13.07.2015 Views

independente, o grupo vive de shows e da venda de ... - CNM/CUT

independente, o grupo vive de shows e da venda de ... - CNM/CUT

independente, o grupo vive de shows e da venda de ... - CNM/CUT

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

análiseSalários, juros e câmbioPraticamente todos os preços <strong>de</strong> bens e serviços sãoformados a partir <strong>de</strong>sses três preços básicos. E não é difícilenten<strong>de</strong>r as razões. Vamos a elas Por Sérgio MendonçaAlguém consegue imaginar uma mercadoriaque não tenha utilizado força <strong>de</strong> trabalhona sua elaboração? Sobre os serviços,então, nem se diga. Depen<strong>de</strong>m basicamentedo trabalho <strong>da</strong>s pessoas. Assim,os salários estão na formação dos preços <strong>de</strong> qualquerbem e serviço. A taxa <strong>de</strong> câmbio estabelece a relação<strong>da</strong> moe<strong>da</strong> nacional com as moe<strong>da</strong>s que dominam aeconomia mundial e nas quais são cotados os preçosno comércio internacional. Refiro-me principalmenteao dólar e, complementarmente,ao euro. Um país com uma economia muitofecha<strong>da</strong> sofre uma influência menor <strong>da</strong> taxa<strong>de</strong> câmbio. Economias mais abertas (como abrasileira) aos fluxos <strong>de</strong> comércio e financeiroscostumam ter maior influência<strong>da</strong> taxa <strong>de</strong> câmbio na inflação,já que os preços internos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>mdos preços dos produtosimportados e exportados,convertidos à taxa <strong>de</strong>câmbio.A taxa <strong>de</strong> juros talvez seja o maisimportante dos três preços básicos.Reflete o “preço” do dinheiro e afetatodo o sistema <strong>de</strong> crédito <strong>da</strong> economia.Assim, quanto mais “cara” a moe<strong>da</strong> nacional(os juros), mais difícil adquirilano sistema bancário e financeiro pormeio <strong>de</strong> empréstimos. Sendo uma moe<strong>da</strong>“cara”, acaba “valendo mais” do queas outras moe<strong>da</strong>s. Na prática, <strong>de</strong> acordocom a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira, os juros altosvalorizam o real em relação ao dólar e às<strong>de</strong>mais moe<strong>da</strong>s (euro, iene etc.).Mas o efeito <strong>de</strong> taxas <strong>de</strong> juros muitoaltas é mais complexo ain<strong>da</strong> para o organismoeconômico. Ao encarecer o crédito,penaliza os consumidores e os empreen<strong>de</strong>dores.Dificilmente uma empresa <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> olhar para a taxa <strong>de</strong>juros antes <strong>de</strong> realizar um investimento. A rentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>espera<strong>da</strong> do investimento é sempre compara<strong>da</strong> coma alternativa <strong>de</strong> “<strong>de</strong>ixar o dinheiro no banco”. Se a taxa<strong>de</strong> juros é alta, inibirá o investimento produtivo – queé o que gera ren<strong>da</strong>, emprego, lucro e impostos.No caso do consumo, nossa cultura é tomar a <strong>de</strong>cisãoO efeito dosjuros altos, semexagero, po<strong>de</strong>ser <strong>de</strong>vastadorpara a economia<strong>de</strong> um país. Écomo correr os100 metros rasoscom <strong>de</strong>z quilos amais nas canelas<strong>de</strong> comprar um bem a prazo, analisando se a prestaçãocabe no salário. Certamente, se fizéssemos uma campanhanacional <strong>de</strong> esclarecimento dos juros embutidosnas prestações, muitos trabalhadores pensariam duasvezes antes <strong>de</strong> comprar. Não se trata <strong>de</strong> um comportamentoirracional do brasileiro que compra a crédito.Contudo, se a taxa <strong>de</strong> juros do crediáriofosse corta<strong>da</strong> ao meio (ain<strong>da</strong> assimseria muito alta!), o mesmo bempo<strong>de</strong>ria ser adquirido por umnúmero <strong>de</strong> prestações bemmenor.O efeito dos juros altos nãopára por aí. A taxa básica <strong>de</strong>juros (chama<strong>da</strong> Selic, sigla <strong>de</strong>Sistema Especial <strong>de</strong> Liqui<strong>da</strong>çãoe <strong>de</strong> Custódia) encarece ofinanciamento <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong> pública.Ca<strong>da</strong> ponto percentual a mais na Selic,mantido por um ano, equivale a maisdo que o orçamento anual do Bolsa Família.Uma dívi<strong>da</strong> pública maior obriga àdiminuição <strong>de</strong> gastos <strong>da</strong> União no futuro,comprometendo o investimento públiconecessário ao crescimento sustentável.Voltando ao efeito dos juros sobre ocâmbio, uma moe<strong>da</strong> muito valoriza<strong>da</strong>(o real foi a moe<strong>da</strong> que mais sevalorizou nos últimos quatro anos)estimula as importações e os gastosno exterior (turismo, por exemplo)e <strong>de</strong>sestimula exportações e transferências.Ou seja, po<strong>de</strong> provocar <strong>de</strong>sequilíbrioexterno (déficits) e tambémpo<strong>de</strong> pôr em risco a trajetória <strong>de</strong> crescimento<strong>da</strong> economia.O efeito dos juros altos, sem exagero,po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>vastador para a economia<strong>de</strong> um país. É como correr os 100 metros rasoscom <strong>de</strong>z quilos a mais nas canelas. O competidor po<strong>de</strong>até chegar, mas nunca em primeiro lugar! Em outraspalavras, o crescimento estará aquém do necessáriopara gerar empregos e corrigir as <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>ren<strong>da</strong>. Portanto, o <strong>de</strong>bate público sobre esse tema éestratégico para os trabalhadores e o movimento sindicalbrasileiro.Sérgio Mendonçaé economista. Foidiretor técnicodo DepartamentoIntersindical<strong>de</strong> Estatísticae EstudosSocioeconômicos(Dieese) <strong>de</strong> 1990a 2003, do qualatualmenteé supervisortécnico2008 outubro REVISTA DO BRASIL 17

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!