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Capítulo I Introdução à análise de resposta em frequência

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O Setor Elétrico / Set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2009Apoio43do transformador seriam realizadas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong>manutenção preventiva.Outra importante aplicação para medições <strong>de</strong> <strong>análise</strong> <strong>de</strong><strong>resposta</strong> <strong>em</strong> <strong>frequência</strong> é verificar a integrida<strong>de</strong> mecânica <strong>de</strong> umtransformador <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> transporte. Isto significa proporcionarum meio confiável <strong>de</strong> confirmar que o núcleo e a estrutura doenrolamento não sofreram quaisquer danos mecânicos, apesar<strong>de</strong> sustentar choques durante o transporte. Danos <strong>de</strong> transportetambém po<strong>de</strong>m ocorrer se os procedimentos for<strong>em</strong> ina<strong>de</strong>quados,po<strong>de</strong>ndo conduzir ao movimento do enrolamento e núcleo.meio da injeção <strong>de</strong> um sinal <strong>de</strong> <strong>frequência</strong> variável. Este sinalé injetado <strong>em</strong> um terminal <strong>de</strong> entrada e medida a <strong>resposta</strong> noterminal <strong>de</strong> saída.C. Método <strong>de</strong> Impulso <strong>de</strong> TensãoConsiste na medida indireta <strong>de</strong> uma <strong>resposta</strong> <strong>de</strong> <strong>frequência</strong>realizada pela injeção <strong>de</strong> um sinal <strong>de</strong> impulso <strong>de</strong> uma formaparticular <strong>em</strong> um terminal <strong>de</strong> entrada e medida a <strong>resposta</strong> noterminal <strong>de</strong> saída. As medidas, realizadas no domínio do t<strong>em</strong>po,são transformadas para o domínio <strong>de</strong> <strong>frequência</strong>.DefiniçõesCom a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> iniciar o estudo das aplicações da <strong>análise</strong><strong>de</strong> <strong>resposta</strong> <strong>em</strong> <strong>frequência</strong>, é preciso <strong>de</strong>finir algumas expressões.A. Análise <strong>de</strong> Resposta <strong>em</strong> FrequênciaQuaisquer medições <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>frequência</strong> (para altas<strong>frequência</strong>s, por ex<strong>em</strong>plo, MHz) das <strong>resposta</strong>s elétricas (funções <strong>de</strong>transferência) <strong>de</strong> enrolamentos <strong>de</strong> transformadores com aplicação<strong>de</strong> sinais com o objetivo principal <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação doenrolamento por meio dos efeitos das alterações resultantes <strong>em</strong> suaestrutura (distribuições <strong>de</strong> capacitâncias ou indutâncias).B. Método <strong>de</strong> Varredura <strong>de</strong> FrequênciaConsiste na medida direta <strong>de</strong> uma <strong>resposta</strong> <strong>de</strong> <strong>frequência</strong> porD. Amplitu<strong>de</strong> da Análise <strong>de</strong> Resposta <strong>em</strong> FrequênciaA amplitu<strong>de</strong> da <strong>resposta</strong> relativa ao sinal injetado, que<strong>de</strong>termina a função transferência <strong>de</strong> tensão, geralmente expresso<strong>em</strong> dB, é calculada como:Em que:- A(dB): amplitu<strong>de</strong> <strong>em</strong> [dB]- V out: tensão <strong>de</strong> entrada- V in: tensão <strong>de</strong> saída(1)E. Fase da Análise <strong>de</strong> Resposta <strong>em</strong> FrequênciaTrata-se da mudança <strong>de</strong> ângulo <strong>de</strong> fase da <strong>resposta</strong> relativa aosinal injetado.


