostasetapa 1 – Construção de site dentro do site do <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong> para divulgação dos resultados parciais e finais,considerando a extrema importância da divulgação desses dados a <strong>um</strong>a parcela maior da população, pelogrande interesse que seus resultados representam para pesquisadores externos ao grupo e à USP, assimcomo para órgãos da grande imprensa, o que se verifica em freqüentes consultas feitas ao Núcleo sobre otema;etapa 2 – Revisão bibliográfica através da leitura de livros, periódicos, artigos, dissertações e teses nabiblioteca de Engenharia da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC-USP), e em São Paulo, naFaculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e na sua biblioteca de Pós Graduação. Busca deinformações também em sites especializados da Internet, buscando coletar material doc<strong>um</strong>ental deexemplos dessa modalidade habitacional no período abordado pela pesquisa;etapa 3 - Entrevistas a serem realizadas com pesquisadores em Universidades, profissionais que trabalhemcom esse assunto, a fim de aprofundar a análise do objeto de estudo.etapa 4 - Organização e sistematização de informações coletadas;etapa 5 - Análise do material coletado, realizada em conjunto com outros pesquisadores do <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>,como é hábito no Núcleo. O procedimento de análises conjuntas constitui <strong>um</strong>a prática consolidada dentrodo Núcleo, reunindo pesquisadores desde a iniciação científica até o pós-doutorado, de diferentes linhas de12


pesquisa. Tal postura proporciona <strong>um</strong>a oportunidade de desenvolver <strong>um</strong> olhar ampliado sobre o objeto deestudo, tendo como resultado, leituras mais críticas e plurais;etapa 6 – Elaboração de relatório parcial da FAPESP;etapa 7 – Coleta de dados complementares;etapa 8 – Organização e análise de dados complementares;etapa 9 – Elaboração de relatório parcial para a FAPESP (esta etapa foi retirada porque a FAPESP nãoexige <strong>um</strong> segundo relatório parcial – somente 1 relatório parcial e 1 relatório final)etapa 10 – Produção do memorial de qualificação e realização do exame;etapa 11 – Avaliação e registro dos resultados;etapa 12 – Produção da dissertação e elaboração do relatório final da FAPESP.13


2.4 - Cronograma proposto no plano inicial (agosto 2008)AtividadesmêsCréditos emdisciplinas*Etapa 1.Divulgação dedadosEtapa 2.Coleta de dados defontesbibliográficas edoc<strong>um</strong>entaisEtapa 3.Coleta de dados defontes primáriasEtapa 4.Organização esistematização dosdados coletadosEtapa 5.Leitura e análisedos dadosEtapa 6.Elaboração<strong>Relatório</strong> parcialFAPESPEtapa 7.Coleta de dadoscomplementarEtapa 8.organização eanálisecomplementarEtapa 9.Elaboração<strong>Relatório</strong> parcialFAPESPEtapa 10.QualificaçãoEtapa 11.Avaliação eregistro dosresultadosEtapa 12.Dissertação e<strong>Relatório</strong> finalFAPESP1º SEMESTRE 2º SEMESTRE 3º SEMESTRE 4º SEMESTRE1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 2414


3 - Res<strong>um</strong>o das atividades desenvolvidas3.1 - Planilha de atividadesA seguir, planilha de atividades realizadas referentes às etapas de trabalho propostas no plano depesquisa e sua localização no relatório.15


Etapa Descrição da atividade Localização no relatórioEtapa 1:Divulgação dos dados (construção do sitee divulgação dos resultados)Construção de <strong>um</strong> website para adivulgação dos resultados da pesquisa –feito utilizando ferramentas do softwareDream Weaver e disponibilizado em áreano site do <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>Item 4.2.5Etapa 2:Coleta de dados de fontes bibliográficas edoc<strong>um</strong>entais (revisão bibliográfica)Foi realizada através das leituras paraapresentações em seminários e para aprodução de monografias nas disciplinascursadas. E também com as referênciasbibliográficas vistas no item "Produção detextos"Itens: 4.1.1 / 4.1.2 / 4.1.3 / 4.1.4 / 4.1.5 /4.2.4.1 / 4.2.4.2Etapa 3:Coleta de dados de fontes primáriasNo que diz respeito às entrevistas –previstas inicialmente no plano - estaetapa foi alterada, e reprogramada paraeste segundo semestre. Os motivos, bemcomo os objetivos, estão relatados no item"Entrevistas".Além disso, foi entrevistado o Prof. Dr.Hugo Segawa da FAU-USP. Houvetambém <strong>um</strong> encontro com a Profa. Dra.Nadia Somekh na FAU-Mackenzie. Ealg<strong>um</strong>as palestras assistidas, como as dosProfs. Drs. Nabil Bonduki e Raquel Rolnik.Itens: 4.2.2 / 4.2.2.1 / 4.3.1.1.1 / 6.1.1 /6.1.2 / 6.1.3 / 6.1.4Etapa 4:Organização e Sistematização dos dadoscoletadosEtapa 5:Leitura e análise dos dados coletadosAs informações coletadas foramorganizadas através da preparação dasapresentações em seminários e naprodução das monografias das disciplinascursadas; e também na produção do artigoe preparo da apresentação no SeminárioFlash!. Também foram organizadas fichascom informações e peças gráficas dosedifícios, que foram usadas nas visitastécnicas.Para a análise das informações coletadasforam usadas as reuniões do grupo deestudos Espaços de Morar, e tambématravés do artigo submetido ao SeminárioDocomomo; e na reflexão feita no item"Produção de textos".Itens: 4.1.1 / 4.1.2 / 4.1.3 / 4.1.4 / 4.1.5 /4.2.1.2 / 9.2.1 / 9.2.2Itens: 4.2.1.1 / 4.2.3.1 / 4.2.4.1 / 4.2.4.2 /4.2.1.3Etapa 6:Elaboração relatório <strong>01</strong> FAPESP16


3.2 - Atividades realizadas, não previstas inicialmente no planoatividade realizada, nãoprevista no planocontribuição para a pesquisalocalização no relatórioEstágio de monitoria noPAE – Programa deAperfeiçoamento do Ensino– na disciplina Projeto III, docurso de Arquitetura eUrbanismo da EESC-USPPermitiu que bolsista entrasse em contato com as atividadesacadêmicas e de docência do curso de graduação.Item: 5.2Visitas técnicas a edifíciosde apartamentos em SãoPauloPossibilitou <strong>um</strong> aprofundamento na compreensão dos projetos dosedifícios, seus espaços, o funcionamento e as intenções plásticas doautor – detalhes que por vezes não aparecem nas peças gráficas.Itens: 5.1.1 / 5.1.2 / 5.1.3/ 5.1.4 / 5.1.5TIC ARQ URBSeminário que reúne grupos de pesquisa que estudam a inserção detecnologias de informação e comunicação na arquitetura. Oportunidadeque o bolsista teve de entrar em contato com pesquisadores de outrosgrupos de estudo. O evento também mostrou alg<strong>um</strong>as proposições queestão sendo feitas em ambiente acadêmico para a habitaçãocontemporânea.Item: 6.3.1Café com PesquisaOportunidade que o bolsista teve de conhecer outras pesquisas doPrograma de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da EESC-USP. E também de participar da discussão da pesquisas, que sempreacontecia depois das apresentações.Item: 6.2.1Bancas assistidasAlém do tema de pesquisa de cada banca, o bolsista também podeperceber como se apresenta <strong>um</strong>a pesquisa – a postura, o tempo, osenfoques, etc.Itens: 4.3.2.1.1 / 4.3.2.1.2/ 4.3.2.1.3Projeto de pesquisaTerritórios HíbridosParticipação na elaboração de <strong>um</strong> projeto de pesquisa em PolíticasPúblicas submetido a FAPESPItem: 4.3.1.2Organização de <strong>um</strong> acervo doc<strong>um</strong>ental do <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>Doc.nomadsItem:4.3.1.317


3.3 - Planilha dos créditos c<strong>um</strong>pridosatividadedocenteresponsávellocal crédito produtos localização norelatóriodisciplina SAP 5842-3 –"a cidade no séculodezenove –Profa. Dra. TelmaCorreiaEESC-USP 12● seminário - análise do texto“Maneiras de Morar“, deMichele PerrotItem: 4.1.1representaçõesprojetos"e● monografia - “O café e amodernização em São Paulo“disciplina SAP 5824-5 –"o espaço da cidade I –gênese e formação dourbanismo moderno"Prof. Dr. CarlosAndradeEESC-USP 12● seminário - análise doplano de Atilio Correa Lima eArmando Godoy para acidade de GoiâniaItem: 4.1.2● monografia - “Camillo Sitte“disciplina SAP 5825-4 –"arquitetura e cidade napoética das vanguardas"Prof. Dr. CarlosMartinsEESC-USP 12● monografia - “alg<strong>um</strong>asreferências modernistas emSão Paulo“ Item: 4.1.3disciplina SAP 5892-6 –"metodologia e pesquisabibliográfica"Profa.LauraliceCamposDra.deEESC-USP 6● análise e res<strong>um</strong>os deartigos;● apresentação da pesquisaItem: 4.1.5Franceschiniem seminário.Canaledisciplina SAP 5871-1 –"tópicos especiais –avaliação pós ocupaçãono contexto da gestão doprocesso de projeto"Profs. Drs.MarceloTramontano,Márcio Fabrício,Sheila OrnsteinEESC-USP 12● monografia e apresentação– “APO no ConjuntoHabitacional da CDHUWaldomiro Lobbe Sobrinho“Item: 4.1.4monitoria PAE - disciplinaProfs. Drs.EESC-USP 6 ● relatório – descrição dasSAP 617 – "projeto III"Renato Anelli eatividadesItem: 5.2MarceloTramontano18


4 - Atividades e produtos4.1 - DisciplinasPara complementar a pesquisa, procurou-se, sempre que possível, escolher disciplinas e realizarmonografias que remetessem ao objeto de estudo. Assim, os trabalhos e atividades, com base nasquestões e nas bibliografias específicas de cada <strong>um</strong>a delas, permitiram abordar o tema da pesquisa sobdiferentes enfoques. As disciplinas auxiliaram na revisão bibliográfica: tanto a produção de monografiasquanto a preparação dos seminários, foram essenciais na construção do quadro teórico desta pesquisa.Apresenta-se a seguir, a descrição das disciplinas cursadas pelo bolsista, com as respectivasbibliografias, tema e res<strong>um</strong>o das monografias e seminários apresentados, totais de créditos e conceitosalcançados:4.1.1 - Disciplina: SAP 5842-3 - "A cidade no século XIX – representações e projetos"Docente responsável: Profa. Dra. Telma CorreiaNúmero de créditos: 12Conteúdo da disciplina:As cidades européias do século XIX sofreram transformações por causa dos desdobramentos doadvento da indústria. Foram mudanças significativas, como as provocadas pelo êxodo rural e o crescimentopopulacional urbano, e o conseqüente alojamento destas pessoas em condições precárias. É nestecontexto que a disciplina se desenvolve: sobre a evolução das cidades e as interferências no seu espaçofísico e no modo de vida de seus habitantes. Também mostra as propostas de melhoramentos eintervenções, n<strong>um</strong>a época em que o urbanismo ainda se formava enquanto disciplina. Avança, estudandoos ideais modernistas das primeiras décadas do século XX.Nestes ideais reformadores, a disciplina priorizou <strong>um</strong>a análise seguindo principalmente: a cidadecomo questão sanitária, econômica e social. Uma das primeiras questões abordadas foi a de saúde pública,19


feita pelos médicos sanitaristas. O habitat precário dos operários das fábricas foi alvo de rigorosas normasque, por vezes, chegavam a desapropriação e a derrubada da casa. A questão sanitária também ajudavana ação de alguns empresários do setor fundiário para a viabilização de seus empreendimentos na cidade.Outro problema é que a conformação espacial da cidade medieval não era mais válida para os interessescapitalistas. Alg<strong>um</strong>as reformas foram feitas com o objetivo de a<strong>um</strong>entar o fluxo de pessoas, veículos emercadorias. Por fim, o espaço da cidade como forma de segregação social, n<strong>um</strong>a luta de classes que seacentuava cada vez mais.Foram realizadas aulas expositivas realizadas pela docente e seminários apresentados pelosalunos. Os temas abordados foram os seguintes: as representações da cidade: a cidade como questãosanitária e moral; a cidade como questão social e econômica; a construção do <strong>modelo</strong> de habitat moderno:novos requisitos de higiene, conforto e privacidade; economia e velocidade. As reformas urbanas e os<strong>modelo</strong>s alternativos de cidade: as utopias urbanas do século XIX (os <strong>modelo</strong>s teóricos e as experiências);os núcleos fabris e cidades mineiras; as cidades-jardim; os projetos de expansão urbana e reforma de áreascentrais. Movimento Moderno e Cidade - as vanguardas modernistas na arquitetura e urbanismo: rupturas econtinuidades com o século XIX; a cidade moderna e aceleração.Bibliografia:AYMONINO, C. La vivienda racional. Ponencias de los congressos CIAM 1929-1930. Barcelona, Gustavo Gili, 1973.BEGUIN, F. As Máquinas Inglesas do Conforto. Espaço & Debates, São Paulo, N.34: 39-54, 1991.BENEVOLO, L. As Origens da Urbanística Moderna. 2 ed. Lisboa, Editorial Presença, 1987.BENJAMIN, W. Paris, capital do século XIX. In: Sociologia. Ática, São Paulo, 1985.BRESCIANI, M. S. Metrópolis: as faces do monstro urbano (as cidades do século XIX). Revista Brasileira de História, São Paulo,N. 8 e 9:35-68, 1985.BURKE, E. Uma investigação filosófica sobre a origem de nossas idéias do sublime e do belo. Campinas, Papirus, Ed. daUNICAMP, 1993. CIUCCI, Giorgio et alli. La Ciudad Americana. De la guerra civil al New Deal. Barcelona, Gustavo Gili, 1975.CHOAY, F. O Urbanismo: Utopias e Realidades - <strong>um</strong>a Antologia. São Paulo, Perspectiva, 1979.CONSIDÉRANT, V. L’architectonique du phalanstère. in: RONCAYOLO, Marcel. Villes & Civilisation Urbaine. Paris, Larousse, 1992.CORBIN, A. O Território do Vazio: a praia e o imaginário ocidental. São Paulo, Cia. das Letras, 1989.ENGELS, F. A Situação da classe trabalhadora na Inglaterra. Coleção Bases, N. 47. 2 ed. São Paulo, Global, 1985.FOURIER, C. Le Phalanstère. in: RONCAYOLO, Marcel. Villes & Civilisation Urbaine. Paris, Larousse, 1992.20


GROPIUS, W. Bauhaus: Novarquitetura. São Paulo, Perspectiva, 1977. HALL, Peter. Cidades do Amanhã. São Paulo, Perspectiva,1995.LE CORBUSIER. A Carta de Atenas. São Paulo, Ed<strong>usp</strong>-Hucitec, 1993.OWEN, R. Plan d’un village industriel. in: RONCAYOLO, Marcel. Villes & Civilisation Urbaine. Paris, Larousse, 1992.SCHORSKE, C. Viena Fin-de-Siècle. São Paulo, Companhia das Letras, 1988.SITTE, C. A construção das cidades segundo seus princípios artísticos. São Paulo, Ática, 1992.URGERS, L. Comunas em el Nuevo Mundo: 1740-1971. Barcelona, Gustavo Gili, 1978.Trabalhos desenvolvidos:● seminário - análise do texto “Maneiras de Morar“, de Michele Perrot● monografia - “O café e a modernização em São Paulo“Conceito: BForam realizados dois trabalhos para a disciplina, <strong>um</strong>a apresentação de seminário e <strong>um</strong>amonografia. O seminário partiu de <strong>um</strong>a análise do artigo "Maneiras de morar" de Michele Perrot, integranteda coleção História da Vida Privada. Através da compreensão do modo de vida burguês, o texto ajudou estapesquisa de mestrado a contextualizar historicamente as origens de <strong>um</strong> <strong>modelo</strong> de agenciamentohabitação, que se consolidou posteriormente nos projetos de apartamentos brasileiros.“A ordem dos ritos e lugares apropriados compartimenta o espaço e o tempo“, diz a autora. Atravésda descrição, nota-se como a classe dominante vivia em suas casas. O desenho da planta previa <strong>um</strong>aatividade específica para cada cômodo, demandando <strong>um</strong>a hierarquia entre eles. Os ambientes eramagrupados conforme os usos, demarcando zonas estanques. Os empregados foram cuidadosamenteretirados das vistas dos moradores e visitantes, que tem agora, acessos e circulações particulares.Encontra-se similaridades entre esta configuração e as plantas de apartamentos paulistanosestudados nesta pesquisa - das décadas de 1940 a 70. A apresentação deste seminário mostrou as origensde <strong>um</strong> <strong>modelo</strong> que o mercado imobiliário sempre teve como base nos seus empreendimentos, n<strong>um</strong>processo que levou a <strong>um</strong>a padronização espacial.Outros autores mostram como esse <strong>modelo</strong> de planta tripartida foi importada e adaptada emprojetos realizados no Brasil. Na análise dos apartamentos da década de 1910 – projetos que compõe o21


anco de dados de apartamentos do <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong> – é possível notar que no início foi feito <strong>um</strong> desenho comcaracterísticas da planta colonial brasileira, e que somente depois de alg<strong>um</strong> tempo é que foi introduzido asolução francesa. Carlos Lemos (1976) afirma que desde o começo existia <strong>um</strong> esforço para aproximar oespaço dos apartamentos com os palacetes da classe abastada. Ele descreve alguns elementos notadosnos apartamentos brasileiros, que percebemos também através do texto de Michele Perrot sobre aburguesia francesa. A distinção das circulações, a existência de cômodos com usos determinados, e apredominância de <strong>um</strong> certo "gosto francês":"Os edifícios deveriam ter `entradas nobres´ e entradas de serviço (...) Deveriam terpelo menos duas salas, inclusive a de visitas (...) Os estilos arquitetônicos, variados,com a predominância do `gosto francês´ (...) Precisava-se alardear que oapartamento era coisa de família; casa de respeito. Moradia completa, com copa ecozinha, salas de jantar e de visitas, e com acomodações para criadagem,principalmente." (Lemos, 1976)Sobre os palacetes construídos em São Paulo, Maria Cecília Naclério Homem (1996) afirma quereproduziam-se aqui as mesmas soluções encontradas na casa francesa, como a circulação feita a partir dovestíbulo: "Aparecia quase sempre a mesma série de dependências e de funções designadas pela mesmanomenclatura". Apesar disso, a autora diz que nestas moradias de elite também havia reminiscências dacasa colonial, como o gabinete e <strong>um</strong> quarto de hóspedes na parte fronteira do térreo. Ela ainda dá <strong>um</strong>aidéia de como era a relação da elite cafeeira paulista com a cidade de Paris, que acabou virando referênciacultural para os brasileiros: ”Ia-se para lá a negócios, estudos, lazer, tratamentos médicos, e mesmo paramorar. Era em Paris, a grande meca, que o fazendeiro passava longas temporadas. Acompanhado dafamília e de criados, alugava apartamentos e andares inteiros de hotéis.” (Homem, 1996). As viagens para aEuropa se acentuaram a partir das primeiras décadas do século XX por causa dos progressos no transportemarítimo (Durand, 1989).22


Figura 3 - edifício de apartamentos projetado por Samuel das Neves em 1914, na rua Florêncio de Abreu esquina rua Senador Queiroz– duas unidades por andar, duas propostas de plantas diferentes. Transição da planta colonial para a planta burguesa: na opção dadireita, os quartos estão no centro, com <strong>um</strong> gabinete a <strong>um</strong>a sala na frente e jantar (varanda) e cozinha nos fundos; na opção daesquerda, já existe <strong>um</strong>a indicação de agrupamentos em zonas e <strong>um</strong>a seqüência de usos, como sala de jantar-copa-cozinha (fonte:banco de dados de apartamentos <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>)Queiroz (2008) mostra que as plantas dos apartamentos construídos nos boulevares parisienses apartir de 1853 – sob o comando do Barão Georges Haussman, no Império de Napoleão III – se constituíramn<strong>um</strong> <strong>modelo</strong> difundido e adotado ”em diversos lugares no mundo, inclusive no Brasil.”As análises feitas com o seminário apresentado na disciplina, somado a revisão bibliográfica sobrea história da habitação brasileira (Durand, 1989; Homem, 1996; Lemos, 1976 e 1985; Reidy, 1987; ReisFilho, 1970; Souza, 1978), mais a reflexão teórica realizada pelo <strong>Nomads</strong> sobre esse tema em quase dezanos de pesquisa, nos ajudaram a entender a origem deste <strong>modelo</strong> de apartamento, que é tão difundido atéos dias de hoje. Todas estas informações deram suporte teórico para a leitura do banco de dados deapartamentos.No seminário tentou-se <strong>um</strong>a aproximação do texto de Perrot com os exemplares burgueses deapartamentos, analisando os usos na unidade habitacional. Por outro lado, na monografia, procurou-secompreender as origens da verticalização no Brasil. <strong>Como</strong> foram produzidos os primeiros edifícios, em que23


contexto político e com que capital. <strong>Como</strong> se organizaram os primeiros empresários da fase caracterizadacomo rentista: o trabalho investiga a evolução do capital dos cafeicultores paulistas, e sua utilização namodernização da cidade de São Paulo no início do século XX. Principalmente, no que contribuiu para aorigem do processo de verticalização urbana.A geógrafa Maria Adélia de Souza (1994) afirma que a analise do “processo de verticalização éextremamente complexo e sugere inúmeros caminhos de investigação”. Um deles, indicado por ela – o queparticularmente interessou – é a verificação das “grandes etapas do desenvolvimento brasileiro [procurando]na configuração da cidade a sua projeção”. A arquiteta Sylvia Ficher (1994) confirma a possibilidade de <strong>um</strong>aanálise macro econômica e histórica para a compreensão da verticalização: “falar da história dos edifíciosaltos no Brasil é falar das vastas transformações ocorridas de fins de século XIX em diante em duas cidadesbrasileiras – o Rio de Janeiro e São Paulo”. A autora indica alguns acontecimentos econômicos e sociaisque contribuíram para a produção de edifícios: a agricultura cafeeira de exportação, a abolição daescravatura, a atração de correntes migratórias externas e a importação de produtos industrializados.Estudou-se, portanto, esses determinantes históricos para a compreensão da origem do processo deverticalização paulistano. Foi o café, portanto, que viu posteriormente o seu capital mudando ascaracterísticas físicas das cidades, lhe dando novas feições. (Lemos, 1976).Referências do seminário:Berquó, E. A família no século XXI – <strong>um</strong> enfoque demográfico. In: Revista Brasileira de Estudos de População. v. 6. n. 2. SãoPaulo, julho/dezembro 1989Durand, J. C. Arte, privilégio e distinção. Parte II – Importação do "Modernismo" (1890-1945). Capítulo 4,5 e 6. São Paulo:Perspectiva / EDUSP, 1989Homem, M. C. N. O palacete paulistano – e outras formas de morar da elite cafeeira – 1867-1918. São Paulo: Martins Fontes,1996Lemos, C. Alvenaria burguesa. São Paulo: Nobel, 1985Lemos, C. Cozinhas, etc. – <strong>um</strong> estudo sobre as zonas de serviço da casa paulista. São Paulo: Perspectiva, 1976Perrot, M. Maneiras de morar. In: História da Vida Privada vol<strong>um</strong>e 4: Da Revolução Francesa à Primeira Guerra Mundial. São Paulo:Companhia das Letras, 1991Queiroz, F. A. de. Apartamento <strong>modelo</strong> – arquitetura, modos de morar e produção imobiliária na cidade de São Paulo.Dissertação de mestrado. São Carlos: EESC-USP, 200824


Reidy, A. E.. Inquérito nacional de arquitetura. In: Xavier, Alberto (org). Arquitetura moderna brasileira – depoimento de <strong>um</strong>ageração. São Paulo: ABEA / FVA / PINI, 1987Reis Filho, N. G. Quadro da arquitetura no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 1970Souza, A. de. Arquitetura no Brasil – depoimentos. São Paulo: EDUSP/Diadorim, 1978Referências da monografia:Bruna, P. Arquitetura, Industrialização e Desenvolvimento. São Paulo: Perspectiva, 1976Cano, W. Raízes da concentração industrial em São Paulo. São Paulo: Difel, 1977Dean, W. A industrialização de São Paulo. São Paulo: Difel, s. d.Ficher, S. Edifícios altos no Brasil. In: Revista Espaços e Debates n. 37. São Paulo, 1994Ficher, S. Os arquitetos da Poli – ensino e profissão em São Paulo. São Paulo: EDUSP, 2005Foot, F.; Leonardi, V. História da indústria e do trabalho no Brasil. São Paulo: Global, 1982Lemos, C. Cozinhas, etc. – <strong>um</strong> estudo sobre as zonas de serviço da Casa Paulista. São Paulo: Perspectiva, 1976Pereira, J. C. Estrutura e Expansão da Indústria em São Paulo. São Paulo: Nacional, 1967Segawa, H. Arquiteturas no Brasil – 1900-1990. São Paulo: EDUSP, 1997Segawa, H. Prelúdio da metrópole – arquitetura e urbanismo na passagem do século XIX ao XX. São Paulo: Ateliê, 2000Serapião, F. Quatro pecados louváveis. In: Arcoweb, artigos. 2006. Disponível em www.arcoweb.com.br/debate/debate87. Acessoem 1 maio 2008Silva, L. O. da. A constituição das bases para a verticalização na cidade de São Paulo. In: Vitruvius, arquitextos. 2007. Disponívelem www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/esp399. Acesso em 1 de maio de 2008Silva, S. Expansão cafeeira e origens da indústria no Brasil. São Paulo: Alfa-omega, 1976Somekh, N. A cidade vertical e o urbanismo modernizador – São Paulo 1920-1939. São Paulo: EDUSP, Nobel, 1997Souza, M. A. A. de. A identidade da metrópole – a verticalização em São Paulo. São Paulo: HUCITEC / EDUSP, 1994Tramontano, M. Paris, São Paulo, Tókio – novos modos de vida, novos espaços de morar. Tese de doutorado. São Paulo: FAU-USP, 1998Wilheim, J. São Paulo metrópole 65. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 196525


Calabi e Folin. Eugène Hénard. Alle origini dell'urbanistica. La costruzione della metropoli, Padova, Marsilia, 1972Cerda. Las Cinco Bases de la Teoria General de la Urbanización, Barcelona, Electa, 1996Choay. The Modern City: planning in the 19th century, New York, 1970Duby (ed.). Histoire de la France Urbaine 4. La ville de l’âge industriel : le cycle haussmannien, Paris, Du Seuil, 1983Giedion. Space, Time and Architecture. The growth of a new tradition, Cambridge, Harvard University Press, 1954Dupuy. Urbanisme et Technique, ParisCentre de Recherche d'Urbanisme, 1979Hegemann e Peets. The American Vitruvius: an architect's handbook of civic art. Nova Iorque, Princeton Architectural Press, 1989Mancuso. Las Experiencias del Zoning, Barcelona, Gustavo Gili, 198OManieri Elia et alli. La Ciudad Americana. De la Guerra Civil al New Deal, Barcelona, Gustavo Gili, 1975Munford. The Culture of Cities, New York. ________ (1961). The City in History, New York, 1938Olsen. The City as a Work of Art: London, Paris, Viena, Yale Univ. Press, 1966Quilici. Ciudad Rusa y Ciudad Sovietica, Barcelona, Gustavo Gili, 1978Piccinato, La Costruzione dell'Urbanistica. Germania 1871?1914, Roma, Officina, 1977Pinon. Les Traversées de Paris : deux siècles de révolutions dans la ville, Paris, Moniteur, 1989Pinkney. Napoleon III and the Rebuilding of Paris, Princeton, New Jersey, Univ. Press, 1972Reps. Urban Planning, 1794-1918: an International Anthology of Articles, Conference Papers and Reports,http://www.library.cornell.edu/Reps/, 20<strong>01</strong>Roncayolo e Paquot. Villes et Civilisation Urbaine XVIIIe – XXe siècle, Paris, Larousse, 1992Salgueiro. Engenheiro Aarão Reis : o progresso como missão, Belo Horizonte, Fundação João Pinheiro, 1997Sica. Historia del Urbanismo. El Siglo XIX, 2 vols, Madri, IEAL. ________ (1982). Historia del Urbanismo. El Siglo XVIII, Madri, IEAL,1981Sitte. A Construção das Cidades segundo seus Princípios Artísticos, São Paulo, Ática, 1992Sutcliffe (ed.). The Rise of Modern Urban Planning, 1800-1914. Londres, Mansell, 1980Sutton. Civilizing American Cities. A selection of Frederick Law Olmsted's writings on city landscapes. Cambridge,Massachusetts, The MIT Press, 1971Vercelloni. Atlante Storico dell’Idea Europea della Città Ideale. Milão, Jaca Book, 1994Wieczoreck. Camillo Sitte et les Débuts de l'Urbanisme, Bruxelas, Pierre Mardaga, 1981Wilson. The City Beautiful Movement. Baltimore e Londres, The John Hopkins University Press, 1994Zuconni. Camillo Sitte e i suoi Interpreti, Milão, Franco Angeli, 199227


Trabalhos desenvolvidos:● seminário - análise do plano de Atilio Correa Lima e Armando Godoy para a cidade de Goiânia● monografia sobre Camillo SitteConceito: BOs seminários foram realizados em grupos de 3 alunos e tinham a proposta de análise de cidadesprojetadas entre meados do século XIX e os anos 30 do século XX. O docente indicou a cidade que o grupodo bolsista deveria analisar: Goiânia, e os planos iniciais de Atilio Correa Lima e Armando Godoy. Noseminário priorizou-se o contexto de mudança da capital do Estado; o projeto e suas influências; e aimplantação. O estudo da mudança de capital no Estado de Goiás evidenciou as transformações políticas esociais da época. Entendeu-se as opções que o governo de Getúlio Vargas tomou para o desenvolvimentodo país. Este estudo também mostrou as relações do governo com a produção imobiliária privada, equestões como a especulação fundiária e as restrições para a construção na nova cidade. Foi importanteperceber a projeto da cidade inserido n<strong>um</strong> contexto político, legislativo, econômico e social.Figura 4 - plano de Atílio Correa Lima para a cidade de Goiânia, que previa inicialmente <strong>um</strong>a população de 50.000 habitantes28


