13.07.2015 Views

independente, o grupo vive de shows e da venda de ... - CNM/CUT

independente, o grupo vive de shows e da venda de ... - CNM/CUT

independente, o grupo vive de shows e da venda de ... - CNM/CUT

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

artigoConvenção 158 e <strong>de</strong>mocraciaOs efeitos positivos <strong>de</strong>sta convenção <strong>da</strong> OIT para a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> doemprego e <strong>da</strong>s relações <strong>de</strong> trabalho ain<strong>da</strong> po<strong>de</strong>m ser recuperados.Des<strong>de</strong> que a pressão <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> sobre o Congresso seja maisforte que a <strong>da</strong> velha guar<strong>da</strong> patronalPor Giorgio Romano SchutteAConstituição <strong>de</strong> 1988 <strong>de</strong>fine que a relação<strong>de</strong> emprego é “protegi<strong>da</strong> contra <strong>de</strong>spedi<strong>da</strong>arbitrária ou sem justa causa... nos termos<strong>da</strong> lei complementar”. Ou seja, sem a referi<strong>da</strong>lei essa proteção torna-se uma letramorta. Déca<strong>da</strong>s atrás o neoliberalismo argumentavaque a maior “flexibili<strong>da</strong><strong>de</strong>” <strong>da</strong>s regras é que proporcionariamais trabalho e ren<strong>da</strong>. No entanto, os mesmosque com suas políticas fizeram o <strong>de</strong>semprego dispararFHC revogoua ratificação<strong>da</strong> Convenção158 paraevitar queos recursosjudiciais <strong>da</strong>classe patronalchegassemao SupremoTribunalFe<strong>de</strong>ral eeste <strong>de</strong>sserazão aotrabalhadornos anos 1990 agora tentam convencer asocie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> que um mo<strong>de</strong>sto e pequenopasso para superar a <strong>de</strong>missão imotiva<strong>da</strong>,com a ratificação <strong>da</strong> Convenção 158<strong>da</strong> Organização Internacional do Trabalho(OIT), seria um “atraso”.A Convenção 158 não proíbe a <strong>de</strong>missão,apenas reduz o po<strong>de</strong>r autoritário doempregador na relação trabalhista e estimulauma cultura <strong>de</strong> negociação no local<strong>de</strong> trabalho. Uma vez em vigor, as <strong>de</strong>missõesprecisarão ter justificativas, que po<strong>de</strong>mser problemas econômicos, tecnológicos,estruturais ou semelhantes, mas,nesses casos, o processo precisa ser informadoe discutido com os representantesdos trabalhadores.O Brasil é um dos países com o mercado<strong>de</strong> trabalho mais flexível no mundo,basta olhar a alta rotativi<strong>da</strong><strong>de</strong>: <strong>de</strong>missão e admissão éa regra do jogo. Quando recebemos a boa notícia <strong>de</strong>que foi criado 1 milhão <strong>de</strong> empregos, enten<strong>da</strong>-se que10 milhões <strong>de</strong> trabalhadores foram contratados e 9 milhões,dispensados. E não é necessário amplo conhecimento<strong>da</strong>s relações sindicais para enten<strong>de</strong>r o quantoisso enfraquece o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> negociação dos empregados.Essa distorção gera a “justiça <strong>da</strong> <strong>de</strong>spedi<strong>da</strong>”, emvez <strong>de</strong> Justiça do Trabalho, pois quando não há canais<strong>de</strong>mocráticos para reivindicar os direitos no dia-a-dia,como horas extras não pagas ou ambientes ina<strong>de</strong>quados,o trabalhador espera o seu <strong>de</strong>sligamento para recorrerà Justiça.O Congresso Nacional havia aprovado a Convenção158 <strong>da</strong> OIT em setembro <strong>de</strong> 1992. Mas, por se tratar <strong>de</strong>um assunto que provocou pouco interesse na época, <strong>de</strong>morouaté abril <strong>de</strong> 1996 para que entrasse em vigor. Foiquando FHC promulgou sua ratificação. Traduzindo:a maior autori<strong>da</strong><strong>de</strong> do Po<strong>de</strong>r Executivo, por meio doDecreto nº 1.855, assinou embaixo <strong>da</strong> convenção paraque ela passasse a ter vali<strong>da</strong><strong>de</strong> no Brasil.Quando os sindicatos começaram a basear argumentose pleitos nos termos <strong>da</strong> Convenção, a reação empresarialfoi enérgica. Por isso, em um ato inacreditável,sete meses <strong>de</strong>pois, FHC <strong>de</strong>nunciou (revogou aratificação) do mesmo instrumento, paraevitar que os recursos judiciais <strong>da</strong> classepatronal chegassem ao Supremo TribunalFe<strong>de</strong>ral e este <strong>de</strong>sse razão ao trabalhador.Vejam o argumento usado na época:a Constituição estabelece que o artigo7º <strong>de</strong>ve ser regulamentado por lei complementar.Não sendo a convenção umalei complementar, esta seria inconstitucional,mesmo na inexistência <strong>da</strong> tal leicomplementar que contemplasse o que aCarta Magna man<strong>da</strong> fazer.Há mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos se aguar<strong>da</strong> uma<strong>de</strong>cisão do STF a respeito <strong>da</strong> legali<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> um presi<strong>de</strong>nte cancelar um tratado internacional– no caso a Convenção 158 <strong>da</strong>OIT – sem autorização do Congresso.Em seu primeiro man<strong>da</strong>to, o presi<strong>de</strong>nteLula tentou fazer uma gran<strong>de</strong> reforma,mas acabou avançando pouco na área. Assim, tomouseno seu segundo man<strong>da</strong>to a sábia iniciativa <strong>de</strong> reapresentara Convenção 158 <strong>da</strong> OIT ao CongressoNacional, em fevereiro último, para que seja aprova<strong>da</strong>pela segun<strong>da</strong> vez, após 16 anos, sem que os <strong>de</strong>putadosjamais a tenham <strong>de</strong>nunciado. Mas a re-ratificação<strong>da</strong> Convenção 158 foi rejeita<strong>da</strong> pela Comissão <strong>de</strong>Relações Exteriores e <strong>de</strong> Defesa Nacional <strong>da</strong> Câmarano mês <strong>de</strong> julho.O resultado <strong>da</strong> votação foi comemorado pelo lobby<strong>da</strong>s enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s patronais, que operou dia e noite. Contudo,o tema não se esgota aqui, pois o assunto entraagora na pauta do Plenário. A velha guar<strong>da</strong> patronal semobiliza, usando argumentos mo<strong>de</strong>rnos, para manterum dos símbolos do atraso do capitalismo brasileiro:a <strong>de</strong>missão imotiva<strong>da</strong>.Giorgio RomanoSchutte ésociólogo,membro doGrupo <strong>de</strong> Análise<strong>de</strong> ConjunturaInternacional <strong>da</strong>USP e professor<strong>de</strong> RelaçõesInternacionaisdo CentroUniversitárioBelas Artes2008 outubro REVISTA DO BRASIL 23

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!