44ApoioO Setor Elétrico / Set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2009Avaliação <strong>de</strong> transformadores utilizando <strong>análise</strong> <strong>de</strong> <strong>resposta</strong> <strong>em</strong> <strong>frequência</strong>F. Impedância Terminal (Função impedância)Consiste na representação gráfica da impedância própria <strong>de</strong> umabobina, apresentando a relação entre o sinal <strong>de</strong> tensão <strong>de</strong> entrada eo sinal <strong>de</strong> corrente <strong>de</strong> entrada <strong>em</strong> função da <strong>frequência</strong>, obtendo-sea função impedância Ui/Ii (f) e função admitância Ii/Ui (f).G. Frequência <strong>de</strong> RessonânciaCircuito RLC qualquer com uma fonte <strong>de</strong> tensão senoidalrepresentado na Figura 1.Figura 1 – Ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> Circuito RLCSendo V fe I fa tensão e corrente, respectivamente, injetada pelafonte. Têm-se:(2)Em que X L= ωL e X C= 1/ωC. A corrente no circuito é máximaquando se verifica a igualda<strong>de</strong> X L= X C, isto é, quando(3)(4)sendo ωR <strong>de</strong>signada por <strong>frequência</strong> <strong>de</strong> ressonância.Ainda na <strong>frequência</strong> <strong>de</strong> ressonância, verifica-se que:(5)O que implica <strong>de</strong>fasag<strong>em</strong> nula entre tensão e corrente.Vale ressaltar que a corrente e a potência dissipada nocircuito são máximas para os valores <strong>de</strong> R, C e L na <strong>frequência</strong> <strong>de</strong>ressonância. E para essas condições a impedância é mínima.Medida da função <strong>de</strong> transferênciaEste método está baseado na suposição que qualquer<strong>de</strong>formação mecânica po<strong>de</strong> ser associada a uma mudança dasimpedâncias do circuito equivalente e que essas mudanças po<strong>de</strong>mser <strong>de</strong>tectadas por uma função <strong>de</strong> transferência.Consiste <strong>em</strong> medir a função <strong>de</strong> transferência, tambémconhecida como <strong>resposta</strong> <strong>em</strong> <strong>frequência</strong>, e a impedância terminaldos enrolamentos. Essas medidas po<strong>de</strong>m ser usadas como ummétodo <strong>de</strong> diagnóstico para <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos elétricos <strong>em</strong>ecânicos do transformador <strong>em</strong> cima <strong>de</strong> uma larga escala <strong>de</strong><strong>frequência</strong>s. Para tal, é realizada a comparação da função <strong>de</strong>transferência obtida com as assinaturas <strong>de</strong> referência. Diferençaspo<strong>de</strong>m indicar dano ao transformador, o qual po<strong>de</strong> ser investigadousando outras técnicas ou um exame interno.O circuito equivalente <strong>de</strong> um transformador é complexo ecomposto <strong>de</strong> resistências, indutâncias e capacitâncias provenientesdos enrolamentos, assim como capacitâncias parasitas entreespiras, entre bobinas e <strong>de</strong>stas para o tanque. Este circuitopossui características únicas <strong>de</strong> <strong>resposta</strong> <strong>em</strong> <strong>frequência</strong> paracada transformador, funcionando como uma impressão digital.Qualquer tipo <strong>de</strong> dano na sua estrutura interna, tanto na parte ativa(enrolamentos e núcleo) como na parte passiva (estrutura, suportes,tanque etc.), afeta diretamente os parâmetros <strong>de</strong>ste circuitoequivalente, alterando sensivelmente a <strong>resposta</strong> <strong>em</strong> <strong>frequência</strong><strong>de</strong>ste circuito, o qual comparado <strong>à</strong> sua <strong>resposta</strong> original po<strong>de</strong>claramente evi<strong>de</strong>nciar a falha. A Figura 2 mostra uma representaçãodos enrolamentos <strong>em</strong> torno do núcleo <strong>em</strong> um transformador.Figura 2 – Estrutura dos enrolamentos <strong>em</strong> torno do núcleo do transformadorA Figura 3 exibe uma representação da estrutura dosenrolamentos <strong>de</strong>ntro do transformador. A reunião da parteativa (enrolamentos) e as partes aterradas (núcleo e tanque dotransformador) formam uma complexa re<strong>de</strong> RLC.Figura 3 – Representação do circuito RLC interna no transformadorEm essência, o método consiste na aplicação <strong>de</strong> um sinalsenoidal <strong>de</strong> baixa tensão, por ex<strong>em</strong>plo, 1 V, variando a <strong>frequência</strong> dosinal aplicado, <strong>de</strong> 10 Hz a 20 MHz. Em outro terminal, são medidosamplitu<strong>de</strong> e ângulo do sinal da reposta correspon<strong>de</strong>nte ao sinal <strong>de</strong>aplicado, sendo este mantido no mesmo nível para cada <strong>frequência</strong><strong>de</strong> teste, obtendo resultados precisos e produzindo repetibilida<strong>de</strong> doensaio. A Figura 4 traz a representação das medidas da função <strong>de</strong>transferência <strong>em</strong> um transformador. Este é tratado como quadripoloe são realizadas as medidas das tensões e correntes <strong>de</strong> entrada.