O tema da monografia da disciplina também foi indicado pelo docente: estudo das idéias de CamilloSitte através de sua principal obra, "A construção das cidades segundo seus princípios artísticos". O estudoprocurou mostrar as principais características da teoria formulada por Sitte, inserindo-a n<strong>um</strong> contexto demudanças nas cidades européias, adaptando-as ao desenvolvimento industrial. A monografia destadisciplina foi a primeira desenvolvida pelo bolsista, e gerou <strong>um</strong> aprendizado também do ponto de vistametodológico. A procura de <strong>um</strong>a bibliografia adequada para o tema, a sistematização e a leitura e análisedos dados, a reflexão teórica, as discussões em classe e a produção da monografia ajudaram nacompreensão de procedimentos metodológicos de <strong>um</strong>a pesquisa científica.Referências da monografia:Ananian, P.; Silva, B. F. C.. Das passagens cobertas aos calçadão comercial – <strong>um</strong>a busca pela h<strong>um</strong>anização do espaço público.In: Anais do I Congresso Internacional de história Urbana. Agudos, 2004Andrade, C. R. M. de. Ressonâncias sitteanas no urbanismo brasileiro. In: Anais do I Congresso Internacional de História Urbana.Agudos, 2004Benevolo, L. As origens da urbanística moderna. Lisboa: Presença, 1987Bittencourt, L. C. Regularidades desejadas. In: Anais do I Congresso Internacional de História Urbana. Agudos, 2004Bresciani, M. S. M.. Camillo Sitte entre a estética romântica e a eficiência moderna. In: Anais do I Congresso Internacional deHistória Urbana. Agudos, 2004Calabi, D. Camillo Sitte. In: Anais do I Congresso Internacional de História Urbana. Agudos, 2004Choay, F. A regra e o <strong>modelo</strong> – sobre a teoria da arquitetura e do urbanismo. São Paulo: Perspectiva, 1985Choay, F. Urbanismo – utopias e realidades. São Paulo: Perspectiva, 1979Costa, L. A. M. De Immanuel Kant a camillo Sitte – as noções de história, estética e projeto em "A construção das cidadessegundo seus princípios artísticos". In: Anais do I Congresso Internacional de História Urbana. Agudos, 2004Enokibara, M. Joseph Antoine Bouvard e o debate das propostas elaboradas para a cidade de São Paulo no início do séculoXX. In: Anais do I Congresso Internacional de História Urbana. Agudos, 2004Homem, M. C. N. O palacete paulistano – e outras formas urbanas de morar da elite cafeeira. São Paulo: Martins Fontes, 1996Le Corbusier. A Carta de Atenas. São Palo: EDUSP, 1993Le Corbusier. Precisões de <strong>um</strong> estado presente da arquitetura e do urbanismo. São Paulo: Cosac Naify, 2004Leme, M. C. da S. Princípios da composição dos conjuntos arquitetônicos nas cidades brasileiras. In: Anais do I CongressoInternacional de História Urbana. Agudos, 2004Paoli, P. de. Camillo Sitte e Frederick Law Olmsted – duas utopias do espaço público. In: Anais do I Congresso Internacional de29


História Urbana. Agudos, 2004Perrot, M. (org). História da vida privada – da revolução francesa a primeira guerra. V. 4. São Paulo: Companhia das Letras, 1990Retto Junior, A. da S. Victor da Silva Freire e Camillo Sitte: o debate urbano da ENCP a São Paulo. In: Anais do I CongressoInternacional de História Urbana. Agudos, 2004Rodrigues, A. A. V.. Campinas Fin-de-siècle. In: Anais do I Congresso Internacional de História Urbana. Agudos, 2004Rossi, A. A arquitetra da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1998Rybczynski, W. Casa – pequena história de <strong>um</strong>a idéia. Rio de Janeiro: Record, 2002Salgado, I. Uma leitura sobre a concepção estética de Camillo Sitte – a construção do espaço perspectivo. In: Anais do ICongresso Internacional de História Urbana. Agudos, 2004Sitte, C. A construção das cidades segundo seus princípios artísticos. São Paulo: Ática, 1992Schorske, K. Viena-fin-de-siècle – política e cultura. São Paulo: Schwarcz, 1990Referências do seminário:ACKEL, L. G. M. Attílio Corrêa Lima: <strong>um</strong> urbanista brasileiro (1930-1943). Dissertação (Mestrado). Universidade PresbiterianaMackenzie, São Paulo, 1996.BRUAND, Y. Arquitetura Contemporânea no Brasil. São Paulo: Editora Perspectiva, 1999.CHAVEIRO, E. F. Goiânia: <strong>um</strong>a metrópole em travessia. Tese (Doutorado). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências H<strong>um</strong>anas,Universidade de São Paulo. São Paulo, 20<strong>01</strong>.INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Goiânia. Rio de Janeiro: Serviço Gráfico do Instituto, 1942.LEME, M. C. S. (org). Urbanismo no Brasil, 1895-1965. São Paulo: FUPAM, Studio Nobel, 1999.MANSO, C. F. A. Goiânia: <strong>um</strong>a concepção urbana, moderna e contemporânea – Um certo olhar. Goiânia: edição do autor, 20<strong>01</strong>.MORAES, L. M. A segregação planejada: Goiânia, Brasília e Palmas. 7- Goiânia: Universidade Católica de Goiás, 2003.MOTA, J. C. Planos diretores de Goiânia, década de 60: A inserção dos arquitetos Luís Saia e Jorge Wilheim no campo doplanejamento urbano. Dissertação (Mestrado). Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo. São Carlos, 2004.PIAZZALUNGA, R. Tempo e cidades: o tempo como condição fundamental ao desenvolvimento das cidades contemporâneas.Dissertação (Mestrado). Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo. São Carlos, 1998.RIBEIRO, M. E. J. Goiânia: os planos, a cidade e o sistema de áreas verdes. Goiânia: Universidade Católica de Goiás, 2004.SABINO JUNIOR, O. (org). Goiânia Doc<strong>um</strong>entada. São Paulo: Edigraf, 1960.UNES, W.. Identidade Art Déco em Goiânia. São Paulo: Ateliê Editorial; Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2003.30


4.1.3 - Disciplina: SAP 5825-4 - "Arquitetura e cidade na poética das vanguardas"Docente responsável: Prof. Dr. Carlos MartinsNúmero de créditos: 12Conteúdo da disciplina:A proposta da disciplina foi mostrar as idéias das diferentes correntes de pensamento dasvanguardas européias das primeiras décadas do século XX, como o Futurismo, o neo-Plasticismo e oPurismo, percebendo seus pontos de contato e sua heterogeneidade. Para tanto, a análise foi feita a partirde artigos e livros escritos pelos protagonistas do Movimento Modernista. O programa da disciplina previu oestudo: ● metrópole como espaço da abstração; ● o Futurismo e a cidade como lócus da velocidade; ● Neoplasticismoe a dissolução da arquitetura na cidade; ● o urbanismo Expressionista e a Kronenstadt; ●urbanismo Alemão de entre-guerras e as Siedlungen; ● Hilberseimmer, a Nova Objetividade e a Grosstadt;● Le Corbusier: cidade, paisagem e território; ● Construtivismo e Cidade: Urbanismo e desurbanismo naUnião Soviética; ● leituras e Críticas da Carta de Atenas.Bibliografia:Azevedo, R. M.. Metrópole: Abstração. São Paulo, Perspectiva, 2005Banhan, R. Teoria e Projeto na Primeira Era da Máquina. São Paulo, Perspectiva, 1975Colquhoun, A. La Arquitectura Moderna. Una historia desapasionada. Barcelona, Gili, 2005.DebenedettiI, M. e Pracacchi, A. Antologia dell'architettura moderna. Testi, manifesti e utopie, Bologna, Zanichelli, 1988.Droste, M. Bauhaus 1919-1993, Berlim, Taschen, 1991Fabris, A. Futurismo: <strong>um</strong>a poética da Modernidade, S. Paulo, Perspectiva /EDUSP, 1987Fishmann, R. L'Utopie Urbaine au XX e Siécle: Ebenezer Howard, F.L. Howard, Le Corbusier, Bruxelas, Pierre Mardaga, 1979Fiz, S. M. (org) La arquitectura del Siglo XX. Madrid, Alberto Corazón. (Comunicación V. 21), 1974Hulten, P.; Celant, G.; Faucherau, Serge; G. (orgs) Futurismo & Futurismi. Milan: Bompiani, 1986Hall, P. Cities of Tomorrow: an intellectual history of urban planning and design in the XXth century, Oxford: Blackwel, 1988Hilberseimer, L. La Arquitectura de la Gran Ciudad. Barcelona, Gili, 1979. Ed. orig.: Suttgart: Julius Hoffmann, 1929.Hitchcock, H. R. Arquitectura de los Siglos XIX y XX. Barcelona: Cátedra, 1998.H<strong>um</strong>blet, C. Le Bauhaus, Lausanne, Ed, L'Age d'Homme, 198031


Le Corbusier. Por <strong>um</strong>a Arquitetura. São Paulo: Perspectiva, 19??Le Corbusier. Urbanismo. São Paulo: Martins Fontes, 200?Le Corbusier. Precisões sobre <strong>um</strong> estado presente da arquitetura e do urbanismo. São Paulo: Cosac Naify, 2004.Le Corbusier e Ozenfant, A. Depois do Cubismo. São Paulo: Cosac NaifyMartins, C. A. F. Razón, Ciudad y Naturaleza: La génesis de los conceptos en el urbanismo de Le Corbusier, (Tese deDoutorado), Madrid, 1992ETSAM Universidad Politécnica de Madrid. Memoria del Futuro: Arte italiano desde las primeras vanguardias e la posguerra,(CELANT, Germano; Gianelli, Ida, Orgs.), Milano/Madrid, Bompiani, 1990.M<strong>um</strong>ford, E. The CIAM Discourse on Urbanism, 1928-1960. Cambridge, Mass: MIT Press, 2000Ockman, J. Architecture Culture 1943-1968. A doc<strong>um</strong>entary anthology. New York, Col<strong>um</strong>bia / Rizzoli, 1993Pehnt, W. Arquitectura Expresionista, Barcelona, Gili, 1975Sica, P. Historia del Urbanismo. El Siglo XX, Madrid Instituto de Estudios de Administración Municipal, 1984Sert, J. L. Can our cities survive? An abc of urban problems, their analysis; their solutions, based on the proposal formulated.Cambridge: Harvard Univ. Press, 1944Tafuri, M. e Dalco, F. Modern Architecture, Londres, Academy Editions. (2 vols), 1980TafuriI, M. e outros. De la Vanguardia a la Metrópoli, Barcelona, Gili, 1973Tournikiotis, P. The Historiography of Modern Architecture. Cambridge, Londres, MIT Press, 1999VV.AA., Constructivismo, Madrid, Alberto Corazón Ed. (Comunicación 19), 1973.VV.AA., Socialismo, Ciudad, Arquitectura URSS 1917-1937, Madrid, Alberto Corazón Ed. (Comunicación 23) 1973.Worringer, W. Naturaleza y Abstracción. México: Fondo de Cultura. 1996.Trabalho desenvolvido:● monografia - “Alguns modernistas brasileiros que projetaram edifícios em São Paulo“Conceito: BO objetivo da monografia foi identificar alg<strong>um</strong>as influências de arquitetos modernistas queprojetaram edifícios residenciais na cidade de São Paulo nas décadas de 1930, 1940 e 1950. Aidentificação das referências acadêmicas, mais suas experiências profissionais iniciais auxiliaram naconstrução de <strong>um</strong>a matriz comparativa através da qual se pôde entender melhor sua produção.32


Dentre os arquitetos modernos com produção expressiva de edifícios de apartamentos, quis-secomparar alguns domiciliados profissionalmente em São Paulo com outros que tiveram anteriormenteatuação marcante na cidade do Rio de Janeiro, onde a modalidade apartamentos era mais difundida e maisantiga. Comparou-se, ainda, a produção de profissionais formados em instituições de ensino nacionais eestrangeiras. Dessa forma, o trabalho abordou a produção de Rino Levi e Gregori Warchavchik; e tambémÁlvaro Vital Brazil, os irmãos Roberto e Oscar Niemeyer.O estudo evidencia que os caminhos trilhados por esses profissionais às vezes se encontraram,mas nota também que, apesar de coincidências na formação, a obra de cada <strong>um</strong> apresentaparticularidades. Os arquitetos formados no Rio, por exemplo, foram autores de obras modernas desde oinício de suas carreiras, apesar da formação acadêmica clássica que receberam na ENBA. Eles tiveramcontato com personalidades importantes, como Le Corbusier e Lucio Costa, mas também tiveramexperiências de viagens, n<strong>um</strong>a época em que a profissão de arquiteto e a sua atribuição legal ainda seprenunciava.Uma análise da evolução dos espaços dos apartamentos mostra que o projeto foi perdendoqualidade na mesma época em que estes arquitetos modernos deixaram de atuar profissionalmente. Foijustamente nos anos 1950 e 60 que a produção de <strong>um</strong> edifício residencial deixou de ser <strong>um</strong> problema dearquitetura. O estudo do processo de projeto, as relações que estes profissionais tinham com o mercadoimobiliário, suas referências acadêmicas e seus primeiros trabalhos, ajudaram a entender a qualidade dosapartamentos projetados por eles.Referência do trabalhoAnelli, R. L. S. Arquitetura e cidade na obra de Rino Levi. Tese de doutorado. São Paulo: FAU-USP, 1995Atique, F.. Memória Moderna – a trajetória do Edifício Esther. São Carlos: Rima / FAPESP, 2004Batista, A. J. de S. Os irmãos Roberto – por <strong>um</strong>a arquitetura constituída de padronização e singularidade. Dissertação demestrado. Rio de Janeiro: PUC, 2006Bruand, Y. Arquitetura contemporânea no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 1981Conduru, R. Vital Brazil. São Paulo: Cosac & Naify, 2000Dahier, L. C. O Edifício Esther e a estética do modernismo. In: Revista Projeto. n. 31, julho 1981Drebes, F J. O Edifício residencial e a arquitetura brasileira (1945-1955). Disponível em: www.docomomo.org.br/seminario 5Acesso em: 6 nov 200833


Farias, A. A. C. Arquitetura eclipsada – notas sobre história e arquitetura a propósito da obra de Gregori Warchavchik,introdutor da arquitetura moderna no Brasil. v. 2. Dissertação de mestrado. Campinas: IFCH-UNICAMP, 1990Izaga, F. G. de. Os Irmãos Roberto – poética urbana da forma e virtuosismo do elemento. Dispónivel em: Acesso em: 12 nov 2008Leal, D. V. Oscar Niemeyer e o mercado imobiliário de São Paulo na década de 1950 – o escritório satélite sob a direção doarquiteto Carlos Lemos e os edifícios encomendados pelo Banco Nacional Imobiliário. Disponível em Acesso em: 13 nov 2008Le Corbusier. Precisões de <strong>um</strong> estado presente da arquitetura e do urbanismo. São Paulo: Cosac & Naify, 2004Lira, J. T. C. de. Ruptura e construção – Gregori Warchavchik, 1917-1927. Disponível em: Acesso em: 28 out 2008Pereira, M. A. Arquitetura, texto e contexto – o discurso de Oscar Niemeyer. Brasília: Universidade de Brasília, 1997PROJETO DESIGN. Pioneiros do moderno. In: Revista Projeto. n. 298, dezembro de 2004Santos, P. Marcelo Roberto. In: Revista Arquitetura. n. 36. Rio de Janeiro: IAB, junho 1965Villa, S. Apartamento metropolitano. Dissertação de mestrado. São Carlos: EESC-USP, 2002Underwood, D. Oscar Niemeyer e o modernismo de formas livres no Brasil. São Paulo: Cosas Naify, 2002Warchavchik, G. Arquitetura do século XX e outros escritos – Gregori Warchavchik. São Paulo: Cosac Naify, 20064.1.4 - Disciplina:SAP 5879-1 - "tópicos especiais – avaliação pós ocupação no contexto da gestão do processo de projeto"Docente responsável: Profs. Drs. Marcelo Tramontano, Márcio Fabrício, Sheila OrnsteinNúmero de créditos: 12Conteúdo da disciplina:A disciplina analisou o conceito da APO desde suas origens, sua metodologia e suas aplicações.Tem como pressuposto que as edificações devem ser sistematicamente avaliadas depois de construídas,do ponto de vista estrutural, espacial, de usos, etc. Conferir eventuais falhas e aferir virtudes projetuais, como objetivo de melhorar o processo de projeto. Além dos Profs. Drs. Tramontano e Fabrício do Departamentode Arquitetura da EESC-USP, as aulas tiveram a participação da Profa. Dra. Sheila Ornstein, que tempesquisas em APO realizadas no Departamento de Tecnologia da Arquitetura da FAU-USP desde 1984. A34


professora trouxe, além de seus estudos acadêmicos, alguns projetos de APO com sua participação emescritórios e edifícios de habitações de interesse social. O conteúdo da disciplina previa: gestão doprocesso de projeto e a qualidade do ambiente construído; Avaliação Pós-Ocupação na gestão do processode projeto - conceitos; procedimentos metodológicos; estudos de caso: habitação e escola.BibliografiaADAPTIVE Environments Center. .. FEDERAL FACILITIES COUNCIL. Learning from Our Buildings - a state of the practices<strong>um</strong>mary of post-occupancy evaluation. Washington, DC: National Academy Press, 20<strong>01</strong> (Federal Facilities Council TechnicalReport n.º 145).Fabricio, M. Projeto Simultâneo de Edifícios. Tese (doutorado) EP-USP, São Paulo, 2002.Grandjean, E. Manual de Ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. Porto Alegre : Artes Médicas Sul, 1998.Grosbois, L. P. Handicap et construction. Conception et réalisation: espaces urbains, bâtiments publics, habitationséquipements et matériels adaptés. Paris : Le Moniteur, 1996.Jong, T.M. de; Voordt, D.J.M V. D. (editores). Ways to Study and Research. Urban, Architectural and Technical Design. Delft,Holanda: Delft University Press, 2002.Kernohan, D. et al. User Participation in Building Design and Management. Oxford, England: Butterworth-Heinemann Ltd., 1996.Mace, R. Definitions: Accessible, Adaptable, and Universal Design. Carolina do Sul : The Center for Universal Design, 1990.Disponível em NAOUM, Shamil G. Dissertation Research and Writing for Construction Students. Oxford, MA, USA: ButterworthHeinemann, 2003.Ono, R. The Social and cultural influences on h<strong>um</strong>an behavior in fires and in fire prevention in Japan. Kyoto, Japan: The JapanFoundation Fellowship Program; Disaster Prevention Research Institute, 1999.Ono, R.; Tatebe, K. A study on school children's attitude towards fire safety and evacuation behavior in Brazil and thecomparison with data from Japanese children. In: Proceedings of the 3rd H<strong>um</strong>an Behavior in Fire Symposi<strong>um</strong>, Belfast, 2004.Preiser, W. F.E. Health Center Post-Occupancy Evaluation. Toward Community-wide Quality Standards. In: NUTAU´98 -Arquitetura e Urbanismo: Tecnologias para o Século XXI. São Paulo: NUTAU- Núcleo de Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura eUrbanismo da Universidade de São Paulo (Anais em CD-ROM), 1998.Preiser, W. F. E..; OSTROFF, Eliane (editors). Universal Design Handbook. New York: Mc. Graw Hill, 20<strong>01</strong>.Trabalho desenvolvido:● monografia e seminário – "APO no Conjunto Habitacional da CDHU Waldomiro Lobbe Sobrinho"Conceito: B35


Foi realizado <strong>um</strong> trabalho no Conjunto Habitacional da CDHU "Waldomiro Lobbe Sobrinho" em SãoCarlos, com o objetivo de avaliar a adequação ao uso nas unidades através de métodos de APO. Osresultados se tornaram importante instr<strong>um</strong>ento para o entendimento das deficiências do projeto doapartamento. O levantamento de dados foi realizado através de visitas feitas no Conjunto pelos trêsintegrantes da equipe. Foram abordadas questões referentes ao uso dos ambientes através da percepçãodo entrevistado. A doc<strong>um</strong>entação se deu através de registro fotográfico, entrevista com os moradores emedição do layout do mobiliário.Figura 5 - Conjunto Habitacional Waldomiro Lobe Sobrinho – São Carlos/SP – foto agosto 2008A análise das informações colhidas em campo mostrou as dificuldades de uso e adaptações feitaspelas famílias nos espaços. Existe <strong>um</strong>a grande quantidade de equipamentos – computadores, video games,televisores, DVDs players, impressoras – que supõe usos diversos, e que apesar disso situam-se emcômodos monofuncionais. A própria mobília tem dimensões desproporcionais ao tamanho do ambiente. Naentrevista, <strong>um</strong>a das questões levantadas foi Onde cost<strong>um</strong>a comprar seus móveis? A grande maioria dosentrevistados dissera que compram seus móveis em grandes lojas populares que tem linhas de crédito parafinanciamento, como Casas Bahia e Magazine Luiza. Pelo levantamento do layout do mobiliário, pode-senotar que a maioria das salas, por exemplo, tem os mesmos móveis e que eles se localizam nos mesmoslugares: sofá 2 lugares + sofá 3 lugares + estante com TV.36


Figura 6 - sala de apartamento do Conjunto Habitacional Waldomiro Lobe Sobrinho, São Carlos – sobreposição de funções eimproviso nos usos: mesa para refeições, computador e sofá.Nota-se que a falta de qualidade no projeto e a padronização das plantas também são comuns emoutros apartamentos para classes de baixa renda produzidos pela CDHU – o website da companhia mostraque existem alg<strong>um</strong>as variações de <strong>um</strong> mesmo <strong>modelo</strong> de planta. O estudo destas unidades reforça oproblema inicial desta pesquisa de mestrado: de que o projeto é padrão e que existe <strong>um</strong>a incompatibilidadedas demandas dos moradores com o produto que lhes é oferecido.Os dados levantados no trabalho serão utilizados por outros pesquisadores do <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong> noprojeto Territórios Híbridos, que será descrito neste relatório no item 4.3.1.2, e que também será realizadono mesmo Conjunto Habitacional.Referência do trabalhoBarros, R. P. de et. al. O nível do salário mínimo no Brasil frente à evidência internacionalhttp://www.ipea.gov.br/pub/bcmt/mt_006h.pdf ‐ acessado em <strong>01</strong>/12/2008BondukiI, N. Origens da Habitação Social no Brasil Arquitetura Moderna, Lei do Inquilinato e Difusão da Casa Própria, 3ª Ed.,São Paulo, Estação Liberdade, Fapesp, 1998.Bonduki, N. (Organizador)‐ Habitat As práticas bem Sucedidas em Habitação, Meio Ambiente e Gestão Urbana nas CidadesBrasileiras, Ed. Studio Nobel, 2ª Ed., São Paulo, 1997CDHU. Manual técnico de projetos. Disponível em: www.habitacao.sp.gov.br. Acesso em: 26 nov 2008Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. CESTA BÁSICA NACIONAL METODOLOGIA – DIEESE/ 1993– http://www.dieese.org.br/rel/rac/metodologia.pdf ‐ acessado em 30/11/2008Dias, M. (Des) Interesse social – procedimentos metodológicos para análise de peças gráficas de apartamentos. Dissertação deMestrado. São Carlos: EESC‐USP, 200737


Estatuto da Cidade. ‐ Federação Lei 10.257 de 10 de JULHO de 20<strong>01</strong>. FUNDAÇÃO JOÃO RIBEIRO. CENTRO DE ESTATÍSTICA EINFORMAÇÕES. Déficit Habitacional no Brasil 2000/ Fundação João Pinheiro, Centro de Estatística e Informações Belo Horizonte,20<strong>01</strong>.Gitahy, M. L. C. & Pereira, P. C. X. O Complexo Industrial da Construção e a Habitação Econômica Moderna 1931‐ 1964; /Organizado por Maria Lucia Caira Gitahy e Paulo César Xavier Pereira São Carlos: Rima, 2002.IBGE. Famílias e domicílios – tipos de família e perfil dos responsáveis pelas famílias ou domicílios. Disponível em:www.ibge.gov.br. Acesso em: 26 nov 2008Maricato, E. Indústria da construção e política habitacional. Tese de doutorado. São Paulo: FAU‐USP, 1984Maricato, E. Habitação Social em Áreas Centrais. Revista de Arquitetura e Urbanismo. Ocul<strong>um</strong> Ensaios, Faculdade de Arquiteturae Urbanismo Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas, 2000.Maricato, E. Brasil, cidades ‐ alternativas para a crise urbana, Vozes, Petrópolis, 20<strong>01</strong>.<strong>Nomads</strong>. Comunidades_On Line domesticidade e sociabilidade em políticas públicas para inclusão digital – Projeto dePesquisa em políticas públicas – <strong>Relatório</strong> Parcial 02, maio_2006. <strong>Relatório</strong> de Pesquisa. São Carlos: EESC‐USP, 2006.<strong>Nomads</strong>.. E‐ pesquisa – comportamentos e espaços de morar. 2ª edição.Disponível em:www.nomads.<strong>usp</strong>.br/site/epesquisa/Resultados_press_mai04. Acesso em: 27 nov 2008.OrciuoliI, A. Novas formas de habitar. A experiência do tempo na arquitetura contemporânea. In: Revista Arquitetura e Urbanismo,n. 1<strong>01</strong>, São Paulo:PINI, 2002, p. 62‐67.Ornstein, S. Avaliação pós‐ ocupação (APO) do ambiente construído/Sheila Ornstein, Marcelo Roméro (colaborador). – São Paulo:Studio Nobel: Editora da Universidade de São Paulo, 1992Ornstein, S. W.; Bruna, G. C.; Romero, M. Avaliação Pós‐ Ocupação do Ambiente Construído. 1a.. ed. São Paulo: StudioNobel/Editora da Universidade de São Paulo, 1992.Romero, Marcelo de Andrade; ORNSTEIN, Sheila Walbe. (coordenadortes/editores). Avaliação Pós‐ Ocupação. Métodos eTécnicas aplicados à Habitação Social. São Paulo: FAUUSP; ANTAC; FINEP.http://www.habitare.org.br/pdf/publicacoes/arquivos/68.zipSite cdhu www.habitacao.sp.gov.brSite IBGE: http://www.ibge.gov.br/home/site <strong>Nomads</strong>: http://www.nomads.<strong>usp</strong>.br/site/epesquisa/index.htmSommer, R. A conscientização do design. São Paulo: Brasiliense, 1979Traamontano, M. et al. 97_07 Dez anos de morar no Brasil, disponível em: http://www.eesc.<strong>usp</strong>.br/nomads/SAP5846/97_07final.pdfacessado em 25/11/08Tramontano, M. Novos Modos de Vida, Novos Espaços de Morar: Paris, São Paulo, Tokyo. Tese de Doutorado. SãoPaulo:FAU‐USP, 1998.38


Tramontano, M. SQCB – apartamentos e vida privada na cidade de São Paulo. Tese de Livre Docência. São Carlos: EESC-USP,2004Villa, S. Apartamento Metropolitano: Habitações e Modos de Vida na cidade de São Paulo. Dissertação de Mestrado. São Carlos:EESC‐USP, 2002.4.1.5 - Disciplina: SAP 5892-6 - "metodologia e pesquisa bibliográfica"Docente responsável: Profa. Dra. Lauralice de Campos Franceschini CanaleNúmero de créditos: 6Conteúdo da disciplina:Mostrou princípios básicos para a produção de <strong>um</strong>a pesquisa científica. Desde o plano e os seus objetivos,justificativas e métodos; o levantamento de doc<strong>um</strong>entos na biblioteca de Engenharia da EESC através deinterfaces gráficas computacionais; coleta e sistematização de dados; e análise e apresentação dosresultados. Também foi visto regras para res<strong>um</strong>os de trabalhos. Conteúdo da disciplina: ● discussão dométodo <strong>científico</strong>, sua natureza, conceitos e tipos. <strong>Como</strong> transmitir o conhecimento. ● acesso, analise eavaliação do conhecimento em engenharia: situação brasileira e internacional; tipos de instituições,atividades e programas de atendimento: bibliotecas, serviços de doc<strong>um</strong>entação e informação, bases ebancos de dados no Brasil e no exterior. ● estruturas e tipos de informação doc<strong>um</strong>entais, n<strong>um</strong>éricas ecadastrais em sistemas de informações (bases e bancos de dados); análise e avaliação do conhecimentoformal – doc<strong>um</strong>entado, organização de sua estrutura e síntese (res<strong>um</strong>os, tabelas, quadros, folhascadastrais); métodos de acesso e busca; categorias e tipos de doc<strong>um</strong>entos especializados. ● delimitaçãotemática da pesquisa, mediante determinação de terminologia; descritores, palavras-chaves, sub-áreas eárea de assunto: planejamento e organização de sistemas específicos de informações especializadas;glossários, “thesaurus” e indexação coordenada. ● normalização da doc<strong>um</strong>entação; instituiçõesnormalizadoras; apresentação de artigos de periódicos, trabalhos de congresso, referenciação bibliográficae doc<strong>um</strong>ental; redação de sinopses, res<strong>um</strong>os e resenhadas. ● revisão da literatura e relatórios de estadoda-arte;avaliação e análise de doc<strong>um</strong>entos destes tipos, orientador para organização e redação;organização de citações e notas. ● estrutura e redação da dissertação e tese: apresentação, partes docorpo e complemento desses doc<strong>um</strong>entos; análise e avaliação de exemplares destes tipos e doc<strong>um</strong>entoselaborados no Brasil e no exterior.39


