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independente, o grupo vive de shows e da venda de ... - CNM/CUT

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“É o parto normal Frankenstein: parece um monstro, <strong>de</strong> tão medicalizado”,diz Jorge Kuhn, <strong>da</strong> Unifesp. “O modo como algumasmulheres são trata<strong>da</strong>s acaba gerando um trauma do parto. Se vocêperguntar como foi, ela vai falar que foi horroroso, que teve <strong>de</strong> ficarsem acompanhante, on<strong>de</strong> não conhecia ninguém, sem apoioemocional”, explica a obstetra Andrea Campos. Nesse contexto, éinevitável que o parto perca sua dimensão emocional e afetiva e setransforme num obstáculo a ser superado – e a opção pela cesáreapo<strong>de</strong> parecer mais atraente.A radiologista Ilka Yamashiro Murakoshi, que teve sua filha Beatriz,<strong>de</strong> 9 meses, num parto domiciliar, conhece <strong>de</strong> perto essa rotina.“É o que estamos acostumados a ver em hospital on<strong>de</strong> se fazresidência. São cerca <strong>de</strong> oito mulheres no mesmo quarto, to<strong>da</strong>s emtrabalho <strong>de</strong> parto com ocitocina, ca<strong>da</strong> uma num estágio diferente<strong>de</strong> dilatação: uma grita, todo mundo grita”, conta Ilka. À impessoali<strong>da</strong><strong>de</strong>do atendimento somam-se ofensas verbais, pressão sobrea barriga para empurrar o bebê, entre outros procedimentoshumilhantes e dolorosos. “Na episiotomia, as fibras são corta<strong>da</strong>snum sentido que não é o do músculo. Na hora que o bebê sai, rasgacomo um pano. E, quando o médico não faz na<strong>da</strong>, geralmentenão lacera porque as fibras estão num sentido e a linha <strong>de</strong> força dobebê é diferente. Mesmo assim se faz <strong>de</strong> rotina.”Tudo isso está ausente <strong>da</strong> experiência do parto humanizado,que po<strong>de</strong> acontecer no hospital, em casa ou em casas <strong>de</strong> parto,on<strong>de</strong> o atendimento é realizado por enfermeiras obstetras. Emvez <strong>de</strong> uma experiência traumática, o parto nessas condições éum evento familiar vivido sob intensa emoção. Mais do que espectador,o pai participa ativamente <strong>da</strong> gravi<strong>de</strong>z e do parto. Apesar<strong>da</strong> dor, quem <strong>vive</strong>ncia um parto como esse costuma encorajaroutras a fazer o mesmo. Nos sites <strong>de</strong> <strong>grupo</strong>s <strong>de</strong> apoio, é possíveller os relatos <strong>de</strong> parto, geralmente textos longos, carregados <strong>de</strong>sentimentos. São mulheres <strong>de</strong> diversas i<strong>da</strong><strong>de</strong>s, profissões e classessociais. Em comum, têm a felici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ter enfrentado um<strong>de</strong>safio e vencido.“Sensação <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r”A advoga<strong>da</strong> Maria Fernan<strong>da</strong> Zippinotti Duarte sempre <strong>de</strong>sejouter um parto normal. Quando esperava sua primeira filha, Letícia,<strong>de</strong> 8 anos, parecia caminhar para isso. Ela e o médico concor<strong>da</strong>vamque seria a melhor opção. Até o discurso do profissional subitamentemu<strong>da</strong>r: a gestação, então tranqüila, virou <strong>de</strong> alto risco.E ela foi surpreendi<strong>da</strong> pela <strong>de</strong>cisão do obstetra <strong>de</strong> marcar uma cesárea.Quatro anos <strong>de</strong>pois, no nascimento <strong>de</strong> Gabriela, nem houvejustificativa. A bolsa rompeu, o médico mandou-a para a materni<strong>da</strong><strong>de</strong>e, quando se <strong>de</strong>u conta, estava numa maca a caminho docentro cirúrgico. “A primeira cesariana eu quis acreditar que fossenecessária. A segun<strong>da</strong> foi meio absur<strong>da</strong> mesmo. Mas só tive consciência<strong>de</strong> que realmente tinham sido <strong>de</strong>snecessárias quando, naterceira gravi<strong>de</strong>z, resolvi me informar melhor”, conta. Na terceiragestação, o primeiro obstetra foi categórico: o parto normal eraimpossível com duas cesáreas prévias. Pesquisou e localizou artigoscientíficos que apontavam o contrário. Seguindo a indicação<strong>de</strong> <strong>grupo</strong>s <strong>de</strong> incentivo ao parto normal, encontrou um profissionaldisposto a apoiar sua escolha. Há cinco meses, nasceu MariaClara, <strong>de</strong> parto natural hospitalar, sem anestesia ou qualquer outraintervenção. “Eu me senti renova<strong>da</strong>. Dar à luz é uma sensação<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, uma energia muito gran<strong>de</strong>. Tenho muito orgulho <strong>de</strong> terbuscado e conseguido.”O tempo certoA médica AndreaCampos aguar<strong>da</strong>,pacientemente, ahora do bebê e <strong>da</strong>mãe44 REVISTA DO BRASIL outubro 2008

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