46ApoioO Setor Elétrico / Set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2009Avaliação <strong>de</strong> transformadores utilizando <strong>análise</strong> <strong>de</strong> <strong>resposta</strong> <strong>em</strong> <strong>frequência</strong>Figura 4 – Representação <strong>de</strong> medida da função <strong>de</strong> transferênciaOs resultados obtidos são apresentados <strong>em</strong> forma gráfica,segundo as medidas dos sinais <strong>de</strong> tensão e corrente <strong>de</strong> entrada esaída. As representações gráficas das funções amplitu<strong>de</strong> e fase da<strong>resposta</strong> <strong>em</strong> <strong>frequência</strong>, <strong>em</strong> escala logarítmica, <strong>de</strong>signam-se pordiagramas <strong>de</strong> Bo<strong>de</strong> <strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong> e <strong>de</strong> fase. Nos diagramas <strong>de</strong> Bo<strong>de</strong><strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong>, o eixo das <strong>frequência</strong>s (horizontal) representa-se <strong>em</strong>escala logarítmica, ao passo que na escala vertical, representa-se afunção 20 log10 (amplitu<strong>de</strong>), ao invés <strong>de</strong> a amplitu<strong>de</strong> apenas, cujaunida<strong>de</strong> se <strong>de</strong>signa por <strong>de</strong>cibel (dB).T<strong>em</strong>-se como resultado, tanto para amplitu<strong>de</strong>, quanto para fase,a função transferência <strong>de</strong> tensão, apresentando a relação entre ovalor do sinal <strong>de</strong> tensão <strong>de</strong> saída e o sinal <strong>de</strong> tensão <strong>de</strong> entrada <strong>em</strong>função da <strong>frequência</strong>, ou seja, Uo/Ui (f). A Figura 5 evi<strong>de</strong>ncia aobtenção da função <strong>de</strong> transferência.Figura 5 – Obtenção da função <strong>de</strong> transferênciaA função <strong>de</strong> transferência é representada no domínio da<strong>frequência</strong> e é <strong>de</strong>notada pelo transformada <strong>de</strong> Fourier H(jω), <strong>em</strong> que(jω) <strong>de</strong>nota a presença <strong>de</strong> uma função <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da <strong>frequência</strong>,<strong>em</strong> que ω = 2πf.A transformada <strong>de</strong> Fourier mostrando a função <strong>de</strong> transferênciaentre a entrada e saída é dada pela equação 6:(6)Quando uma função <strong>de</strong> transferência é reduzida <strong>à</strong> sua formamais simples, é gerada uma relação <strong>de</strong> dois polinômios. Ascaracterísticas principais, por ex<strong>em</strong>plo, a ressonância <strong>de</strong> umafunção <strong>de</strong> transferência ocorre nas raízes dos polinômios. As raízesdo numerador são chamadas “zero” e as raízes do <strong>de</strong>nominadorsão os “polos”. Os zeros produz<strong>em</strong> um aumento no ganho, quandoos polos causam a atenuação. O objetivo <strong>de</strong> Análise <strong>de</strong> Resposta<strong>em</strong> Frequência é medir o mo<strong>de</strong>lo da impedância do el<strong>em</strong>ento sobteste. Quando é realizada a medida da função <strong>de</strong> transferênciaH(jω), não é medida a impedância do el<strong>em</strong>ento sob teste, ouseja, obtém-se a relação das tensões <strong>de</strong> entrada e saída e não aimpedância Z(jω) <strong>de</strong>ste el<strong>em</strong>ento.A verda<strong>de</strong>ira impedância Z (jω) é dada pela re<strong>de</strong> <strong>de</strong> RLCmedida e é obtida com a medida da tensão e da corrente <strong>de</strong>entrada. A maioria dos instrumentos <strong>de</strong> medida e arranjos <strong>de</strong>ensaio não fornece a medida da impedância, eles o calculam <strong>em</strong>função <strong>de</strong> uma impedância <strong>de</strong> referência. Quando o instrumentoutilizado não é capaz <strong>de</strong> medir a impedância, utiliza-se o recurso<strong>de</strong> substituir uma corrente pela tensão <strong>de</strong> saída. Os arranjos <strong>de</strong> testesão baseados no circuito apresentado