BibliografiaAssociação Brasileira de Normas e Técnicas. Normas sobre doc<strong>um</strong>entação: coletânea de normas. Rio de Janeiro, ABNT, 1989.Barras, R. Os cientistas precisam escrever: guia de redação para cientistas, engenheiros e estudantes, 2a ed. São Paulo, T. A.Queiroz, 1986.Barros, A. J. P. & Lehfel, N. A. de S. Fundamentos de Metodologia: <strong>um</strong> guia para a iniciação científica. São Paulo, McGraw-Hill,1986.Brunetti, I. S. Proposta de <strong>um</strong>a metodologia para integrar os programas de educação do usuário. Campinas, 1983.Cervo, A. L. Metodologia Científica, 4a edição, Makron Book, 1996.Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, USP. Normas para a elaboração de dissertações e teses. Piracicaba, ESALQ,1987.Hamar, A. A. A bibliografia universitária brasileira e sua missão de memória agilizada. São Paulo, 1983.Lakatos, E. M. & Marconi, M. de A. Fundamentos da Metodologia Científica, Editora Atlas, 1991.Lakatos, E. M. & Marconi, M. de A. Metodologia do trabalho cientifico. 4a ed., São Paulo, Editora Atlas, 1992.Mesquita, L. S. Pesquisas bibliográficas em tecnologia. São José dos Campos, ITA, 1970.Mildren, K. V. Use of engineering literature. London, Butter-worths, 1982.Moretti Filho, J. Redação de dissertações e teses. Piracicaba, FEALQ, 1982.Rey, L. <strong>Como</strong> redigir trabalhos <strong>científico</strong>s. São Paulo. E. Blucer, 1978.Universidade de São Paulo. Escola Politécnica. Serviço de Bibliotecas. Diretrizes para apresentação de dissertações e teses. S.Paulo, Escola Politécnica, USP, 1991.Vieire, S. <strong>Como</strong> escrever <strong>um</strong>a tese. São Paulo, Livraria Pioneira, 1991. Vários textos do tipo “state-of-the-art”.Trabalhos desenvolvidos:● análise e res<strong>um</strong>o de artigos;● apresentação da pesquisa em seminário.Conceito: APara todas as aulas foi feita <strong>um</strong>a análise prévia de alg<strong>um</strong> artigo referente ao seu conteúdo. Asanálises eram doc<strong>um</strong>entadas em res<strong>um</strong>os, feitos seguindo as normas técnicas. Isso ajudou na40


compreensão da importância da organização e sistematização de dados analisados. A disciplina tambémpreviu a apresentação da pesquisa <strong>um</strong> em seminário. Para isso, o bolsista aprendeu técnicas deapresentação: de organização das informações para a apresentação, de postura e linguagem adequada,etc.4.2 - Atividades de pesquisa4.2.1 - Discussões no nomads.<strong>usp</strong>4.2.1.1 - Grupo de estudos Espaços de MorarO <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong> – Núcleo de Estudos de Habitares Interativos – contém vários grupos de pesquisa,entre eles o Espaços de Morar, que faz estudos sobre habitações. Supervisionado pelo Prof. Assoc. Dr.Marcelo Tramontano, conta com a participação de pesquisadores em iniciação científica, mestrandos,doutorandos e pós-doutorandos.No ano passado, as primeiras discussões do projeto de pesquisa Territórios Hibridos (item 4.3.1.2)aconteceram no Espaços de Morar - será realizado em <strong>um</strong> conjunto habitacional da CDHU em São Carlose tem como objetivo perceber e medir possíveis implicações que o uso da internet traz para o ambienteconstruído. Para a compreensão da problemática, foi importante a participação do bolsista em <strong>um</strong>adisciplina sobre APO (Avaliação Pós Ocupação), ministrada pelos professores Drs. Marcelo Tramontano,Márcio Minto Fabrício e Sheila Ornstein no Programa de Arquitetura e Urbanismo da EESC-USP (item 4.1).A monografia desenvolvida para esta disciplina teve como objetivo avaliar a adequação ao uso nasunidades habitacionais deste mesmo conjunto. Com isso foi possível acrescentar alg<strong>um</strong>as informaçõessobre o Conjunto às discussões no grupo.Ainda em 2008, foi desenvolvido <strong>um</strong> estudo sobre condomínios residenciais e loteamentos fechadosna cidade de São Carlos. O objetivo do trabalho foi entender como estas famílias vivem nestes espaços esaber os motivos que as levaram a esse tipo de moradia. Foi feito <strong>um</strong> levantamento dos condomíniosconstruídos em São Carlos até o ano de 2008. O responsável pelas visitas em alguns dos residenciais foi ourbanista doutorando Mathieu Perrin, do Instituto de Urbanismo de Grenoble, da Universidade Pierre41


Mendes-France, na França, que esteve em intercâmbio acadêmico no <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>. Foram realizadasentrevistas com os moradores, através de <strong>um</strong> questionário. O trabalho gerou <strong>um</strong> banco de dados sobrecondomínios, mais relatórios em pesquisas individuais em iniciação científica e de doutorado.A participação do bolsista neste estudo se deu no desenvolvimento da metodologia de pesquisa:nas discussões sobre a forma de abordagem dos moradores, nos tipos de perguntas levantadas, e noconteúdo das entrevistas. E posteriormente na análise dos dados.Figura 7 - planta do condomínio residencial Mont SerratFigura 8 - planta e foto de residência no loteamento fechado Bosque de São CarlosEstá previsto para o segundo semestre de 2009, <strong>um</strong>a segunda etapa de levantamento de dados noscondomínios. Nesta fase todos os integrantes do grupo participarão das visitas, da organização e da análisedas informações. Estes pesquisadores, que tem seus estudos focados em outros temas, terão aoportunidade de contribuir sobre a questão, ampliando a visão geral sobre os resultados.As etapas de trabalho previstas são:42


● a revisão do questionário – serão vistas as dificuldades e restrições que os pesquisadores tiveram com asinformações colhidas na primeira fase de levantamento;● visitas aos condomínios – agendamento com os moradores, entrevistas, visitas às unidades e aosespaços de uso público. As informações serão doc<strong>um</strong>entadas através de registro fotográfico, filmagens,anotações em planilhas e computadores;● organização e análise do material coletado;Estes dois estudos – T-Híbridos e Condomínios – apesar de objetivos diferentes, ajudam a entendera forma como as pessoas vivem nos ambientes domésticos e tiveram <strong>um</strong>a importante contribuição para estapesquisa.Desde o começo do ano passado, há <strong>um</strong> pesquisador bolsista (CNPQ) em iniciação científica nogrupo levantando dados sobre apartamentos na cidade de São Paulo. A orientação deste estudo é docoordenador do <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>, prof. Marcelo Tramontano, e o bolsista tem participação na orientação. Osdados são inseridos n<strong>um</strong> banco de dados sobre apartamentos que é continuamente atualizado pelo<strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>. Este Banco traz peças gráficas, como fotos, perspectivas, plantas e cortes, e tambéminformações relativas ao incorporador, ao proprietário, ao número de pavimentos, etc. Neste últimolevantamento foram colhidas informações sobre edifícios produzidos atualmente e que trazem alg<strong>um</strong>ainovação espacial em suas plantas. Foram considerados espaços inovadores os projetos que traziamalterações em pelo menos <strong>um</strong> destes aspectos, encontrados desde os apartamentos burgueses da BelleEpoque francesa na segunda metade do século XIX - e que foram sistematizados pelo doutorando FábioQueiroz em sua pesquisa de mestrado:■ a divisão da planta em cômodos, como estratégia de organização de usos;■ a estanqueidade funcional de espaços, com a vinculação de atividades a cômodos determinados;■ a existência de <strong>um</strong>a relação de hierarquia entre os espaços;■ a tripartição com o agrupamento de cômodos em zonas Social, Íntima, e de Serviços;■ a articulação dos cômodos por meio de corredores e dispositivos de circulação;■ a existência de <strong>um</strong>a relação de hierarquia também entre circulações, separadas para o uso de patrões eempregados, inclusive no âmbito coletivo do edifício.43


Figura 9 - opção de planta do edifício Aimbere – notar que os quartos estão posicionados nas extremidades do apartamento, tirando ahierarquia dos ambientes. Não existe mais <strong>um</strong> corredor íntimo que leva a <strong>um</strong>a zona íntima (fonte: banco de dados sobre apartamentos<strong>Nomads</strong>.sp)44


Figura 10 - opção de planta do edifício Combinatto – notar a existência de <strong>um</strong> ambiente de trabalho com entrada independente (fonte:banco de dados sobre apartamentos <strong>Nomads</strong>.sp)Tanto no estudo sobre apartamentos quanto no de condomínios foram periodicamente realizadasreuniões em que os pesquisadores diretamente envolvidos apresentavam os seus resultados e os relatóriosproduzidos.Todos os doc<strong>um</strong>entos produzidos por pesquisadores do Espaços de Morar, como apresentações,relatórios, planos, artigos, dissertações ou teses são discutidas e revisadas por todos. O procedimento deanálises conjuntas constitui <strong>um</strong>a prática consolidada no <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>, reunindo pesquisadores de iniciaçãocientífica, mestrandos e doutorandos e pós-doutorandos. Tal postura proporciona a oportunidade dedesenvolver <strong>um</strong> olhar ampliado sobre o objeto de estudo, tendo como resultado, leituras mais críticas eplurais. O bolsista também submeteu sua pesquisa em alg<strong>um</strong>as oportunidades às reuniões do grupo,quando produziu estudos para as disciplinas.Neste ano seguem as discussões sobre estudos do banco de apartamentos, com a coleta deexemplares publicizados nos websites das empresas no ano de 2009. Para o segundo semestre de 2009está prevista a entrada de outro pesquisador em iniciação científica, que continuará a coleta de dados deapartamentos, acrescentando dados no Banco; e também sobre o projeto T-Híbridos, que tem previsão parao início de suas atividades ainda neste ano.No mês de maio de 2009 o Grupo participou de <strong>um</strong>a reunião em São Paulo, na UniversidadeMackenzie, junto com o grupo de pesquisa da profa. Dra. Nadia Somekh (item 4.3.1.1.1). Organizou-setambém alg<strong>um</strong>as visitas a edifícios residenciais em São Paulo. Os detalhes, bem como a metodologiausada, e os edifícios escolhidos estão descritos neste relatório no item 5.1.4.2.1.2 - Flash! seminário <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong> de pesquisas em cursoO Flash! é <strong>um</strong> seminário realizado <strong>um</strong>a vez no ano pelo <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong> sobre as pesquisas em cursono núcleo, com o objetivo de criar <strong>um</strong> espaço para discussão coletiva.O Flash! 02, o primeiro que o bolsista participou, no dia 04 de abril de 2008, teve como temaInterface. Quatro pesquisadores discutiram o tema dentro de suas pesquisas e <strong>um</strong>a apresentação foi45


ealizada pelos pesquisadores do D.O.S. – Designers on Spot para discutir a idéia de interface dentro doprojeto. O bolsista não apresentou artigo, mas participou da discussão dos trabalhos.No dia 1 de junho de 2009 o pesquisador participou do Flash! 03, agora apresentando <strong>um</strong> trabalho.<strong>Como</strong> a pesquisa de mestrado está voltada para a produção dos apartamentos, foi mostrado como se deuessa produção ao longo dos anos: desde a introdução da modalidade na cidade de São Paulo na década de1910 até o fim da década de 1970, quando a pesquisa termina. Foram identificadas três grandes fases: até1942, caracterizado pelo período rentista, com edifícios produzidos com o objetivo de renda; de 1942 até1964, com o surgimento da figura do incorporador e o início de <strong>um</strong>a produção para a venda; e a partir de1964, sob a influência do BNH:- 1° período: como o capital cafeeiro se diversificou e foi investido na cidade, nos setores bancário,industrial, comercial, e diretamente na construção civil;- 2° período: o surgimento da incorporação imobiliária, e o processo de metropolização da cidade na décadade 1950;- 3° período: a incorporação segue as diretrizes determinadas pelo BNH, n<strong>um</strong>a época em que a produçãode edifícios residenciais passa cada vez mais ser <strong>um</strong>a questão quantitativa.O flash deu oportunidade para o bolsista discutir sua pesquisa com outros integrantes do<strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>, alunos e professores do departamento – o seminário foi aberto ao público. Depois daapresentação, houve <strong>um</strong> tempo reservado para discussões sobre a pesquisa.Figura 11 - capa apresentação Flash – junho 200846


4.2.1.3 – reuniões com Prof. Assoc. Dr. Marcelo TramontanoNeste primeiro ano de pesquisa foram realizadas periodicamente reuniões com o orientador dobolsista, o Prof. Assoc. Dr. Marcelo Tramontano. Nelas, foram analisados os dados coletados. Asinformações colhidas, depois de sistematizadas, eram discutidas com o orientador. Ele orientou também osencaminhamentos da pesquisa, e ajudou na escolha dos temas para as monografias. As conversas foramgravadas, e o seu conteúdo, organizado.4.2.2 – Entrevistas (etapa alterada)A etapa de trabalho número 3, prevista inicialmente no plano de pesquisa, foi alterada. O bolsistapercebeu a necessidade de fazer <strong>um</strong>a revisão bibliográfica mais ampla antes do agendamento dasentrevistas com pesquisadores. A estrutura das entrevistas ficaria incipiente sem o conhecimento adquiridoatravés da produção das monografias e seminários das disciplinas, mais os estudos feitos no âmbito dogrupo Espaços de Morar. Foi realizada até o momento <strong>um</strong>a única entrevista, com o professor da FAU-USPDr. Hugo Segawa (descrita a seguir). Agora, com <strong>um</strong> maior entendimento da problemática da produção dosedifícios, será possível direcionar as entrevistas com maior precisão, estabelecendo questões maisespecíficas e objetivas. Será dada preferência a pesquisadores que tenham estudos relacionados aevolução da arquitetura paulistana nas décadas de interesse desta pesquisa. A entrevista será estruturadabasicamente nos seguintes temas:- a forma de produção de edifícios residenciais ao longo do tempo: os agentes, seusinteresses, o processo e o produto resultante;- as políticas públicas no campo da habitação: principalmente nos anos de ação doBNH;- e o processo de verticalização na cidade de São Paulo.Alg<strong>um</strong>as entrevistas já foram programadas e agendadas (ver e-mails no anexo 9.3) para o mês deagosto, com a profa. Dra. Raquel Rolnik, com o prof. Dr. Nabil Bonduki e com a profa. Dra. RossellaRossetto.47


4.2.2.1 - Entrevista Prof. Dr. Hugo SegawaFoi entrevistado no dia 23 de abril de 2008 em São Paulo o arquiteto e professor da FAU-USP Dr.Hugo Segawa. Na conversa foram levantadas questões sobre a pesquisa de mestrado, que ajudaram obolsista na compreensão dos diversos enfoques que poderiam ser dados para o estudo. Por exemplo,determinando <strong>um</strong> recorte de renda para a análise dos apartamentos; analisando quais eram os produtoresem cada época e quais os seus interesses; comparando apartamentos destinados a renda e a venda;investigando a influência do BNH nos projetos; etc. Além de dúvidas relacionadas a pesquisa e da indicaçãode <strong>um</strong>a bibliografia complementar, o prof. Hugo Segawa ajudou em questões relativas a monografia feitapara a disciplina "A cidade no século XIX – representações e projetos" (item 4.1.1), que tinha como objetivoentender como se deu a produção dos apartamentos na fase rentista, analisando o contexto em que ocapital cafeeiro se diversificou e foi investido na cidade. A entrevista foi registrada em áudio e doc<strong>um</strong>entadaatravés de anotações que foram posteriormente sistematizadas.4.2.3 - Submissão de trabalhosEstá prevista a submissão de artigos em alg<strong>um</strong>as revistas ainda este ano. O bolsista preferiuc<strong>um</strong>prir primeiro as etapas de trabalho previstas para este primeiro ano de pesquisa, para depois submetermais trabalhos (além do que já foi enviado para o 8° Seminário Docomomo, descrito a seguir). A revisãobibliográfica, as discussões no grupo de estudos Espaços de Morar e com o orientador do bolsista, asparticipações em eventos, como o Seminário Flash! e o encontro com a professora Dra. Nadia Somekh,deram subsídios para o aprofundamento do quadro teórico da pesquisa, e serão fundamentais na produçãodestes textos.Os artigos abordarão questões sobre a produção de apartamentos ao longo dos anos. A formacomo se deu tal produção, em que contexto político e social, e o resultado disso. Serão avaliadas aspossíveis implicações que as formas de financiamento têm sobre os projetos. Os arquitetos projetistas deedifícios residenciais também serão estudados.Já foram consultadas alg<strong>um</strong>as revistas que tem datas abertas para submissão de trabalhos nestesegundo semestre, e que possivelmente terão artigos enviados: a revista ARQTEXTO, do Programa dePós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFRS; a revista portuguesa Cidades, Comunidades e48


Territórios; e a revista eletrônica Vitruvius. Os artigos serão escritos em co-autoria com o orientador Prof.Assoc. Dr. Marcelo Tramontano.4.2.3.1 - 8° Seminário Docomomo BrasilNo mês de abril de 2009 foi submetido <strong>um</strong> artigo para o 8° Seminário Docomomo Brasil. O trabalho,que teve o título "Apartamentos modernos: produção paulistana entre as décadas de 1930 e 1950", não foiaceito. Não houve parecer sobre o artigo. A seguir o res<strong>um</strong>o enviado:O objetivo desse artigo é identificar influências acadêmicas e arquitetônicas de alguns arquitetosmodernistas, que, no início de sua atuação profissional, projetaram edifícios de apartamentos na cidade deSão Paulo nas décadas de 1930, 1940 e 1950. Espera-se que a identificação das referências queinfluenciaram a produção arquitetônica de cada <strong>um</strong>, suas experiências profissionais iniciais e sua formaçãoacadêmica auxilie a construção de <strong>um</strong>a matriz comparativa através da qual se poderá melhor entender suaprodução de edifícios residenciais verticalizados.A verticalização da cidade de São Paulo naquele período foi marcada pela ação intensa dosarquitetos e, em especial, dos arquitetos modernos. Debates organizavam-se em vários fóruns, como o IAB,buscando planejar a introdução dessa modalidade habitacional na paisagem e nos hábitos da cidade. Dopensamento moderno, os incorporadores imobiliários preferiram priorizar conceitos como o de “andar-tipo” e“apartamento-tipo”, em detrimento de aspectos mais qualitativos do habitar, originando <strong>um</strong> processo depadronização de soluções espaciais e construtivas que se consolidou definitivamente com aprofissionalização do mercado, nas décadas de 1960 e 1970.A produção anônima, como os edifícios atuais cost<strong>um</strong>am ser considerados, limita o papel doarquiteto dentro da cadeia produtiva imobiliária, preferindo repetir soluções mercadológicas exitosas.Resgatar a maneira como a produção dos arquitetos modernos se estruturou, em décadas passadas,quando o programa edifício de apartamentos ainda era, em São Paulo, <strong>um</strong> problema de arquitetura e nãounicamente de mercado, pode permitir entender o processo pelo qual as qualidades arquitetônicasdeixaram de ser prioritárias.Categorias analíticas simples balizaram a seleção de arquitetos para a pesquisa, dos quais apenasalg<strong>um</strong>as serão apresentados no artigo. Assim, dentre os arquitetos modernos com produção expressiva deedifícios de apartamentos, quis-se comparar alguns domiciliados profissionalmente em São Paulo com49


outros que tiveram anteriormente atuação marcante na cidade do Rio de Janeiro, onde a modalidadeapartamentos era mais difundida e mais antiga. Compara-se, ainda, a produção de profissionais formadosem instituições de ensino nacionais e estrangeiras. Dessa forma, o artigo abordará a produção de Rino Levi,Gregori Warchavchik, Álvaro Vital Brazil, os irmãos Roberto e Oscar Niemeyer.Utilizaram-se fontes secundárias sobre projetos e realizações, além de textos acadêmicos sobre osarquitetos e sua atuação profissional. Visitas técnicas foram organizadas a vários edifícios, com objetivos,roteiros, meios de registro e sistematização de informações previamente definidos. As peças gráficasutilizadas pertencem à base de dados do grupo de pesquisa XXXX sobre apartamentos paulistanos, desde1910 aos nossos dias.O artigo evidencia que os caminhos trilhados por esses profissionais às vezes se encontraram, masnota também que, apesar de coincidências na formação, a obra de cada <strong>um</strong> apresenta particularidades. Osarquitetos formados no Rio foram autores de obras modernas desde o início de suas carreiras, apesar daformação acadêmica clássica que receberam na ENBA. Estiveram em contato com personalidadesimportantes, como Le Corbusier e Lucio Costa, mas também tiveram experiências de viagens, n<strong>um</strong>a épocaem que a profissão de arquiteto e a sua atribuição legal ainda se prenunciava.4.2.4 - Produção de textos:Neste item pretende-se apresentar alg<strong>um</strong>as considerações sobre a exploração teórica desenvolvidapelo bolsista. Envolve a pesquisa feita através da revisão bibliográfica, das monografias e semináriosapresentados nas disciplinas cursadas, e discussões com outros pesquisadores dentro do grupo Espaçosde Morar. No primeiro texto buscou-se compreender a produção dos apartamentos, inserindo-os n<strong>um</strong>contexto histórico, político e econômico. No segundo texto, analisou-se referências acadêmicas eprofissionais de alguns arquitetos modernistas que projetaram edifícios de apartamentos na cidade de SãoPaulo nas décadas de 1930, 40 e 50.50


4.2.4.1 - Texto 1: "A produção de apartamentos – três momentos"O café e a modernização de São PauloAté o início do século XIX, o Brasil ainda não mostrava traço de desenvolvimento industrial nenh<strong>um</strong>e a influência da aristocracia rural marcava a paisagem das cidades com certo provincianismo. FranciscoFoot e Victor Leonard (1982) expõe a insegurança dessa elite:“O horror a tudo que parecia heresia no Brasil [universidades, imprensa] era tãoforte que até os primeiros anos do século XIX a língua francesa era tida como s<strong>usp</strong>eita,não só pelo temor que a Revolução de 1789 infundira às classes dominantes, comotambém por efeito da pedagogia colonial dos jesuítas”.Porém, no decorrer da primeira metade do século XIX, alguns acontecimentos - como a chegada dafamília real portuguesa e a abertura dos portos em 1808, e a independência política em 1822 - podem serconsiderados como as cartas magnas da burguesia brasileira (Silva, 1976). Com o fim do monopóliocomercial português, <strong>um</strong> Brasil ainda colonial foi inserido no grande comércio global de importação eexportação – principalmente exportação do café e importação de bens industrializados. E com a construçãodas estradas de ferro, as cidades interioranas se viram integradas com a capital, e o país, aberto agora ainfluência européia. “Adormecida em seus três primeiros séculos de existência, a acanhada capital daProvíncia despertou de sua sonolência colonial ao barulho do trem” (Segawa, 2000).<strong>Como</strong> marco zero para <strong>um</strong>a periodização da modernização da capital paulista, Tramontano (1998)aponta “a transformação da província de São Paulo em <strong>um</strong> imenso cafezal sulcado por linhas de tremconvergindo para a capital e de lá para o mar”. Essas estradas de ferro diminuíram distâncias (Silva, 1976)e aproximaram culturas, pessoas, máquinas, economias, arquiteturas. O desenvolvimento do própriocapitalismo dependia da integração das nações, com a padronização dos modos de vida e dos hábitos decons<strong>um</strong>o:“A medida que a indústria, comércio, navegação e estradas de ferro sedesenvolvem, a burguesia crescia, multiplicando seu capital (...) Pela exploração domercado mundial a burguesia conferiu <strong>um</strong> caráter cosmopolita à produção e aocons<strong>um</strong>o de todos os países.” ¹Carlos Lemos (1976) confirma que o progresso começou a marcar nossa sociedade com aconstrução das estradas de ferro, e indica a que ligava Jundiaí a Santos (passando por Campinas e São51


Paulo), construída em 1867, como a precursora. Mostra também que sua utilização - que no princípio foipara o escoamento e exportação de matéria-prima - serviu para a importação de bens e para a chegada dosimigrantes europeus. Lemos, mas também Segawa², dizem que a mão-de-obra utilizada na construçãonaquele período era basicamente formada por esses imigrantes. Esse desenvolvimento nas cidades foivisível antes de tudo nas casas urbanas. (Lemos, 1976)Os próprios fazendeiros acabaram se distanciando da gestão das lavouras, se tornandoempresários. A rapidez no deslocamento possibilitou que eles começassem a investir em outros setores daeconomia, e também em outros lugares, inclusive nas cidades – sem abandonar o controle das safras decafé. A proximidade com a capital gerou <strong>um</strong> contato com o conforto material e a agitada vida metropolitana,sem perder o contato com as fazendas (Lemos, 1976).A construção das ferrovias possibilitou <strong>um</strong> a<strong>um</strong>ento significativo das exportações, chegando em1900 a 33,5 milhões de libras (Silva, 1976), cerca de 25% do PIB brasileiro na época – que era de 132,93milhões de libras. Com a proclamação da república em 1889, os Estados ganharam autonomia, e como SãoPaulo era o grande produtor de café, n<strong>um</strong>a época em que este era o principal produto do país, os seusgovernantes puderam a<strong>um</strong>entar significativamente a receita advinda dos impostos cobrados sobre osprodutos que eram exportados (Dean, s. d.). Em 1921, por exemplo, em São Paulo, as receitas municipaiseram de “17 mil contos de réis, saltando para 80 mil em 1930 (Silva, 2007)”.Paralelo à expansão do café, houve a transição da mão-de-obra escrava para o trabalho livre eassalariado. Isso foi importante para a formação de <strong>um</strong> mercado de trabalho – base do desenvolvimentocapitalista – e o posterior surgimento de <strong>um</strong> mercado cons<strong>um</strong>idor. Sérgio Silva (1976) diz que amanutenção do trabalho escravo constituía <strong>um</strong> obstáculo fundamental ao desenvolvimento do mercado detrabalho. Grande potência global na época, a Inglaterra foi quem “exigiu que o governo brasileirointerditasse esse tráfico [negreiro] (Silva, 1976)“. O regime escravista, portanto, dificultava odesenvolvimento da técnica, que é <strong>um</strong> dos elementos impulsionadores da expansão industrial (Foot;Leonardi, 1982). A inserção do país no mercado mundial, a padronização dos hábitos de cons<strong>um</strong>o e dosmodos de vida eram condições para a comercialização dos bens industrializados:“Sob pena de morte, a burguesia força todas as nações a adotarem o modoburguês de produção, força-as a introduzir, em seu interior a pretensa civilização, isto é,a se tornarem burguesas. Em <strong>um</strong>a palavra, ela modela <strong>um</strong> mundo à sua imagem”. 352


desenvolvimento do capital cafeeiro. Mas a economia e o capital cafeeiro ultrapassamlargamente as plantações. A transformação das plantações faz parte de <strong>um</strong> processomais amplo e não pode ser corretamente explicado isoladamente.” (Silva, 1976)Um exemplo de grande produtor de café que diversificou seus empreendimentos foi Antonio daSilva Prado, que “era também o proprietário de <strong>um</strong> dos primeiros e <strong>um</strong> dos principais bancos de São Pauloe do Brasil [n<strong>um</strong>a época em que os bancos começavam a abrir crédito imobiliário]; <strong>um</strong> dos principaisdirigentes do Ofício de Imigrantes [decidia em última instância, portanto, o destino dessa nova mão-deobra];o mais importante acionista da Paulista (companhia de estrada de ferro), onde exercia as funções depresidente.” (Silva, 1976). Prado também exerceu alguns cargos públicos, como o de prefeito da cidade deSão Paulo de 1889 a 1910, época em que os fazendeiros “controlavam a máquina do governo e usavam-naconstante e eficazmente em favor de seus interesses (Dean, s. d.)”. Warren Dean comenta que outrosfazendeiros-industriais também exerceram cargos políticos paralelamente a suas atividades privadas.Com o a<strong>um</strong>ento das relações comerciais entre Brasil e Europa, o sistema comercial tornou-se maiseficiente (Dean, s. d.), abrindo espaço para o surgimento de <strong>um</strong> novo tipo de estabelecimento comercial: ascasas de importação e exportação. No início serviam basicamente para exportar as matérias-primas doBrasil para o exterior, mas com o passar do tempo, os empresários brasileiros perceberam vantagens emimportar produtos industrializados que não eram produzidos no país. Outro setor que se desenvolveu com aexpansão do café foi o bancário, que no princípio era utilizado como fundo para as transações a curto prazode café, mas que depois, com o desenvolvimento do setor, passou a financiar também indústrias eempreendimentos no ramo imobiliário. Por outro lado, Dean (s. d.) fala de alguns agricultores que optaramem investir diretamente em atividades imobiliárias. Fica claro, portanto, a diversificação do capital cafeeiro esua ligação com a modernização das cidades, especialmente nas do Estado de São Paulo, que se tornou<strong>um</strong> dos mais progressistas do país (Pereira, 1976).Sobre a atividade comercial de importação, seria importante certo aprofundamento, pela influênciaque esta teve sobre outros setores que surgiam e se desenvolviam.O empresário-importador levava vantagens sobre empresários de outros setores sobre as questõespertinentes a gestão industrial, porque tinha acesso a informações fundamentais para o sucesso doempreendimento: tinha acesso aos bancos, e portanto, ao crédito; acesso aos canais de distribuição paraas matérias-primas e para os produtos acabados; tinha conhecimento das oscilações dos direitosaduaneiros, nos momentos em que o governo a<strong>um</strong>entava ou diminuía os impostos cobrados sobre as54


importações. Sabiam, portanto, exatamente os produtos que justificavam sua fabricação no Brasil e os quecompensavam sua importação (Dean, s. d.). O próprio comércio interno em grande parte era controladopelos próprios importadores (Pereira, 1976).Pela experiência, muitos dos importadores se transformaram em fabricantes, aproveitamento emparte, a necessidade de adaptar-se ao declínio da capacidade do café para custear as mercadorias vindasdo estrangeiro. Apenas uns poucos dentre os “primeiros empresários industriais não iniciaram suascarreiras como empresários-importadores (Dean, s. d.)”. Alguns imigrantes que enriqueceram aqui, comoFrancisco Matarazzo, Rodolfo Crespi, Ernesto Diederichsen e os Klabin são exemplos de empresários quecomeçaram importando (Foot; Leonardi, 1982; Dean, s. d.), antes de investir em indústrias.No Brasil, o plantio e comercialização do café se constituíram “n<strong>um</strong>a espécie de matriz, que definiaas possibilidades do empresário (Dean, s. d.)”. E é como parte dessa “ac<strong>um</strong>ulação de capital [cafeeiro] que<strong>nasce</strong> a indústria no Brasil” (Silva, 1976).Com a industrialização, a cidade de São Paulo foi alterando sua influência arquitetônica e cultural,modernizando-se: passou do colonial provinciano para a influência européia. A cidade passou por <strong>um</strong>processo de metropolização, e recebeu <strong>um</strong>a influência externa cada vez maior, em grande parte, pelainserção brasileira n<strong>um</strong> mercado mundial capitalista. O depoimento abaixo de <strong>um</strong> jornal local ainda em finsde século XIX – que contém certo exagero sobre a industrialização - deixa claro essa distinção entre o queera considerado “caturra” e o que era “correto”:“... progride de <strong>um</strong> modo espantoso, contrastando gloriosamente com todas asoutras cidades do Brasil, e extraordinariamente commercial, tem indústria invejável epujante, vai despindo garridamente o seu velho ar caturra e jesuítico, substituindo-o por<strong>um</strong>a apparência correcta e risonha da capital moderna (...) tem cafés ruidosos ealegres, tem bohemia, tem prosápia, tem luxo e tem chic...” ¨5Quando da construção dos primeiros palacetes, a burguesia paulistana tratou de inovar “chamandoarquitetos de fora, construtores afeitos a outras técnicas construtivas, mestres hábeis na decoração deestuques, decoradores ecléticos e versáteis que sabiam manejar estilos os mais variados” (Lemos, 1976).Aqui, através da descrição de Lemos, o desprendimento da herança colonial portuguesa se evidencia: acontratação de arquitetos estrangeiros radicados ou não em território nacional, ou de brasileiros que tinhamfeito seus estudos no exterior; construtores, que como já visto, eram basicamente formados por imigrantes,que traziam consigo novas técnicas construtivas; e sobre os estilos, sempre ecléticos.55


