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independente, o grupo vive de shows e da venda de ... - CNM/CUT

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Alex Ridzi, naPraia <strong>de</strong> JoséGonçalvesPraia <strong>de</strong> JoãoFernandinhoPraia dosAmoresGonçalves fascina. Enquanto esteve na praia, a reportagem foipremia<strong>da</strong> pela visita <strong>de</strong> uma foca que, provavelmente perdi<strong>da</strong><strong>de</strong> seu <strong>grupo</strong>, <strong>de</strong>scansou na areia e nadou entre as rochas.A entra<strong>da</strong> para a praia fica na estra<strong>da</strong> velha que liga Búzios aCabo Frio. Para chegar lá, é preciso cortar a APA Pau-Brasil eseguir por um tortuoso caminho <strong>de</strong> areia e terra. Mesmo coma possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso para automóveis, ain<strong>da</strong> não existemsinais <strong>de</strong> turismo pre<strong>da</strong>tório no local.Além dos prazeres <strong>da</strong> contemplação, do banho <strong>de</strong> mar, <strong>da</strong>prática <strong>de</strong> caminha<strong>da</strong>s ou dos esportes, o circuito off dos queamam Búzios traz conhecimento científico. Consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> pelogoverno como área <strong>de</strong> interesse geológico, a Ponta <strong>da</strong> Lagoinhaé lugar mágico. Lá se encontra a prova <strong>de</strong> que as rochasque constituem o que hoje chamamos <strong>de</strong> Armação dos Búziosforam forma<strong>da</strong>s por um “aci<strong>de</strong>nte” entre a América do Sul ea África, ocorrido num distante passado. Essas rochas foramsubmeti<strong>da</strong>s a altas pressões e temperaturas e produziram mineraistípicos. Dois <strong>de</strong>les – o zircão e a monazita – foram <strong>de</strong>scobertospor uma geóloga na Ponta <strong>da</strong> Lagoinha. Os mineraistêm entre 500 milhões e 520 milhões <strong>de</strong> anos.Uma placa coloca<strong>da</strong> pelo governo do Rio <strong>de</strong> Janeiro na Ponta<strong>da</strong> Lagoinha informa aos visitantes que, há 520 milhões <strong>de</strong>anos, existia no planeta uma gran<strong>de</strong> massa <strong>de</strong> terra, conheci<strong>da</strong>como paleocontinente Gondwana, que aglutinava as massascontinentais <strong>de</strong> América do Sul, África, Austrália, Antárticae Índia. Segundo os cientistas, essas massas, por meio <strong>de</strong> colisões<strong>de</strong> proporções titânicas, geraram ca<strong>de</strong>ias rochosas conheci<strong>da</strong>scomo orogenias. O Himalaia é um exemplo <strong>de</strong> orogenia. Búziostambém. Ou seja, a região tem ain<strong>da</strong> uma impressionante riquezamineral, que não po<strong>de</strong> ser transforma<strong>da</strong> em lucro, mas é um tesouropara a ciência, os olhos e o espírito. Tomar sol sobre as rochas que umdia estiveram encosta<strong>da</strong>s na África, num lugar não maculado pelo turismopre<strong>da</strong>tório, não tem preço.O que tem preço, às vezes salgado, é a hospe<strong>da</strong>gem em uma <strong>da</strong>s excessivaspousa<strong>da</strong>s <strong>de</strong> Búzios. Lota<strong>da</strong>s no verão, assim como as principaispraias, os restaurantes e as boates, elas têm sua ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> bastante reduzi<strong>da</strong>no período outono/inverno, reflexo <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sequilíbrio econômicocrônico <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. Tentando ven<strong>de</strong>r algumas lagostas ain<strong>da</strong> vivas a turistasque passeiam pela Praia <strong>da</strong> Tartaruga – um lugar procurado poramantes do mergulho <strong>de</strong> todo o mundo –, o barraqueiro E<strong>de</strong>valdoAlmei<strong>da</strong> Santos lamenta essa reali<strong>da</strong><strong>de</strong>: “Aqui sempre teve mais brasileirono verão e mais gringo no inverno. Sempre tive muitos clientesargentinos, mas agora eles estão todos duros. No verão é festa, masno inverno temos que lutar para comer e sobre<strong>vive</strong>r”, diz.O crescimento <strong>da</strong> classe média brasileira po<strong>de</strong> ser notado em Búzios.Gerente do restaurante David, fun<strong>da</strong>do há 35 anos e um dos maistradicionais <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, Marcus Vinícius <strong>de</strong> Oliveira confirma essa impressão:“Nosso público abrange as classes média e alta, mas seu perfilmudou um pouco nos últimos anos. Caiu o número <strong>de</strong> argentinos, masem compensação estamos recebendo um novo público formado, emsua maioria, por cariocas, paulistas e mineiros <strong>de</strong> classe média”.O mesmo prestígio do restaurante David tem a Peixaria Araújo,na Praia <strong>de</strong> Manguinhos. Dona <strong>de</strong> clientela fiel, a proprietária AliceOkasaki Araújo ain<strong>da</strong> se orgulha <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>r pescado fresco e tiradohá pouco tempo do mar, mas lamenta o crescimento <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nado:“Há um gran<strong>de</strong> consumo nos meses <strong>de</strong> verão, mas tem a saturaçãodo pescado. O camarão cinza, uma <strong>da</strong>s marcas registra<strong>da</strong>s <strong>da</strong> região,praticamente só é encontrado em criações <strong>de</strong> cativeiro”, diz.As palavras <strong>de</strong> Alice <strong>de</strong>finem o dilema <strong>de</strong> Búzios: sobre<strong>vive</strong>r <strong>da</strong>vocação turística sem <strong>de</strong>struir seu patrimônio natural. Resolveressa equação significa salvar um dos lugares mais espetacularesdo litoral brasileiro. Existe esperança enquanto estiver preservadoum circuito natural off como o formado por Poças, Zé Gonçalvese Ponta <strong>da</strong> Lagoinha. Mas ain<strong>da</strong> não se chegou a um estágio <strong>de</strong>sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> que permita aos moradores – aqueles que amamBúzios – não precisar mais pedir para que o acesso a esses lugaresnão seja revelado.2008 outubro REVISTA DO BRASIL 63

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