pela Figura 6, <strong>em</strong> que on<strong>de</strong>Vfonte é o sinal injetado e Ventrada e Vsaída são as medidas datensão <strong>de</strong> referência e <strong>de</strong> teste. Zfonte é a impedância interna dogerador <strong>de</strong> sinais ou do analisador <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s e Z(jω) é a impedânciado enrolamento. Uma impedância Zfonte é <strong>de</strong>finida como 50 Ω eincorporada <strong>em</strong> H(jω).Figura 6 – Circuito básico para testeA Figura 7 mostra a montag<strong>em</strong> do circuito convencional <strong>de</strong>teste. Nela é representado um gerador <strong>de</strong> sinais responsávelpela injeção do sinal senoidal, um oscilógrafo responsávelpela medida dos sinais <strong>de</strong> entrada (CH1) e <strong>de</strong> saída (CH2).Adicionalmente, mostra que todo o processo po<strong>de</strong> serautomatizado com o uso <strong>de</strong> um computador com sist<strong>em</strong>amicroprocessado e software <strong>de</strong>dicado.Figura 7 – Circuito convencional <strong>de</strong> teste


48ApoioO Setor Elétrico / Set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2009Avaliação <strong>de</strong> transformadores utilizando <strong>análise</strong> <strong>de</strong> <strong>resposta</strong> <strong>em</strong> <strong>frequência</strong>A equação 8 mostra o relacionamento <strong>de</strong> Z(jω) a H(jω).(6)(7)A medida da amplitu<strong>de</strong> da relação <strong>de</strong> tensões ou da funçãotransferência <strong>de</strong> tensão é dada por:(8)(9)E a relação das fases:(10)(11)Avaliação dos resultadosA avaliação dos resultados é baseada <strong>em</strong> comparações <strong>de</strong>diferentes representações gráficas dos el<strong>em</strong>entos testados. Asregras para especificar essas faixas e escalas <strong>de</strong> <strong>frequência</strong> paratransformadores para tamanhos extragran<strong>de</strong>, gran<strong>de</strong> e médios<strong>de</strong> transformadores <strong>de</strong> potência (PT) e transformadores <strong>de</strong>distribuição (DT) são mostradas na Figura 8.Figura 8 – Faixas <strong>de</strong> <strong>frequência</strong> para tamanhos <strong>de</strong> transformadoresA experiência t<strong>em</strong> mostrado que esta comparação po<strong>de</strong> serrealizada <strong>em</strong> três faixas distintas <strong>de</strong> <strong>frequência</strong>s:• Frequência baixa < 2 kHz: estão relacionados com ocorrências nonúcleo <strong>de</strong> transformador e circuitos magnéticos. A avaliação nestafaixa <strong>de</strong> <strong>frequência</strong> t<strong>em</strong> que levar <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração o magnetismoresidual.• Frequência média <strong>de</strong> 2 kHz a cerca <strong>de</strong> 1 MHz: a <strong>análise</strong> nestafaixa t<strong>em</strong> que levar <strong>em</strong> conta as modificações na geometria, aabertura e os curtos-circuitos nos enrolamentos.• Frequências altas acima <strong>de</strong> 1 MHz: a <strong>análise</strong> nesta faixa estárelacionada <strong>à</strong>s alterações das conexões, <strong>à</strong>s buchas, <strong>à</strong>s conexõesentre enrolamentos, aos comutadores e outros.As Figuras 9 e 10 mostram ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> comparação entreassinaturas.Figura 9 – Curto-circuito entre espirasFigura 10 – Dano no núcleo <strong>de</strong>vido ao transporte* MARCELO EDUARDO DE CARVALHO PAULINO é engenheiroeletricista e especialista <strong>em</strong> manutenção <strong>de</strong> sist<strong>em</strong>as elétricos. Éinstrutor certificado pela Omicron Electronics, m<strong>em</strong>bro do CE B5 doCigré-Brasil e gerente técnico da Adimarco | marcelo@adimarco.com.brCONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃOConfira todos os artigos <strong>de</strong>ste fascículo <strong>em</strong> www.osetoreletrico.com.brDúvidas, sugestões e comentários po<strong>de</strong>m ser encaminhados para o e-mailredacao@atitu<strong>de</strong>editorial.com.br

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