A partir de 1870 - coincidindo com o início da construção das estradas de ferro e com aintensificação do intercâmbio comercial e cultural que se forma entre Brasil e Europa - a cidade vaiconhecer <strong>um</strong>a enorme “ebulição na sua construção material” (Souza, 1994). Maria Adélia de Souza diz queela cresce em extensão, com a abertura de novos loteamentos, na implantação de equipamentos e deserviços, como de água e de energia, e na própria arquitetura.Alg<strong>um</strong>as instituições de ensino técnico e superior nas áreas de tecnologia e construção foramabertas no fim do século XIX, contribuindo para a formação e aperfeiçoamento profissional dos projetistas econstrutores que trabalhavam em São Paulo. Essas escolas, “construções expressivas e precursoras dodesenvolvimento da construção civil no Brasil, exerceram influência significativa na superação dos métodosartesanais e de autoconstrução (Souza, 1994)”. Escolas como o Liceu de Arte e Ofício de São Paulo (1873),a Escola Politécnica de São Paulo (1894) e a Escola de Engenharia Mackenzie (1896).A criação destas escolas, mais os avanços tecnológicos do setor da construção que chegaram daEuropa a partir do início do século XX, sobrepõe-se ao momento histórico brasileiro (Souza, 1994) - com ocrescimento e modernização das cidades com o surgimento das indústrias, e o desenvolvimento desta, coma diversificação do capital cafeeiro:“São Paulo, na década de 1910, já se gabaritava como a grande metrópole brasileira do século XX.Lugar onde a riqueza do café patrocinava <strong>um</strong> quadro de prosperidade material e capacitação industrial n<strong>um</strong>Brasil ainda dominantemente rural” (Segawa, 1997).A própria indústria da construção civil foi paulatinamente se expandindo pela demanda surgida noprocesso de crescimento das cidades, com o aparecimento de empresas construtoras de capitalistasbrasileiros ou imigrantes (Foot; Leonardi, 1982). Um dos próprios símbolos de modernidade da cidade apartir da década de 1920 – até 1916 era praticamente <strong>um</strong>a cidade horizontal, com 92% das suas casastérreas ou assobradadas (Somekh, 1997) - teve sua produção possibilitada pelo desenvolvimento datécnica: o edifício vertical, que foi sendo associado ao “progresso e aos êxitos econômicos da metrópole“(Silva, 2007).Porém alguns autores, como Lemos (1976) e Segawa (1997), dizem que no princípio existia certaresistência no uso dos apartamentos como opção de moradia, principalmente por parte das classes maisaltas. Essa modalidade habitacional era vista e associada aos cortiços e a precariedade material. Era <strong>um</strong>desafio, “para <strong>um</strong>a sociedade que desconhecia esse modo de vida, tido como promíscuo” (Segawa, 1997).Só com o tempo, é que a população foi incorporando e colocando o apartamento como sinônimo de56


modernidade.Já existiam alguns edifícios altos marcando a paisagem de São Paulo na década de 1910, como oedifício Conde Pilates de 1912 (figura abaixo), mas o processo de verticalização só se acentuou nos anos1920, como afirma Nádia Somekh (1997). Segundo a autora, do ponto de vista do investimento imobiliário, aprodução de prédios surgiu como “inovação à subdivisão do solo (loteamento), n<strong>um</strong>a estratégia devalorização do capital”, que multiplica <strong>um</strong>a determinada parcela do solo urbano, verticalizando-o. Souza(1994) afirma que:“O surto da construção civil, nessa época [década de 1920], especificamente osurto de edifícios de mais de dez andares destinados a escritórios e apartamentosno centro da cidade, vai refletir nitidamente (...) a valorização do solo” (Souza,1994).N<strong>um</strong>a época em que ainda não havia se formado a incorporação imobiliária, quem primeiroempreendeu na construção de edifícios foi o próprio fazendeiro de café, aplicando seus lucros emapartamentos para aluguel, “ávido por aqui reproduzir o padrão de vida europeu” (Somekh, 1997). Elesadquiriam as terras, recrutavam a mão-de-obra e faziam contato para o financiamento. Caracterizados pelafase que consideramos de produção rentista, encontram-se “datados dessa época, os edifícios com nomesde família que os construíram e que perpetuaram o cenário da metrópole” (Souza, 1994).Figura 12 - edifício Conde Pilates, São Paulo, 1912 – 1º andar e fachada. Exemplo de edifício de apartamentos realizado por <strong>um</strong>afamília abastada. Notar que o térreo tem uso terciário57


época em que os investimentos no setor imobiliário eram cada vez maiores, exigindo por isso aprofissionalização do mercado:“a construção de edifícios de apartamentos torna-se <strong>um</strong> investimento de maior porteque exigia capital e fluxo constante de recursos para que o investimento secompletasse. Era <strong>um</strong> sistema que acabava por afastar os pequenos investidoresimobiliários (...).Era necessário que a atividade imobiliária se tornasse empresarial eque passasse a ser organizada pela ação de <strong>um</strong> agente.” (Rossetto, 2002)Nota-se que o surgimento da atividade n<strong>um</strong> momento em que os investimentos a<strong>um</strong>entavam faziaaparecer também certa competitividade entre as empresas. Neste sentido, as implicações que o projetoteria no custo final das unidades foram valorizadas. As soluções projetuais começam a dar indicações de<strong>um</strong>a formatação: “a escolha do projeto do edifício seria fruto da proposta que apresentasse melhoraproveitamento do solo e da possibilidade de conseguir a maior subdivisão em unidades vendáveis”(Rossetto, 2002)A quantidade também era outra, por causa do a<strong>um</strong>ento considerável da população paulistana. Assupostas oportunidades de empregos dadas por <strong>um</strong> dinâmico mercado de trabalho incentivaram a vinda demigrantes de outros Estados, a<strong>um</strong>entando muito a população paulistana. Esse afluxo fez com que omunicípio dobrasse sua população em pouco mais de 15 anos (Rossetto, 2002): de cerca de 1 milhão dehabitantes em 1934, atinge ”em 1940, 1.326.261 e no recenseamento de 1950, 2.198.096 habitantes(...).Portanto, São Paulo ganhou nessa década <strong>um</strong>a vultuosa massa de pessoas que (...) sobretudo,necessitavam de local para morar.”Lemos (1976) afirma que a construção de edifícios para a venda em sistema de condomínioscomeçou por volta de 1948. Rossetto (2002) diz que possivelmente as primeiras experiências ocorreram nacidade de Santos e em outras do interior paulista por iniciativa de Cipriano Marques Filho. Os empresárioscomeçaram a testar novas formas de gerir seus negócios, e com isso, novas questões foram surgindo,como a venda do imóvel pelo sistema de <strong>um</strong>a `quota-parte´ (Reis Filho, 1970).O mercado se profissionalizava, e a cidade sofria nos anos 1950 <strong>um</strong> grande boom imobiliário.Mendonça (1999) diz que o slogan `a cidade que mais cresce no mundo´, aparecia em diversos meios decomunicação da época, como matérias jornalísticas e propagandas comerciais. Em campanhas publicitáriasde corretoras imobiliárias, como a Lion, também aparecia <strong>um</strong> sentimento ufanista do povo paulista, trazendohistórias de luta e liberdade, como a Revolta de 32 e os Bandeirantes. Em 1954, São Paulo comemorou 40060


Fazenda do governo Café Filho, que defendia <strong>um</strong>a estabilização econômica e <strong>um</strong> controle inflacionário.Para isso “restringiu seriamente as reservas monetárias, a<strong>um</strong>entando o saldo de caixa mínimo exigido pelosbancos comerciais“ (Rossetto, 2002). O BNI não conseguiu a<strong>um</strong>entar seu saldo porque tinha grande partedo capital imobilizado em muitos apartamentos em construção. O governo decreta então a intervenção dobanco a coloca-o sob responsabilidade do Banco do Brasil. Posteriormente foi leiloado, e sob nova direçãonão investiu mais no imobiliário.O BNI vendia os seus apartamentos ainda na fase de projeto. Era o chamado `condomínio a preçode custo´. Os compradores pagavam o custo da construção mais os gastos com a administração feita pelobanco. A valorização com a obra edificada supostamente não era repassada aos cons<strong>um</strong>idores, nemmesmo correções monetárias. “Aparece como <strong>um</strong>a formula de viabilizar o empreendimento através dareunião de várias pequenas frações de capital” (Rossetto, 2002). Isso possibilitava ao incorporador nãoinvestir grandes somas de capital, forma que acabou sendo copiada por outros empresários da cidade etambém de outros locais.Maneira de financiamento diferente, por exemplo, da adotada pelo Banco Lar Brasileiro, que investiarecursos próprios em empreendimentos imobiliários, com financiamento para a venda coberto por garantiahipotecária.Outro grande produtor foi a Construtora Zarzur & Kogan, formada em 1947 pelo engenheiro civil eeletricista Waldomiro Zarzur e pelo arquiteto Aron Kogan, formados na Universidade Mackenzie. Asociedade existiu até 1961, ano da morte de Kogan. Rossetto (2002) afirma que a empresa tinha sempre oobjetivo de baratear o custo das obras, tendo implantado soluções padronizadas para conseguir <strong>um</strong>aprodução em escala próxima à industrial. Também utilizavam elementos pré-fabricados, como painéis devedação. A autora ainda afirma que de <strong>um</strong>a forma geral, alguns aspectos como a padronização doscomponentes construtivos e a racionalização na distribuição dos espaços foram estratégias utilizadas porestes agentes promotores do espaço como forma de baratear a construção, n<strong>um</strong>a época em que acompetitividade na indústria da construção a<strong>um</strong>entava:“a produção da habitação na escala e nas características exigidas pela incorporação imobiliária não seriapossível se não fossem empregados métodos como padronização de componentes arquitetônicos, produçãoem série, racionalização da distribuição dos espaços, entre outros princípios que permitiam que a moradiafosse produzida de forma mais econômica (...).Constituíram métodos e elementos construtivos largamentepresentes na maioria dos casos estudados e tornaram-se fundamentais para a construção de <strong>um</strong> padrão decompetitividade da indústria da construção.” (Rossetto, 2002)62


BNH e suas açõesO BNH, segundo alguns autores consultados, foi o grande financiador de habitação de sua época.No contexto político em que <strong>um</strong> regime autoritário centralizou todas as suas decisões na esfera federal, foicriado <strong>um</strong> Plano Nacional de Habitação (PNH), cujo principal instr<strong>um</strong>ento era o Banco Nacional deHabitação. Nesta etapa analisou-se o Banco e sua atuação: a estrutura que viabilizou os financiamentos; asinstituições que intermediavam o capital e os promotores; e as intenções do governo, que condicionaram aatuação da incorporação imobiliária através de normas. Entender, por fim, <strong>um</strong> produto que temreconhecidamente baixa qualidade arquitetônica, através do processo de financiamento em que ele foiproduzido.No período de ação do BNH, entre as décadas de 1960 e 1980, a opção pela aquisição da casaprópria foi totalmente priorizada. Borges e Vasconcellos (1973) ainda descrevem motivos que levaramalguns optarem pelo aluguel, como a transitoriedade da estadia devido à instabilidade no emprego; a faltade poupança pra comprar; ou mesmo o preço do aluguel em condições mais vantajosas. Mas o fato é quedesde as décadas de 1930 e 1940, ainda no governo de Getúlio Vargas, a compra da casa própria foiassociada a <strong>um</strong>a estabilidade financeira e social. Lago e Ribeiro (1996) dizem que em 1940 só existiam30% de domicílios próprios nas grandes cidades brasileiras, número que passa para 57% em 1980.Já nos anos da ditadura militar, o governo obrigava os proprietários de imóveis alugados a aplicar4% do dinheiro ganho com os aluguéis em letras imobiliárias emitidas pelo BNH, onde renderiam juros.(ABECIP; CBPE, 1977). Investimento que iria posteriormente ser repassado pelo Banco para a compra dacasa própria. No princípio, antes da estruturação do financiamento a partir de recursos gerados pelo FGTS,essa era <strong>um</strong>a das formas que o governo militar arrecadava fundos para investimento em habitação – para aprodução e compra de residências.Além da popularização da opção de compra da casa, o governo ajudou a consolidar a forma deatuação do mercado imobiliário, que vinha se profissionalizando desde a década de 1940. Segundo Lago eRibeiro (1996) é justamente nesta época que se consolida a instável figura do incorporador, que até entãotinha <strong>um</strong>a atuação limitada pela inexistência de <strong>um</strong> mecanismo capaz de centralizar poupanças parafinanciar empreendimentos. No decorrer da atuação do BNH o "espaço construído das grandes cidadesbrasileiras se transforma sob o impacto da construção de <strong>um</strong>a grande quantidade de edifícios deapartamentos. Alg<strong>um</strong>as empresas imobiliárias já existentes conhecem <strong>um</strong> extraordinário crescimento einúmeras outras são criadas." (Lago; Ribeiro, 1996)63


A própria escala de produção e investimento era outra, em função do surto populacional que asgrandes cidades tiveram nessa época. Em 1940, por exemplo, quase 70% da população brasileira vivia nocampo (Azevedo, 1996). Em apenas quatro décadas essa proporção se inverteu, com cidades abrigandocerca de 70% da população. Hobsbawn (1997) diz que essa foi a mudança social mais impressionante dasegunda metade do século XX. E que, com exceção da Grã-Bretanha, mesmo em países industrializados, amaioria da população ainda vivia no campo antes disso. Citando exemplos da América Latina, o autorcoloca que até o fim da Segunda Guerra Mundial, a maioria absoluta dos latinos americanos viviam nocampo. Mas que em 1970 já não existia "fora dos mini-Estados da tripa de terra centro-americana e do Haiti<strong>um</strong> único país em que os camponeses não fossem minoria."A população total brasileira também mais que quadruplicou em três décadas, passando de 12,9milhões em 1950 para 52,3 milhões em 1970 (Borges, 1973). Na década de 1950, este incrementopopulacional chegou a 70%; na década de 1960 o índice ainda se manteve alto, acima dos 60%.Os mecanismos de produção são cada vez mais rigorosos por causa deste imenso vol<strong>um</strong>e deedificações produzidas. Um exemplo disso é o condicionamento do financiamento concedido aoc<strong>um</strong>primento de <strong>um</strong> prazo de execução. ”Até o aparecimento do BNH os edifícios eram lentamenteconstruídos, sem financiamento tanto para construção quanto para a compra” (Coccaro, 2000). Osempresários começavam a relacionar possibilidades construtivas e projetuais à condicionantes definanciamento.Outro fator priorizado pelo Banco, e explícito no discurso dos governantes é a geração de empregospela construção civil. No começo da década de 1960, <strong>um</strong> dos motivos alegados pelos militares para ainsegurança política e econômica era a falta de empregos. Outro grave problema era o déficit habitacionalexistente, estimado em crescimento de 3% ao ano (ABECIP; CBPE, 1977). O governo então decide criar oBNH, para produzir habitações e gerar emprego para a grande massa de desempregados (Trindade, 1971).Pelo discurso da época, não valorizavam mais o projeto com a justificativa da necessidade de assistênciaaos desabrigados e desempregados. Percebemos este direcionamento da política habitacional no discursode Mário Trindade, presidente do BNH:“A grande virtude do sistema foi a de nos fazer entender, de saída, que, no quadro dodesenvolvimento urbano brasileiro, o problema mais importante naquele momento nãoera a casa, era a abertura de oportunidades de emprego para absorvermos as massasde trabalhadores semi-especializados ou não especializados...” (Trindade, 1971)64


O presidente do Banco comenta também que as migrações populacionais internas iniciadas nadécada de 1930, são acentuadas na década de 1940 pelas secas nordestinas. Destes recém chegados,afirma Coccaro (2000) que na maioria dos casos, o primeiro trabalho conseguido é na construção civil. Oautor diz ainda que a maioria dos operários ocupados na construção é formada por nordestinos, e que sãoeles "os que tem menor nível de instrução." Bonduki e Rolnik (1979) comparam a produtividade deresidências realizada pelo setor formal, financiado e orientado pelas diretrizes do Banco, com aautoconstrução feita na periferia da cidade, dizendo que esta não é "significativamente menor do que aquelaapresentada pela indústria da construção residencial."Trindade, no mesmo pronunciamento, mostra que para a indústria da construção conseguirabsorver <strong>um</strong> grande número de trabalhadores era preciso que se limitassem à utilização de técnicasintensivas de mão-de-obra. Sobre os resultados da produção, o que mostrava era somente sobre estapolítica de geração de emprego: quase metade dos empregos gerados de 1967 a 1971 estavam naconstrução civil, somando 600 mil vagas por ano; ou que a cada 1 milhão de cruzeiros novos aplicados pelobanco consegue-se cerca de mil novos empregos.Mauricio Schulman, outro presidente do Banco, n<strong>um</strong>a palestra em Washington, reitera esta opção:“ao BNH foi entregue a tarefa de acelerar a oferta de novas moradias e apoiar a indústria de construção civilpelo importante papel que o setor desempenha em sua atividade geradora de renda e absorvedora designificativo contingente de mão-de-obra” (ABECIP; CBPE, 1977). O também presidente Rubens Vaz daCosta, n<strong>um</strong> discurso em 1967, diz que desde 1964, com a criação do Plano Nacional da Habitação, o que éimportante é a criação de empregos (Maricato, 1983).Com todo o esforço do governo em priorizar a geração de empregos neste setor, a partir dos anos1960 a<strong>um</strong>enta a participação da construção civil na população economicamente ativa, como mostram osdados do IBGE (Fabrício, 1996): em 1960 – 3,4%; em 1970 – 5,8%; em 1980 – 7,3%.Bolaffi (1980) afirma que essa política de manutenção dos métodos construtivos durou muitos anos,com o BNH recusando abertamente qualquer proposta para a industrialização da construção, por causa da”superstição econômica de que isso reduzia os efeitos multiplicadores dos investimentos, na geração deempregos.” Por outro lado, Coccaro (2000) diz que já na etapa de planejamento, quando se define o quefazer, ”já levam em conta tal estado de coisas, que o material não muda, que o operário só sabe fazer damesma forma”. Ele cita o uso do tijolo, por exemplo, que para a sua substituição exigiria a intensificação deprocessos construtivos industrializados - o que ainda hoje não ocorre. A partir de <strong>um</strong>a descrição de Sérgio65


Ferro sobre o trabalho n<strong>um</strong> canteiro de obras, tem-se noção da baixa produtividade e da desqualificaçãodos operários:"A areia, a pedra são descarregadas. Um servente as amontoa nos locais previstos docanteiro; outro leva parte para o ajudante de pedreiro que ajunta água e cal ou cimento,trazidos do depósito por <strong>um</strong> ajudante diferente; <strong>um</strong> quarto despeja a argamassa embaldes ou carrinhos e a conduz ao pedreiro que coloca tijolos, faz <strong>um</strong> revestimento ouenche <strong>um</strong>a fôrma, seguido por seu ajudante que segura o vibrador ou recolhe oexcesso caído. Em cima, o carpinteiro prepara outras fôrmas com a madeira empilhadaperto dele depois de encaminhamento semelhante ao da argamassa e percorrido porajudantes e serventes próprios; o armador dobra as barras de ferro assistido do mesmomodo e, por todos os lados, pintores, marceneiros, eletricistas, encanadores, etc.sempre rodeados por ajudantes e serventes, constituem equipes n<strong>um</strong>erosas,separadas, especializadas, verticalizadas." (Ferro, 1979)Alguns autores (Maricato, 1983; Fabrício, 1996) mostram outro fator que reforça o desinteresse dosetor em mudar os seus métodos construtivos: o alto lucro com a renda da terra. A questão que surge, apartir da constatação de que grande parte do lucro vem da valorização fundiária, é se valeria a pena aosempreendedores investirem em etapas que não obteriam retorno financeiro, como no projeto ou nos meiosde construção.Segundo estas declarações dadas por presidentes e técnicos do BNH, fica clara a priorização deações em assuntos que ficam a margem da qualidade arquitetônica dos edifícios. Nota-se que em nenh<strong>um</strong>momento existiu preocupação com o projeto proposto, ou mesmo com os projetistas. Nem mesmo sobre ostipos de famílias a quem se destinam estas habitações ou sua adequação ao espaço doméstico: "nãofossem realizados tais investimentos, suficientes para manter o mais alto nível de emprego da mão-de-obra[na construção civil], quais seriam as alternativas? Provavelmente, a marginalização e o subemprego."(Borges, 1973)Questões qualitativas e peculiaridades projetuais são gradativamente abandonadas, com ajustificativa da necessidade de construção de grande quantidade de habitação, pra atender supostamentepopulações menos favorecidas: "Logo apareceram [nos projetos das COHABs] também as primeirascríticas, relativas à massificação arquitetônica. Contudo, foi possível a eliminação de várias favelas e maisde 300.000 habitações de baixo custo foram construídas através desse programa." (Borges, 1973)66


"Em que pese <strong>um</strong>a série de distorções na atuação do SFH, orientando seusinvestimentos para o atendimento das classes médias (...) e inúmeros questionamentosquanto a qualidade das unidades produzidas no âmbito do sistema; o BNH tem <strong>um</strong>aimportante atuação na produção de habitações e no crescimento do setor deconstrução nacional." (Fabrício, 1996)São justamente estes motivos que dão importância ao BNH para este estudo: o redirecionamentodos investimentos do Banco para camadas de mais alta renda, com especial atendimento a boa parte daclasse média; a falta de qualidade arquitetônica do produto; e a importância da atuação desta instituição naconstrução de habitações e para o desenvolvimento do setor da construção. Souza (1994) confirma que apolítica habitacional brasileira nos anos 1970 é destinada a produção de apartamentos para a classe médiae que já a partir dos anos 1960 o Estado ass<strong>um</strong>e "definidamente a tutela da construção civil no Brasil emquase todos os subsetores." A influência e abrangência do BNH era tanta que com a sua desestruturaçãona década de 1980 - somada aos altos índices de inflação - houve <strong>um</strong>a considerável queda dasconstruções nas grandes cidades brasileiras (Lago; Ribeiro, 1996). Cardoso afirma que embora "em criseestrutural e definitiva, o BNH continua, até meados de 1983, a financiar amplamente o mercado,solvabilizando, ao menos parcialmente, a demanda por imóveis novos." (Cardoso, 1996)O BNH foi criado em 1964 – lei n. 4.380 - e se tornou o mais importante instr<strong>um</strong>ento do processo deverticalização no Brasil (Souza, 1994). Bonduki (1997) mostra que o Banco foi a mais importanteintervenção governamental sobre as cidades em toda a história do país, tendo financiado cerca 4,5 milhõesde moradias. Uma das primeiras propostas de lei enviadas ao Congresso pelo presidente Castelo Branco foia criação de <strong>um</strong> Plano Nacional de Habitação, fazendo alg<strong>um</strong>as opções básicas, como a que o Estado nãoconstruiria, mas seria "órgão regulador [que] estimularia as atividades da iniciativa privada" (Trindade,1971). Além disso, era <strong>um</strong> banco de segunda linha, ou seja, operava através de agentes financeiros e nãodiretamente com o público (Costa, 1972).Pouco tempo depois, em 1966 - com a lei n. 5107 - o BNH se estrutura em bases financeiras maissólidas, com a criação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Foi na época a principal fontede arrecadação do Banco (Costa, 1972), com a captação de dinheiro em fundo - <strong>um</strong> salário por ano - quereunia recursos depositados por empregadores em nome dos funcionários. Antes do Fundo de Garantia, ogoverno captava recursos das seguintes fontes (Borges, 1973): dos depósitos nas Caixas EconômicasFederais; da contribuição das empresas inscritas nos IAPs; <strong>um</strong>a contribuição de 5 a 10% sobre o valor das67


construções, dependendo do custo da obra; mais <strong>um</strong> capital inicial de 1 milhão de cruzeiros, da União.Alguns terrenos da União também foram vendidos e os recursos repassados para o BNH.Além de poupança compulsória através do FGTS, o governo previa a captação de recursos compoupança voluntária, dentro do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo. O BNH também controlava oSBPE, propondo normas, estimulando e controlando as entidades que compõem o sistema (Borges, 1973).Com a imposição de normas para a obtenção de recursos do sistema, ele determinava a atividade produtivaexercida pela promoção imobiliária (Fabrício, 1996). Com a popularização das cadernetas de poupança, elese transforma no maior instr<strong>um</strong>ento de captação de recursos do BNH, superando o FGTS – atingindo <strong>um</strong>montante equivalente ao das exportações anuais brasileiras de produtos primários e manufaturados(ABECIP; CBPE, 1977).O SBPE era estruturado basicamente em três grandes instituições: as Caixas Econômicas (Federale Estaduais), as Sociedades de Crédito Imobiliário (SCI) e as Associações de Poupança e Empréstimo(Borges, 1973). Além destes recursos, o BNH também dava apoio financeiro a estas entidades para suaexpansão e para garantir a sua liquidez. Com isso a<strong>um</strong>entava a oferta de crédito para a classe média e paraa construção civil.A lei constitutiva do BNH previa que as Caixas Econômicas manteriam <strong>um</strong>a Carteira de Habitação,com recursos vindos de cadernetas de poupança, para financiamento da construção e aquisição da casaprópria (ABECIP; CBPE, 1977). Já as SCI - lei n. 4380 - não existiam antes do PNH. E como erampriorizadas operações para empréstimo ao setor imobiliário, acabou atraindo pessoas do próprio setor:construtores, empreiteiros e incorporadores foram os primeiros empresários, formando as primeirassociedades (Borges, 1973). As fontes dos recursos vinham dos depósitos feitos em cadernetas depoupança e também do próprio BNH. As APE também iniciaram suas atividades na década de 1960 -decreto-lei 70/66 - e tem como principal característica a divisão dos dividendos entre os seus associados,diferenciando-as por isso de <strong>um</strong> banco comercial, que divide os seus lucros entre os seus acionistas. Elasdavam primordialmente financiamentos imobiliários, concedidos diretamente aos associados, para aconstrução e a aquisição da casa própria, mas também para incorporadoras e construtoras para a produçãode edifícios residenciais (ABECIP; CBPE, 1977).A quantidade de habitações financiadas pelo SBPE foi considerável. Durante a década de 1970,houve anos em que ele foi a principal fonte de empréstimo (Fabrício, 1996). Em alguns anos, como 1972,1973 e 1974 o dinheiro que saia deste sistema era mais que a metade do total investido pelo governo.68


Uma diferença entre o modo de captação de dinheiro realizado pelo BNH e o seu principalantecessor, a Fundação da Casa Popular, era que o regime militar de 64 direcionou a obtenção do capitalatravés de poupanças: compulsória, com o FGTS; e voluntária, através do SBPE. Sem contar com recursospróprios, "a FCP terminou por depender exclusivamente de dotações orçamentárias e da maior ou menorboa vontade do governo federal" (Azevedo, 1996).Para as operações financeiras realizadas pelo BNH, tanto através do FGTS quanto pelo SBPE, obanco exigia que <strong>um</strong>a parte do investimento fosse feito pela própria empresa (Coccaro, 2000). No PlanoEmpresário, por exemplo - que foi a opção mais utilizada para a produção de 1977 a 1982 - o empréstimosó era dado depois que a empresa incorporadora comprasse e passasse o terreno no seu nome, e fizessetodos os serviços de fundação (Salgado, 1987). Com as etapas de limpeza, terraplanagem, cálculo eexecução das fundações realizadas, conclui-se que antes do primeiro contato do empresário com o órgãofinanciador, o projeto arquitetônico já estivesse pronto, detalhado e formatado.Ainda sobre o PE, o prazo para o reembolso do promotor ao agente financeiro era de 30 meses. Naépoca era usual que o empresário quitasse sua dívida repassando as cédulas hipotecárias ao compradordos apartamentos (Salgado, 1987). Para este, o prazo médio mais praticado para o pagamento era de 15anos, apesar de o prazo máximo ser de 25 anos.Todo esse esquema de acesso ao capital para investimento em construção foi capaz de influenciara economia durante décadas. Durante a década de 1970, por exemplo, segundo <strong>um</strong> relatório do BancoMundial, a taxa média de crescimento da construção civil no Brasil foi de 9,9% (Souza, 1994). Somentecontados os anos de 1968 a 1973, período do chamado milagre econômico, o crescimento foi de 10,9%(Maricato, 1983). No período do milagre o crescimento vertical foi igualmente significativo, coincidindo com oinício do aporte financeiro vindo do FGTS. Coincide também com a expansão de crédito realizada peloSBPE e a crise no mercado de ações, tornando investimentos no setor imobiliário mais atrativos.Apenas no ano de 1973, o SBPE conseguiu arrecadar em cadernetas de poupança cerca de U$ 1bilhão, tendo emprestado para o setor da construção <strong>um</strong>a quantia equivalente (Borges, 1973). Até o ano de1975, o BNH tinha investido – em todos os seus programas – mais de U$ 10 bilhões (Bolaffi, 1980). Osvalores apresentados acima devem ser ponderados, devido a participação do subsetor de habitação naconstrução civil, que era de aproximadamente 40% (Borges, 1973). A ABECIP – Associação Brasileira dasEntidades de Crédito Imobiliário e Poupança e a CBPE – Centro de Produtividade e Expansão do SistemaBrasileiro de Poupança e Empréstimo (1977) estimam a participação de cada instituição na captação de69


ecursos no ano de 1976: 40% do FGTS – US$ 6,5 bilhões; 55% das cadernetas de poupança - US$ 8,8bilhões; e 5% das letras imobiliárias – US$ 0,7 bilhão. Portanto, "produzir cidades é <strong>um</strong> grande negócio.Produzir edifícios é <strong>um</strong> excelente negócio para poucos." (Souza, 1994)Esse dinheiro acabou sustentando a produção de edifícios residenciais destinados a classe médiae alta, desvirtuando a proposta inicial de investimento para as camadas mais pobres da população. Quemacabou se apropriando de todo esse capital foram os promotores imobiliários. A idéia inicial era que cadainvestimento feito trouxesse <strong>um</strong> retorno do capital aplicado de modo a a<strong>um</strong>entar a capacidade da produçãona área residencial (Azevedo, 1996).No começo de sua atuação, o BNH produziu – através do PLANHAP (Plano de Habitação Popular)– mais de 300.000 moradias para famílias pobres. Mas o programa perdeu o seu dinamismo com o tempo.E <strong>um</strong>a das causas foi o elevado número de atraso nos pagamentos das prestações (Borges, 1973). A perdareal no valor do salário mínimo, que na década de 1960 foi de 30%, seria <strong>um</strong>a das causas para adificuldade dos mutuários em honrar suas dívidas (Azevedo, 1996). O governo passou então a priorizarfaixas de renda em que a inadimplência era menor. Com isso a produção de habitação social foi perdendoespaço. No total, foram financiadas cerca de 4,5 milhões de unidades, mas apenas 1,5 milhão (33,3%) foidestinado para setores populares (Ribeiro; Azevedo, 1996). Portanto, foram construídas mais de 130 milunidades habitacionais por ano em média durante mais de duas décadas, todas elas para as classes médiae alta:"Esse financiamento se fez com a criação do Fundo de Garantia por Tempo deServiço (...) repassados mediante financiamentos a longo prazo à classe média, (...)[tornando-a] o grande aliado do Estado e da incorporação, viabilizando decisivamenteesse processo pelo menos por cerca de vinte e cinco anos." (Souza, 1994)A falta de meios e subsídios para financiar a habitação pode ter levado <strong>um</strong>a parcela da população aautoconstrução na periferia, e ao surgimento de mais favelas e cortiços. Estima-se, segundo Azevedo(1996) que apenas 12% das moradias foram providas dentro do sistema formal de produção, ou seja, com aparticipação dos agentes da incorporação, construção, comercialização e financiamento. Já dados colhidosem Fabrício (1996) indicam que essa participação do mercado formal seriam <strong>um</strong> pouco maior: 25,8%.Se levarmos em conta que o custo de <strong>um</strong>a habitação popular é bem menor do que as feitas para osdemais níveis de renda, a distorção do investimento é ainda maior (Azevedo, 1996). Segundo empresáriosdo setor imobiliário, mais de 90% dos edifícios de apartamentos produzidos na época tinham financiamento70


feito através do SFH (Jornal da Tarde, 7/5/82 e O Estado de São Paulo, 19/2/82. In: Maricato, 1983)justificando o sucesso deste sistema de financiamento entre 1968 – quando se estruturou em bases maisexeqüíveis com o FGTS – até o fim da década de 1970, com a crise econômica. O Banco ignorou "ossetores de menores rendimentos da população e (...) [tratou] a habitação como <strong>um</strong>a mercadoria a serproduzida e comercializada em moldes estritamente capitalistas" (Maricato, 1983). No ano de 1975, porexemplo, apenas 17,4% das unidades financiadas destinaram-se a habitações para baixa renda (Fabrício,1996). Entre 1970 e 1974, 63% das unidades financiadas foram para o mercado médio, 25% ao econômicoe somente 12% ao popular - até 5 salários mínimos (Coccaro, 2000).O atendimento do governo dando preferência a classe média estava institucionalizado. As leis queestabeleceram as diretrizes originais dos órgãos que compunham o SBPE (CE, SCI, APE) "excluíam, naorigem, qualquer responsabilidade dessas entidades, que vieram a constituir o SBPE, de solução doproblema habitacional das classes de baixa renda." (Borges, 1973). Não existia, portanto, nenh<strong>um</strong>aorientação do BNH para que seus órgãos intermediários no financiamento direcionassem parte de suaarrecadação para as classes pobres. Mesmo o que foi financiado para os pobres, era feito pelo lucro vindonestas operações com a classe média. Com as taxas mais elevadas de pessoas que podiam comprar <strong>um</strong>amoradia de maior valor, obtinha-se o subsídio para o atendimento das populações de renda baixa, atravésdas COHABs e Cooperativas (Costa, 1972)Conclusões sobre o segundo e terceiro períodoImportante notar como se formou as primeiras empresas incorporadoras, em que contexto e comoas maneiras de produção mudaram. As primeiras formas de financiamento experimentadas pelas empresas,para a produção e também para e venda de seus produtos, n<strong>um</strong>a época em que não existia apoio financeirodo governo. Depois de duas décadas de empreendimentos auto-financiados aparece o BNH, que nos anos1960 e 1970 influenciou a consolidação do mercado imobiliário mais agressivo do país.O mercado imobiliário paulistano se profissionalizou a partir de meados dos anos 1940, coincidindocom alguns acontecimentos políticos e econômicos, como a lei do inquilinato; os empresários produzindohabitações para a venda e não mais para a locação; o surgimento da figura do incorporador. Mas eraapenas o início, eles ainda testavam os mecanismos de produção, como o condomínio a preço de custo. Asempresas imobiliárias começavam a se constituir e se organizar.71


Ao longo dos próximos 20 anos a atuação do incorporador se consolidou. E é justamente depoisdesta fase que começa a influência do BNH na produção de habitação. Alguns motivos levaram o mercadoa formatar o seu modo de produção, padronizando o seu produto:- a população brasileira e especificamente urbana a<strong>um</strong>entou significativamente devido as grandesmigrações internas ocorridas a partir da década de trinta, elevando também a demanda por habitações. Poroutro lado o governo incentivou a opção pela compra da casa própria, elevando o número de habitaçõesnecessárias para o atendimento a essa população;- pela primeira vez se estruturou <strong>um</strong>a política habitacional nacional capaz de realizar grandes investimentos,determinando regras para a sua produção e condicionando os métodos construtivos, os prazos de entregas,etc. <strong>Como</strong> estas condições impostas pelo governo eram bastante rigorosas, a<strong>um</strong>entou muito a disputa pelomercado entre as empresas. O setor imobiliário se estrutura cada vez mais em grandes empresas, eformata o seu produto;Experiências e possibilidades com novas propostas para a habitação se tornam menores. O estudodo BNH evidenciou alg<strong>um</strong>as situações que condicionaram a atuação da promoção imobiliária. O Bancoajudou a distanciar os profissionais arquitetos da produção. Acabaram se afastando pela falta de espaçopara diálogo com os outros agentes produtores do espaço. A realização de <strong>um</strong> edifício de apartamentos nãoera mais <strong>um</strong>a questão de arquitetura. "Não é adequado, é promíscuo, negativo", diz Serapião (2008), quemostra dois motivos para a secundária atuação do arquiteto:"Em primeiro lugar, pelo lado dos arquitetos, começou a sedimentar-se <strong>um</strong>a novapostura – calcada na suposta `função social´ da profissão, que entrava em choquedireto com a `especulação imobiliária´ (...) o segundo motivo, ligado aos meandros domercado imobiliário em São Paulo, que se tornou mais agressivo e profissionalizado,especialmente estimulado pelo crescimento vertical que se alimentou do dinheiropúblico do BNH e do SFH (...) [levando os] os construtores e incorporadores a diminuir,consideravelmente, a importância da opinião dos projetistas nas decisõesarquitetônicas."Notas1 - Marx, K. Manifeste du Parti Communiste. In: Oeuvres Choisies. Moscou: Éditions du Progrés, 1970, p. 122 apud Foot; Leonardi,1982;2 – em depoimento ao autor, abril 2008;72


3 - Marx, K.; Engels, F. Manifeste du Parti Communiste. In: Oeuvres Choises. Moscou: Éditions du Progrés, 1970, p. 115-116 apudFoot; Leonardi, 1982, p. 1314 - Leite, A. Subsídios para a história da civilização paulista. São Paulo: Saraiva, 1954; ** Sinopse Preliminar do CensoDemográfico. IX Recenseamento Geral do Brasil – 1980. Vol<strong>um</strong>e I, tomo 1, número 8. Rio de Janeiro: IBGE, 1981, apud Souza, 1994,p. 63;5 - Jornal A Província de São Paulo, 5 de outubro de 1889, apud Souza, 1994, p. 53.Referências bibliográficasABECIP – Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança; CBPE – Centro de Produtividade e Expansão doSistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo. Habitação – a experiência brasileira, 1977Azevedo, S. de. A crise política habitacional – dilemas e perspectivas para o final dos anos 90. In: Ribeiro, L. C. Q; Azevedo, S.(org) A crise da moradia nas grandes cidades – da questão da habitação à reforma urbana. Rio de Janeiro: UFRJ, 1996Bolaffi, G. Para <strong>um</strong>a nova política habitacional e urbana – possibilidades econômicas, alternativas operacionais e limitespolíticos. In: Valladares, Ligia do Prado (org). Habitação em questão. Rio de Janeiro: Zabar, 1980Bonduki, N. G. Habitat II e a emergência de <strong>um</strong> novo ideário em políticas urbanas. In: Gordilho-Souza, Ângela (org). Habitarcontemporâneo - novas questões no Brasil dos anos 90. Salvador, 1997Bonduki, N.; Rolnik, R. Periferia da Grande São Paulo - reprodução do espaço como expediente de reprodução da força detrabalho. In: Maricato, Ermínia (org). A produção capitalista da casa (e da cidade) no Brasil industrial. São Paulo: Alfa-Omega, 1979Borges, J. G.; Vasconcellos, F. P. Habitação para o desenvolvimento. Editora Bloch, 1973Brandão, M. de A. Habitar como questão de política publica. In: Gordilho-Souza, Angela (org). Habitar contemporâneo - novasquestões no Brasil dos anos 90. Salvador, 1997Cano, W. Raízes da concentração industrial em São Paulo. São Paulo: Difel, 1977Bruna, P. Arquitetura, Industrialização e Desenvolvimento. São Paulo: Perspectiva, 1976Cardoso, A. L. O mercado imobiliário e a crise – o caso de São Paulo. In: Ribeiro, L. C. Q; Azevedo, S. (org) A crise da moradia nasgrandes cidades – da questão da habitação à reforma urbana. Rio de Janeiro: UFRJ, 1996Cardozo, D. de M. A estagnação do <strong>modelo</strong> habitacional – <strong>um</strong>a releitura necessária sobre o apartamento paulistano.Dissertação de mestrado. São Paulo: Mackenzie, 2005Coccaro, J. L. Modernização urbano – industrial e arquitetura na cidade de São Paulo no período de 1960-1975. Dissertação demestrado. São Paulo: FAU-USP, 2000Costa, R. V. da. Desenvolvimento e crescimento urbano no Brasil. Rio de Janeiro: BNH, 1972Dean, W. A industrialização de São Paulo. São Paulo: Difel, s. d.Fabrício, M. M. Processos construtivos flexíveis – projeto da produção. Dissertação de mestrado. São Carlos: EESC-USP, 199673


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Tramontano, M. Paris, São Paulo, Tókio – novos modos de vida, novos espaços de morar. Tese de doutorado. São Paulo: FAU-USP, 1998Trindade, M. Habitação e desenvolvimento. Rio de Janeiro: Vozes, 19714.2.4.2 - Texto 2: "Alg<strong>um</strong>as referências modernistas em São Paulo"IntroduçãoO objetivo do trabalho foi resgatar alg<strong>um</strong>as referências acadêmicas e o início de atuaçãoprofissional de alguns arquitetos modernistas que atuaram em São Paulo projetando edifícios deapartamentos nas décadas de 1920, 1930, 1940 e 1950.Dentre os arquitetos modernos com produção expressiva de edifícios de apartamentos, quis-secomparar alguns domiciliados profissionalmente em São Paulo com outros que tiveram anteriormenteatuação marcante na cidade do Rio de Janeiro, onde a modalidade apartamentos era mais difundida e maisantiga. Comparou-se, ainda, a produção de profissionais formados em instituições de ensino nacionais eestrangeiras. Dessa forma, o trabalho abordou a produção de Rino Levi, Gregori Warchavchik, Álvaro VitalBrazil, os irmãos Roberto e Oscar Niemeyer:● Rino Levi: edifício Eugênio Gazeau (1929), edifício Col<strong>um</strong>bus (1930), edifício Nicolau Schiesser (1933),edifício Higienópolis (1935), edifício Guarani (1936), edifício na Rua Abranches (1939), edifício na RuaConselheiro Furtado (1939), edifício na Rua Vieira de Carvalho (1939), edifício Porchat (1940), edifício naAvenida São João (1942), edifício Prudência (1944), edifício Betty (1946), edifício na Rua ConselheiroNebias (1946), edifício na Rua Bahia esquina com Rua Sergipe (1951), edifício Andorinhas (1952), edifícioFlorentina de Falco (1953).● Warchavchik: dois edifícios na alameda Barão de Limeira (década de 1930), edifício na Rua Bahia(década de 1930), edifício de propriedade de José Freitas Junior (1940), edifício de propriedade de LasallSegall (1942), edifício na Rua Araújo (1947), edifício de propriedade da Companhia Seguradora Brasileira(1948), edifício na rua Frei Caneca (1950), edifício na rua Pinto Ferraz, edifício Joaquim Salles (1957),edifício Anibal Ribeiro de Lima (1958).● Álvaro Vital Brazil: edifício Esther (1935).75


● Irmãos Roberto: edifício Anchieta (1941).● Oscar Niemeyer: edifício Copan (1951), edifício Montreal (1951), edifício Eiffel.O trabalho buscou informações sobre experiências que estes arquitetos passaram, entendendo osajudaram a conformar sua produção. São analisados e comparados, portanto: a origem, a formaçãoacadêmica, e o ambiente escolar; os estágios e os primeiros trabalhos como autônomos; os contatos e asparcerias com outros arquitetos; as influências arquitetônicas.Rino Levi e WarchavchikRino Levi <strong>nasce</strong>u no Brasil, em São Paulo, em 19<strong>01</strong> e viveu até 1965. Filho de pais italianosimigrados, foi para a Itália em 1921 para estudar arquitetura, se formando em 1926 (ANELLI, 1995).Estudou na Scuola Superiore di Architettura em Roma. Ainda estudante, Levi escreveu <strong>um</strong> artigo (1)publicado em São Paulo que é considerado <strong>um</strong> dos primeiros manifestos sobre arquitetura moderna noBrasil. O texto revela “as oscilações de ânimo entre os jovens estudantes de Roma, muitos deles futurosprotagonistas do surgimento da arquitetura moderna italiana” (ANELLI, 1995). O próprio título remetia àsalterações que sofria o curso de arquitetura onde estudava: Marcello Piacentini tinha acabado de propor<strong>um</strong>a disciplina para o estudo do urbanismo. Segundo Anelli (1995), Levi havia confirmado n<strong>um</strong>a carta aimportância de Piacentini na divulgação da arquitetura moderna na Itália: “gozava da simpatia dosestudantes mais irriquietos, que propugnavam por <strong>um</strong>a reformulação da arquitetura.” (2)O estudo sobre a formação de Gregori Warchavchik mostra que o arquiteto passou pelos mesmoslocais por onde Rino Levi esteve, vivenciando portanto, a mesma agitação cultural. Nascido em Odessa em1896 (viveu até 1972), na Rússia, onde começou seus estudos em arquitetura na universidade local(FARIAS, 1990). Imigrou para a Itália, deixando pra trás o conturbado ambiente russo de 1918, e tambémestudou em Roma, no Instituto Superior de Belas-Artes entre 1918 e 1920. Imigra novamente, desta vezpara o Brasil, deixando a “incerteza política, civil e diplomática que cercava a existência dos estrangeiros erefugiados na Europa Ocidental do entre guerras” (LIRA, 2008). E é aqui que ele escreve <strong>um</strong> artigointitulado `Futurismo´ (3), considerado o manifesto precursor da arquitetura moderna brasileira. Nele,Warchavchik mostra que além de Le Corbusier havia influência das propostas do Manifesto Futuristapublicado por Marinetti, “não parecendo <strong>um</strong>a casualidade que o primeiro título do artigo tivesse sido`Futurismo´. Durante sua permanência na Itália não havia ali ainda nenh<strong>um</strong>a outra proposição modernistaem arquitetura além das elaboradas por Sant´Elia.” (ANELLI, 1995). Carlos Martins en<strong>um</strong>era os arg<strong>um</strong>entos76


prenunciados por ele neste seu primeiro texto: o caráter histórico da noção de beleza; a incongruência entreracionalidade construtiva da engenharia e a sobreposição ornamental dos arquitetos de formaçãoacadêmica; a incompatibilidade entre a vida moderna e a adoção de estilos. (WARCHAVCHIK, 2006)Os dois arquitetos, que foram tão atuantes na cidade de São Paulo, e que estudaram no mesmolocal quase na mesma época, iniciaram com seus textos as manifestações sobre o modernismoarquitetônico em terras brasileiras:“Os dois primeiros manifestos de arquitetura moderna no Brasil foram escritospor arquitetos formados em Roma. Em 1925 foram publicados em São Paulo os textosde Gregori Warchavchik, `Futurismo´, e de Rino Levi, `Arquitetura e Estética dasCidades´, considerados pela historiografia brasileira como pioneiros nacionais nadivulgação de idéias da arquitetura moderna, assunto que havia sido muitoescassamente representado na Semana de Arte Moderna de 1992.” (Anelli, 1995)Ainda na Itália, Warchavchik também teve contato com Piacentini, trabalhando em seu escritório pordois anos, pouco depois que ele se tornou professor de urbanismo na Escola Superior de Arquitetura.Piacentini era autoridade em intervenções modernas em cidade antigas, além de projetar habitações, desdepalacetes até prédios de apartamentos (LIRA, 2008). Foi o maior “cultor italiano do Classicismo e futuroresponsável pela incorporação desse estilo por parte do fascismo.” (FARIAS, 1990)Desde o século XIX (5) existia na Itália <strong>um</strong>a divisão na formação dos profissionais envolvidos noramo da construção civil, que ainda repercutia nas primeiras décadas do século XX: de <strong>um</strong> lado asacademias de belas-artes, formando profissionais de acordo com as tradições artísticas; e de outro asescolas politécnicas, introduzindo adaptações metodológicas com base no conhecimento <strong>científico</strong> (ANELLI,1995). Essa distinção - que gerava confusão sobre as atribuições - podia ser vista também no Brasil, comas diferenças entres as politécnicas de São Paulo ou da capital federal com, por exemplo, a Escola deBelas-Artes do Rio de Janeiro: “o trabalho secundário e inadequado do arquiteto na formalização da obrarevelava <strong>um</strong>a coincidência entre a situação da arquitetura brasileira e a italiana.” (ANELLI, 1995). Quandochegaram formados ao Brasil na década de 1920, Warchavchik e Levi encontraram as mesmas dificuldadesexistentes no mercado italiano. Levi, por exemplo, quando iniciou atuação profissional em escritório próprio,trabalhou como construtor (6), pois na época ainda “não era difundida a prática de contratar-se o projetoindependente da obra” (ANELLI, 1995). Warchavchik se formou no ano imediatamente anterior às77


mudanças sofridas na estrutura da Escola de Belas-Artes – que tentavam resolver essa questão -, assuntodiscutido desde 1916 por Giovanoni:“O debate [entre as escolas politécnicas e as de belas-artes] por certorepercutia <strong>um</strong>a tendência internacional em favor da autonomização do ensino eredefinição do papel tradicional do arquiteto, e ganharia corpo na Itália na virada para oséculo XX, sobretudo na Escola de Roma, em torno da idéia do `arquiteto integral´:formado nas futuras escolas superiores, essa nova figura profissional deveria ser capazde unir saber técnico-<strong>científico</strong> e conhecimento histórico na defesa dos valoresartísticos das cidades italianas.” (Lira, 2008)Os primeiros arquitetos modernistas brasileiros, como Rino Levi e Warchavchik, foram os queestruturaram a profissão, fundando as suas bases contemporâneas (ANELLI, 1995). O escritório de Levi,por exemplo, foi o primeiro a trabalhar desenvolvendo e `vendendo´ projetos arquitetônicos, distinguindo-odo produto obra/execução.Antes de ver como foi a chegada e a atuação dos dois no Brasil, mostraremos <strong>um</strong> pouco dametodologia de projeto de Rino Levi, que demonstra sua preocupação com o tema n<strong>um</strong> mercado imobiliáriolocal ainda em formação e se profissionalizando. Pelos caminhos coincidentes que Warchavchik (10)seguiu, tanto na Itália quanto no começo no Brasil (como veremos a seguir) supõe-se que existia tambémno arquiteto russo <strong>um</strong>a preocupação com o exercício de projetação, ainda que com resultados formaisdiferenciados.Existe <strong>um</strong>a manifestação de concepção clássica em vários trechos de textos de Rino Levi. Anelli(1995) dá a definição do clássico feita por Panofsky (7), diferenciando-o do maneirismo, dizendo que essetem na origem da Idéia <strong>um</strong>a “dádiva divina, conferida ao gênio, independente do seu conhecimento danatureza. Por outro lado, o classicismo se desenvolve com a idéia derivando do conhecimento das leisuniversais que regem a natureza.” Anelli expõe detalhes da formação do arquiteto, mostrando que Levi tevecontato desde o tempo de faculdade com interpretações do pensamento clássico-re<strong>nasce</strong>ntista, como porexemplo, sobre o arquiteto integral de Giovannoni.Levi delimita o procedimento projetual e a qualidade arquitetônica, tornando-se “explicita a suaoposição à plena liberdade artística, pois a harmonia exige contenção.” (ANELLI, 1995). Ponto de vistadiferente tem Warchavchik, n<strong>um</strong>a passagem de <strong>um</strong> artigo escrito para o Correio Paulistano em 192878


(WARCHAVCHIK, 2006), quando diz que “é particularidade do gênio estar sempre adiantado a sua época.Com aguda intuição adivinha e cria”. Rino Levi, por sua vez, acha que...“O estudo da função e das qualidades da obra arquitetônica é tão intimamenteligado à técnica quanto às leis da proporção. Para se chegar a fins estéticos concretos,em harmonia com a função dos vários elementos constituintes da obra, necessário setorna conter e selecionar a fantasia, dentro de certos valores orgânicos. Esse processoé evidentemente <strong>um</strong> limite à livre expansão artística, limite esse que constitui fatorinerente à atividade do arquiteto.” (8)Para Levi, a expressão plástica `desabrocha´ depois de resolvidas questões de ordem funcional(ANELLI, 1995): “... as considerações que se fazem sobre a forma mais apropriada do edifício em X, em H,em duplo H, em pente ou meia-lua, não têm sentido. O absurdo dessas teorias reside no erro básico depreestabelecer soluções e formas, quando estas deverão resultar do estudo funcional e técnico doproblema, livre de quaisquer injunções.” (9)No mesmo texto, Levi expõe os procedimentos e as etapas de projetos adotadas por ele. Diz que oprojeto arquitetônico se conforma aos poucos, que ele amadurece n<strong>um</strong> lento trabalho que se prolonga pormeses. Depois de surgidos - n<strong>um</strong> desenvolvimento individual e paulatino - os primeiros esboços, os estudospreliminares e o ante-projeto, organiza-se <strong>um</strong> trabalho em equipe: para solucionar problemas relacionadoscom o conforto, a técnica construtiva, o rendimento. Uma vez “reunidos e assimilados todos os dados, oarquiteto, valendo-se da sua capacidade criadora, empresta ao conjunto a sua fisionomia definitiva,entrosando todos os elementos n<strong>um</strong> organismo funcional, técnico e plástico. Nela, o arquiteto se sentecompletamente dentro do assunto e senhor absoluto do problema, com visão integral de todos os seusdetalhes”Anelli comenta que isso mantém Levi fiel a <strong>um</strong>a “concepção clássico-re<strong>nasce</strong>ntista, que necessitada ciência e da técnica moderna para construir sua idéia artística”. Voltamos assim na visão de <strong>um</strong>`arquiteto integral´, como <strong>um</strong> profissional que extrapola os limites de seu campo, incorporando e dialogandocom os outros agentes envolvidos na produção do edifício: “Havia na Escola de Roma o reconhecimento dacomplexidade dos raciocínios e informações exigidas por <strong>um</strong> projeto contemporâneo, e não se recusavamos seus desafios. Exigia-se que o arquiteto integral fosse capaz de desenvolver esses raciocínios ou aomenos dialogar com quem o fosse, incorporando-os na sua síntese artística.” (ANELLI, 1995)79


Também existem coincidências sobre o começo da carreira de ambos quando chegaram ao Brasil.Warchavchik chegou <strong>um</strong> pouco antes, em 1923, aos 27 anos de idade. Desembarcou com <strong>um</strong> “punhado decartas de recomendação [inclusive de Piacentini] e contrato firmado por <strong>um</strong> ano com a CompanhiaConstrutora de Santos, de propriedade do empresário Roberto Cohrane Simonsen (4).” (LIRA, 2008) Oarquiteto acabou trabalhando na construtora durante três anos e meio, até o início de 1927, quando “sóentão abriu escritório próprio em São Paulo, casando-se com Mina Klabin e naturalizando-se brasileiro.”(LIRA, 2008). Rino Levi quando voltou para o Brasil também trabalhou na mesma construtora durante <strong>um</strong>ano e meio (ANELLI, 1995).A Companhia Construtora de Santos (fundada em 1912) tinha escritórios em Santos, São Paulo eRio de Janeiro, e destacava-se na construção civil no Brasil, sendo pioneira em aspectos como aorganização racional do trabalho, com a composição de equipes especializadas, valorizando as funções deadministração, planejamento e pesquisa tecnológica, “típico de <strong>um</strong> ideal tecnocrático de reconstruçãoinfluente no pós-guerra.” (LIRA, 2008).José Tavares Correia de Lira (2008) afirma que, apesar de Warchavchik já ter conduzido diversasobras na época que vivia na Itália, foi somente no Brasil, e a partir do contato com as inovaçõesimplementadas por Simonsen que ele tomou contato com a construção taylorizada: “se naqueles anosBehrens, na Alemanha, ou o próprio Le Corbusier, na França, vinham se convertendo às elites tecnocráticasnacionais, o papel de Warchavchik talvez mereça ser reavaliado também a luz do envolvimento com aempresa construtora. Note-se que Simonsen, <strong>um</strong> dos representantes mais promissores da vocaçãoideológica e política dos politécnicos, empresário de sucesso e líder da burguesia industrial paulista, assimcomo seu sócio Francisco da Silva Telles [que estudou na Escola de Belas-Artes no Rio de Janeiro nadécada de 1920], estavam desde 1922 entre os poucos assinantes brasileiros da revista L´ Esprit Noveau,dirigida por Le Corbusier”. Rino Levi, que trabalhou na construtora n<strong>um</strong> período posterior justamente parasubstituir Warchavchik, também vivenciou essas experiências sobre a organização do trabalho.“O relacionamento de Levi com Warchavchik pode constituir outro parâmetroimportante para a compreensão do período. Após o seu retorno ao Brasil, Levi seguealguns dos passos de Warchavchik. Um pouco mais velho, também formado em Roma,pelo mesmo grupo de professores, ainda que em escolas diferentes, Warchavchikrepresenta <strong>um</strong>a referência importante para o jovem arquiteto. Os indícios são poucosmais precisos. Rino Levi entra no lugar de Warchavchik na Companhia Construtora de80


Santos, é apresentado por ele a Geraldo Ferraz [crítico de arte e militante modernista],e se empolga com a exposição da sua Casa Modernista, em 1929.” (Anelli, 1995)Quando Warchavchik abriu escritório próprio na cidade de São Paulo, seu primeiro projeto foi aresidência na rua Santa Cruz, na Vila Mariana – considerada a primeira obra brasileira de arquiteturamoderna (LIRA, 2008). Alias 1927 foi <strong>um</strong> ano de grande importância na vida do arquiteto, que casou comMina Klabin e se naturalizou brasileiro. Ele, que tinha imigrado para a Europa e posteriormente para aAmérica, decidiu passar o resto de sua vida no Brasil.Figura 14 - foto casa na Rua Santa Cruz, de 1927 – projeto de Gregori Warchavchik (fonte: www.arcoweb.com.br/debate76)Warchavchik (2006) mostra conhecimento de todos os avanços que os arquitetos de vanguardafaziam desde o fim do século XIX na Europa, dando pistas de referências que apareceriam em suaspróximas obras: “... na França: os grandes arquitetos Corbusier, Tony Garnier, Irmãos Perret, Freyssinet (...)na Alemanha, o arquiteto Gropius fundou a Bauhaus, escola <strong>modelo</strong> de arquitetura e artes aplicadas [nãonos esqueçamos que Warchavchik foi convidado por Lúcio Costa no começo da década de 1930 parareformular o ensino e ministrar aulas na Escola Nacional de Belas-Artes no Rio de Janeiro]. Há inúmerosarquitetos da escola nova na Alemanha. Queremos citar somente Poelzig, Taut, Mendelsohn (...) na Rússiaquase não se citam nomes. Tão popular ficou essa arte que a antiga não existe mais (...) na Áustria,Houffmann, Behrens, Loos (...) na Itália Alberto Sartoris e C. E. Rava. Na Hollanda, Van de Velde, Doesburg(...) na Hungria, Torbat, Molnar, Breuer (...) na Dinamarca, Linbey, Holm...” E mesmo <strong>um</strong> pouco antes,quando ainda era estudante em Roma, já haviam os “Neoplásticos com Mondrian, Rietveld e Doesburg; osConstrutivistas Soviéticos com Malevich, Tatlin e Melnikov; Lê Corbusier e os seus manifestos publicadosna L´ Esprit Nouveau; e até a América do Norte com o gênio de Frank L. Wright.” (FARIAS, 1990)81


Esta primeira grande obra-manifesto da arquitetura moderna brasileira foi construída n<strong>um</strong> terreno dafamília Klabin. Fato que se repetiu outras vezes na carreira de Warchavchik, por causa do “imensopatrimônio imobiliário da família constituído desde o início do século pelo patriarca Mauricio Freema Klabin.“(Lira, 2008). Manteve atividade profissional até a década de 1960 (WARCHAVCHIK, 2006)Em 1930, já como delegado sul-americano do CIAM (Congresso Internacional de ArquiteturaModerna), Warchavchik envia <strong>um</strong> relatório a Siegrief Giedion, descrevendo as dificuldades para aimplementação dos conceitos modernos em solos brasileiros, por causa da adesão a estilos queresgatavam o colonial, da indústria da construção civil inexistente, e da falta de mão-de-obra qualificada.Questões que ainda fizeram parte de seu cotidiano por alg<strong>um</strong>as décadas.Bruand (1981), afirmando a importância dos dois arquitetos para o movimento moderno e suaintrodução na cidade de São Paulo, diz que “praticamente até o começo da Segunda Guerra Mundial, ele(Rino Levi), juntamente com seu colega de origem russa (Warchavchik) e mesma formação romana, foi oúnico partidário decidido de <strong>um</strong>a renovação arquitetônica, fixado na capital paulista.”Alvaro Vital BrazilVital Brazil passou a infância em São Paulo, cidade onde <strong>nasce</strong>u no dia 1º de fevereiro de 1909.Somente aos dez anos de idade é que mudou com o pai (11) para Niterói, de onde seguiu depois de alg<strong>um</strong>tempo para o Rio de Janeiro, para estudar arquitetura no final dos anos 1920. Curioso verificarmos ainfluência do pai na formação de Vital Brazil, forçando-o a cursar também engenharia civil. Ele achava que ocurso de arquitetura não seria suficiente para garantir a sobrevivência de seu filho, n<strong>um</strong>a época em que eraconfusa a atribuição do arquiteto. No fim, acabou se formando arquiteto pela Escola Nacional de Belas-Artes (em 1933), mas também engenheiro civil pela Escola Politécnica, ambas no Rio de Janeiro(CONDURU, 2000). Os estudos de engenharia deram subsídios para que Vital Brazil conseguisse integraras propostas de <strong>um</strong>a arquitetura funcionalista e de <strong>um</strong>a estética renovadora às técnicas construtivas. <strong>Como</strong>no projeto do edifício Esther, que pretendeu resolver exigências de <strong>um</strong> programa diversificado, cominovações do ponto de vista construtivo e com novos princípios formais.Foi colega de turma de Adhemar Marinho, seu parceiro profissional durante os anos 1930 e co-autorde seu projeto mais famoso, o Edifício Esther. Juntos, vivenciaram <strong>um</strong>a greve deflagrada pelos próprios82


alunos, cujo objetivo era a “modificação curricular capaz de levar a <strong>um</strong>a nova linha de conduta no ensino.Nessa época, em 1930, o arquiteto Lucio Costa ass<strong>um</strong>iu a diretoria da ENBA, reunindo <strong>um</strong> novo corpo deprofessores para ministrar ao lado dos mestres acadêmicos.” (Atique, 2004). Um dos arquitetos convidadospor Costa pra ministrar aulas na escola renovada foi Warchavchik, que nessa época já tinha publicadosalguns manifestos sobre arquitetura moderna (WARCHAVCHIK, 2006), e também feito sua obra pioneira, acasa na Rua Santa Cruz na Vila Mariana.A reformulação implementada por Costa confrontava os princípios arquitetônicos ensinadosna ENBA, que a tempos se baseava n<strong>um</strong> estilo ao gosto clássico. A proposta passava por <strong>um</strong>a completarevisão das referências, incorporando no currículo escolar princípios do movimento moderno (CONDURU,2000). Importante lembrar que apenas alguns meses antes, Le Corbusier passou pelo Rio de Janeiroministrando alg<strong>um</strong>as palestras e divulgando a proposta do movimento (LE CORBUSIER, 2004). Depois dealguns meses, quando frustrada a reforma proposta por Costa, Vital Brazil fez parte do grupo de estudantesque se revoltou contra o retrocesso da reformulação modernizadora do ensino. Já no quarto ano defaculdade, Brazil “recusou o viés acadêmico das aulas do professor Paulo Pires, inscrevendo-se na turmado professor Affonso Eduardo Reidy – <strong>um</strong>a experiência fundamental em sua formação” (CONDURU, 2000).Apesar disso, Conduru afirma que a sua passagem por <strong>um</strong>a escola de belas-artes deixou marcas em suaobra, como a simetria:“A obra resultante [toda a obra de Vital Brazil], vinculada à estética funcionalistae pautada pelo uso austero das inovações técnico-construtivas, sem deixar de serinfluenciada pelos princípios clássicos, notabilizou-o como <strong>um</strong> dos mais ortodoxospraticantes do racionalismo no país. Conciliando as rupturas da moderna arquiteturacom o classicismo decantado da formação acadêmica, seus edifícios almejam <strong>um</strong>equilíbrio que revela o caráter pacificador da revolução estética que produziu.”No seu livro sobre a vida e obra de Vital Brazil, Roberto Conduru (2000) diz que essa reminiscênciade origem clássica se confrontava desde sua primeira obra com a intenção de incorporar preceitosmodernos, “evitando o ecletismo e o neo-colonial”. No seu primeiro projeto, <strong>um</strong>a residência para MárioBrazil, já notamos <strong>um</strong>a aproximação da estética cubista. A porta-balcão de cada quarto dá para <strong>um</strong> terraçojardim, n<strong>um</strong>a referência a <strong>um</strong> dos cinco pontos propostos por Le Corbusier – alguns de seus projetos, alias,são verdadeiros “exercícios de aprendizado do sistema arquitetônico proposto por Le Corbusier,considerado pelo arquiteto sua maior influência” (CONDURU, 2000)83


No próprio projeto do edifício Esther se enxerga este `exercício´, que nesse caso, teve seu ápice,com <strong>um</strong>a verdadeira representação dos cinco pontos propostos por Corbusier. Observando o projeto, notasea utilização de pilotis, planta livre, janela corrida, fachada livre e terraço-jardim. Uma característicainovadora que encontra-se na planta do Esther – e que já estava presente na planta da residência de seuprimeiro projeto – é a quebra de hierarquia. Na planta da residência Mário Brazil se tem acesso aos quartospor <strong>um</strong>a escada localizada na lateral, na parte de fora - além do acesso pelo corredor íntimo localizado nosegundo pavimento. Já na planta do Esther - nos pavimentos com apartamentos duplex (10º e 11º) –também, com acesso direto através do elevador.Figura 15 - residência Mário Brazil, projeto que Vital Brazil fez com a parceria de Adhemar Marinho em Niterói 1934 (fonte:CONDURU, 2000)Figura 16 - foto e plantas do 10º e 11º andar do edifício Esther, projetado por Vital Brazil em 1935 e de propriedade da Usina Esther(fonte: banco de dados sobre apartamentos <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>)84


Esse foi o primeiro projeto que Vital Brazil fez em São Paulo, mudando para a cidade depois deganho a concorrência (ATIQUE, 2004). Desenvolveu o projeto sozinho, enquanto Adhemar Marinho“cuidava das obras da dupla no Rio de Janeiro” (CONDURU, 2000). O edifício desde o começo foiconsiderado <strong>um</strong> símbolo de modernidade, como nota-se em fotos tiradas da obra com <strong>um</strong> zepellin ao fundo.Também abrigou por alg<strong>um</strong> tempo o escritório de Rino Levi e a residência de Di Cavalcanti.Continuando sua descrição da obra de Vital Brazil, Conduru (2000) indica alg<strong>um</strong>as contradições nasprimeiras obras do arquiteto: entre as inovações técnico-construtivas e estéticas e o programa habitacionalproposto. De fato, ao analisarmos as plantas de dois prédios de apartamentos projetados por Brazil em1934 e 1935, notamos que suas referências foram outras: no projeto de 1934, nota-se <strong>um</strong>a clara separaçãode funções em três zonas estanques - a primeira com <strong>um</strong>a sala dividida em dois ambientes mais ovestíbulo, a segunda com os quartos agrupados no fundo, e a terceira com a cozinha e seus anexos deserviços; já no projeto de 1935, os quartos estão dispostos entre a sala (convívio) e a cozinha (serviços), amesma implantação das casas do período colonial. Villa (2002) afirma que existia <strong>um</strong>a resistência paraaceitação de <strong>um</strong> espaço que mudasse a solução da planta tradicional, burguesa. Esse paradoxo eracolocado em prática nos projetos porque era mais fácil para os clientes aceitarem plantas com influência daburguesia da Belle Époque, porém revestidas com <strong>um</strong>a plástica inovadora, cubista. Conduru (2000)confirma a resistência da clientela com plantas comportando novos programas e disposições:“Com relação ao programa, o avanço foi pequeno na reformulação dos espaçosdas habitações [nos primeiros projetos de Vital Brazil]. As plantas, altamente tributáriasdos tipos de casa tradicionais, evidenciam não apenas o apego dos arquitetos [dele ede Adhemar Marinho] aos padrões acadêmicos, mas, também, os preconceitos daclientela perante as idéias arquitetônicas modernas, sua resistência em aceitar osnovos modos de organização das atividades cotidianas, de tradução dos programas emforma e espaço.” (Conduru, 2000)85


Figura 17 - perspectiva e planta prédio de apartamento projetado por Vital Brazil e Adhemar Marinho no Rio de Janeiro em 1934(fonte: Conduru, 2000)Figura 18 - perspectiva e planta prédio de apartamento projetado por Vital Brazil e Adhemar Marinho no Rio de Janeiro em 1935(fonte: Conduru, 2000)Apesar disso, nota-se já nos seus primeiros projetos de apartamentos, características quereaparecerão no Esther, como os pilotis e as janelas corridas. No prédio de 1935, a circulação vertical seencontra na extremidade do edifício, com <strong>um</strong> fechamento envidraçado (mesma solução utilizada no Esther).86


Paralelamente ao desenvolvimento de seus primeiros projetos, Vital Brazil já dava mostras de seuengajamento profissional, se filiando ao CIAM, ao IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil) e ao Clube deEngenharia. Também contribuiu para o debate arquitetônico publicando alguns artigos para a Revista deArquitetura do Diretório Central da ENBA (CONDURU, 2000). Complementou, portanto, sua formação –tanto no campo da engenharia quanto no da arquitetura – estando atento às renovações que aconteciam naEuropa na época.Irmãos RobertoMarcelo (1908-1964) foi o primeiro dos irmãos a abrir escritório em 1930, ano em que ele segraduou pela Escola Nacional de Belas-Artes no Rio de Janeiro. Bruand (1981) afirma que antes de abrirseu escritório, ele (12) fez <strong>um</strong>a viagem de estudos pela França, Itália e Alemanha. O autor diz que o recémformado arquiteto se identificou com as vanguardas européias, especialmente Le Corbusier, e no Brasil,com as experiências realizadas por Warchavchik.Duas influências corbuseanas aparecem com freqüência em seus projetos de edifícios residenciais:o conceito de immeubles villas, propostas “originalmente no plano para a cidade de três milhões dehabitantes realizada para a cidade de Paris em 1992” e os apartamentos duplex, outra referência do“conceito do edifício-vila” (IZAGA, 2008)Figura 19 - foto e plantas tipo A e B e implantação do edifício Anchieta, projeto Marcelo e Milton Roberto – 1941. Endereço: avenidaPaulista com Avenida Angelica. Propriedade IAPI (banco de dados sobre apartamentos <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>) - projeto realizado dois anos87


depois de seu primeiro projeto de edifício residencial, localizado na rua do Lavradio nº106, no centro do Rio de Janeiro – com previsãode apartamentos duplex (IZAGA, 2008)Até 1936, Marcelo trabalhou também como construtor em parceria com outro empreiteiro (SANTOS,1965), executando suas obras, mas também de outros autores. Verifica-se a mesma atuação no início dascarreiras de Rino Levi e Warchavchik, tanto no período em que atuaram na Companhia Construtora deSantos como já trabalhando em escritórios próprios em São Paulo.Formado quatro anos depois pela mesma escola – <strong>um</strong> ano depois de Alvaro Vital Brazil – Milton(1914-1953) se juntou ao irmão no escritório: estava formado o MM Roberto. Já em 1935, venceram oconcurso para a sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no centro do Rio de Janeiro. Os jovensarquitetos – Marcelo tinha 28 anos e Milton tinha 22 anos – “foram responsáveis, do ponto de vistacronológico, pela primeira grande obra da arquitetura moderna no Brasil.” (PROJETODESIGN, 2004).Participaram da comissão julgadora do concurso o Instituto de Arquitetos (instituição da qual Milton foiposteriormente presidente, de 1949 até 1953, ano de sua morte), o Club de Engenharia, a ENBA; e dosprojetos submetidos, arquitetos como Oscar Niemeyer, Jorge Moreira e Ernani de Vasconcelos (SANTOS,1965). Na década seguinte, em 1944, ingressou no escritório o irmão mais novo, Maurício (1921-1996). Ostrês arquitetos, formados pela mesma escola, estabeleceram seu escritório no mercado com o nome MMMRoberto. Vale lembrar que na fase de construção de outro grande projeto realizado por eles – o aeroportoSantos D<strong>um</strong>ont – o ainda estudante Mauricio já participava de atividades no escritório (IZAGA, 2008)88


Figura 20 - Associação Brasileira de Imprensa (ABI), projeto de Marcelo e Milton Roberto – Rio de Janeiro, 1935 (fonte foto:www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq051). A utilização de brises foi <strong>um</strong>a constante na obra dos Roberto, e que no caso da ABI “tornasea expressão principal do projeto” (IGAZA, 2008). A autora coloca que o brise-soleil foi proposto inicialmente por Le Corbusier, em1933-34, no projeto em Durand na Argélia.Batista descreve constantes que condicionaram os primeiros anos de atividade do trio: “<strong>um</strong>aarquitetura bastante eficiente e respeitada [que] advém, em grande parte, da compreensão, desde muitocedo, da necessidade de se estabelecer <strong>um</strong> campo para a arquitetura; da busca constante, que o trio teve,pela profissionalização e criação de métodos de trabalho que estabelecessem <strong>um</strong>a atuação do arquiteto,não só no que tangia a criação, mas, também, no desenvolvimento de projetos de execução quepermitissem <strong>um</strong> controle eficiente sobre a obra, garantindo, assim, que o projeto inicial não se perdessemimprevistos e improvisações comuns em <strong>um</strong> processo construtivo ainda pouco industrializado como o queera a norma no Brasil.” Alias <strong>um</strong>a característica marcante do escritório é a preocupação com os “infindáveisdetalhamentos que acompanham seus projetos.” (BATISTA, 2006)N<strong>um</strong>a palestra (13) proferida na década de 1940 na ENBA Marcelo indicou, através de dozeprincípios, o que considerava útil para a vida profissional de <strong>um</strong> arquiteto. No que diz respeito aoprocedimento projetual, nota-se <strong>um</strong>a aproximação da opinião de Rino Levi sobre os limites da livre89


expressão artística sobre a obra. O irmão mais velho dos arquitetos – já com dez anos de atuação – diz quea função do arquiteto é a de coordenar as diversas colaborações, e que raramente arquitetura é obra de <strong>um</strong>só. Ele discorda da prerrogativa da “idéia de autor único, solitário e de traço genial, que concebe o projetoem <strong>um</strong> dado momento de inspiração.” (IZAGA, 2008) As etapas de produção do projeto descritas porMarcelo também nos remetem ao modo que Rino Levi projetada: com <strong>um</strong>a etapa inicial de reflexãoindividual do arquiteto gerando desenhos preliminares, que serão posteriormente desenvolvidos por seuscolaboradores, e por fim a “sábia aglutinação das informações”:“Marcelo estava descrevendo o método projetual utilizado por eles, baseado emtrês etapas. Primeiro o lançamento da idéia, efetuada por “<strong>um</strong> arquiteto informado,capaz de colocar conceitos sintéticos a serem desenvolvidos por seus pares” (14). Asegunda diz respeito a ponderada classificação de constantes e variáveis. A terceirarefere-se ao trabalho árduo que envolve disciplina e concentração para a sábiaaglutinação das informações que é efetuada pelo desenho.” (IZAGA, 2008)Antonio Batista (2006) diz que desde 1935, Marcelo Roberto também ministrou aulas no Instituto deArtes da Universidade do Distrito Federal (UDF), <strong>um</strong>a atividade que se somava a atuação profissional naárea, tanto como construtor, como projetando edificações. Marcelo deu aulas de urbanismo na Universidadeque foi extinta em 1939 pelo governo Getúlio Vargas.O escritório dos irmãos Roberto se manteve ativo desde a década de 1930 durante todo o séculoXX, “quando, poucos anos após a morte de Maurício Roberto, seu filho Márcio decide encerrar asatividades.” (BATISTA, 2006).Oscar NiemeyerNiemeyer <strong>nasce</strong>u no dia 15 de dezembro de 1907 e começou seus estudos em arquitetura aos 23 anosno Rio de Janeiro. Também estudou na Escola Nacional de Belas-Artes, na época em que Lúcio Costatrazia suas propostas de reforma. Passou, portanto, pelas mesmas agitações culturais que estudantes comoMarcelo Roberto e Vital Brazil. Depois de frustrada a tentativa de reformulação no ensino, Niemeyer acabouseus estudos ainda influenciado pelas considerações de <strong>um</strong>a escola de belas-artes. David Underwood(2002) diz que “a evolução do pensamento de Niemeyer dependeu consideravelmente de exemplos90


estabelecidos por indivíduos pioneiros que ousaram ir além dos estreitos limites da instrução institucional –Lúcio e Le Corbusier, principalmente.” Inclusive quando se recém formou, estagiou de forma nãoremunerada no escritório de Costa, que por sua vez “lhe ofereceu amplas possibilidades de desenvolversua arte.” (UNDERWOOD, 2002). Experiência e convívio que talvez tenham sido fundamental para aposterior participação do arquiteto no projeto do Ministério da Educação, proposto pelo ministro Capanemae que teve Le Corbusier como consultor.Nas próximas linhas será aprofundado alg<strong>um</strong>as atividades do arquiteto na década de 1950 – quecorrespondem a <strong>um</strong> período de atuação no mercado imobiliário da cidade de São Paulo. Em 1955, funda arevista Módulo, onde segundo Pereira (1997) passa a escrever sistematicamente artigos. Antes disso, a suaprodução de artigos era esparsa, com alguns escritos para revistas do Partido Comunista Brasileiro, ondeentra em 1948. Nota-se <strong>um</strong>a extrapolação dos limites funcionalistas, quando o arquiteto coloca na edição denúmero 21, de 1960 (PEREIRA, 1997), sua opinião sobre os limites da forma no programa de arquitetura:“Sou a favor de <strong>um</strong>a liberdade plástica quase ilimitada, liberdade que não sesubordine servilmente às razões de determinadas técnicas ou de funcionalismo, masque constitua, em primeiro lugar, <strong>um</strong> convite à imaginação, às coisas novas e belas,capazes de surpreender e emocionar pelo que representam de novo, criador. Liberdadeque possibilite, quando desejável, as atmosferas de êxtase, de sonho e poesia.”91


Figura 21 - texto e desenhos do `poema da curva´, Oscar Niemeyer: “Não é o ângulo reto que me atrai. / Nem a linha reta, dura,inflexível, / criada pelo homem. / O que me atrai é a curva livre e / Sensual. / A curva que encontro nas / Montanhas do meu país, nocurso sinuoso / Dos seus rios, nas nuvens do céu, no corpo / Da mulher amada. / De curvas é feito todo o universo. / O universo curvode Einsten”. Reproduzido na revista Módulo nº 97, de fevereiro de 1988. (fonte: PEREIRA, 1997)É também na década de 1950 que Niemeyer passa a projetar edifícios em São Paulo, com aabertura de <strong>um</strong> escritório satélite para o desenvolvimento dos projetos, que estavam sendo feitosprincipalmente para o Banco Nacional Imobiliário (BNI). O BNI tinha como diretor Otávio Frias, e foi porsugestão dele que Niemeyer resolveu abrir <strong>um</strong> escritório em São Paulo. Ele passa a ser convidado aprojetar diversas obras em São Paulo depois do sucesso internacional com o Pavilhão de Nova York (1939)e Pampulha (1940). O Banco atuou n<strong>um</strong>a época em que a cidade começou a expressar sua imagem degrande metrópole através da construção de arranha-céus e melhoramentos urbanos:“O mercado imobiliário paulistano passava por <strong>um</strong> momento de grande expansão,com a cidade se transformando n<strong>um</strong> importante pólo nacional. Diante da enormeprocura por imóveis, várias empresas passaram a se especializar e a investirmaciçamente no setor. Dentro desta efervescência, desenvolveu-se o Banco NacionalImobiliário – BNI que, como o nome indica, unia características do mercado financeiroàs do setor de imóveis. Voltado a classe média, seus clientes eram os compradores empotencial dos empreendimentos imobiliários parcelados e de baixo custo erigidos pelaCarteira Predial do Banco.” (LEAL, 2008)Ao todo são 5 os edifícios projetados por ele em São Paulo, tendo como cliente o BNI: o edifícioCopan, o edifício Montreal, o edifício Eiffel (de uso residencial); e o edifício Califórnia e o edifício Triângulo(de uso comercial).92


Figura 22- foto do edifício Copan, projetado por Oscar Niemeyer em 1951, encomenda do Banco Nacional Imobiliário (fonte: banco dedados sobre apartamentos <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>)O escritório de Niemeyer em São Paulo foi aberto em 1951, e tinha como chefe Carlos Lemos, queia para o Rio de Janeiro pelo menos <strong>um</strong>a vez por mês para resolver questões projetuais eencaminhamentos com o próprio Niemeyer. Os projetos preliminares e de ante-projeto eram criados no Riode Janeiro por Niemeyer, passavam por <strong>um</strong>a apreciação do Banco, e posteriormente seguiam para oescritório em São Paulo, para o seu detalhamento. No escritório, existiam cerca de cinco funcionários entreestagiários e desenhistas, nenh<strong>um</strong> formado, e todos se reportavam diretamente ao Lemos. Umaparticularidade na estrutura do escritório é que não haviam calculistas, todos os trabalhos de cálculos eramrealizados por autônomos indicados pelo cliente.Em 1954, a inauguração do Parque do Ibirapuera, projetado por Niemeyer, deu projeção aindamaior ao seu escritório. Os promotores destes empreendimentos imobiliários faziam questão de associar aqualidade dos edifícios ao nome de Niemeyer. Mas foi justamente neste momento que o arquiteto terminouas atividades de seu escritório em São Paulo, decidindo dedicar-se exclusivamente ao projeto de Brasília.Poderíamos imaginar a produção posterior de Niemeyer caso tivesse continuado trabalhar em São Paulo,devido a sua projeção cada vez maior e a maturidade das relações com o mercado imobiliário.93


Figura 23 - anúncio do edifício Califórnia, mostrando a presença de Oscar Niemeyer no projeto (fonte: LEAL, 2008)ConclusõesAs conclusões deste trabalho se encontram na importância do entendimento do ambiente acadêmico noensino de arquitetura nos anos 1920 e 1930 – período em que os arquitetos pesquisados fizeram os seuscursos; nos caminhos coincidentes ou divergentes que eles tiveram ao longo do aprendizado escolar einício profissional; nas diferentes metodologias de projeto. E a percepção de que estas escolhas foramdeterminantes na arquitetura proposta por cada <strong>um</strong>.Notas1 – “Arquitetura e Estética das Cidades”, publicado no jornal O Estado de São Paulo, no dia 15 de outubro de 1925;2 – carta escrita ao professor P. F. dos Santos em 24/07/1964 (ANELLI, 1995);3 – publicado em 14 de junho de 1925 no jornal da colônia italiana II Picolo;4 – historiador, líder empresarial, engenheiro, deputado e senador;5 – “A origem desta divisão está nas transformações realizadas na França pela Revolução de 1789.” (ANELLI, 1995)94


6 – Rino Levi mostra a dificuldade de atuação na “Oração aos formandos da Faculdade de Arquitetura do R.G.S.” em 195 8: “Naquelaépoca a construção era contratada e realizada n<strong>um</strong> regime predominantemente comercial. Nestas condições, ao cliente interessava,sobretudo, a idoneidade comercial do empreiteiro de obras. O cost<strong>um</strong>e era de solicitarem-se propostas a vários construtores, que sedispunham a fazer o projeto e o orçamento graciosamente. Com relação ao projeto o que interessava era a escolha do estilo. O projetoera elaborado por desenhistas do empreiteiro, hábeis no preparo de perspectivas aquareladas. Os detalhes de execução e osmateriaise acabamento eram apenas descritos em texto.” In: ANELLI, 1995)7 - Panofsky, Erwin. Idea – Contribuición a La historia de La teoria Del arte. Madrid: Ediciones Cátedra, 19898 - Levi, Rino. O que há na arquitetura. In: Revista do Salão de Maio, 1939. In: ANELLI, 19959 - Rino Levi – “Técnica hospitalar e arquitetura”. In: ANELLI, 199510 – em <strong>um</strong> texto publicado em 1926 em Terra Roxa e outras terras , Warchavchik reintera sua influência italiana de formação,afirmando estar “familiarizado da melhor forma com os clássicos”. In: Warchavchik, 200611 – o arquiteto Alvaro Vital Brazil é filho do cientista Vital Brazil Mineiro de Campanha, fundador do Instituto Butantã e do Instituto VitalBrazil (Atique, 2004)12 – Paulo Santos (1965) nos dá <strong>um</strong>a idéia da personalidade de Marcelo: “...irriquieto, nervoso. Ágil de movimentos, ágil também deespírito. Instantâneo nas respostas. Exímio conversador. Conferencista brilhante.”13 – palestra ministrada na Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro em 1940 intitulada “Arquitetura e luta pela vida” (IZAGA,2008)14 – mesma palestra (IZAGA, 2008)Referências bibliográficasAnelli, R. L. S. Arquitetura e cidade na obra de Rino Levi. Tese de doutorado. São Paulo: FAU-USP, 1995Atique, F. Memória Moderna – a trajetória do Edifício Esther. São Carlos: Rima / FAPESP, 2004Batista, A. J. de S. Os irmãos Roberto – por <strong>um</strong>a arquitetura constituída de padronização e singularidade. Dissertação demestrado. Rio de Janeiro: PUC, 2006Body Gendrot, M. Uma vida privada francesa segundo o <strong>modelo</strong> americano. In: Prost, A; Vincent, G. (org). História da vida privada– da Primeira Guerra aos nossos dias. São Paulo: Companhia das Letras, 1992Bruand, Y. Arquitetura contemporânea no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 1981Conduru, R. Vital Brazil. São Paulo: Cosac & Naify, 2000Dahier, L. C. O Edifício Esther e a estética do modernismo. In: Revista Projeto. n. 31, julho 198195


Drebes, F. J. O Edifício residencial e a arquitetura brasileira (1945-1955). Disponível em: www.docomomo.org.br/seminario 5Acesso em: 6 nov 2008Farias, A. A. C. Arquitetura eclipsada – notas sobre história e arquitetura a propósito da obra de Gregori Warchavchik,introdutor da arquitetura moderna no Brasil. v. 2. Dissertação de mestrado. Campinas: IFCH-UNICAMP, 1990Izaga, F. G. de. Os Irmãos Roberto – poética urbana da forma e virtuosismo do elemento. Dispónivel em: Acesso em: 12 nov 2008Leal, D. V.. Oscar Niemeyer e o mercado imobiliário de São Paulo na década de 1950 – o escritório satélite sob a direção doarquiteto Carlos Lemos e os edifícios encomendados pelo Banco Nacional Imobiliário. Disponível em Acesso em: 13 nov 2008Le Corbusier. Precisões de <strong>um</strong> estado presente da arquitetura e do urbanismo. São Paulo: Cosac & Naify, 2004Lira, J. T. C. de. Ruptura e construção – Gregori Warchavchik, 1917-1927. Disponível em: Acesso em: 28 out 2008Pereira, M. A. Arquitetura, texto e contexto – o discurso de Oscar Niemeyer. Brasília: Universidade de Brasília, 1997Projeto Design. Pioneiros do moderno. In: Revista Projeto. n. 298, dezembro de 2004Queiroz, F. A. de. Apartamento <strong>modelo</strong> – arquitetura, modos de morar e produção imobiliária na cidade de São Paulo.Dissertação de mestrado. São Carlos: EESC-USP, 2008Santos, P. Marcelo Roberto. In: Revista Arquitetura. n. 36. Rio de Janeiro: IAB, junho 1965Thomaz, D. Entre a idealização e a realidade. In: AU. n. 43. São Paulo, agosto/setembro 1992Villa, S. Apartamento metropolitano. Dissertação de mestrado. São Carlos: EESC-USP, 2002Underwood, D. Oscar Niemeyer e o modernismo de formas livres no Brasil. São Paulo: Cosas Naify, 2002Warchavchik, G. Arquitetura do século XX e outros escritos – Gregori Warchavchik. São Paulo: Cosac Naify, 20064.2.5 - Construção de siteEtapa prevista no plano de pesquisa, foi produzida <strong>um</strong>a página na internet para registrar e tambémdivulgar informações sobre o andamento da pesquisa. A página contém as disciplinas cursadas e asrespectivas monografias produzidas, e o projeto de pesquisa proposto. A intenção desta etapa de trabalhofoi a aprendizagem da construção de <strong>um</strong> website, que é usado para a divulgação da pesquisa.A divulgação dos resultados sobre a pesquisa na internet se mostra como <strong>um</strong>a possibilidade deinterlocução com pesquisadores de outros centros de pesquisa, <strong>um</strong>a troca de conhecimento muito bem96


vinda no meio acadêmico. A página foi feita usando ferramentas do programa Dream Weaver. Encontra-seno endereço:http://nomads.<strong>usp</strong>.br/pesquisas/espacos_morar_modos_vida/concretos/como_<strong>nasce</strong>_<strong>um</strong>_<strong>modelo</strong>4.3 - Outras atividades4.3.1 - Atividades no nomads.<strong>usp</strong>4.3.1.1 - Encontro com pesquisadores e profissionais de outros grupos4.3.1.1.1 - Profa. Dra. Nadia SomekhReunião realizada na cidade de São Paulo na Universidade Makenzie no dia 4 de maio de 2009.Contou com a participação de alunos do grupo de pesquisa coordenado pela professora Dra. NadiaSomekh: Lina Galhardo, que estuda o processo de verticalização no bairro de Interlagos; e Elida Zufo, queestuda o processo de verticalização no bairro de Higienópolis. Com o docente Antonio Cláudio, que ministraaulas no Makenzie e também participa de atividades do grupo da professora Nadia. Com o pesquisador daFAU-USP Lourenço Gimenez, que tem seus estudos acadêmicos centrados no transporte público, mastambém realiza projetos arquitetônicos de edifícios residenciais através de escritório próprio. E também compesquisadores do grupo <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong> da EESC-USP: o seu coordenador, Professor Assoc. Dr. MarceloTramontano, a Professora Dra. Varlete Benedente, e o doutorando Fábio Queiroz. A reunião foi propostapela professora Nadia, que entre outras publicações, escreveu o livro A cidade vertical e o urbanismomodernizador.O objetivo da reunião foi o planejamento de <strong>um</strong> trabalho sobre verticalização que será desenvolvidoem parceria pelos grupos dos professores Marcelo e Nadia. A proposta é a formação de <strong>um</strong>a equipemultidisciplinar, formada por engenheiros, arquitetos e administradores; com pesquisadores envolvidos com97


o tema da verticalização, mas também por profissionais do mercado imobiliários: projetistas, corretores,construtores, empresários e representantes de entidades, como IAB e SECOVI.Chegou-se a conclusão de que o projeto arquitetônico destes apartamentos piorou ao longo dosanos e que o produto que é oferecido nos dias de hoje é incompatível com as expectativas dos moradores.As possibilidades de pesquisa que se abrem sobre este problema, e que farão parte dos trabalhos destaparceria foram determinadas a partir de 4 grandes temas já trabalhados inicialmente em <strong>um</strong>a oficina sobreverticalização realizada no ano passado, no Mackenzie – legislação, estudo de casos, história, modo devida. São eles:■ por que o projeto de arquitetura destes prédios piorou ao longo do tempo?■ por que os arquitetos perderam espaço e diálogo no processo de produção com relação aos outrosagentes envolvidos?■ por que a produção de <strong>um</strong> edifício de apartamento deixou de ser <strong>um</strong> problema de arquitetura?A equipe pretende, a partir destas constatações, construir instr<strong>um</strong>entos que possam dar diretrizesaos promotores imobiliários, ajudando a melhorar o projeto da habitação.Na reunião houveram várias indicações sobre eventos, pesquisas e autores que trabalham o tema,como o da professora Ivone Mautiner, que coordena <strong>um</strong> grupo de estudos na FAU-USP sobre qualidade deprojeto; alguns seminários realizados pela ENCOL, sobre a consolidação de experiências de projeto; omestrado de Regina Meyer, que trata da produção imobiliária; e o mestrado de Mário Figueroa, que analisaa verticalização de 1927 a 1972. Estas fontes indicadas podem complementar e ajudar a ampliar o quadroteórico construído pelo bolsista.O trabalho que será desenvolvido nesta parceria é importante para esta pesquisa de mestradoporque trata exatamente do objetivo central do estudo: motivos que teriam levado a <strong>um</strong>a padronização dosprojetos de apartamentos em São Paulo. O contato com pesquisadores de outras instituições também traráreferências e pontos de vista diferentes sobre a questão. Já a participação de representantes do mercadoimobiliário paulistano evidenciará como acontece na prática o empreendimento.98


4.3.1.2 - Participação no Projeto de Pesquisa T-HíbridosO projeto de pesquisa Comunidades On-Line foi realizado pelo grupo <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong> n<strong>um</strong>a primeiraedição na cidade de São Paulo, em Cidade Tiradentes. Agora se realizará <strong>um</strong>a nova versão da pesquisa –com o nome de Territórios Híbridos - na cidade de São Carlos, em <strong>um</strong> conjunto habitacional construído pelaCDHU. Este trabalho tem como objetivo perceber e medir possíveis implicações que o uso da internet trazpara o ambiente construído, tanto no conjunto quanto no espaço doméstico de cada família. Conta com aparticipação de vários pesquisadores em iniciação científica, mestrandos, doutorandos e pós-doutorandos,além da supervisão dos professores Drs. Marcelo Tramontano, Anja Pratske e Varlete Benedente.O projeto traz <strong>um</strong>a mudança com relação ao outro trabalho desenvolvido em Cidade Tiradentes. Eleterá <strong>um</strong> centro móvel de acesso e uso de internet que será implantado em <strong>um</strong> reboque de carro, que serátransportado até a comunidade. Ele é composto por 4 CPUs virtualizadoras que atendem <strong>um</strong> total de 12estações de trabalho, mais impressoras, scaners, filmadoras e câmeras fotográficas.A parte do plano que coube ao bolsista desenvolver foram: ajudar na definição da configuração doscomputadores; fazer o levantamento do custo e do cons<strong>um</strong>o de energia dos seus componentes; atualizar aplanilha geral de gastos; e preenchimento de dados relativos ao projeto nos formulários padrão da FAPESP.O plano foi enviado para a análise na FAPESP ainda no mês de abril.As leituras dos espaços domésticos e as qualificações no ambiente geradas por esta intervençãoajudam a entender como as pessoas usam a sua casa, e a incompatibilidade dela com a presença deinúmeros equipamentos eletrônicos de comunicação e informação, como televisores, computadores, videogames,etc. Perceber estas demandas espaciais a partir do uso do espaço é importante para esta pesquisade mestrado, porque confirma a inadequação da habitação atual com os modos de vida contemporâneo.Além disso, n<strong>um</strong>a primeira etapa, será realizado <strong>um</strong> levantamento de informações sobre o conjuntohabitacional, como dados comportamentais dos moradores e seu perfil demográfico, características físicas ede usos dos ambientes domésticos, etc. que também serão úteis para o entendimento de como as pessoasusam a habitação.Será acrescentada a estas informações, dados colhidos por <strong>um</strong> trabalho realizados no âmbito dadisciplina de APO (Avaliação Pós Ocupação) que o bolsista fez para o c<strong>um</strong>primento de créditos noPrograma de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da EESC-USP (item 4.1.4). A disciplina foiministrada pelos professores Drs. Márcio Minto Fabrício, Marcelo Tramontano e Sheila Ornstein. O grupo99


que realizou este trabalho fez levantamento: do mobiliário - tamanho, forma e posição; dos equipamentoseletrônicos; dos moradores; e dos usos.4.3.1.3 - doc.nomadsO bolsista administra o acervo doc<strong>um</strong>ental do núcleo desde o início de 2008. O <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>mantém <strong>um</strong> ambiente com vários tipos de doc<strong>um</strong>entos. São amostras de materiais de construção, catálogostécnicos, relatórios de pesquisa, monografias, artigos, dissertações, teses, livros, revistas, CDs, DVDs, etc.Os pesquisadores do Núcleo doam <strong>um</strong>a cópia do material acadêmico individual produzido para aDoc<strong>um</strong>entação. Soma-se <strong>um</strong> grande acervo para pesquisa: são cerca de 500 livros e 1000 revistas.No ano passado os doc<strong>um</strong>entos foram liberados para uso fora do <strong>Nomads</strong>, para alunos da EESC-USP. Para isso, foi realizada <strong>um</strong>a catalogação eletrônica dos doc<strong>um</strong>entos em <strong>um</strong>a base de dados, quecontém informações como título da obra, autor, assunto, etc. Qualquer aluno da Escola de Engenharia deSão Carlos pode acessar o endereço do site na internet, fazer sua pesquisa, escolher o material, reserva-loe trocar e-mails com o administrador da doc.nomads.Pode-se acessar a interface de busca a partir de <strong>um</strong> link no website do <strong>Nomads</strong>. Nesta interfaceexistem alg<strong>um</strong>as informações sobre a doc<strong>um</strong>entação e o procedimento para a retirada do material. Foidesenvolvida junto com <strong>um</strong>a pesquisadora em iniciação científica do curso de Ciências da Computaçãoutilizando recursos do software Dream Weaver.A digitalização dos dados e sua inserção n<strong>um</strong>a base fazem parte de <strong>um</strong>a reorganização maior feitapelo Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da EESC. O mesmo procedimento decatalogação foi realizado por outros grupos de pesquisa do mesmo Programa, e, a estes foi acrescentadotodo o acervo do Centro de Doc<strong>um</strong>entação (CEDOC) do Departamento, formando <strong>um</strong> grande e únicoacervo geral.Outro trabalho realizado pelo bolsista foi a encadernação de alguns doc<strong>um</strong>entos. Em alguns casosas folhas estavam soltas, em outros grampeadas, e na maioria das vezes encadernada com espiral. Issodificultava a visualização do material na prateleira. Em todas as fotocópias foram feitas encadernaçõespadronizadas com canaleta plástica. Cada tipo de material tem <strong>um</strong>a cor diferente. Por exemplo, azul para asteses ou vermelha para as dissertações. O próximo trabalho será a colocação de etiquetas nos exemplarescom o código.100


Além disso está previsto para os próximos meses <strong>um</strong> trabalho de divulgação da nomads.doc nocampus. A doc<strong>um</strong>entação possui <strong>um</strong>a grande diversidade de temas em seu acervo, e pode ser de grandeinteresse para os pesquisadores da Escola.Figura 24 - interface de busca dos doc<strong>um</strong>entos do <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong> que o pesquisador desenvolveu: www.nomads.<strong>usp</strong>.br/doc<strong>um</strong>entacao4.3.2 - Bancas assistidas no Programa de Pós-Graduação em AU daEESC-USP4.3.2.1 - Bancas de mestrado:4.3.2.1.1 - Fulvio Teixeira de Barros Pereira – realizada no dia 8 de abril de 2008, a bancaexaminadora teve a participação de prof. Titular Dr. Renato Luiz Sobral Anelli (orientador), prof. Dr. CarlosRoberto Monteiro de Andrade (EESC-USP) e prof. Dr. José Tavares Correa de Lira (FAU-USP). Pesquisacom o título "Difusão da arquitetura moderna na cidade de João Pessoa – 1956-1974"4.3.2.1.2 - Cícero Ferraz Cruz – realizada no dia 26 de setembro de 2008, a banca examinadora tevea participação de profa. Dra. Maria Ângela Bortolucci (orientadora), prof. Associada Dra. Akemi Ino (EESC-1<strong>01</strong>


USP) e prof. Titular Carlos Alberto Cerqueira Lemos (FAU-USP). Pesquisa com o título "Fazendas do sul deMinas – arquitetura rural nos séculos XVIII e XIX"4.3.2.1.3 - Fábio Abreu de Queiroz – realizada no dia 1 de outbro de 2008, a banca examinadorateve a participação de prof. Associado Dr. Marcelo Tramontano (orientador), prof. Dr. Márcio Minto Fabrício(EESC-USP) e profa. Dra. Nádia Somekh (Mackenzie). Pesquisa com o título "Apartamento <strong>modelo</strong> –arquitetura, modos de morar e produção imobiliária na cidade de São Paulo"102


5 - Atividades realizadas, não previstasinicialmente no plano5.1 - Visitas técnicas a edifícios de apartamentos na cidade de SãoPauloForam realizadas 4 visitas técnicas a edifícios residenciais na cidade de São Paulo: a primeiraem Dezembro de 2008, a segunda em Fevereiro de 2009,a terceira em Abril de 2009 e a quarta e Maio de2009. Elas tiveram grande contribuição para a compreensão destes projetos. Os objetivos das visitas foram:• contribuir para a complementação do banco de dados sobre apartamentos na cidade de São Paulo, feito eatualizado continuamente por pesquisadores do <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>. Informações de edifícios que forampreviamente selecionados, e de outros que eventualmente foram encontrados, e que tinham alg<strong>um</strong>interesse arquitetônico;• verificar as informações contidas no banco. O banco de dados contém peças gráficas dos edifícios, comoplantas, perspectivas e fotos; mais dados referentes ao projeto, como número de pavimentos, áreas, autordo projeto e proprietário. Notou-se que em alguns casos o empreendimento nem chegou a ser realizado,como no caso de <strong>um</strong> projeto de Gregori Warchavchik na Rua Araujo. Mas também de outros que mantémseus aspectos formais originais, como no projeto de Giancarlo Palanti na Rua Barão de Tatuí, com amesma cobertura de entrada;• auxiliar na compreensão dos projetos. Em alguns edifícios, o bolsista teve a oportunidade de entrar nasunidades e conversar com moradores, usuários e funcionários. Notou-se alguns detalhes, que por vezesnão aparecem nos projetos, como o duto de lixo do edifício projetado por Palanti, a abertura dos caixilhosdo edifício Esther, ou a pré-fabricação dos elementos de fechamento de <strong>um</strong> edifício projetado por Rino Levina avenida Visconde do Rio Branco;• entender o processo de verticalização em São Paulo e as transformações da paisagem da cidade ao longodo século XX. Percebeu-se a predominância de prédios em determinadas regiões em cada década; emudanças no uso do solo, no traçado viário, nos transportes, no porte das edificações, que influenciam nadegradação ou valorização das áreas;103


• notar que em alguns projetos, principalmente os projetados nas décadas de 1940 e 1950 por arquitetosmodernistas, existem qualidades que se perderam com o tempo, como a relação do edifício com o entorno,com o térreo aberto para trânsito de pedestres e moradores; ou a diversidade dos usos, que previam alémdo residencial, comercial ou serviços, etc.Para cada edifício escolhido foi feito <strong>um</strong>a ficha (anexo 9.1), com informações básicas sobre oempreendimento, como nome do edifício, ano de projeto, autor da obra, endereço, etc. Junto a estes dados,peças gráficas, como plantas, perspectivas, fotos de época; e mais <strong>um</strong> mapa (anexo 10.2.1) da região ondeo edifício se insere. O objetivo da ficha é a comparação de conteúdo do empreendimento idealizado com aobra construída.Em cada visita realizada, as informações foram doc<strong>um</strong>entadas através de anotações em cada<strong>um</strong>a das fichas e também com registro fotográfico: de detalhes do saguão de entrada, da sacada, ou dosinteriores das unidades; do edifício e suas áreas externas; e do entorno. Posteriormente, todos os dadosforam organizados e analisados para uso desta pesquisa, mas também inseridos no banco de dados,complementando-o.5.1.1 - Visita técnica 1: projetos modernistasNas duas primeiras visitas o bolsista percorreu o roteiro pré-definido sozinho. Na primeira visita,realizada no dia 23 de dezembro do ano passado foram selecionados alguns exemplares de edifíciosconstruídos nas décadas de 1930, 40 e 50 que foram projeto de arquitetos modernos. E outros quesurgiram no caminho e que não estavam previamente selecionados, mas que faziam parte do banco dedados do <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>. Foram visitados:- edifício Esther (1935), avenida Ipiranga esquina rua Sete de Setembro - projeto de Álvaro Vital Brazil eAdhemar Marinho;- edifício Porchat (1940), avenida São João Esquina rua Apa - projeto de Rino Levi;- edifício Prudência (1944), avenida Higienópolis 265 - projeto de Rino Levi;- edifício Louveira (1946), rua Piauí em frente praça VilaBoim - projeto de Vilanova Artigas;- edifício na rua Conselheiro Nebias 1057 (1946) - projeto de Rino Levi (não construído);- edifício na rua Araújo 130 (1947) - projeto de Gregori Warchavchik (não construído);- edifício Lausanne (1953), avenida Higienópolis 1<strong>01</strong> - projeto de Franz Heep;- edifício Guatemala (1955), avenida Nove de Julho esquina rua Barata Ribeiro - projeto de Francisco Beck;- edifício Racy (1955), avenida São João esquina rua Helvetia - projeto de Aron Kogan.104


5.1.2 - Visita técnica 2: projetos anteriores a 1942A segunda visita foi realizada dia 26 de fevereiro desde ano, e selecionou alguns edifíciosprojetados até o ano de 1942. Entende-se que a lei do Inquilinato instituída neste ano – e reeditada váriasoutras vezes nesta década – obrigou o mercado imobiliário a reestruturar a sua forma de produção,influenciando o produto resultante. O objetivo foi perceber diferenças que existem entre os projetados antesde 1942, e outros, construídos posteriormente. Foram visitados:- palacete Riachuelo (1925), rua Dr. Falcão Filho esquina rua José Bonifácio - projeto de Luis Asson;- palacete Carrera (década de 1930), praça Júlio de Mesquita 90;- prédio 7 de Setembro (década de 1930), largo Sete de Setembro esquina rua da Gloria;- hotel Urca (década de 1930) alameda Barão de Limeira esquina rua Vitória;- edifício Paissandu (1935), largo do Paissandu 100 - projeto de Jacques Pilon;- edifício na rua Barão de Limeira 1003 (1938) - projeto de Gregori Warchavchik;- edifício São Luis (1940), praça da República esquina avenida Ipiranga - projeto de Jacques Pilon;- edifício Serpe (1940), rua Sebastião Pereira 41 - projeto de Jacques Pilon;- edifício Goytacaz (1942), avenida Nove de Julho 254 - projeto de Jacques Pilon.5.1.3 - Visita técnica 3: Santa Ifigênia, Santa Cecília, Campos ElíseosNa terceira e quarta ida pra São Paulo, as visitas técnicas foram acompanhadas por integrantesdo grupo de estudos Espaços de Morar do <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>: pesquisadores em iniciação; mestrandos; edoutourandos. Todos sob a supervisão do Prof. Assoc. Dr. Marcelo Tramontano. A presença depesquisadores envolvidos com o tema da habitação contribuiu para <strong>um</strong>a leitura mais ampla dos edifícios.Na terceira visita, realizada em 3 abril de 2009, foram escolhidos principalmente edifícios nosbairros de Santa Ifigênia, Santa Cecília e Campos Elíseos. Quase todos entre as décadas de 1930 e 50.São eles:- edifício Angel (1927), avenida Angélica - projeto de Julio de Abreu;- palacete Carrera (década de 1930), praça Júlio de Mesquita 90;- hotel Urca (década de 1930) alameda Barão de Limeira esquina rua Vitória;- edifício Esther (1935), avenida Ipiranga esquina rua Sete de Setembro - projeto de Álvaro Vital Brazil eAdhemar Marinho;- edifício na rua Barão de Limeira 1003 (1938) - projeto de Gregori Warchavchik;- edifício Porchat (1940), avenida São João Esquina rua Apa - projeto de Rino Levi;105


- edifício Copan (1951), Avenida Ipiranga esquina rua Araújo - projeto de Oscar Niemeyer;- edifício Vila Normanda (1953), avenida São Luis - projeto de Antonio José Capote Valente;- edifício Lili (1953) - rua Barão de Tatuí - projeto de Giancarlo Palanti;- edifício Racy (1955), avenida São João esquina rua Helvetia - projeto de Aron Kogan;- edifício na rua Bento de Freitas esquina rua General Jardim (1955) - projeto de Eduardo Kneese de Mello;5.1.4 - Visita técnica 4: HigienópolisA quarta visita aconteceu no dia 30 de Maio de 2009. Foram escolhidos prédios na região deHigienópolis, principalmente os projetados até a década de 1960:- edifício Higienópolis (1935), rua Conselheiro Brotero 1092 – projeto de Rino Levi;- edifício Prudência (1944), avenida Higienópolis 265 - projeto de Rino Levi;- edifício Louveira (1946), rua Piauí em frente praça VilaBoim - projeto de Vilanova Artigas;- edifício Lausanne (1953), avenida Higienópolis 1<strong>01</strong> - projeto de Franz Heep;- edifício na avenida Higienópolis (1962) – projeto de Franz Heep;- edifício Itacolomi (1964), rua Itacolomi – projeto de Victor Reif;- edifício na rua Bahia esquina rua Maranhão (1964), projeto de Francisco Beck;- edifício na rua Dr. Albuquerque Lins (1964) – projeto de Pedro Paulo de Melo Saraiva;- edifício Dora Cunha Bueno (1971), rua Maranhão 829;- edifício Colina (1973), praça Vilaboim 52;- edifício Ilha de Nassau (1985), rua Veiga Filho 259 – projeto de Danilo Penna;5.1.5 - Próximas visitas técnicasPara o segundo semestre de 2009 estão previstas mais duas visitas. Uma delas já tem definidoo seu roteiro (que é sempre discutido através das reuniões Espaços de Morar): edifícios localizados notriângulo histórico - formado pela rua XV de Novembro, rua São Bento e rua Direita – e imediações. Umaseleção preliminar já foi feita:- edifício na rua São Bento (década de 1910) - projeto de Ramos de Azevedo;- edifício na rua Florêncio de Abreu (década de 1910) - projeto de Samuel das Neves;- Grande Palazzo Médici (1912) – rua Libero Badaró - projeto de Samuel das Neves;- edifício na rua Formosa esquina largo dos Piques (1912) - projeto de Samuel das Neves;- edifício na rua dos Andradas (1912) - projeto de Samuel das Neves;106


- edifício na rua Florêncio de Abreu esquina Senador Queiroz (1914) - projeto de Samuel das Neves;- edifício na rua do Carmo (1919) - projeto de Samuel das Neves;- edifício Luiz de Resende Puech (1921), rua Florêncio de Abreu - projeto de Ramos de Azevedo;- edifício na rua Barão do Itapetininga esquina rua D. José de Barros (década de 1920) – projeto de Samueldas Neves;- edifício na rua do Carmo 20 (década de 1920) – projeto de Samuel das NevesFigura 25 - projeto de edifício de apartamentos de Gregori Warchavicchik na Rua Araújo, de 1947 (não construído): foto – visita Abril-2009Figura 26 - projeto de edifício de apartamentos de Gregori Warchavicchik na Rua Araújo, de 1947 (não construído): perspectiva –banco de dados <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>107


Figura 27 - edifício de apartamentos de Giancarlo Palanti na Rua Barão de Tatuí, de 1953: foto – visita Abril-2009Figura 28- edifício de apartamentos de Giancarlo Palanti na Rua Barão de Tatuí, de 1953: foto – banco de dados <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>Figura 29 - foto – interior de apartamento - edifício projetado por Giancarlo Palanti na Rua Barão de Tatuí, de 1953 - visita Abril-2009Figura 30 - foto – interior de apartamento - edifício Esther, de 1935 - visita Dezembro-2009108


Figura 31 - edifício Porchat, de Rino Levi, Rua São João, de 1940 – elevado cruzando a frente do edifício – visita Dezembro-2008Figura 32 - edifício Angel, de Julio de Abreu, Rua Angélica, de 1927 – mudança de uso: agora, <strong>um</strong>a loja de móveis – visita Abril-2008109


Figura 33 - edifício Vila Normanda, de Antonio José Capote Valente, Rua São Luis, de 1953 – galeria comercial situada no térreo doedifício (diversidade de usos e transito de pedestres pelo interior do lote) – visita Abril-2009Figura 34 - edifício Prudência, de Rino Levi, Avenida Higienópolis 265, de 1944 – outro exemplo de térreo aberto e integrado com arua (hoje fechado com grades) – visita Dezembro-2009Figura 35 - outros prédios em Higienópolis e proximidades que mantém essa relação do objeto arquitetônico com o entorno imediato(prédios que o banco de dados ainda não possui plantas nem autoria de projeto) – visita Maio-20095.2 - PAEO bolsista participou de <strong>um</strong> estágio supervisionado em docência no PAE – Programa deAperfeiçoamento do Ensino – no primeiro semestre de 2009 na disciplina SAP 617 - Projeto III do curso deArquitetura e Urbanismo da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, ministradapelos professores Titular Dr. Renato Anelli e Prof. Assoc. Dr. Marcelo Tramontano. O objetivo do estágio épermitir que alunos da pós-graduação entrem em contato com as atividades de docência dos cursos degraduação.A proposta de exercício para os alunos se desenvolveu em torno de <strong>um</strong>a linha de VLT – veículoleve sobre trilhos – para a cidade de São Carlos. Neste primeiro semestre, o trabalho foi dividido em trêsetapas: a definição do roteiro da linha e suas paradas; o projeto das estações; e o projeto de <strong>um</strong>a escolapara o entorno. O tema exigiu que o pesquisador se informasse sobre este tipo de transporte urbano, suascaracterísticas, os benefícios, a implantação, alguns exemplos, e mais a leitura de textos sobre o assunto.Os professores apresentaram em aula projetos de VLT que foram implantados em outros países, comoItália, França e Estados Unidos. A compreensão destes exemplos mais a revisão bibliográfica sobre o tema– sugerida pelos professores e disponibilizada no site da disciplina – deram subsídios para o entendimentodo problema e da importância de alternativas para o transporte público das cidades. Meios de locomoçãoque poluam menos o meio ambiente e que causem menos congestionamento.O pesquisador começou suas atividades antes do início das aulas desenvolvendo <strong>um</strong> website, ondeestão todas as informações referentes ao conteúdo da disciplina, como objetivos, métodos e avaliações.110


Todo o material produzido pelos alunos nos exercícios programados, mais as referências bibliográficasindicadas pelos professores foram continuamente postadas. A criação e atualização do site foram feitasusando ferramentas do software – o Dream Weaver.Figura 36 - website da disciplina que o pesquisador desenvolveu e atualizouTambém houve a necessidade do levantamento de alguns dados na prefeitura de São Carlos. Ospontos escolhidos onde se localizam as três grandes estações são: o mercado municipal, a rodoviária, e ohospital escola. Os mapas do traçado viário, do loteamento e da topografia foram conseguidos naSecretaria de Habitação. Eles também foram disponibilizados no site para uso dos alunos.Para a etapa do projeto da escola, os alunos tiveram que seguir as diretrizes determinadas pelaFDE – Fundação para o Desenvolvimento do Ensino. Foi programada para o mês de maio <strong>um</strong>a visita aquatro escolas da FDE construídas em Campinas. O objetivo foi mostrar alg<strong>um</strong>as possibilidades técnicas eplásticas conseguidas pelos arquitetos que projetaram estas escolas, e que seguiram todas as normasindicativas de espaços e restrições da FDE. No mesmo dia, além das escolas de Campinas, foi prevista avisita ao CEU-Butantã em São Paulo. O bolsista entrou em contato com a direção de cada <strong>um</strong>a das escolasde Campinas para a autorização das visitas e o agendamento dos horários. Também foram atualizados osdados das escolas, como o nome, complemento de endereço, contato, telefones, etc. No caso do CEU ocontato foi feito diretamente com a Secretaria Municipal de Educação. O pesquisador organizou todo oagendamento das escolas e participou das visitas.Além disso, nas aulas práticas, o pesquisador auxiliou os professores no atendimento a cada <strong>um</strong>adas equipes para o desenvolvimento dos trabalhos.111


Figura 37 - EE Roberto Marinho, projeto de Andrade e Moretini;Figura 38 - EE prefeito José Roberto Magalhães Teixeira, projeto de MMBBFigura 39 - EE Maria de Lurdes, projeto de Veiner e Polielo;Figura 40 - EE Telêmaco Paioli Melges, projeto de UNA112


Figura 41 - CEU Butantã – São Paulo113


6 - Participação em eventos6.1 - Palestras6.1.1 - Palestra prof. Dr. Nabil BondukiPalestra realizada na Escola de Engenharia de São Carlos no auditório Jorge Caron no dia 6 demaio de 2009. Teve como tema a atual política habitacional do governo federal.Inicialmente o palestrante contextualizou historicamente a produção habitacional destinada aclasses de renda inferiores. Com a diversificação do capital cafeeiro e o desenvolvimento da cidade de SãoPaulo, chega-se ao primeiro período exposto. Os empresários ligados ao ramo do café investem osexcedentes obtidos com a exportação e começam a investir na cidade, e, <strong>um</strong>a das atividades econômicas éa construção civil. Para os mais pobres eles constroem casas e vilas operárias, mas também começam asurgir habitações insalubres e cortiços. Esta é <strong>um</strong>a época em que o poder público não intervêm naprodução.A seguir, chega-se n<strong>um</strong>a fase em que o governo começa a participar, com as Caixas dos Institutosde Aposentadoria e Pensões (IAPs), que construíam para os seus associados; e posteriormente com aFundação da Casa Popular (FCP), que foi o primeiro órgão criado especificamente para produzir habitaçõesde interesse social. É no governo de Getúlio Vargas que se começa a popularizar a opção de compra dacasa. Em parte, influenciado pela lei do Inquilinato, que congelou os preços dos alugueis e desestimulou aconstrução de casas para esse fim.Já nas décadas de 1960 e 70, novamente em <strong>um</strong> regime autoritário, o governo cria o BancoNacional de Habitação (BNH). Apesar de alg<strong>um</strong>as críticas, como a falta de participação popular nosprocessos decisórios e a falta de qualidade arquitetônica dos conjuntos, os militares conseguiram viabilizara produção de <strong>um</strong> número significativo de habitações. Com a desestruturação do Banco na década de1980, chega ao fim <strong>um</strong> <strong>modelo</strong> de financiamento, que tinha como as duas grandes fontes o Fundo deGarantia de Tempo de Serviço (FGTS) e o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). Osfinanciamentos habitacionais do governo foram redimensionados e direcionados para a Caixa Federal (CF).114


O palestrante também mostrou detalhes sobre o novo programa habitacional do governo federal:"Minha casa, Minha vida". Antes do lançamento do programa, o projeto foi longamente debatido através deinterlocuções realizadas pelo Ministério das Cidades, com a participação da sociedade civil organizada,representantes do setor da construção civil, etc. Ele mostrou as dificuldades geradas para a finalização doprojeto por causa da reestruturação sofrida neste ministério a partir de 2005.O programa prevê o atendimento a várias faixas de renda, e terá subsídios para as de renda maisbaixa. Outras questões levantadas foram a construção de habitações para a população residente na zonarural; a pesquisa sobre inovações nos métodos construtivos; a localização que estas habitações teriam nacidade e a questão fundiária; a utilização de planos diretores como instr<strong>um</strong>ento de restrições a especulaçãofundiária, etc.Esta apresentação do professor Dr. Nabil Bonduki se insere n<strong>um</strong> ciclo de palestras sobre políticaspúblicas para a habitação que o Programa de Pós-Graduação de em Arquitetura e Urbanismo da EESC-USP organizou. A outra palestra foi a de Raquel Rolnik.6.1.2 - Palestra profa. Dra. Raquel RolnikDentro do ciclo de palestras sobre políticas públicas atuais para habitação, realizou-se na EESC apalestra com a professora Dra. Raquel Rolnik no dia 3 de junho de 2009. Ela expôs detalhes da concepçãoe desenvolvimento do programa Minha casa, Minha vida do governo federal, comparando com exemplos deprogramas realizados em outros países, como México e Chile.Mostrou também a influência que grandes empresários do ramo imobiliário tem sobre o governo e apriorização do programa para a dinamização do capital da indústria da construção civil. Apenas 200empresas no Brasil são "gericadas", ou seja, tem experiência em gestão de capital de risco e aptas aempreender casas dentro do programa. Os próprios números evidenciam esta inversão: 1 bilhão de reaisdestinado ao fundo para a produção de habitação de interesse social, e 34 bilhões para o programa MinhaCasa, Minha Vida.Por outro lado, descreveu alg<strong>um</strong>as regras que os municípios terão que adotar para conseguiremverbas do programa: promover desonerações tributárias, doação de terrenos em áreas consolidadas,implementar os mecanismo do estatuto da cidade, etc.115


6.1.3 - Palestra urbanista doutorando Mathieu PerrinApresentação do doutorando Mathieu Perrin do Institut d´Urbanisme de Grenoble da UniversitéGrenoble II Pierre Mendès France. O pesquisador fez intercâmbio no ano de 2008 no <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong> e no mêsde novembro deu <strong>um</strong>a palestra para o departamento de Arquitetura.Apresentou o problema dos condomínios fechados como <strong>um</strong> fenômeno mundial – a sua pesquisacaracteriza alguns exemplares destas moradias em três países: Estados Unidos, África do Sul e Brasil.Evidencia a origem e as especificidades no processo de formação dos condomínios em cada <strong>um</strong> desteslugares, inserindo-os n<strong>um</strong> contexto de forte evolução das relações sociais e de poder. Essa análise integrasea <strong>um</strong>a reflexão mais ampla sobre as mudanças dos <strong>modelo</strong>s sócio-espaciais e de morar desde o fim doséculo XIX.Ele mostrou que na construção de condomínios há <strong>um</strong>a territorialização do habitar, e que issoacaba institucionalizando o ambiente: <strong>um</strong>a forma de defesa de interesses particulares. Segundo Lagroye, ainstituição é "<strong>um</strong> conjunto de práticas, de tarefas particulares, de ritos e regras de conduta entre pessoas.Mas a instituição é também o conjunto das crenças ou das representações relacionadas a essas práticas,que definem sua significação e que tem tendência a justificar sua existência". Mathieu também definiu aterritorialização do habitar como "a delimitação de <strong>um</strong> espaço que a vizinhança considera importante depreservar para evitar que esse mesmo perca a sua qualidade original".Além disso, expôs alg<strong>um</strong>as definições sobre o habitar, como a de Heidegger: "construir, habitar,pensar", e outras sobre o espaço habitável, como a de Chalas: "área de ritos, dos cost<strong>um</strong>es, dasmobilidades, das práticas, das sociabilidades". Além de alg<strong>um</strong>as referências sobre o crescimento daindividualidade: "A democracia na América" de Tocqueville, e "A democracia contra ela mesma" deGauchet.O pesquisador também mostrou alguns resultados preliminares do trabalho desenvolvido na cidadede São Carlos. Foram feitas visitas a vários condomínios fechados e entrevistas com alguns moradores (verdetalhes no Espaços de Morar, item 4.2.1.1).116


6.1.4 - Palestra prof. Dr. João Sette Withaker FerreiraPalestra realizada na Escola de Engenharia de São Carlos no auditório Jorge Caron em março de2008. Teve como tema central a cidade global. Houve também o lançamento do livro "O mito da cidadeglobal", que é <strong>um</strong> desdobramento de sua tese de doutorado.Segundo o autor, o objetivo é "contribuir para a desmistificação de <strong>um</strong> conceito amplamentedivulgado no meio urbanístico brasileiro e internacional: o de que as cidades de hoje, para conseguiremsobreviver ao ambiente competitivo e globalizado da economia atual, devem seguir <strong>um</strong> receituárioespecífico, de forte perfil neoliberal, cuja implementação deve ser feita através de "novas" técnicas deurbanismo como o Planejamento Estratégico. A esse padrão urbano foi dado o nome de "cidade-global".Além do conceito de cidade global, mostrou também a sua incompatibilidade com São Paulo, ecomo os critérios para a sua utilização não se aplicam para a cidade.6.2 - Café com PesquisaO Café com pesquisa é <strong>um</strong> evento organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Arquitetura eUrbanismo da EESC-USP com o objetivo de permitir aos seus alunos apresentar suas pesquisas. Tambémé <strong>um</strong>a oportunidade para os pós-graduandos debateram seus estudos com outros pesquisadores. Obolsista participou como ouvinte em <strong>um</strong>a edição, descrita a seguir.6.2.1 - Café com Pesquisa - Maristela JanjulioRealizada dia 25 de junho de 2008 no auditório Paulo de Camargo no Departamento de Arquiteturae Urbanismo da EESC-USP, estava inserida no ciclo de palestras do programa "Café com Pesquisa". Aarquiteta Maristela Janjulio - mestranda do Programa - analisou o tema "Ressonâncias arts and crafts naarquitetura residencial paulistana nos anos 1920/30".O movimento arts and crafts surgiu na Inglaterra no fim do século XIX valorizando o ato do trabalho,e não somente o produto final. Era <strong>um</strong>a reação contra o processo de industrialização ocorrido na Europa e adivisão do trabalho. Segundo a autora, "na arquitetura, esta reação à divisão do trabalho transparece no117


conceito da unidade do desenho e da obra de arte total". Mostrou as ressonâncias do movimento no Brasil,especialmente em São Paulo no pós Primeira Guerra.6.3 - Seminários6.3.1 - Seminário TIC_ARQ_URB - 5O seminário TIC_ARQ_URB acontece periodicamente desde 2004 e reúne os dois grupos depesquisa do Programa de Pós-Gradação em Arquitetura e Urbanismo da Escola de Engenharia de SãoCarlos que trabalham a inserção das tecnologias de informação e comunicação na arquitetura: O e-Urb –Urbanização Virtual e Serviços Urbanos Telemáticos - e o <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong> – Núcleo de Estudos de HabitaresInterativos.A edição de 2008 contou com a participação do Prof. Dr. José dos Santos Cabral Filho do LAGEARda UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais. Ele mostrou trabalhos por ele propostos na disciplina deProjeto, com instalações feitas pelos alunos na universidade usando tecnologias de informação. Foramdiscutidas também metodologias de pesquisa de cada grupo, procurando fazer aproximações com osobjetos de estudo.118


7 - Plano de trabalho para as próximas etapas dapesquisaA partir do que já foi estudado nas etapas anteriores, concluiu-se que na etapa 7, de coleta dedados complementares, seria importante <strong>um</strong> aprofundamento nas seguintes questões:- normas para financiamento do BNH: análise da doc<strong>um</strong>entação que possivelmente indicava diretrizes paraos projetos arquitetônicos dos edifícios financiados pelo Banco nas décadas de 1960 e 70. O interesse queo BNH tinha em conseguir produzir <strong>um</strong> grande número de habitações pode tê-lo levado a condicionar ofinanciamento à manutenção de <strong>um</strong> projeto padrão;- outras fontes bibliográficas que acrescentem informações sobre o processo de verticalização e a produçãode edifícios.7.1 - Próximas etapas de trabalhoetapa 7 – Coleta de dados complementares – será dada preferência para a análise das normas do BNHreferentes às condições que o Banco colocava para o financiamento das habitações. É possível que estasregras contenham condicionantes que limitavam as soluções espaciais dos apartamentos. O bolsista járealizou <strong>um</strong>a análise através de fontes secundárias sobre o surgimento e estruturação do BNH, relatado noitem 4.2.4 "produção de textos": ABECIP, 1977; Azevedo, 1996; Bolaffi, 1980; Bonduki, 1997; Bonduki eRolnik, 1979; Borges, 1973; Brandão, 1997; Cardoso, 1996; Coccaro, 2000; Costa, 1972; Fabrício, 1996;Lago e Ribeiro, 1996; Maricato, 1983; Ribeiro e Azevedo, 1996; Salgado, 1997; Trindade, 1971. Agora, oobjetivo é analisar diretamente os doc<strong>um</strong>entos do banco: suas diretrizes, normas e leis que eventualmentetenham influenciado nos projetos.Em conversa com pesquisadores que estudam políticas públicas e produção de habitação – Profs.Drs. Nabil Bonduki, Raquel Rolnik, Sarah Feldman, Miguel Buzzar, Rossella Rossetto, e com a doutorandaMaria Cecília Luchese, – o bolsista soube que o acervo doc<strong>um</strong>ental do BNH foi repassado para a CaixaEconômica Federal quando ele foi extinto. Estes doc<strong>um</strong>entos se encontram n<strong>um</strong>a biblioteca da CEF nacidade de Brasília, e em função disso, será agendada <strong>um</strong>a viagem para a coleta destas informações.119


etapa 8 – Análise dos projetos – serão analisados os projetos dos edifícios das décadas que representamalg<strong>um</strong> interesse para a pesquisa:- as décadas de 1930 e 1940, comparando projetos anteriores e posteriores a lei do Inquilinato. Algunsautores sugerem que o início da atividade da incorporação imobiliária começou na década de 1940, com osurgimento e profissionalização de empresas especializadas no ramo imobiliário: o aparecimento da figurado incorporador. O bolsista percebeu a necessidade da <strong>um</strong>a análise prévia nesta década, que é anterior aorecorte cronológico proposto inicialmente no plano;- a década de 1950 e início da década de 1960 – fase entre a regulamentação da lei do Inquilinato e o iníciodo governo militar de 1964;- e os projetos posteriores a 1964 até o final da década de 1970 (limite cronológico da pesquisa) já sobinfluência do BNH;O objetivo desta leitura da evolução das plantas dos apartamentos ao longo do tempo - usando obanco de dados do <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong> - é associar <strong>um</strong>a determinada solução de planta ao contexto de produçãoem que ela está inserida, por exemplo: quando o mercado se profissionalizou a partir da década de 1940, oprojeto sofreu alterações? E nos anos de influência do BNH? Tentar entender a planta também comoresultado de <strong>um</strong> processo que envolve decisões que por vezes margeiam a arquitetura. À essa leitura seráacrescentada informações colhidas com a revisão bibliográfica, e que reforcem estas conclusões. Depois daorganização dos dados, da percepção de recorrências e características, e da determinação de categoriasde análise para a comparação dos edifícios, será realizada <strong>um</strong>a reunião no grupo de estudos Espaços deMorar, para que outros pesquisadores tenham a oportunidade de ajudar na análise dos apartamentos,gerando visões mais amplas e críticas.etapa 9 – Entrevistas - será realizada a etapa 3, prevista inicialmente no plano e que foi alterada. Osmotivos, bem como as intenções estão relatadas no item 4.2.2 "entrevistas".120


etapa 10 – Organização e análise de dados complementares:- para o estudo das normas do BNH (etapa 7) os doc<strong>um</strong>entos serão fotocopiados para posterior análise.Serão observados possíveis implicações destas normas, comparando-as com os projetos do banco dedados de apartamentos do <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>.- para a análise dos projetos dos apartamentos (etapa 8) será feito <strong>um</strong>a ficha em Word com dados doedifício, alg<strong>um</strong>as peças gráficas e observações sobre as suas características. Para cada década estudadaserá listada as características gerais e, a partir dela, será realizada <strong>um</strong>a planilha em Excel;- as entrevistas (etapa 9) realizadas serão gravadas;Para os três estudos (etapas 7, 8, 9) estão previstas reuniões no grupo de estudos Espaços deMorar, onde serão apresentados e discutidos os resultados.etapa 11 – Qualificação - Produção do memorial de qualificação e realização do exame;etapa 12 – Avaliação e registro dos resultados;etapa 13 – Produção da dissertação e elaboração do <strong>Relatório</strong> Científico 2 da FAPESP.121


7.2 - Planilha das próximas atividadesAtividadesmêsEtapa 7.Coleta dedadoscomplementarEtapa 8.Análise deprojetosEtapa 9.entrevistasEtapa 10.organização eanálisecomplementarEtapa 11.QualificaçãoEtapa 12.Avaliação eregistro dosresultadosEtapa 13.Dissertação e<strong>Relatório</strong> finalFAPESP1º SEMESTRE 2º SEMESTRE 3º SEMESTRE 4º SEMESTRE1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24122


8 - BibliografiaABECIP – Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança; CBPE – Centro de Produtividade e Expansão doSistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo. Habitação – a experiência brasileira, 1977Anelli, R. L. S. Arquitetura e cidade na obra de Rino Levi. Tese de doutorado. São Paulo: FAU-USP, 1995Atique, F. Memória Moderna – a trajetória do Edifício Esther. São Carlos: Rima / FAPESP, 2004Azevedo, S. de. A crise política habitacional – dilemas e perspectivas para o final dos anos 90. In: Ribeiro, L. C. Q; Azevedo, S.(org) A crise da moradia nas grandes cidades – da questão da habitação à reforma urbana. Rio de Janeiro: UFRJ, 1996Batista, A. J. de S. Os irmãos Roberto – por <strong>um</strong>a arquitetura constituída de padronização e singularidade. Dissertação demestrado. Rio de Janeiro: PUC, 2006Berquó, E. A família no século XXI – <strong>um</strong> enfoque demográfico. In: Revista Brasileira de Estudos de População. v. 6. n. 2. SãoPaulo, julho/dezembro 1989Bolaffi, G. Para <strong>um</strong>a nova política habitacional e urbana – possibilidades econômicas, alternativas operacionais e limitespolíticos. In: Valladares, Ligia do Prado (org). Habitação em questão. Rio de Janeiro: Zabar, 1980Bonduki, N. G. Habitat II e a emergência de <strong>um</strong> novo ideário em políticas urbanas. In: Gordilho-Souza, Ângela (org). Habitarcontemporâneo - novas questões no Brasil dos anos 90. Salvador, 1997BondukiI, N. Origens da Habitação Social no Brasil Arquitetura Moderna, Lei do Inquilinato e Difusão da Casa Própria, 3ª Ed.,São Paulo, Estação Liberdade, Fapesp, 1998.Bonduki, N.; Rolnik, R. Periferia da Grande São Paulo - reprodução do espaço como expediente de reprodução da força detrabalho. In: Maricato, Ermínia (org). A produção capitalista da casa (e da cidade) no Brasil industrial. São Paulo: Alfa-Omega, 1979Borges, J. G.; Vasconcellos, F. P. Habitação para o desenvolvimento. Editora Bloch, 1973Brandão, M. de A. Habitar como questão de política publica. In: Gordilho-Souza, Angela (org). Habitar contemporâneo - novasquestões no Brasil dos anos 90. Salvador, 1997Bruand, Y. Arquitetura contemporânea no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 1981Bruna, P. Arquitetura, Industrialização e Desenvolvimento. São Paulo: Perspectiva, 1976Cano, W. Raízes da concentração industrial em São Paulo. São Paulo: Difel, 1977Cardoso, A. L. O mercado imobiliário e a crise – o caso de São Paulo. In: Ribeiro, L. C. Q; Azevedo, S. (org) A crise da moradia nasgrandes cidades – da questão da habitação à reforma urbana. Rio de Janeiro: UFRJ, 1996Cardozo, D. de M. A estagnação do <strong>modelo</strong> habitacional – <strong>um</strong>a releitura necessária sobre o apartamento paulistano.Dissertação de mestrado. São Paulo: Mackenzie, 2005CDHU. Manual técnico de projetos. Disponível em: www.habitacao.sp.gov.br. Acesso em: 26 nov 2008Coccaro, J. L. Modernização urbano – industrial e arquitetura na cidade de São Paulo no período de 1960-1975. Dissertação demestrado. São Paulo: FAU-USP, 200<strong>01</strong>23


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9 – índice de figurasFigura 1 - estagiários do treinamento.<strong>Nomads</strong> de 2008Figura 2 - edifício Spazio Chateaubriant, incorporado pela empresa MRV em 2008 na cidade de Curitiba – levantamento realizado noTreinamento.nomads 2008 e que hoje faz parte do banco de dados sobre apartamentos.Figura 3 - edifício de apartamentos projetado por Samuel das Neves em 1914, na rua Florêncio de Abreu esquina rua Senador Queiroz– duas unidades por andar, duas propostas de plantas diferentes. Transição da planta colonial para a planta burguesa: na opção dadireita, os quartos estão no centro, com <strong>um</strong> gabinete a <strong>um</strong>a sala na frente e jantar (varanda) e cozinha nos fundos; na opção daesquerda, já existe <strong>um</strong>a indicação de agrupamentos em zonas e <strong>um</strong>a seqüência de usos, como sala de jantar-copa-cozinha (fonte:banco de dados <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>)Figura 4 - plano de Atílio Correa Lima para a cidade de Goiânia, que previa inicialmente <strong>um</strong>a população de 50.000 habitantesFigura 5 - Conjunto Habitacional Waldomiro Lobe Sobrinho – São Carlos/SP – foto agosto 2008Figura 6 - sala de apartamento do Conjunto Habitacional Waldomiro Lobe Sobrinho, São Carlos – sobreposição de funções eimproviso nos usos: mesa para refeições, computador e sofá.Figura 7 - planta do condomínio residencial Mont SerratFigura 8 - planta e foto de residência no loteamento fechado Bosque de São CarlosFigura 9 - opção de planta do edifício Aimbere – notar que os quartos estão posicionados nas extremidades do apartamento, tirando ahierarquia dos ambientes. Não existe mais <strong>um</strong> corredor íntimo que leva a <strong>um</strong>a zona íntima (fonte: banco de dados sobre apartamentos<strong>Nomads</strong>.sp)Figura 10 - opção de planta do edifício Combinatto – notar a existência de <strong>um</strong> ambiente de trabalho com entrada independente (fonte:banco de dados sobre apartamentos <strong>Nomads</strong>.sp)Figura 11 - capa apresentação Flash – junho 2008Figura 12 - edifício S. Carneiro, São Paulo, 1910 – 2º pavimento: residência, 1º pavimento: lojaFigura 13 - foto e fachada do edifício Gazeau, de 1929 – projeto de Rino Levi (Fonte: ANELLI, 1995)Figura 14 - foto casa na Rua Santa Cruz, de 1927 – projeto de Gregori Warchavchik (fonte: www.arcoweb.com.br/debate76)Figura 15 - residência Mário Brazil, projeto que Vital Brazil fez com a parceria de Adhemar Marinho em Niterói 1934 (fonte:CONDURU, 2000)Figura 16 - foto e plantas do 10º e 11º andar do edifício Esther, projetado por Vital Brazil em 1935 e de propriedade da Usina Esther(fonte: banco de dados sobre apartamentos <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>)Figura 17 - perspectiva e planta prédio de apartamento projetado por Vital Brazil e Adhemar Marinho no Rio de Janeiro em 1934(fonte: Conduru, 2000)127


Figura 18 - perspectiva e planta prédio de apartamento projetado por Vital Brazil e Adhemar Marinho no Rio de Janeiro em 1935(fonte: Conduru, 2000)Figura 19 - foto e plantas tipo A e B e implantação do edifício Anchieta, projeto Marcelo e Milton Roberto – 1941. Endereço: avenidaPaulista com Avenida Angelica. Propriedade IAPI (banco de dados sobre apartamentos <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>) - projeto realizado dois anosdepois de seu primeiro projeto de edifício residencial, localizado na rua do Lavradio nº106, no centro do Rio de Janeiro – com previsãode apartamentos duplex (IZAGA, 2008)Figura 20 - Associação Brasileira de Imprensa (ABI), projeto de Marcelo e Milton Roberto – Rio de Janeiro, 1935 (fonte foto:www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq051). A utilização de brises foi <strong>um</strong>a constante na obra dos Roberto, e que no caso da ABI “tornasea expressão principal do projeto” (IGAZA, 2008). A autora coloca que o brise-soleil foi proposto inicialmente por Le Corbusier, em1933-34, no projeto em Durand na Argélia.Figura 21 - texto e desenhos do `poema da curva´, Oscar Niemeyer: “Não é o ângulo reto que me atrai. / Nem a linha reta, dura,inflexível, / criada pelo homem. / O que me atrai é a curva livre e / Sensual. / A curva que encontro nas / Montanhas do meu país, nocurso sinuoso / Dos seus rios, nas nuvens do céu, no corpo / Da mulher amada. / De curvas é feito todo o universo. / O universo curvode Einsten”. Reproduzido na revista Módulo nº 97, de fevereiro de 1988. (fonte: PEREIRA, 1997)Figura 22- foto do edifício Copan, projetado por Oscar Niemeyer em 1951, encomenda do Banco Nacional Imobiliário (fonte: banco dedados sobre apartamentos <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>)Figura 23 - anúncio do edifício Califórnia, mostrando a presença de Oscar Niemeyer no projeto (fonte: LEAL, 2008)Figura 24 - interface de busca dos doc<strong>um</strong>entos do <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong> que o pesquisador desenvolveu: www.nomads.<strong>usp</strong>.br/doc<strong>um</strong>entacaoFigura 25 - projeto de edifício de apartamentos de Gregori Warchavicchik na Rua Araújo, de 1947 (não construído): foto – visita Abril-2009Figura 26 - projeto de edifício de apartamentos de Gregori Warchavicchik na Rua Araújo, de 1947 (não construído): perspectiva –banco de dados <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>Figura 27 - edifício de apartamentos de Giancarlo Palanti na Rua Barão de Tatuí, de 1953: foto – visita Abril-2009Figura 28- edifício de apartamentos de Giancarlo Palanti na Rua Barão de Tatuí, de 1953: foto – banco de dados <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>Figura 29 - foto – interior de apartamento - edifício projetado por Giancarlo Palanti na Rua Barão de Tatuí, de 1953 - visita Abril-2009Figura 30 - foto – interior de apartamento - edifício Esther, de 1935 - visita Dezembro-2009Figura 31 - edifício Porchat, de Rino Levi, Rua São João, de 1940 – elevado cruzando a frente do edifício – visita Dezembro-2008Figura 32 - edifício Angel, de Julio de Abreu, Rua Angélica, de 1927 – mudança de uso: agora, <strong>um</strong>a loja de móveis – visita Abril-2008Figura 33 - edifício Vila Normanda, de Antonio José Capote Valente, Rua São Luis, de 1953 – galeria comercial situada no térreo doedifício (diversidade de usos e transito de pedestres pelo interior do lote) – visita Abril-2009Figura 34 - edifício Prudência, de Rino Levi, Avenida Higienópolis 265, de 1944 – outro exemplo de térreo aberto e integrado com arua (hoje fechado com grades) – visita Dezembro-2009Figura 35 - outros prédios em Higienópolis e proximidades que mantém essa relação do objeto arquitetônico com o entorno imediato(prédios que o banco de dados ainda não possui plantas nem autoria de projeto) – visita Maio-2009128


Figura 36 - website da disciplina que o pesquisador desenvolveu e atualizouFigura 37 - EE Roberto Marinho, projeto de Andrade e Moretini;Figura 38 - EE prefeito José Roberto Magalhães Teixeira, projeto de MMBBFigura 39 - EE Maria de Lurdes, projeto de Veiner e Polielo;Figura 40 - EE Telêmaco Paioli Melges, projeto de UNAFigura 41 - CEU Butantã – São Paulo_____________________________________________________________129


olsista: Felipe Anitelliorientador: Prof. Assoc. Marcelo Tramontano10 - Anexos10.1 - Ficha do alunoFicha AlunoUniversidade de São PauloEscola de Engenharia de São Carlos18142 - 5980876/2 - Felipe AnitelliEmail:felipeanitelli@yahoo.com.brData de Nascimento: 30/<strong>01</strong>/1980Cédula de Identidade:Local Nascimento:Nacionalidade:Graduação:RG - 27.886.258-5 - SPEstado de São PauloBrasileiraArquiteto e Urbanista - Centro Universitário "Barão de Mauá" - - SãoPaulo - Brasil - 2003Curso:Área:Mestrado em Arquitetura e UrbanismoTeoria e História da Arquitetura e do UrbanismoData da Matrícula: 03/03/2008Início da Contagem de Prazo: 03/03/2008Data Limite: 03/03/2<strong>01</strong>1Orientador(es):Prof(a). Dr(a). Marcelo Claudio Tramontano - 03/03/2008 a -- E.Mail:tramont@sc.<strong>usp</strong>.brProficiência em Línguas: Inglês, Reprovado em 12/12/2008Exame de Qualificação:Data do Depósito do Trabalho:Data máxima para aprovação daBanca:Título do Trabalho:Data de Aprovação da Banca:Data Máxima para Defesa:Data da Defesa:Resultado da Defesa:Ocorrência: Última matrícula em 08/02/2009130


Sigla Nome da Disciplina Início TérminoSAP5842-3SAP5824-5SAP5825-4SAP5879-1SEM5892-6CargaHor.Cred. Freq. Conc. Exc.Sit.Matric.A Cidade no Século XIX:Representações e Projetos04/03/2008 26/05/2008 180 12 100.00 B N ConcluídaO Espaço da Cidade I: Gênese eFormação do UrbanismoModerno27/03/2008 18/06/2008 180 12 100.00 B N ConcluídaArquitetura e Cidade na Poéticadas Vanguardas05/08/2008 17/11/2008 180 12 100.00 B N ConcluídaTópicos Especiais: AvaliaçãoPós-Ocupação no Contexto daGestão do Processo de ProjetoMetodologia e PesquisaBibliográfica05/08/2008 27/10/2008 180 12 83.00 B N Concluída21/08/2008 03/12/2008 90 6 87.00 A N ConcluídaCréditos mínimos exigidosPara Exame deQualificaçãoPara Depósito deDissertação/TeseCréditos obtidosDisciplinas: 48 48 Disciplinas: 54Atividades Programadas: 0 0 Atividades Programadas: 0Seminários: 0 0 Seminários: 0Estágios: 0 0 Estágios: 0Disciplinas ou Atividades: 12 12Total: 60 60 54Créditos Atribuídos à Dissertação : 60Conceito até 31/12/1996:A - Excelente, com direito a crédito; B - Bom, com direito a crédito; C - Regular, com direito a crédito; D -Insuficiente, sem direito a crédito; E - Reprovado, sem direito a crédito; I - Incompleto; J - Abandono Justificado; T- Transferência.Conceito a partir de 02/<strong>01</strong>/1997:A - Excelente, com direito a crédito; B - Bom, com direito a crédito; C - Regular, com direito a crédito; R -Reprovado; T - Transferência.Um(1) crédito equivale a (15) horas de atividade programada.Situação em: 23/06/2009 17:28131


10.2 - Visitas a edifícios de apartamentos na cidade em São Paulo10.2.1 - Mapamapa usado na visita n. 3: Santa Ifigênia, Santa Cecília e Campos Elíseos – localização de cada edifício132


10.2.2 - Fichaedifício...projeto: Giancarlo Palantiano: 1953endereço: Rua Barão do Tatuí____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________133


10.3 - Agendamento entrevistas10.3.1 - Prof. Dr. Nabil BondukiDate: Fri, 19 Jun 2009 12:06:28 -0700From: felipeanitelli@yahoo.com.brSubject: RE: contato - mestrando em arquitetura EESC-USP...To: nbonduki@hotmail.comoi,n<strong>um</strong>a conversa com o Marcelo Tramontano, meu orientador, concluímos que a sua contribuição napesquisa seria muito importante. Achamos que vc acrescentaria informações valiosas ao nossoestudo.vc teria a disponibilidade de falar comigo alg<strong>um</strong> dia? se marcarmos <strong>um</strong>a entrevista?felipe anitelliDe: Nabil Bonduki Assunto: RE: contato - mestrando em arquitetura EESC-USP...Para: felipeanitelli@yahoo.com.brData: Sexta-feira, 19 de Junho de 2009, 16:44oi Felipe, só posso a partir do 2o semestre. Então podemos marcar em agostoNabilDate: Fri, 19 Jun 2009 13:10:19 -0700From: felipeanitelli@yahoo.com.brSubject: RE: contato - mestrando em arquitetura EESC-USP...To: nbonduki@hotmail.comoi professor, obrigado!134


ok em agosto...deixamos alg<strong>um</strong>a data pré agendada?felipe anitelliDe: Nabil Bonduki Assunto: RE: contato - mestrando em arquitetura EESC-USP...Para: felipeanitelli@yahoo.com.brData: Sexta-feira, 19 de Junho de 2009, 23:16prefiro não deixar pois está meio longe e o risco de dar problemas é grnade. Qdo chegar perto agente marca<strong>um</strong> abraçoNabilRE: contato - mestrando em arquitetura EESC-USP...Segunda-feira, 22 de Junho de 2009 15:47De: "felipe anitelli" Para: "Nabil Bonduki" ok, tudo bem... obrigado!te escrevo novamente no fim de julho.felipe anitelli10.3.2 - Profa. Dra. Raquel RolnikSexta-feira, 19 de Junho de 2009 16:08De: "felipe anitelli" Para: "Raquel Rolnik" oi,135


n<strong>um</strong>a conversa com o Marcelo Tramontano, meu orientador, concluímos que a sua contribuição napesquisa seria muito importante. Achamos que vc acrescentaria informações valiosas ao nossoestudo.vc teria a disponibilidade de falar comigo alg<strong>um</strong> dia? se marcarmos <strong>um</strong>a entrevista?felipe anitelliDe: Raquel Rolnik Assunto: Re: contato - mestrando em arquitetura EESC-USP...Para: "felipe anitelli" Data: Segunda-feira, 22 de Junho de 2009, 15:12Olá Felipe,Diante da minha agenda de atividades da relatoria, somente será possível a partir de agosto.Entraremos em contato novamente a partir do dia 15 de julho (quando volto de genebra)para agendar <strong>um</strong>a data específica (me escreva novamente)!ObrigadaRaquelSegunda-feira, 22 de Junho de 2009 15:45De: "felipe anitelli" Para: "Raquel Rolnik" ok, tudo bem... obrigado!te escrevo novamente no fim de julho.felipe anitelli136


10.3.3 - Profa. Dra. Rossella RossettoDate: Fri, 19 Jun 2009 12:10:04 -0700From: felipeanitelli@yahoo.com.brSubject: RE: dúvida - mestrando do depto arq EESC-USP...To: rossellarossetto@hotmail.comoi,n<strong>um</strong>a conversa com o Marcelo Tramontano, meu orientador, concluímos que a sua contribuição napesquisa seria muito importante. Achamos que vc acrescentaria informações valiosas ao nossoestudo.vc teria a disponibilidade de falar comigo alg<strong>um</strong> dia? se marcarmos <strong>um</strong>a entrevista?felipe anitelliDe: Rossella Rossetto Assunto: RE: dúvida - mestrando do depto arq EESC-USP...Para: felipeanitelli@yahoo.com.brData: Sexta-feira, 19 de Junho de 2009, 17:05Felipe, é claro que falo com vc. Pode ser no começo de julho?Vc está aqui em SP ou em SCarlos?Abç, RossellaDate: Fri, 19 Jun 2009 13:14:46 -0700From: felipeanitelli@yahoo.com.brSubject: RE: dúvida - mestrando do depto arq EESC-USP...To: rossellarossetto@hotmail.comrossella, obrigado!então, eu ainda estou fazendo alg<strong>um</strong>as leituras e análises que darão suporte para estruturar estaentrevista...poderia ser em agosto?eu estou em são carlos, mas posso ir pra são paulo sem problemas.137


* eu preferi marcar com antecedência pra ver <strong>um</strong>a data melhor pra vc.felipe anitelliDe: Rossella Rossetto Assunto: RE: dúvida - mestrando do depto arq EESC-USP...Para: felipeanitelli@yahoo.com.brData: Sexta-feira, 19 de Junho de 2009, 19:41Ok agosto, mas a gente marca a data quando estiver mais perto.RRSegunda-feira, 22 de Junho de 2009 15:47De: "felipe anitelli" Para: "Rossella Rossetto"

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